Ciranda de Livros - FNLIJ

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24.10.2013 Views

40 anos da FnlIJ 3 que os pases possam ajudar-se uns aos outros pelo intercâmbio e partilhamento de experincias. Além dos congressos internacionais, recomenda-se que sejam promovidos congressos em nvel nacional e regional para o estudo dos problemas locais. Editores de diferentes pases podem se associar na produção e na criação de livros de modo a reduzir os custos e, ao mesmo tempo, procurar assegurar que seu conteúdo atenda às necessidades individuais das crianças de cada pas, com a aplicação de lei que recomende às editoras a edição proporcional de autores nacionais e estrangeiros. É necessário ainda que haja listas de livros recomendáveis à tradução e que estas, preparadas por especialistas que tenham visão internacional, sejam amplamente divulgadas e postas à disposição dos interessados. Como conclusão, é preciso afirmar que todos aqui, nestes dias, trabalhamos animados pelo lema da UNESCO, LI- VROS PARA TODOS, e a ele acrescentamos: O MELHOR PARA A CRIANÇA”. Se observarmos com cuidado os pontos assinalados no Relatório Final do Congresso do Rio de Janeiro, verificaremos que, apesar de todos os avanços – tais como o espantoso crescimento da produção de livros infanto-juvenis em vários pases, o surgimento de editoras que se dedicam a essa área onde antes nada existia, os inúmeros livros, ensaios e teses universitários abordando aspectos teóricos do gnero –, alguns problemas apontados ainda estão longe de encontrar solução. Não chegamos, por exemplo, a um equilbrio entre traduções e a criação de textos enraizados nas diferentes culturas; em muitos pases permanece o predomnio do livro estrangeiro. Continuamos não tendo escolas para a formação de ilustradores, embora tenhamos verdadeiros talentos na área; o preço continua sendo muito alto para o padrão financeiro da grande maioria de nossas populações; a distribuição da produção pelo interior de nossos pases continua a ser um problema insolúvel, assim como a pouca divulgação que a literatura para crianças e jovens encontra nos meios de comunicação, em toda a América Latina. No Brasil – e penso que a questão também persiste nos demais pases – o número de bibliotecas ainda é insuficiente e a biblioteca escolar, quando existe, tem acervo pequeno para um atendimento eficiente aos alunos. Os professores não recebem a formação necessária para fazerem da leitura o instrumento

40 um ImagInárIo de lIVros e leIturas essencial de crescimento intelectual, que ela é. Na maioria das vezes não são eles próprios bons leitores. Poucas são as universidades que mantm cursos especficos sobre o tema. Quando o fazem é como especialização e não no currculo básico dos cursos de Letras e Educação, como seria o ideal. A pesquisa interdisciplinar no campo da literatura infantil de forma sistemática ainda não foi considerada com seriedade e as entidades que tentam realizá-la lutam para obter recursos financeiros para sua sobrevivncia. Em um pas de proporções continentais como o Brasil o analfabetismo continua sendo o grande desafio agravado agora pela conscincia de que não basta ensinar a ler, mas é preciso que a leitura se torne uma necessidade permanente e, portanto, que o acesso ao livro e ao material impresso em geral seja democratizado através de uma ampla rede de bibliotecas. O Boletim n° 29, do perodo de janeiro a março de 1975, traz Heliette Covas Pereira fazendo parte do seu corpo de redatores. O Diretor-Tesoureiro passa a ser o editor Thex Corra da Silva. Em artigo intitulado “Domingo da Fantasia”, a educadora Regina Leite Garcia, colaboradora da FNLIJ, narra essa experincia pioneira em artigo que aqui resumimos. A idéia surgiu quando os organizadores do 14° Congresso da Organização Internacional do Livro Infantil e Juvenil, realizado no Rio de Janeiro, em outubro de 1974, perceberam que a criança até então tinha sido vista como objeto de discussão e não como participante do Congresso. Da idéia passaram à ação. Convidaram representantes da Escolinha de Arte do Brasil, da Sobreart, da Secretaria de Educação, da Secretaria de Cultura e do Museu de Arte Moderna. Discutiu-se muito “como fazer” e questionou-se a validade de “se fazer”. O fato de colocar um grande número de crianças num espaço amplo despertou preocupações. Seria impossvel prever o número de crianças que atenderiam ao chamado. E o clima indispensável à criação. Como criar esse clima naquele espaço imenso dos jardins do Museu? Como conseguir a concentração indispensável à criação? Teramos o direito de correr riscos com crianças? Riscos houve e sempre haverá quando se trabalha com crianças, ou melhor, com pessoas, pois cada pessoa é um ser único, original, e cada situação, uma situação particular. Por mais que se tenha experincia, toda situação nova é um novo risco, uma nova descoberta, um novo aprendizado. O objetivo maior da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil era aproximar a criança do livro, da literatura. Para tanto procurou-se obter a cola-

