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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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Salmo 77 • 175<br />

em vão. Parece mais provável que o profeta, ou fala da atual emoção<br />

<strong>de</strong> sua mente ou está a recordar como havia experimentado que Deus<br />

se inclinara e se prontificara a ouvir-lhe as orações. Não po<strong>de</strong> haver<br />

dúvida <strong>de</strong> que ele está a <strong>de</strong>screver a gran<strong>de</strong>za da dor com que era<br />

afligido; e, em minha opinião, <strong>de</strong>nota um ato contínuo pelo uso dos<br />

tempos verbais, pretérito e futuro. Em primeiro lugar, ele <strong>de</strong>clara que<br />

não lançara nesciamente ao ar seus clamores, à semelhança <strong>de</strong> muitos<br />

que proferem imo<strong>de</strong>radamente amargos brados ao léu, opressos<br />

por dores; mas que dirigira sua oração a Deus quando a necessida<strong>de</strong><br />

o constrangera a clamar. A conjunção e, a qual se junta ao verbo clamar,<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada pelo advérbio <strong>de</strong> tempo, quando, ficando<br />

assim: Quando clamei, minha voz chegou a Deus. Ao mesmo tempo,<br />

ele também <strong>de</strong>monstra que, embora às vezes se via constrangido a<br />

reiterar seus clamores, ele não dá como perda <strong>de</strong> tempo sua perseverança<br />

em oração. O que se adiciona imediatamente a seguir se <strong>de</strong>stina<br />

à confirmação <strong>de</strong> sua fé: Ele me ouve. A conjunção e, como em muitos<br />

outros lugares, é aqui expressa no lugar do advérbio causal porque. O<br />

significado é que ele se animou a clamar a Deus, a partir da consi<strong>de</strong>ração<br />

<strong>de</strong> que essa era a forma costumeira <strong>de</strong> Deus mostrar seu favor e<br />

misericórdia para com ele.<br />

2. Busquei o Senhor no dia <strong>de</strong> minha angústia. Neste versículo<br />

ele expressa mais distintamente a grave e dura opressão a que a Igreja<br />

se sujeitara naquele tempo. Há, contudo, certa dose <strong>de</strong> ambigüida<strong>de</strong><br />

nas palavras. O termo hebraico, dy, yad, o qual traduzi por mão, é às<br />

vezes tomado metaforicamente por uma ferida ou mágoa; e, portanto,<br />

muitos intérpretes trazem à tona este sentido: Minha ferida [ou<br />

mágoa] percorreu a noite, e não cessou; 1 equivale dizer: Minha ferida<br />

não foi suficientemente purificada <strong>de</strong> elementos ulcerosos, ao ponto<br />

<strong>de</strong> sua supuração parar <strong>de</strong> escorrer. Eu, porém, ao contrário tomo<br />

a palavra em seu sentido ordinário, que é mão, porque o verbo hrgn,<br />

1 Essa é a tradução em nossa Bíblia inglesa, a qual o Dr. Adam Clarke afirma ser “uma tradução<br />

muito irresponsável”. A redação na margem, contudo, “minha mão”, favorece o sentido apresentado<br />

por nosso autor.

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