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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA<br />
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS<br />
CÂMPUS DE JABOTICABAL<br />
ADAPTAÇÕES DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO EM<br />
EQÜINOS SUBMETIDOS A TREINAMENTO DE<br />
RESISTÊNCIA E SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES<br />
CONCENTRAÇÕES DE ÓLEO DE SOJA<br />
Carla Braga Martins<br />
Orientador: Prof. Dr. José Corrêa de Lacerda Neto<br />
Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e<br />
Veterinárias UNESP, Câmpus de Jaboticabal - como parte<br />
das exigências para obtenção do título de Doutor em Medicina<br />
Veterinária - área de concentração em Medicina Veterinária<br />
(Clínica Médica Veterinária).<br />
JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL<br />
Janeiro de 2007
SUMÁRIO<br />
Página<br />
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................iii<br />
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. IV<br />
LISTA DE TABELAS.............................................................................................. V<br />
RESUMO .............................................................................................................. VII<br />
SUMMARY ......................................................................................................... VIII<br />
I. INTRODUÇÃO......................................................................................................1<br />
II. REVISÃO DE LITERATURA ...............................................................................3<br />
2.1. CARACTERÍSTICAS DOS CAVALOS PURO SANGUE ÁRABE (PSA).........................3<br />
2.2. ESTRUTURA DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO ............................................4<br />
2.3. GENERALIDADES DAS FIBRAS MUSCULARES.......................................................5<br />
2.4. CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS CONTRÁTEIS................................................6<br />
2.5. CONTRAÇÃO MUSCULAR...................................................................................8<br />
2.6. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES..........................................9<br />
2.7. ADAPTAÇÕES DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA................................................14<br />
2.8. CARACTERÍSTICAS DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO ..............................................22<br />
2.9. FONTES DE ENERGIA PARA A CONTRAÇÃO MUSCULAR ......................................22<br />
2.10. PRODUÇÃO DE LACTATO ..............................................................................24<br />
2.11. CAUSAS DE LIMITAÇÃO NO DESEMPENHO.......................................................26<br />
2.12. IMPORTÂNCIA DA TÉCNICA DE BIÓPSIA PERCUTÂNEA.......................................26<br />
III. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................29<br />
3.1. ANIMAIS ........................................................................................................29<br />
3.2. TESTE PARA DETERMINAÇÃO DA CURVA VELOCIDADE-LACTATO.........................31<br />
3.3. PROGRAMA DE TREINAMENTO .........................................................................32<br />
3.4. DETERMINAÇÃO DO PESO E ESCORE CORPORAL...............................................33<br />
3.5. COLHEITA DE AMOSTRAS MUSCULARES ...........................................................33
3.6. PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS MUSCULARES .............................................38<br />
3.7. ANÁLISES HISTOQUÍMICAS..............................................................................39<br />
3.8. ANÁLISES MORFOMÉTRICAS............................................................................41<br />
3.9. DETERMINAÇÃO DO GLICOGÊNIO TOTAL...........................................................42<br />
3.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................43<br />
IV. RESULTADOS.................................................................................................44<br />
4.1. PESO E ESCORE CORPORAL............................................................................44<br />
4.2. TÉCNICA DE BIÓPSIA MUSCULAR .....................................................................45<br />
4.3. IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES .........................................46<br />
4.4. MORFOMETRIA DAS FIBRAS MUSCULARES........................................................50<br />
4.5. QUANTIFICAÇÃO DO GLICOGÊNIO TOTAL ..........................................................53<br />
4.6. RELAÇÃO TREINAMENTO X TIPO DE FIBRA X METABOLISMO ENERGÉTICO ............54<br />
V. DISCUSSÃO .....................................................................................................56<br />
VI. CONCLUSÕES ................................................................................................67<br />
VII. REFERÊNCIAS...............................................................................................68<br />
VIII. APÊNDICE.........................................................................................................I<br />
ii
LISTA DE ABREVIATURAS<br />
ADP - adenosina difosfato<br />
ATP - adenosina trifosfato<br />
CPM - cadeia pesada de miosina<br />
EE - extrato etéreo<br />
EPM - erro padrão da média<br />
mATPase - adenosina trifosfatase miofibrilar ou miosina adenosina trifofatase<br />
MS - matéria seca<br />
NADH - nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzida<br />
PSA - Puro Sangue Árabe<br />
Pi - ortofosfato inorgânico<br />
iii
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 1. Agulha de biópsia muscular tipo Bergström 6,0mm (Kruise). (a) agulha<br />
guia contendo uma abertura; (b) cilindro cortante; (c) mandril...............34<br />
Figura 2. Procedimentos para colheita da amostra muscular. (a) Local da<br />
tricotomia (área de 25 cm 2 aproximadamente), (b) infiltração do<br />
anestésico local, (c) botão anestésico, (d) incisão de pele, (e) local<br />
incisado, (f) inserção da agulha de biópsia muscular na incisão de<br />
pele. A agulha possui marcações externas para auxiliar na colheita da<br />
amostra na profundidade adequada....................................................36<br />
Figura 3. Ilustração da ferida cirúrgica. (a) lesão imediatamente após a colheita<br />
das amostras; (b) curativo realizado subseqüentemente.......................37<br />
Figura 4. Amostra muscular no interior da abertura da agulha..............................38<br />
Figura 5. Ilustração da evolução da cicatrização da ferida cirúrgica. (a) 0, (b) 1, (c)<br />
2 e (d) 7 dias após a colheita da amostra...............................................46<br />
Figura 6. Fotomicrografia de cortes transversais do músculo glúteo médio corados<br />
mediante técnicas histoquímicas. a. mATPase após pré incubação ácida<br />
(pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5). b. NADH-TR. Observar o<br />
padrão de organização em mosaico dos diferentes tipos de fibras. Obj.<br />
20x..........................................................................................................48<br />
Figura 7. Cortes histológicos transversais seriados do músculo glúteo médio<br />
corados com as técnicas: a. mATPase, b. NADH-TR. Observam-se<br />
fibras tipo I, IIA e IIAX (células grandes com reação na periferia) e IIX<br />
................................................................................................................49<br />
Figura 8. Curva velocidade-lactato de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a<br />
treinamento de resistência durante sete semanas..................................55<br />
iv
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 1. Distribuição dos animais em grupos experimentais com base na dieta<br />
alimentar fornecida (0, 6, 12, 18 e 24% de adição de óleo....................30<br />
Tabela 2. Protocolo de treinamento dos eqüinos na esteira rolante......................32<br />
Tabela 3. Médias ± erro padrão da média (EPM) do peso e escore corporal de<br />
eqüinos cruza Árabe e Puro Sangue Árabe (PSA) submetidos à<br />
suplementação com diferentes concentrações com óleo de soja..........44<br />
Tabela 4. Médias ± EPM do peso e escore corporal de eqüinos cruza Árabe e<br />
PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete<br />
semanas...............................................................................................44<br />
Tabela 5. Colorações histoquímicas observadas nas fibras musculares<br />
avaliadas.................................................................................................47<br />
Tabela 6. Efeito da suplementação com óleo de soja sobre a freqüência (%) ±<br />
EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza<br />
Árabe e PSA .......................................................................................50<br />
Tabela 7. Freqüência (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de<br />
eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência<br />
durante sete semanas............................................................................51<br />
Tabela 8. Efeito da suplementação com óleo de soja ± EPM sobre a área média<br />
de secção transversal dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de<br />
eqüinos cruza Árabe e PSA ...................................................................51<br />
Tabela 9. Área média de secção transversal (µm 2 ) ± EPM dos tipos de fibras do<br />
músculo glúteo médio de eqüinos PSA, submetidos a treinamento de<br />
resistência durante sete semanas..........................................................52<br />
v
Tabela 10. Efeito da suplementação com óleo de soja ± EPM sobre a área relativa<br />
dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e<br />
PSA .....................................................................................................52<br />
Tabela 11. Área relativa (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio<br />
de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de<br />
resistência durante sete semanas.......................................................53<br />
Tabela 12. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo<br />
glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a diferentes<br />
concentrações de óleo de soja............................................................53<br />
Tabela 13. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo<br />
glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento<br />
de resistência durante sete semanas...................................................54<br />
Tabela 14. Freqüência e área relativa das fibras oxidativas e glicolíticas antes e<br />
após o período de treinamento............................................................55<br />
Tabela 15. Composição percentual e química dos concentrados experimentais....II<br />
Tabela 16. Escala de avaliação do escore corporal...............................................III<br />
vi
ADAPTAÇÕES DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO EM EQÜINOS SUBMETIDOS A<br />
TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA E SUPLEMENTADOS COM ÓLEO DE SOJA<br />
RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito da suplementação com diferentes<br />
concentrações de óleo de soja e do treinamento de resistência nas adaptações do<br />
músculo glúteo médio de 20 eqüinos da raça Puro Sangue Árabe. Os animais<br />
foram distribuídos em cinco grupos, cada grupo foi composto por quatro cavalos.<br />
O grupo controle não recebeu óleo e os demais foram suplementados com 6, 12,<br />
18 e 24% de óleo. Os animais foram submetidos a sete semanas consecutivas de<br />
exercício em esteira rolante e trilha. Analisou-se a influência do treinamento e da<br />
suplementação com óleo sobre o peso e escore corporal, concentração de<br />
glicogênio muscular e características das fibras do músculo glúteo médio. Os<br />
resultados demonstraram que as diferentes concentrações de óleo na dieta não<br />
influenciaram as variáveis estudadas. Houve redução significativa do peso<br />
corpóreo após o treinamento, no entanto o escore corporal permaneceu constante.<br />
O músculo glúteo médio expressou três tipos de fibras puras: I, IIA, IIX. O<br />
treinamento não induziu hipertrofia das fibras do músculo glúteo médio. O<br />
treinamento ocasionou aumento na proporção e na área relativa das fibras tipo IIA<br />
em detrimento das fibras IIX, melhorando a capacidade oxidativa muscular. Tanto<br />
as dietas com óleo como o treinamento não aumentaram as concentrações de<br />
glicogênio muscular.<br />
Palavras-chave: Eqüinos, músculo glúteo médio, biópsia muscular, glicogênio<br />
muscular.<br />
vii
GLUTEUS MEDIUS MUSCLE ADAPTATIONS OF ARABIAN HORSES<br />
SUBMITTED TO ENDURANCE TRAINING AND SUPPLEMENTED WITH TO<br />
SOY OIL<br />
SUMMARY – The aim of this study was evaluate the effects of<br />
supplementation with different concentrations of soy oil and endurance training on<br />
gluteus medius muscle adaptations in twenty Arabian horses. The horses were<br />
randomized in five groups (four horses each group). The control group did not<br />
receive the oil and the other groups were supplemented with 6%, 12%, 18% and<br />
24% of soy oil. The animals were submitted to seven weeks of exercise on<br />
treadmill and track. The influence of training and oil supplementation on body<br />
weight, corporal score, muscular glycogen stores and characteristics of the gluteus<br />
medius muscular fibers were analyzed. The results showed that the<br />
supplementation of soy oil in diet was not significantly effective on the studied<br />
parameters. There was a significant reduction of the body weight after the end of<br />
training; however the corporal score showed no changes. The gluteus medius<br />
muscle expressed three types of pure fibers: I, IIA and IIX. The training induced a<br />
increase in the proportion and relative area of the type IIA fibers in detriment of<br />
type IIX fibers, improving the oxidative capacity muscular. No hypertrophy of the<br />
muscular fibers was observed. There were no significant changes in the values of<br />
the total glycogen after the training period.<br />
Keywords: Equine, gluteus medius muscle, muscular biopsy, muscular glycogen.<br />
viii
I. INTRODUÇÃO<br />
A utilização do cavalo para a prática de esportes vem aumentando no Brasil<br />
e no mundo. Nos últimos anos muitas pesquisas sobre fisiologia do exercício têm<br />
sido realizadas em eqüinos, estudando a resposta desta espécie a diferentes<br />
estímulos, como o treinamento e a dieta alimentar.<br />
Cada vez mais os cavalos são vistos como atletas e submetidos a<br />
protocolos de treinamento que visam a melhoria de seu desempenho. Dentre os<br />
esportes eqüestres mais praticados se destaca o enduro, caracterizado por ser<br />
uma prova de resistência. Esta modalidade de esporte hípico surgiu nos Estados<br />
Unidos em 1955, se expandiu pela Europa e chegou ao Brasil em 1989, onde<br />
desde então, apresenta crescimento relevante.<br />
Os animais que participam desta atividade estão sujeitos a inúmeros tipos<br />
de estresse, quer pelo treinamento excessivo quer pela natureza exaustiva da<br />
modalidade. Para isso, a adequada preparação física é fundamental e diminui os<br />
riscos de exaustão. É do interesse de cavaleiros e técnicos que os cavalos<br />
possam desempenhar da melhor forma possível o seu papel durante a<br />
competição, sem comprometimento de sua saúde. Com isso, torna-se<br />
imprescindível condicionar os animais, destacando as qualidades de resistência,<br />
sem causar-lhes transtornos físicos.<br />
O sistema muscular possui participação primordial no exercício, pois todo<br />
movimento é o resultado da contração de músculos esqueléticos por meio de uma<br />
articulação móvel. As fibras musculares exibem alta capacidade de adaptar-se<br />
estruturalmente frente ao trabalho muscular aos quais os animais são submetidos.<br />
Tais adaptações envolvem trocas estruturais e metabólicas, que determinam a<br />
capacidade de locomoção e trabalho de um cavalo e, portanto, seu desempenho<br />
em programas de treinamento. Algumas dessas respostas adaptativas envolvem,<br />
entre outras coisas, características relacionadas à demanda energética em função<br />
do trabalho muscular desempenhado.
