Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...
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<strong>Max</strong> <strong>Weber</strong>, <strong>as</strong> Múltipl<strong>as</strong> <strong>Modernidades</strong> e a <strong>Reorientação</strong> da Teoria Sociológica<br />
que essa análise poderia inclusive responder a algum<strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> relacionad<strong>as</strong><br />
com o desenvolvimento econômico 14 .<br />
Estou convencido de que é possível e necessário <strong>as</strong>sociar mais estreitamente<br />
a tese d<strong>as</strong> “múltipl<strong>as</strong> modernidades” com <strong>as</strong> reflexões sobre o<br />
papel do Estado, seja na atualidade, seja há alguns séculos. Um debate<br />
mais centrado na política (melhor dizendo, centrado no Estado) acerca<br />
d<strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> modernidades poderia nos levar a entender por que, no<br />
mundo contemporâneo, somente determinad<strong>as</strong> regiões são bem-sucedid<strong>as</strong><br />
na competição econômica mundial. Essa situação, com certeza,<br />
não mudou desde os primórdios do capitalismo (qualquer que tenha<br />
sido a data inicial) – um sistema que jamais se b<strong>as</strong>eou exclusivamente<br />
em uma dialética econômica de meios e fins.<br />
3. Centrar a análise no Estado também é uma oportunidade de observar<br />
o capitalismo a partir de um novo ângulo. Está em curso no momento<br />
um grande debate sobre os vários capitalismos contemporâneos;<br />
m<strong>as</strong> curiosamente essa abordagem está praticamente esquecida na<br />
pesquisa histórico-sociológica atual. Indagar sobre <strong>as</strong> divers<strong>as</strong> form<strong>as</strong><br />
<strong>as</strong>sumid<strong>as</strong> pelo capitalismo em diferentes regiões do mundo poderia<br />
ser b<strong>as</strong>tante fecundo, especialmente porque possibilita relacioná-l<strong>as</strong><br />
com os padrões de colonização européia no mundo não-europeu e com<br />
su<strong>as</strong> conseqüênci<strong>as</strong> econômic<strong>as</strong>. Aliás, não estou certo se a distinção<br />
estabelecida por <strong>Weber</strong> entre o capitalismo “tradicional” (existente na<br />
maioria d<strong>as</strong> f<strong>as</strong>es da história mundial) e o capitalismo “moderno”<br />
(que, segundo <strong>Weber</strong>, seria típico da modernidade ocidental) tem muita<br />
utilidade nesse sentido. A meu ver, é mais promissor insistir n<strong>as</strong><br />
distinções introduzid<strong>as</strong> no debate pelo livro de Wrigley, levando em<br />
conta principalmente que idéi<strong>as</strong> semelhantes também podem ser encontrad<strong>as</strong><br />
nos estudos de Fernand Braudel, que sempre se interessou<br />
pela diferenciação de tipos de troc<strong>as</strong> de mercado [market exchange] (cf.<br />
Braudel, 1985 e outros). Adistinção que Braudel estabelece entre a esfera<br />
da vida material, <strong>as</strong> troc<strong>as</strong> de mercado e o capitalismo não é de modo<br />
algum a última palavra no debate. M<strong>as</strong> é no mínimo estimulante ver<br />
que alguns autores situados no centro do debate sobre <strong>as</strong> “múltipl<strong>as</strong> modernidades”<br />
começaram a lidar com esse problema (Arn<strong>as</strong>on, 2002).<br />
4. Tudo isso somado, ainda não resolvi se é melhor falar de civilizações<br />
ou de subunidades de civilizações. Pomeranz (2000:6 e ss.), entre outros,<br />
chama a atenção para um pressuposto dem<strong>as</strong>iado freqüente n<strong>as</strong><br />
análises comparativ<strong>as</strong> de civilizações: o de que há uma estranha espé-<br />
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Revista Dados – 2006 – Vol. 49 n o 3