Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP
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103 ampliar as captações e construir reservatórios. As águas do já poluído Rio Tietê e do Rio Grande, que vieram a ser objeto de um acirrado conflito de uso na década de 1920-1930, foram alguns dos mananciais pensados para ampliar a capacidade de abastecimento na cidade de São Paulo, já com graves problemas (Vargas, 1994; Branco, 1975). Até a década de 1920 já estavam em uso as ligações domiciliares de água, e as captações distantes, com sistemas de reservação, começavam a difundir-se. As redes eram preferencialmente construídas nas áreas centrais das cidades, de forma estritamente vinculada ao critério econômico e as companhias também se recusavam a investir, alegando inviabilidade econômica (caso da Cantareira, em São Paulo e da City, no Rio). A tabela 3.11 relaciona algumas das situações ocorridas à época. Porém, os problemas de saúde pública decorrentes da falta de saneamento, já em pleno século XX, debilitando a população - que a essa altura saiu da apatia, em função, inclusive, do movimento sanitarista -, e interferindo nas relações comerciais internas e externas foi uma restrição concreta à prevalência da lógica comercial. Com o decaimento da qualidade dos serviços prestados e o aprimoramento do aparato estatal de saúde pública, o encampamento foi a consequência natural (Silva, 1998). Como mencionado, já se relatavam, nesse período, os problemas de poluição dos rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí, e de outros corpos d’água, com o adensamento populacional nas capitais, e de poluição marítima e das praias, no Rio de Janeiro, em Santos, por lançamento in natura de esgotos domésticos, uma vez que a coleta domiciliar era extremamente deficitária e o tratamento era praticamente inexistente. Com a paulatina degradação dos mananciais, os processos de tratamento de água se sofisticavam e encareciam e o controle da qualidade físico-química, já realizada em São Paulo desde 1894, tornou-se imprescindível. Finalmente, por volta de 1910, começaram a ser implementados os tratamentos de esgotos, nas principais
104 capitais (Rezende, 2000; Silva, 1998; Nagamini, 1994; Vargas, 1994). Tabela 3.11 - Concessionárias privadas de saneamento até o início do século XX Cidade Concessionária Comentários Rio de Janeiro The Rio de Janeiro City Improvements Company Limited Concessão instituída em 1862, findou em 1947; primeiras obras (esgotos), iniciadas em 1853, antes mesmo da assinatura do contrato, inauguradas em 1864; rede de abastecimento iniciada em 1876 e concluída em 1878, com apenas 10% dos prédios ligados. Recife Recife Drainage Company Concessão instituída em 1873, findou em 1908, diante de atendimento reduzido e precário. Porto Alegre Companhia Hydráulica Porto Alegrense Início da concessão em 1861, executou um sistema que só operou em 1866, atendendo a pouquíssimos usuários. São Paulo Cia. Cantareira de Águas e Esgotos Organizada por empresários paulistas em 1877, tornou-se empresa de economia mista em 1878 e foi encampada em 1893. Belém São Luís Cia. Das Águas do Grão-Pará (capital inglês) Concessão em 1881, ao final de 1884 atendia apenas 500 prédios. Serviços controlados por ingleses, juntamente com luz, tração e prensa de algodão. Fortaleza Ceará Water Works Company Limited Concessão em 1887. Fonte: Rezende, 2000; Vargas, 1994. 