Com a evolução dos estudos foram desenvolvidas técnicas para se<br />
pesquisar o efeito do exercício sobre as fibras musculares. O uso combinado<br />
dessas diferentes técnicas de análise muscular fornece informação suficiente para<br />
identificar corretamente o fenótipo miofibrilar; determinar o tipo de metabolismo<br />
que o músculo utiliza para obter a energia química e transformá-la em mecânica e<br />
proporciona informação à cerca do tamanho dos diferentes tipos de fibras dos<br />
músculos. Desta forma, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do<br />
treinamento orientado pela curva velocidade-lactato e da suplementação alimentar<br />
com diferentes concentrações de óleo de soja sobre as características<br />
morfológicas e bioquímicas do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e<br />
PSA submetidos a treinamento de resistência em esteira rolante e trilha.<br />
2
II. REVISÃO DE LITERATURA<br />
2.1. Características dos cavalos Puro Sangue Árabe (PSA)<br />
A mais antiga raça de cavalos no mundo foi registrada nos hieróglifos<br />
egípcios 1800 anos antes de Cristo. O cavalo Árabe foi apreciado durante 3500<br />
anos devido a sua extraordinária capacidade como animal de montaria, pela<br />
velocidade, resistência, agilidade e inteligência. Foram necessários mais de três<br />
milênios de seleção para se obter o cavalo de guerra do deserto, capaz de resistir<br />
a prolongados períodos de trabalho intenso com o mínimo de cuidado e<br />
alimentação. Essas qualidades persistem em seu fenótipo e são reconhecidas até<br />
hoje, por meio de competições de longo percurso nos Estados Unidos da América<br />
e na Europa. No Brasil, onde essas provas também são realizadas, o PSA se<br />
destaca sempre nas primeiras colocações. No trabalho da fazenda, os criadores<br />
se surpreendem com a produtividade diária, capaz de pronta recuperação após<br />
um dia inteiro de atividade (PERROY, 2006).<br />
Os três mil anos de seleção e aprimoramento do cavalo Árabe<br />
proporcionaram-lhe qualidades genéticas incomparáveis. A partir da Idade Média,<br />
garanhões árabes foram exportados para quase todas as partes do mundo, dando<br />
origem a outras raças e regenerando plantéis inteiros de cavalos. Dentre suas<br />
aptidões, o PSA participa de esportes hípicos como salto, adestramento em<br />
categorias intermediárias, hipismo rural, enduro e trabalho agropecuário, se<br />
destacando em provas de longa distância devido a sua resistência (PERROY,<br />
2006).<br />
3
2.2. Estrutura do músculo estriado esquelético<br />
O músculo esquelético, assim denominado porque se insere no esqueleto,<br />
é o tecido mais abundante do corpo, compreendendo cerca de 40% do peso<br />
corporal dos mamíferos. No cavalo da raça Puro Sangue Inglês, a musculatura<br />
esquelética constitui 52% do peso corpóreo, comparada com 42% em outras raças<br />
(GOLL, 1996).<br />
O músculo esquelético eqüino é um tecido heterogêneo, composto por<br />
diferentes tipos de fibras musculares, capaz de realizar ampla variedade de<br />
atividades físicas devido a grande diversidade celular, molecular, especialização<br />
funcional e capacidade plástica. Essa característica proporciona ao tecido<br />
muscular a capacidade de gerar um amplo tipo de atividades de contração, a qual<br />
se traduz em maior eficiência mecânica e termodinâmica do organismo<br />
(GOLDSPINK,1998). As variedades de funções desempenhadas pelos músculos<br />
requerem diferentes proporções de tipo de fibra, acarretando assim diferenças na<br />
composição de fibras entre os músculos, as quais exibem propriedades mecânicas<br />
e metabólicas distintas (LUTZ et al., 1998).<br />
Os músculos esqueléticos dos mamíferos são compostos por fascículos de<br />
fibras musculares unidos por meio de tecido conectivo. A camada mais externa<br />
que envolve o músculo é denominada epimísio. O perimísio é o tecido conectivo<br />
que envolve feixes individuais de fibras musculares denominados fascículos. Cada<br />
fibra muscular é revestida por tecido conectivo denominado endomísio. A unidade<br />
morfofuncional do músculo esquelético é a fibra muscular. Essas fibras<br />
representam o resultado coordenado da expressão de distintas proteínas<br />
estruturais e enzimas metabólicas (POWERS & HOWLEY, 2000).<br />
O padrão de inervação estabelecido determina as propriedades fisiológicas<br />
das fibras musculares, culminando com a formação das unidades motoras,<br />
elemento funcional constituído pelo neurônio motor e fibras musculares<br />
associadas (GONZALES & SARTORI, 2002).<br />
4
Um dos aspectos microscópicos mais distintos nos músculos esqueléticos é<br />
sua aparência estriada. Tais estriações são produzidas pela alternância entre<br />
bandas claras e escuras que aparecem ao longo do comprimento da fibra devido a<br />
distribuição ordenada dos filamentos longitudinais de diferentes espessuras, os<br />
quais correspondem às proteínas contrateis, actina e miosina (POWERS &<br />
HOWLEY, 2000; BLANCO & PÉREZ, 2004).<br />
2.3. Generalidades das fibras musculares<br />
As fibras musculares são células altamente especializadas, apresentam<br />
inúmeras organelas, são multinucleadas, cujos núcleos estão localizados ao redor<br />
da periferia da célula e abaixo do sarcolema (POWERS & HOWLEY, 2000). De<br />
acordo com SNOW & VALBERG (1994), as fibras do músculo esquelético dos<br />
eqüinos contêm de 100 a 200 núcleos. Entre o sarcolema e a membrana basal<br />
encontram-se as células satélites, importantes na reparação de injúrias<br />
musculares. Uma quantidade variável de retículo endoplasmático liso e rugoso,<br />
aparelho de Golgi e lisossomos estão normalmente localizados próximo dos<br />
núcleos das células musculares. Numerosas proteínas, incluindo a mioglobina e<br />
enzimas envolvidas na glicólise estão distribuídas no sarcoplasma. Grânulos de<br />
glicogênio e variável quantidade de gotículas de lipídeos também estão<br />
distribuídos pelo sarcoplasma entre os miofilamentos e sob o sarcolema. Enzimas<br />
envolvidas no metabolismo oxidativo estão localizadas dentro das membranas<br />
mitocondriais. As mitocôndrias dos músculos dos eqüinos estão concentradas<br />
abaixo do sarcolema, particularmente associadas aos capilares, embora também<br />
sejam encontradas entre as miofibrilas.<br />
No sarcoplasma do músculo, existe uma extensa rede de canais<br />
membranosos que envolvem cada miofibrila e correm paralelamente a elas. Esses<br />
canais são denominados de retículo sarcoplasmático e armazenam cálcio, o qual<br />
5
possui grande importância para a contração muscular (POWERS & HOWLEY,<br />
2000).<br />
As fibras musculares estão organizadas em numerosas estruturas<br />
fusiformes presentes no sarcoplasma, denominadas miofibrilas, caracterizadas por<br />
apresentar composição molecular diversa e constituir as estruturas intracelulares<br />
que durante a contração muscular convertem a energia química em mecânica. As<br />
miofibrilas são compostas por dois filamentos protéicos, os filamentos espessos<br />
de miosina e finos de actina (POWERS & HOWLEY, 2000; BLANCO & PÉREZ,<br />
2004).<br />
Cada espécie possui uma distribuição fibrilar característica na musculatura<br />
esquelética. Nos eqüinos, assim como na maioria dos mamíferos, as fibras<br />
musculares seguem o padrão de distribuição denominado mosaico, devido as<br />
fibras tipo I, IIA e IIX pertencentes a diferentes unidades motoras se entremearem<br />
umas com as outras (RIVERO & PIERCY, 2004).<br />
2.4. Características das proteínas contráteis<br />
2.4.1 Miosina<br />
A miosina é uma proteína constituída por seis cadeias polipeptídicas, sendo<br />
quatro cadeias leves e duas cadeias pesadas (POWERS & HOWLEY, 2000). É<br />
considerada a proteína contrátil mais abundante do músculo esquelético e<br />
representa um terço do total das proteínas musculares (PICARD et al., 2002),<br />
constitui a molécula motora da contração muscular. É o componente principal dos<br />
filamentos grossos das miofibrilas (SELLERS, 2000).<br />
As isoformas de cadeia pesada de miosina (CPM) constituem proteínas<br />
com pequenas diferenças entre si. A molécula da miosina apresenta dois<br />
extremos terminais, um corresponde à porção amino e o outro a porção carboxil. A<br />
porção amino forma a cabeça da miosina, componente essencial que atua como<br />
6
motor durante o sistema de geração de forças do músculo, devido aos sítios ativos<br />
que possui para a união com a actina e com a enzima mATPase, responsável pela<br />
hidrólise do ATP em difosfato de adenosina e fosfato inorgânico (GALLER et al.,<br />
1997; KARLSSON et al., 1999). O terminal carboxil das cadeias pesadas de<br />
miosina se enrola sobre si mesmo, para formar a cauda da miosina (LENNINGER,<br />
1981).<br />
As proteínas que caracterizam a célula muscular esquelética são<br />
codificadas por uma família multigênica, denominada isoformas (SCHIAFFINO &<br />
REGGIANI, 1996; EDDINGER, 1998, BOTTINELLI & REGGIANI, 2000). Essas<br />
apresentam características bioquímicas, estruturais e fisiológicas comuns, mas<br />
demonstram distinções na seqüência de aminoácidos, manifestando ligeiras<br />
diferenças nas atividades biológicas, como a atividade da mATPase e a afinidade<br />
ao cálcio. E, ademais, constituem parte essencial do sistema contrátil do músculo<br />
(PERRY, 1985).<br />
As isoformas de miosina de cadeia pesada e leve dos músculos<br />
esqueléticos possuem como função a regulação das propriedades contráteis das<br />
fibras musculares, determinando a velocidade máxima de contração muscular. A<br />
velocidade e a força de contração muscular dependem da quantidade de fibras<br />
musculares ativas, de suas propriedades contráteis e metabólicas. A velocidade<br />
máxima de encurtamento de uma única fibra muscular está correlacionada com as<br />
isoformas de CPM que predominam nas fibras musculares (SCHIAFFINO &<br />
REGGIANI, 1996; McKOY et al., 1998; RIVERO & PIERCY, 2004).<br />
A expressão e o desenvolvimento das diferentes isoformas de miosina no<br />
músculo esquelético são regulados pela interação de múltiplos mecanismos de<br />
controles, dentro dos quais se destacam os fatores neuronais, hormonais e<br />
mecânicos (SCHIAFFINO & REGGIANI, 1996; TALMADGE, 2000; LEFAUCHEUR,<br />
2001).<br />
Nos mamíferos, incluindo o homem, se conhecem nove isoformas de<br />
cadeia pesada de miosina, e cada uma delas é codificada por um gene diferente,<br />
7
apresentando atividade mATPase particular (BOTTINELLI & REGGIANI, 2000;<br />
ALLEN & LEINWAND, 2001; DA COSTA et al., 2002).<br />
2.4.2 Actina<br />
Os filamentos delgados são formados principalmente pela actina, a nebulina<br />
e proteínas reguladoras (tropomiosina e troponina) que possuem importante papel<br />
na regulação do processo contrátil. A actina constitui a principal proteína desse<br />
grupo (EDDINGER, 1998). As fibras musculares dos mamíferos expressam duas<br />
isoformas de actina, a esquelética e a cardíaca. A parte terminal amino (NH2) da<br />
actina interage com a cabeça da miosina (SCHIAFFINO & REGGIANI, 1996) e<br />
conjuntamente formam a unidade contrátil do músculo (BOTTINELLI & REGGIANI,<br />
2000).<br />
2.5. Contração muscular<br />
A energia para a contração muscular é oriunda da degradação do ATP pela<br />
enzima mATPase presente na cabeça da miosina, originando difosfato de<br />
adenosina e fosfato inorgânico e liberando energia que irá energizar as pontes<br />
cruzadas de miosina, ocorrendo a união da cabeça da miosina ao filamento de<br />
actina. Como resultado, ocorre alteração conformacional da molécula da miosina e<br />
parte da energia liberada é utilizada para produção de movimento entre os<br />
filamentos, onde os filamentos de actina deslizam sobre os filamentos de miosina.<br />
Ao final dessa seqüência, os produtos da hidrólise do ATP são liberados e se<br />
unem novamente reconstituindo a molécula de ATP (POWERS & HOWLEY,<br />
2000).<br />
O fator desencadeante da contração muscular é a chegada de um impulso<br />
nervoso à junção neuromuscular. A geração de um potencial de ação num<br />
8
motoneurônio provoca a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, essa<br />
se liga aos receptores da placa motora, causando despolarização na membrana<br />
celular, a qual é conduzida através dos túbulos transversos profundamente na<br />
fibra muscular, resultando na liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático. O<br />
cálcio se liga à troponina, alterando a posição da tropomiosina e descobrindo os<br />
sítios ativos da actina. A ponte cruzada da miosina energizada forma uma ligação<br />
forte no sítio ativo da actina. Esse ciclo da contração é repetido enquanto houver<br />
cálcio e ATP presentes e se rompe quando cessam os potenciais de ação e o<br />
retículo sarcoplasmático remove ativamente o cálcio do sarcoplasma (POWERS &<br />
HOWLEY, 2000).<br />
2.6. Classificação dos tipos de fibras musculares<br />
Ao longo do tempo, para o estudo das características fibrilares, tanto em<br />
músculos de animais como em humanos, vem se aplicando diversas<br />
classificações, fundamentadas em técnicas que avaliam parâmetros bioquímicos,<br />
estruturais, funcionais e histoquímicos da fibra muscular. A diferenciação clássica<br />
dos tipos de fibras se baseava na coloração que conferiam ao músculo, vermelho<br />
ou branco, segundo o seu conteúdo de mioglobina. Dessa forma, os músculos<br />
com mais de 40% de fibras vermelhas foram denominados vermelhos. Ao<br />
contrário, os que possuíam mais de 40% de fibras pálidas, recebiam o nome de<br />
músculos brancos (BEECHER et al., 1965).<br />
Atualmente, o sistema de classificação das fibras musculares mais<br />
comumente empregado é o histoquímico, que consiste no tratamento do tecido<br />
muscular com técnicas histoquímicas ou histoenzimáticas que permitem identificar<br />
de forma simples e rápida os diferentes tipos de fibras. A análise histoquímica<br />
mais utilizada se baseia nas propriedades contráteis das fibras, a partir da<br />
determinação do grau de reatividade da atividade da enzima adenosina<br />
trifosfatase miofibrilar (mATPase) presente na fibra muscular em meio ácido ou<br />
9
alcalino, proposto por PADYKULA & HERMAN (1955) citado por BOTTINELLI &<br />
REGGIANI (2000).<br />
ENGEL (1962) aplicou as análises mencionadas em músculo humano<br />
definindo as fibras tipos I e II. BROOKE & KAISER (1970), melhorando a técnica<br />
da atividade mATPase mediante pré-incubação ácida, demonstraram na<br />
musculatura humana a subdivisão do tipo II em subtipos IIA, IIB e IIC.<br />
Outra técnica histoquímica amplamente utilizada para a identificação fibrilar<br />
se fundamenta na determinação das propriedades metabólicas e proporciona<br />
informações sobre o substrato utilizado pela fibra muscular para obter energia. Por<br />
meio desta técnica é possível diferenciar as fibras com baixa capacidade<br />
oxidativa, as quais contêm elevadas concentrações de enzimas sarcoplasmáticas<br />
das fibras com alta capacidade oxidativa, que contêm por sua vez, elevadas<br />
concentrações de enzimas mitocondriais dentre as quais a succinato<br />
desidrogenase (RIVERO et al., 1993b).<br />
GAUTHEIR (1969) citado por KLONT et al. (1998), determinou a<br />
capacidade oxidativa da fibra muscular utilizando como marcador do padrão<br />
oxidativo a enzima succinato desidrogenase (SDH), e identificou três tipos de<br />
fibras, as quais denominou segundo a tonalidade predominante como fibras<br />
vermelhas, intermediárias e brancas. ASHMORE & DOERR (1971), associaram<br />
técnicas histoquímicas de atividade da mATPase e da enzima succinato<br />
desidrogenase (SDH) e descreveram três tipos de fibras: mATPase resistente e<br />
metabolismo oxidativo, mATPase ácido lábil e metabolismo oxidativo-glicolítico e<br />
mATPase ácido lábil e metabolismo glicolítico.<br />
A caracterização morfológica, bioquímica e fisiológica das fibras musculares<br />
esqueléticas de mamíferos foram aperfeiçoadas com a utilização de técnicas<br />
histoquímicas e imunohistoquímicas por PETER et al. (1972); SNOW et al. (1982);<br />
RIVERO (1993b).<br />
PETER et al. (1972), estudaram as propriedades motoras e metabólicas<br />
das fibras musculares, objetivando identificar as características fibrilares segundo<br />
as propriedades contráteis e o grau de resistência à fadiga. Para tanto, tais<br />
10
