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Análise comparativa dos serviços públicos de ... - IEE/USP

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O controle sanitário <strong>de</strong> doenças chegou ao Brasil com o regime monárquico<br />

português, que procurava copiar o estilo <strong>de</strong> vida europeu, sobretudo o padrão inglês e<br />

o francês. A república que o suce<strong>de</strong>u assumiu a institucionalização <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong> <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> pública, sob forte influência do capitalismo que se <strong>de</strong>senvolvia e que<br />

<strong>de</strong>terminou, também nesse caso, as áreas <strong>de</strong> atuação e as formas <strong>de</strong> acesso, tipos <strong>de</strong><br />

serviço e bens a serem distribuí<strong>dos</strong> 10 (Iyda, 1994 apud Silva, 1998).<br />

Durante todo o período colonial, a “gestão” sanitária dava-se na esfera privada,<br />

doméstica, uma vez que tanto o abastecimento <strong>de</strong> água como a remoção <strong>dos</strong> <strong>de</strong>jetos<br />

<strong>de</strong>pendiam da ação individual. A partir da República Velha, iniciou-se o processo <strong>de</strong><br />

institucionalização do setor, influenciado, como <strong>de</strong> resto, pelos interes-<br />

ses da burguesia cafeeira e pelo capital estrangeiro, que construiu e geriu os primeiros<br />

<strong>serviços</strong>, à semelhança do setor elétrico.<br />

A provisão pública <strong>dos</strong> primeiros <strong>serviços</strong> <strong>de</strong> saneamento <strong>de</strong>u-se no âmbito<br />

local, bem antes <strong>dos</strong> <strong>serviços</strong> <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>. Tratava-se do fornecimento <strong>de</strong> água por<br />

chafarizes (poços, aquedutos), que eram construí<strong>dos</strong>, manti<strong>dos</strong> e administra<strong>dos</strong><br />

pelo po<strong>de</strong>r público municipal, as Câmaras, e do aterramento e drenagem <strong>de</strong> áreas<br />

alagadiças, efetuado pela administração colonial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século XVIII. As<br />

iniciativas locais <strong>de</strong> saneamento e saú<strong>de</strong> pública predominaram até mea<strong>dos</strong> do século<br />

XIX, restringindo-se a atuação fe<strong>de</strong>ral aos portos.<br />

10 Embora a relação entre as condições do meio e o processo saú<strong>de</strong>-doença fosse conhecida <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a antiguida<strong>de</strong>, as primeiras<br />

políticas sociais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> só vieram a ser implementadas a partir do século XVIII, sob a forma <strong>de</strong> polícia médica, nos países<br />

europeus (em especial, a Inglaterra). A industrialização e a urbanização crescentes logo criaram condições <strong>de</strong> insalubrida<strong>de</strong> tais que<br />

a propagação <strong>de</strong> doenças assumiu proporções inusitadas. Rosen explica o processo <strong>de</strong> institucionalização da saú<strong>de</strong> pública como<br />

intrinsecamente influenciado por relações econômicas, ja que <strong>de</strong>correu da resposta <strong>dos</strong> governos à necessida<strong>de</strong> do capital, <strong>de</strong> manter<br />

a produtivida<strong>de</strong> do trabalho na indústria em níveis altos, evitando perdas econômicas por morte ou doença do operariado (Rosen,<br />

1990 apud Silva, 1998).<br />

Os esforços <strong>de</strong> regulamentação sanitária em âmbito social, público, realiza<strong>dos</strong> nos séculos XVI e XIX, foram<br />

praticamente anula<strong>dos</strong> pela filosofia do laissez-faire, que exacerbava as iniciativas individuais, restringindo as práticas sanitárias ao<br />

ambiente doméstico. O advento <strong>dos</strong> esta<strong>dos</strong> mo<strong>de</strong>rnos e seus aparatos institucionais e a pan<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> cólera que se espalhou pela<br />

Europa a partir da Ásia, no século XIX, <strong>de</strong>notando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuar sobre o “corpo social”, <strong>de</strong>terminaram a consolidação <strong>dos</strong><br />

<strong>serviços</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e higiene <strong>públicos</strong>, no continente europeu e, posteriormente, na América (Silva, 1998).<br />

Segundo Costa (1994) apud Silva (1998), a publicação do relatório “The Sanitary Conditions of the Labouring<br />

Population of Great Britain”, em 1842, pelo sanitarista Edwin Chadwick, a<strong>de</strong>pto da teoria <strong>dos</strong> miasmas, que propunha ações <strong>de</strong><br />

saneamento a partir da análise das condições socioeconômicas e sanitárias da classe trabalhadora inglesa, foi fundamental para que o<br />

Estado passasse a intervir no meio urbano, através do abastecimento <strong>de</strong> água e esgotamento sanitário, sobretudo, para promover a<br />

prevenção e o controle <strong>de</strong> doenças. A partir <strong>de</strong> então, as ações sobre o ambiente urbano, para assegurar a salubrida<strong>de</strong> do meio,<br />

permaneceram como o principal mecanismo <strong>de</strong> combate a enfermida<strong>de</strong>s, até que os avanços da microbiologia e da bacteriologia

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