Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...
Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...
Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Wolfgang Knöbl<br />
(pré-industrial), de um lado, e uma “economia b<strong>as</strong>eada no mineral”<br />
(industrial), de outro lado; esta última logrou explorar o carvão e outros<br />
recursos minerais e, em conseqüência, aumentou o uso de energia<br />
a um nível até então inimaginável 7 . Assim, a ruptura com o p<strong>as</strong>sado<br />
não proveio de uma nova ética protestante (<strong>Weber</strong>) ou de form<strong>as</strong> peculiares<br />
de acumulação de capital (Marx), m<strong>as</strong> de descobert<strong>as</strong> tecnológic<strong>as</strong>,<br />
muit<strong>as</strong> vezes eventuais, que permitiram à Europa ultrap<strong>as</strong>sar a<br />
Ásia:<br />
“Para descobrir como a Europa escapou dess<strong>as</strong> limitações, temos de levar<br />
em conta [fatores ligados] a tecnologia ou <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> de produção. Se<br />
um conjunto de mudanç<strong>as</strong> tecnológic<strong>as</strong> sem precedentes não tivesse<br />
ocorrido, <strong>as</strong> pressões da população sobre os recursos teriam aumentado<br />
– a espécie de possibilidade que denominamos de malthusiana por<br />
causa do enunciado sistemático de Malthus sobre esse perigo” (Wong,<br />
1997:52).<br />
Nota-se que para Wong a pergunta fundamental não é por que a economia<br />
chinesa estagnou no século XVIII (o que, de fato, aconteceu), m<strong>as</strong><br />
por que a Europa, especialmente a Inglaterra, conseguiu romper o ciclo<br />
malthusiano. Essa pergunta está hoje no centro d<strong>as</strong> pesquis<strong>as</strong> históric<strong>as</strong><br />
comparativ<strong>as</strong>, e é altamente contestada. Enquanto alguns autores,<br />
seguindo a linha de pensamento marxista, argumentam que a exploração<br />
do Novo Mundo pel<strong>as</strong> nações européi<strong>as</strong> propiciou uma acumulação<br />
de capital suficiente para induzir a dinâmica industrial européia<br />
(Blaut, 1993) 8 , Wong não acredita nessa tese e afirma que ao fim e ao<br />
cabo essa exploração não superou a economia orgânica e estática da<br />
Europa (idem:49).<br />
Em que pese sua relevância, não examinarei esse debate aqui. Muito<br />
mais importante é que Pomeranz (2000), em seu livro The Great Divergence:<br />
China, Europe and the Making of the Modern World Economy, provou<br />
com fatos a semelhança do desenvolvimento econômico da Europa<br />
e da China até o final do século XIX, e o fez de modo muito mais convincente<br />
do que qualquer outro pesquisador fizera antes, um argumento<br />
que, vale dizer, adquire uma certa plausibilidade pela leitura<br />
exclusiva de fontes européi<strong>as</strong> contemporâne<strong>as</strong>, pois é sabido que os<br />
observadores europeus da China do século XVIII tinham uma opinião<br />
notoriamente elevada sobre a cultura, a tecnologia e a política chines<strong>as</strong><br />
(Osterhammel, 1998). Nessa época, a palavra “Oriente” ainda não havia<br />
se tornado depreciativa, e isso é compreensível porque os europeus<br />
não consideravam que a cultura e a riqueza material da China eram ím-<br />
496<br />
Revista Dados – 2006 – Vol. 49 n o 3