carboxiterapia no tratamento da lipodistrofia hipertrófica ... - IBRAPE
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CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DA LIPODISTROFIA HIPERTRÓFICA EM PUERPERAS Lucinete Baldo, MD; Linda Mary Gouget de Paiva, MD, Angelo Di Fraia Filho, MD; Ricardo Frota Boggio, Ph.D.; Adolfo Ribeiro Carlucci, MD. Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino - IBRAPE, São Paulo, Brasil. Autor: Lucinete Baldo, MD. Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensino - IBRAPE Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 3005, casa 06 Jd. Paulista, São Paulo, SP – Brasil CEP: 01401-000 Fone/FAX: +55-11-2114 7700 E-mail: carloseluci@terra.com.br INTRODUÇÃO Denomina-se lipodistrofia a alteração estética, sem morbidade, caracterizada pelo aumento ou diminuição do volume de regiões corporais, à custa de alterações da hipoderme correspondente. Na lipodistrofia hipotrófica há uma redução do volume dos adipócitos, como acontece nas Síndromes de hemiatrofias faciais e na Síndrome da Imunodeficiência adquirida hipotrofias – AIDS. A lipodistrofia hipertrófica caracteriza-se pelo aumento, local ou regional, do número de adipócitos e/ou de seu volume. Pela grande ocorrência da lipodistrofia hipertrófica, consagrouse o termo lipodistrofia, como sinônimo de sobrecarga adipocitária localizada, a exemplo da lipodistrofia trocantérica, conhecido como culote. A ocorrência e evolução da lipodistrofia dependem de fatores préexistentes e desencadeantes, assim como, a resposta aos tratamentos propostos. Estudos recentes sobre a celularidade do tecido adiposo revelam que existem dois tipos de lipodistrofia hipertrófica: - Obesidade ou lipodistrofia hiperplásica: Possivelmente ligada à expressão genética, apresenta certas características histológicas, com a quantidade de adipócitos muito elevada, sendo o volume da unidade celular considerado normal. Este tipo de alteração gordurosa responde pouco a tratamentos clínicos convencionais, haja vista o grande compartimento disponível para armazenamento lipídico e a impossibilidade de retirada de parte ou total destas células (A não ser por lipoaspiração) - Obesidade ou lipodistrofia hipertrófica: Exclui-se a obesidade severa e responsiva à dietoterapia e demais terapias, principalmente em territórios com uma riqueza relativa de receptores adrenérgicos do tipo ß1, que conferem grande potencial lipolítico ao local. A quantidade de adipócitos é normal e estes são, anormalmente, volumosos, apresentando em seu interior lipídeos armazenados e água intracelular. Quando estão presentes as duas primeiras entidades, alternando-se em maior ou menor grau, sugere-se a ocorrência de um terceiro tipo de lipodistrofia hipertrófica: 1
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CARBOXITERAPIA NO TRATAMENTO DA LIPODISTROFIA<br />
HIPERTRÓFICA EM PUERPERAS<br />
Lucinete Baldo, MD; Lin<strong>da</strong> Mary Gouget de Paiva, MD, Angelo Di Fraia Filho,<br />
MD; Ricardo Frota Boggio, Ph.D.; Adolfo Ribeiro Carlucci, MD.<br />
Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> - <strong>IBRAPE</strong>, São Paulo, Brasil.<br />
Autor: Lucinete Baldo, MD.<br />
Instituto Brasileiro de Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> - <strong>IBRAPE</strong><br />
Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 3005, casa 06<br />
Jd. Paulista, São Paulo, SP – Brasil<br />
CEP: 01401-000<br />
Fone/FAX: +55-11-2114 7700<br />
E-mail: carloseluci@terra.com.br<br />
INTRODUÇÃO<br />
De<strong>no</strong>mina-se <strong>lipodistrofia</strong> a alteração estética, sem morbi<strong>da</strong>de,<br />
