Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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21.12.2013 Views

177 efetuados anualmente, a partir de propostas apresentadas pelas CESBs, após avaliação pelo BNH e submissão, através do Ministério do Interior, ao Conselho Interministerial de Preços, que autorizava sua implementação. Segundo Escola Brasileira de Administração Pública (1995), em alguns casos o próprio governo dos estados autorizavam reajustes (Escola Brasileira de Administração Pública, 1995; NH Consultoria e Planejamento, 1995; Azevedo Netto, 1973). A partir de 1975, o Planasa passou a sofrer alterações em sua sistemática, a fim de manter os objetivos. Dentre as dificuldades encontradas na implementação do Plano figuraram a não-adesão de vários municípios, que se recusaram a conceder os serviços; a alteração do esquema original de financiamento pelo SFS, que passou a ser repartido exclusivamente entre BNH e FAEs. Essa alteração foi consequência da redução de recursos municipais promovida pela reforma tributária de 1967, que inviabilizou sua participação no esquema. Com a não-adesão por parte de muitos municípios, também foi dificultada implementação do subsídio cruzado intermunicipal. A extinção das transferências a fundo perdido, além de interferir no SFS, levou a uma maior mobilização de empréstimos externos pelo BNH e, por fim, a realidade tarifária não se manteve, diante da conjuntura de crise nacional e internacional, que levou à ociosidade geral da economia brasileira. (Aliança Pesquisa e Desenvolvimento, 1995; Juliano, 1976). A crise afetou as bases dos modelos de financiamento dos dois setores, compostas, basicamente, de autofinanciamento (tarifas reais), recursos da União (impostos setoriais, no caso do setor elétrico, e dotação orçamentária), e financiamento externo. O reajuste impróprio das tarifas de bens e serviços públicos nos anos 80, durante o forte processo inflacionário, tornou-as irreais, ao mesmo tempo em que os custos se elevavam, como resultado do abandono da lógica macroeconômica na tomada de decisões de investimento, desde a década de 1970. Esta situação persistiu por um longo tempo, descapitalizando as companhias de

178 energia e de saneamento e privando-as de recursos para reinvestimento nos setores (Sauer, 2002; Pires & Piccinini, 1998; Escola Brasileira de Administração Pública, 1995). As tabelas 3.40 a 3.58 apresentam dados relativos ao financiamento setorial no período e sua evolução. Em relação ao setor de saneamento, como se poderia esperar, há o predomínio de dados do Planasa. Em relação ao setor elétrico, as tabelas apresentadas são da autoria de Lima (1995). Tabela 3.40 - Fontes de poupança para formação bruta de capital (% do PIB) - 1970 a 1984 Ano Poupança interna Poupança externa Recursos para formação de capital E = C + D = F + G Formação bruta de capital fixo Variação de estoques Setor privado Conta corrente do total C D F G A = C - B governo B 1970 13,76 5,46 19,22 1,32 20,54 18,83 1,71 1971 12,71 5,89 18,60 2,66 21,26 19,91 1,35 1972 12,88 5,79 18,97 2,53 21,20 20,33 0,87 1973 14,04 6,00 20,04 2,01 22,05 20,37 1,68 1974 13,56 4,30 17,86 6,45 24,31 21,85 2,46 1975 16,84 3,70 20,54 5,16 25,70 23,33 2,37 1976 14,85 4,29 19,14 3,91 23,05 22,42 0,63 1977 15,85 3,92 19,77 2,28 22,05 21,35 0,70 1978 17,18 2,38 19,56 3,47 23,03 22,27 0,76 1979 15,98 2,35 18,36 4,81 23,14 23,36 - 0,22 1980 16,90 0,90 17,80 5,42 23,22 22,78 0,44 1981 17,64 1,09 18,74 4,47 23,20 23,05 0,15 1982 15,92 - 0,35 15,57 5,89 21,46 21,81 - 0,35 1983 15,11 - 1,41 13,69 3,46 17,16 18,64 - 1,49 1984 19,45 - 2,96 16,49 - 0,02 16,46 17,66 - 1,20 Fonte: IBGE, Diretoria de pesquisa, Departamento de Contas Nacionais, apud Aliança Pesquisa e Desenvolvimento, 1995. Obs.: relações a preços correntes; poupança do setor privado calculada por resíduo; a conta corrente do governo inclui a correção monetária da dívida como despesa corrente das administrações públicas. Tabela 3.41 - Formação bruta de capital fixo e participação do investimento do setor elétrico - 1963 a 1984 Ano FBKF (base 1964 = 100) Participação do setor elétrico (%) 1963 110,79 - 1964 100,0 - 1965 101,79 - 1966 117,41 - 1967 124,10 9,2 1968 157,74 9,6 1969 176,69 9,5 1970 191,62 8,6 1971 219,14 10,2 1972 253,21 9,6 1973 308,15 9,5 1974 355,12 8,4 1975 400,61 8,0