3.2.3.4. TECNOLOGIA, CADEIAS PRODUTIVAS E CAPACITAÇÃO A luz elétrica foi trazida para o Brasil quase simultaneamente à sua invenção por Edison, em 1879. Um dínamo de 10 cv. foi usado em 1881, para prover iluminação pública a um pavilhão Exposição do Rio de Janeiro, somente um ano após a invenção do equipamento. A tecnologia empregada inicialmente consistia no uso de dínamos acionados por máquinas a vapor e usinas termelétricas (Vargas, 1994). A implantação das primeiras usinas caracterizou-se pelo “pioneirismo”, já que a energia elétrica, e os serviços de fornecimento dessa energia, praticamente surgiam no Mundo. A opção original foi pela geração térmica, empregada na primeira central do país, em 1883, em Juiz de Fora (MG). Porém, esta não se adaptou no país, em função das qualidades extremamente favoráveis do potencial hídrico existente para a geração de energia, da falta de combustíveis sólidos e líquidos, e de indústrias que produzissem os grandes equipamentos térmicos e que aqui não se desenvolveram
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capitais (Rezen<strong>de</strong>, 2000; Silva, 1998; Nagamini, 1994; Vargas, 1994).<br />
Tabela 3.11 - Concessionárias privadas <strong>de</strong> saneamento até o início do século XX<br />
Cida<strong>de</strong> Concessionária Comentários<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
The Rio <strong>de</strong> Janeiro City Improvements<br />
Company Limited<br />
Concessão instituída em 1862, findou em<br />
1947; primeiras obras (esgotos), iniciadas<br />
em 1853, antes mesmo da assinatura do<br />
contrato, inauguradas em 1864; re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
abastecimento iniciada em 1876 e<br />
concluída em 1878, com apenas 10% <strong>dos</strong><br />
prédios liga<strong>dos</strong>.<br />
Recife Recife Drainage Company Concessão instituída em 1873, findou em<br />
1908, diante <strong>de</strong> atendimento reduzido e<br />
precário.<br />
Porto Alegre Companhia Hydráulica Porto Alegrense Início da concessão em 1861, executou<br />
um sistema que só operou em 1866,<br />
aten<strong>de</strong>ndo a pouquíssimos usuários.<br />
São Paulo Cia. Cantareira <strong>de</strong> Águas e Esgotos Organizada por empresários paulistas em<br />
1877, tornou-se empresa <strong>de</strong> economia<br />
mista em 1878 e foi encampada em 1893.<br />
Belém<br />
São Luís<br />
Cia. Das Águas do Grão-Pará (capital<br />
inglês)<br />
Concessão em 1881, ao final <strong>de</strong> 1884<br />
atendia apenas 500 prédios.<br />
Serviços controla<strong>dos</strong> por ingleses,<br />
juntamente com luz, tração e prensa <strong>de</strong><br />
algodão.<br />
Fortaleza Ceará Water Works Company Limited Concessão em 1887.<br />
Fonte: Rezen<strong>de</strong>, 2000; Vargas, 1994.<br />
3.2.3.4. TECNOLOGIA, CADEIAS PRODUTIVAS E CAPACITAÇÃO<br />
A luz elétrica foi trazida para o Brasil quase simultaneamente à sua invenção<br />
por Edison, em 1879. Um dínamo <strong>de</strong> 10 cv. foi usado em 1881, para prover iluminação<br />
pública a um pavilhão Exposição do Rio <strong>de</strong> Janeiro, somente um ano após a invenção<br />
do equipamento. A tecnologia empregada inicialmente consistia no uso <strong>de</strong> dínamos<br />
aciona<strong>dos</strong> por máquinas a vapor e usinas termelétricas (Vargas, 1994).<br />
A implantação das primeiras usinas caracterizou-se pelo “pioneirismo”, já que a<br />
energia elétrica, e os <strong>serviços</strong> <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong>ssa energia, praticamente surgiam<br />
no Mundo. A opção original foi pela geração térmica, empregada na primeira central<br />
do país, em 1883, em Juiz <strong>de</strong> Fora (MG). Porém, esta não se adaptou no país, em<br />
função das qualida<strong>de</strong>s extremamente favoráveis do potencial hídrico existente para a<br />
geração <strong>de</strong> energia, da falta <strong>de</strong> combustíveis sóli<strong>dos</strong> e líqui<strong>dos</strong>, e <strong>de</strong> indústrias que<br />
produzissem os gran<strong>de</strong>s equipamentos térmicos e que aqui não se <strong>de</strong>senvolveram