16.09.2013 Views

EDUCAÇÃO INFANTIL: a importância da afetividade na relação ...

EDUCAÇÃO INFANTIL: a importância da afetividade na relação ...

EDUCAÇÃO INFANTIL: a importância da afetividade na relação ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Lilian Fradique Guiotti<br />

Educação Infantil: A <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno.<br />

BRASÍLIA<br />

Pró-Reitoria de Graduação<br />

Curso de Pe<strong>da</strong>gogia<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

<strong>EDUCAÇÃO</strong> <strong>INFANTIL</strong>: a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno <strong>na</strong> percepção de educadores<br />

Artigo apresentado ao curso de graduação<br />

em Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica de<br />

Brasília, como requisito parcial para<br />

obtenção do Título de Autora: Licenciatura Lilian Fradique em Guiotti<br />

Pe<strong>da</strong>gogia.<br />

Orientadora: Profa. Dt<strong>da</strong>. Rosa<strong>na</strong> Márcia Rolando Aguiar<br />

2011<br />

Brasília - DF<br />

2011<br />

Orientador: prof. Dt<strong>da</strong> Rosa<strong>na</strong> Márcia<br />

Rolando Aguiar<br />

1


Artigo de autoria de Lilian Fradique Guiotti “<strong>EDUCAÇÃO</strong> <strong>INFANTIL</strong>: a <strong>importância</strong><br />

<strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno <strong>na</strong> percepção de professores”. Apresentado<br />

como requisito parcial para obtenção do grau de licenciatura em Pe<strong>da</strong>gogia <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de Católica de Brasília, defendido e aprovado em 18 de novembro de 2011,<br />

pela banca exami<strong>na</strong>dora abaixo assi<strong>na</strong><strong>da</strong>:<br />

______________________________________________<br />

Prof.(a) Dt<strong>da</strong>. Rosa<strong>na</strong> Márcia Rolando de Aguiar<br />

Orientadora<br />

Pe<strong>da</strong>gogia - UCB<br />

______________________________________________<br />

Profa. MSc. Adria<strong>na</strong> Lira<br />

Avaliadora<br />

Pe<strong>da</strong>gogia - UCB<br />

2


AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço a Deus em primeiro lugar, por me guiar e me <strong>da</strong>r forças para concluir<br />

esse trabalho em um período que pensei que não ia <strong>da</strong>r conta. Quantas vezes, diante <strong>da</strong>s<br />

barreiras e <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de pensei, em desistir, mas Ele estava sempre ali ao meu lado me<br />

<strong>da</strong>ndo forças para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de aos meus sonhos e os meus desejos. Mostrou que é<br />

possível superar as barreiras,muitas vezes cria<strong>da</strong>s por nós mesmos, e alcançar nossos<br />

sonhos.<br />

Também agradeço às minhas amigas Cleuba, por ser um ombro amigo, Aline<br />

Miran<strong>da</strong>, Aline Craveiro, ThaiseTrajano,Junior, Rute Jovita, Samara Lopes, Ivone e<br />

Lais Oliveira por sempre estarem ao meu lado, e as minhas irmãs Lais e Lore<strong>na</strong> que me<br />

dão força para realizar o meu grande sonho. Agradeço principalmente, à minha mãe<br />

Joa<strong>na</strong> D´arc e ao meu pai que são minhas inspirações, meu referencial, meu porto<br />

seguro e que sempre acreditram no meu potencial.<br />

Meu eterno agradecimento à profª Rosa<strong>na</strong> Márcia Rolando Aguiar que me<br />

orientou, por ter estendido as mãos <strong>na</strong> hora que mais precisei dela, por ser essa<br />

excelente educadora que me propiciou novos saberes, que me deu apoio incondicio<strong>na</strong>l,<br />

carinho, que teve compreensão, paciência e dentre outras virtudes. Quantos desabafos<br />

ela ouviu e sempre tinha uma palavra que me confortava, tor<strong>na</strong>ndo os momentos difíceis<br />

mais fáceis de serem superados. Agradeço à profª Adria<strong>na</strong> Lira por sua bon<strong>da</strong>de em<br />

sempre querer aju<strong>da</strong>r ao próximo. Fico muito agradeci<strong>da</strong> por ter aceitado ler e avaliar<br />

este trabalho.<br />

3


<strong>EDUCAÇÃO</strong> <strong>INFANTIL</strong> : a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professoraluno<br />

<strong>na</strong> percepção de educadore.<br />

Resumo<br />

Este trabalho tem como principal objetivo discutir a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong><br />

<strong>relação</strong> professor-aluno <strong>na</strong> educação infantil à luz de alguns pressupostos teóricos de<br />

referência nesse assunto. Teve como escopo a abor<strong>da</strong>gem qualitativa para identificar a<br />

partir <strong>da</strong> escuta por meio de entrevista estrutura<strong>da</strong> de uma escola <strong>da</strong> rede pública de<br />

ensino do DF, o que as docentes, que gentilmente colaboraram com esta pesquisa,<br />

pensam sobre o tema exposto e como a falta de afetivi<strong>da</strong>de pode trazer bloqueio no<br />

processo de aprendizagem do aluno <strong>da</strong> educação infantil. Assim, as educadoras<br />

entrevista<strong>da</strong>s apontaram que a afetivi<strong>da</strong>de é um elemento essencial no processo ensino-<br />

aprendizagem e que a falta dela pode trazer consequências e traumas irreversíveis,<br />

prejudicando, até mesmo, os sonhos e os desejos que o educando tem para um futuro<br />

próximo. Vale ressaltar que no relato <strong>da</strong>s entrevista<strong>da</strong>s alguns fatores podem contribuir<br />

para a falta do vínculo afetivo <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno como o número excessivo de<br />

alunos <strong>na</strong> sala de aula, pois as docentes questio<strong>na</strong>m como <strong>da</strong>r atenção necessária a ca<strong>da</strong><br />

educando. Por meio <strong>da</strong>s falas <strong>da</strong>s docentes, é possível concluir que a <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno pode ser reconstruí<strong>da</strong> por meio <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de através do diálogo, respeito,<br />

carinho e compreensão incentivados pelos professores.<br />

Palavras-chave: Afetivi<strong>da</strong>de: Relação professor-aluno: Aprendizagem.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A criança inicia a fase escolar trazendo uma mistura de emoções e expectativas,<br />

como o medo, a desconfiança, a ansie<strong>da</strong>de, resistência, timidez, alegria e motivação.<br />

Assim, ca<strong>da</strong> estu<strong>da</strong>nte traz consigo sua vivência histórica, familiar, desde a mais tenra<br />

i<strong>da</strong>de. Como a escola para a criança é um contexto totalmente novo, é necessário que<br />

ela se sinta ama<strong>da</strong>, acolhi<strong>da</strong> e segura nesse novo ambiente. Saltini(2008,p.101)<br />

corrobora com esta idéia ao considerar que a criança deseja e necessita ser ama<strong>da</strong>, aceita<br />

4


e acolhi<strong>da</strong> e ouvi<strong>da</strong> para que possa despertar para a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> curiosi<strong>da</strong>de e do<br />

aprendizado.<br />

Este estudo tem como principal objetivo discutir a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong><br />

<strong>relação</strong> professor-aluno dentro do contexto escolar <strong>da</strong> Educação Infantil. De modo<br />

geral, a aprendizagem se dá com a interação entre sujeitos e, <strong>na</strong> escola, isso ocorre com<br />

mais facili<strong>da</strong>de uma vez que a criança convive com outras crianças, que embora sejam<br />

<strong>da</strong> mesma faixa etária são pessoas diferentes, seres humanos complexos. É justamente<br />

nessa interação que acontece tanto entre os estu<strong>da</strong>ntes, quanto entre estes e os adultos <strong>da</strong><br />

escola, o desenvolvimento integral, já que é aí que se aprende a <strong>importância</strong> do convívio<br />

harmônico, <strong>da</strong> amizade e do respeito ao outro. Saltini (2008,p.16), desde este ponto de<br />

vista afirma:<br />

As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor<br />

do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído<br />

em demasia para a construção de neuróticos por não entenderem<br />

de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de dores.<br />

Para que as crianças sejam bem atendi<strong>da</strong>s no ambiente escolar os conhecimentos a<br />

respeito de suas necessi<strong>da</strong>des afetivas nesta fase do desenvolvimento são fun<strong>da</strong>mentais,<br />

pois a criança peque<strong>na</strong> está em um momento significativo de sua constituição subjetiva<br />

e, <strong>na</strong> escola, tais conhecimentos precisam fazer parte <strong>da</strong> formação docente, já que não<br />

são somente os aspectos cognitivos que devem ser privilegiados para o bom an<strong>da</strong>mento<br />

