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Comentário de Salmos - Vol 3

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

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102 • <strong>Comentário</strong> dos <strong>Salmos</strong><br />

que começam então a perguntar se <strong>de</strong> fato há conhecimento em Deus.<br />

Entre os homens profanos, tal <strong>de</strong>mência é por <strong>de</strong>mais comum. Ovídio<br />

assim fala num <strong>de</strong> seus versos:<br />

“Sollicior nulos esse putare <strong>de</strong>os.”<br />

“Sou tentado a imaginar que não há <strong>de</strong>uses.”<br />

Na verda<strong>de</strong> foi um poeta pagão que falou nesses termos; mas<br />

como sabemos que os poetas expressam os pensamentos comuns dos<br />

homens e a linguagem que geralmente predomina em suas mentes, 34 é<br />

indubitável que ele falou, por assim dizer, na pessoa da gran<strong>de</strong> massa<br />

da humanida<strong>de</strong>, quando francamente confessou que, tão logo alguma<br />

calamida<strong>de</strong> surja, os homens ignoram todo conhecimento <strong>de</strong> Deus.<br />

Não só põem em dúvida sobre on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria existir um Deus, mas até<br />

mesmo entram em <strong>de</strong>bate com ele e o censuram. Que outro significado<br />

po<strong>de</strong>ria ter a queixa que <strong>de</strong>scobrimos no poeta latino –<br />

“Nec Saturnius hæc oculis pater adspicit æquis.”<br />

“Nem o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>us, o filho <strong>de</strong> Saturno, consi<strong>de</strong>rou essas coisas<br />

com olhos imparciais” –, senão que a mulher, <strong>de</strong> quem ele aqui fala,<br />

acusa a seu <strong>de</strong>us Júpiter <strong>de</strong> injustiça, visto ela não ter sido tratada da<br />

maneira que esperava?<br />

É tão comum entre a parte incrédula da humanida<strong>de</strong> negar que<br />

Deus cuida do mundo e o governa, e afirmar que tudo provém do acaso.<br />

35 Davi aqui, porém, nos informa que inclusive os verda<strong>de</strong>iros crentes<br />

tropeçam nesta questão; não que irrompam em tal blasfêmia, mas porque<br />

são incapazes, todos juntos, <strong>de</strong> manter suas mentes controladas<br />

quando Deus parece cessar <strong>de</strong> executar seu ofício. É bem conhecida<br />

a advertência <strong>de</strong> Jeremias [12.1]: “Justo serias, ó Senhor, ainda que eu<br />

entrasse contigo num pleito; contudo falarei contigo <strong>de</strong> teus juízos.<br />

34 “Et les discours qui regnent communeement en leur cerveaux.” – v.f.<br />

35 “Que tout vient à l’aventure.” – v.f.

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