pesquisadores utilizaram como marcador do padrão oxidativo da fibra muscular a<br />
enzima nicotinamida adenina dinucleotideo desidrogenase (NADH). Esta enzima<br />
se encontra na face interna da membrana mitocondrial e sua função é catalizar a<br />
transferência de elétrons do NADH2 a compostos citocromos, e por último ao<br />
oxigênio, na cadeia de transporte de elétrons (DUBOTWITZ & BROOKE, 1973).<br />
Essas técnicas possibilitaram a identificação de unidades motoras com proteínas<br />
contráteis e metabólicas peculiares, dentre as quais destacaram-se as fibras<br />
oxidativas de contração lenta, que possuem unidades motoras resistentes à fadiga<br />
e metabolismo oxidativo; fibras rápidas glicolíticas-oxidativas, com atividade<br />
metabólica tanto glicolítica como oxidativa, média resistência à fadiga; e as fibras<br />
rápidas glicolíticas, as quais se caracterizam por apresentarem unidades motoras<br />
facilmente fatigáveis e metabolismo glicolítico.<br />
Apesar do uso extensivo e simplicidade de execução, as técnicas<br />
histoquímicas apresentam certas limitações para a identificação correta do<br />
fenótipo fibrilar, devido a grande variabilidade da atividade mATPase entre os<br />
diversos tipos de fibras presentes no músculo esquelético (GORZA, 1990). Dessa<br />
forma, para reduzir a porcentagem de erro na identificação deve-se associar<br />
técnicas mais sensíveis que permitam determinar a heterogeneidade das fibras<br />
musculares. Entre essas técnicas se destacam a eletroforese, imunohistoquímica,<br />
hibridação in situ e reação da cadeia de polimerase (PCR). O princípio básico<br />
dessas provas consiste em definir as isoformas específicas das cadeias pesadas e<br />
leves de miosina, já que cada tipo de fibra muscular expressa uma isoforma<br />
diferente que demonstra divergências em atividades contráteis, atividade<br />
mATPase, velocidade de contração e produção de força. A atividade da mATPase<br />
está intimamente relacionada ao predomínio do tipo de isoformas, que<br />
determinará as propriedades contráteis das fibras musculares (CHIKUNI et al.,<br />
2001).<br />
RIVERO et al. (1996, 1999), através da técnica de ELISA e eletroforese<br />
identificaram três tipos de isoformas MHC presentes em diferentes músculos de<br />
cavalos, uma lenta (MHC-I) e duas rápidas (MHC-IIA e MHC-IIX). Através da<br />
11
imunohistoquímica definiram três tipos de fibras puras I, IIA e IIX e duas híbridas<br />
IIC e IIAX. Estes métodos integrados demonstraram que o músculo esquelético<br />
eqüino não expressa isoforma tipo IIB e fibras assim denominadas deveriam<br />
receber a denominação de fibras IIX (RIVERO et al., 1999; SERRANO & RIVERO,<br />
2000; ETO et al., 2003).<br />
As fibras híbridas também são denominadas intermediárias, pois são<br />
consideradas resultados do estado de transição fenotípica entre dois tipos de<br />
fibras puras que pode ser estimulado pelo treinamento ou destreinamento, ou pelo<br />
envelhecimento (PEUKER & PETTE, 1997; LEFAUCHEUR et al., 1998; PICARD<br />
et al., 2002). Essas fibras possuem alto potencial de adaptação, já que são<br />
capazes de alterar o fenótipo das isoformas de cadeia pesada de miosina quando<br />
a demanda funcional do músculo necessita (BALDWIN & HADDAD, 2001).<br />
As fibras híbridas podem ser identificadas com a utilização de anticorpos<br />
específicos, os quais reagem com as isoformas de cadeia pesada de miosina das<br />
fibras musculares esqueléticas (PICARD et al., 2003). Essas fibras são<br />
caracterizadas por expressar mais de uma isoforma de cadeia pesada de miosina<br />
(STARON et al., 1999; PICARD et al., 2002; STRBENC et al., 2004).<br />
As fibras tipo IIC são encontradas em quantidades relativamente grandes<br />
em animais muito jovens, porém são raras no eqüino adulto, no qual geralmente<br />
são citadas como fibras de transição (SANTOS, 2002).<br />
2.6.1 Fibras tipo I<br />
A isoforma de cadeia pesada de miosina expressada por essas fibras é a<br />
tipo I. Foram primeiramente denominadas células vermelhas devido a coloração<br />
avermelhada que conferiam ao músculo dada a grande concentração de<br />
mioglobina presente no seu citoplasma. Posteriormente, considerando suas<br />
características funcionais e metabólicas foram classificadas como fibras de<br />
contração lenta e metabolismo oxidativo. Apresentam baixas concentrações da<br />
12
enzima mATPase (BOTTINELLI et al., 1994), a qual lhes confere baixa<br />
capacidade para hidrolisar o ATP (ROSE, 1986). Possuem metabolismo oxidativo,<br />
consumindo glicose e ácidos graxos através do metabolismo aeróbio. Utilizam a<br />
oxidação dos ácidos graxos que estão distribuídos amplamente nos espaços<br />
miofibrilares do interior da fibra muscular como fonte preferencial de energia. Para<br />
que ocorra o processo de oxidação é necessário amplo fornecimento sangüíneo<br />
para o transporte de oxigênio e ácidos graxos. Por isso, essas células são<br />
altamente vascularizadas e possuem elevado conteúdo mitocondrial. Nas<br />
mitocôndrias ocorrem as reações do ciclo de Krebs com a utilização do oxigênio<br />
para a produção de energia, indispensável para a contração muscular.<br />
Apresentam número expressivo de núcleos, os quais lhes conferem grande<br />
atividade metabólica, capacitando-as para a síntese e o desdobramento rápido de<br />
suas próprias proteínas (POWERS & HOWLEY, 2000). Possuem pequeno<br />
tamanho, o que facilita a difusão rápida do oxigênio e de substratos à mitocôndria.<br />
Apresentam elevada resistência à fadiga muscular, pois são dotadas estrutural e<br />
bioquimicamente para gerar força muscular durante um período prolongado de<br />
tempo, realizar movimentos repetitivos lentos e manter uma força isométrica a<br />
custa da produção de elevada taxa de energia a partir das rotas aeróbias (SIECK<br />
et al., 1995; PICARD et al., 2002).<br />
2.6.2 Fibras tipo IIA<br />
Essas fibras expressam a isoforma de cadeia pesada de miosina tipo IIA e<br />
apresentam características entre as fibras do tipo I e IIX. São designadas como<br />
células de contração rápida, possuem muitas mitocôndrias e são irrigadas por<br />
grande número de vasos sangüíneos, apresentam elevado conteúdo de<br />
mioglobina, o que lhes confere tonalidade avermelhada. Armazenam mais<br />
oxigênio e lipídeos, e menos glicogênio do que as fibras IIX, podendo, portanto,<br />
apresentar metabolismo glicolítico e oxidativo. Estão adaptadas ao metabolismo<br />
13
aeróbio devido ao conteúdo intermediário de mitocôndrias, que lhes proporciona<br />
resistência à fadiga e capacidade glicolítica moderada a baixa. Sua contração é<br />
rápida e sustentável por razoável período de tempo (PICARD et al., 1995;<br />
QUIROZ-ROTHE & RIVERO, 2001).<br />
2.6.3 Fibras tipo IIX<br />
As fibras IIX possuem metabolismo energético glicolítico e expressam a<br />
isoforma de cadeia pesada de miosina tipo IIX. Consomem glicose por meio do<br />
metabolismo anaeróbio com desenvolvimento de força maior do que aquela<br />
descrita para as fibras tipo I. A velocidade de contração das fibras tipo IIX é rápida,<br />
similar às fibras tipo IIA, porém não conseguem sustentar esta contração por muito<br />
tempo (BOTTINELLI et al., 1991). Segundo SWASH & SCHWARTZ (1981) e<br />
HILDEBRAND (1995), as fibras glicolíticas tipo IIX são pouco vascularizadas,<br />
apresentam baixa concentração de mioglobina e poucas mitocôndrias, pois o<br />
metabolismo aeróbio é menos importante.<br />
Com relação ao tamanho, são geralmente maiores que as fibras tipo I e IIA<br />
(PICARD et al., 1995). Apresentam extenso retículo sarcoplasmático que lhes<br />
permite rápida liberação de íons cálcio. Estão bem adaptadas para saltos, corridas<br />
e outros movimentos vigorosos e breves (PICARD et al., 1995; QUIROZ-ROTHE &<br />
RIVERO, 2001).<br />
2.7. Adaptações da musculatura esquelética<br />
O músculo pode ser considerado, dentre todos os tecidos, como um dos<br />
sistemas de maior capacidade adaptativa. Devido a sua plasticidade o tecido<br />
muscular é capaz de modificar suas características morfológicas e funcionais<br />
como resposta a diversos estímulos. Dentre os fatores que exercem influência<br />
14
sobre as características do tecido muscular destacam-se a idade, sexo,<br />
alimentação, função do músculo, hormônios, inervação, exercício, raça e genética<br />
(KARLSSON et al., 1999; BROCKS et al., 2000; LEFAUCHEUR et al., 2003).<br />
A capacidade máxima de interconversão entre os diferentes tipos de fibras<br />
é limitada, e depende de um estímulo adequado. Desta forma, o estímulo pode<br />
fazer uma fibra muscular, inicialmente adaptada para a contração rápida passar a<br />
expressar isoformas de contração lenta, tornando-se de contração lenta, e viceversa<br />
(GONDIM, 2005).<br />
2.7.1 Alimentação<br />
Segundo HAMBLETON et al. (1980) a adição de óleo como fonte de<br />
energia e a adaptação dos animais ao metabolismo lipídico produz efeito<br />
poupador de glicogênio, importante para o animal persistir no exercício. JONES et<br />
al. (1992) relataram que a suplementação com óleo promove aumento do<br />
armazenamento e redução da mobilização do glicogênio. Segundo estes<br />
pesquisadores, isto pode ser conseqüência da maior utilização dos ácidos graxos<br />
como substrato para a produção de energia, favorecendo a melhora da<br />
performance aeróbia e anaeróbia.<br />
2.7.2 Genética e Raça<br />
Durante o desenvolvimento embrionário dos mamíferos, as células<br />
musculares iniciais começam a expressar proteínas contráteis específicas antes<br />
do músculo ser inervado. Dessa forma, o fenótipo da fibra muscular aparenta ser<br />
uma propriedade geneticamente determinada da célula (HAYS &<br />
ARMBRUSTMACHER, 1999).<br />
15
Nos eqüinos, as diferenças individuais existentes em uma mesma raça,<br />
referentes à composição das fibras musculares, estão relacionadas com as<br />
características genéticas e fenotípicas (HODGSON et al., 1986; RIVERO et al.,<br />
1993a; SNOW & VALBERG, 1994; ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1980).<br />
As variedades na composição fibrilar de músculos podem ser observadas<br />
entre as raças. Essas diferenças estão relacionadas às características de<br />
desempenho, para as quais a raça foi selecionada. No cavalo, a distinção é mais<br />
evidente no músculo glúteo médio, um dos maiores e mais importantes músculos<br />
para a produção de força propulsora. Existem também variações na área das<br />
fibras e na capacidade oxidativa entre as raças e dentro delas (PETTE &<br />
STARON, 1997). Cada cavalo possui propensão genética para determinado tipo<br />
de atividade, que pode ser mais bem aproveitada se houver treinamento<br />
apropriado (LEWIS, 1995).<br />
As proporções das fibras do tipo I e do tipo II são estáveis dentro de uma<br />
raça (RIVERO et al., 1989). Segundo esses mesmos autores, a proporção média<br />
das fibras do tipo II é menor nos cavalos das raças American Trotter, Árabe e<br />
Andaluz em relação a animais da raça Puro Sangue Inglês.<br />
2.7.2 Inervação<br />
As propriedades de uma fibra em particular, são determinadas pela sua<br />
inervação, sendo que todas as fibras relacionadas com o mesmo neurônio motor<br />
possuem propriedades similares, mas não idênticas (SNOW & VALBERG, 1994).<br />
A inervação do músculo pode alterar os tipos de miofibrilas, como exemplo,<br />
após lesão de desnervação, a reinervação de fibras de contração lenta por<br />
neurônio motor de fibras de contração rápida faz com que as fibras lentas recéminervadas<br />
assumam as características de contração rápida. Acredita-se que o<br />
padrão ou o índice de descarga do neurônio motor inferior desempenhe papel<br />
importante nesse processo (HAYS & ARMBRUSTMACHER, 1999).<br />
16
2.7.3 Função do músculo<br />
Os músculos esqueléticos de eqüinos são compostos por diferentes tipos<br />
de fibras. As fibras musculares que realizam atividades em condições aeróbias se<br />
mesclam com as fibras de caráter metabólico anaeróbio ou intermediário. Em<br />
conseqüência, a distribuição e a proporção dessas fibras determinam o grau de<br />
especialização do músculo. Devido a este fato, as diferenças entre os músculos<br />
esqueléticos e função são determinadas pela presença e distribuição dos<br />
diferentes tipos de isoformas de proteínas contráteis e regulatórias das miofibrilas<br />
(PERRY, 1985).<br />
As fibras tipo I, de contração lenta, são ativadas em atividades que<br />
requerem a manutenção de atividade durante períodos prolongados, como as<br />
funções posturais ou exercício de resistência. Em contrapartida, as fibras tipo IIA<br />
estão associadas com atividades que requerem o desenvolvimento de forças<br />
rápidas e prolongadas. Enquanto que as fibras tipo IIX são ativadas quando se<br />
requer o desenvolvimento de forças rápidas e breves, portanto são recrutadas em<br />
exercícios de alta intensidade e curta duração (ALECKOVIC et al., 1989).<br />
Os músculos propulsores estão situados proximalmente à coxa e atuam em<br />
curtos períodos de tempo, possuem poucas fibras tipo I e maior porcentagem de<br />
fibras tipo II com grande velocidade de contração (ESSÉN-GUSTAVSSON et al.,<br />
1994; MAYORAL et al., 1999).<br />
2.7.4 Exercício ou treinamento<br />
As adaptações da musculatura esquelética durante o exercício e após um<br />
período de treinamento físico podem ser observadas de forma macroscópica,<br />
microscópica e bioquímica (ERIKSON, 1996).<br />
O exercício físico, espontâneo ou induzido, dependendo da duração,<br />
freqüência e intensidade, e pode gerar modificações na estrutura do tecido<br />
17
muscular (ESSÉN-GUSTAVSSON & LINDHOLM, 1985; RIVERO et al., 1993a,<br />
SUCRE et al., 1999).<br />
O exercício espontâneo é aquele que o animal realiza no desenvolvimento<br />
normal de suas atividades sem estar submetido a nenhum treinamento. Esse tipo<br />
de atividade física parece exercer efeito positivo sobre todos os músculos<br />
implicados no exercício, já que tende a incrementar ligeiramente o metabolismo<br />
oxidativo, aumentando a proporção das fibras oxidativas e conferindo maior<br />
tolerância ao estresse físico (ESSÉN-GUSTAVSSON & JENSEN WAERN, 1993).<br />
Outros pesquisadores afirmam que o exercício espontâneo não é suficiente para<br />
modificar as proporções dos diferentes tipos de fibras musculares (GENTRY et al.,<br />
2002).<br />
O efeito do exercício induzido, aquele produzido pela aplicação de<br />
treinamentos durante um período de tempo determinado, sobre a composição<br />
fibrilar é variável. Alguns pesquisadores relatam que o exercício de resistência,<br />
moderado e aeróbio produz aumento da capacidade aeróbia do músculo para<br />
gerar ATP (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1983; DEMIREL et al., 1999). Esta<br />
modificação ocorre mediante adaptações metabólicas fibrilares associadas ao<br />
aumento da atividade de enzimas implicadas no metabolismo oxidativo como,<br />
citrato sintetase (CS) e 3-OH-Acil-Coa desidrogenase (HAD), além do incremento<br />
na proporção de fibras oxidativas (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1983; RIVERO et<br />
al., 1999). Quando o exercício é anaeróbio ou de força, ocorre hipertrofia fibrilar<br />
(SALTIN & GOLLNICK, 1983), embora alguns autores não tenham encontrado<br />
evidencias de tal efeito (UHRIN & LIPTAJ, 1992).<br />
Os efeitos do exercício sobre a composição fibrilar são complexos e<br />
variáveis, dependem de vários fatores, incluindo o tipo de exercício (força e<br />
resistência), a intensidade e duração, o condicionamento físico prévio do<br />
indivíduo, o músculo estudado e a constituição genética.<br />
As alterações bioquímicas e fisiológicas produzidas resultam da adaptação<br />
dos componentes miofibrilares aos novos requerimentos de energia como<br />
resposta ao estresse metabólico que se origina nos músculos que participam<br />
18
ativamente no exercício. Entre essas adaptações se destaca o incremento da<br />
capacidade oxidativa das fibras musculares, através do aumento da atividade das<br />
enzimas que intervêem na β oxidação dos ácidos graxos, aumento da densidade<br />
mitocondrial e da capilarização (ESSÉN-GUSTAVSSON, 1996; SUCRE et al.,<br />
1999). GUYTON (2002) ressalta ainda, a hipertrofia e hiperplasia; aumento das<br />
enzimas mitocôndriais; aumento nos componentes do sistema metabólico do<br />
fosfanogênio (ATP e fosfocreatina); aumento das reservas de glicogênio e<br />