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efetua<strong>dos</strong> anualmente, a partir <strong>de</strong> propostas apresentadas pelas CESBs, após<br />

avaliação pelo BNH e submissão, através do Ministério do Interior, ao Conselho<br />

Interministerial <strong>de</strong> Preços, que autorizava sua implementação. Segundo Escola<br />

Brasileira <strong>de</strong> Administração Pública (1995), em alguns casos o próprio governo <strong>dos</strong><br />

esta<strong>dos</strong> autorizavam reajustes (Escola Brasileira <strong>de</strong> Administração Pública, 1995; NH<br />

Consultoria e Planejamento, 1995; Azevedo Netto, 1973).<br />

A partir <strong>de</strong> 1975, o Planasa passou a sofrer alterações em sua sistemática, a<br />

fim <strong>de</strong> manter os objetivos. Dentre as dificulda<strong>de</strong>s encontradas na implementação do<br />

Plano figuraram a não-a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> vários municípios, que se recusaram a conce<strong>de</strong>r os<br />

<strong>serviços</strong>; a alteração do esquema original <strong>de</strong> financiamento pelo SFS, que passou a<br />

ser repartido exclusivamente entre BNH e FAEs. Essa alteração foi consequência da<br />

redução <strong>de</strong> recursos municipais promovida pela reforma tributária <strong>de</strong> 1967, que<br />

inviabilizou sua participação no esquema. Com a não-a<strong>de</strong>são por parte <strong>de</strong> muitos<br />

municípios, também foi dificultada implementação do subsídio cruzado intermunicipal.<br />

A extinção das transferências a fundo perdido, além <strong>de</strong> interferir no SFS, levou a uma<br />

maior mobilização <strong>de</strong> empréstimos externos pelo BNH e, por fim, a realida<strong>de</strong> tarifária<br />

não se manteve, diante da conjuntura <strong>de</strong> crise nacional e internacional, que levou à<br />

ociosida<strong>de</strong> geral da economia brasileira. (Aliança Pesquisa e Desenvolvimento, 1995;<br />

Juliano, 1976).<br />

A crise afetou as bases <strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> financiamento <strong>dos</strong> dois setores,<br />

compostas, basicamente, <strong>de</strong> autofinanciamento (tarifas reais), recursos da União<br />

(impostos setoriais, no caso do setor elétrico, e dotação orçamentária), e<br />

financiamento externo. O reajuste impróprio das tarifas <strong>de</strong> bens e <strong>serviços</strong> <strong>públicos</strong><br />

nos anos 80, durante o forte processo inflacionário, tornou-as irreais, ao mesmo tempo<br />

em que os custos se elevavam, como resultado do abandono da lógica<br />

macroeconômica na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1970.<br />

Esta situação persistiu por um longo tempo, <strong>de</strong>scapitalizando as companhias <strong>de</strong>

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