caracteriza<strong>da</strong> pelo aumento ou diminuição do volume de regiões corporais, à<br />
custa de alterações <strong>da</strong> hipoderme correspondente.<br />
Na <strong>lipodistrofia</strong> hipotrófica há uma redução do volume dos adipócitos,<br />
como acontece nas Síndromes de hemiatrofias faciais e na Síndrome <strong>da</strong><br />
Imu<strong>no</strong>deficiência adquiri<strong>da</strong> hipotrofias – AIDS. A <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong><br />
caracteriza-se pelo aumento, local ou regional, do número de adipócitos e/ou<br />
de seu volume. Pela grande ocorrência <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>, consagrouse<br />
o termo <strong>lipodistrofia</strong>, como sinônimo de sobrecarga adipocitária localiza<strong>da</strong>, a<br />
exemplo <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> trocantérica, conhecido como culote.<br />
A ocorrência e evolução <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> dependem de fatores préexistentes<br />
e desencadeantes, assim como, a resposta aos <strong>tratamento</strong>s<br />
propostos.<br />
Estudos recentes sobre a celulari<strong>da</strong>de do tecido adiposo revelam que<br />
existem dois tipos de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>:<br />
- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> hiperplásica:<br />
Possivelmente liga<strong>da</strong> à expressão genética, apresenta certas<br />
características histológicas, com a quanti<strong>da</strong>de de adipócitos muito<br />
eleva<strong>da</strong>, sendo o volume <strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de celular considerado <strong>no</strong>rmal.<br />
Este tipo de alteração gordurosa responde pouco a <strong>tratamento</strong>s clínicos<br />
convencionais, haja vista o grande compartimento disponível para<br />
armazenamento lipídico e a impossibili<strong>da</strong>de de retira<strong>da</strong> de parte ou total<br />
destas células (A não ser por lipoaspiração)<br />
- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>:<br />
Exclui-se a obesi<strong>da</strong>de severa e responsiva à dietoterapia e demais<br />
terapias, principalmente em territórios com uma riqueza relativa de<br />
receptores adrenérgicos do tipo ß1, que conferem grande potencial<br />
lipolítico ao local.<br />
A quanti<strong>da</strong>de de adipócitos é <strong>no</strong>rmal e estes são, a<strong>no</strong>rmalmente,<br />
volumosos, apresentando em seu interior lipídeos armazenados e água<br />
intracelular.<br />
Quando estão presentes as duas primeiras enti<strong>da</strong>des, alternando-se em<br />
maior ou me<strong>no</strong>r grau, sugere-se a ocorrência de um terceiro tipo de <strong>lipodistrofia</strong><br />
<strong>hipertrófica</strong>:<br />
1
- Obesi<strong>da</strong>de ou <strong>lipodistrofia</strong> mista<br />
Alguns autores consideram este tipo como uma variação <strong>da</strong> hiperplásica<br />
que evoluiu para <strong>hipertrófica</strong> por saturação do volume adipocitário.<br />
Sua resposta a <strong>tratamento</strong>s está diretamente relaciona<strong>da</strong> ao<br />
componente hipertrófico. Quanto maior o grau de hipertrofia, melhor a<br />
resposta à dietoterapia e outros métodos (Knittle 1974).<br />
As causas <strong>da</strong> obesi<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> são múltiplas, complexas e de<br />
difícil identificação, de uma maneira geral, não se restringindo apenas ao<br />
excesso de calorias ingeri<strong>da</strong>s. Alterações hormonais, fatores comportamentais,<br />
influências sócio-econômicas, situações afetivas e estereótipo de alimentação,<br />
