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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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Catullo Branco, em seu livro Energia Elétrica e Capital Estrangeiro no Brasil<br />

faz um resgate histórico <strong>de</strong>sse período, seus antece<strong>de</strong>ntes e conseqüências. Branco<br />

menciona que, já no princípio <strong>de</strong> seu estabelecimento no Brasil, as concessionárias<br />

utilizavam-se, no momento da aquisição das usinas menores, <strong>de</strong> um artifício financeiro<br />

bastante combatido em seu próprio país, apelidado aguamento do capital, através do<br />

qual se valorizavam obtendo, assim, enormes lucros. Relata, também, as dificulda<strong>de</strong>s<br />

enfrentadas pelos governos em efetuar as tomadas <strong>de</strong> conta das empresas, que<br />

opunham enorme resistência a apresentar informações contábeis legítimas, apelando,<br />

mesmo, para a frau<strong>de</strong>. A finalida<strong>de</strong> era ocultar o capital real, pelo qual <strong>de</strong>veriam ser<br />

remuneradas, o que cessaria o ganho <strong>dos</strong> lucros extraordinários (Branco, 2002;<br />

Branco, 2002; Costa, 2002; Branco, 1975).<br />

O processo <strong>de</strong> formulação e implementação do Código <strong>de</strong> Águas, que durou<br />

cerca <strong>de</strong> 25 anos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1907, merece registro, tendo em vista os interesses em jogo<br />

e o fato <strong>de</strong> que este viria a ser, por muitos anos, o mais importante instrumento <strong>de</strong><br />

gestão <strong>dos</strong> recursos hídricos, do ponto <strong>de</strong> vista do uso do recurso natural, mas<br />

também do ponto <strong>de</strong> vista econômico. O código viria a estabelecer uma série <strong>de</strong><br />

normas limitando a atuação estrangeira no setor elétrico, visando proteger a<br />

socieda<strong>de</strong> brasileira e sua economia, tendo sido objeto <strong>de</strong> acirrada oposição e<br />

<strong>de</strong>bates mais que calorosos entre empresários <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong>fensores do código.<br />

Pontos nevrálgicos da luta havida entre a classe intelectual e política que<br />

<strong>de</strong>fendia sua implementação e os opositores, incluindo as holdings <strong>de</strong> energia, era,<br />

justamente, a regulação econômica e seus instrumentos, sobretudo o critério <strong>de</strong><br />

avaliação do capital, a revisão tarifária, a reversão <strong>dos</strong> ativos para o conce<strong>de</strong>nte,<br />

a nacionalização do setor elétrico e seu efetivo controle. Somente após a revolução<br />

nacionalista, em 1934, após inúmeras dificulda<strong>de</strong>s, o Código <strong>de</strong> Águas foi,<br />

finalmente, promulgado, vigorando até recentemente.

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