A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação

A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação

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A devoção a Nossa Senhora é necessária para a salvação pelo Padre Patrick Perez Comecemos com uma oração. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amen. Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis e reacendei neles o fogo do Vosso amor divino. Enviai o Vosso Espírito e serão formados. Oremos. Ó Deus, que, pela luz do Espírito Santo, instruís os corações dos fiéis, concedei-nos que, pelo mesmo Espírito, sejamos verdadeiramente sensatos e nos alegremos na Sua consolação. Por Cristo Nosso Senhor. Amen. Que a assistência divina permaneça sempre em nós: que as almas dos fiéis defuntos descansem em paz, pela misericórdia de Deus. Amen. Bom dia, caros Padres. Há aqui Salesianos de S. João Bosco? Sei que há mais; os outros tiveram receio de levantar as mãos! Bem, desejo-lhes um feliz Dia da Festa de S. João Bosco, não só aos Padres Salesianos mas a todos os que estão presentes. É uma bênção para todos nós que continuem o vosso trabalho junto dos jovens de todo o mundo. São a nossa esperança para o futuro. Que Deus abençoe o vosso trabalho e que Deus vos proteja. Dedico esta palestra de hoje a Jesus através de Maria, em honra da Sua Imaculada Conceição, em honra de Nossa Senhora do Rosário, e também em honra do Seu querido servo S. João Bosco. Na Missa desta manhã, pareceu-me que uma oração se referia a ele fazer truques de magia. Quem me explica isto? Os padres salesianos vão ter de me explicar isto mais tarde. Parece ser interessante. Esta manhã vou falar da devoção à Santíssima Virgem, mas não apenas em geral. Especificamente, a devoção à Santíssima Virgem Maria como sendo necessária para a salvação. Parece que há muito a dizer, e, de facto, aconteceu que alguns padres me vieram dizer — talvez não fossem padres muito bons— vieram-me dizer: “Sabe, não tenho grande devoção à Santíssima Virgem. sabe como é, e quanto ao Terço, tanto posso rezar como não rezar”. Ora isto não é ter devoção à Santíssima Virgem. E eu não concordo. Quando perguntaram a Nosso Senhor qual era o maior mandamento, respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus com toda a tua mente, e todo o teu coração, e toda a tua alma. E amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se amamos verdadeiramente a Deus, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo com todo o nosso coração, toda a nossa mente e toda a nossa alma, também devemos amar o que Ele ama. Não podemos separar as duas coisas. Não podemos dizer: amo muito a Jesus, mas a Sua Mãe está bem. Não! Se amamos ao Senhor nosso Deus de todo o coração, também amamos a Sua Mãe. Tentem amá-Lo com um amor igual ao que Ele tem pela Sua Mãe. É impossível para um ser humano, mas pedimos-Lhe a graça de amar a Sua Mãe e obedecer à Sua Mãe com o amor que Ele tinha por Ela e com a obediência que Ele Lhe demonstrou. www.fatima.org/port/peaceconf/india08/fpp_2.pdf 1

A <strong>devoção</strong> a <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong><br />

<strong>é</strong> <strong>necessária</strong> <strong>para</strong> a <strong>salvação</strong><br />

pelo Padre Patrick Perez<br />

Comecemos com uma oração. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amen.<br />

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fi<strong>é</strong>is e reacendei neles o fogo do Vosso<br />

amor divino. Enviai o Vosso Espírito e serão formados. Oremos. Ó Deus, que, pela luz do<br />

Espírito Santo, instruís os corações dos fi<strong>é</strong>is, concedei-nos que, pelo mesmo Espírito, sejamos<br />

verdadeiramente sensatos e nos alegremos na Sua consolação. Por Cristo Nosso Senhor. Amen.<br />

Que a assistência divina permaneça sempre em nós: que as almas dos fi<strong>é</strong>is defuntos descansem<br />

em paz, pela misericórdia de Deus. Amen.<br />

Bom dia, caros Padres. Há aqui Salesianos de S. João Bosco? Sei que há mais; os outros<br />

tiveram receio de levantar as mãos! Bem, desejo-lhes um feliz Dia da Festa de S. João Bosco,<br />

não só aos Padres Salesianos mas a todos os que estão presentes. É uma bênção <strong>para</strong> todos nós<br />

que continuem o vosso trabalho junto dos jovens de todo o mundo. São a nossa esperança <strong>para</strong> o<br />

futuro. Que Deus abençoe o vosso trabalho e que Deus vos proteja.<br />

Dedico esta palestra de hoje a Jesus atrav<strong>é</strong>s de Maria, em honra da Sua Imaculada<br />