<strong>da</strong> aprendizagem do aluno <strong>na</strong> Educação infantil. Assim, o desenvolvimento infantil, de<br />

acordo com (Cf. Aguiar, Almei<strong>da</strong>, 2011) embora aconteça por meio de heranças<br />

genéticas, estas não são suficientes para a construção de um ser, o que somente é<br />

possível quando um adulto atua nos cui<strong>da</strong>dos desse pequeno humano, estabelecendo<br />

uma <strong>relação</strong> entre eles, formando assim uma rede de laços sociais que o constitui o<br />

pequeno humano psiquicamente.<br />

Neste sentido, a função do docente <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criança, principalmente <strong>na</strong><br />

Educação infantil, é, justamente, a de cooperar com os cui<strong>da</strong>dos em seu<br />

desenvolvimento integral, já que <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> escolar infantil, o professor, faz semblant (está<br />

simbolicamente representando os pais <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> psíquica <strong>da</strong> criança) do papel parental,<br />

5


encar<strong>na</strong>ndo, em si mesmo, o papel ético de sua prática como educador. Assim sendo, os<br />

significantes pai e mãe, podem ser simbolicamente, substituídos pelo significante<br />

professor, cuja função carrega em si uma enorme <strong>importância</strong>, uma vez que, conforme<br />

nos chamam a atenção Aguiar e Almei<strong>da</strong>(2011), ao longo do desenvolvimento humano<br />

é possível que outros significantes e pessoas assumam, simbolicamente, a função<br />

pater<strong>na</strong>, como por exemplo, a figura do professor ou de alguém próximo.<br />

Com o objetivo de abor<strong>da</strong>r os conceitos e a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong><br />

<strong>relação</strong> professor- aluno no ambiente escolar, buscou-se apresentar um breve histórico<br />

<strong>da</strong> educação infantil e <strong>da</strong>s teorias <strong>da</strong> psicologia, basea<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s idéias de Almei<strong>da</strong> (1993),<br />

Galvão (2008), Saltini (2008), Cunha (2010), dentre outros teóricos e comentadores de<br />

suas obras. Assim, foram averiguados os possíveis traumas e bloqueios consequentes <strong>da</strong><br />

falta de afetivi<strong>da</strong>de no processo de ensino e aprendizagem, bem como no<br />

desenvolvimento do aluno, visto que por muito tempo, o afeto deixou de ser<br />

privilegiado pela escola. Isso se deve ao fato de o estu<strong>da</strong>nte ser visto como um mero<br />

receptor de conhecimento.<br />

Um outro aspecto aqui abor<strong>da</strong>do foi o despreparo do educador em face do atual<br />

cenário e como a <strong>relação</strong> professor e aluno pode ser reconstruí<strong>da</strong> de maneira gratificante<br />

e proveitosa para ambos os atores <strong>da</strong> educação.<br />

Desta forma, o tema aqui exposto tor<strong>na</strong>-se relevante, uma vez que, é preciso que<br />

os educadores revejam suas práticas em sala de aula. Faz-se notório também, a reflexão<br />

e a compreensão acerca <strong>da</strong> <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de para o processo <strong>da</strong> aprendizagem<br />

e <strong>da</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno <strong>na</strong> escola de Educação infantil.<br />

Para alcançar os objetivos a que se propôs esta pesquisa, cujo o utilizou-se o<br />

instrumento de coleta dos <strong>da</strong>dos foi a entrevista estrutura<strong>da</strong>.<br />

Um breve histórico sobre a Educação infantil<br />

Por volta do século XIV, a criança era vista como um ser indefinido o<br />

qual representava para a família a perpetuação de seus usos e costumes, ou seja, tinha a<br />

6


missão de repassar os conhecimentos aprendidos com seus ancestrais. Sua educação era<br />

feita de modo coletivo e não se estabelecia nenhum vínculo afetivo entre ela e os pais.<br />

Com a Revolução Industrial, as mulheres passaram a deixar seus lares<br />

por um período para entrarem no mercado de trabalho, porém ain<strong>da</strong> eram cumpridoras<br />

de seus afazeres de criação dos filhos e dos deveres domésticos, como cui<strong>da</strong>r do marido<br />

e <strong>da</strong> família. Concomitante a isso, sob pressão dos trabalhadores urbanos, ocorreram<br />

várias mu<strong>da</strong>nças sociais e econômicas causa<strong>da</strong>s pelas revoluções industriais no mundo<br />

todo a favor de melhores condições de vi<strong>da</strong>. Até então a educação e os estudos <strong>da</strong>s<br />

crianças ficavam sob a responsabili<strong>da</strong>de e a critério <strong>da</strong> família.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 70 e 80, ocorreram o processo de urbanização no Brasil e a entra<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> mulher no mercado de trabalho. Com isso ocorreu a expansão do atendimento<br />

educacio<strong>na</strong>l, com ênfase ao atendimento <strong>da</strong>s crianças de 4 a 6 anos, e em 1980 a<br />

expansão do atendimento de crianças <strong>na</strong> faixa etária de 0 a 3 anos.<br />

Hoje, a educação infantil ain<strong>da</strong> é ti<strong>da</strong> para exercer ``função predomi<strong>na</strong>nte<br />

assistencialista, ora um caráter compensatório e ora um caráter educacio<strong>na</strong>l <strong>na</strong>s ações<br />

desenvolvi<strong>da</strong>s``.(p.8). No documento Política Nacio<strong>na</strong>l de Educação Infantil é citado<br />

que a visão <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de foi modificando com o tempo, pois atualmente a criança é<br />

vista como um ser sócio-histórico indivíduo com direitos e capaz de estabelecer<br />

relações.<br />

Na déca<strong>da</strong> de 1970, foi promulga<strong>da</strong> a lei nº 5.692, de 1971, a qual faz referência<br />

à educação infantil, apontando-a como conveniente à educação em escolas mater<strong>na</strong>is,<br />

jardins de infância e instituições equivalentes. Esta lei recebeu várias críticas, pois não<br />

havia um programa específico para estimular as empresas à criação de pré-escolas.<br />

De acordo com os (Parâmetros Básicos de infra-estrutura para instituições de<br />

educação infantil,BRASIL,2006), as enti<strong>da</strong>des que atendiam crianças de 0 a 6 anos<br />

eram contempla<strong>da</strong>s como guardiãs <strong>da</strong>s crianças. As creches atendiam especificamente<br />

as crianças carentes que eram manti<strong>da</strong>s por enti<strong>da</strong>des filantrópicas ou religiosas e era<br />

visto como uma doação para as pessoas mais carentes. No mesmo documento é<br />

enfatizado que as pessoas de classe baixa decidiram criar locais para acolher e cui<strong>da</strong>r<br />

<strong>da</strong>s crianças chamando de creches e pré-escolas comunitárias. É contemplado que o<br />

7


Estado não ajudou com recursos fi<strong>na</strong>nceiros, o que só aconteceu a partir <strong>da</strong> constituição<br />

de 1988 que estabeleceu que o dever do Estado era garantir o direito à educação para<br />

crianças de 0 a 6 anos.<br />

Em 1996, foi cria a Lei de Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacio<strong>na</strong>l (LDB<br />

9394/96), a qual versa sobre a Educação Infantil juntamente com o Ensino Fun<strong>da</strong>mental<br />

e o Ensino Médio. De acordo com a LDB em seu artigo 29:“A educação infantil,<br />

primeira etapa <strong>da</strong> educação básica tem como fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de o desenvolvimento integral <strong>da</strong><br />

criança até seis anos de i<strong>da</strong>de, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social,<br />

complementando a ação <strong>da</strong> família e <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de.”<br />

A educação infantil, diferentemente dos demais níveis <strong>da</strong> educação, não tem<br />

currículo formal, seguindo,pois desde 1998 o Referencial Curricular Nacio<strong>na</strong>l<br />

(Cf.Brasil, Referencial Curricular Nacio<strong>na</strong>l), documento que equivale aos Parâmetros<br />

Curriculares Nacio<strong>na</strong>is (PCN), os quais embasam os demais segmentos <strong>da</strong> Educação<br />