triglicerídeos. Como conseqüência ocorre melhoria na capacidade dos sistemas<br />
metabólicos, tanto anaeróbio como aeróbio, aprimorando especialmente a<br />
velocidade máxima de oxidação e a eficiência do sistema metabólico oxidativo.<br />
Segundo LINDNER et al. (2003), dentre os principais efeitos fisiológicos que<br />
o treinamento induz no músculo esquelético eqüino, se destacam a hipertrofia das<br />
fibras musculares, aumento da proporção de determinado tipo de fibras,<br />
conversão dos tipos de fibras, aumento da atividade das enzimas oxidativas,<br />
aumento da densidade mitocondrial, aumento da densidade capilar, aumento da<br />
atividade da enzima AMP desaminase, nulo ou pequeno efeito na atividade das<br />
enzimas anaeróbias, aumento moderado do conteúdo de glicogênio intramuscular,<br />
aumento do número de transportadores de glicose na membrana, aumento do<br />
número de transportadores de ácidos graxos livres na membrana, melhoria no<br />
transporte iônico através de membrana, aumento da capacidade de<br />
tamponamento do músculo.<br />
HENCKEL (1983) relata que o treinamento pode aumentar<br />
significativamente a área e o número médio de fibras. Admite-se que um número<br />
pequeno de fibras musculares que apresentam aumento da sua área possa<br />
fender-se ao meio, por todo comprimento, formando fibras inteiramente novas,<br />
aumentando assim, também o número de fibras (GUYTON, 2002).<br />
A realização de exercícios de alta velocidade, assim como o salto, requer<br />
potência, a qual está associada a presença de grandes massas musculares.<br />
Exercícios prolongados necessitam de oxigênio para o metabolismo energético,<br />
uma característica de músculos contendo elevada proporção de fibras pequenas<br />
19
(tipo I). O aumento da musculatura para obter maior potência é conseqüência do<br />
aumento no número e tamanho de fibras, estas alterações são controladas por<br />
fatores genéticos e pela intensidade de treinamento (LEWIS, 1995).<br />
LINDNER et al. (2003) observaram que as adaptações celulares<br />
corresponderam às alterações ultra-estruturais. Tais alterações têm sido<br />
interpretadas no cavalo como indicativos de aumento na capacidade aeróbia e de<br />
melhoria da resistência. Numerosos estudos têm demonstrado aumento da<br />
densidade mitocondrial no cavalo associado com diferentes tipos de treinamento e<br />
uma correlação positiva entre o número de fibras musculares com elevada<br />
capacidade oxidativa e o êxito competitivo em atividades de resistência (RIVERO,<br />
1997).<br />
As mensurações sangüíneas de lactato imediatamente após o exercício<br />
durante o treinamento mostraram que as concentrações deste metabólito são<br />
reduzidas com o desenvolver do treinamento. LINDNER et al. (2001),<br />
demonstraram que além do deslocamento para a direita da curva de lactato, à<br />
medida que ocorre melhoria do condicionamento físico em animais treinados em<br />
esteira rolante, também ocorrem modificações nas fibras musculares.<br />
A capacidade para realizar exercícios de baixa intensidade e longa duração<br />
está correlacionada com elevadas percentagens de fibras musculares de tipo I e<br />
IIA (RIVERO et al., 1993a), enquanto que exercícios de curta duração e alta<br />
velocidade estão relacionados a elevadas porcentagens de fibras tipo II (BARREY<br />
et al., 1999). Cavalos de resistência de elite apresentaram porcentagens mais<br />
altas de fibras do tipo I e IIA e porcentagens mais baixas de fibras do tipo IIX no<br />
músculo glúteo médio quando comparado a competidores comuns. Em eventos de<br />
resistência humana, diversos relatos equacionam uma alta proporção de fibras de<br />
contração lenta em músculos ativos em atletas competidores com desempenho<br />
superior. Ao contrário, os atletas corredores de curtas distâncias geralmente<br />
apresentam porcentagem maior de fibras musculares tipo IIB em seus músculos<br />
locomotores (BLANCO & PÉREZ, 2004).<br />
20
Animais submetidos a treinamento de resistência utilizam em maior<br />
proporção o metabolismo aeróbio para produção de energia (RONÉUS et al.,<br />
1994), o que mostra o papel preponderante das fibras oxidativas musculares na<br />
performance desses animais. Entretanto, as fibras glicolíticas também participam<br />
desta atividade, uma vez que, a medida que o trabalho se torna mais intenso,<br />
cada vez mais energia é fornecida por meio anaeróbio (WHITE & SNOW, 1987;<br />
SCHUBACK & ESSÉN-GUSTAVSSON, 1998).<br />
SERRANO et al. (2000) estudaram os efeitos de um programa de<br />
treinamento sobre os tipos de fibras musculares do músculo glúteo médio por<br />
meio de técnicas de eletroforese, histoquímica, imunohistoquímica e bioquímica.<br />
Após três meses de treinamento observaram diminuição significativa de fibras tipo<br />
IIX e aumento das fibras tipo IIA, enquanto a freqüência de fibras tipo I não foi<br />
alterada. A diminuição das fibras tipo IIX foi ainda maior após oito meses de<br />
treinamento.<br />
Exercícios de resistência em cavalos evocam significante transição dos<br />
tipos de fibras de contração rápidas para lenta (SERRANO et al., 2000). Segundo<br />
GONDIM (2005), quanto maior a porcentagem de isoformas dos tipos I e IIA,<br />
melhor poderá ser o desempenho em longas distâncias.<br />
Segundo ROSE (1986), uma das maiores e mais importantes adaptações<br />
ao treinamento de resistência é o aumento, no músculo esquelético, das<br />
concentrações de enzimas das vias associadas a β oxidação. Como resultado<br />
ocorre o aumento da capacidade de trabalho devido à grande oxidação das<br />
gorduras e a pequena utilização de glicogênio. Entretanto a duração do período de<br />
treinamento e a intensidade do exercício podem influenciar no perfil de atividade<br />
destas enzimas.<br />
21
2.8. Características do músculo glúteo médio<br />
O músculo glúteo médio, objeto de estudo no presente trabalho, está<br />
localizado na região da garupa do cavalo. Sua função é estender a articulação<br />
coxofemoral e abduzir a coxa (SISSON, 1986).<br />
No cavalo, o músculo glúteo médio possui grande importância na<br />
locomoção e tem sido utilizado em estudos da performance atlética para avaliar o<br />
grau de adaptação muscular ao treinamento, por ser o mais ativo em todos os<br />
andamentos. Sua localização facilita o acesso e o volume de sua massa é<br />
representativo (LINDHOLM & PIEHL, 1974; LINDHOLM & SALTIN, 1974; ESSÉN-<br />
GUSTAVSSON et al., 1989; BAYLY & HODGSON, 1991; RIVERO et al., 1993b).<br />
Apresenta grande atividade propulsora nos andamentos durante o exercício e<br />
ausência de grandes artérias, veias e nervos (HENCKEL, 1983; RIVERO et al.,<br />
1989).<br />
2.9. Fontes de energia para a contração muscular<br />
A energia para a contração muscular é oriunda da degradação do ATP pela<br />
mAPTase localizada na cabeça da miosina. A degradação do ATP em ADP + Pi e<br />
a liberação de energia servem para energizar as pontes cruzadas de miosina, que<br />
por sua vez deslocam as moléculas de actina sobre a miosina, encurtando o<br />
músculo (POWERS & HOWLEY, 2000).<br />
A manutenção da contração muscular requer o fornecimento de uma<br />
quantidade de energia química cerca de quatro vezes maior durante o exercício do<br />
que no repouso. Esta demanda energética é suprida pela síntese de ATP<br />
realizada principalmente a partir da fosfocreatina, glicólise anaeróbia, β oxidação e<br />
fosforilação oxidativa (BALDISSERA, 1997; POWERS & HOWLEY, 2000).<br />
Todos os exercícios utilizam em primeiro momento a energia armazenada<br />
nos estoques intramusculares de ATP e creatina fosfato, fase esta chamada de<br />
22
alática da produção anaeróbia de energia. Inicialmente estes estoques de ATP<br />
são restabelecidos pela via glicolítica e posteriormente pela via aeróbia, sendo que<br />
esta última utiliza primeiramente o glicogênio e em seguida os lipídeos como<br />
substratos (SPURWAY, 1992).<br />
A via predominante em determinado momento depende em parte da<br />
intensidade do exercício e em parte da duração do mesmo. MUÑOZ et al. (1999)<br />
ressaltam que a via glicolítica é um mecanismo importante para geração de<br />
energia muscular durante o exercício em eqüinos, principalmente em esforços de<br />
alta intensidade e curta duração.<br />
Nos exercícios de longa duração e baixa intensidade o fornecimento de<br />
energia é realizado preferencialmente pelas vias do ácido tricarboxílico e β<br />
oxidação pelas vias metabólicas aeróbias e, alternativamente, pela via glicolítica,<br />
anaeróbia (HODGSON et al., 1985, ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1989).<br />
Animais submetidos a treinamento de resistência utilizam em maior<br />
extensão o metabolismo aeróbio para produção de energia (RONÉUS et al.,<br />
1994), o que mostra serem as fibras oxidativas musculares de papel<br />
preponderante na performance desses animais. Entretanto, as fibras glicolíticas<br />
também o são, já que em trabalhos mais intensos também utilizam o metabolismo<br />
anaeróbio como fonte de energia (WHITE & SNOW, 1987; SCHUBACK & ESSÉN-<br />
GUSTAVSSON, 1998).<br />
As fibras tipo I tendem a depender amplamente do metabolismo aeróbio da<br />
glicose e de ácidos graxos para obtenção de energia. As fibras do tipo II derivam<br />
energia principalmente da glicose anaeróbia tendo o glicogênio como substrato<br />
principal. Tais fibras se tornam fatigadas mais rapidamente, porém são capazes<br />
de realizar contrações rápidas e, portanto, são encontradas em elevadas<br />
proporções nos grupos musculares que movem rapidamente os membros<br />
(SANTOS, 2002).<br />
SNOW et al. (1981) estudando o glicogênio em um grupo de cavalos<br />
participantes de uma competição de enduro, relacionaram o desempenho dos<br />
animais e a composição das fibras musculares do músculo glúteo médio.<br />
23
Observaram que, os animais com alta proporção de fibras tipo I e adequado<br />
estoque de glicogênio muscular apresentaram melhor desempenho na competição<br />
de enduro de 80km.<br />
2.10. Produção de Lactato<br />
Com o aumento da intensidade do exercício há primeiramente elevação<br />
discreta das concentrações sangüíneas ou plasmáticas de lactato, mas ao se<br />
atingir determinada intensidade de esforço ocorre repentina elevação do lactato,<br />
formando um ponto de inflexão na curva lactato-velocidade. Este ponto é referido<br />
como limiar anaeróbio ou início do acúmulo de lactato no sangue, e geralmente<br />
ocorre quando a concentração de lactato alcança entre 2 e 4mmol/L (NIMMO &<br />
SNOW, 1982).<br />
O lactato produzido pela via glicolítica e não aproveitado pela fosforilação<br />
oxidativa mitocondrial possui dois destinos no organismo, acumula-se no próprio<br />
músculo ou se difunde para o sangue. Difundido para o sangue, o lactato é<br />
carreado para o fígado, coração e outras fibras musculares, onde é metabolizado<br />
aerobiamente ou ressintetizado a novas unidades de carboidratos (SPURWAY,<br />
1992). O lactato que não é dissipado das fibras acumula-se continuamente,<br />
excedendo a capacidade de tamponamento físico-químico e de transporte de íons<br />
H+ das células. Sendo assim, o pH intracelular diminui, afetando tanto o processo<br />
de contração como mecanismos que regulam a remoção de ADP nos sítios das<br />
pontes cruzadas, localizadas entre a actina e a miosina. A falência da homeostase<br />
ATP/ADP é o maior desafio para a continuidade da excitação, e a conseqüente<br />
contração muscular. O mesmo autor ressalta que, não se sabe ao certo se a<br />
queda de pH dentro da fibra muscular é o único mecanismo da fadiga muscular,<br />
entretanto, sabe-se que esta queda contribui decisivamente para a parada do<br />
exercício.<br />
24
O limiar anaeróbio vem sendo utilizado para a determinação da intensidade<br />
do exercício em programas de treinamento de cavalos atletas (EVANS et al.,<br />
1993; TRILK et al., 2002). O limiar anaeróbio individual se baseia na cinética do<br />
lactato plasmático durante exercício com cargas progressivas (STEGMANN et al.,<br />
1981).<br />
O Ponto de Lactato Mínimo (Lacmin) consiste do momento em que a<br />
concentração de lactato plasmática é mínima antes de um exercício com cargas<br />
progressivas e após indução de acidose lática. Inicialmente, estimula-se acidose<br />
láctica colocando o animal para percorrer 4km em velocidade intensa. Quando a<br />
concentração de lactato estiver alta, a intensidade do exercício é diminuída. O<br />
lactato vai sendo metabolizado e sua concentração começa a diminuir. O animal é<br />
submetido a teste de velocidades progressivas, a velocidade na qual a<br />
concentração de lactato (que está caindo após a acidose provocada) apresentar<br />
uma inflexão e voltar a subir é considerado o limiar anaeróbio (TEGTBUR et al.,<br />
1993).<br />
A metabolização acentuada de glicose, durante a glicólise; assim como a<br />
mobilização acentuada de fibras do tipo IIX acaba produzindo quantidade<br />
excessiva de lactato superando a capacidade de remoção. Cavalos de enduro<br />
apresentam elevações de apenas duas a três vezes no lactato após uma<br />
competição de intensidade submáxima (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1984);<br />
enquanto aumentos de até 40 vezes foram registrados após exercício de máxima<br />
intensidade (LINDHOLM & SALTIN, 1974).<br />
Há alguns anos pensava-se que o aumento da intensidade do exercício<br />
levaria ao ponto no qual uma quantidade insuficiente de oxigênio estaria<br />
disponível para a fosforilação oxidativa e moléculas de NADH2 seriam reoxidadas<br />
através da transformação do piruvato em lactato, gerando acúmulo deste último no<br />
músculo e posteriormente no sangue. Este modelo apontava o déficit de oxigênio<br />
como principal fator para o acúmulo de lactato muscular e sanguíneo (MYERS &<br />
ASHLEY, 1997). Apesar de alguns pesquisadores sustentarem tal modelo<br />
(WASSERMAN et al., 1999), trabalhos recentes apontam não somente a falta de<br />
25
oxigênio, mas o aumento do fluxo da glicose e o recrutamento de fibras<br />
musculares que produzem energia pela via anaeróbia como mecanismos<br />
responsáveis pelo acúmulo de lactato (ANTONUTTO & DI PRANPERO, 1995;<br />
BILLAT, 1996).<br />
2.11. Causas de limitação no desempenho<br />
São inúmeras as causas de exaustão que se desenvolvem em cavalos que<br />
realizam provas de resistência. As diminuições nas reservas de energia<br />
constituem fatores importantes de exaustão que se manifestam no transcorrer dos<br />
eventos eqüestres. A fadiga pode ocorrer devido à diminuição das reservas de<br />
glicogênio das fibras musculares e não ao declínio de glicose circulante (ESSÉN-<br />
GUSTAVSSON et al., 1984, VALBERG, 1986).<br />
A acidose muscular decorrente do acúmulo de lactato pode impedir a<br />
glicólise e a capacidade respiratória da mitocrôndria e, ambas podem estar<br />
associadas ao declínio do ATP muscular (NIMMO & SNOW, 1982).<br />
A fadiga muscular está diretamente relacionada ao desajuste entre a<br />
produção e a metabolização do ATP (POWERS & HOWLEY, 2000).<br />
Os problemas musculares são causas comuns de déficit no rendimento<br />
atlético do cavalo. Os músculos mais freqüentemente afetados em cavalos de<br />
esporte são os glúteos e a musculatura lombar (RIVERO et al., 1999).<br />
2.12. Importância da técnica de biópsia percutânea<br />
A técnica de biópsia por agulha percutânea foi introduzida por Bergström<br />
em 1962 e desde 1974 tem sido aplicada para o músculo esquelético de cavalos<br />
(LINDHOLM & PIEHL, 1974). As informações adquiridas em análises do músculo<br />
esquelético têm auxiliado no diagnóstico e prognóstico de afecções musculares,<br />
26
na avaliação do treinamento atlético e na compreensão das adaptações que<br />
ocorrem em decorrência do treinamento (WHITE & SNOW, 1987; SNOW &<br />
VALBERG, 1994).<br />
A técnica de biópsia muscular utilizando a agulha percutânea é simples e<br />
pode ser realizada durante o período de treinamento sem causar complicação ou<br />
efeito negativo no rendimento do cavalo, sendo bem aceita pelo proprietário do<br />
animal (LINDHOLM & PIEHL, 1974; SNOW & GUY, 1976; SNOW & VALBERG,<br />
1994; RIVERO et al., 1999). Essa técnica constitui excelente ferramenta na<br />
avaliação do potencial atlético do cavalo, sendo bastante utilizada na medicina<br />