Conceição, em honra de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> do Rosário, e tamb<strong>é</strong>m em honra do Seu querido servo S.<br />

João Bosco. Na Missa desta manhã, pareceu-me que uma oração se referia a ele fazer truques de<br />

magia. Quem me explica isto? Os padres salesianos vão ter de me explicar isto mais tarde.<br />

Parece ser interessante.<br />

Esta manhã vou falar da <strong>devoção</strong> à Santíssima Virgem, mas não apenas em geral.<br />

Especificamente, a <strong>devoção</strong> à Santíssima Virgem Maria como sendo <strong>necessária</strong> <strong>para</strong> a <strong>salvação</strong>.<br />

Parece que há muito a dizer, e, de facto, aconteceu que alguns padres me vieram dizer — talvez<br />

não fossem padres muito bons— vieram-me dizer: “Sabe, não tenho grande <strong>devoção</strong> à<br />

Santíssima Virgem. sabe como <strong>é</strong>, e quanto ao Terço, tanto posso rezar como não rezar”. Ora isto<br />

não <strong>é</strong> ter <strong>devoção</strong> à Santíssima Virgem.<br />

E eu não concordo. Quando perguntaram a Nosso Senhor qual era o maior mandamento,<br />

respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus com toda a tua mente, e todo o teu coração, e toda a tua<br />

alma. E amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se amamos verdadeiramente a Deus, Deus Pai,<br />

Deus Filho e Deus Espírito Santo com todo o nosso coração, toda a nossa mente e toda a nossa<br />

alma, tamb<strong>é</strong>m devemos amar o que Ele ama. Não podemos se<strong>para</strong>r as duas coisas. Não podemos<br />

dizer: amo muito a Jesus, mas a Sua Mãe está bem. Não! Se amamos ao Senhor nosso Deus de<br />

todo o coração, tamb<strong>é</strong>m amamos a Sua Mãe. Tentem amá-Lo com um amor igual ao que Ele tem<br />

pela Sua Mãe. É impossível <strong>para</strong> um ser humano, mas pedimos-Lhe a graça de amar a Sua Mãe e<br />

obedecer à Sua Mãe com o amor que Ele tinha por Ela e com a obediência que Ele Lhe<br />

demonstrou.<br />

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Com a excepção de Deus Pai, o maior amor de Jesus <strong>é</strong> pela Sua Mãe Santíssima. É claro<br />

que a Santíssima Trindade ama-Se a Si própria com um perfeito amor. Isto <strong>é</strong> uma coisa, mas há<br />

uma segunda categoria distinta, que abrange o amor de Nosso Senhor pela Sua Mãe Santíssima,<br />

que Ele ama acima de tudo, exceptuando a Santíssima Trindade.<br />

Portanto, por definição isto deve tamb<strong>é</strong>m aplicar-se a nós, Seus seguidores. Se vamos<br />

realmente tentar segui-Lo, temos que procurar amar a Sua Mãe como Ele A amou. Caso<br />

contrário, não podemos dizer que amamos a Jesus. É tão simples como isto. Não amas, não<br />

podes amar, <strong>é</strong>s um mentiroso. Se disserem que amam Jesus, mas não amam a Sua Mãe, estão a<br />

mentir.<br />

Daqui a um momento irei aprofundar este tema. Sei que muitos de vós vêm da Índia ou<br />

do Sri Lanka ou dos países dessa área, e que têm os vossos próprios espinhos a suportar. Têm<br />

que tratar com os Hindus e com os Muçulmanos e com os Governos e todo o tipo de autoridades.<br />

Ora bem, o espinho que nos atormenta na Am<strong>é</strong>rica <strong>é</strong> os que se chamam Protestantes. Estão em<br />

todo o lado, como aquelas formigas vermelhas que mordem, ou como baratas, e incomodam<br />

muito, por causa das suas blasfêmias e dos seus ataques ao Cristianismo. Creio que não têm que<br />

lidar muito com eles por aqui, mas cada terra tem os seus problemas. Mais do que, por coerência,<br />

amar a <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> com o amor de Jesus, <strong>para</strong> podermos dizer que amamos de facto a Jesus.<br />