sugerem um comportamento alimentar e/ou físico habitual, que leva à<br />
obesi<strong>da</strong>de.<br />
Estudos preliminares têm demonstrado que as células adiposas de ratos<br />
parecem emitir sinais que determinam sensação de sacie<strong>da</strong>de por estimularem<br />
receptores hipotalâmicos quando o animal encontra-se alimentado e, ao<br />
contrário, por falta de alimento, esta célula bloquearia a sinalização, induzindo<br />
à sensação de fome. Estes sinais, hoje identificados por terem origem em um<br />
hormônio protéico codificado pelo gene Ob, foi de<strong>no</strong>minado Leptina e sabe-se<br />
que, tem um papel central na regulação de tecido adiposo. A Leptina é<br />
secreta<strong>da</strong> pela célula adiposa em resposta ao aumento <strong>da</strong> massa gordurosa e<br />
age sobre o hipotálamo ventro-medial, onde diminui a biossíntese e a secreção<br />
do neuropeptídeo Y, reconhecido como o mais potente estimulante do apetite.<br />
No que se referem à <strong>lipodistrofia</strong>, outros fatores relacionados aos hábitos<br />
devem ser considerados: a posição preferencial durante o dia, vestuário<br />
constritivo, sedentarismo, uso de corticóides tópicos ou sistêmicos, reposição<br />
hormonal ou ingestão de a<strong>no</strong>vulatórios estrogênicos. Esses fatores, direta ou<br />
indiretamente concorrem para o agravamento <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> ou<br />
mista, pela retenção de líquidos <strong>no</strong> espaço intersticial, com conseqüente<br />
aumento <strong>da</strong> pressão hidrostática <strong>no</strong> local e posterior compressão ve<strong>no</strong>-linfática,<br />
cronificando este distúrbio <strong>da</strong> homeostase.<br />
O <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> é multifatorial e exige a<br />
participação ativa do paciente.<br />
A <strong>carboxiterapia</strong> é um método que utiliza o anidro-carbônico, um gás<br />
atóxico, não embólico e presente <strong>no</strong>rmalmente como intermediário do<br />
metabolismo celular.<br />
O <strong>tratamento</strong> consiste na administração subcutânea, através de injeção<br />
hipodérmica do CO2, diretamente nas áreas afeta<strong>da</strong>s.<br />
A ação do <strong>tratamento</strong> é efetiva em diversas alterações estéticas como na<br />
celulite, flacidez cutânea, estrias e na gordura localiza<strong>da</strong> (<strong>lipodistrofia</strong>s)<br />
A ação farmacológica do anidro carbônico esta bem estabeleci<strong>da</strong>. O<br />
CO2, quando aplicado <strong>no</strong> subcutâneo promove vasodilatação local com<br />
conseqüente aumento do fluxo vascular e o aumento <strong>da</strong> pressão parcial de<br />
oxigênio (pO2), resultante <strong>da</strong> potencialização do efeito Bohr, ou seja há redução<br />
<strong>da</strong> afini<strong>da</strong>de <strong>da</strong> hemoglobina pelo oxigênio, resultando em maior quanti<strong>da</strong>de<br />
deste disponível para o tecido. D’Aniello e colaboradores, do Departamento de<br />
Cirurgia Plástica <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Siena – Itália, demonstraram a ação <strong>da</strong><br />
terapêutica do CO2, administrado pela via subcutânea, sobre o microcírculo<br />
vascular. Foi evidenciado vasodilatação através <strong>da</strong> videocapilaroscopia,<br />
aumento do fluxo sanguíneo pelo Laser Doppler e o aumento <strong>da</strong> pressão<br />
2
parcial de oxigênio (PO2) verifica<strong>da</strong> pela via percutânea. Além disso, os <strong>da</strong>dos<br />
histopatológicos obtidos por biópsia em pacientes tratados evidenciaram o<br />
