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Redalyc.Max Weber, as Múltiplas Modernidades e a Reorientação ...

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Wolfgang Knöbl<br />

devem ser detectad<strong>as</strong> na era da Reforma européia. Como a autora não<br />

disse muita coisa sobre o período posterior à Reforma, depois desse nef<strong>as</strong>to<br />

século XVI, a tese de <strong>Weber</strong> ou proposições similares relacionad<strong>as</strong><br />

com a tradição da “<strong>as</strong>censão do Ocidente” ainda poderiam se sustentar.<br />

M<strong>as</strong> é curioso que o debate não tenha parado por aí, porque alguns sociólogos<br />

e especialmente historiadores da economia demonstraram<br />

que, do ponto de vista econômico, a Índia e a China algum<strong>as</strong> vezes estiveram<br />

à frente da Europa bem depois do século XVI. Jack A. Goldstone<br />

(2000) denominou de “escola da Califórnia” o grupo de autores empenhados<br />

especificamente nesse debate, pois “a maioria deles pertence a<br />

universidades desse Estado”. Não estou muito convencido da utilidade<br />

dessa designação, porque os enfoques metodológicos dos pesquisadores<br />

desse grupo variam muito. Entretanto, <strong>as</strong> contribuições dos historiadores<br />

desse grupo são importantes e altamente pertinentes para o<br />

questionamento d<strong>as</strong> teses weberian<strong>as</strong> que situam o momento inicial<br />

do desenvolvimento excepcional da Europa nos séculos XVI, XVII ou<br />

mesmo XVIII. Na minha opinião, pelo menos dois desses historiadores,<br />

já citados aqui, são muito importantes nesse contexto: R. Bin Wong<br />

e Kenneth Pomeranz.<br />

Wong (1997) discute a própria noção de “capitalismo” e indaga se o<br />

conceito pode representar por si só um obstáculo ao entendimento<br />

adequado dos processos que conduziram à chamada “decolagem” industrial<br />

da Inglaterra e ao caminho divergente tomado pela China (e<br />

Índia) na mesma época, a virada do século XVIII para o século XIX. É<br />

preciso levar em conta, adverte Wong, que os economist<strong>as</strong> clássicos –<br />

de Adam Smith a David Ricardo e T. Robert Malthus – eram filhos de<br />

seu tempo, de modo que não trataram de processos econômicos gerais,<br />

m<strong>as</strong> daqueles que ocorreram durante o período (pré-industrial) em<br />

que eles viveram. Todos três acreditaram firmemente – não sem razões<br />

plausíveis – que o crescimento econômico não é infinito, já que a dinâmica<br />

dos salários está ligada a processos demográficos e um certo tipo<br />

de esgotamento de recursos naturais deve ser esperado. Em tod<strong>as</strong> <strong>as</strong><br />

economi<strong>as</strong> pré-industriais, tanto na Europa como na China imperial,<br />

os observadores tiveram experiência semelhante.<br />

494<br />

“A China e a Europa Ocidental compartilhavam um mundo de colheit<strong>as</strong><br />

incert<strong>as</strong> e limitações materiais. Amb<strong>as</strong> p<strong>as</strong>saram por ciclos de expansão<br />

e contração econômica, que progressivamente engendraram<br />

Revista Dados – 2006 – Vol. 49 n o 3

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