esportiva eqüina (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1984; HODGSON & ROSE, 1987;<br />
RIVERO et al.,1995a,b).<br />
Investigações realizadas em diferentes raças têm demonstrado que regiões<br />
mais profundas do músculo glúteo médio possuem maior porcentagem de fibras<br />
tipo I, enquanto as regiões mais superficiais têm maior porcentagem de fibras do<br />
tipo II (KLINE et al., 1987; RIVERO et al., 1993b, ISLAS et al., 1996). Segundo<br />
SERRANO & RIVERO (2000) regiões profundas (proximais) do músculo possuem<br />
grande porcentagem de fibras tipo I que são recrutadas para postura e<br />
manutenção e, altas proporções são encontradas em atividades de longa duração.<br />
Em contrapartida, maiores proporções de fibras tipo IIX, de partes superficiais<br />
(distais) do músculo, indicam que esta região é mais envolvida com exercícios de<br />
curta duração e alta intensidade.<br />
LEXELL et al. (1983) relataram que para se ter representação adequada do<br />
músculo e minimizar os erros, é necessário realizar biópsia em diferentes<br />
profundidades e analisar no mínimo 150 fibras por amostra.<br />
RIVERO et al. (1993b) não encontraram diferenças quanto às<br />
características musculares contra laterais em cavalos.<br />
Para superar o problema da grande variação na percentagem dos tipos de<br />
miofibrilas, o ideal é que a coleta do músculo glúteo médio seja feita sempre na<br />
mesma profundidade (SNOW & GUY, 1980; RIVERO et al., 1993a,b; RIVERO et<br />
al., 1995b). De acordo com SERRANO & RIVERO (2000), as variações que<br />
27
existentes nesta profundidade podem ser provocadas pelo efeito do treinamento<br />
de baixa intensidade e longa duração.<br />
Para examinar o efeito de coletas repetidas no mesmo local do músculo,<br />
LINDNER et al. (2002) coletaram fragmentos do músculo glúteo médio direito e<br />
esquerdo nas profundidades de 20 e 60 mm, utilizando a técnica descrita por<br />
LINDHOLM & PIEHL (1974). Cada lado do músculo foi biopsado três vezes em um<br />
intervalo de sete semanas. Esses autores comprovaram que, quando se coleta<br />
várias amostras nesse intervalo permite-se à constituição completa do músculo.<br />
Dessa forma, não há prejuízo para avaliação das variáveis musculares. Após a<br />
ocorrência de injúria, observa-se que o tecido muscular apresenta excelente<br />
capacidade de reparação. Esta habilidade de regeneração está relacionada à<br />
extensão da necrose, a preservação da inervação e do suprimento sanguíneo na<br />
área e o grau de integridade do sarcolema da fibra muscular. Quando o trauma<br />
não danifica a lâmina basal e o plasmalema das miofibrilas, é possível a reparação<br />
completa (RIVERO et al., 1999; LINDNER et al., 2002).<br />
28
III. MATERIAL E MÉTODOS<br />
3.1. Animais<br />
Foram utilizados 20 eqüinos PSA e cruza Árabe, 13 éguas e sete machos<br />
castrados, com peso entre 314 e 418kg e idades variando entre quatro e 11 anos,<br />
pertencentes a propriedades particulares e ao Departamento de Clínica e Cirurgia<br />
Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) - UNESP,<br />
campus de Jaboticabal.<br />
Os animais permaneceram confinados em baias individuais no Setor de<br />
Eqüideocultura desta faculdade, dispondo de sal mineral e água à vontade, e feno<br />
de Cynodon dactylon de acordo com a proporção 60:40 (volumoso:concentrado)<br />
para um consumo de matéria seca de 2% do peso vivo. Adicionalmente,<br />
receberam concentrados em cochos individuais duas vezes ao dia, formulados<br />
com 0, 6, 12, 18 e 24% de óleo de soja refinado, fubá de milho, farelo de soja,<br />
fosfato bicálcico, calcário e premix mineral e vitamínico (Apêndice -Tabela 15). O<br />
consumo de energia e nutrientes foi proporcional ao peso metabólico (P 0,75 kg) de<br />
cada animal, seguindo a exigência para cavalo de 370kg submetidos a exercício<br />
moderado de acordo com o NRC (1989). Os animais foram soltos em piquetes de<br />
Cynodon dactylon uma vez por semana.<br />
Antes do período experimental os animais foram submetidos a exame<br />
físico para avaliação da higidez, dando-se destaque à integridade do sistema<br />
locomotor (TAYLOR & HILLYER, 1997). Utilizou-se eqüinos sadios, em boas<br />
condições nutricionais e após passarem por programas de desverminação,<br />
combate a ectoparasitas e vacinação.<br />
Os animais foram submetidos a treinamento de equitação e adaptação ao<br />
manejo e a esteira, durante período de 15 dias consecutivos. Neste período foi<br />
fornecido o concentrado experimental com 0% de óleo. Posteriormente, os 20<br />
eqüinos foram distribuídos em cinco grupos de acordo com a dieta alimentar,<br />
29
sendo cada grupo composto de quatro cavalos. O critério de distribuição foi feito<br />
em função do sexo e idade, na tentativa de formar grupos homogêneos. O grupo<br />
controle não recebeu óleo e os demais grupos foram suplementados com 6, 12, 18<br />
e 24% de óleo de soja (Tabela 1). O óleo foi adicionado aos concentrados no<br />
momento do fornecimento, evitando-se assim a possível rancificação na<br />
armazenagem devido ao alto teor de extrato etéreo (EE). A composição dos<br />
concentrados experimentais utilizados está relacionada na Tabela 15 (Apêndice).<br />
Tabela 1. Distribuição dos animais em grupos experimentais com base na dieta<br />
alimentar fornecida (0, 6 12, 18 e 24 % de adição de óleo).<br />
Grupos Animal Óleo (%) Sexo Idade (anos)<br />
1 0 F 6<br />
0<br />
2<br />
3<br />
0<br />
0<br />
F<br />
M<br />
7<br />
11<br />
4 0 F 4<br />
5 6 F 6<br />
6<br />
6<br />
7<br />
6<br />
6<br />
F<br />
M<br />
7<br />
9<br />
8 6 M 8<br />
9 12 F 6<br />
12<br />
10<br />
11<br />
12<br />
12<br />
F<br />
M<br />
6<br />
7<br />
12 12 M 11<br />
13 18 F 6<br />
18<br />
14<br />
15<br />
18<br />
18<br />
F<br />
M<br />
6<br />
12<br />
16 18 F 8<br />
17 24 F 5<br />
24<br />
18<br />
19<br />
24<br />
24<br />
F<br />
M<br />
5<br />
7<br />
20 24 F 11<br />
F; fêmea, M: macho.<br />
30
3.2. Teste para determinação da curva velocidade-lactato<br />
Com o propósito de avaliar o condicionamento físico dos animais e<br />
determinar a intensidade do treinamento em esteira 1 foram realizados dois tipos<br />
de exercícios testes, denominados velocidade-lactato e Lacmim.<br />
O teste velocidade-lactato consistiu em um período de aquecimento de dois<br />
minutos a 1,7 m/s e cinco minutos a 4,0 m/s com 0% inclinação. Em seguida a<br />
esteira foi inclinada a 10%, com velocidade inicial de 4,0 m/s e, a cada 2 minutos a<br />
velocidade foi acrescida em 1,0 m/s. A velocidade final foi determinada pelo<br />
momento no qual o animal demonstrava sinais de fadiga, como desconcentração,<br />
sudorese intensa, abaixamento da cabeça e cansaço tendendo a não acompanhar<br />
a esteira rolante, se deslocando para trás. Após este período, o animal foi<br />
submetido ao desaquecimento durante 15 minutos a 1,7 m/s, objetivando sua<br />
recuperação.<br />
Foi realizado também o teste para a determinação do limiar anaeróbio pelo<br />
Ponto de lactato mínimo - Lacmim (TEGTBUR et al., 1993). Este teste consistia de<br />
5 minutos de aquecimento a 4m/s com a esteira sem inclinação, depois, galope a<br />
9m/s com inclinação de 10% até que a concentração sangüínea de lactato<br />
atingisse 8mmol/L. Para esta determinação foi realizada a coleta de sangue a<br />
cada minuto. Após esta etapa, foi realizado o desaquecimento a velocidade de<br />
3,5m/s até que concentração sangüínea de lactato reduzisse em 50% do pico<br />
máximo. Na fase seguinte, inclinava-se a esteira a 5% na velocidade de 4m/s. A<br />
cada dois minutos a velocidade foi aumentada em 1m/s e mensurado o lactato<br />
sangüíneo até ocorrer dois aumentos consecutivos na lactacidemia. Teste<br />
finalizado, realizou-se novo desaquecimento de 3 minutos a 3,5m/s, seguido de<br />
5min a 1,7m/s. O limiar anaeróbio foi calculado no ponto mínimo da curva da<br />
concentração sangüínea de lactato. O valor obtido no teste de Lcmim determinou<br />
a velocidade no estágio 5 do protocolo de treinamento em esteira (Tabela 2).<br />
________________________________<br />
1 Esteira Galloper 5500 - Sahinco LTDA, Palmital, SP, Brasil.<br />
31
3.3. Programa de treinamento<br />
Os cavalos trabalharam seis dias por semana, intercalando exercício na<br />
esteira rolante e na trilha em dias alternados. Metade dos animais foi treinado pela<br />
manhã na esteira rolante e a outra metade, montados no período da tarde, em<br />
trilha.<br />
O protocolo de treinamento na esteira rolante está descrito na tabela 2. No<br />
estágio 5 do trabalho na esteira utilizou-se 80% da velocidade correspondente ao<br />
limiar anaeróbio, observado para cada cavalo no teste de Lacmim.<br />
O exercício em trilha foi realizado a velocidade média de 9km/h durante<br />
duas horas consecutivas, em que os animais realizavam sempre o mesmo<br />
percurso. O programa de treinamento foi o mesmo para todos os animais. No dia<br />
de descanso permaneciam soltos em piquete.<br />
Tabela 2. Protocolo de treinamento dos eqüinos na esteira rolante.<br />
Estágio Tempo (min) V (m/s) Espaço (m)<br />
1 2 1,7 204<br />
2 4 5 1200<br />
3* 10 4 2400<br />
4 2 4 480<br />
5* 10 (6-7) # 3600-4200<br />
6 2 3 360<br />
7 7 5 2100<br />
8 3 1,7 306<br />
Total 35 10650-11250<br />
* inclinação de 5%<br />
# 80% da velocidade encontrada para o limiar anaeróbio no Teste de Lacmim<br />
32
3.4. Determinação do peso e escore corporal<br />
O peso corporal foi mensurado em balança específica para grandes<br />
animais 1 . A avaliação do escore corporal foi realizada segundo HENNEKE et al.<br />
(1983), a partir da visualização e palpação das regiões zootécnicas tais como:<br />
pescoço, costela, cernelha, paleta, escápula, processos espinhosos lombares,<br />
glúteos e base da cauda; atribuindo valores através de uma escala pontuada de 1<br />
a 9, onde 1 é considerado extremamente magro e 9, extremamente gordo (Tabela<br />
15), independente do tamanho e conformação do animal. Ambos os parâmetros<br />
foram determinados antes e após o término do treinamento de sete semanas.<br />
3.5. Colheita de amostras musculares<br />
Para a análise muscular foi selecionado o músculo esquelético glúteo<br />
médio, por participar ativamente da locomoção e ser um dos mais importantes<br />
músculos para a produção de força propulsora.<br />
Amostras do músculo glúteo médio foram colhidas dos animais em tronco<br />
de contenção específico para eqüinos, em posição quadrupedal. As colheitas<br />
foram efetuadas de acordo com a metodologia preconizada por LINDHOLM &<br />
PIEHL (1974) e VALETTE et al. (1999), utilizando a agulha de biópsia percutânea<br />
do tipo Bergström nº 6.0 (Figura 1). As amostragens foram realizadas no lado<br />
esquerdo da garupa dois dias antes do início do treinamento e ao término deste<br />
(sete semanas após).<br />
_____________________<br />
1 Perfecta, São Paulo.<br />
33
a<br />
Figura 1. Agulha de biópsia muscular tipo Bergström 6,0mm ( Kruise).<br />
(a) agulha guia contendo uma abertura;<br />
(b) cilindro cortante;<br />
(c) mandril.<br />
O local de inserção da agulha adotado foi o sugerido por LINDHOLM &<br />
PIEHL (1974), o qual se localiza no terço médio cranial de uma linha imaginária<br />
que se estende da tuberosidade coxal à base da cauda. Para tanto, realizou-se<br />
tricotomia de uma área de aproximadamente 5cm 2 , correspondente à região do<br />
músculo glúteo médio. Foi realizada a limpeza da região, utilizando gaze estéril<br />
embebida em solução de iodopovidine 1 e posteriormente embebida em solução de<br />
álcool iodado. Em seguida, foi realizado o bloqueio anestésico local, mediante a<br />
infiltração de 1mL de Cloridrato de lidocaína 2% sem vasoconstrictor 2 por via<br />
subcutânea. Dois minutos após a realização da anestesia local, realizou-se a antisepsia<br />
com solução de álcool-iodado e procedeu-se uma incisão na pele, tecido<br />
subcutâneo e fáscia glútea, utilizando lâmina de bisturi descartável nº 22, em<br />
seguida promoveu-se hemostasia compressiva utilizando gaze estéril.<br />
_____________<br />
1 Asteriodine, ASTER, São Paulo, SP.<br />
2 Lidostesim ® SV, DENSPLY, Catanduva, SP.<br />
b<br />
c<br />
34
Introduziu-se a agulha acoplada ao cilindro cortante com a janela fechada,<br />
b<br />
ambos previamente esterilizados, em um ângulo de 90º, na incisão promovida<br />
pela lâmina de bisturi, até aproximadamente 6,0 cm de profundidade, para atingir<br />
o músculo glúteo médio. Em seguida, o cilindro cortante foi suspenso, permitindo a<br />
abertura da janela de corte e procedeu-se o deslocamento lateral na agulha,<br />
pressionando lateralmente contra a massa muscular descrevendo um ângulo de<br />
45º, então, introduziu-se o cilindro cortante para a realização do corte do<br />
fragmento muscular (Figura 2).<br />
35
a<br />
c<br />
e<br />
Figura 2. Procedimentos para colheita da amostra muscular.<br />
(a) Local da tricotomia (área de 25cm 2 aproximadamente),<br />
(b) infiltração do anestésico local,<br />
(c) botão anestésico,<br />
(d) incisão de pele,<br />
(e) local incisado,<br />
(f)* inserção da agulha de biópsia muscular na incisão de pele. A<br />
agulha possui marcações externas para auxiliar na colheita da<br />
amostra na profundidade adequada.<br />
__________<br />
*Foto cedida por D’ANGELIS, 2004.<br />
a<br />
b<br />
d<br />
f<br />
36
Foram coletadas duas amostras consecutivas do músculo glúteo médio<br />
através da mesma incisão no lado esquerdo da garupa de cada animal. As<br />
amostras destinadas às análises histoquímicas foram colhidas com a abertura da<br />
agulha direcionada medialmente e amostras destinadas à análise bioquímica<br />
foram colhidas com a abertura direcionada lateralmente. Após a colheita da<br />
amostra, a agulha foi retirada cuidadosamente e realizou-se a hemostasia<br />
comprimindo-se manualmente a ferida cirúrgica com gaze estéril. A lesão foi<br />
tratada com pomada cicatrizante e repelente 1 uma vez ao dia, até a cicatrização<br />
(Figura 3).<br />
a<br />
Figura 3. Ilustração da ferida cirúrgica.<br />
a. lesão imediatamente após a colheita das amostras;<br />
b. curativo realizado subseqüentemente.<br />
_________________<br />
1 Ungüento Person®, Saúde Animal Ltda, Rio de Janeiro, RJ.<br />
b<br />
37
3.6. Processamento das amostras musculares<br />
As amostras musculares obtidas do músculo glúteo médio (Figura 4)<br />
destinadas à análise histoquímica foram resfriadas dois minutos após a colheita,<br />
mediante a imersão em hexano 2 por 30 segundos, em seguida imersas em<br />
nitrogênio líquido a -196ºC. As amostras destinadas à quantificação de glicogênio<br />
na fibra muscular, foram imediatamente imersas em nitrogênio líquido. Ambas<br />
foram armazenadas em freezer a -70°C até o momento da análise laboratorial.<br />
Figura 4. Amostra muscular no interior da abertura da agulha.<br />
_____________<br />
2 Hexano P.A. Synth, Diadema, SP.<br />
38
3.7. Análises Histoquímicas<br />
Foram realizadas quatro secções transversais seriadas com 12µm de<br />
espessura das amostras musculares, em criostato 1 à -20°C. Os cortes foram<br />
dispostos em lâminas histológicas, as quais permaneceram armazenadas em<br />
freezer a temperatura de -20°C até o momento da realização das análises<br />
musculares no laboratório de Farmacologia do Departamento de Morfologia e<br />
Fisiologia Animal da FCAV - UNESP, campus de Jaboticabal, São Paulo.<br />
3.7.1. Adenosina Trifosfatase Miofibrilar (mATPase)<br />
A atividade enzimática da mATPase foi utilizada para identificar e distinguir<br />
os tipos de fibras musculares puras por meio da velocidade de contração destas.<br />
A técnica utilizada para essa análise foi uma adaptação do método de coloração<br />
metacromática da atividade ATPase em miofibras, descrito por OLGIVIE &<br />
FEEBACK (1990), utilizando alguns passos recomendados por GUTH & SAMAHA<br />
(1970) e ENNION et al. (1995) e, empregada com sucesso por D’ANGELIS et al.<br />
(2005).<br />
As lâminas contendo os cortes musculares foram mantidas à temperatura<br />
ambiente durante 35 minutos, para secagem e aderência dos mesmos à lâmina<br />
histológica. Os cortes foram fixados por 6 minutos à temperatura de 22 a 24°C em<br />
solução de formalina tamponada a 5% e pH 7,3 contendo 0,17M de cloreto de<br />
sódio, 336 mm de sacarose e 0,13M de cacodilato de sódio. Posteriormente,<br />
foram lavados três vezes em solução tampão Tris base 21 mM pH 7,8 contendo<br />