Básica.<br />

Segundo o Referencial Curricular Nacio<strong>na</strong>l, o papel <strong>da</strong> educação infantil é o de<br />

cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> criança em um espaço formal, contemplando a alimentação, a limpeza e o<br />

lazer (brincadeiras), bem como educar respeitando sempre o caráter lúdico <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des, primando pelo desenvolvimento integral <strong>da</strong> criança, além de trabalhar os<br />

seguintes eixos: movimento, música, artes visuais, linguagem oral e escrita, matemática,<br />

<strong>na</strong>tureza e socie<strong>da</strong>de.<br />

Com base <strong>na</strong> trajetória <strong>da</strong> educação infantil, é possível perceber como a infância<br />

demorou a ser reconheci<strong>da</strong> pelos adultos, uma vez que não se <strong>da</strong>va <strong>importância</strong> ao fato<br />

de as crianças necessitarem de locais específicos para poderem se desenvolver em todos<br />

os aspectos.<br />

Pode-se dizer que a educação infantil surgiu em caráter de assistência à saúde e<br />

preservação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, não se relacio<strong>na</strong>ndo com o fator educacio<strong>na</strong>l, ou seja, não surgiu<br />

com fins educativos, mas no intuito de prestar assistência às crianças.<br />

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacio<strong>na</strong>l, a educação<br />

infantil deve ser ofereci<strong>da</strong> em creches para as crianças de 0 a 3 anos de i<strong>da</strong>de, e em pré-<br />

8


escolas para as crianças de 4 e 5 anos, porém ela não é obrigatória. Assim, a<br />

implantação de Centros de Educação Infantil é facultativa, e de responsabili<strong>da</strong>de de<br />

ca<strong>da</strong> estado e município.<br />

A educação infantil, <strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, consiste <strong>na</strong> educação <strong>da</strong>s crianças antes <strong>da</strong> sua<br />

entra<strong>da</strong> no ensino obrigatório e compreende o período entre zero e seis anos de i<strong>da</strong>de de<br />

uma criança, onde estas são estimula<strong>da</strong>s por meio de ativi<strong>da</strong>des lúdicas e jogos com o<br />

intuito de exercitar as suas capaci<strong>da</strong>des motoras e cognitivas, fazer descobertas e iniciar<br />

o processo de alfabetização.<br />

Neste seguimento infantil a avaliação é feita mediante acompanhamento e<br />

registro do desenvolvimento <strong>da</strong>s crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o<br />

acesso ao ensino fun<strong>da</strong>mental.<br />

Contextualizando as leis e diretrizes que embasam a Educação Infantil<br />

Embora este seguimento <strong>da</strong> educação não seja o foco desta pesquisa vale<br />

ressaltar que a nova Lei de Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacio<strong>na</strong>l (Lei Federal n.<br />

9.394), aprova<strong>da</strong> em 20 de dezembro de 1996, consoli<strong>da</strong> e amplia o dever do poder<br />

público para com a educação em geral e em particular para com o ensino fun<strong>da</strong>mental.<br />

Assim, vê-se no art. 22 dessa lei que a educação básica, <strong>da</strong> qual o ensino fun<strong>da</strong>mental é<br />

parte integrante, deve assegurar a todos “a formação comum indispensável para o<br />

exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e fornecer meios para progredir no trabalho e em estudos<br />

posteriores”, fato que confere ao ensino fun<strong>da</strong>mental, ao mesmo tempo, um caráter de<br />

término e de continui<strong>da</strong>de.<br />

O ensino proposto pela LDB está em função do objetivo maior do ensino<br />

fun<strong>da</strong>mental, que é o de propiciar a todos formação básica para a ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, a partir <strong>da</strong><br />

criação <strong>na</strong> escola de condições de aprendizagem para:<br />

“I - o desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de aprender,<br />

tendo como meios básicos o pleno domínio <strong>da</strong> leitura, <strong>da</strong> escrita e do cálculo;<br />

II - a compreensão do ambiente <strong>na</strong>tural e social, do<br />

sistema político, <strong>da</strong> tecnologia, <strong>da</strong>s artes edos valores em que se fun<strong>da</strong>menta<br />

a socie<strong>da</strong>de;<br />

9


III - o desenvolvimento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de<br />

aprendizagem, tendo em vista a aquisição deconhecimentos e habili<strong>da</strong>des e a<br />

formação de atitudes e valores;<br />

IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos<br />

laços de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de huma<strong>na</strong>, e de tolerância recíproca em que se assenta a<br />

vi<strong>da</strong> social” (art. 32).<br />

Somente em abril de 1999, O Conselho Nacio<strong>na</strong>l de Educação fixou a lei que<br />

exigiu que as instituições acatassem as diversas identi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s crianças e suas famílias,<br />

sem exclusão, de gênero, etnia, religião e outras peculiari<strong>da</strong>des. A lei estabelece que o<br />

cui<strong>da</strong>do e o aprendizado devem estar integrados desde o início e que o trabalho<br />

educativo deve ser articulado em três eixos: a brincadeira, o movimento e as relações<br />

afetivas que as crianças desenvolvem.<br />

Em 1998, foi criado o Referencial Curricular Nacio<strong>na</strong>l para Educação<br />

Infantil, (RCNEI,Cf.Brasil,1998), seguimento <strong>da</strong> educação escolar cujo enfoque <strong>da</strong><br />

pesquisa faz referência, que contempla as creches, enti<strong>da</strong>des equivalentes, e pré-escolas<br />

que integram uma série de documentos dos parâmetros curriculares <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is. O RCNEI<br />

consiste em um guia de reflexão para os educadores que atuam com crianças de 0 a 6<br />

anos. De acordo com o RCNEI, é necessário que haja uma mu<strong>da</strong>nça quanto à concepção<br />

sobre a educação infantil, pois esta não pode ser vista com um caráter somente<br />

assistencialista. A mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Educação Infantil deve instigar os aspectos físicos,<br />

emocio<strong>na</strong>is, afetivos, cognitivos e sociais <strong>da</strong> criança. É citado que muitas instituições só<br />

privilegiam os cui<strong>da</strong>dos físicos <strong>da</strong> criança que é ti<strong>da</strong> como ``carente, frágil, dependente<br />

e passiva``, sem ser contempla<strong>da</strong> a individuali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criança.<br />

A preocupação <strong>da</strong>s instituições educacio<strong>na</strong>is resultou em novas propostas, uma<br />

delas é a de que os profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> educação deveriam atuar com substítutos<br />

maternos. Ain<strong>da</strong> existem muitas lacu<strong>na</strong>s quando se fala em cui<strong>da</strong>r e educar e onde a<br />

afetivi<strong>da</strong>de se encaixa nessa prática pe<strong>da</strong>gógica.<br />

De acordo com o RCNEI(Cf,Brasil,1998) as instituições devem criar um ambiente<br />

propício à segurança e confiança <strong>da</strong>s crianças de 0 a 3 anos, a fim de garantir<br />

oportuni<strong>da</strong>des para que sejam capazes de:<br />

• Experimentar e utilizar os recursos de que dispõem para a<br />

satisfação de suas necessi<strong>da</strong>des essenciais, expressando seus desejos,<br />

sentimentos, vontades e desagrados, e agindo com progressiva autonomia;<br />

10


• Familiarizar-se com a imagem do próprio corpo, conhecendo<br />

progressivamente seus limites, sua uni<strong>da</strong>de e as sensações que ele produz;<br />

• Interessar-se progressivamente pelo cui<strong>da</strong>do com o próprio<br />

corpo, executando ações simples relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s à saúde e higiene;<br />

• Brincar;<br />

• Relacio<strong>na</strong>r-se progressivamente com mais crianças, com seus<br />

professores e com demais profissio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> instituição, demonstrando suas<br />

necessi<strong>da</strong>des e interesses.<br />

( volume II.p.27)<br />

Para a fase de 4 a 6 anos de i<strong>da</strong>de os objetivos estabelecidos devem<br />

ser ampliados e aprofun<strong>da</strong>dos para que as crianças sejam capazes de:<br />

