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NOVAS ILUMINAÇÕES - BIBLIOTECA NACIONAL - Hemeroteca ...

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»-»-'-.'<br />

/ A<br />

ã f/i M f/âP*r% f\ / f 11 r* I<br />

^m^m^^^^^^^mmmmmmfmfÂm^ÊtÊ/^^^^^^^^ ^^¦*-***^ mO^Ê^^<br />

ABO 2.9 «.'82 SUPLEMENTO DE "A MANHA"<br />

seja file a maior<br />

Influência p o é 11 ca da<br />

TALVEZ nossa época t em toda<br />

parte, de Rilke até aos surreslistas,<br />

agem suaa idéias de "po-»*<br />

sia mágica,** de "Illumlnatlons**<br />

e revelações que surgem do subconsciente<br />

através do Vdér* *.« ¦<br />

ment de tous les sens". Com.<br />

tanta força se Impõe o gínlo.<br />

desse adolescente precoce que<br />

aquelas idéias nem ficam lava*<br />

lidadas pela tragédia singular<br />

da sua vida, abandonando» cie<br />

aos 19 anos e para sempre a<br />

literatura, dedicando-se a uma<br />

duvidosa vida de açio em reglões<br />

desconhecidas do Oriente.<br />

Até essa frustração tornou-se<br />

exemplo, da força de nma pa»<br />

rAbola. Rimbaud é nm mito.<br />

Agora, o mito enfrenta a biografia<br />

critica "Arthur Rimbaud**<br />

(London, Hamtsh Hamilton,<br />

1047), re-edlção de um livro<br />

"sensacional" que ficou dei percebido<br />

em 1938. A autora, Enid<br />

Starkle, professora da Unlveraidsde<br />

de Oxford, podls utlllsar<br />

muito documentação nova:<br />

a correspondência diplomática<br />

do Foreign Office em Londres,<br />

relativa is misteriosas atividades<br />

de Rimbaud na AbisBtni-i;<br />

o arquivo da família Rimbaud,<br />

adquirido e aberto pelo blbllófilo<br />

H. Matarasso; e o mannaerito<br />

das "Illtiminations**, redescoberto<br />

pele dr. Luclen-<br />

Graux, que morreu no campo de<br />

concentração do Dachaurpc**dendo-se<br />

de novo scu tesouro. Das.<br />

piglnas de Enid Starkle surgem<br />

revelações das mais sur»<br />

preendentes sobre Rimbaud: —'<br />

dir-se-ia novas "Iluminações**.<br />

. -Grande parte do esforço mi»<br />

gleo-poétfco de Rimbaud dizia<br />

.. respeito i recuperação do "paraiso<br />

da infância**, unlco período<br />

da vida em que esse indlvl»<br />

duallsta radical teria gozado<br />

de liberdade absoluta, se bem<br />

imaginária.' Na verdade, o cole-<br />

;<br />

glal provinciano era "o primeiro<br />

da classe", assíduo e ilocílimo;<br />

quando da primeira comunhão,<br />

sna devoção parecia exem-,<br />

plar. - Conforme* uma teacemu-<br />

nha dessa época, "il suait obéissance**.<br />

As primeiras poesias<br />

eróticas e blasfemas do menino<br />

não se baseavam em experiências:<br />

não passam de imitaçõea<br />

de Baudelaire cm que o Inicia-,<br />

ra Izambard, seu professor de<br />

literatura no colégio.. Naquele<br />

tempo, antes de 1870, Bardelaire<br />

ainda não exerceu influência<br />

alguma, rã importante e ainda<br />

nio foi devidamente apreciado<br />

o fato de que Rimbaud foi seu<br />

primeiro discípulo, numa época<br />

de dominação absoluta de Victor.<br />

Hugo. O valor das poesias da<br />

primeira fase de Rimbaud reslde<br />

justamente na fusão da riquezã<br />

metafórica de Hugo com<br />

o "nouyeau frisson" de Bandolatre,<br />

fusão que deu o "Bateau<br />

ivre**: estupenda, obra-prima de<br />

um adolescente, tão perfeita que<br />

não havia possibilidade de continuar-se<br />

nesse caminho. Seria<br />

preciso começar de novo. K u<br />

Rimbaud, já consciente da<br />

"chance**<br />

que seu gênio lhe ofe><br />

receü. recomeçou. Abandonou<br />

tudo para vencer lá para onde<br />

o levou o Inimigo diabólico rio<br />

seu gênio, a Impaciência. Para<br />

