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Emily Dickinson: a irmã de Shakespeare - Universidade Tuiuti do ...

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Dossiê especial: Reflexões shakesperianas<br />

HALL, Alcina. <strong>Emily</strong> <strong>Dickinson</strong>: a <strong>irmã</strong> <strong>de</strong> <strong>Shakespeare</strong>. Eletras, vol. 18, n.18, jul.2009.<br />

www.utp.br/eletras<br />

Foi como um Re<strong>de</strong>moinho, com uma fenda,<br />

Que mais perto, a cada Dia,<br />

Vinha diminuin<strong>do</strong> a sua Roda fervente<br />

Até que a Agonia<br />

Brincou calmamente com a polegada final<br />

<strong>de</strong> tua Bainha <strong>de</strong>lirante –<br />

E caíste perdi<strong>do</strong>,<br />

Quan<strong>do</strong> algo quebrou –<br />

E te <strong>de</strong>ixou sair <strong>de</strong> um Sonho –<br />

Como se um Duen<strong>de</strong> com uma Escala –<br />

Continuasse medin<strong>do</strong> as Horas –<br />

Até que sentiste o teu Segun<strong>do</strong><br />

Pesar, in<strong>de</strong>feso, em suas Patas –<br />

E nem um Nervo – mexi<strong>do</strong> – po<strong>de</strong>ria ajudar,<br />

E a razão foi fican<strong>do</strong> <strong>do</strong>rmente –<br />

Quan<strong>do</strong> Deus – lembrou – e o Inimigo<br />

Partiu, então, Venci<strong>do</strong> –<br />

Como se tua Sentença permanecesse pronunciada –<br />

E tu, congela<strong>do</strong>, fosses guia<strong>do</strong><br />

Do luxo da Dúvida da Masmorra<br />

Para a Forca e os Mortos –<br />

E quan<strong>do</strong> o Filme houvesse costura<strong>do</strong> teus olhos<br />

Uma Criatura ofegan<strong>do</strong> disse “Adia<strong>do</strong>”!<br />

Qual Angústia foi a maior – então – Perecer, ou viver?”?<br />

(Tradução livre) (P 414, c. 1862)<br />

A persona <strong>do</strong> poema compara alguma experiência intensamente <strong>do</strong>lorosa à<br />

imagem <strong>de</strong> um pesa<strong>de</strong>lo aterrorizante em que a vítima sofre uma queda para <strong>de</strong>ntro da<br />

fenda <strong>de</strong> um re<strong>de</strong>moinho. O poema <strong>de</strong>screve minuciosamente um processo <strong>de</strong><br />

subjugação incomum.<br />

Antes <strong>de</strong> a vítima ser finalmente tragada pela fenda, a força po<strong>de</strong>rosa <strong>do</strong><br />

Re<strong>de</strong>moinho a vinha arrastan<strong>do</strong> lentamente para mais perto <strong>do</strong> centro a cada dia. Nos<br />

segun<strong>do</strong>s finais que antece<strong>de</strong>m a queda, surge a Bainha <strong>de</strong>lirante das roupas da vítima<br />

em agitação. A vida, ou a sanida<strong>de</strong> mental da vítima, está por um fio <strong>de</strong> uma bainha, e é<br />

por essa bainha que alguém brinca até a última polegada antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-la cair. A<br />

vítima está sen<strong>do</strong> segurada <strong>de</strong> cabeça para baixo por forças malignas que estão a ponto<br />

<strong>de</strong> lhe tirar a razão e sua queda será contrária à sua vonta<strong>de</strong>.<br />

Durante a queda, no entanto, esse pesa<strong>de</strong>lo é interrompi<strong>do</strong> com o quebrar <strong>de</strong><br />

alguma coisa. Muda-se a cena, mas o pesa<strong>de</strong>lo continua. Sob o efeito entorpecente <strong>do</strong><br />

horror experimenta<strong>do</strong>, a vítima está paralisada e incapaz <strong>de</strong> reagir. Surge em cena a<br />

Eletras, vol. 18, n.18, jul.2009 8

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