• Ter uma imagem positiva de si, ampliando sua autoconfiança,<br />

identificando ca<strong>da</strong> vez mais suas limitações e possibili<strong>da</strong>des, e agindo de<br />

acordo com elas;<br />

• Identificar e enfrentar situações de conflitos, utilizando seus<br />

recursos pessoais, respeitando as outras crianças e adultos e exigindo<br />

reciproci<strong>da</strong>de;<br />

• Valorizar ações de cooperação e soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de,<br />

desenvolvendo atitudes de aju<strong>da</strong> e colaboração e compartilhando suas<br />

vivências;<br />

• Brincar;<br />

Um olhar sobre a afetivi<strong>da</strong>de<br />

• Adotar hábitos de autocui<strong>da</strong>do, valorizando as atitudes<br />

relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com a higiene, alimentação, conforto, segurança, proteção do<br />

corpo e cui<strong>da</strong>dos com a aparência;<br />

• Identificar e compreender a sua pertinência aos diversos<br />

grupos dos quais participam, respeitando suas regras básicas de convívio<br />

social e a diversi<strong>da</strong>de que os compõe.<br />

Nota<strong>da</strong>mente a afetivi<strong>da</strong>de deve ter <strong>importância</strong> central <strong>na</strong> formação escolar e<br />

integral <strong>da</strong> criança, desde o ponto de vista de que a criança é um ser complexo que não é<br />

dotado somente de razão, mas antes de afeto, componente fun<strong>da</strong>mental para que a<br />

aprendizagem ocorra, já que está justamente <strong>na</strong> base <strong>da</strong> inteligência huma<strong>na</strong>.<br />

11


Wallon (1987) citado por Galvão (2008) ressalta que a emoção é o primeiro e<br />

mais forte vínculo entre os seres humanos. Para ele, as emoções podem ser causa de<br />

progresso no desenvolvimento, podem ser fonte de conhecimento, pois enquanto<br />

expressões do sujeito, as emoções precedem, acompanham e orientam as ativi<strong>da</strong>des de<br />

<strong>relação</strong>, sem as quais elas não teriam como capturar o mundo exterior.<br />

Segundo Galvão (2008), a afetivi<strong>da</strong>de é um conceito amplo que abrange várias<br />

manifestações de emoções e sentimentos que podem ser tanto negativos quanto<br />

positivos como o carinho, amor, atenção, raiva, confiança, dentre outros.<br />

A criança começa a criar vínculos afetivos, desde recém-<strong>na</strong>sci<strong>da</strong> quando é<br />

acolhi<strong>da</strong> pelas pessoas mais próximas que interpretam seus movimentos como estados<br />

afetivos. O pequeno humano inicia a manifestação com vários tipos de emoções que<br />

visam a expressão e a comunicação de algo ao outro, que pode ser o desconforto ou a<br />

alegria, a dor por meio do choro etc.<br />

Nos dizeres de Galvão (2008), é através <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de que irá surgir várias<br />

manifestações como a emoção e o sentimento. ´´As emoções, assim como os<br />

sentimentos são manifestações <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> afetiva. ”(p.61).<br />

No intuito de compreender o psiquismo humano, Wallon (1987) citado por<br />

Galvão (2008) volta sua atenção para a criança, destacando que por meio dela é possível<br />

ter acesso à gênese dos processos psíquicos. Para isso busca investigar a criança nos<br />

vários campos de sua ativi<strong>da</strong>de e nos vários momentos de sua evolução psíquica. Para<br />

tal compreensão enfoca o desenvolvimento em seus domínios afetivo, cognitivo e<br />

motor.<br />

Nos dizeres de Piaget (1964) citado por Almei<strong>da</strong> (1993), é por meio <strong>da</strong> interação<br />

familiar que a criança adquire seus primeiros valores e estímulos positivos ou negativos,<br />

que formam os primeiros afetos.<br />

Wallon (1987) citado por Galvão (2008) mostra as diferentes etapas e vínculos,<br />

bem como suas implicações com o “todo” representado pela perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de,<br />

considerando que o sujeito se constrói <strong>na</strong> sua interação com o meio.<br />

12


Jean Piaget (1964) citado por Almei<strong>da</strong> (1993) outro grande estudioso <strong>da</strong><br />

psicologia do desenvolvimento e <strong>da</strong> inteligência infantil, dedicou-se exclusivamente ao<br />

estudo do desenvolvimento cognitivo. Em sua Teoria Construtivista <strong>da</strong> Inteligência,<br />

Piaget (1964) afirma que o conhecimento é construído com o tempo e por meio <strong>da</strong><br />

interação entre os indivíduos e o meio social.<br />

Para este teórico as relações afetivas pressupõem sentimentos bons ou ruins de<br />

acordo com o momento vivido. Nesse sentido, Piaget (1964) citado por Almei<strong>da</strong> (1993)<br />

ressalta que a afetivi<strong>da</strong>de intervém <strong>na</strong> organização <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de intelectual, o saber, a<br />

inteligência, o que pode estimular ou não o desenvolvimento intelectual. No entanto o<br />

afeto não é neutro, significa um sentimento e emoção de agrado ou desagrado, prazer ou<br />

dor, amor ou ódio.<br />

No pensamento de Wallon (1987) citado por Galvão (2008) a afetivi<strong>da</strong>de e a cognição<br />

têm o mesmo nível de <strong>importância</strong> no processo de desenvolvimento <strong>da</strong> criança. Para<br />

este teórico, a afetivi<strong>da</strong>de é um termo abrangente que incluem sentimentos, já a emoção<br />

é mais orgânica, são manifestações corporais e tônicas que o recém-<strong>na</strong>scido, por<br />

exemplo, dispõe para se comunicar com o meio social.<br />

Wallon (1987) citado por Galvão (2008) apropria<strong>da</strong>mente aponta que o <strong>na</strong>scimento <strong>da</strong><br />

afetivi<strong>da</strong>de é anterior <strong>da</strong> inteligência, no inicio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> são expressões motoras que ao<br />

longo do desenvolvimento e com a entra<strong>da</strong> no mundo <strong>da</strong>s representações simbólicas e<br />

<strong>da</strong> fala cedem ca<strong>da</strong> vez mais lugar à inteligência embora tenha um lugar privilegiado <strong>na</strong><br />

vi<strong>da</strong> psíquica do ser humano.<br />

A afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> educação escolar e <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor<br />

De acordo com Galvão (2008), a <strong>relação</strong> professor-aluno tem como principal fator a<br />

emoção, muitas vezes o educador usa o autoritarismo despertando no aluno o<br />

sentimento de oposição. A autora questio<strong>na</strong> o método tradicio<strong>na</strong>l <strong>da</strong> escola e a prática<br />

pe<strong>da</strong>gógica utiliza<strong>da</strong>. Questio<strong>na</strong> também que a sala de aula deveria ser um lugar<br />

acolhedor e agradável propiciando a aprendizagem. Nesta linha de pensamento, o papel<br />

<strong>da</strong> escola é contribuir para que a criança se desenvolva no aspecto cognitivo, mas<br />

também no afetivo e psicomotor, considerando o aspecto afetivo como um dos<br />

elementos essenciais à formação do ser humano. Saltini (2008) enfatiza que a<br />

13


afetivi<strong>da</strong>de é essencial no desenvolvimento <strong>da</strong> inteligência. A motivação e o interesse<br />

<strong>na</strong>scem <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de.<br />

Por sua vez Cunha (2010) ressalta que o amor e o carinho são os grandes<br />

diferenciais no ato de educar porque quem ama não expõe somente, mas estimula o<br />

educando a vivenciar suas experiências afetivas. Cunha (2010, p.41) acrescenta ain<strong>da</strong><br />

que a escola é um lugar privilegiado para a socialização, onde as relações afetivas<br />

possuem substancial valor. O aluno possui a necessi<strong>da</strong>de de conviver, estabelecer<br />

relações, adquirir conhecimento.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Cunha(2010, p.12),muitas crianças e adolescentes não aprendem<br />

e recebem conceito de menos inteligentes, quando,<strong>na</strong> ver<strong>da</strong>de, estão afetivamente<br />

carentes, afi<strong>na</strong>l, nossa inteligência não só agrega aspectos cognitivos, mas também,<br />

emocio<strong>na</strong>is.(CUNHA, 2010, p.22). Logo conclui-se, que a ausência de afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong><br />