inócuo do método, já que não há alterações <strong>no</strong> tecido conectivo (incluindo-se<br />
estruturas vasculares e nervosas) com o <strong>tratamento</strong>.<br />
Lembramos que o gás carbônico é um metabólito <strong>no</strong>rmal <strong>no</strong> <strong>no</strong>sso<br />
organismo e em situações de repouso <strong>no</strong>sso corpo produz cerca de 200<br />
mL/min do mesmo, aumentando em até 10 vezes frente a esforços físicos<br />
intensos. O fluxo e o volume total injetados durante o <strong>tratamento</strong> encontram-se<br />
entre estes parâmetros, ou seja, habitualmente na <strong>carboxiterapia</strong> utilizam-se<br />
fluxos de infusão entre 20 e 100 mL/min e volumes totais administrados entre<br />
600 ml e 1 litro (Bartoletti C.A., et al., 1998; Bacci P.A., 2000).<br />
Não existem, na literatura, relatos de efeitos adversos ou complicações,<br />
tanto locais (Brandi C, et al.; 1999), quanto sistêmicas (Savin E. et al., 1995;<br />
Ochiai R. et al.; 2000). As alterações relata<strong>da</strong>s, inerentes ao método, limitam-se<br />
a dor durante o <strong>tratamento</strong>, peque<strong>no</strong>s hematomas decorrentes <strong>da</strong> punção<br />
(realiza<strong>da</strong> com agulha 30 G 1/2 - insulina) e sensação de crepitação <strong>no</strong> local,<br />
resultante do peque<strong>no</strong> enfisema subcutâneo formado e que desaparece em<br />
media em ate 30 minutos.<br />
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a ação do anidro carbônico <strong>no</strong><br />
<strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puérperas, em comparação a sua<br />
ação na população geral.<br />
MATERIAL E MÉTODO<br />
GRUPO DE ESTUDO<br />
O grupo de estudo foi formado por pacientes, em diferentes fases<br />
puerperais (de 1 a 9 meses de puerpério), nutrizes ou não, atendi<strong>da</strong>s <strong>no</strong><br />
ambulatório de Assistência a Gestante e a Puérpera do Instituto Brasileiro de<br />
Pesquisa e Ensi<strong>no</strong> –I BRAPE, durante o período de janeiro a abril de 2009.<br />
As pacientes foram avalia<strong>da</strong>s, quanto a presença de <strong>lipodistrofia</strong><br />
<strong>hipertrófica</strong> em flancos, abdome, região glútea inferior e membros inferiores<br />
(culote, região interna e posterior <strong>da</strong> coxa).<br />
To<strong>da</strong>s as pacientes que participaram deste estudo receberam<br />
informativo impresso sobre o procedimento a ser realizado, passaram por uma<br />
demonstração previa do método e assinaram termo de compromisso e de<br />
autorização para realização do procedimento e dos registros fotográficos.<br />
As pacientes, antes do início do <strong>tratamento</strong>, passaram por detalha<strong>da</strong><br />
anamnese sendo pesquisa<strong>da</strong> pari<strong>da</strong>de, tipo de parto, altura, peso atual, peso<br />
inicial e pós-gestação, além peso e tamanho do recém-nascido.<br />
As pacientes foram reavalia<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong> sessão e interroga<strong>da</strong>s quanto a<br />
intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> dor senti<strong>da</strong> durante a realização do procedimento e quanto ao<br />
grau de satisfação com os resultados obtidos<br />
No exame físico, além <strong>da</strong> aferição do peso, altura e determinação do índice de<br />
massa corporal (IMC), as pacientes foram avalia<strong>da</strong>s através de:<br />
• Antropometria: Com a paciente em posição supina, com os braços<br />
cruzados a frente do complexo aréolo-papilar e os pés posicionados de<br />
maneira paralela e distando 30 cm um do outro, foi realiza<strong>da</strong> a<br />
