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Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 23<br />
Figura 1.22: Proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Transforma<strong>da</strong> de Fourier [1].<br />
1.3.2 Sistemas LIT - a integral de convolução<br />
Na Seção 1.2, página 4, já foi discutido o conceito de sistema. Foi visto que um sistema é uma<br />
interconexão de operações que transforma um ou mais sinais de entra<strong>da</strong> em um ou mais sinais<br />
de saí<strong>da</strong> [2].<br />
Matematicamente,um sistema é expresso por um operador. Por exemplo, para informar<br />
que um sinal y(t) é a saí<strong>da</strong> de um sistema H cuja entra<strong>da</strong> é x(t) escreve-se<br />
y(t) = H[x(t)]. (1.51)<br />
A Figura 1.23 representa esta situação.<br />
<br />
H<br />
<br />
Figura 1.23: Sistema com uma entra<strong>da</strong> x(t) e uma saí<strong>da</strong> y(t).
Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 24<br />
Classificações de sistemas<br />
Memória<br />
Diz-se que um sistema possui memória se sua saí<strong>da</strong> depende de valores passados ou futuros<br />
do sinal de entra<strong>da</strong>. A extensão temporal de valores passados dos quais a saí<strong>da</strong> depende define<br />
quão longe a memória se estende no passado [2].<br />
Em contraparti<strong>da</strong>, diz-se que um sistema é sem memória se seu sinal de saí<strong>da</strong> depende<br />
somente do valor presente do sinal de entra<strong>da</strong>.<br />
Por exemplo, um resistor é sem memória, uma vez que a corrente i(t) que flui através dele<br />
em resposta à tensão aplica<strong>da</strong> v(t) é defini<strong>da</strong> por<br />
i(t) = 1 v(t) (1.52)<br />
R<br />
em que R é a resistência do resistor. Por outro lado, um indutor tem memória, uma vez que<br />
a corrente i(t) é <strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />
i(t) = 1 L<br />
∫ t<br />
−∞<br />
v(τ)dτ. (1.53)<br />
Assim, é necessário o conhecimento de todos os valores anteriores <strong>da</strong> tensão para o cálculo <strong>da</strong><br />
corrente.<br />
Causali<strong>da</strong>de<br />
Diz-se que um sistema é causal se o valor atual do sinal de saí<strong>da</strong> depender somente dos<br />
valores presentes ou passados do sinal de entra<strong>da</strong>. Em contraparti<strong>da</strong>, o sinal de saí<strong>da</strong> de um<br />
sistema não-causal depende de valores futuros do sinal de entra<strong>da</strong>.<br />
Por exemplo, um sistema com relação entra<strong>da</strong>-saí<strong>da</strong><br />
y(t) = x(t)+x(t−1) (1.54)<br />
é causal. Por outro lado, o sistema descrito por<br />
y(t) = x(t)+x(t+1) (1.55)
Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 25<br />
é não-causal.<br />
Invariância no tempo<br />
Diz-se que um sistema é invariante no tempo se um retardo de tempo ou avanço de tempo<br />
do sinal de entra<strong>da</strong> levar a um deslocamento idêntico no sinal de saí<strong>da</strong>. Isto implica que um<br />
sistema invariante no tempo reage de maneira idêntica, não importa quando o sinal de entra<strong>da</strong><br />
é aplicado.<br />
Dizendo com outras palavras, as características de um sistema invariante no tempo não se<br />
modificam com o tempo. Caso contrário, diz-se que o sistema é variante no tempo.<br />
Para um sistema H invariante no tempo, pode-se escrever que se H[x(t)] = y(t) então<br />
H[x(t−T)] = y(t−T), qualquer que seja T.<br />
Por exemplo, o sistema y(t) = 2x(t−1) é invariante no tempo. Já o sistema y(t) = tx(t) é<br />
variante no tempo.<br />
Lineari<strong>da</strong>de<br />
Dizemos que um sistema é linear quando são válidos os princípios <strong>da</strong> superposição e <strong>da</strong><br />