<strong>relação</strong> professor- aluno pode trazer sérias consequências ao educando, como o<br />

desinteresse, baixa auto estima ,raiva e alunos introspectivos.<br />

Assim, a <strong>relação</strong> ensi<strong>na</strong>r-aprender é vista como um desafio a ser enfrentado,<br />

tanto no nível teórico como no nível <strong>da</strong>s práticas pe<strong>da</strong>gógicas, as quais traduzem de<br />

forma concreta essa <strong>relação</strong>. Almei<strong>da</strong> (1993) critica que algumas práticas pe<strong>da</strong>gógicas<br />

ain<strong>da</strong> hoje não sabem sobre a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de e do desejo no processo de<br />

aprendizagem, pois baseiam-se no racio<strong>na</strong>lismo e <strong>na</strong> visão dualista do homem,<br />

considerando a aprendizagem como um processo exclusivamente consciente, produto <strong>da</strong><br />

inteligência.<br />

Dessa forma, a pesquisadora propõe uma análise a respeito <strong>da</strong> <strong>relação</strong> ensino-<br />

aprendizagem a partir de uma visão integradora do ser humano, considerando que a<br />

afetivi<strong>da</strong>de expressa-se entre aquele que ensi<strong>na</strong> e aquele que aprende.<br />

De acordo Almei<strong>da</strong> (1993,p.32) cita Pain (1991) que afirma que “o<br />

conhecimento não pode ser transmitido de uma só vez e sua transmissão não se dá no<br />

vácuo, ou seja, <strong>na</strong> ausência do outro”,é através <strong>da</strong> <strong>relação</strong> ensino-aprendizagem que o<br />

aprendiz se apropria do conteúdo ensi<strong>na</strong>do, transformando-o e reproduzindo-o enquanto<br />

14


conhecimento elaborado. Neste caso Almei<strong>da</strong>( 1993) quer dizer que é impossível que se<br />

apren<strong>da</strong> no vazio.<br />

Nos dizeres de Pain (1991) cita<strong>da</strong> em Almei<strong>da</strong> (1993,p.32), “a aprendizagem é<br />

um processo de transmissão de conhecimento e transferência do saber”. Assim, a<br />

<strong>relação</strong> entre o ensi<strong>na</strong>r e o aprender é sempre vincular, ocorre de início <strong>na</strong> família, e,<br />

progressivamente, estende-se ao meio social.<br />

Almei<strong>da</strong>(1993) em seus estudos, verificou que segundo o sentido Piagetiano, o<br />

termo inteligência refere-se a uma estrutura lógica e genética o que significa dizer que a<br />

inteligência não é i<strong>na</strong>ta e nem adquiri<strong>da</strong>, mas sim o resultado de uma construção<br />

progressiva, tendo como ponto de parti<strong>da</strong> o desenvolvimento cognitivo que, para Piaget,<br />

aparece como uma a<strong>da</strong>ptação mais precisa e objetiva à reali<strong>da</strong>de. A mesma autora<br />

enfoca ain<strong>da</strong> outra dimensão presente <strong>na</strong> <strong>relação</strong> ensino-aprendizagem de fun<strong>da</strong>mental<br />

papel, que se refere à afetivi<strong>da</strong>de. Destacando Freud (1974). Este conceitua a<br />

afetivi<strong>da</strong>de como “estímulos que se origi<strong>na</strong>m dentro do organismo e alcançam a mente.”<br />

E o afeto diz Freud “é a expressão qualitativa <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de “energia<br />

pulsio<strong>na</strong>l”.(p.32).<br />

Com <strong>relação</strong> ao desejo, <strong>na</strong> Teoria Freudia<strong>na</strong>, este tem por modelo a primeira<br />

experiência de satisfação, o que constitui a essência do desejo. Já para Lacan o desejo é<br />

sempre o desejo do outro e está intrinsecamente ligado a uma falta que não pode ser<br />

preenchi<strong>da</strong> por nenhum objeto real. Desse modo, a pesquisadora concor<strong>da</strong> com estes<br />

autores concluindo que não existe, em última análise, satisfação do desejo <strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de e<br />

que sua dimensão não tem outra reali<strong>da</strong>de senão a reali<strong>da</strong>de psíquica.<br />

Almei<strong>da</strong> (1993) ressalta a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de e do desejo <strong>na</strong> <strong>relação</strong><br />

professor-aluno, destacando a posição contrária de vários autores em <strong>relação</strong> à Piaget<br />

que defende que não há estrutura cognitiva sem afetivi<strong>da</strong>de.<br />

Na teoria de Wallon citado por Almei<strong>da</strong> (1993) as emoções são a fonte do<br />

conhecimento ocasio<strong>na</strong>ndo progresso no desenvolvimento uma vez que estas<br />

acompanham e orientam as ativi<strong>da</strong>des sensório-motoras e intelectuais tor<strong>na</strong>ndo possível<br />

a representação levando à ‘linguagem imagi<strong>na</strong><strong>da</strong>’ repleta de afetivi<strong>da</strong>de.<br />

15


Ain<strong>da</strong> de acordo com seus estudos realizados por Almei<strong>da</strong>(1993),em Piaget,<br />

Wallon e Freud citados por Almei<strong>da</strong> (1993) a afetivi<strong>da</strong>de pode vista sob diferentes<br />

perspectivas, ocupa lugar privilegiado no desenvolvimento psíquico e intelectual <strong>da</strong><br />

criança e do adolescente, sendo a raiz afetiva a base de to<strong>da</strong> a ativi<strong>da</strong>de psíquica e<br />

intelectual. Ain<strong>da</strong> nesse contexto, o professor atua como peça fun<strong>da</strong>mental nesse<br />

processo, transferindo seu conhecimento ao aluno, pois, é no campo pe<strong>da</strong>gógico, <strong>da</strong>s<br />

relações professor-aluno, que a inteligência, a afetivi<strong>da</strong>de e o desejo se articulam,<br />

confrontando-se com faltas e carências a fim de contribuir para a construção de novas e<br />

infinitas possibili<strong>da</strong>des de aprendizagem.<br />

Materiais e métodos<br />

A presente pesquisa foi realiza<strong>da</strong> <strong>na</strong> Escola Classe. Esta atende às mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des<br />

de educação infantil e Ensino Fun<strong>da</strong>mental I.<br />

A metodologia utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> pesquisa foi qualitativa e o instrumento para a coleta<br />

dos <strong>da</strong>dos foi à entrevista estrutura<strong>da</strong>.<br />

A amostra reúne quatro professoras <strong>da</strong> Educação Infantil com faixa etária entre 39<br />

a 49 anos que atuam <strong>na</strong> educação infantil foram entrevista<strong>da</strong>s. O tempo de experiência<br />

<strong>da</strong>s docentes é de 12 a 17 anos de serviço. Contempla-se que a identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

entrevista<strong>da</strong>s será preserva<strong>da</strong> e que serão utilizados nomes fictícios para identificá-las.<br />

Uma pergunta em comum feita às professoras Laís, Lore<strong>na</strong>, Joa<strong>na</strong> e Aline foi<br />

quanto à <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno? As educadoras<br />

ofereceram respostas semelhantes. “A profª Laís respondeu que a afetivi<strong>da</strong>de é essencial<br />

para que a criança possa adquirir confiança e sentir-se protegi<strong>da</strong> no ambiente<br />

escolar”. Assim também considera a profª Lore<strong>na</strong> respondeu que é importante. Já<br />

“profªJoa<strong>na</strong> respondeu que é sempre bom trabalhar num ambiente afetuoso com<br />

respeito mútuo e também que o rendimento e satisfação para ambos, professor e aluno,<br />

será muito melhor”. “A profª Aline respondeu que o aluno sente mais segurança e<br />

consequentemente sua aprendizagem flui melhor, resultando em um bom trabalho para<br />

16


ambas as partes. Sendo assim as docentes concor<strong>da</strong>m que a afetivi<strong>da</strong>de de alguma<br />

forma move tal <strong>relação</strong>”.<br />

O segundo questio<strong>na</strong>mento feito às docentes foi a respeito do conceito que estas<br />

têm sobre afetivi<strong>da</strong>de. “A profª Laís respondeu que com conversa, carinho, acolher e<br />

orientar”. “A profª Lore<strong>na</strong> respondeu pensaque é criar um vínculo com o aluno<br />

baseado no respeito e carinho”. A profª Joa<strong>na</strong> respondeu que é tratar os outros com<br />

respeito, carinho, atenção que são conceitos básicos para uma boa convivência. Já a<br />

professora Aline respondeu que é construí<strong>da</strong> dia a dia com respeito e tolerância. Ca<strong>da</strong><br />

um respeitando sua individuali<strong>da</strong>de e seu tempo em to<strong>da</strong>s as áreas. As outras questões<br />

direcio<strong>na</strong><strong>da</strong>s às professoras foram: Você acha que a falta de afetivi<strong>da</strong>de pode trazer<br />

bloqueio no processo de aprendizagem?A profª Laís respondeu que sim, e que pode<br />

deixar traumas para o resto <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> criança. A profª Lore<strong>na</strong> respondeu que a criança<br />

deve se sentir protegi<strong>da</strong> e acolhi<strong>da</strong> para obter um bom rendimento. A prof°Joa<strong>na</strong><br />

respondeu que o processo é importante, pois faz parte do ensino aprendizagem. A profª<br />

