Comentário de Salmos - Vol. 2

Salmo 67 • 617
1. Seja Deus misericordioso para conosco e nos abençoe. O
Salmo contém uma predição do reino de Cristo, sob o qual o mundo
inteiro seria adotado para uma privilegiada relação com Deus. O
salmista, porém, começa orando pela bênção divina, particularmente
em prol dos judeus. Eles eram o primogênito [Êx 4.22], e a bênção se
destinava primordialmente a eles, e então a todas as nações circunvizinhas.
Tenho usado o modo imperativo em todo o Salmo, justamente
como outros tradutores têm feito, ainda que o tempo futuro, que é
empregado no texto hebreu, se adeqüe perfeitamente bem, e a passagem
pode ser entendida como sendo um encorajamento às mentes
do povo de Deus, para que o mesmo confiasse no contínuo e progressivo
favor divino. As palavras, contudo, são geralmente construídas
na forma de uma oração, e eu simplesmente apresento isto à guisa de
sugestão. Ao falar, como o salmista faz, dos que pertenciam à Igreja
de Deus, e não dos que viviam fora dela, é notável como ele atribui
todas as bênçãos que recebiam ao gracioso favor de Deus. E à luz deste
fato podemos aprender que, até onde podemos chegar, devemos
nossa felicidade, nosso sucesso e prosperidade inteiramente à mesma
causa. Sendo este o caso, como será possível que alguém pense poder
antecipar a bondade divina por seus próprios méritos? A luz do rosto
de Deus pode ser uma referência, ou ao senso de seu amor derramado
em nossos corações, ou à manifestação atual e externa dele; como, em
contrapartida, se pode dizer que ele encobre seu rosto quando lança
seus terrores em nossa consciência em virtude de nossos pecados, ou
subtrai os sinais externos de seu favor.
2. Para que conheçam na terra o teu caminho. Temos aqui uma
clara profecia da extensão da graça de Deus pela qual os gentios foram
unidos num só corpo com a posteridade de Abraão. O salmista ora por
uma prova evidente do favor que seria revelado a seu povo eleito com
o fim de forçar os gentios a buscarem a participação na mesma bendita
clara alusão à fórmula de abençoar como em Números 6.24-26, onde o nome de Deus é, como aqui,
repetido três vezes sucessivamente.