Mais do que, porque O amamos, amarmos o que Ele ama e tentarmos imitá-Lo em todas as<br />

coisas.<br />

É claro que o texto clássico, A Imitação de Cristo, de Tomás a Kempis, dá-nos uma boa<br />

orientação nesse sentido, mas há muitas obras espirituais de grande beleza que tamb<strong>é</strong>m nos<br />

orientam na mesma direcção. De certa maneira, a Sua Incarnação realizou-se pela intercessão de<br />

<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>. Quando <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> consentiu em fazer a vontade de Deus e ser Mãe da<br />

Segunda Pessoa incarnada da Santíssima Trindade, fez a sua intercessão de maneira muito real.<br />

Nosso Senhor sujeitou a Sua própria Incarnação à condição da intercessão da Sua Mãe.<br />

Da mesma maneira, os Seus milagres devem-se à Sua intercessão. Recordemos o primeiro de<br />

todos; nas bodas de Caná, <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> notou que não havia vinho e disse-Lhe: “Filho, não<br />

têm vinho”, ao que Ele respondeu: “Mulher, o que tem isso a ver comigo e contigo?”, e então<br />

transformou a água em vinho como o seu primeiro milagre público. Ora bem, isto simbolizou a<br />

Sua entrada nesta vida, na Sua vida pública, na Sua vida de milagres, e fê-lo com a intercessão<br />

da Sua Mãe, e tamb<strong>é</strong>m com a Sua permissão e a Seu pedido.<br />

A Santíssima Virgem ocupa um lugar único na criação. Ora bem, <strong>é</strong> aqui que os<br />

Protestantes da minha terra começam a ter problemas com a Santíssima Virgem, porque, por uma<br />

razão qualquer, não conseguem aceitar o facto de que <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> <strong>é</strong> única na criação. Não <strong>é</strong><br />

Deus porque foi criada; não <strong>é</strong> igual a nós porque nós nascemos no pecado; mas <strong>é</strong> a Imaculada<br />

Conceição, o primeiro tabernáculo, o vaso santo e puro feito por Nosso Senhor <strong>para</strong> O conter<br />

durante nove meses, enquanto esperava <strong>para</strong> nascer em Bel<strong>é</strong>m.<br />

<strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>, a Imaculada Conceição, ocupa um lugar único na criação, tanto pela Sua<br />

natureza de ser a Imaculada Conceição como pelos Seus m<strong>é</strong>ritos. Porque tamb<strong>é</strong>m mereceu o que<br />

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tinha. Não por ter nascido Imaculada Conceição; por<strong>é</strong>m mereceu muitas coisas por Sua própria<br />

conta. Ou seja, por colaborar inteira e totalmente com o plano de Deus. Mereceu, e conseguiu<br />

onde a primeira Eva falhou, e nesse sentido contribuiu <strong>para</strong> a nossa redenção. Ocupa, pois, uma<br />

posição única entre Deus e os homens, acima de todos os homens.<br />

Aqueles de vós que estão familiarizados com a liturgia tradicional da Igreja sabem como<br />

nós demonstrávamos isto. Há três tipos de inclinações. Por exemplo, na Missa tradicional da<br />

Igreja, faz-se uma leve inclinação da cabeça quando se menciona o Santo do dia, ou o nome do<br />

Papa, ou o Bispo da Diocese em que se está, no dia da sua sagração. Faz-se uma inclinação<br />

profunda da cabeça quando se diz o nome da Santíssima Virgem Maria, e só o nome da<br />

Santíssima Virgem Maria. É uma inclinação mais profunda do que a do Santo, do Papa ou do<br />

Bispo. Mas <strong>é</strong> menos profunda do que o terceiro tipo de inclinação, que <strong>é</strong> reservada ao nome de<br />

Nosso Senhor Jesus Cristo, e não há uma inclinação mais profunda do que esta.<br />

Portanto, at<strong>é</strong> na liturgia se<strong>para</strong>mos dulia, hiperdulia e latria, que a Igreja dedica aos<br />

vários santos, a Deus e à Santíssima Virgem. Nós, Católicos, sempre Lhe demos este lugar sem o<br />

questionarmos. Não questionamos isso nem nunca o fizemos. Mas, como já disse, há quem o<br />

faça. A saber, os Protestantes, que começaram com a revolta protestante do início do S<strong>é</strong>culo<br />