3,4 mM de cloreto de cálcio (GUTH & SAMAHA, 1970). Em seguida, foram préincubados<br />
em meio ácido (pH 4,50 a 4,55) contendo 52 mM de acetato de<br />
potássio e 17,7 mM de cloreto de cálcio durante 5 minutos à temperatura de 22 a<br />
24°C (OLGIVIE & FEEBACK, 1990). Os cortes foram lavados, utilizando o mesmo<br />
____________<br />
1 Mícron GmbH – H1599 OM, 69190, Walldorf, Alemanha.<br />
39
tampão conforme descrito anteriormente, e incubados segundo o procedimento<br />
descrito por ENNION et al. (1995), em meio alcalino (pH 10,50 a 10,55) contendo<br />
40 mM de glicina, 20 mM de cloreto de cálcio e 2,5 mM de ATP1 em estufa a 37°C<br />
durante 25 minutos. Após esses procedimentos, foram lavados rapidamente em<br />
água destilada e incubados em solução aquosa de cloreto de cálcio 1% por três<br />
minutos. Em seguida, foram novamente lavados em água destilada, corados com<br />
azul de toluidina 1% durante 10 segundos, desidratados em séries crescentes de<br />
etanol (70, 80, 90, 100 e 100%), diafanizados em três séries de xilol 100% e<br />
montados em lamínulas com entelan (OLGIVIE & FEEBACK, 1990).<br />
3.7.2 Nicotinamida adenina dinucleotídeo tetrazólio redutase<br />
A NADH-TR foi realizada para determinar o metabolismo oxidativoglicolítico<br />
dos diferentes tipos de fibras musculares de eqüinos.<br />
Utilizou-se como marcador do padrão oxidativo, a enzima nicotinamida<br />
adenina dinucleotideo desidrigenase (NADH). A técnica consiste em incubar a<br />
amostra muscular em solução que contêm a enzima NADH e NBT (Nitro blue<br />
tetrazolium) para formar o complexo NADH-TR (RYAN, 1992).<br />
As lâminas contendo os cortes musculares foram mantidas à temperatura<br />
ambiente durante 20 minutos, para secagem e aderência dos mesmos a lâmina<br />
histológica. Os cortes foram incubados durante 40 minutos em estufa a 37°C em<br />
solução contendo 8 mg de NADH-TR, 10 mg NBT e 10 mL de tampão Tris 0,2M<br />
pH 7,4 (1,2114g Tris em 50 mL de água destilada). Em seguida, foram lavados em<br />
água destilada três vezes. Posteriormente, foram fixados em formol 5%<br />
tamponado pH 7,0, durante cinco minutos. Seguido de lavagem em água<br />
destilada, desidratação em etanol, diafanização em xilol e montagem com<br />
entelam, conforme descrito anteriormente para mATPase.<br />
____________<br />
1 Sigma Aldrich, Química do Brasil Ltda, São Paulo, SP.<br />
40
3.8. Análises morfométricas<br />
As análises morfométricas foram realizadas no laboratório de análises de<br />
imagens do Departamento de Anatomia da Faculdade de Veterinária,<br />
Universidade de Córdoba, Córdoba, Espanha.<br />
Dois cortes histológicos corados mediante as técnicas histoquímicas, foram<br />
digitalizados em campos idênticos a partir da realização de fotomicrografias de<br />
cada secção utilizando o sistema de processamento de imagens computadorizado<br />
equipado com microscópio Leica DMLS 1 acoplado a câmara Leica ICC A de alta<br />
resolução 1 .<br />
A freqüência e área média de secção transversal de cada tipo de fibra<br />
foram obtidas utilizando o programa de análises de imagens 2 .<br />
A freqüência média foi considerada como a porcentagem do número total<br />
de fibras. A área média de secção transversal das fibras foi medida em µm 2 , a<br />
partir da mensuração de cada tipo de fibra muscular. Foram mensuradas entre<br />
100 e 200 fibras por amostra (total de dois campos analisados).<br />
A área relativa (%) que cada tipo de fibra ocupa em uma amostra de<br />
músculo foi calculada multiplicando por 100, o resultado da divisão entre a<br />
porcentagem do tipo de fibra multiplicada pela área média de secção transversal<br />
deste tipo de fibra e a somatória resultante ao aplicar a fórmula para todos os tipos<br />
de fibras (SULLIVAN & ARMSTRONG, 1978; RIVERO et al., 1993a).<br />
____________<br />
1 Leica Microsistemas, Barcelona, Espanha<br />
2 Visiolog 5, Noemi, Microptic, Barcelona, Espanha.<br />
41
3.9. Determinação do glicogênio total<br />
A quantificação do glicogênio total presente nas fibras musculares foi<br />
realizada segundo a metodologia preconizada por MOON et al. (1989) com<br />
algumas adaptações.<br />
Adicionou-se 1ml de solução de ácido perclórico 6% à 50-100mg da<br />
amostra muscular. Homogeneizou-se imediatamente utilizando-se o sonicador,<br />
assegurando-se que todo tecido estivesse macerado. Em seguida, foi realizada a<br />
neutralização pela adição de X µL * de K2CO3 3M. As amostras neutralizadas foram<br />
centrifugadas a 3000g por 15 minutos a 10-12 o C em centrífuga refrigerada 1 . O<br />
sobrenadante foi desprezado, agitou-se e retirou-se 100µL do homogeneizado<br />
neutralizado. Realizou-se o mesmo procedimento com o branco (tampão citrato) e<br />
com os padrões (P50, P150, P300 e P600). Acrescentou-se 200µL de<br />
amiloglicosidase e incubou-se à temperatura ambiente por 1 hora. Em seguida,<br />
adicionou 300µL de ácido perclórico 6%. Agitou e neutralizou pela adição de YµL *<br />
de K2CO3 2,25M, agitando-se novamente. Centrifugou em centrífuga refrigerada a<br />
2250xg por 10 minutos a 10-12 o C. Adicionou-se 1ml do meio de análise de glicose<br />
(Kit Labtest) à 20µL do sobrenadante neutralizado (amostras e padrões) e<br />
incubou-se por 18 minutos. A leitura foi realizada em espectofotômetro a 505 nm.<br />
O cálculo do glicogênio presente nas amostras musculares foi efetuado a<br />
partir da fórrmula abaixo:<br />
∑<br />
∑<br />
[ P]<br />
Leit.<br />
Amostra<br />
% = x Leitura Peso músculo amostra x1,<br />
XXXx0,<br />
001<br />
Leit.<br />
P PesoFígado<br />
∑ [ padrões] x Leitura amostra x 1, XXX x 0,001<br />
∑ Leitura padrões Peso músculo<br />
O valor de XXX = volume de K2CO3 3M utilizado para neutralização.<br />
1<br />
Centrífuga ALC, PK121K , Itália.<br />
O volume de K2CO3 3M ou 2,25M a ser adicionado depende do momento do preparo do reagente. Ao se<br />
preparar uma nova solução de ácido peclórico e/ou K2CO3, o volume para a neutralização deve ser checado e<br />
o cálculo refeito, se necessário.<br />
42
Para as formulações dos reagentes utilizou-se: tampão citrato (21,0g de<br />
ácido cítrico em 1000mL de água deionizada; 5,5 a 6,0g de NaOH em pastilhas pH<br />
para 4,0-4,4); ácido perclórico 6% (10mL de ácido perclórico a 70%, diluído em<br />
107mL de água deionizada); carbonato de potássio (K2CO3) 3M (41,4g de K2CO3<br />
em 100mL de água destilada) e K2CO32,25M (31,1g K2CO3 em 100mL de água<br />
destilada).<br />
3.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA<br />
As variáveis estudadas foram analisadas mediante o programa estatístico<br />
SAS – Statistical Analysis System (SAS, 2002). Realizou-se a Análise de<br />
Variância (ANOVA) para avaliar o efeito da dieta e do treinamento sobre as<br />
variáveis estudadas. Utilizou-se o teste de Tukey para a comparação das médias<br />
entre os diferentes grupos de dieta alimentar. Aplicou-se o t de “student” quando<br />
as comparações foram realizadas entre os grupos de treinamento, e o teste de<br />
Wilcoxon para comparações referentes ao escore corporal. Para todas as análises<br />
realizadas estabeleceu-se o nível de significância igual a p≤0,05 (SAMPAIO,<br />
1998). Os resultados foram apresentados como valores médios ± erro padrão da<br />
média (EPM), na forma de tabelas e figuras.<br />
43
IV. RESULTADOS<br />
4.1. Peso e escore corporal<br />
Mediante análise dos dados é possível observar que não houve efeito<br />
significativo da suplementação com óleo de soja sobre o peso e escore corporal<br />
dos animais (Tabela 3). Desta forma, os animais foram comparados em função do<br />
treinamento realizado (Tabela 4).<br />
Tabela 3. Médias ± erro padrão da média (EPM) do peso e escore corporal de<br />
eqüinos cruza Árabe e Puro Sangue Árabe (PSA) submetidos à<br />
suplementação com diferentes concentrações com óleo de soja.<br />
Variáveis Fisiológicas<br />
Grupos Peso corpóreo (kg) Escore corporal<br />
I (n=4) 388,5 ± 20,6 5<br />
II (n=4) 389,5 ± 15,2 5<br />
III (n=4) 399,7 ± 11,3<br />
6<br />
IV (n=4) 380,2 ± 15,1<br />
5<br />
V (n=4) 392,6 ± 19,0<br />
6<br />
Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelos testes de Tukey e Wilcoxon (p≤0,05).<br />
Tabela 4. Médias ± EPM do peso e escore corporal de eqüinos cruza Árabe e<br />
PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.<br />
Variáveis Fisiológicas<br />
Grupos Peso corpóreo (kg) Escore corporal<br />
Pré (n=20) 398,4ª ± 8,91 5<br />
Pós (n=20) 381,9 b ± 5,74 6<br />
Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento.<br />
Médias na mesma coluna seguidas de letras iguais não diferem significativamente pelo teste t de student e<br />
Wilcoxon (p≤0,05).<br />
O valor médio do peso corpóreo diminuiu significativamente (p≤0,05) após o<br />
período de sete semanas de treinamento. O treinamento não exerceu efeito<br />
significativo (p>0,05) sobre o escore corporal.<br />
44
4.2. Técnica de biópsia muscular<br />
A técnica de biópsia preconizada por Bergström permitiu a colheita de<br />
amostras musculares de tamanho adequado e em condições apropriadas para as<br />
análises histoquímicas. Neste caso a profundidade escolhida, 6,0 cm, permitiu a<br />
colheita de amostras homogêneas.<br />
O local determinado para a colheita apresentou fácil acesso. A<br />
administração de 1,0 ml de cloridrato de lidocaína suprimiu a sensibilidade<br />
cutânea e permitiu a realização da incisão sem qualquer reação por parte dos<br />
animais. A introdução da agulha de biópsia no músculo glúteo médio se deu de<br />
forma tranqüila, sem necessidade adicional de anestésico. Os animais não<br />
apresentaram sensibilidade muscular e não mostraram reflexo nociceptivos<br />
durante a retirada de espécimes do músculo.<br />
As feridas cirúrgicas cicatrizaram por segunda intenção. Observou-se que<br />
as bordas das feridas cirúrgicas dos animais apresentaram-se coaptadas no dia<br />
seguinte da realização da biópsia muscular e a cicatrização evoluiu naturalmente,<br />
estando a ferida cicatrizada e apresentando crescimento de pêlos após sete dias<br />
(Figura 5).<br />
45
a<br />
c<br />
Figura 5. Ilustração da evolução da cicatrização da ferida cirúrgica.<br />
(a) 0, (b) 1, (c) 2 e (d) 7 dias após d a colheita da amostra.<br />
a<br />
4.3. Identificação dos tipos de fibras musculares<br />
4.3.1 mATPase<br />
O músculo glúteo médio dos eqüinos estudados apresentou três tipos de<br />
fibras puras: I, IIA e IIX, segundo o grau de reatividade da enzima mATPase após<br />
a pré-incubação ácida (pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5).<br />
Os diferentes tipos de fibras demonstraram o padrão de organização em<br />
mosaico. As fibras tipo I foram ácido estáveis e alcalino lábeis, demonstrando<br />
coloração azul claro. As fibras tipo IIA foram ácido lábeis a pré-incubação ácida e<br />
b<br />
d<br />
46
alcalino resistentes à incubação alcalina, assumindo coloração intermediária entre<br />
as fibras tipo I e IIX (azul intermediário). As fibras tipo IIX mostraram-se ácido<br />
lábeis e alcalino resistentes, corando-se fortemente quando submetidas à<br />
incubação alcalina, assumindo coloração azul escuro (Tabela 5 e Figura 6a).<br />
4.3.2. Atividade metabólica das fibras musculares<br />
As fibras musculares foram classificadas em oxidativas e/ou glicolíticas<br />
segundo a intensidade da reação utilizando a técnica NADH-TR que determina<br />
seu metabolismo energético.<br />
As fibras tipo I demonstraram reação fortemente positiva, assumindo<br />
coloração roxo intenso, indicando metabolismo energético oxidativo. As fibras tipo<br />
IIA reagiram moderadamente, mostrando coloração moderada a intensa,<br />
intermediária entre as fibras tipo I e IIX, com intensa reação na periferia da célula.<br />
As fibras tipo IIX reagiram fracamente à técnica NADH-TR, assumindo coloração<br />
clara, mostrando-se glicolíticas (Tabela 5 e Figura 6b).<br />
Mediante a comparação das técnicas mATPase e NADH-TR foi possível<br />
distinguir ainda, as fibras híbridas tipo IIAX (intermediária entre IIA e IIX), as quais<br />
demonstraram coloração intermediária entre as fibras IIA e IIX, e reação na<br />
periferia da célula após a coloração com a técnica de NADH-TR (Figura 7).<br />
A tabela 5 caracteriza o resultado da reação dos diferentes tipos de fibras<br />
às técnicas histoquímicas mATPase e NADH-TR para o músculo glúteo médio de<br />
eqüinos.<br />
Tabela 5. Colorações histoquímicas observadas nas fibras musculares avaliadas.<br />
Tipos de fibra<br />
mATPase alcalina<br />
Reação Coloração Reação<br />
NADH- TR<br />
Coloração<br />
I + azul claro +++ roxo escuro<br />
IIA ++ azul intermediário ++ roxo intermediário<br />
IIAX +++ azul escuro ++ lilás<br />
IIX +++ azul escuro + lilás<br />
+++: reação positiva forte; ++: reação moderada; +: reação fraca.<br />
47
a<br />
IIX<br />
IIX<br />
I<br />
IIX<br />
IIA<br />
IIA<br />
IIX<br />
I<br />
IIX<br />
IIX<br />
b<br />
Figura 6. Fotomicrografia de cortes transversais do músculo glúteo médio<br />
corados mediante técnicas histoquímicas. a. mATPase após<br />
pré incubação ácida (pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5). b.<br />
NADH-TR. Observar o padrão de organização em mosaico dos<br />
diferentes tipos de fibras. Obj. 20x.<br />
I<br />
IIX<br />
IIX<br />
I<br />
IIA<br />
IIX<br />
IIA<br />
IIX<br />
IIA<br />
IIA<br />
I<br />
I<br />
48
As fibras foram identificadas a partir da análise comparativa dos campos<br />
corados mediante as técnicas de mATPase e NADH-TR impressos em preto e<br />
branco (Figura 7).<br />
IIX<br />
a<br />
IIX<br />
IIX<br />
IIX<br />
IIX<br />
IIX<br />
I<br />
I<br />
I<br />
I<br />
IIA<br />
IIX<br />
IIA<br />
IIAX<br />
b<br />
Figura 7. Cortes histológicos transversais seriados do músculo<br />
glúteo médio corados com as técnicas: a. mATPAse, b.<br />
NADH-TR. Observam-se fibras tipo I, IIA, IIAX (células<br />
grandes com reação na periferia) e IIX.<br />
IIX<br />
I<br />
IIA<br />
I<br />
IIA<br />
IIX<br />
IIX<br />
I<br />
IIA<br />
IIAX<br />
I<br />
IIA<br />
49
4.4. Morfometria das fibras musculares<br />
Para os estudos quantitativos não foram incluídas as fibras híbridas (IIAX),<br />
uma vez que sua proporção foi muito pequena (3,4 e 0,6% pré e pós-treinamento,<br />
respectivamente). Portanto, estas fibras foram consideradas como IIX.<br />
4.4.1. Freqüência dos tipos de fibras (%)<br />
Determinou-se a freqüência ou percentual de cada tipo de fibra muscular<br />
em relação à dieta alimentar baseada nas diferentes concentrações de óleo de<br />
soja (Tabela 6).<br />
Tabela 6. Efeito da suplementação com de óleo de soja sobre a freqüência (%) ±<br />
EPM dos tipos de fibras no músculo glúteo médio de eqüinos cruza<br />
Grupos de<br />
dietas<br />
Árabe e PSA.<br />
Freqüência dos tipos de fibras (%)<br />
I IIA IIX<br />
Pré Pós Pré Pós Pré Pós<br />
I (n=4) 21,5 ± 0,71 22,7 ± 1,31 49,7 ± 1,38 58,5 ± 4,87 28,8 ± 1,56 18,8 ± 3,62<br />
II (n=4) 21,7 ± 1,60 21,7 ± 1,93 48,7 ± 1,65 50,2 ± 5,19 29,6 ± 4,21 28,1 ± 3,42<br />
III (n=4) 19,7 ± 2,32 21,2 ± 1,18 41,0 ± 2,20 53,5 ± 0,87 39,3 ± 0,85 25,3 ± 2,17<br />
IV (n=4) 25,5 ± 2,72 26,5 ± 1,31 40,5 ± 4,05 55,5 ± 2,96 34,0 ± 6,01 18,0 ± 3,88<br />
V (n=4) 18,5 ± 3,93 19,7 ± 1,38 45,7 ± 1,54 58,2 ± 1,80 35,8 ± 5,78 22,1 ± 1,85<br />
Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).<br />
Como não houve diferenças em decorrência dos tratamentos com óleo,<br />
podemos desconsiderar a hipótese desta variável influenciar na freqüência dos<br />
diferentes tipos de fibras no músculo glúteo médio dos eqüinos. Assim sendo, os<br />
animais foram distribuídos em dois grupos em função do treinamento (Tabela 7).<br />
50
Tabela 7. Freqüência (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de<br />
eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência<br />
durante sete semanas.<br />
Grupos de<br />
Freqüência dos tipos de fibras (%)<br />
treinamentos I IIA IIX<br />
Pré (n=20) 20,7 Ac ± 1,19 44,2 Ba ± 1,47 35,1 Ab ± 2,09<br />
Pós (n=20) 22,4<br />
Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento.<br />
Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas<br />
representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente<br />
pelo teste t de student (p≤0,05).<br />
Ab ± 0,76 55,2 Aa ± 1,58 22,4 Bb ± 1,56<br />
Observou-se aumento significativo nas fibras tipo IIA (p≤0,05) e diminuição<br />
significativa (p≤0,05) nas fibras tipo IIAX e IIX após o período de treinamento de<br />