antropometria do abdome (superior, cicatriz umbilical e inferior) e dos<br />
3
membros inferiores (altura <strong>da</strong> proeminência do culote, para medi<strong>da</strong> dos<br />
diâmetros <strong>da</strong>s coxas).<br />
• Adipometria: Com a paciente na mesma posição acima referi<strong>da</strong> foi<br />
realiza<strong>da</strong> adipometria a partir <strong>da</strong> plicatura do panículo adiposo em um<br />
ponto médio, sobre a linha media axilar, entre o gradil costal e a espinha<br />
ilíaca de ca<strong>da</strong> lado.<br />
• Avaliação fotográfica:<br />
As pacientes foram fotografa<strong>da</strong>s imediatamente antes, após a<br />
terceira sessão e ao térmi<strong>no</strong> do <strong>tratamento</strong>. As fotos foram realiza<strong>da</strong>s<br />
com câmera digital, tendo como fundo um painel branco, sendo to<strong>da</strong>s as<br />
pacientes identifica<strong>da</strong>s com etiquetas com as iniciais do <strong>no</strong>me e <strong>da</strong>ta.<br />
As fotografias foram realiza<strong>da</strong>s a um metro de distancia <strong>da</strong> paciente ,<br />
com o enquadramento tendo como limites o sulco mamário,<br />
superiormente e um ponto cerca de 5 cm acima do joelhos,<br />
inferiormente. Quando de costas, foi utiliza<strong>da</strong> como limite superior região<br />
escapular e inferior, a fossa poplítea. Não foram utilizados zoom, flash<br />
ou qualquer outro recurso fotográfico.<br />
TÉCNICA (TERAPÊUTICA)<br />
As pacientes foram trata<strong>da</strong>s uma vez por semana, durante 6 semanas.<br />
O CO2 foi aplicado através de punturas, nas áreas de interesse, sendo<br />
para tanto utiliza<strong>da</strong> agulha 30G 1/2 , posiciona<strong>da</strong> a 90º em relação ao pla<strong>no</strong><br />
cutâneo. O aparelho utilizado foi o <strong>da</strong> ESTEK , com uma saí<strong>da</strong>.<br />
As infusões foram realiza<strong>da</strong>s a fluxo contínuo de 150 mL/min.. Foram<br />
infundidos 75 mL de CO2 em ca<strong>da</strong> culote, 45 mL <strong>no</strong> 1/3 superior, 20 mL <strong>no</strong><br />
terço médio e 10 mL <strong>no</strong> 1/3 inferior <strong>da</strong> face interna de ca<strong>da</strong> coxa, totalizando<br />
150 mL em ca<strong>da</strong> membro ou 300 mL <strong>no</strong>s dois membros (figura 1).<br />
Na parte posterior dos membros inferiores foram infundidos 45 mL de<br />
CO2 na região do contor<strong>no</strong> inferior dos glúteos (banana boat), 20 mL <strong>no</strong> terço<br />
médio e 10 mL <strong>no</strong> 1/3 inferior <strong>da</strong> coxa. Ain<strong>da</strong> na região posterior foi infundido<br />
75 mL em ca<strong>da</strong> flanco posterior, <strong>da</strong>ndo um total de 300 mL em ambos os<br />
membros na região posterior (figura 2).<br />
Considerando os volumes infundidos na região anterior e posterior,<br />
totalizou-se 600 mL de gás CO2 em ca<strong>da</strong> sessão.<br />
Não foram utilizados anestésicos tópicos, vasodilatadores ou qualquer<br />
outro metodologia para analgesia antes do <strong>tratamento</strong>.<br />
Para análise <strong>da</strong> dor senti<strong>da</strong> durante o procedimento foi utiliza<strong>da</strong> escala<br />
visual analógica (EVA), imediatamente após a realização de ca<strong>da</strong> sessão.<br />
As pacientes foram orienta<strong>da</strong>s a não realizar nenhuma outra terapia<br />
associa<strong>da</strong> como drenagem linfática manual ou uso de cosmecêutico domiciliar.<br />
4
Esquema<br />
Esquema Puncturas<br />
QS<br />
D<br />
QSE<br />
SULCO<br />
MAMÁRIO<br />
ABDOME<br />
. .<br />
QID<br />
