Ciranda de Livros - FNLIJ

Ciranda de Livros - FNLIJ Ciranda de Livros - FNLIJ

24.10.2013 Views

40 anos da FnlIJ XV E aí depois teve a coleçãozinha de livros que podia ser levada para casa. LS – A primeira coleção fomos nós que selecionamos. Era muito boa. Depois veio uma coleçãozinha horrenda, capa colorida, mas sem nenhuma ilustração. Inventei que eles criaram uma categoria: o livro para pobre. O PT acabou com isso. Mas a Ciranda foi o incio de tudo. Só que chegou um momento em que me afastei da Fundação. Quando a Beth assumiu, ela quis que eu voltasse. Nos 25 anos da Fundação, ela fez um almoço maravilhoso na Associação Comercial. Fui eleita para o conselho diretor. Bem, Beth, você teria ainda algo a acrescentar sobre este início? ES – A missão maior foi do IBBY, criado por uma alemã judia, Jella Lepman, que voltou para Alemanha no final da guerra. Creio que para Munique. Ela sonhava com um mundo cheio de paz, com esta paz vindo através dos livros para as crianças. E criou o órgão em 1952. Em 2002. foram comemorados os cinqüenta anos da instituição, que hoje em dia se encontra espalhada por 70 pases. Sim, tudo começou com Jella. Seção do IBBY, a Fundação fez com que surgisse no Brasil uma literatura infantil e juvenil de ótima qualidade... ES – É verdade. A existncia da Fundação, de certa forma, impôs a qualidade. O distribuidor de livros, que vendia livros para as escolas, acabou por perceber o seguinte: “Nós temos que oferecer livros com essa tal de qualidade que a Fundação fala.” Ao longo dos anos, essa qualidade foi sendo construda. No texto e na ilustração. Sobretudo na ilustração a tarefa não foi nada fácil. Foi difcil construir um gosto estético. O primeiro prmio da Fundação quem ganhou, em 74, foi Eliardo França, com um livro basicamente só de ilustrações. Competncia artstica, nosso artista, mesmo sendo autodidata, sempre teve. O que faltava era o incentivo. Quando fomos à Feira de Bolonha, conhecemos artistas estrangeiros e os trouxemos para o Brasil. Fizemos um intercâmbio. Fomos o pas homenageado em 1995. Preparamos um catálogo com nossos artistas. Enfim, existem dois aspectos muitos fortes. O texto e a ilustração. O texto, já tnhamos. Tivemos que trabalhar também a ilustração. Podemos concluir, então, que na hora em que vocês criaram um prêmio para autor e ilustrador, estimularam toda a parte artística. ES – Isso mesmo. E, do ponto de vista poltico, voc vai ter um momento, durante a ditadura, em que a válvula de escape para muitos autores foi escre-

XVI um ImagInárIo de lIVros e leIturas ver para as crianças. O mercado brasileiro cresceu, também, porque o governo decidiu que deveria comprar para as escolas prioritariamente livros brasileiros. Criou-se uma situação que nossos artistas souberam aproveitar, e os editores também. E há ainda um outro fato histórico importante: a revista Recreio, que Ruth Rocha fazia com outros autores, Ziraldo, Joel Rufino, Ana Maria Machado. Ruth escrevia pequenos contos e a revista, vendida em banca, começou a ter muita procura. Os editores perceberam a demanda, pegaram os contos e fizeram livros. Paralelamente, a Fundação estava estimulando o livro infantil e juvenil com seus prmios. Resultado, temos hoje um crescimento no setor diferente de todo o resto da América Latina, onde é grande o peso dos livros editados na Espanha. E a Laura volta com você. ES – Estou há 21 anos na Fundação. Em 85, 86, fica a Glória Pondé, como diretora-executiva, junto com a Eliana Yunes. Em 87, o estatuto mudou, deu uma outra configuração à Fundação, com conselho curador e conselho diretor. Criou-se a função da secretária-geral remunerada. Laura, quando estava na diretoria executiva, não tinha remuneração fixa. Quando a Eliana vem, como secretária-geral, a Laura se afasta. Mas comigo ela volta, porque sempre a prestigiei. Eu já era envolvida com educação através da Regina Yolanda, que tinha uma escola em Laranjeiras, na qual trabalhei e cheguei a ser dona, o Instituto Nazaré. Era da dona Maria, tia da Regina. Comecei a conhecer a Fundação por intermédio dela. E a conheço a Eliana Yunes e ela me convida para assumir com ela a administração da Fundação em 1987. Éramos trs na secretaria. Eu era a secretária administrativa. Havia também a secretária de planejamento. Dois anos depois, Eliana tem que se afastar e me pede para assumir a secretaria-geral. E o Proler? Foi ainda no tempo da Glória Pondé? ES – Glória Pondé escreveu e encaminhou o projeto em 85 para a Finep. Em 87, a Finep aprova o projeto e quem fica responsável pela coordenação da pesquisa é a Eliana Yunes. Em 91, Affonso Romano é convidado para assumir a Biblioteca Nacional. Eliana, então, aproveita para oferecer a ele a proposta de uma poltica nacional para o livro e leitura. Fizemos juntas o projeto, mas a fundamentação teórica é dela. Em maio de 92, é criado o Proler. Em 96, Affonso sai da Biblioteca e entra o Eduardo Portella. Ele me convida e a mais quatro pessoas para formarmos uma comissão do Proler. Indica-me como coordenadora. Permaneci ali até 2002. Em 1994, havamos criado um novo prmio na Fundação, baseado no prmio internacional do IBBY para melhor programa de leitura. Inicialmente, a concorrncia foi só no âmbito do Rio. Quando vou para o Proler, proponho que a seleção se tornasse nacional. Este concurso existirá de 1997 até