sete semanas. Houve predomínio das fibras IIA pré e pós treinamento em relação<br />
às demais.<br />
4.4.2. Área total de secção transversal (µm 2 )<br />
A dieta (Tabela 8) e o treinamento (Tabela 9) não ocasionaram alteração<br />
significativa (p>0,05) na área de secção transversal em nenhum dos tipos de<br />
fibras musculares.<br />
Tabela 8. Efeito da suplementação com de óleo de soja ± EPM sobre a área<br />
média de secção transversal (µm 2 ) dos tipos de fibras no músculo glúteo<br />
Grupos de<br />
dietas<br />
médio de eqüinos cruza Árabe e PSA.<br />
Área de secção transversal (µm 2 )<br />
I IIA IIX<br />
Pré Pós Pré Pós Pré Pós<br />
I (n=4) 3851 ± 139 3921 ± 356 4863 ± 199 5154 ± 678 7861 ± 348 8894 ± 1762<br />
II (n=4) 3601 ± 129 4139 ± 442 4392 ± 412 4965 ± 534 7020 ± 466 8711 ± 865<br />
III (n=4) 2608 ± 312 4491 ± 227 3437 ± 364 5276 ± 207 6308 ± 646 8869 ± 426<br />
IV (n=4) 4634 ± 351 3751 ± 563 6724 ± 693 4754 ± 652 10524 ± 957 7688 ± 1029<br />
V (n=4) 3914 ± 453 3380 ± 407 4806 ± 555 4362 ± 463 7267 ± 989 7200 ± 983<br />
Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).<br />
Letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem<br />
significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).<br />
51
Tabela 9. Área média de secção transversal (µm 2 ) ± EPM dos tipos de fibras do<br />
músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a<br />
treinamento de resistência durante sete semanas.<br />
Área de secção transversal (µm 2 Grupos de<br />
)<br />
treinamentos I IIA IIX<br />
Pré (n=20) 3766 Ac ± 212,3 4824 Ab ± 335,8 7451 Aa ± 512,7<br />
Pós (n=20) 3936<br />
Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento.<br />
Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas<br />
representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente<br />
pelo teste t de student (p≤0,05).<br />
Ac ± 185,4 4902 Ab ± 225,0 8273 Aa ± 465,9<br />
Em relação ao tamanho dos diferentes tipos de fibras, conforme observado<br />
na Tabela 9, a área de secção transversal das fibras tipo IIX foi significativamente<br />
maior (P≤0,05) que a área correspondente às fibras tipo I e IIA, obedecendo a<br />
seguinte ordem da maior para a menor: IIX >IIA > I.<br />
4.4.3. Área Relativa (%)<br />
Como não houve efeito dos tratamentos com óleo sobre a área relativa dos<br />
tipos de fibras musculares (Tabela 10), os animais foram distribuídos em dois<br />
grupos em função do treinamento (Tabela 11).<br />
Tabela 10. Efeito da suplementação com de óleo de soja sobre a área relativa (%)<br />
± EPM dos tipos de fibras no músculo glúteo médio de eqüinos cruza<br />
Grupos de<br />
dietas<br />
Árabe e PSA.<br />
Área relativa (%)<br />
I IIA IIX<br />
Pré Pós Pré Pós Pré Pós<br />
I (n=4) 15,4 ± 1,15 16,5 ± 0,5 44,7 ± 1,55 54,7 ± 5,74<br />
V (n=4) 13,5 ± 2,33 14,2 ± 1,31 41,2 ± 1,93 53,5 ± 2,63 45,3 ± 5,43 32,3 ± 3,29<br />
Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).<br />
52<br />
39,9 ± 1,83 28,8 ± 5,69<br />
II (n=4) 15,7 ± 0,85 15,5 ± 0,5 43,2 ± 3,97 43,2 ± 4,33 41,1 ± 5,36 41,3 ± 3,88<br />
III (n=4) 11,8 ± 1,70 16,0 ± 0,81 32,5 ± 2,25 47,1 ± 1,41 55,7 ± 2,39 36,9 ± 1,89<br />
IV (n=4) 16,7 ± 3,45 20,0 ± 1,22 36,2 ± 4,27 53,0 ± 3,67 47,1 ± 7,84 27,0 ± 4,49
Tabela 11. Área relativa (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio<br />
de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência<br />
durante sete semanas.<br />
Grupos de<br />
Área relativa (%)<br />
treinamentos I IIA IIX<br />
Pré (n=20) 14,4 Ac ± 0,94 39,1 Bb ± 1,78 46,5 Aa ± 2,57<br />
Pós (n=20) 16,4<br />
Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento.<br />
Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas<br />
representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente<br />
pelo teste t de student (p≤0,05).<br />
Ac ± 0,58 51,1 Aa ± 1,84 32,5 Bb ± 2,09<br />
Conforme observado na Tabela 11, houve aumento significativo (p
Não houve alteração significativa (p>0,05) no glicogênio total presente no<br />
músculo glúteo médio dos animais estudados após o período de treinamento de<br />
sete semanas (Tabela 13).<br />
Tabela 13. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo<br />
glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento<br />
de resistência durante sete semanas.<br />
Grupos de treinamentos Glicogênio total (g/100g)<br />
Pré (n=20)<br />
1,41 ± 0,11<br />
Pós (n=20) 1,37 ± 0,07<br />
Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento.<br />
Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste t de student (p
Concentração de lactato (mmol/L)<br />
a<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
IIX 5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
VLac4 PRÉ: 7,71 b<br />
VLac4 PÓS: 8,80 a<br />
IIX<br />
IIX IIA<br />
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11<br />
Velocidade (m/s)<br />
Pré-treinamento<br />
Pós-treinamento<br />
Figura 8. Curva velocidade-lactato de eqüinos cruza Árabe e PSA,<br />
submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.<br />
Tabela 14. Freqüência e área relativa das fibras oxidativas e glicolíticas<br />
antes e após o período de treinamento.<br />
Variáveis Fibras PRÉ PÓS<br />
oxidativas 64,9 Ab 77,6 Aa<br />
Freqüência (%) glicolíticas 35,1 Ba 22,4 Bb<br />
oxidativas 53,5 Ab 67,5 Aa<br />
Area relativa (%)<br />
glicolíticas 46,5 Ba 32,5 Bb<br />
Oxidativas (I + IIA), glicolíticas (IIX).<br />
Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre fibras) e letras minúsculas<br />
representam comparações na mesma linha (entre treinamentos). Letras diferentes diferem<br />
significativamente pelo teste t de student (p≤0,05).<br />
55
V. DISCUSSÃO<br />
A alimentação, assim como, o tipo de exercício desenvolvido são fatores<br />
que influenciam a adaptação das fibras musculares (RIVERO & PIERCY, 2004).<br />
Neste estudo a suplementação alimentar com base nas diferentes concentrações<br />
de óleo de soja durante sete semanas não influiu significativamente sobre<br />
nenhuma das variáveis estudadas, sendo o treinamento responsável pelas<br />
adaptações ocorridas no músculo glúteo médio dos animais em questão. Esses<br />
resultados deferiram dos encontrados por Dunnett et al. (2002), que observaram<br />
aumento da capacidade oxidativa muscular em animais submetidos a exercício de<br />
baixa e moderada intensidade, suplementados com óleo durante 10 semanas.<br />
Embora o peso dos animais tenha diminuído significativamente ao final do<br />
treinamento; o escore corporal aumentou, entretanto esse aumento não foi<br />
considerado significativo. Esse fato pode ser explicado porque o grupo de animais<br />
utilizado não apresentava homogeneidade quanto ao estado corporal no início do<br />
treinamento. Dessa forma, os animais magros adquiriram peso enquanto os<br />
obesos perderam, formando um grupo aparentemente mais homogêneo que<br />
demonstrou uma condição corporal adequada no decorrer do treinamento. Notouse<br />
ainda, que ambos adquiriram massa muscular e melhoria na capacidade física<br />
para realização dos exercícios, adquirindo maior resistência à fadiga. De acordo<br />
com SERRANO et al. (2000) a resistência à fadiga está relacionada ao aumento<br />
do número de mitocôndrias e capilares, da atividade oxidativa das enzimas<br />
musculares, e a menor mobilização de glicogênio endógeno devido a utilização da<br />
oxidação dos lipídeos como fonte de energia.<br />
Conforme relatado por inúmeros pesquisadores (ESSÉN-GUSTAVSSON et<br />
al., 1984; RIVERO et al., 1995a; 1995b; LINDNER et al., 2002; D’ANGELIS, 2004),<br />
o método de biópsia muscular por agulha percutânea tipo Bergström adotado<br />
nesta pesquisa demonstrou ser uma técnica de fácil aplicação, causando lesões<br />
de pequena proporção, cuja cicatrização evoluiu de forma rápida sem a ocorrência<br />
56
de complicações, podendo ser aplicada em animais que estejam participando de<br />
programas de treinamento.<br />
A profundidade de 6,0 cm adotada para a colheita propiciou amostras<br />
homogêneas. Considera-se que amostras coletadas em eqüinos nesta<br />
profundidade apresentam maior homogeneidade dos tipos de fibras. Enquanto, na<br />
profundidade de 8,0 cm, observa-se maior proporção de fibras do tipo I e em<br />
regiões superficiais do músculo (4,0 cm) encontra-se maior predomínio de fibras<br />
tipo IIX (RIVERO et al., 1995a; SERRANO & RIVERO, 2000).<br />
Conforme descrito em estudos prévios na espécie eqüina, os resultados<br />
obtidos a partir da técnica de mATPase permitiu confirmar a existência de três<br />
tipos de fibras puras no músculo glúteo médio de eqüinos, as fibras tipo I, IIA e IIX.<br />
Mediante a utilização da técnica metabólica do NADH-TR observou-se que as<br />
fibras tipo I e IIA reagiram intensamente, demonstrando, portanto, serem<br />
oxidativas, enquanto as fibras IIX reagiram fracamente por apresentarem<br />
metabolismo glicolítico. A associação das técnicas mATPase e NADH-TR,<br />
possibilitou ainda, identificar as fibras híbridas IIAX (IIA + IIX) que representaram<br />
3,4% e 0,6% antes e após o treinamento respectivamente. Para a identificação<br />
adequada das fibras híbridas é indicada a utilização de técnicas mais precisas<br />
como a eletroforese e a imunohistoquímica (RIVERO & PIERCY, 2004), entretanto<br />
tais técnicas não foram realizadas neste estudo e dessa forma pode-se inferir que<br />
a freqüência de fibras tipo IIAX foram subestimadas. Não foram identificadas fibras<br />
híbridas tipo C, tal fato pode ser justificado porque estas são geralmente<br />
encontradas em animais jovens, sendo raras em adultos.<br />
GONDIM et al. (2005) identificaram fibras puras I, IIA e IIX, e fibras híbridas<br />
IIAX em amostras do músculo glúteo médio de cavalos árabes com idades entre<br />
sete e 11 anos submetidos a treinamento para enduro. Observaram ainda que as<br />
fibras híbridas IIAX representavam uma porcentagem inferior a 10% do total de<br />
fibras quantificadas, e apresentavam área de secção transversal muito variada.<br />
Estes autores também não identificaram fibras tipo C nas suas amostras.<br />
57
As fibras musculares apresentaram o padrão de distribuição em mosaico no<br />
músculo glúteo médio, corroborando com estudos precedentes realizados em<br />
eqüinos (RIVERO & PIERCY, 2004).<br />
As fibras tipo IIX apresentaram área de secção transversal<br />
significativamente maior que as fibras tipo IIA. Por sua vez, nestas últimas a área<br />
de secção transversal foi maior que a das fibras tipo I nos períodos pré e pós<br />
treinamento, esses achados corroboram os encontrados por GONDIM et al.<br />
(2005). Segundo RIVERO et al. (1999) e SERRANO & RIVERO (2000) as fibras<br />
IIX são maiores em tamanho que as fibras tipo I e IIA, especialmente em eqüinos<br />
sem treinamento prévio.<br />
O treinamento de resistência realizado no período de sete semanas<br />
resultou em modificações nas propriedades contráteis e metabólicas do músculo<br />
glúteo médio, aumentando a capacidade oxidativa das fibras musculares a partir<br />
do aumento na proporção das fibras tipo IIA em detrimento das fibras tipo IIX; do<br />
aumento da área relativa ocupada pelas fibras oxidativas (I + IIA) e da diminuição<br />
da área ocupada pelas fibras glicolíticas (IIX). Os diferentes tipos de fibras<br />
apresentaram diferenças quanto a porcentagem da área ocupada por cada uma<br />
dela, obedecendo a seguinte proporção da maior para a menor: IIX>IIA>I e<br />
IIA>IIX>I antes e após o treinamento, respectivamente. O somatório da área<br />
ocupada pelas fibras I e IIA atingiu 64,9 e 77,6% nos períodos pré e pós<br />
treinamento, respectivamente, confirmando a melhoria na capacidade oxidativa do<br />
músculo. Entretanto, não se observou hipertrofia das fibras musculares,<br />
possivelmente devido ao tempo de duração e intensidade do treinamento utilizado.<br />
Inúmeros estudos utilizando treinamento de resistência em eqüinos têm<br />
demonstrado aumento na freqüência das fibras IIA e concomitante diminuição das<br />
fibras IIX (ESSÉN-GUSTAVSSON & LINDHOLM, 1985; ESSÉN-GUSTAVSSON et<br />
al., 1989; RIVERO et al., 1989; 1991; 1995b; RIVERO, 1996). As pesquisas têm<br />
reportado ainda, o aumento de fibras híbridas IIAX e fibras tipo I (RIVERO et al.,<br />
1995b; RONÉUS et al., 1987; SERRANO et al., 2000). Em contrapartida, os<br />
treinamentos de alta intensidade e curta duração têm ocasionado diminuição das<br />
58
fibras tipo I e aumento das fibras tipo IIX (LOVELL & ROSE, 1991; RIVERO et al.,<br />
2002).<br />
SERRANO et al. (2000) relataram que dependendo da natureza do estímulo<br />
induzido, a resposta adaptativa pode ocasionar hipertrofia nas fibras musculares<br />
e/ou alteração das propriedades metabólicas e estruturais. A correlação entre a<br />
duração do programa de treinamento e a magnitude das alterações induzidas no<br />
âmbito molecular tem demonstrado a ocorrência da transição de fibras IIX para IIA<br />
durante a fase precoce do treinamento e conversão de fibras IIA em I mais<br />
tardiamente (SERRANO & RIVERO, 2000; SERRANO et al., 2000). Dessa forma a<br />
fibra é capaz de alterar completamente suas propriedades contráteis e<br />
metabólicas como resposta ao estímulo recebido (RIVERO & PIERCY, 2004).<br />
O efeito do treinamento sobre a área das fibras musculares de eqüinos é<br />
controverso (RIVERO & PIERCY, 2004). As pesquisas vêm apresentando<br />
resultados diversificados, tal fato pode ser explicado pelos diferentes tipos de<br />
exercício que os cavalos são submetidos, pela diferença na proporção de fibras<br />
em cada raça e pelas diferentes respostas que esta diferença pode apresentar<br />
após um período de treinamento. Cavalos adultos sob um programa de<br />
treinamento aeróbio apresentam normalmente pequeno aumento da área das<br />
fibras musculares. Esta resposta está relacionada à conversão de fibras de baixa<br />
capacidade oxidativa em fibras de alta capacidade oxidativa, que possuem área<br />
menor. A redução na área da fibra quando esta está se tornando mais adaptada<br />
ao metabolismo aeróbio é uma alteração favorável, pois permite rápida difusão de<br />
oxigênio para o interior da fibra e remoção de produtos do metabolismo, como o<br />
CO2. Estudos realizados em cavalos de corrida de idades similares verificaram<br />
maior área de fibra para os animais inativos do que nos cavalos em atividade,<br />
apesar de uma aparentemente maior massa muscular nos cavalos de alta<br />
performance (SNOW & VALBERG,1994). Segundo RIVERO (1996) as respostas<br />
musculares adaptivas ao treinamento são mais pronunciadas em cavalos jovens e<br />
inativos que em cavalos maduros e treinados regularmente. Tais respostas<br />
59
geralmente são mantidas por um período de cinco a seis semanas de inatividade<br />
(FOREMAN et al., 1990; TYLER et al., 1998).<br />
RIVERO et al. (1995b) encontraram hipertrofia das fibras tipo I e IIA em<br />
amostras colhidas na profundidade de 6,0 cm do glúteo médio em PSA<br />
submetidos a programa de treinamento de resistência por três meses. Notaram<br />
ainda, que os animais que possuíam maiores porcentagens e áreas das fibras tipo<br />
I e IIA apresentaram melhor resposta ao teste ergométrico. RIVERO et al. (1993c)<br />
observaram que cavalos competidores em enduro que apresentavam performance<br />
atlética excelente possuíam alta porcentagem de fibras de contração lenta e<br />
metabolismo oxidativo, com maior área que cavalos considerados de performance<br />
moderada. Enquanto TYLER et al. (1998) observaram hipertrofia dos três tipos de<br />
fibras em resposta ao treinamento de alta intensidade.<br />
SERRANO & RIVERO (2000) verificaram hipertrofia de fibras tipo I após<br />
três meses de treinamento aeróbio de éguas da raça Andaluz, utilizando 50% da<br />
vlac2 (velocidade correspondente a 2mmol/L de lactato sangüíneo). Argumentaram<br />
que esse período de treinamento não foi suficiente para converter fibras IIX em IIA<br />
e estas em I. SERRANO et al. (2000) aplicando metodologia semelhante a<br />
SERRANO & RIVERO (2000) em garanhões Andaluzes observaram hipertrofia<br />
das fibras IIA após três meses de treinamento. Segundo os mesmos autores, esse<br />
tipo específico de hipertrofia é explicado pela conversão de fibras IIX em IIA, já<br />
que as fibras IIX possuem área maior que as fibras tipo IIA.<br />
D’ANGELIS et al. (2005) observaram que o treinamento aeróbio em PSA<br />