Paris. -<br />

Mas na Paris do sitio alemão<br />

e da Commune só havia vencidos;<br />

e Rimbaud também voltou<br />

vencido. Nessa época situa Enid<br />

Starkle a primeira experiência<br />

sexual de Rimbaud, choque<br />

traumático que o marcou para<br />

sempre. De volta na provindo<br />

fingiu, perante pequenos bur-<br />

gueses estupefatos, o devasso,<br />

, amigo das "filies*' e bebedor de<br />

absinto: ficção que se reflete<br />

em muitas poesias desse ano.<br />

Outras refletem porém os seus<br />

assíduos, dir-sc-la furiosos cstudos<br />

de ciência oculta: os "salsons<br />

et châteauxMe"laplii9haute<br />

Tour n dos seus poemas mais<br />

fascinantes sâo termos cabalís-<br />

. ticos e alquimísticos. A "poe-<br />

"<br />

sia mágica** dc Rimbaud é mais<br />

uma tentativa da Impaciência<br />

de apoderar-se da r c a 1 i d a dc-,<br />

curto-circuito compreensível nu*<br />

ma criatura que criara eom 17<br />

anos do idade o mais belo poe*<br />

ma da literatura francesa.<br />

Nova fuga pnra Paris, Essas<br />

SnmMgta&& tmsaii*<br />

Rimbaud - por FANTIN LATOUI »<br />

ARTHUR RIMBAUD:<br />

<strong>NOVAS</strong> <strong>ILUMINAÇÕES</strong><br />

fugas repetidas que constituen<br />

a vida de Rimbaud até o "dé-'<br />

part" definitivo para a África,<br />

foram sempre interpretadas como<br />

tentativas de sair do caireito<br />

ambiente provinciano «* dos<br />

"cuidados" da mãe desumana c<br />

avarenta. Na verdade, foram antea<br />

fugas do terreno do poder<br />

imaginário, mágico-poético, para<br />

o «terreno do poder real: o do<br />

êxito literário. Nessas tentativas<br />

sempre fracassadas (nin-.<br />

guém deu importância a Rim-,<br />

baud na Paris de 1872) incluem»<br />

se os esforços de "épater Ie<br />

bourgeois", 'de<br />

fazer escândalo<br />

para forçar a atenção publica:<br />

a vítima dessas tentativas foi<br />

Verlaine, abandonando da ma»<br />

nelra mais escandalosa a mu-<br />

Iher e o filho para fugir om<br />

o "amigo". Verlaine sai-se mui»,<br />

to mal das páginas de Enid Star-<br />

Ide: um fracalhão perverti»!»,<br />

cheio de "self-pity**, o que nâo<br />

deixa de refletir-se no senttmcntalisniÓ<br />

dos seus versos. \.t seu<br />

latK Rimbaud varure duro remo<br />

OTTO MARIA CARPEAUX<br />

um cristal; perverso, mas não<br />

pervertido. Não foi o vagabundo<br />

da lenda biográfica; tratava-se<br />

de mais um experimento<br />

da Impaciência para forcar o<br />

destino. Nem foi mendigo miserável;<br />

viveu âs despesas tia<br />

mãe Infeliz de Verlaine, e nas<br />

situações criticas preferiu sempre<br />

voltar para casa da própria<br />

mãe, agora já abastada, juntando<br />

dinheiro eom a obstinação<br />

de que só é: capaz, uma camponesa<br />

francesa. A vagabundagem<br />

de Rimbaud foi primitivlsmo<br />

deliberado, reação anti-literária,<br />

anti-civilizadora — até êle sair,<br />

em outro sentido, da literatura<br />

c da própria 'civilização.<br />

O "testamento" do adolesccnte<br />

é "Une saison en enfer".<br />

Livro de conversão verdadeira<br />

mas de utn místico sen*, a fé de<br />

um San Juan sem Cruz; de aiguém<br />

que passou, como os heróis<br />

de Dostoievslci, pelos abismoa<br />

dó pecado mas sem chciar<br />

à santidade. "Donc tu te dér*ge**<br />

— Tu vales selou..," ¦—<br />

depois da* reticências não vem<br />

mais nada. E até essa "conversão"<br />

foi nova tentativa da Impaciência":<br />

Enid Starkie demonstra<br />

que Rimbaud não abandonou<br />

deliberadamente a lite-<br />

< ratura (ai um mito se esvanece);<br />

esperava de "Une naisou<br />

cn enfer" o êxito definitivo;


