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Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...

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<strong>Max</strong> <strong>Weber</strong>, <strong>as</strong> Múltipl<strong>as</strong> <strong>Modernidades</strong> e a <strong>Reorientação</strong> da Teoria Sociológica<br />

gência de vi<strong>as</strong> para o desenvolvimento na Europa e na China deu-se no<br />

século XVIII ou mesmo no XIX.<br />

Pôr os argumentos sobre a “era axial” como pano de fundo para um esquema<br />

explicativo não quer dizer, porém, que <strong>as</strong> estrutur<strong>as</strong> religios<strong>as</strong>,<br />

<strong>as</strong> instituições religios<strong>as</strong>, os sistem<strong>as</strong> de crença, <strong>as</strong> ideologi<strong>as</strong> e tudo<br />

mais sejam inúteis para a explicação da “<strong>as</strong>censão do Ocidente” ou da<br />

estagnação de outr<strong>as</strong> civilizações nos séculos XVIII e XIX. É essa a inferência<br />

equivocada de Gunder Frank e de outros autores ligados ao<br />

campo da análise de sistem<strong>as</strong> mundiais. Uma análise de fundo reducionista<br />

(marxista) também não é muito útil para esse fim. O fato de ser<br />

qu<strong>as</strong>e impossível explicar os problem<strong>as</strong> de hoje aludindo a estrutur<strong>as</strong><br />

histórico-religios<strong>as</strong> de mais de 2 mil anos atrás não significa que se<br />

deva ignorar completamente estrutur<strong>as</strong> religios<strong>as</strong>, polític<strong>as</strong> ou de outra<br />

natureza não-econômica. Ao contrário, creio que o programa de<br />

pesquisa de Shmuel Eisenstadt pode ser especialmente valioso para a<br />

interpretação de processos de mudança social em diferentes civilizações,<br />

porque somente a observação de fatores e contextos religiosos e<br />

culturais permitirá compreender configurações civilizacionais peculiares.<br />

Usando uma linguagem mais abstrata: em vez de abandonar a<br />

multicausalidade defendida por <strong>Weber</strong> (e por Eisenstadt), deve-se<br />

afirmar esse princípio como a mais importante estratégia para a análise<br />

d<strong>as</strong> múltipl<strong>as</strong> modernidades. M<strong>as</strong> eu gostaria de repetir o que afirmei<br />

anteriormente: a busca da causalidade não deve remontar muito<br />

longe na história. Ou seja, <strong>as</strong> análises que comparam civilizações distint<strong>as</strong><br />

devem enfocar principalmente os últimos três ou quatro séculos.<br />

Essa recomendação me parece necessária não só por causa do já mencionado<br />

problema do pequeno número de c<strong>as</strong>os, m<strong>as</strong> porque uma d<strong>as</strong> taref<strong>as</strong><br />

mais urgentes da macrossociologia é explicar por que cert<strong>as</strong> regiões<br />

da Europa Ocidental, sobretudo a Inglaterra, começaram a ultrap<strong>as</strong>sar<br />

a China (e a Índia) que tinham, antes da Revolução Industrial,<br />

economi<strong>as</strong> pelo menos tão avançad<strong>as</strong> quanto <strong>as</strong> da maioria ou mesmo<br />

de todos os países europeus na mesma época. Wong e Pomeranz, por<br />

exemplo, não me parecem propor explicações sólid<strong>as</strong> sobre essa divergência<br />

de trajetóri<strong>as</strong>. Só que o foco principal de seus estudos não é esse<br />

enigma histórico.<br />

Resta ver se a alusão de Goldstone a uma cultura científica peculiar à<br />

Inglaterra resiste ao teste do tempo ou se, como outros alegam, a chave<br />

do problema está no colonialismo europeu. M<strong>as</strong> se houver a crença de<br />

499<br />

Revista Dados – 2006 – Vol. 49 n o 3

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