Aline respondeu que a falta de afeto prejudica muito a todos e em uma sala de aula, essa<br />

falta dificulta muito o trabalho.<br />

Em <strong>relação</strong> à in<strong>da</strong>gação anterior, Você se sente prepara<strong>da</strong> como educadora para li<strong>da</strong>r<br />

com a diversi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> em sala de aula? É notória a preocupação de algumas<br />

entrevista<strong>da</strong>s. A profª Laís respondeu que diante <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de em que enfrenta no mundo<br />

atual é encontra<strong>da</strong> muitas dificul<strong>da</strong>des, mas com amor tudo supera. A profª Lore<strong>na</strong><br />

respondeu que desde que existe o aluno, essa diversi<strong>da</strong>de também existe, e como<br />

enfrentar uma sala de aula lota<strong>da</strong> de alunos? A profª Joa<strong>na</strong> respondeu que está ca<strong>da</strong> dia<br />

mais difícil, mas ela tenta se a<strong>da</strong>ptar à reali<strong>da</strong>de para não prejudicar os seus alunos e<br />

nem a ela. A profª Aline respondeu que ain<strong>da</strong> precisa aprender muito, mas que consegue<br />

através de muita pesquisa e quando necessário procura aju<strong>da</strong> profissio<strong>na</strong>l.<br />

Para pesquisar junto às professoras o que elas pensam sobre a <strong>importância</strong> <strong>da</strong><br />

construção do vínculo afetivo <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno foi utilizado o seguinte<br />

questio<strong>na</strong>mento: Como a <strong>relação</strong> professor-aluno pode ser reconstruí<strong>da</strong> de maneira<br />

proveitosa para as ambas as partes?A profª Laís respondeu que através do respeito,<br />

atenção, diálogo e compreensão tor<strong>na</strong>m-se essa <strong>relação</strong> bem construtiva. A profª Lore<strong>na</strong><br />

respondeu que a <strong>relação</strong> basea<strong>da</strong> no respeito e <strong>na</strong> compreensão dos pais, alunos e<br />

17


direção é possível atender a todos os objetivos propostos. A profª Joa<strong>na</strong> respondeu que o<br />

diálogo e alguns acordos de convivência são primordiais e que não pode deixar a<br />

situação se agravar porque é difícil remediar. A profª Aline respondeu que trabalhando<br />

individualmente ca<strong>da</strong> aluno, com aju<strong>da</strong> profissio<strong>na</strong>l, com trabalhos em grupo e<br />

reconhecer que a mu<strong>da</strong>nça é necessária para acontecer a reconstrução de forma positiva.<br />

Cunha( 2010,p.75) contempla que o que o aluno deseja realmente é a felici<strong>da</strong>de. Busca-<br />

a em to<strong>da</strong>s as suas ativi<strong>da</strong>des e ações, além disso, procura construir e reconstruir os<br />

elementos que o farão feliz e que são mais bem compreendidos em suas emoções. Mas<br />

as barreiras que encontra para o seu aprendizado, se não forem desfeitas, poderão<br />

representar a renuncia dos seus projetos pessoais, ou algo crônico que jamais será<br />

resolvido ple<strong>na</strong>mente.<br />

Resultados<br />

A partir do contato com as professoras pôde- se perceber claramente que estas<br />

consideram a afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno um elemento essencial no processo<br />

de ensino aprendizagem. Este pensamento se justifica pelo fato de que uma <strong>da</strong>s questões<br />

levanta<strong>da</strong>s pelas professoras é a preocupação com a diversi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> em sala de<br />

aula. De acordo com as educadoras, existem muitas dificul<strong>da</strong>des para se adequar à<br />

diversi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> sala de aula, mas <strong>na</strong><strong>da</strong> que os sentimentos como o amor, carinho não<br />

sejam capazes de superar as barreiras.<br />

No que diz respeito às respostas <strong>da</strong>s professoras, verificou-se no relato <strong>da</strong> profª<br />

Lore<strong>na</strong> a preocupação com a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>relação</strong> professor aluno e consequentemente<br />

<strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de entre ambos, uma vez que a docente levantou o questio<strong>na</strong>mento de como<br />

enfrentar uma sala de aula lota<strong>da</strong> de alunos? Porque muitas vezes no relato <strong>da</strong>s docentes<br />

estas encontram salas de aula com mais de 30 alunos e se questio<strong>na</strong>m diante de tal<br />

cenário como <strong>da</strong>r a atenção necessária a ca<strong>da</strong> educando.<br />

É importante destacar o relato <strong>da</strong> profª Lais, que <strong>na</strong> sua percepção a afetivi<strong>da</strong>de é<br />

essencial <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno para que a criança possa adquirir confiança e<br />

sentir-se protegi<strong>da</strong> no ambiente escolar. Cunha (2010) enfatiza que <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-<br />

18


aluno, o educando tem que se sentir amado e acolhido e o afeto deverá ser a primeira<br />

matéria a ser ministra<strong>da</strong> em sala de aula.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Cunha (2010,p.82) afirma que quando amamos, podemos fazer<br />

<strong>da</strong> escola de paredes descasca<strong>da</strong>s, pintura velha, carteiras quebra<strong>da</strong>s, pessoal mal<br />

remunerado até sem água, luz e material didático um ambiente fomentador de<br />

conhecimentos e vi<strong>da</strong>, contra to<strong>da</strong>s as probabili<strong>da</strong>des.<br />

As professoras concor<strong>da</strong>m que a falta de afetivi<strong>da</strong>de pode trazer consequências<br />

traumáticas no processo de aprendizagem. É salientado pela educadora Joa<strong>na</strong> que a falta<br />

do vínculo afetivo pode prejudicar muito o processo de aprendizagem do aluno. Desde o<br />

ponto de vista dos teóricos revisados neste trabalho e comprovado <strong>na</strong>s falas <strong>da</strong>s<br />

professoras entrevista<strong>da</strong>s, a falta de afetivi<strong>da</strong>de no contexto escolar e em sala de aula<br />

pode acarretar vários traumas <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> acadêmica quanto pessoal do educando. Cunha<br />

(2010) registra como se pode ler no trecho a seguir que o aprendente perde o interesse<br />

pelas aulas, começa a ficar irritadiço, intratável, e, às vezes, até agressivo. Ain<strong>da</strong> que o<br />

afeto não seja considerado em muitas práticas pe<strong>da</strong>gógicas, ele é inevitavelmente<br />

lembrado <strong>na</strong>s dificul<strong>da</strong>des de aprendizagem, porque, em sua grande parte, elas estão<br />

relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s a ausência dele.<br />

As entrevista<strong>da</strong>s revelaram em suas respostas que a <strong>relação</strong> professor-aluno pode<br />

ser reconstruí<strong>da</strong> <strong>na</strong> base do diálogo, do respeito, <strong>da</strong> atenção e compreensão. No relato <strong>da</strong><br />

profª Aline percebe-se que através de trabalhos individuais e em grupos que a<br />

reconstrução dos laços afetivos pode acontecer de forma positiva.<br />

Neste sentido, corrobora com o pensamento <strong>da</strong> professora acima cita<strong>da</strong> no<br />

sentido de que a sala de aula pode ser um espaço de encontro e de resgate dos laços<br />

afetivos perdidos entre os professores e seus alunos,quando, por exemplo, o docente se<br />

preocupa em desenvolver ativi<strong>da</strong>des prazerosas em sala de aula com os estu<strong>da</strong>ntes. As<br />

educadoras revelaram em suas respostas que o conceito que tem a respeito de<br />

afetivi<strong>da</strong>de é de que esta se manifesta em forma de sentimentos e emoções como<br />

respeito, carinho, orientação. No relato <strong>da</strong> profª Aline fica claro que o afeto é construído<br />

com o cotidiano e com a roti<strong>na</strong>, respeitando sempre a individuali<strong>da</strong>de do educando.<br />

19


Nunes e Silveira (2009) enfatizam que a emoção é resultado <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> afetiva e que a<br />

afetivi<strong>da</strong>de engloba vários processos como o pensar, falar o desejo e a emoção.Já<br />

