DÂS RELAÇÕES FAMILIÄRES DOS ESCRAVOS NO ... - DSpace

escandalosamente com alguém e só pessoas suas inimigas
lhe poderiam fulminar a argüir semelhante culpa à ré
pois se acha ela em notória inocência.
Na defesa final o procurador colocou que: "[...] vivendo
a ré com todo o recato, humilde, sujeita as ocupações de
seo captiveiro sempre foi estimada e tratada entre os
mais escravos com distinção por ser de maior confiança,
dando mostras da boa educação das suas senhoras...
temente a Déos e as justiças de Sua Alteza e por estas
razoens espera da justiça juIgando-se caresser de culpa
que se imputa a ré...".
Provou-se não só a boa conduta da ré, mas que não
prati cou os fatos que lhes foram imputados pela devassa
geral e que foram objeto desta acusação. A ré teve que
pagar as custas do processo. 19
O estigma de "desgraçados"
que pesava sobre os escravos
é que levou a ré aos tribunais. Para provar a sua inocência,
teve ela de mostrar que mesmo sendo escrava vivia de acordo com
os bons costumes da sociedade, "temente a Déos e as justiça de
Sua Alteza".
Cinco escravos e uma costureira liberta estiveram
envolvidos em um roubo numa loja de tecidos e foram julgados
também pela sua conduta moral na sociedade.
Joana Maria, filha de Fe 1icidade Maria, quarenta anos
mais ou menos, solteira, vivia de jornais de lavar
roupa, engomar e costurar ; mulher liberta, conhecida por
Joana Cantadeira, nascida em Curitiba, não sabia 1er nem
escrever. Joana mantinha "relações ilícitas" com o
escravo Lauriano, com o qual ela esteve na noite de 25
para 26 de novembro de 1859, an ter ior ao roubo na loja
de tecidos do Capitão Manoel Antônio Carneiro.
Perguntado a Joana o que estava fazendo em sua casa o
escravo Lauriano, respondeu que tinha ido a passeio.
Perguntado se ela tinha relações ilíticas com ele,
respondeu que sim. Joana também dormia com outros