QIE<br />
.<br />
.<br />
CULOTE<br />
DIREITO<br />
SUPERIOR<br />
MÉDIO<br />
SUPERIOR<br />
MÉDIO<br />
CULOTE<br />
ESQUERDO<br />
.<br />
. .<br />
. .<br />
.<br />
INFERIOR<br />
INFERIOR<br />
. .<br />
Figura 1: Posição anterior<br />
Esquema<br />
Esquema Puncturas<br />
DORSO<br />
DORSO<br />
FLANCO<br />
DIREITO<br />
FLANCO<br />
ESQUERDO<br />
.<br />
.<br />
COXA<br />
DIREITA<br />
Figura 2: Posição posterior<br />
COXA<br />
ESQUERDA<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
.<br />
RESULTADOS<br />
5
No período de janeiro a abril de 2009, 35 pacientes puerperas, com<br />
queixa de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em tronco e membros inferiores, foram<br />
trata<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> <strong>carboxiterapia</strong>.<br />
Do total de pacientes que iniciaram o <strong>tratamento</strong>, 9 abandonaram devido<br />
a queixa de dor durante a realização do procedimento. Para avaliação <strong>da</strong> dor<br />
foi utiliza<strong>da</strong> escala visual analógica, que varia de 1 a 10, tendo sido obti<strong>da</strong> <strong>no</strong>ta<br />
média igual a 6. (figura 1)<br />
.<br />
Valores médios de aplicações de CO 2 X EVA<br />
20<br />
18<br />
16<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
EVA<br />
mL<br />
865<br />
822<br />
782<br />
738<br />
705<br />
553<br />
7<br />
7<br />
6 6<br />
6 6<br />
1ª Sessão 2ª Sessão 3ª Sessão 4ª Sessão 5ª Sessão 6ª Sessão<br />
1000<br />
900<br />
800<br />
700<br />
600<br />
500<br />
400<br />
300<br />
200<br />
100<br />
0<br />
Figura 1 - Gráfico dos valores médios de aplicações de CO2 x EVA.<br />
Após a realização <strong>da</strong>s seis sessões propostas <strong>no</strong> <strong>tratamento</strong>, o<br />
percentual de redução do volume do panículo adiposo, em ca<strong>da</strong> região trata<strong>da</strong>,<br />
levando-se em consideração o período puerperal <strong>no</strong> qual a paciente se<br />
apresentava, encontra-se representado <strong>no</strong> quadro e figura 2.<br />
Nº de Pacientes 0 3 7 4 2 4 3 0 3<br />
Período 1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês<br />
Abdome superior 0 -2,60% -3,53% -3,08% -0,71% -2,09% -1,22% 0 -0,97%<br />
Cicatriz umbilical 0 -2,84% -3,28% -2,56% -3,50% -2,98% -3,47% 0 -2,18%<br />
Abdome inferior 0 -1,51% -3,13% -1,56% -4,15% -2,42% -1,90% 0 -3,43%<br />
Adipômetro direito 0 -5,51% -11,91% -12,74% -5,00% -14,98% 1,06% 0 -20,83%<br />
Adipômetro esquerdo 0 -7,21% -10,11% -4,17% -8,33% -7,46% -4,17% 0 -20,83%<br />
Coxa direita 0 0,26% -1,71% -0,95% -5,44% -2,90% -0,96% 0 -2,00%<br />
Coxa esquer<strong>da</strong> 0 -1,79% -2,03% -0,67% -4,95% -0,53% -1,25% 0 -1,99%<br />
Peso 0 -0,85% -1,82% -2,13% -1,61% -1,89% 0,25% 0 -1,61%<br />
Quadro2 - Evolução <strong>da</strong> redução <strong>da</strong> espessura do panículo adiposo em relação<br />
a fase puerperal.<br />
6
Evolução <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> período do puerpério<br />
1,00%<br />
-1,00%<br />
-3,00%<br />
-5,00%<br />
-7,00%<br />
-9,00%<br />
-11,00%<br />
-13,00%<br />
-15,00%<br />
-17,00%<br />
-19,00%<br />
-21,00%<br />
-23,00%<br />
1º mês 2º mês 3º mês 4º mês 5º mês 6º mês 7º mês 8º mês 9º mês<br />
Abdomen superior Cicatriz umbilical Abdomen inferior Adipômetro direito<br />
Adipômetro esquerdo Coxa direita Coxa equer<strong>da</strong> Peso<br />
Figura 2 - Evolução <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>no</strong> período do puerpério<br />
Levando-se em consideração a redução de medi<strong>da</strong>s apenas <strong>da</strong> região<br />