homogenei<strong>da</strong>de explicados a seguir. Caso contrário, o sistema é não-linear.<br />
Princípio <strong>da</strong> superposição<br />
Seja um sistema y(t) = H[x(t)] e sejam y 1 (t) a resposta à entra<strong>da</strong> x 1 (t) e y 2 (t) a resposta<br />
à entra<strong>da</strong> x 2 (t). Um sistema satisfaz o princípio <strong>da</strong> superposição se, quando aplica-se a ele a<br />
entra<strong>da</strong> x s (t) = x 1 (t)+x 2 (t), sua saí<strong>da</strong> é y s (t) = y 1 (t)+y 2 (t).<br />
Princípio <strong>da</strong> homogenei<strong>da</strong>de<br />
Seja um sistema y(t) = H[x(t)] e seja y 1 (t) a resposta à entra<strong>da</strong> x 1 (t). Um sistema satisfaz<br />
o princípio <strong>da</strong> homogenei<strong>da</strong>de se quando aplicamos a ele a entra<strong>da</strong> x H (t) = ax 1 (t), a ∈ R, sua<br />
saí<strong>da</strong> é y H (t) = ay 1 (t).<br />
Assim, para verificar se um sistema é linear, é necessário testar as duas condições acima.<br />
Os sistemas que são ao mesmo tempo Lineares e Invariantes no Tempo formam uma classe
Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 26<br />
de sistemas muito especial conheci<strong>da</strong> como sistemas LIT ou LTI (Linear Time Invariant), em<br />
inglês.<br />
Exercício 1.22. Um sistema linear e invariante no tempo tem a resposta à entra<strong>da</strong> x(t) = δ(t)<br />
(resposta ao impulso) indica<strong>da</strong> na Figura 1.24. Faça um esboço <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> y(t) deste sistema<br />
quando a entra<strong>da</strong> é:<br />
a x(t) = 3δ(t)<br />
b x(t) = δ(t−2)<br />
c x(t) = 2δ(t)+0,5δ(t−1)<br />
1<br />
0.8<br />
h(t)<br />
0.6<br />
0.4<br />
0.2<br />
0<br />
−0.2<br />
−1 0 1 2 3 4<br />
t<br />
Figura 1.24: Resposta ao impulso de um sistema LIT.<br />
A integral de convolução<br />
Os sistemas mais utilizados em quase to<strong>da</strong>s as áreas <strong>da</strong> Engenharia são os sistemas LIT. O<br />
principal motivo para esta preferência é que este tipo de sistema fica totalmente caracterizado<br />
pela sua resposta impulsiva, ou seja, pela saí<strong>da</strong> do sistema quando colocamos em sua entra<strong>da</strong><br />
o sinal impulso unitário δ(t). Em outras palavras, se sabe-se a resposta de um sistema LIT a<br />
uma entra<strong>da</strong> impulsiva, consegue-se calcular sua resposta a qualquer entra<strong>da</strong>.<br />
Veja, por exemplo, o que ocorreu no Exercício 1.22.
Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 27<br />
Qualquer sinal pode ser descrito como uma superposição pondera<strong>da</strong> de impulsos deslocados<br />
no tempo:<br />
x(t) =<br />
∫ ∞<br />
−∞<br />
x(τ)δ(t−τ)dτ (1.56)<br />
Analisa-se agora a saí<strong>da</strong> de um sistema LIT a uma entra<strong>da</strong> x(t) descrita pela Eq. (1.56).<br />
Denota-se por H o operador que representa a operação realiza<strong>da</strong> por este sistema e por h(t) a<br />
resposta deste sistema a um impulso, ou seja,<br />
y(t) = H[x(t)] (1.57)<br />
h(t) = H[δ(t)]. (1.58)<br />
que<br />
Sendo assim, para uma entra<strong>da</strong> qualquer x(t), pode-se escrever usando as Eqs. (1.56-1.58)<br />
[∫ ∞<br />
y(t) = H[x(t)] = H<br />
x(τ)δ(t−τ)dτ<br />
−∞<br />
]<br />
. (1.59)<br />
Levando-se em conta que o sistema é linear, pode-se aplicar a superposição e a homogenei<strong>da</strong>de<br />
para passar o operador para dentro <strong>da</strong> integral. Obtém-se assim<br />
y(t) =<br />
∫ ∞<br />
−∞<br />
e, como o sistema é invariante no tempo, tem-se<br />
x(τ)H [δ(t−τ)]dτ. (1.60)<br />
y(t) =<br />
∫ ∞<br />
−∞<br />
x(τ)h(t−τ)dτ. (1.61)<br />
Desta forma, a resposta de um sistema LIT qualquer é <strong>da</strong><strong>da</strong> por uma soma pondera<strong>da</strong> de<br />