40 anos da FnlIJ 3<br />

que os pases possam ajudar-se uns aos outros pelo intercâmbio<br />

e partilhamento <strong>de</strong> experincias. Além dos congressos internacionais,<br />

recomenda-se que sejam promovidos congressos em<br />

nvel nacional e regional para o estudo dos problemas locais.<br />

Editores <strong>de</strong> diferentes pases po<strong>de</strong>m se associar na<br />

produção e na criação <strong>de</strong> livros <strong>de</strong> modo a reduzir os custos e,<br />

ao mesmo tempo, procurar assegurar que seu conteúdo atenda<br />

às necessida<strong>de</strong>s individuais das crianças <strong>de</strong> cada pas, com a<br />

aplicação <strong>de</strong> lei que recomen<strong>de</strong> às editoras a edição proporcional<br />

<strong>de</strong> autores nacionais e estrangeiros.<br />

É necessário ainda que haja listas <strong>de</strong> livros recomendáveis<br />

à tradução e que estas, preparadas por especialistas<br />

que tenham visão internacional, sejam amplamente divulgadas<br />

e postas à disposição dos interessados.<br />

Como conclusão, é preciso afirmar que todos aqui,<br />

nestes dias, trabalhamos animados pelo lema da UNESCO, LI-<br />

VROS PARA TODOS, e a ele acrescentamos: O MELHOR PARA<br />

A CRIANÇA”.<br />

Se observarmos com cuidado os pontos assinalados no Relatório Final<br />

do Congresso do Rio <strong>de</strong> Janeiro, verificaremos que, apesar <strong>de</strong> todos os avanços<br />

– tais como o espantoso crescimento da produção <strong>de</strong> livros infanto-juvenis em<br />

vários pases, o surgimento <strong>de</strong> editoras que se <strong>de</strong>dicam a essa área on<strong>de</strong> antes<br />

nada existia, os inúmeros livros, ensaios e teses universitários abordando aspectos<br />

teóricos do gnero –, alguns problemas apontados ainda estão longe <strong>de</strong><br />

encontrar solução.<br />

Não chegamos, por exemplo, a um equilbrio entre traduções e a<br />

criação <strong>de</strong> textos enraizados nas diferentes culturas; em muitos pases permanece<br />

o predomnio do livro estrangeiro. Continuamos não tendo escolas para<br />

a formação <strong>de</strong> ilustradores, embora tenhamos verda<strong>de</strong>iros talentos na área; o<br />

preço continua sendo muito alto para o padrão financeiro da gran<strong>de</strong> maioria<br />

<strong>de</strong> nossas populações; a distribuição da produção pelo interior <strong>de</strong> nossos pases<br />

continua a ser um problema insolúvel, assim como a pouca divulgação que a<br />

literatura para crianças e jovens encontra nos meios <strong>de</strong> comunicação, em toda<br />

a América Latina.<br />

No Brasil – e penso que a questão também persiste nos <strong>de</strong>mais pases<br />

– o número <strong>de</strong> bibliotecas ainda é insuficiente e a biblioteca escolar, quando<br />

existe, tem acervo pequeno para um atendimento eficiente aos alunos. Os professores<br />

não recebem a formação necessária para fazerem da leitura o instrumento

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