31.10.2013 Views

Comentário de Salmos - Vol. 2

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

O salmista confirma a sentença precedente, demonstrando a grandeza de Deus à luz do maravilhoso caráter de suas obras. Ele não fala da essência secreta e misteriosa de Deus que enche céu e terra, mas das manifestações de seu poder, sabedoria, bondade e justiça, que são claramente exibidos, embora sejam tão vastos para que nosso tacanho entendimento os apreenda. À luz deste fato aprendemos que a glória de Deus está bem perto de nós, e que ele tão franca e claramente se desvendou, que não podemos com razão pretender qualquer justificativa para a ignorância. Aliás, ele opera tão maravilhosamente, que até mesmo as nações pagãs são indesculpáveis por sua cegueira. - João Calvino - Salmo 77.14.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Salmo 58 • 503<br />

disposição tão <strong>de</strong>pravada, que se tornam membros intoleráveis da socieda<strong>de</strong><br />

[humana]. Ora, é esta perversida<strong>de</strong> excessiva – forte <strong>de</strong>mais<br />

para escapar à <strong>de</strong>testação mesmo em meio à corrupção geral da raça<br />

humana –, a qual Davi atribui a seus inimigos. Ele os estigmatiza como<br />

monstros da iniqüida<strong>de</strong>.<br />

4. Sua peçonha é como a peçonha <strong>de</strong> uma serpente; são como<br />

a víbora surda. 3 Ele prossegue sua <strong>de</strong>scrição; e, embora pu<strong>de</strong>sse continuar<br />

insistindo sobre a ferocida<strong>de</strong> que caracterizava sua oposição,<br />

ele os culpa mais particularmente, aqui como alhures, da maliciosa<br />

virulência <strong>de</strong> sua disposição. Há quem leia, sua fúria; 4 mas isso não<br />

se a<strong>de</strong>qua à figura, pela qual são aqui comparados a serpentes. Não<br />

se po<strong>de</strong> lançar nenhuma objeção à tradução que temos adotado à luz<br />

da etimologia da palavra, a qual se <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> calor. É bem notório que,<br />

enquanto alguns venenos matam mediante o frio, outros consomem as<br />

partes vitais mediante o ar<strong>de</strong>nte calor. Davi, pois, assevera <strong>de</strong> seus inimigos,<br />

neste passagem, que eram tão permeados <strong>de</strong> malícia letal como<br />

as serpentes são cheias <strong>de</strong> veneno. Para mais enfaticamente expressar<br />

sua consumada sutileza, ele os compara a serpentes surdas, os quais<br />

escancaravam seus ouvidos à voz do encantador – não um gênero<br />

comum <strong>de</strong> serpentes, mas aquele tipo que <strong>de</strong>sfruta <strong>de</strong> fama por sua astúcia,<br />

e contra todo artifício <strong>de</strong>sse gênero é preciso pôr-se em guarda.<br />

Mas, po<strong>de</strong>-se perguntar, existe mesmo o que chamam <strong>de</strong> encantamento?<br />

Se porventura não havia, então parece absurdo e infantilida<strong>de</strong><br />

extrair <strong>de</strong>le uma comparação, a menos que suponhamos Davi a falar<br />

em termos <strong>de</strong> mera acomodação a uma opinião equivocada, ainda que<br />

geralmente aceita. 5 Entretanto, ele com certeza pareceria insinuar que<br />

3 O termo ‏,פתן phethen, traduzido por surdo, é geralmente entendido pelos intérpretes como<br />

sendo um tipo <strong>de</strong> serpente chamada pelos antigos <strong>de</strong> áspi<strong>de</strong>, víbora, e à qual há constante alusão<br />

na Escritura [Dt 33.33; Jó 20.14, 16; Is 11.8]. É a ‏,בתם boeten, dos arábios, a qual M. Forskal (Descript.<br />

Anim. p. 15) <strong>de</strong>screve com manchas pretas e brancas, cerca <strong>de</strong> um pé <strong>de</strong> comprimento, quase<br />

a meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma polegada, ovípara, e sua picada é quase morte instantânea; e que é chamada<br />

“a áspi<strong>de</strong>” pela literatura <strong>de</strong> Chipre, ainda que o vulgo lhe dê o nome <strong>de</strong> κουφη, surda.<br />

4 Esta é a redação da Septuaginta, da Vulgata e <strong>de</strong> Jerônimo. Septuaginta: “Θυμὸς” Vulgata e<br />

Jerônimo: “Furor.”<br />

5 Que essa categoria <strong>de</strong> serpente podia ser encantada é um fato bem atestado e um dos mais

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!