abdominal, <strong>no</strong>tamos uma redução mais significativa do panículo adiposa na altura <strong>da</strong><br />
cicatriz umbilical (-2,97%). Figura 3.<br />
Variação % <strong>da</strong>s medias <strong>da</strong>s regiões - 1ª e 6ª sessões<br />
0,00%<br />
-0,50%<br />
Abdomen superior Cicatriz umbilical Abdomen inferior<br />
-1,00%<br />
-1,50%<br />
-2,00%<br />
-2,50%<br />
-3,00%<br />
-2,36%<br />
-2,97%<br />
-2,59%<br />
-3,50%<br />
Figura 3 - Variação <strong>da</strong> porcentagem <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região abdominal após a<br />
realização de 6 sessões de <strong>carboxiterapia</strong>.<br />
Em relação a variação do Índice de Massa Corpórea (IMC) <strong>no</strong>tamos um<br />
decréscimo do seu valor médio ao térmi<strong>no</strong> do <strong>tratamento</strong> (imediatamente após a 6<br />
sessão), retornando a um valor próximo ao do pré <strong>tratamento</strong>, três semanas após ao<br />
térmi<strong>no</strong> do protocolo (atualmente). Figura 4.<br />
7
Variação do IMC - 1ª e 6ª sessões<br />
25,30<br />
25,20<br />
25,10<br />
25,20<br />
25,23<br />
25,00<br />
24,90<br />
24,80<br />
24,84<br />
24,70<br />
24,60<br />
1ª sessão 6ªsessão Atualmente<br />
Figura 4 - Variação do IMC na 1ª, 6ª sessão e atualmente.<br />
Quando comparamos os <strong>da</strong>dos antropométricos <strong>da</strong>s coxas (culotes), <strong>no</strong>tamos<br />
uma significativa redução dos valores entre a primeira e sexta sessões (figura 5).<br />
Variação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s Coxas Direita e Esquer<strong>da</strong><br />
entre a 1ª e a 6ª sessão<br />
56,50 57,00 57,50 58,00 58,50 59,00<br />
Coxa direita<br />
1ª sessão<br />
6ª sessão<br />
6ª sessão<br />
57,56<br />
58,63<br />
Coxa equer<strong>da</strong><br />
1ª sessão<br />
6ª sessão<br />
6ª sessão<br />
57,38<br />
58,40<br />
Figura 5 - Variação <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s coxas direita e esquer<strong>da</strong> entre a 1ª e a<br />
6ª sessão.<br />
DISCUSSÃO<br />
A mulher após o nascimento do seu filho quer o quanto antes voltar ao seu<br />
estado pré-parto, isto é, sem to<strong>da</strong>s as consequências que sua pele sofreu, além do<br />
fato de estar mais pesa<strong>da</strong>, fláci<strong>da</strong> e na maioria <strong>da</strong>s vezes com estrias .<br />
O puerpério é o período de ajustamento depois <strong>da</strong> gravidez e do parto, durante<br />
o qual se invertem as trocas anatômicas e funcionais do primeiro e o corpo volta ao<br />
seu estado <strong>no</strong>rmal não gestacional. O tempo requerido para que se chegue ao fim<br />
destas trocas varia de ca<strong>da</strong> sistema orgânico. Ademais, há alterações produzi<strong>da</strong>s por<br />
complicações do trabalho de parto e o parto propriamente dito, ou pela administração<br />
de medicamentos e hormônios exóge<strong>no</strong>s. Por ultimo, o inicio de <strong>no</strong>vos padrões de<br />
8
conduta, por exemplo, a amamentação, pode modificar o curso <strong>da</strong> evolução e afetar<br />
profun<strong>da</strong>mente a atitude <strong>da</strong> paciente.<br />
Pesa, então, para a auto-imagem, a necessi<strong>da</strong>de de voltar o quanto antes a ter<br />
um corpo semelhante ao que era <strong>no</strong> período pré-parto. Daí, a procura <strong>da</strong> mulher para<br />
recuperar o mais rapi<strong>da</strong>mente o seu corpo. Sendo assim, cabe a medicina estética<br />
reabilitar as condições que são exigi<strong>da</strong>s, com ações que não venham a alterar o<br />
estado puerperal e muitas vezes de nutrizes <strong>da</strong>s mães.<br />