Página 2<br />

Através dos suplementos<br />

Vão ser doutorados<br />

os nossos jornalistas<br />

DJALMA VIANA<br />

ammsj*<br />

LETRAS E AETEã<br />

¦ -—^—^—»—— W*Mll| -<br />

*.<br />

', i, s*<br />

H*t, D#minqo, 18+194*<br />

'<br />

i. . ¦¦.¦ ». .»¦».»'« *-»-* '*¦****»**» ***<br />

mm ^^<br />

REFUTAÇÃO DE SARTRE<br />

', ' ' ¦ ¦<br />

i '¦ *<br />

GABRIEL MARCEL<br />

COM. graça* a evolução e a pedagogia, os "fs^0"^<br />

taVvio Ver doirtorados e, metendo os anéis rios àeàoh<br />

A m&Ztlítfmm conheci****** * *f**'*£<br />

«. grifka e até rnesmo gr^ática, Isso, como<br />

^"""J^<br />

midávcl nio nascesse um jornalista iá<br />

^^L^meate^B?<br />

como uma cabra nasce cabra e um coelho ~^*,*£J£<br />

«m. apesar d» Wrç» da vocação, que é .«rud d» conta. *****<br />

canudo neste mundo, nao seremos tio C****!S*Z*?*"<br />

o\LZ positivo da Iniciativa. E 6 m-i-smo* pwrável am»<br />

ysar<br />

*ZZEL a «Micos **#2»£íJSgÊni5SStó<br />

¦escola, venham os rapazes d» 're^*^1!:<br />

se tornara uma coisa .-/r^tfssível: ellmmar do *o» o**-*rfvto » V<br />

norôncia de certo» «¦"' -W<br />

Silveira, o Potooueiro o o sr. G^***^*<br />

i__"T?£<br />

Quando nao traga o eurso latas de sabedoria, ou» fraga ao menos<br />

um pouco de moralidade. ¦ .<br />

Zm^ma nem tudo que balança cai. jfâ«"?<br />

relaciona com o curso ^<br />

^^,^^^'Í^TTtÍ<br />

bitolado. Há. por exemplo, o problema dos P*f«»£«f<br />

~<br />

Sambem o probiem» dos alunos. Quais serâa


m<br />

iii 0JWI *iMí' lyfSf''^<br />

Hio, Oomingo, 18 41948 LETRAS fí ARTES PógiiKi 3<br />

'.'¦* i ', .'.'.' 17) um novo e ágil<br />

poeta, exprimindo em forma pessonl uma quintesaêntia poética.<br />

Suas preocupações são' altas, seu enfado pelo vulgar é<br />

evidente, sua atmosfera é a dos grandes temas ínteiiiporais,<br />

sua visão é colorida c plástica, sugerindo mesmo — aí vai o<br />

palpite .— tratar-se de um pintor em busca de nova saída para<br />

a sua realidade íntima.<br />

Contudo, estes dons se anulara ante um conhecimento<br />

assás primário do ofício, e o que o livro nos propõe como<br />

verso é muita vez prosa em linhas fraturadas, ríspida, *iem<br />

a ondulação natural do verso, medido ou livre. Documentação,<br />

aliás, do mal que fizeram à nossa poesia: I.", a indigêneia<br />

técnica do alguns modernistas locais; 2.°, a leitura de<br />

grandes poetas de língua alemã ou inglesa em tradução anlimelódica,<br />

disseminando o equívoco dc que a poesia nãp c<br />

consubstanciai à sua expressão artística.<br />

Note-se, ainda, a sem-cerimônia com que o sr, M. da F.<br />

transforma em intransitivos verbos como "compadecer<br />

e com-<br />

partilhar"; a obsessão antieufônica do infinitivo pess«>al:<br />

"desprezares a morte, escolheres esta onda, inútil negares,<br />

força é tentarmos, força é mergulhares...n O A. leu certamente<br />

em Rilke: "Força é mudares de vida". Poemas coma<br />

"Tróia" e "Mediterrâneo", mostram, contudo, que não deixará<br />

de encontrar o scu caminho, duade nue se debruce mais sobre<br />

a economia da composição.<br />

Algo de novo<br />

Uma rima para dor? Amor. E para pranto? Encanto.<br />

Ws ai toda a arte poética da sra. Beatris dos Reis Carvalho<br />

("Eterna presença*, J. Olymplo, 1948).