Cunha(2010,p.09)) aponta que o amor aju<strong>da</strong> a nossa cognição. Certamente aprendemos<br />

melhor quando amamos. A sua ação revela a humani<strong>da</strong>de indivisível do nosso ser que é<br />

mesmo tempo emocio<strong>na</strong>l e racio<strong>na</strong>l. Na educação, podemos chamar este amor de afeto.<br />

Mediante as falas <strong>da</strong>s docentes <strong>na</strong>s entrevistas realiza<strong>da</strong>s, ficou claro que a<br />

afetivi<strong>da</strong>de é um elemento essencial no processo de ensino-aprendizagem e que a falta<br />

dela pode trazer consequências e traumas irreversíveis, prejudicando, até mesmo os<br />

sonhos e os desejos que o educando tem para o futuro.<br />

A opinião desta pesquisadora é a de que esse tema é instigante, pois se até os<br />

estu<strong>da</strong>ntes universitários muitas vezes precisam ouvir uma palavra ou um gesto de<br />

carinho e de sentir confiança de um educador que se tor<strong>na</strong> um referencial, para uma<br />

criança que ain<strong>da</strong> está em desenvolvimento este sentimento é ain<strong>da</strong> mais forte. Nesta<br />

perspectiva pode-se apontar o quanto a afetivi<strong>da</strong>de está desde sempre no processo de<br />

desenvolvimento ao longo de to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> do ser humano, nota<strong>da</strong>mente não só a vi<strong>da</strong><br />

escolar é permea<strong>da</strong> pelos aspectos afetivos e pela emoção, mas para além <strong>da</strong> cognição<br />

to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> huma<strong>na</strong>.To<strong>da</strong>via,verificou-se nos dias atuais que a instituição escolar esta<br />

ca<strong>da</strong> vez mais desvalorizando a <strong>importância</strong> do vínculo afetivo <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno. Nunes e Silveira (2009) enfatizam que o processo de aprendizagem acontece<br />

através do desejo de aprender e que A <strong>relação</strong> afetiva com o outro é de grande<br />

<strong>importância</strong>.<br />

Tor<strong>na</strong>-se imprescindível destacar que <strong>na</strong> Educação infantil o vínculo afetivo precisa<br />

ser mais valorizado porque nessa faixa etária a criança passa a maior parte do tempo <strong>na</strong><br />

escola e que através do afeto do educador com o aluno vai ser despertado o<br />

conhecimento. O educador é considerado um porto seguro para o educando, onde a<br />

criança deposita a sua confiança. Saltini (2008) destaca que essa inter-<strong>relação</strong> é um fio<br />

condutor para o suporte afetivo do conhecimento.<br />

20


Um fato que aumenta mais a dificul<strong>da</strong>de de estabelecer o vínculo afetivo nessa<br />

inter-<strong>relação</strong> que é identificado mediante as falas <strong>da</strong>s docentes é o aumento excessivo<br />

do número de alunos em sala de aula.<br />

Cabe aqui registrar o pensamento de Cunha (2010,p.102),o amor <strong>na</strong> educação<br />

deman<strong>da</strong> esforço, pesquisa, busca, criativi<strong>da</strong>de, estudo e prática pe<strong>da</strong>gógica” .<br />

A reflexão acima salienta que o educador sempre tem que estar em busca de<br />

novos saberes, buscando novas ferramentas para poder alcançar um processo de<br />

aprendizagem com êxito contemplando o aluno e que não seja um ensino tradicio<strong>na</strong>l.<br />

Um aspecto importante no relato <strong>da</strong> profª Aline é a respeito <strong>da</strong> sua percepção como<br />

educadora que a partir <strong>da</strong> falta de afetivi<strong>da</strong>de pode trazer no bloqueio no processo de<br />

aprendizagem, pois no entendimento <strong>da</strong> docente a afetivi<strong>da</strong>de é importante para o<br />

processo de ensino e aprendizagem. É importante ressaltar o pensamento de cunha<br />

(2008, p.82) que salienta a <strong>importância</strong> <strong>da</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno a ponto de afirmar<br />

que : as dificul<strong>da</strong>des de aprendizagem estarão sempre sendo supera<strong>da</strong>s pela <strong>relação</strong><br />

professor e aluno. Este autor corrobora com a idéia central de que nesta <strong>relação</strong> há um<br />

quantun de <strong>importância</strong> fun<strong>da</strong>mental, que se bem entendi<strong>da</strong> e maneja<strong>da</strong> pelo<br />

docente,existirão muitas possibili<strong>da</strong>des para o sucesso do fazer docente e <strong>da</strong> <strong>relação</strong><br />

professor-aluno e a reconstrução dos laços afetivos.<br />

É importante destacar que <strong>na</strong> pergunta feita para as docentes sobre a <strong>importância</strong><br />

<strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno, <strong>na</strong>s respostas delas fica claro que<br />

entendem que o vínculo afetivo é importante no desenvolvimento <strong>da</strong> criança para que a<br />

criança se sinta segura. O professor deve buscar conhecer seu aluno, ser paciente e tirar<br />

os anseios <strong>da</strong>s crianças. Saltini (2008) destaca que a paciência e a sereni<strong>da</strong>de do<br />

educador podem ser essenciais em situações difíceis.<br />

Seria ótimo manter um diálogo com acriança, em<br />

que se possa perceber o que está<br />

acontecendo,usando tanto o silencio quanto o<br />

corpo, abrançando-a quando ela assim o permitir.<br />

(p.102).<br />

De acordo com Vygostky (1994) citado por Tassoni (2011) a interação social é de<br />

fun<strong>da</strong>mental <strong>importância</strong> como sendo o principal requisito para a aprendizagem.<br />

21


Vygostky (1994) defende que a partir <strong>da</strong> inserção <strong>da</strong> criança <strong>na</strong> cultura e com a<br />

interação social com as pessoas mais próximas ela vai se desenvolver de forma integral.<br />

Segundo Tassoni(2011) o ato de ensi<strong>na</strong>r e aprender ocorre através do vínculo afetivo<br />

e tem início no âmbito familiar. O vínculo afetivo entre o adulto e a criança É que<br />

sustenta a primeira etapa do processo de aprendizagem.<br />

Nos dizeres de Fernández (1991) citado por Tassoni (2011) para aprender,<br />

necessitam-se dois perso<strong>na</strong>gens o ensi<strong>na</strong>nte e o aprendente e um vínculo que se<br />

estabelece entre ambos (...) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos <strong>da</strong>quele a<br />

quem outorgamos confiança e direito de ensi<strong>na</strong>r. Logo conclui-se que a afetivi<strong>da</strong>de e a<br />

confiança têm um papel fun<strong>da</strong>mental no processo de aprendizagem e também <strong>na</strong> <strong>relação</strong><br />

professor-aluno, já que a afetivi<strong>da</strong>de é um elemento essencial <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno<br />

e com isso traz resultados significativos <strong>na</strong> aquisição <strong>da</strong> aprendizagem. Para a mesma<br />

autora o comportamento do professor, em sala de aula, influencia significativamente no<br />

processo de aprendizagem do estu<strong>da</strong>nte.<br />

Considerações fi<strong>na</strong>is<br />

Segundo Nunes e Silveira (2009), a psicanálise traz importantes contribuições<br />

para a área educacio<strong>na</strong>l, consequentemente traz uma reflexão em torno <strong>da</strong> prática<br />

pe<strong>da</strong>gógica.<br />

Nos dizeres de Nunes e Silveira (2009,p.60) “mesmo com os avanços <strong>na</strong><br />

compreensão <strong>da</strong> situação ensino e aprendizagem em to<strong>da</strong> a sua complexi<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> há<br />

quem negligencie os aspectos afetivos nela implicados.’’,ou seja, o vínculo afetivo<br />

professor-aluno está sendo deixado de lado, pois <strong>na</strong> escola onde os dois têm o único<br />

papel de transmissor de conhecimento e o outro de receptor esta perspectiva <strong>da</strong><br />

afetivi<strong>da</strong>de não é lamentavelmente contempla<strong>da</strong>.<br />

De acordo com Morgado (2002) citado por Nunes e Silveira (2009) a instituição<br />

escolar atual tem perdido de vista a <strong>relação</strong> professor-aluno como principal fator de<br />

efetiva aprendizagem. Para Morgado (2002), a afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> escola tor<strong>na</strong>-se elemento<br />

de preocupação somente quando algum objetivo não é alcançado ou quando a<br />

aprendizagem não ocorre, o que pode estar vinculado a problemas de ordem familiar, ou<br />

