Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto
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Carlos Pimenta Complexidade e Interdisciplinaridade n<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>Sociais</strong> Versão 02<br />
muito interessante sobre este <strong>as</strong>sunto: “De l’émergence de la fractalité des espaces géographiques”, pag.<br />
177/220.<br />
Um exemplo, entre muitos sobejamente conheci<strong>do</strong>s (por razões científic<strong>as</strong> ou estétic<strong>as</strong>) (ver<br />
http://www.mathcurve.com/fractals/hilbert3d/hilbert3d.shtml):<br />
24 Ilya Prigogine, investiga<strong>do</strong>r da termodinâmica que estuda o comportamento <strong>do</strong>s sistem<strong>as</strong> abertos vem a<br />
centrar a sua atenção – entre a ciência e a filosofia – no não-equilíbrio, na irreversibilidade, na<br />
transitoridade, logo no conceito e significa<strong>do</strong> de tempo. Segun<strong>do</strong> alguns autores os seus trabalhos<br />
entroncam-se numa outra corrente que traz para a ribauta a complexidade: a teoria da informação. Para<br />
uma primeira compreensão d<strong>as</strong> su<strong>as</strong> preocupações veja-se a entrevista publicada em Benkirane (2002).<br />
25<br />
Fazemos algum<strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> mais pormenorizad<strong>as</strong> a esta teoria ao falarmos da complexidade<br />
algorítmica.<br />
26 Importa aqui acrescentar que nem esta lista “histórica” é completa nem <strong>as</strong> referênci<strong>as</strong> a cada uma d<strong>as</strong><br />
teori<strong>as</strong> é suficiente. Se há estu<strong>do</strong>s que mostram que cada investiga<strong>do</strong>r que trabalha num projecto de<br />
investigação interdisciplinar só consegue conhecer o que acontece n<strong>as</strong> outr<strong>as</strong> disciplin<strong>as</strong> científic<strong>as</strong> com<br />
vários anos de atr<strong>as</strong>o, seria uma vã utopia termos uma visão suficiente – já não dizemos completa m<strong>as</strong> tão<br />
somente suficiente e actualizada – desta grande variedade de teori<strong>as</strong> com origens, referenciais,<br />
meto<strong>do</strong>logi<strong>as</strong> e objectivos diferentes.<br />
27 Nesta breve história seguimos muito de perto Lecourt (1999)<br />
28 Permitam-me que exemplifique recorren<strong>do</strong> à Economia. As problemátic<strong>as</strong> da complexidade são para os<br />
economist<strong>as</strong> que se situam no paradigma neoclássico, e não só, um desafio: será que tenho esta<strong>do</strong> a<br />
elaborar os modelos mais adequa<strong>do</strong>s? Será que <strong>as</strong> minh<strong>as</strong> hipóteses de partida, quant<strong>as</strong> vezes nem sequer<br />
explicitad<strong>as</strong> e pensad<strong>as</strong>, são <strong>as</strong> que melhor se ajustam a um conhecimento da realidade ou à nossa<br />
capacidade de previsão? Será que não devo reflectir sobre o próprio paradigma? Que significa a separação<br />
entre micro e macroeconomia e a hierarquização que actualmente estabeleço entre amb<strong>as</strong>? Faz senti<strong>do</strong><br />
falar em “homem económico” ou “agente representativo” quan<strong>do</strong> simultaneamente reconhecemos a<br />
diversidade humana, mesmo reconhecen<strong>do</strong> o seu global condicionamento pela f<strong>as</strong>e histórica que se vive?<br />
E <strong>as</strong> pergunt<strong>as</strong> poderiam continuar tais são os desafios que hoje nos surgem. Considero que este é o<br />
aproveitamento adequa<strong>do</strong> pela Economia <strong>do</strong> conceito de complexidade. Se em vez desta questões me<br />
limito a pegar no «teorema da teia de aranha» ou n<strong>as</strong> «expectativ<strong>as</strong> adaptativ<strong>as</strong>» e constato<br />
matematicamente que há lugar, ou a sua possibilidade, de termos situações de comportamento caótico<br />
estou a <strong>do</strong>mesticar a complexidade: é um problema matemático como outro qualquer, é uma mera onda<br />
complexa num oceano de simplicidade – embora se saiba que “normalidade” e “caos” se articulam, não é<br />
essa a leitura que é feita – é a comprovação de que a teoria neoclássica até é capaz de englobar o<br />
tratamento da complexidade. O desafio da complexidade é neutraliza<strong>do</strong> e encaixa<strong>do</strong>, nem que seja com<br />
um colete de forç<strong>as</strong>, no sistema de saberes anteriormente constituí<strong>do</strong>s.<br />
Pág. 30