XVI.<br />

Reparem que lhe chamo Revolta protestante, e não a Reforma. Os Protestantes gostam de<br />

chamar-lhe Reforma porque pensam que a Igreja Católica estava de alguma maneira corrupta e<br />

que eles a reformaram gloriosamente num sentido bíblico. Mas não, destruíram a unidade da<br />

Igreja. Blasfemaram a nossa Mãe Santíssima, Nosso Senhor e os Seus santos, e tudo o que<br />

apareceu antes deles na Sua Igreja. É, portanto, acima de tudo a Revolta protestante, não a<br />

Reforma protestante.<br />

Eles têm duas queixas principais a respeito da Santíssima Virgem Maria. Em primeiro<br />

lugar, dizem que Ela era uma mulher como qualquer outra. Assim sendo, suponham que Nosso<br />

Senhor escolheu uma mulher qualquer ao acaso <strong>para</strong> incarnar. Dizem eles, uma mulher como<br />

qualquer outra. Para a outra objecção, falam nas Escrituras <strong>para</strong> dizerem que Ela não pode ser<br />

mediadora, porque só temos um mediador, e esse mediador <strong>é</strong> o próprio Jesus Cristo. E por isso<br />

dizem que, quando rezamos à Santíssima Virgem, ou quando rezamos aos santos, estamos na<br />

prática a cometer idolatria, porque as Escrituras dizem que só podemos ter um mediador, um<br />

intercessor, que <strong>é</strong> Jesus.<br />

Os Protestantes baseiam estas opiniões no que entendem, em primeiro lugar, ser uma<br />

falta de evidência nas Escrituras. Não lhes interessa saber que o Antigo Testamento está cheio de<br />

referências à segunda Eva nas Suas qualidades; e está. Se lerem o Antigo Testamento, tendo em<br />

conta os dados do Novo Testamento, verão que Nosso Senhor <strong>é</strong> prefigurado e referido centenas<br />

de vezes no Antigo Testamento, assim como <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong>. E então o aspecto do senso comum<br />

da teologia?<br />

Recordem-se que a nossa teologia não <strong>é</strong> só bíblica. O bíblico <strong>é</strong> bom; o nosso livro <strong>é</strong><br />

bíblico, o livro da Igreja Católica; usamo-lo e interpretamo-lo como deve ser. Mas a teologia não<br />

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<strong>é</strong> só ler a Bíblia; a teologia <strong>é</strong> usar a cabeça, e usá-la muitas vezes. Quando se aplica a lógica às<br />

Escrituras e aos verdadeiros princípios sobre Deus; <strong>é</strong> assim que se faz a teologia. Quando se<br />

aplica a lógica à verdade, pode chegar-se a outra verdade, e isso, basicamente, <strong>é</strong> teologia.<br />

Então o que dizer daquele aspecto da teologia, o aspecto do senso comum? Deus Filho, o<br />

Santo, o Imortal, não poderia nascer da carne de uma mulher como qualquer outra. Isto <strong>é</strong><br />

derivado da natureza de Deus. Não podia nascer da carne de uma mulher como qualquer outra,<br />

com a mancha do pecado original, uma mulher tão pecadora como qualquer outra. Isso seria<br />

impossível <strong>para</strong> o Santo, o Imortal, que não pode tolerar a presença de imperfeição, ou pecado,<br />

ou erro.<br />

Portanto, a Sua situação única, devida à Sua Imaculada Conceição, pode deduzir-se<br />

atrav<strong>é</strong>s da lógica. Ela tinha de ser a Imaculada Conceição. Mesmo que não tiv<strong>é</strong>ssemos lido as<br />

palavras do anjo, registadas nas Escrituras: “Ave, cheia de graça”, saberíamos que Ela era, de<br />

facto, cheia de graça desde o primeiro momento da Sua concepção, porque não podia ser doutra<br />

maneira.<br />

A outra objecção que os Protestantes fazem, sobre um só mediador, um só intercessor,<br />

que <strong>é</strong> Jesus Cristo, em que sentido será verdade, e como <strong>é</strong> que se deve entender? Que Jesus<br />

