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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 103 • 621<br />

plicação, uma história fabulosa. Embora <strong>de</strong>sconhecessem inclusive os<br />

rudimentos <strong>de</strong> qualquer ciência, todavia se revelam tão presunçosos,<br />

que qualquer que seja a matéria em discussão, nunca hesitam em tentar<br />

explicá-la, e sempre que encontram alguma coisa que não po<strong>de</strong>m<br />

enten<strong>de</strong>r, não há ficção tão tola que não a apresentem como se fosse<br />

um oráculo <strong>de</strong> Deus. E assim, para expandir a presente passagem, realçam<br />

que as águias, a cada <strong>de</strong>z anos, sobem ao fogo elementar para<br />

que suas penas sejam queimadas 6 e então mergulham no mar e imediatamente<br />

lhes nascem novas penas. Mas po<strong>de</strong>mos facilmente <strong>de</strong>duzir<br />

a simples intenção do profeta que extrai da natureza da águia, como<br />

<strong>de</strong>scrita pelos filósofos e a qual é bem conhecida pela observação.<br />

Essa ave continua nova e vigorosa, mesmo em ida<strong>de</strong> extrema, sem se<br />

enfraquecer pelos anos e isenta <strong>de</strong> doenças até que, finalmente, morre<br />

<strong>de</strong> fome. É certo que ela vive muito; mas, por fim, seu bico cresce tanto<br />

que ela não mais po<strong>de</strong> comer, e, conseqüentemente, se vê forçada<br />

a sugar seu próprio sangue para nutrir-se. Daí o antigo provérbio em<br />

referência aos homens idosos que se habituam a beber a antigüida<strong>de</strong><br />

da águia; porque então a necessida<strong>de</strong> constrange as águias a beberem<br />

muito. Mas, como só a bebida é insuficiente para manter a vida,<br />

elas morrem mais <strong>de</strong> fome do que por <strong>de</strong>cadência das energias e por<br />

fraqueza natural. 7 Agora percebemos, sem o auxílio <strong>de</strong> qualquer his-<br />

6 “Afin que leurs plumes soyent bruslees.” – v.f.<br />

7 O que Calvino aqui assevera sobre a águia possui tão pouco fundamento <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> como a<br />

ficção judaica que acabara <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar. A explicação <strong>de</strong> Agostinho, sobre a renovação da juventu<strong>de</strong><br />

da águia, é igualmente uma fábula. Ele afirma que em sua velhice seu bico se torna tão longo,<br />

e fica tão encurvado, que a impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> alimentar-se, assim pondo em risco sua vida, mas que ela<br />

remove a excrescência batendo seu bico contra uma pedra, <strong>de</strong> modo a tornar possível tomar seu<br />

alimento ordinário e rejuvenescer-se. Diz o Dr. Adam Clarke: “Há tantas lendas em torno da águia,<br />

entre os antigos escritores, como há no calendário <strong>de</strong> alguns santos, e todas igualmente verda<strong>de</strong>iras.<br />

Mesmo entre os doutores mo<strong>de</strong>rnos, autores <strong>de</strong> dicionários bíblicos, continuam a difundir-se<br />

os mais ridículos e disparatados contos concernentes a esta ave. E não pequena porção <strong>de</strong>les tem<br />

sido aglomerado em comentários sobre este mesmo versículo.” De tais “lendas sobre a águia”, relatos<br />

feitos pelos comentaristas judaicos, pelo próprio Calvino e por Agostinho, são um exemplo;<br />

pois são totalmente <strong>de</strong>stituídos <strong>de</strong> apoio da história natural. O salmista, ao falar da renovação <strong>de</strong><br />

sua juventu<strong>de</strong>, está simplesmente se referindo a suas penas. Como todas as <strong>de</strong>mais aves, a águia<br />

tem sua estação anual <strong>de</strong> mudar as penas, quando as velhas são substituídas e se vê munida<br />

<strong>de</strong> uma nova plumagem. Quando sua plumagem é assim renovada, sua aparência se torna mais

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