Sob esta ótica, a Carboxiterapia é um dos melhores métodos para a<br />
recuperação do quadro desenvolvido na gravidez de estrias e principalmente flacidez<br />
e <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong>, por ser um método não agressivo a mulher neste período,<br />
inclusive durante o aleitamento (4, 5 e 6).<br />
Este estudo, baseado nestes princípios, teve como resultado uma porcentagem<br />
de per<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s e consequentemente diminuição <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong>, conforme<br />
figuras 3 e 5 acima.<br />
Por ser a literatura cientifica, nesta área, muito modesta, o que relatamos pode<br />
ser considerado um trabalho inédito, ain<strong>da</strong> mais nas ações volta<strong>da</strong>s ao crescimento e<br />
enriquecimento <strong>da</strong> medicina como um todo, principalmente porque na fase puerperal<br />
poucos trabalhos são realizados <strong>no</strong> intuito de valorizar a beleza e bem-estar <strong>da</strong>s<br />
mulheres-mães.<br />
Este estudo mostra, ain<strong>da</strong>, que haverá necessi<strong>da</strong>de de se <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de<br />
para que possamos comprovar, não só a manutenção <strong>da</strong> eficácia, mas também a<br />
melhora de outros quadros que agravam o bem estar <strong>da</strong> pele na área <strong>da</strong> estética<br />
médica, principalmente sabendo que o gás carbônico não tem contra-indicações para<br />
o uso em puerperas.<br />
CONCLUSÃO<br />
Durante os <strong>no</strong>ve meses de gestação, o corpo <strong>da</strong> mulher se modifica e passa<br />
por transformações localiza<strong>da</strong>s e sistêmicas.<br />
Algumas são transitórias e outras permanentes. Dentre as alterações mais<br />
frequentes estão: as mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> pigmentação, alterações <strong>da</strong> fisiologia vascular,<br />
capilar, <strong>da</strong>s unhas e pele. Presença de estrias, edemas, celulite, flacidez, aumento<br />
exagerado de peso, que podem afetar a aparência <strong>da</strong> mulher, trazendo um choque<br />
para sua alto-estima. Então, logo que a mulher se torne mãe ela quer o quanto antes<br />
voltar a ser também a mulher que era antes.<br />
Desta forma, os autores encontraram com a técnica adota<strong>da</strong>, diminuição <strong>da</strong><br />
<strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puerperas; porém acreditam que serão necessários mais<br />
estudos para que o processo do <strong>tratamento</strong> voltado a esta diminuição seja fortemente<br />
reduzi<strong>da</strong> com a técnica relata<strong>da</strong> utilizando-se de um prazo de acompanhamento maior<br />
e sendo o único efeito colateral apresentado um quadro doloroso, mas que ao térmi<strong>no</strong><br />
<strong>da</strong>s seis sessões as dores nas aplicações do gás se tornaram mais suportáveis,<br />
pode-se concluir que o <strong>tratamento</strong> se prestou ao que se propôs: redução do quadro<br />
de <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> em puerperas.<br />
Assim, podemos observar que a infusão de gás carbônico mostrou ser um bom<br />
método para o <strong>tratamento</strong> <strong>da</strong> <strong>lipodistrofia</strong> <strong>hipertrófica</strong> <strong>da</strong>s puerperas, o que vem<br />
demonstrar que as mulheres nesta fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> terão melhores condições de se<br />
sentirem protegi<strong>da</strong>s e ampara<strong>da</strong>s pela medicina estética.<br />
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