Cristo <strong>é</strong> o único mediador em justiça, <strong>para</strong> a nossa redenção, não está em discussão. Só Ele<br />

pagou o preço pelos nossos pecados, e isto <strong>é</strong> exactamente o que as Escrituras querem dizer<br />

quando se referem a um só mediador. Significa que só Ele nos remiu os pecados. Pagou o preço.<br />

E como <strong>é</strong> que sabemos que isto <strong>é</strong> o que as Escrituras dizem? E como <strong>é</strong> que sabemos que as<br />

Escrituras não proíbem que se reze aos santos ou à Santíssima Virgem Maria? Porque as<br />

Escrituras estão cheias de exemplos de intercessão de outros seres humanos. Vou-lhes dar uns<br />

exemplos.<br />

A que chamamos a mediação da graça? Nosso Senhor <strong>é</strong> a mediação da justiça. Pagou o<br />

preço. A mediação dos santos e da Santíssima Virgem Maria chama-se a mediação da graça. Se<br />

lermos o 2º livro dos Macabeus 15:14, Jeremias intercedeu depois da sua morte pela sua querida<br />

cidade de Jerusal<strong>é</strong>m. Vejam o livro do Apocalipse, 5:8: os antigos intercedem por nós, os Santos.<br />

Um exemplo final. Se re<strong>para</strong>rem na 2ª epístola de S. Pedro 1:15, verão que S. Pedro<br />

prometeu aos seus discípulos que intercederá por eles no C<strong>é</strong>u. Sabemos, portanto, pelas<br />

Escrituras, que não há apenas um mediador que reza por nós <strong>para</strong> obter a graça; tem que ser<br />

assim, porque nas Escrituras encontramos outros exemplos de mediação da graça.<br />

É evidente que, em virtude de Quem <strong>é</strong> e do que Ela <strong>é</strong>, a intercessão da Santíssima Virgem<br />

Maria tem um lugar muito especial. Assim como Ela ocupa um lugar próprio na criação, assim a<br />

Sua intercessão ocupa um lugar próprio. E o que <strong>é</strong>? Qual <strong>é</strong> o Seu lugar? É o Seu lugar único na<br />

intercessão. A Santíssima Virgem Maria não <strong>é</strong> a Rainha do C<strong>é</strong>u e da terra? Sim, <strong>é</strong> a Rainha do<br />

C<strong>é</strong>u e da terra. Então não será apropriado que at<strong>é</strong> as orações dos Santos subam ao C<strong>é</strong>u atrav<strong>é</strong>s<br />

d’Ela, e tamb<strong>é</strong>m todas as graças desçam do C<strong>é</strong>u atrav<strong>é</strong>s d’Ela? Ela não o mereceu? Sem dúvida<br />

que mereceu.<br />

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Recordemos que Lhe chamamos Rainha, na Salve Rainha, e que no 5º mist<strong>é</strong>rio glorioso<br />

referimo-nos à coroação da Santíssima Virgem Maria como Rainha do C<strong>é</strong>u e da terra; falamos<br />

d’Ela como algu<strong>é</strong>m que tem domínio absoluto sobre nós, como Rainha que <strong>é</strong>. Uma Rainha não <strong>é</strong><br />

uma figura parlamentar em que não podemos depositar a nossa confiança. De modo nenhum!<br />

Uma Rainha tem poder absoluto neste sentido, e no mesmo sentido Maria <strong>é</strong> Rainha do C<strong>é</strong>u e da<br />

terra. Porque o mereceu. Assim <strong>é</strong> por necessidade de preceito, e não por necessidade de meios.<br />

O que quer isto dizer? Ela <strong>é</strong> a Mediadora de todas as Graças porque Deus assim o quer.<br />

Não porque tem de ser assim, mas porque Deus determinou que assim fosse, pelo amor que tem<br />

à Sua Mãe Santíssima e aos Seus m<strong>é</strong>ritos. É a isto que se chama a necessidade de preceito, por<br />

oposição à necessidade de meios. É assim porque Deus quer que seja assim, e não devido à Sua<br />

natureza. Foi o próprio Deus quem sujeitou a Sua Incarnação à intercessão incomparável da Sua<br />