realizado por 90 dias utilizando 80% do Vlac4 (velocidade em que a concentração<br />
de lactato sangüínea atingiu 4mmol/L) não alterou significativamente a freqüência<br />
das fibras tipo I e IIA, entretanto reduziu significativamente a porcentagem das<br />
fibras tipo IIX. Verificaram ainda hipertrofia das fibras tipo I, IIA e IIX, e aumento da<br />
área relativa das fibras tipo I.<br />
Existe possível relação entre o tamanho dos diferentes tipos de fibras<br />
musculares com os padrões que regem a ativação das mesmas durante o<br />
exercício muscular, já que são recrutadas de acordo com a intensidade e duração<br />
60
do trabalho muscular. Dessa forma, as respostas musculares ao treinamento<br />
dependerão das características do estímulo (tipo, intensidade e duração) e do<br />
estado do músculo antes do início do treinamento (RIVERO, 1996). Para a<br />
manutenção da postura e exercícios de baixa intensidade, geralmente, são<br />
ativadas as fibras tipo I. Quando a atividade requer o desenvolvimento de forças<br />
rápidas e prolongadas são recrutadas as fibras IIA (ARMSTRONG & PHELPS,<br />
1984; ALECKOVIC et al., 1989) e quando o trabalho muscular gera movimentos<br />
rápidos e breves, são ativadas as fibras IIX (RIVERO & CLAYTON, 1996).<br />
De acordo com SERRANO et al. (2000), exercícios de resistência<br />
ocasionam transição de fibras de contração rápida para contração lenta. O<br />
organismo, no seu mecanismo de adaptação ao estresse metabólico, modifica a<br />
expressão das isoformas de cadeia pesada de miosina (SERRANO & RIVERO,<br />
2000; BALDWIN & HADDAD, 2001). Isso pode explicar o incremento das fibras<br />
musculares com tendência ao metabolismo aeróbio, devido a transformação das<br />
fibras tipo IIX em IIA e destas em I (ESSÉN-GUSTAVSSON e LINDHOLM, 1985;<br />
RIVERO et al., 1993a; BALDWIN & HADDAD, 2001; LEFAUCHER, 2001).<br />
Como ressalta MUÑOZ et al. (1999), o desempenho atlético do eqüino está<br />
intimamente ligado à relação entre a capacidade oxidativa e glicolítica do<br />
indivíduo. D’ANGELIS et al. (2005) observaram que os animais apresentando<br />
maiores freqüências e área ocupada pelas fibras tipo I e IIA, após três meses de<br />
treinamento aeróbio, também, foram os melhores em desempenho atlético nos<br />
testes ergométricos. Contrariamente, os cavalos que mostraram menores<br />
freqüências e área ocupada pelas fibras tipo I e IIA apresentaram baixo<br />
desempenho no exercício teste. Esses dados confirmam que cavalos com<br />
excelente desempenho atlético em programas de treinamento aeróbio apresentam<br />
maiores freqüências de fibras oxidativas. No entanto, no presente estudo tal fato<br />
não foi observado, pois não houve diferença significativa na freqüência e área<br />
ocupada pelas fibras oxidativas entre os animais que obtiveram melhor e pior<br />
desempenho nos testes ergométricos.<br />
61
As adaptações celulares e ultra-estruturais musculares observadas têm<br />
sido interpretadas no homem (HOPPELER et al., 1973; ANDERSEN &<br />
HENRIKSSON, 1977; INGJER, 1979) e no cavalo (RIVERO, 1997) como<br />
indicativos de incremento da capacidade aeróbia e melhoria da capacidade de<br />
resistência. Numerosos estudos têm demonstrado no cavalo um incremento da<br />
densidade mitocondrial associado com diferentes tipos de treinamento e uma<br />
correlação positiva entre o número de fibras musculares com elevada capacidade<br />
oxidativa e o êxito competitivo em atividades de resistência (RIVERO, 1997).<br />
Segundo LINDNER et al. (1997), o treinamento realizado em dias<br />
alternados durante seis semanas em intensidades equivalentes a vlac1,5 ou vlac2,5<br />
durante 45 minutos possuíram maior efeito sobre os parâmetros celulares e ultraestruturais<br />
do músculo glúteo médio que o treinamento em maior intensidade<br />
(vlac4) durante apenas 25 minutos. Dessa forma, concluíram que o treinamento<br />
delineado com sessões de intensidade relativamente baixa e duração prolongada<br />
é mais efetivo para melhorar a capacidade de resistência individual que o<br />
treinamento com exercícios de intensidade mais alta e de menor duração. Esses<br />
resultados corroboram com nossos achados e confirmam as observações que<br />
vêm sendo realizadas na fisiologia do exercício eqüino por D’ANGELIS et al.<br />
(2005) e MARTINS et al. (2006).<br />
SERRANO et al. (2000) concluíram que a magnitude das alterações<br />
ocorridas em função do treinamento, como a conversão de fibras de contração<br />
rápida em lenta, depende da duração do mesmo. A maioria das adaptações<br />
induzidas com o treinamento é reversível quando o estímulo cessa e que as<br />
alterações em resposta ao treinamento não ocorrem de forma homogênea no<br />
tecido muscular, sendo mais marcantes em determinadas regiões do músculo.<br />
A produção e a utilização apropriada de energia são essenciais para o<br />
eqüino atleta, representando o ponto crítico para o desempenho máximo (EATON,<br />
1994; LINDNER et al., 1997; HARRIS & HARRIS, 1998). Em cavalos de enduro, a<br />
principal via energética utilizada é a aeróbia (SLOET et al., 1991; HOFFMAN et al.,<br />
2002), sendo os lipídeos a principal fonte energética (BERGERO et al., 2005).<br />
62
PRINCE et al. (2002) demonstraram que eqüinos da raça PSA possuem<br />
predisposição racial para a utilização de ácidos graxos livres durante exercícios de<br />
baixa intensidade.<br />
Em exercícios de baixa intensidade e longa duração ocorre ativação do<br />
metabolismo oxidativo que utiliza principalmente da oxidação de lipídeos como<br />
fonte de energia. O condicionamento aeróbio ocasiona aumento das<br />
concentrações de enzimas das vias associadas a β-oxidação no músculo<br />
esquelético resultando no aumento da capacidade de trabalho devido à grande<br />
oxidação das gorduras e a pequena utilização de glicogênio (ROSE, 1986) e<br />
aumento da capacidade oxidativa, aumento da vascularização, redução da<br />
glicogenólise muscular e do metabolismo anaeróbio (GEOR et al., 1999; TYLER et<br />
al., 1998). Como conseqüência ocorre melhoria do mecanismo de produção e<br />
metabolização do lactato, retardando o seu acúmulo (BAYLY, 1985; VALBERG,<br />
1986). De acordo com RIVERO & PIERCY (2004) essas adaptações são<br />
acompanhadas pela melhoria da capacidade de tamponamento muscular e maior<br />
eficiência do complexo excitação contração.<br />
Alguns pesquisadores consideram que o organismo como mecanismo de<br />
compensação ao aumento dos ácidos graxos no sangue, modifica as vias<br />
metabólicas responsáveis pela produção de ATP no músculo esquelético em<br />
direção as vias oxidativas, especialmente, as implicadas na degradação dos<br />
ácidos graxos. Essa adaptação metabólica direcionada ao metabolismo aeróbio<br />
parece gerar alterações na estrutura do fenótipo fibrilar, como diminuição do<br />
tamanho da fibra muscular e possui a vantagem de facilitar a difusão do oxigênio e<br />
substratos necessários para o metabolismo oxidativo (SIECK et al., 1995; PICARD<br />
et al., 2002).<br />
Embora os lipídeos sejam os substratos energéticos predominantes para a<br />
realização de exercícios submáximos, a fadiga nesses casos tem sido associada<br />
ao esgotamento de glicogênio intramuscular (VALBERG, 1986). BERGSTRÖM et<br />
al. (1967) relataram que atletas com maior concentração de glicogênio muscular<br />
apresentaram maior desempenho físico e dessa forma, o aumento das reservas<br />
63
de glicogênio muscular adquiridas com o treinamento tem sido interpretado como<br />
benéfico.<br />
De acordo com DUNNETTT et al. (2002) a vantagem de utilizar dietas<br />
hiperlipídicas concomitante ao treinamento físico é favorecer a utilização de ácidos<br />
graxos como substrato para o metabolismo energético. Como conseqüência desta<br />
alteração metabólica ocorre a economia de outros substratos como a glicose<br />
plasmática, aminoácidos e o glicogênio muscular. Entretanto, nesse trabalho, as<br />
reservas de glicogênio muscular dos animais se mantiveram constantes após o<br />
período de treinamento. Tal fato pode ser justificado pela duração do período<br />
experimental ter sido insuficiente para ocasionar tais adaptações. A grande<br />
divergência dos resultados dos estudos nos quais é avaliado o efeito de gordura<br />
animal ou óleos vegetais sobre a resposta metabólica e o desempenho de cavalos<br />
atletas parece depender da disparidade dos protocolos experimentais utilizados,<br />
podendo ser atribuída a vários fatores, como, idade, condição corporal, raça,<br />
intensidade e duração do condicionamento físico, composição e período de<br />
administração da dieta e a técnica de determinação do glicogênio.<br />
D’ANGELIS (2004) também não observou alterações nas reservas de<br />
glicogênio muscular após o período de treinamento de 90 dias. Em contrapartida,<br />
SERRANO et al. (2000) encontraram aumento significativo no conteúdo de<br />
glicogênio muscular após três e oito meses de treinamento para enduro. Esses<br />
mesmos autores constataram também que o treinamento aeróbio induziu menor<br />
mobilização de glicogênio endógeno, utilizando a oxidação de lipídeos como fonte<br />
de energia.<br />
GANSEN et al. (1999) avaliaram o efeito de três programas de treinamentos<br />
diferentes sobre as reservas de glicogênio muscular e verificaram que durante<br />
todo período de condicionamento as concentrações de glicogênio permaneceram<br />
constantes para as amostras colhidas na profundidade de 2,0 e 6,0 cm. Nove dias<br />
após o término do treinamento observaram aumento de 47 e 48% respectivamente<br />
nas concentrações de glicogênio dos animais submetidos aos treinamentos<br />
delineados na vlac1,5 ou vlac2,5 durante 45 minutos e essas concentrações<br />
64
permaneceram elevadas até cinco semanas após o fim do condicionamento. Já o<br />
treinamento de maior intensidade e menor duração utilizando a vlac4 por 25 minutos<br />
não exerceu efeito significativo sobre a variável estudada. Os mesmos autores<br />
relataram ainda que as amostras colhidas na profundidade de 6,0 cm<br />
apresentaram maiores concentrações de glicogênio quando comparada às<br />
colheitas efetuadas na profundidade de 2,0 cm.<br />
SERRANO et al. (2000) detectaram aumento do conteúdo de glicogênio<br />
intramuscular após três meses de treinamento aeróbio e observaram que esse<br />
substrato diminuiu significativamente após três meses de destreinamento. No<br />
entanto, ainda foi considerado significativamente mais elevado que antes do início<br />
do treinamento.<br />
Considerando que as fibras tipo I e IIA possuem metabolismo oxidativo, os<br />
resultados obtidos indicaram que o programa de treinamento utilizado promoveu o<br />
aumento do potencial aeróbio no músculo glúteo médio em detrimento do<br />
potencial glicolítico do mesmo.<br />
De acordo com RIVERO (1996) a análise de biópsias musculares extraídas<br />
antes e após o programa de treinamento pode comprovar a efetividade do mesmo.<br />
Embora sejam numerosos os estudos que investigam a resposta muscular ao<br />
exercício e como o treinamento modifica esta resposta (SNOW & VALBERG 1994;<br />
RIVERO & PIERCY, 2004), são poucos os pesquisadores que empregam esses<br />
conhecimentos básicos em aplicações práticas para avaliar a capacidade<br />
competitiva e controlar o treinamento aplicado ao cavalo.<br />
A importância da musculatura esquelética no sistema locomotor, sua<br />
grande capacidade adaptativa e sua íntima relação com a performance nas<br />
diversas atividades eqüestres, devem servir de estímulo para busca de<br />
conhecimentos estruturais e metabólicos deste tecido para que possamos<br />
manipular o desenvolvimento muscular de forma adequada, obtendo o máximo<br />
desempenho e evitando afecções musculares, entre outras. É importante enfatizar<br />
que embora a literatura disponha de inúmeras pesquisas relacionadas ao estudo<br />
das características musculares em eqüinos, novos estudos se fazem necessários<br />
65
para determinar as características metabólicas, bioquímicas e estruturais das<br />
fibras nas diversas raças submetidas a diferentes programas de treinamento,<br />
especialmente os realizados à campo. Faz-se também necessário a difusão e a<br />
aplicação prática dos conhecimentos adquiridos com as pesquisas visando auxiliar<br />
os programas de treinamentos realizados nas diversas modalidades de esportes<br />
eqüestres.<br />
66
VI. CONCLUSÕES<br />
Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir que:<br />
As diferentes concentrações de óleo na dieta não influenciaram as variáveis<br />
estudadas.<br />
O treinamento não induziu hipertrofia das fibras do músculo glúteo médio.<br />
O treinamento ocasionou aumento na proporção e na área relativa das<br />
fibras tipo IIA em detrimento das fibras IIX, melhorando a capacidade oxidativa<br />
muscular.<br />
Tanto as dietas com óleo como o treinamento não aumentaram as<br />
concentrações de glicogênio muscular.<br />
O treinamento melhorou a capacidade aeróbia dos animais.<br />
67
VII. REFERÊNCIAS<br />
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*Referências citadas segundo as normas da Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas - ABNT - NBR 6023, agosto de 2002.<br />
86
IX. APÊNDICE
Tabela 15. Composição percentual e química e energética dos concentrados<br />
experimentais.<br />
Ingredientes (%) 0% 6 % 12% 18% 24%<br />
Fubá de milho 84,45 73,50 59,85 47,70 38,25<br />
Farelo de soja 13,20 17,75 25,00 30,75 34,00<br />
Óleo de soja 1 0,00 6,00 12,00 18,00 24,00<br />
Calcário 0,95 1,00 1,05 1,00 1,00<br />
Fosfato 0,20 0,30 0,40 0,65 0,65<br />
Sal comum 0,80 1,00 1,20 1,30 1,40<br />
Premix 2 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80<br />
Total<br />
Valores Calculados<br />
ED*<br />
100,00 100,05 100,10 100,10 100,10<br />
Mcal/kg<br />
3,141 3,380 4,022 4,390 4,500<br />
PB* (%) 12,00 12,90 15,35 16,76 17,20<br />
EE* (%) 2,89 8,57 14,18 19,83 25,55<br />
FB* (%) 2,35 2,46 2,68 2,84 2,89<br />
MM* (%) 4,52 4,84 5,26 5,68 5,70<br />
Ca (%) 0,46 0,52 0,59 0,65 0,66<br />
P (%) 0,34 0,35 0,37 0,42 0,45<br />
1 Óleo de soja refinado ; 2 Premix: P-72g, Ca-191g, Na-68,25, Cl-105,00, Mg-27,5, S-14,963g, Zn-1500,00mg,<br />
Cu-250,00mg, Mn-1000,00mg, Fe-1000,00, Co-12,24mg, I-20,00mg, Se-2,25mg, Fl(max)-0,72, Vit A<br />
1600000UI,Vit D3 200000UI, Vit E 3000UI, Vit K3 636mg, Vit B1 1200mg, Vit B2 1600mg, Vit B12 3300mg,<br />
Ác. Pantotênico 3300mg, Biotina 20mg, Ác. Nicotínico-6000mg, Ác. Fólico-200mg, Colina 40g, L-lisina 25g,<br />
Antioxidante 200mg.<br />
*Energia digestível (ED), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral (MM).<br />
Como não foi possível a formulação de concentrados isoenergéticos e<br />
isoproteicos, devido a grande adição de óleo nos grupos 18 e 24%, o ajuste foi<br />
realizado através da quantidade de concentrado fornecido para que o consumo de<br />
nutrientes e energia fosse o mesmo.<br />
II
Tabela 16. Escala de avaliação do escore corporal.<br />
Condição Pontuação Descrição<br />
Pobre 1<br />
Muito magro 2<br />
Magro 3<br />
Moderadamente magro 4<br />
Moderado 5<br />
Levemente gordo 6<br />
Moderadamente gordo 7<br />
Gordo 8<br />
Extremamente gordo 9<br />
Fonte: HENNEKE et al. (1983).<br />
III<br />
Animal extremamente emaciado; saliências ósseas<br />
aparecendo, especialmente vértebras cervicais e<br />
lombares.<br />
Animal emaciado; saliências ósseas ainda visíveis<br />
na paleta e pelve; vértebras cervicais discretamente<br />
visíveis.<br />
Pescoço magro; junção acentuada do pescoço,<br />
cernelha e paleta; estrutura pélvica ainda<br />
acentuada.<br />
A espinha ainda aparece, mas as vértebras não são<br />
individualizadas; linha da costela ainda visível.<br />
Lombo relativamente achatado; costelas não<br />
visíveis, porém facilmente palpáveis.<br />
Pescoço, paleta e cernelha com formas<br />
arredondadas; área do lombo pode ter leve<br />
depressão ao longo da espinha; base da cauda e<br />
costelas com consistência macia.<br />
Gordura depositada ao longo da cernelha e<br />
pescoço; base da cauda macia; costelas cobertas<br />
por gordura; dobras sobre a espinha podem ser<br />
visíveis.<br />
Pescoço engrossado; acúmulo de gordura nas<br />
nádegas; dobras evidentes ao longo da espinha;<br />
difícil palpação das costelas.<br />
Pescoço, cernelha e paleta inchadas de gordura;<br />
dobras proeminentes nas costas; bolsas de gordura<br />
sobre as costelas.