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Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto

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Carlos Pimenta Complexidade e Interdisciplinaridade n<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>Sociais</strong> Versão 02<br />

29 Esses contributos tanto p<strong>as</strong>sam pelo estu<strong>do</strong> d<strong>as</strong> problemátic<strong>as</strong> da complexidade como pelo apoio e<br />

criação de estrutur<strong>as</strong> de investigação, de iniciativ<strong>as</strong> de debate e troca de pontos de vista, frequentemente<br />

com uma grande amplitude de opiniões – o que é de louvar nos di<strong>as</strong> de hoje apesar de dever ser uma<br />

situação habitual – e a participação de especialist<strong>as</strong> em áre<strong>as</strong> <strong>do</strong> saber muito divers<strong>as</strong>, abrin<strong>do</strong> o caminho<br />

para a interdisciplinaridade.<br />

30 A tradução a<strong>do</strong>ptada foi a que consta de P<strong>as</strong>cal (1959, 52/53). Acrescente-se para contextualização<br />

desta fr<strong>as</strong>e que este parágrafo é a continuação de um outro em que se afirma<br />

O homem, por exemplo, está em relação com tu<strong>do</strong> o que conhece. Tem necessidade de lugar<br />

para o conter, de tempo para durar, de movimento para viver, de elementos para o comporem, de<br />

calor e de alimentos para [o] alimentarem, de ar para respirar; vê a luz e sente os corpos; enfim,<br />

tu<strong>do</strong> cai sob a sua aliança. É preciso portanto, para conhecer o homem, saber <strong>do</strong>nde provém a<br />

sua necessidade de ar para subsistir; e, para conhecer o ar, saber de onde lhe provém esta relação<br />

com a vida <strong>do</strong> homem, etc. A chama não subsiste sem o ar; portanto, para conhecer um é preciso<br />

conhecer o outro.<br />

e que o parágrafo seguinte inicialmente escrito por P<strong>as</strong>cal foi posteriormente risca<strong>do</strong> pelo próprio:<br />

A eternidade d<strong>as</strong> cois<strong>as</strong>, em si mesma ou em Deus, deve ainda admirar a nossa pequena duração.<br />

A imobilidade fixa e constante da natureza, em comparação com a alteração contínua que se<br />

p<strong>as</strong>sa em nós, deve produzir o mesmo efeito.<br />

P<strong>as</strong>cal tem análises b<strong>as</strong>tante interessantes e tal foi a diversidade de tem<strong>as</strong> por ele trata<strong>do</strong>, muito agarra<strong>do</strong><br />

às problemátic<strong>as</strong> religios<strong>as</strong>, que é possível aí ir buscar referência a diversos tem<strong>as</strong>, nomeadamente para a<br />

interdisciplinaridade ao fazer referênci<strong>as</strong> à diversidade,<br />

A teologia é uma ciência, m<strong>as</strong> ao mesmo tempo quant<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> não há! Um homem é um<br />

suposto; m<strong>as</strong> se se anatomiza, será a cabeça, o coração, o estômago, <strong>as</strong> vei<strong>as</strong>, cada veia, cada<br />

porção de veia, o sangue, cada humor <strong>do</strong> sangue?<br />

Uma cidade, um campo, de longe são uma cidade, um campo; m<strong>as</strong> à medida que nos<br />

aproximamos, são c<strong>as</strong><strong>as</strong>, árvores, telh<strong>as</strong>, folh<strong>as</strong>, erv<strong>as</strong>, formig<strong>as</strong>, sem limites. Tu<strong>do</strong> isto se<br />

envolve sob o nome de campo. (p. 33)<br />

m<strong>as</strong> est<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> parecem-me forçad<strong>as</strong>.<br />

31 Veja-se, por exemplo, L’économie multidimensionnelle.<br />

Apesar de ser muito referida a multidimensionalidade é qu<strong>as</strong>e um “remen<strong>do</strong> à posteriori”, depois de se ter<br />

procedi<strong>do</strong> inadequadamente. Decompôs-se o uno em partes. Cada uma d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> considera apen<strong>as</strong><br />

algum<strong>as</strong> dess<strong>as</strong> partes ou alguns <strong>as</strong>pectos del<strong>as</strong>. Para “reconstituir” o to<strong>do</strong> temos que ter em conta o que<br />

dizem sobre cada uma d<strong>as</strong> partes ou d<strong>as</strong> partes d<strong>as</strong> partes.<br />

32 Este conceito exige conhecimentos de matemática e informática que não <strong>do</strong>mino integralmente, m<strong>as</strong> é<br />

possível avançarmos um pouco mais na explicação <strong>do</strong> que significa a complexidade algorítmica, de forma<br />

a clarificar um pouco mais o conceito para os que estão menos habitua<strong>do</strong>s a esta terminologia. O conceito<br />

de algoritmo generalizou-se com a utilização <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r e a realização de program<strong>as</strong> informáticos:<br />

um algoritmo é um conjunto de procedimentos computacionais para resolver um problema (ex. contruir<br />

uma série de números naturais de 1 a 100; pôr por ordem alfabética os nomes de to<strong>do</strong>s os cidadãos que<br />

habitam numa dada cidade) e um programa é um conjunto encadea<strong>do</strong> e articula<strong>do</strong> de algoritmos, poden<strong>do</strong><br />

cada um desses conjuntos constituir um módulo de programação. Os ficheiros .exe e .dll utiliza<strong>do</strong>s nos<br />

sistem<strong>as</strong> operativos Win<strong>do</strong>ws contêm vários desses módulos, utiliza<strong>do</strong>s pelo computa<strong>do</strong>r para executar<br />

cert<strong>as</strong> operações. Podemos reproduzir com Horril (1992) que “algorítmo é um procedimento sistemático<br />

para a resolução de um problema matemático num número limita<strong>do</strong> de p<strong>as</strong>sos, geralmente utilizan<strong>do</strong><br />

algum<strong>as</strong> repetições de uma mesma operação; é um procedimento por etap<strong>as</strong> para resolver um problema<br />

ou atingir um fim”. Normalmente toma-se como referência uma máquina de Turing, caracterizável de<br />

forma imprecisa como um computa<strong>do</strong>r com <strong>as</strong> funções básic<strong>as</strong> e memória ilimitada, m<strong>as</strong> é possível<br />

utilizar outr<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong>. Um determina<strong>do</strong> problema pode ser tratável algoritmicamente ou não. Se o for<br />

o tempo de máquina exigi<strong>do</strong>, (tempo e espaço noutr<strong>as</strong> análises) mede a tal dificuldade de obter a<br />

informação.<br />

Pág. 31

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