Mãe. Sujeitou a Sua Incarnação ao fiat da Sua Mãe Santíssima, que assim cumpriu os desejos da<br />

raça humana. A vinda do Messias realizou-se pela Sua palavra e permissão, e apenas pela Sua<br />

palavra e permissão.<br />

Da mesma maneira, recebemos as graças do minist<strong>é</strong>rio público de Nosso Senhor atrav<strong>é</strong>s<br />

da Sua intercessão; e segundo as revelações dadas à Beata Ana Catarina Emmerich, Nosso<br />

Senhor at<strong>é</strong> pediu a permissão da Sua Mãe <strong>para</strong> se submeter à Sua paixão. Assim, at<strong>é</strong> a graça da<br />

remissão dos pecados foi atrav<strong>é</strong>s da Sua palavra, e apenas da Sua palavra. Segundo as revelações<br />

de Ana Catarina Emmerich, Nosso Senhor visitou <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> e pediu-Lhe licença <strong>para</strong> se<br />

submeter à Sua paixão.<br />

Não nos poderá surpreender que esta relação deva ser continuada no C<strong>é</strong>u. De facto, <strong>é</strong><br />

muito apropriado que, assim como na terra, a intercessão de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> seja agora <strong>necessária</strong><br />

<strong>para</strong> a <strong>salvação</strong> em cada caso específico, como anteriormente era em termos gerais. Há quem<br />

queira limitar as atribuições de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> como Mediadora de todas as Graças ao caso geral,<br />

quando Ela deu o seu Sim, o Seu consentimento; o Seu fiat <strong>para</strong> a Incarnação, que, portanto, nos<br />

concedeu Deus incarnado, que teve o Seu minist<strong>é</strong>rio em público, a Sua paixão, morte e<br />

ressurreição.<br />

Todavia, <strong>é</strong> muito mais activa e específica do que isso. É um caso específico individual de<br />

necessidade da Sua intercessão <strong>para</strong> a <strong>salvação</strong>. Cada um de nós não <strong>é</strong> apenas o caso histórico do<br />

Seu fiat na Anunciação. O que têm os santos a dizer sobre este assunto? Bem, vou-lhes ler<br />

algumas citações do que os santos disseram sobre este assunto; todos eles estavam de acordo.<br />

Não há nenhum santo, nenhum escritor espiritual na história da Igreja que negue a necessidade<br />

da intercessão de <strong>Nossa</strong> <strong>Senhora</strong> na <strong>salvação</strong> de cada um de nós.<br />

Não <strong>é</strong> muito difícil encontrar referências sobre isto. Aqui só lhes vou indicar algumas. S.<br />

Bernadino de Siena disse que todas as graças da vida espiritual que descem de Cristo, cabeça do<br />

Corpo Místico de que fazem parte os fi<strong>é</strong>is, são transmitidas por instrumento de Maria. Diz o<br />

mesmo S. Bernadino que, como Deus se dignou habitar no seio desta Santíssima Virgem, Ela<br />

adquiriu desta maneira jurisdição sobre todas as graças que Jesus Cristo concedeu do Seu<br />

sacratíssimo seio. Todas as correntes de dons divinos vieram d’Ela como de um oceano celestial.<br />

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Noutro lugar, repetiu a mesma ideia em termos mais distintos. Discorreu que, a partir do<br />

momento em que esta Virgem Mãe concebeu o Verbo Divino no Seu seio, Ela adquiriu uma<br />

jurisdição especial, por assim dizer, sobre todos os dons do Espírito Santo, de modo que<br />

nenhuma criatura recebeu desde então qualquer graça de Deus que não fosse pelas mãos de<br />

Maria. Há um escritor espiritual, Ricardo de São Lourenço, que disse que Deus quis que todas as<br />

boas coisas que Ele concede às Suas criaturas passassem pelas mãos de Maria.<br />

Da mesma maneira, o Venerável Abade de Sales exorta a todos a que recorram a este<br />

tesouro de graças, que <strong>é</strong> o nome que Lhe dá. Dirigi-vos à Santíssima Virgem, disse ele, porque<br />

por Ela, e n’Ela, e com Ela, e d’Ela, o mundo recebe e receberá todo o bem.<br />

