odisseia da cura3.pdf

Quantos questionamentos passavam pela mente do
inexperiente, mas determinado, Álefe! Naqueles breves
segundos, nada parecia importar para ele, com exceção
da vida do melhor amigo. Kedáre, tampouco Ágata,
por mais forte que fossem, representavam motivo de
preocupação ao terráqueo. O rapaz mantinha todo seu
ser voltado ao sofrimento de Valentim, que agonizava
em sua frente:
_ Valentim! Seja forte, eu vou curá-lo! _ disse Álefe com o
sentimento de impotência diante de algo tão grave. Suas
mãos estavam vermelhas pelo sangue que saía do ferimento
do amigo, o mesmo sangue que banhava seu desespero.
_ Acho que não dá tempo, amigo... Este ferimento foi
mortal... Não sobreviverei! _ respondeu Valentim, já sem
forças para falar. Seus olhos da cor das esmeraldas que expressavam
incrível vigor, agora eram palco da agonia e dor
que contaminavam o destemido guerreiro. A coragem e a
bravura, adjetivos claramente percebidos por Álefe toda
vez que observava seu amigo e mestre em combate, davam
lugar a um sentimento de fragilidade e perda, que consumiam
a alma do filho de Lysa. Como um olhar tão valente
e corajoso estava agora à mercê de seu último piscar? Era
incompreensível a Álefe ver seu maior exemplo de força,
deslizando-se rapidamente em direção à morte, com opacos
e leves gemidos que emitiam um indesejado e torturante
som aos ouvidos de seu jovem aprendiz.
_ Não ousaria atacá-lo assim! Ousaria? _ perguntou Álefe
à Ágata, repreendendo-a quanto a uma possível agressão.
_ Não! Não sou covarde! Mas isso não acaba aqui! _ respondeu, friamente
sem mover nenhum músculo contra eles, olhando-os sob o ódio e a pena.