a-jyf-.<br />

.<br />

¦<br />

,.... -.. .<br />

¦'<br />

i .:¦ ¦ .<br />

,....'<br />

¦<br />

àuamm\ mwM iii^ww********1******* ., i ii>nm-Uii. wi * nurrirTTTi" \ ¦ iii*******'¦ _-- -*<br />

Póoino 4 LETRAS £ AkTES Rio, Domingo. 18*4-1948<br />

noa anunciaram<br />

o plnlo» Poty — flgum<br />

QUANDO roproH.ntativo du novu<br />

gorag&o ile ai Cistos pláeiticos<br />

do pais — prevíamos a pre*<br />

tumçu do um tipo do indio tal<br />

a força do c**ocação do herói<br />

dn rcsiatôncla aoH holandeses.<br />

Qual porém ftão foi o nossa<br />

surpresa quando so nos depu*<br />

rou a Agrura de um. jovem lou<br />

ro e do olhos azuis,<br />

Más. oòn*o,,assim louro?<br />

IS o Poty, sorrindo, no.<br />

responde: sou descendente, d-,<br />

italianos, motis av«'is vieram paira<br />

n Brasil há'cerca de 70 anos.<br />

Meu pai, admirador do Generti<br />

Potiguara, que se eclebrihou<br />

na revolução de 1924, ano<br />

em quc nasci, pespegou-me o<br />

nom,. —- o daí, para o meu<br />

apelido, foi um passo".<br />

Poty (com y) contemplado<br />

com -uma bolsa dc cetudos p .ro<br />

artes gráficas do proverno froncês.-<br />

pur intermédio do **attaché"<br />

cultural da Embaixada d_<br />

França, permaneceu em Paris.<br />

14 meses, dc onde acaba de reífressar.<br />

VIU KOÜAÜLT RABISCANDO<br />

PAPEL NUM BANCO DA<br />

PRAÇA<br />

-— Viu ou conversou com a.lpuns<br />

dos grandes pintores<br />

atuais? .<br />

*A '<br />

espécie dc contacto quc<br />

mais me interessava era com<br />

os seus quadros — esses eu conheci<br />

bastante para completar<br />

minha.-* idéias adquiridas por<br />

intermédio de livros ou reprodunões<br />

nem sempre fiéis. Dcvido<br />

ii isso li vo de refazer muitas<br />

vezes, minha ouinião sobro<br />

éss*. ou aouele quadro. Pessoalmenlc,<br />

vi l.ouault uma vez.<br />

rabiscando num papel, sentado<br />

num banco de praça e, ocasionalmentc.<br />

Picasso. .<br />

-- C':no vivem os pintores<br />

cm "arls, polo quc você observou-'<br />

.<br />

— Depende; Existem* desd . o<br />

já citado Picasso, provável<br />

proprietário de cinco ou sei-;<br />

prédloR no Quartier Latin e<br />

vilas eui Cannes. até os pobres<br />

diabos quc vendem naturczal<br />

mortas de mau posto nas calçadas<br />

e nos c. is. Nos pequeno*;<br />

restaurantes é comum a prpsença<br />

de pintores, misturado.<br />

com iornnl.iros e cantores ocas-ionaia,<br />

liquidando manchas _<br />

No<br />

OS ! :. t-idos Unidos e na<br />

Inglaterra, o fato literúrio<br />

piais saliente dos ullimos<br />

anos _ a "James revival",<br />

a volta de lleriry James. O autor<br />

dc O Retrato de oiua Dama<br />

não conhecera em vida a popiilaridadc.<br />

Depois de l.Ui, data<br />

de sua morte, sua reputação tem<br />

crescido, e, por volta* do eenle-<br />

POTY REGRESSA DE PARIS<br />

O jovem gravador paranaense dá-nos impressões de sua viagem - FUtgrantes<br />

da vida da capital francesa<br />

_P? - *_mSi____í______<br />

flr- 'mmmm<br />

|S|B!___B ¦ - :¦'': i'**n____f<br />

Wf; - **SfmáfflÈÈÉÈ<br />

Wv*-! ":i?-%-¦<br />

'<br />

ii-tililS fl<br />

' ^*^_i P^'*_-_l I<br />

ülil 1 Hi ¦¦* ^liL______l_PI I<br />

fl ___^^^-^P_í il__2 __!_____<br />

fl Bll 1 ___Ii_P_r '- ¦ -flHPHÊi Hll I<br />

¦ __¦___¦ ____L_^::.;.__ __. ':':___ __ :;¦ .. r<br />

''__-_¦ EE&Sáfl<br />

^H ____-v_._a'-_____I ______-v.*.*-___-V'-___rv*v*' ....-¦ ¦# .¦. _________ HIH ____________<br />