respostas impulsivas desloca<strong>da</strong>s no tempo. Ou seja, ela é totalmente descrita pela entra<strong>da</strong> e<br />
pela resposta impulsiva.<br />
A integral <strong>da</strong> Eq. (1.61) é chama<strong>da</strong> de integral de convolução e representa<strong>da</strong> pelo símbolo
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∗, ou seja,<br />
x(t)∗h(t) =<br />
∫ ∞<br />
−∞<br />
x(τ)h(t−τ)dτ (1.62)<br />
A Figura 1.25 [2] ilustra o processo de convolução. A parte (a) descreve a resposta ao<br />
impulso de um sistema LIT arbitrário. Na parte (b) a entra<strong>da</strong> é representa<strong>da</strong> como uma<br />
integral de impulsos ponderados e deslocados no tempo p τ (t) = x(τ)δ(t − τ). A saí<strong>da</strong> do<br />
sistema associa<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong> impulso p τ (t) é<br />
v τ (t) = x(τ)h(t−τ). (1.63)<br />
Ouseja,v τ (t)éobti<strong>da</strong>deslocando-se, notempo, arespostaimpulsivadeτ uni<strong>da</strong>desemultiplicandoa<br />
por x(τ). A saí<strong>da</strong> y(t) à entra<strong>da</strong> x(t) é obti<strong>da</strong> integrando-se os sinais v τ (t),<br />
y(t) =<br />
∫ ∞<br />
−∞<br />
v τ (t)dτ. (1.64)<br />
Na prática, adota-se o seguinte procedimento para calcular x(t)∗h(t) [2]:<br />
a Trace x(τ) e h(t−τ) com uma função <strong>da</strong> variável independente τ. Para obter h(t−τ),<br />
reflita h(τ) em torno de τ = 0 para obter h(−τ) e depois desloque h(−τ) no tempo de<br />
−t.<br />
b Inicie com o deslocamento no tempo T grande e negativo.<br />
c Escreva a forma funcional para w t (τ) = x(τ)h(t−τ)<br />
d Aumente o deslocamento de tempo t até que a forma funcional para w t (τ) se modifique.<br />
O valor t, no qual a mu<strong>da</strong>nça ocorre, define o fim do intervalo corrente e o início de um<br />
novo intervalo.<br />
e Admitindo que testeja nonovo intervalo, repita ospassos 3e4atéque todososintervalos<br />
de deslocamentos de tempo t e as formas funcionais correspondentes para w i (τ) sejam<br />
identificados. Isto normalmente implica aumentar t até um valor grande e positivo.
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Figura 1.25: Ilustração <strong>da</strong> integral de convolução [2].
Eisencraft e Loiola 1.3 Análise e transmissão de sinais 30<br />
f Para ca<strong>da</strong> intervalo de deslocamento e tempo t, integre w t (τ) de τ = −∞ a τ = ∞ para<br />
obter y(t) nesse intervalo.<br />
A Figura 1.26 ilustra um exemplo de cálculo de convolução para x(t) = u(t)−u(t−3) e<br />
h(t) = u(t)−u(t−2).<br />
Exercício 1.23. [2] Calcule a soma de convolução y(t) = e −2t u(t)∗u(t+2).<br />
Exercício 1.24. [2]Suponha que a entra<strong>da</strong> x(t) e a resposta ao impulso h(t) de um sistema<br />
LIT sejam <strong>da</strong><strong>da</strong>s por<br />
x(t) = 2u(t−1)−2u(t−3) (1.65)<br />
h(t) = u(t+1)−2u(t−1)+u(t−3) (1.66)<br />
Encontre a saí<strong>da</strong> deste sistema.<br />
Exercícios para casa (Entrega até 28/02/11)<br />
Exercício 1.25. Resolver Exercício 2.4 <strong>da</strong> página 153 do [2].<br />
Exercício 1.26. Resolver Exercício 3.7(e) <strong>da</strong> página 249 do [2].
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h()<br />
x()<br />
1<br />
-3 -2 -1 1 2 3 4 5 6<br />
0 <br />
1<br />
-2 -1 1 2 3 4 5 6<br />
0 <br />
1<br />
h()<br />
−<br />
Para t5, o resultado<br />
<strong>da</strong> convolução é nulo<br />
2<br />
1<br />
y( t)<br />
-3 -2 -1 1 2 3 4 5 6<br />
0 t<br />
Figura 1.26: Exemplo gráfico do cálculo <strong>da</strong> convolução y(t) = x(t)∗h(t).
Referências Bibliográficas<br />
[1] B. P. Lathi, Modern Digital and Analog Communication Systems, 3rd ed. New York, NY,<br />
USA: Oxford University Press, Inc., 1998.<br />
[2] S. Haykin and B. V. Veen, Sinais e Sistemas. Porto Alegre: Bookman, 2001.<br />
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