Cianotoxinas e outras intrigantes ocorrências em ... - Serrano Neves
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• Alertamos da existência de cepas desses organismos geneticamente distintas, desde as<br />
não produtoras de toxina, as produtoras de toxina mais forte e/ou as produtoras de<br />
toxina mais branda e que fatores ambientais como luz, t<strong>em</strong>peratura e nutrientes<br />
regulariam a síntese dessas substâncias. As florações dessas algas pod<strong>em</strong> apresentar<br />
variações t<strong>em</strong>porais, desde intervalos curtos de t<strong>em</strong>po até diferenças sazonais, anuais e<br />
também espacial, provavelmente com alterações na proporção de cepas mais tóxicas e<br />
até as não tóxicas.<br />
• Ensaios efetuados <strong>em</strong> camundongos d<strong>em</strong>onstram que cepas ou linhagens de uma<br />
mesma espécie ou gênero, pod<strong>em</strong> fabricar toxina extr<strong>em</strong>amente forte, (VFDF = very<br />
fast death factor) produzida por ex<strong>em</strong>plo pela espécie Anabaena flo-aquae que mata<br />
após 1 a 10 minutos da inoculação; ou pod<strong>em</strong> fabricar uma toxina muito forte, (FDF = fast<br />
death factor) ocasionando a morte <strong>em</strong> apenas uma hora após a inoculação; ou menos forte<br />
(SDF = slow death factor) com ação menos rápida e morte só após 3 horas de inoculação;<br />
e até as que não produz<strong>em</strong> toxina alguma. A ocorrência irregular de tais toxicidades ainda<br />
não foi devidamente esclarecida, porém estudos recentes indicam que 50% das <strong>ocorrências</strong><br />
de florações mostraram-se com certa toxicidade <strong>em</strong> bioensaios efetuados. Algumas<br />
espécies desses organismos, inclusive as que não apresentam toxina própria, pod<strong>em</strong> ao<br />
entrar <strong>em</strong> decomposição, originar um ambiente anaeróbio, (s<strong>em</strong> oxigênio) propício ao<br />
desenvolvimento de bactérias tóxicas. Atualmente, alguns pesquisadores consideram que<br />
certas algas azuis, mesmo quando vivas, pod<strong>em</strong> hospedar bactérias tóxicas.<br />
Também, sabe-se que as algas azuis constitu<strong>em</strong> uma grande fonte de produtos<br />
naturais tóxicos e, <strong>em</strong>bora ainda não estejam devidamente esclarecidas as causas da<br />
produção dessas toxinas, têm-se assumido que esses compostos tenham função protetora<br />
contra herbivoria, ou seja uma defesa natural.<br />
# Algumas correlações das variáveis físicas, químicas e biológicas;<br />
Outro aspecto a se considerar quando da presença de algas é que são esperados valores<br />
b<strong>em</strong> específicos e característicos para as variáveis como pH, OD, CO 2 , nitrogênio, fósforo,<br />
luminosidade, t<strong>em</strong>peratura, profundidade, etc. e que pod<strong>em</strong>, a princípio, vistos<br />
individualmente ou s<strong>em</strong> se fazer correlações comportamentais, nos levar a acreditar de “não<br />
causadores da mortandade” dos peixes, por ex<strong>em</strong>plo. Porém, l<strong>em</strong>bramos que são esses<br />
mesmos valores característicos que determinam a proliferação e morte de algas chamadas<br />
“tóxicas”, liberadoras de substâncias com odores e sabores desagradáveis e de<br />
ocasionadoras de processos químicos e físicos diversos.<br />
A presença das algas azuis é determinada p.ex. num intervalo de pH de 5,0 – 8,0 e a morte<br />
ocorre tanto <strong>em</strong> pH abaixo de 5,0 como acima de 7,5,- 8,0, na maioria ocasionando<br />
liberação de manchas oleosas características, gases, espumas ou natas de coloração<br />
esverdeada. Além disso, quando da morte das mesmas, os valores dessas variáveis sofr<strong>em</strong><br />
alterações subsequentes, como no processo de oxidação ocorrido na decomposição da<br />
matéria orgânica ali acumulada. O oxigênio dissolvido na água sofre redução,<br />
predominância dos ions hidrogênio e queda do pH, tornando a água mais ácida ou menos<br />
alcalina, contribuindo ainda mais para o desaparecimento e possíveis mortes não só dessas<br />
algas, mas de outros organismos, desde bactérias até peixes.<br />
Tal quadro, ou seja, com pH mais ácido, p. ex., leva a uma alteração drástica no<br />
ciclo do nitrogênio pela não disposição adequada das bactérias nitrificantes (Nitrosomonas,<br />
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