Ciranda de Livros - FNLIJ
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40 anos da FnlIJ 10 Vendo tantas atividades paralelas realizadas num ambiente espantosamente silencioso, o visitante, encantado, não pode nem de leve suspeitar que essa magnfica instituição tenha nascido do sonho de uma mulher capaz de imaginar, olhando as runas de Munique, que as histórias escritas e publicadas nos diferentes pases poderiam construir uma sólida ponte de amizade e compreensão mútua entre crianças de todo o mundo. No dia 29 de outubro de 1945, aos cinqüenta e quatro anos de idade, Jella Lepman, alemã de origem judia, voltava ao pas onde nascera, a bordo de um avião militar americano, trajando uniforme de major. A missão para a qual tinha sido escolhida, na Embaixada americana em Londres, onde trabalhava, era a de conselheira para questões relativas à mulher e à infância. Em suas memórias, ela diz que aceitou o desafio de voltar à Alemanha ao término da guerra porque sabia que as crianças não eram culpadas pelos crimes cometidos pelos adultos. Entre os escombros de Munique destruda, ela observava os meninos perambulando sem objetivo e começava a construir sua utopia de criar laços entre nações através dos livros e em busca de paz. Como mulher prática que era, não traçou grandes planos, nem teorizou sobre os objetivos que desejava alcançar, mas simplesmente redigiu uma carta, enviada a diversas embaixadas, expondo a situação das crianças de Munique e pedindo que mandassem livros de seus respectivos pases. Prontamente atendida, ela conseguiu ajuda para organizar uma exposição com esse material, que aumentava a cada dia, e por entre as runas da cidade pôde dar, às crianças e a seus pais, a visão de uma terra de paz, com muitas imagens de outras culturas e histórias diversas em vários idiomas. No dia 3 de julho do ano seguinte, a exposição era inaugurada graças ao trabalho do pessoal da Biblioteca de Munique, que organizou como pôde a grande quantidade de livros recebidos, ajudado por alguns especialistas estrangeiros que vieram acompanhando as doações. A abertura foi festiva, com Jella Lepman em seu belo uniforme, representantes da Cidade, do Comando da Base americana, o diretor da biblioteca e Erich Kästner, o mais importante autor alemão da época, amigo de Jella e que a apoiou
10 um ImagInárIo de lIVros e leIturas em todos os momentos. O sucesso foi tão grande que no ano seguinte a exposição foi apresentada em Hamburgo. Mrs. Lepman, como gostava de ser chamada, sonhava mais alto. Com sua tremenda energia e capacidade de convencimento conseguiu que uma bela casa, que resistira aos bombardeios, fosse cedida pelo governo da Baviera para a criação de uma Biblioteca Internacional da Juventude. Situada no meio de um parque em Kaulbachstrasse, 11, recuperada e montada com recursos da Fundação Rockefeller e da Cidade de Munique, a biblioteca começou a funcionar em 1948 para alegria de crianças e adultos. Além dos livros de seu acervo, que continuava a crescer, havia hora do conto, oficina de desenho e de música e a presença constante de autores e ilustradores que vinham conhecer o trabalho de Mrs. Lepman e conversar com freqüentadores sobre suas obras. A idéia de criar laços entre nações através dos livros para crianças em busca da paz universal era, no entanto, maior do que uma biblioteca e Jella Lepman começou, já em 1949, a trabalhar sua realização. Muitas conversas com Erich Kästner e Richard Bamberger, professor austraco, delinearam o que viria a ser o International Board on Books for Young People (IBBY), criado formalmente em 1953, em congresso realizado de 1 a 4 de outubro, em Zurique, com a participação de representantes de 21 pases e com ajuda da UNESCO, da Alemanha, da Áustria e da Suça. O pensamento de Jella Lepman, que já residia em Zurique, não se fundamentava em teorias literárias, mas sim no ideal de paz que ela advogava com paixão. Para concretizar os seus sonhos ela não dava importância à burocracia: o importante era fazer, e fazer logo. Com esse sentido prático ela encorajou estudos sobre a literatura para crianças e jovens e a difusão em escala internacional dos livros infantis foi uma conseqüncia de sua determinação e coragem. A criação do Prmio Hans Christian Andersen, outorgado pela primeira vez em 1956, decorreu dessa valorização do gnero. Mais uma idéia generosa dessa mulher a quem tanto devem todos os que trabalham na área e que, na realidade, tão poucos conhecem. Mas sua obra ainda não estava completa. Com Richard Bamberger lança, em novembro de 1957, o primeiro
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Mrs. Lepman, como gostava <strong>de</strong> ser chamada, sonhava<br />
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alegria <strong>de</strong> crianças e adultos. Além dos livros <strong>de</strong> seu acervo, que<br />
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freqüentadores sobre suas obras.<br />
A idéia <strong>de</strong> criar laços entre nações através dos livros<br />
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do que uma biblioteca e Jella Lepman começou, já em 1949, a<br />
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Richard Bamberger, professor austraco, <strong>de</strong>linearam o que viria<br />
a ser o International Board on Books for Young People (IBBY),<br />
criado formalmente em 1953, em congresso realizado <strong>de</strong> 1 a 4<br />
<strong>de</strong> outubro, em Zurique, com a participação <strong>de</strong> representantes<br />
<strong>de</strong> 21 pases e com ajuda da UNESCO, da Alemanha, da Áustria<br />
e da Suça. O pensamento <strong>de</strong> Jella Lepman, que já residia<br />
em Zurique, não se fundamentava em teorias literárias, mas<br />
sim no i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> paz que ela advogava com paixão. Para concretizar<br />
os seus sonhos ela não dava importância à burocracia:<br />
o importante era fazer, e fazer logo. Com esse sentido prático<br />
ela encorajou estudos sobre a literatura para crianças e jovens<br />
e a difusão em escala internacional dos livros infantis foi uma<br />
conseqüncia <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>terminação e coragem.<br />
A criação do Prmio Hans Christian An<strong>de</strong>rsen, outorgado<br />
pela primeira vez em 1956, <strong>de</strong>correu <strong>de</strong>ssa valorização<br />
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Mas sua obra ainda não estava completa. Com Richard<br />
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