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Sobre as Ciências Sociais - FEP - Universidade do Porto

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Carlos Pimenta Complexidade e Interdisciplinaridade n<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> <strong>Sociais</strong> Versão 02<br />

entre certos paradigm<strong>as</strong> d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> “sociais” e d<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> “naturais” que entre paradigm<strong>as</strong> de<br />

diferentes ciênci<strong>as</strong> “sociais”, que entre diferentes paradigm<strong>as</strong> da mesma ciência.<br />

− Neste reino de sábios ignorantes e de grande desenvolvimento d<strong>as</strong> divers<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> não nos<br />

parece adequa<strong>do</strong> falarmos sobre <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais em geral. O que podemos conhecer da<br />

Economia, da Antropologia, da História, da Geografia, da Psicologia, da Semiótica, da<br />

Sociologia, da Demografia, da “Ciência” Política, d<strong>as</strong> “Ciênci<strong>as</strong>” Jurídic<strong>as</strong>, d<strong>as</strong> “Ciênci<strong>as</strong>” da<br />

Educação, etc. será necessariamente muito limita<strong>do</strong> e desf<strong>as</strong>a<strong>do</strong> d<strong>as</strong> últim<strong>as</strong> investigações.<br />

− Ten<strong>do</strong> em conta essa diversidade de ciênci<strong>as</strong> qu<strong>as</strong>e tu<strong>do</strong> o que dizemos sobre <strong>as</strong> “ciênci<strong>as</strong><br />

sociais” é um extrapolação a partir da Economia 39 .<br />

Dispenso-me de fazer uma apresentação da minha leitura da Economia.<br />

Complexidade<br />

Depois dest<strong>as</strong> not<strong>as</strong> introdutóri<strong>as</strong> estamos em condições de aprofundar um pouco mais <strong>as</strong> questões<br />

relacionad<strong>as</strong> com o objecto central desta comunicação: a intercepção da problemática da complexidade<br />

com a interdisciplinaridade e <strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais.<br />

Complexidade e Consciência da Complexidade<br />

Tu<strong>do</strong> é mistério, tu<strong>do</strong> é transcendente<br />

Na sua complexidade enorme,<br />

Um raciocínio visiona<strong>do</strong> e exterior,<br />

Uma ordeira misteriosidade,<br />

Silêncio interior cheio de som .<br />

(Fernan<strong>do</strong> Pessoa, Fausto)<br />

Complexo da realidade ou complexo da interpretação da realidade? Eis a primeira pergunta que<br />

anteriormente foi deixada em aberto e para a qual tentarei esboçar aqui uma breve resposta.<br />

Quan<strong>do</strong> frequentemente adjectivamos os conceitos com “complexo” ou quan<strong>do</strong> identificamos os nosso<br />

objecto de análise como sen<strong>do</strong> uma manifestação de “complexidade”, quan<strong>do</strong> identificamos a situação<br />

que pretendemos descrever como sen<strong>do</strong> um “sistema complexo”, nem sempre estamos a dar um<br />

significa<strong>do</strong> preciso, nem sempre compreendemos integralmente o que estamos a designar dessa forma,<br />

fazemo-lo mais por inadequação <strong>do</strong>s modelos “tradicionais” de análise <strong>do</strong> que por conhecimento de<br />

modelos alternativos.<br />

Contu<strong>do</strong> ess<strong>as</strong> situações reflectem de forma b<strong>as</strong>tante explícita que temos consciência, quan<strong>do</strong> muito, que<br />

os nossos modelos de referência estão desajusta<strong>do</strong>s, que os paradigm<strong>as</strong> consigna<strong>do</strong>s e aceites são<br />

insuficientes para explicarem adequadamente a realidade, que a informação que transmitem não<br />

corresponde aos anseios de conhecimento que revelamos. Tal não significa, no entanto, que saibamos<br />

como construir o modelo alternativo.<br />

A este propósito parece b<strong>as</strong>tante elucidativo um trabalho recente que pretende analisar em que medida é<br />

que <strong>as</strong> situações económic<strong>as</strong> podem ser considerad<strong>as</strong> como tal (Durlauf, 2003): Depois de considerar que<br />

“para os seus propósitos, os sistem<strong>as</strong> complexos são aqueles que englobam um conjunto de<br />

agentes heterogéneos cujos comportamentos são interdependentes e podem ser descritos através<br />

de processos estocásticos”<br />

e recordar que há quatro propriedades que parecem particularmente relevantes para <strong>as</strong> análises da<br />

complexidade n<strong>as</strong> ciênci<strong>as</strong> sociais, estuda divers<strong>as</strong> situações relacionad<strong>as</strong> com a Economia, e chega à<br />

conclusão de que é difícil concluir-se estarmos efectivamente perante situações complex<strong>as</strong>, apesar da sua<br />

convicção de que há, apesar disso, razões para se admitir que <strong>as</strong> forç<strong>as</strong> conducentes à complexidade estão<br />

presentes ness<strong>as</strong> situações.<br />

Retomemos este <strong>as</strong>sunto por outra via. Morin diz, como vimos, que a complexidade é “o jogo entre a<br />

ordem, a desordem e a organização”. Muito frequentemente se afirma que a “complexidade se situa entre<br />

a ordem e a desordem” (Dauphiné, 2003, 43). De que desordem estamos a falar? Segun<strong>do</strong> esse mesmo<br />

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