Isto <strong>é</strong> de Santo Afonso de Ligório. Deus, que nos deu Jesus Cristo, quis que todas as<br />

graças que foram, são e hão-de ser dispensadas aos homens at<strong>é</strong> ao fim do mundo pelos m<strong>é</strong>ritos<br />

de Cristo fossem dispensadas pelas mãos e atrav<strong>é</strong>s da intercessão de Maria. Um famoso teólogo<br />

jesuíta, Suárez, disse que a intercessão e orações de Maria estão acima de todas as outras e são<br />

não só úteis como tamb<strong>é</strong>m <strong>necessária</strong>s. S. Bernardo disse que Deus quer que não tenhamos nada<br />

que não tenha passado pelas mãos de Maria.<br />

E antes de S. Bernardo, já Santo Ildefonso afirmava o mesmo. Dizia ele: Ó Maria, Deus<br />

decidiu cometer às Vossas mãos todos os dons que dispensou aos homens, e, portanto, confiou-<br />

Vos todos os tesouros e riquezas da graça. Mais outra autoridade, S. Pedro Damião, disse que<br />

Deus não Se faria homem sem o consentimento de Maria. Em primeiro lugar <strong>para</strong> nos sentirmos<br />

com maiores obrigações <strong>para</strong> com Ela, e em segundo lugar <strong>para</strong> compreendermos que a <strong>salvação</strong><br />

de todos ficou ao cuidado da Santíssima Virgem.<br />

Só mais algumas notas. A evidência dos santos e teólogos <strong>é</strong> tão grande que <strong>é</strong> maravilhoso<br />

ouvir isto. Citemos mais uma vez o teólogo jesuíta Suárez, que disse que Maria colaborou na<br />

nossa <strong>salvação</strong> de três maneiras: Primeira, por ter merecido, por congruidade ou capacidade, a<br />

incarnação do Verbo. Segunda, por ter rezado continuamente por nós enquanto viveu neste<br />

mundo. E terceira, por ter oferecido voluntariamente a vida do Seu Filho a Deus <strong>para</strong> a nossa<br />

<strong>salvação</strong>. Por esta razão, Nosso Senhor decretou na Sua justiça que, assim como Maria colaborou<br />

na <strong>salvação</strong> dos homens com tanto amor, dando ao mesmo tempo tal glória a Deus, assim todos<br />

os homens devem obter a sua <strong>salvação</strong> por intercessão de Maria.<br />

Esta referência <strong>é</strong> de Santo António.<br />

“Quem pede e espera obter graças sem a intercessão de Maria<br />

<strong>é</strong> como se tentasse voar sem asas. Porque, assim como o Faraó<br />

disse a Jos<strong>é</strong>: “A terra do Egipto está nas tuas mãos”, e em seguida<br />

enviou-lhe todos os que vinham pedir ajuda, dizendo: “Ide a Jos<strong>é</strong>”,<br />

assim Deus nos envia a Maria quando procuramos graças. Ide a<br />

Maria, porque Ele decretou, escreveu S. Bernardo, que não<br />

concederia graças a não ser que passassem pelas mãos de Maria. A<br />

nossa <strong>salvação</strong> está nas Suas mãos.”<br />

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Esta <strong>é</strong> de Cassiano, o escritor espiritual. A nossa <strong>salvação</strong> está nas Suas mãos. Diz<br />

claramente que a <strong>salvação</strong> de todos nós depende de sermos favorecidos e protegidos por<br />

Maria. Quem for protegido por Maria salvar-se-á. Quem não for, perder-se-á.<br />

Citemos novamente Ricardo de São Lourenço:<br />

“Assim como cairíamos no abismo se o chão desaparecesse de baixo<br />

dos nossos p<strong>é</strong>s, assim uma alma privada da ajuda de Maria cairia primeiro no<br />

pecado e em seguida no inferno. S. Boaventura disse que Deus não nos<br />

salvará sem a intercessão de Maria. Assim como um beb<strong>é</strong> não pode viver sem<br />

uma ama que lhe dê de mamar, sabei que ningu<strong>é</strong>m pode ser salvo sem a<br />

protecção de Maria. Portanto, exorta-nos a ansiar pela <strong>devoção</strong> a Ela. A<br />

mantê-la com cuidado e nunca a abandonar at<strong>é</strong> recebermos a Sua bênção<br />

maternal.”<br />

Há muitos exemplos diferentes disto. Lembro-me agora de um. Veio num artigo<br />

publicado no Catholic Family News, quase há sete anos. Era o caso de um jovem negro do<br />