22


seja, problemas emocio<strong>na</strong>is do aluno ou algo similar. Este autor defende a ideia de que<br />

não é correto avaliar to<strong>da</strong>s as dificul<strong>da</strong>des do aluno ape<strong>na</strong>s de ordem psicossocial.<br />

Neste sentido para Nunes e Silveira (2009), <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-aluno podem<br />

surgir sentimentos inconscientes que favoreçam ou não o processo de aprendizagem,<br />

aqui denomi<strong>na</strong><strong>da</strong> “situação transferencial”, o que, de acordo com Freud (1974), refere-<br />

se à experiências afetivas ocorri<strong>da</strong>s <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> do educando, constituindo de figuras<br />

representativas <strong>da</strong> infância como o pai, a mãe ou os irmãos.<br />

De acordo com Nunes e Silveira(2009)concor<strong>da</strong>m com Freud (1974) quando<br />

afirmam que, nessa situação, o aluno revive inconscientemente, <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno, sentimentos significativos como amor, ódio, alegria, ansie<strong>da</strong>de e medo entre<br />

outros experimentados no passado. Embora possam surgir diferentes sentidos nos<br />

modos de agir e conviver acredita-se que permanecem as características centrais <strong>da</strong><br />

<strong>relação</strong> construí<strong>da</strong> desde a infância.<br />

Os sentimentos demonstrados ao professor pelo aluno podem ser amigáveis ou<br />

não, devendo, contudo, desvirtuar seu papel de docente. O professor precisa estar atento<br />

a fim de não aprisio<strong>na</strong>r o aluno à sua imagem, mas sim permitir que o conhecimento<br />

influencie a aprendizagem desse aluno.<br />

Aguiar e Almei<strong>da</strong> (2011) enfatizam a emergência <strong>da</strong> reconstrução dos laços <strong>na</strong><br />

<strong>relação</strong> professor-aluno. Para elas o professor abdicou de ser o referencial do aluno e<br />

com isso gerou uma crise social de papéis <strong>na</strong> escola, trazendo prejuízos para o<br />

desenvolvimento escolar <strong>da</strong> criança. Apropria<strong>da</strong>mente as autoras apontam que alguns<br />

mestres não sabem mais ou perderam de vista a <strong>importância</strong> de seus lugares <strong>na</strong> vi<strong>da</strong><br />

psíquica de seus alunos, pois sabe-se que a <strong>relação</strong> professor aluno não se sustenta<br />

somente basea<strong>da</strong> nos aspectos cognitivos, mas antes porém <strong>na</strong> <strong>importância</strong> dos aspectos<br />

afetivos que funcio<strong>na</strong>m como sustentáculos deste vínculo.<br />

Para Wallon (1975) citado por Borba e Spazziani (2005) a afetivi<strong>da</strong>de e a<br />

inteligência são duas funções que constituem a perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de. A afetivi<strong>da</strong>de está liga<strong>da</strong><br />

às sensibili<strong>da</strong>des inter<strong>na</strong>s e também ao mundo social. A inteligência está vincula<strong>da</strong> às<br />

sensibili<strong>da</strong>des exter<strong>na</strong>s e o mundo físico para a construção do objeto.<br />

23


Wallon (1975) citado por Borba e Spazziani (2005), ressalta que a <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno é carrega<strong>da</strong> de afetivi<strong>da</strong>de e que pode influenciar no processo de aprendizagem de<br />

maneira negativa ou positiva. Para que a criança obtenha uma aprendizagem<br />

significativa, rica e proveitosa é necessário que haja um vínculo afetivo nessa inter-<br />

<strong>relação</strong>.<br />

Borba e Spazziani (2005) corroboram que é necessário que haja uma<br />

conscientização dos docentes quanto à <strong>importância</strong> <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de <strong>na</strong> <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno, pois o professor é visto como o principal mediador em sala de aula, que deve<br />

utilizar de boas estratégias para favorecer ao educando um ambiente propício à<br />

aprendizagem<br />

Desse modo conclui-se que sobre a <strong>importância</strong> do vinculo afetivo <strong>na</strong> <strong>relação</strong><br />

professor-aluno no processo de aprendizagem <strong>da</strong> criança, onde o educador deve<br />

propiciar um ambiente agradável, seguro e amoroso para favorecer o processo de<br />

aprendizagem. Na educação infantil, o educador é considerado um referencial para os<br />

alunos. A criança passa boa parte do tempo com ele e com isso o educador tem que<br />

avaliar e (re) avaliar a sua prática pe<strong>da</strong>gógica para não influenciar o aluno de modo<br />

negativo <strong>na</strong> sua trajetória acadêmica e pessoal acarretando bloqueios e traumas que<br />

podem acabar com os sonhos, desejos e realizações que o estu<strong>da</strong>nte vai ter no presente e<br />

no futuro. O professor deve estimular o aluno para ter confiança e autoestima e valorizar<br />

os conhecimentos e as peque<strong>na</strong>s atitudes que o educando possa ter. O docente <strong>da</strong><br />

educação infantil não deve contemplar só a transmissão de conteúdo, mas os aspectos<br />

afetivos propiciando a um melhor aprendizado para as crianças com mais prazer e sem<br />

sofrimento.<br />

24


Referências<br />

AGUIAR, Rosa<strong>na</strong> Márcia Rolando; ALMEIDA, Sandra Francesca Conte. A (re)<br />

construção <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de e a violência <strong>na</strong> escola:dispositivos de construção dos laços<br />

sociais no cotidiano escolar. 2011<br />

ALMEIDA, S.F.C. O lugar <strong>da</strong> afetivi<strong>da</strong>de e do desejo <strong>na</strong> <strong>relação</strong> ensi<strong>na</strong>r-aprender, in:<br />

Temas em Psicologia, Desenvolvimento cognitivo: linguagem e aprendizagem. UNB:<br />

Socie<strong>da</strong>de Brasileira de Psicologia, 1993.<br />

BORBA, Valdinéa Rodrigues de Souza; SPAZZIANI, Maria de Lourdes.Afetivi<strong>da</strong>de no<br />

contexto <strong>da</strong> Educação Infantil. Disponível em<br />

http://www.anped.org.br/reunioes/30ra/trabalhos/GT07-3476--Int.pdf Acesso em:<br />

28/04/2011.<br />

BRASIL. Referencial curricular <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para educação infantil, Brasília,<br />

MEC/SEF, 1998, Vol I<br />

BRASIL. Referencial curricular <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l para educação infantil, Brasília:<br />

MEC/SEF, 1998, Vol II.<br />

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases <strong>da</strong> Educação Nacio<strong>na</strong>l, LDB 9.394, de 20 de<br />

dezembro de 1996.<br />

BRASIL. Política Nacio<strong>na</strong>l de Educação Infantil: pelo direito <strong>da</strong>s crianças de zero<br />

a seis anos á educação. Brasília: MEC, SEB,2006.<br />

BRASIL. Parâmetros Básicos de infra- estrutura para instituições de educação<br />

infantil. Brasília:MEC,SEB,2006.<br />

CUNHA, Eugênio. Afeto e Aprendizagem - Relação de Amorosi<strong>da</strong>de e Saber <strong>na</strong><br />

Prática Pe<strong>da</strong>gógica. Rio de Janeiro: WAK,2010<br />

GALVÃO, Izabel. Henri Wallon. Vídeo. Disponível em:<br />

http://www.youtube.com/watch?v=-_jY6s8MfAA&feature=relate.Acesso em: 20 agosto<br />

de 2011.<br />

25


GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento<br />

infantil. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.<br />

NUNES, A<strong>na</strong> Ignez Belém Lima; SILVEIRA, Rosemary do Nascimento. Psicologia <strong>da</strong><br />

Aprendizagem, processos, teorias e contextos. Brasília: Liber, 2009.<br />

SALTINI, Cláudio J. P. Afetivi<strong>da</strong>de & inteligência. Rio de Janeiro: Walk, 2008.<br />

TASSONI, Elvira Cristi<strong>na</strong> Martins. Afetivi<strong>da</strong>de e Aprendizagem: A <strong>relação</strong> professor-<br />

aluno.Disponívelem:<br />

http://www.puccampi<strong>na</strong>s.edu.br/cca/producao/arquivos/extensao/Afetivi<strong>da</strong>de_aprendiza<br />

gem.PDF. Acesso em: 31 de outubro de 2011.<br />

26

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!