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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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203<br />

1995).<br />

Este conjunto <strong>de</strong> fatores conduziu à perda <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong> e do apoio popular<br />

ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> intervenção estatal ainda presente sob Sarney. Tal <strong>de</strong>sgaste foi<br />

apropriado, em diferentes medidas e com distintas abordagens, por to<strong>dos</strong> os<br />

candidatos à sucessão presi<strong>de</strong>ncial. Prevaleceu, entretanto, o discurso do “Estado em<br />

crise” e a propaganda “rupturista” que elegem Collor <strong>de</strong> Mello. Cezar (1995) e Soares<br />

(2001) assim contextualizam o final do período Sarney:<br />

As consequências endógenas <strong>de</strong>ste paradoxo, a crise do Estado, coinci<strong>de</strong>m com<br />

um contexto internacional marcado pelo surto neoliberal que fora adotado por<br />

países oci<strong>de</strong>ntais durante a década <strong>de</strong> 80, período no qual o contrato keynesiano<br />

entrara em colapso. Esse cenário atinge um <strong>de</strong> seus pontos mais altos em 1989<br />

quando da débâcle <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> do leste europeu, acontecimento divulgado<br />

exaustivamente pela “nova direita” neoliberal em tons maniqueístas: o<br />

capitalismo teria vencido seu último obstáculo; uma concepção <strong>de</strong> Estado<br />

interventor <strong>de</strong>saparecera (Cezar, 1995).<br />

A erosão da autorida<strong>de</strong> governamental com a ausência crescente <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>,<br />

enfrentando uma socieda<strong>de</strong> carente <strong>de</strong> consensos e hegemonias, sem<br />

parâmetros <strong>de</strong> ação coletiva, sofrendo os impactos <strong>de</strong> uma economia <strong>de</strong>struída<br />

pela hiperinflação, tudo isso levou à insustentabilida<strong>de</strong> da situação política e<br />

econômica e a um sentimento generalizado da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mudança<br />

radical <strong>de</strong> rumo (Soares, 2001).<br />

A crise <strong>de</strong> final do governo Sarney <strong>de</strong>sarticulou a direita política do país, num<br />

primeiro momento, sobretudo durante o processo constituinte. Contudo, reorganizouse<br />

a tempo, saindo vitoriosa eleitoralmente através <strong>de</strong> Fernando Collor <strong>de</strong> Mello. Com<br />

base num discurso eleitoral que foi ao encontro <strong>dos</strong> anseios populares por “profundas<br />

reformas”, Collor conseguiu, paradoxalmente, aglutinar em torno <strong>de</strong> si amplos setores<br />

da socieda<strong>de</strong>, consagrando-se pelo voto majoritário (Soares, 2001; Fiori, 1999).<br />

O governo Collor (1990-94) teve início logo após a realização do Consenso <strong>de</strong><br />

Washington, em 1989. Apesar <strong>de</strong> sua tentativa <strong>de</strong> implementar autonomamente um<br />

plano econômico <strong>de</strong> caráter heterodoxo, o Plano Collor, com vistas à contenção<br />

imediata da inflação e, consequentemente, <strong>de</strong> garantir condições favoráveis quando<br />

da renegociação da dívida, o fracasso da tentativa obrigou o governo a aceitar as<br />

condições do plano Brady (Batista, 1994).

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