Sul, chamado Claude Newman, que era completamente analfabeto. Algu<strong>é</strong>m tinha atacado e<br />

ferido a sua mulher, e ele, <strong>para</strong> se vingar, acabou por matar o agressor, foi preso e<br />

condenado por assassínio. A sentença era de morte.<br />

Na cadeia encontrou outro preso que tinha uma medalha ao pescoço. Newman<br />

perguntou-lhe: “O que <strong>é</strong> isso que tens aí?” O preso, que não era muito bom Católico,<br />

respondeu: “´É só uma medalha”; e tirou-a, cuspiu no chão e deitou-a fora. Claude<br />

Newman apanhou-a e pediu licença ao guarda <strong>para</strong> a usar. A partir dessa noite, a<br />

Santíssima Virgem apareceu-lhe.<br />

O ponto a reter <strong>é</strong> que, antes de ser executado, esteve em comunicação com a<br />

Santíssima Virgem, e disse ao padre que foi prestar-lhe assistência: “Senhor Padre, se<br />

precisar de alguma coisa, diga-me, e eu peço-Lhe por si”. Muitos santos escreveram a<br />

mesma coisa. Não lhe disse que, se precisasse de alguma coisa, lhe dissesse e ele falaria<br />

com Jesus. Disse-lhe que, se precisasse de alguma coisa, lhe dissesse e ele pediria a <strong>Nossa</strong><br />

<strong>Senhora</strong> por ele.<br />

Meus caros fi<strong>é</strong>is, temos todo o direito de esperar que isto <strong>é</strong> verdade, considerando a<br />

extensão das provas colhidas dos teólogos e Santos e Padres da Igreja; e isto não <strong>é</strong> coisa<br />

que nos surpreenda a nós, Católicos. Recordemos que, mais recentemente, Fátima<br />

confirmou tudo isto de forma maravilhosa. A Mensagem de Fátima <strong>é</strong> uma das intercessões<br />

<strong>necessária</strong>s da Santíssima Virgem Maria, e Nosso Senhor disse-o. Recordam-se de quando<br />

Lúcia perguntou a Deus, “Porquê a Rússia?” Ele respondeu: “Para que saibam que foi a<br />

Minha Mãe que fez isto, e <strong>para</strong> que venerem o Seu Imaculado Coração a par da <strong>devoção</strong> ao<br />

Meu Sagrado Coração.”<br />

E isto <strong>é</strong> tudo o que esperamos <strong>para</strong> Fátima: a expressão pública do Santo Padre em<br />

como a Santíssima Virgem <strong>é</strong> Mediadora de todas as Graças, atrav<strong>é</strong>s da Consagração da<br />

Rússia ao Seu Imaculado Coração. Eventualmente, isto far-se-á. Nosso Senhor far-nos-á<br />

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ajoelhar perante o trono da Sua Mãe Santíssima, e isto far-se-á. Ela será reconhecida como<br />

o canal, a porta, o portão do C<strong>é</strong>u que devemos transpor. Ela será eventualmente<br />

reconhecida como tal, mas, como dizem as profecias, quanto mais tempo se esperar, piores<br />

são as consequências do atraso.<br />

Quero deixá-los com uma citação final que acho que <strong>é</strong> especialmente bela. É de S.<br />

Germano. Para mim, resume tudo. Escreveu ele:<br />

“Não há ningu<strong>é</strong>m, ó Maria Santíssima, que possa ser salvo ou<br />

remido, a não ser por Vós, ó Mãe de Deus. Ningu<strong>é</strong>m que possa ser livrado de<br />

perigos a não ser por Vós, ó Virgem Mãe. Ningu<strong>é</strong>m que possa alcançar<br />

misericórdia a não ser por Vós, ó Cheia de Graça.”<br />

Penso que ningu<strong>é</strong>m o pode dizer mais completamente ou melhor do que isto, ou de<br />

maneira a resumir os sentimentos de todos os corações verdadeiramente católicos. Que o<br />

Imaculado Coração de Maria seja venerado e glorificado, e que possamos ver o Seu triunfo<br />

a seguir à Consagração da Rússia. Que possamos vê-La triunfar sobre todos os que<br />

duvidam que Ela seja a nossa única Mãe. Amen<br />

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