XVI um ImagInárIo <strong>de</strong> lIVros e leIturas<br />

ver para as crianças. O mercado brasileiro cresceu, também, porque o governo<br />

<strong>de</strong>cidiu que <strong>de</strong>veria comprar para as escolas prioritariamente livros brasileiros.<br />

Criou-se uma situação que nossos artistas souberam aproveitar, e os editores<br />

também. E há ainda um outro fato histórico importante: a revista Recreio, que<br />

Ruth Rocha fazia com outros autores, Ziraldo, Joel Rufino, Ana Maria Machado.<br />

Ruth escrevia pequenos contos e a revista, vendida em banca, começou a ter<br />

muita procura. Os editores perceberam a <strong>de</strong>manda, pegaram os contos e fizeram<br />

livros. Paralelamente, a Fundação estava estimulando o livro infantil e juvenil com<br />

seus prmios. Resultado, temos hoje um crescimento no setor diferente <strong>de</strong> todo o<br />

resto da América Latina, on<strong>de</strong> é gran<strong>de</strong> o peso dos livros editados na Espanha.<br />

E a Laura volta com você.<br />

ES – Estou há 21 anos na Fundação. Em 85, 86, fica a Glória Pondé,<br />

como diretora-executiva, junto com a Eliana Yunes. Em 87, o estatuto mudou,<br />

<strong>de</strong>u uma outra configuração à Fundação, com conselho curador e conselho<br />

diretor. Criou-se a função da secretária-geral remunerada. Laura, quando estava<br />

na diretoria executiva, não tinha remuneração fixa. Quando a Eliana vem, como<br />

secretária-geral, a Laura se afasta. Mas comigo ela volta, porque sempre a prestigiei.<br />

Eu já era envolvida com educação através da Regina Yolanda, que tinha<br />

uma escola em Laranjeiras, na qual trabalhei e cheguei a ser dona, o Instituto<br />

Nazaré. Era da dona Maria, tia da Regina. Comecei a conhecer a Fundação por<br />

intermédio <strong>de</strong>la. E a conheço a Eliana Yunes e ela me convida para assumir com<br />

ela a administração da Fundação em 1987. Éramos trs na secretaria. Eu era a<br />

secretária administrativa. Havia também a secretária <strong>de</strong> planejamento. Dois anos<br />

<strong>de</strong>pois, Eliana tem que se afastar e me pe<strong>de</strong> para assumir a secretaria-geral.<br />

E o Proler? Foi ainda no tempo da Glória Pondé?<br />

ES – Glória Pondé escreveu e encaminhou o projeto em 85 para a Finep.<br />

Em 87, a Finep aprova o projeto e quem fica responsável pela coor<strong>de</strong>nação<br />

da pesquisa é a Eliana Yunes. Em 91, Affonso Romano é convidado para assumir<br />

a Biblioteca Nacional. Eliana, então, aproveita para oferecer a ele a proposta<br />

<strong>de</strong> uma poltica nacional para o livro e leitura. Fizemos juntas o projeto, mas a<br />

fundamentação teórica é <strong>de</strong>la. Em maio <strong>de</strong> 92, é criado o Proler. Em 96, Affonso<br />

sai da Biblioteca e entra o Eduardo Portella. Ele me convida e a mais quatro pessoas<br />

para formarmos uma comissão do Proler. Indica-me como coor<strong>de</strong>nadora.<br />

Permaneci ali até 2002. Em 1994, havamos criado um novo prmio na Fundação,<br />

baseado no prmio internacional do IBBY para melhor programa <strong>de</strong> leitura.<br />

Inicialmente, a concorrncia foi só no âmbito do Rio. Quando vou para o Proler,<br />

proponho que a seleção se tornasse nacional. Este concurso existirá <strong>de</strong> 1997 até

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!