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M ^W'V^.:âl ¦<br />

¦-.___..*.__?*'¦<br />

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____ Bfc*'v-X*wll Bk-C-qL: ¦'_¦*' 'M________________fe__________r£*^<br />

_________________3-0_________________________________________________H<br />

IHpBP^111!1 1 I<br />

MÊÊÈíWÊmW-:'' "¦¦¦¦ ¦'¦ ^*ÈÊM<br />

__ _WBBf_?_.:*___________í !_*__£.-,/ '¦<br />

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_l l?_5px-_*! __^' ___ii______________l PM ^^^fPT^/.-.S>í_fWflíwSsm ¦<br />

«**^p.-x___..;_gM n__-_^| |_*^.-.^,.^«...<br />

Im ¦<br />

fl i______Ü__^ __ H. ;* W*$WÊk m<br />

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.fiai<br />

fí.v.Vo-a*.%*.:.'-.'- ¦¦.;;*¦.:.;¦ ¦: :-:¦;-:¦;¦:¦: : ¦: ;... -<br />

¦ - ^—M<br />

estudos p«lo preçòi mínimo, dc<br />

uma refeição, cerca de cinco<br />

cruzeiros".<br />

Que achou do ambiente,<br />

das atividades nesse campo _<br />

dos artistas gravadores?<br />

—- Revistas e edições de primeira<br />

ordem. Tive professores<br />

excelentes, mas confesso que os<br />

artistas gravadores (exclusiva-<br />

mente gravadores) pouco<br />

' vw% W- -\<br />

'jxMjémÊk fl<br />

^S:^_|f^P@:^B:_v^Pbv ' _4_-ífz-J_í__________________________-<br />

Cachorro louco — Água forte de POTY<br />

me<br />

entusiasmaram.<br />

O PREÇO DOS LIVROS K<br />

DOS QUADROS<br />

Muito elevado o preço do;<br />

livros, gravuras c quadros, lá?<br />

nário de seu nascimento. l_*tt.<br />

produziu-se tal onda de interésse<br />

em torno dc sua obra, que<br />

«.dc passou a ser colocado, eomo<br />

fiecioniiata, ao lado dos maiores<br />

do nosso tempo, justaui.nle<br />

«pontando os critico, a sua moderuidude<br />

como a causa .le não<br />

ter sido apreciado devidamente<br />

pelos .'outeinporaneos'. Sobrctudo<br />

o iio.í.iiiciio tem sklo curioso<br />

«Ic obf.. ryar nos listados Un'dos,<br />

sua lona dò iia.scimcnlo, onde<br />

sempre houve unia frieza un<br />

relação ao escritor, motivado<br />

j>clo tato de sua separação do<br />

pais _ final prel'erêin*ia pçlà.<br />

cidadania britanicai í»or niuili><br />

tempo, foi considerado como um<br />

escritor. não.atMcricii,no. nos te-<br />

«nas. no fundo:. ) The Kostonians, romance,<br />

iiilr. de Philip Raliv, editora<br />

Dial, New York, 1945, $3,00.<br />

4) The Portrait of a Lady,<br />

romance n. 107 na serie de<br />

"Modern Library", New York,<br />

$1,10. Também em Woríd's<br />

Ciassics, n. 509, Oxford Uni versity<br />

Press, New York.<br />

5) The Turn of the Sçrcv e.<br />

The Le.B.n of the Master,<br />

o. 169, na série da "Modern .<br />

Library".<br />

New York, fl,10.<br />

6) The Wines of the Dove,<br />

romance, n, 244 ua série da<br />

"Modern Librãi*y", New York.<br />

7) The American Novéis and<br />

glories of H. J., introdução c<br />

notas dc F. O. Mathiesscn, editora<br />

Alfrcd Knop, New York,<br />

1947, $5,00. (Esta è de todas as<br />

edições ônibus, a melhor. Editora<br />

critico realizaram um tra-<br />

*— Com as vantagens quc go**<br />

zava (ou gozava no lempo que<br />

]á estive) o nosso dinheiro, cssas<br />

coisas são. relativamente<br />

baratas. Os livros calculo quc<br />

quatro vezes menos quc aqui:<br />

Uma gravura assinada, de Rouault,<br />

valia cerca de quatrocentos<br />

cruseiros. Uma vez, numa<br />

galeria, perguntamos — eramos<br />

um grupo — pelo preço d*,<br />

um pequeno quadro desse arlista,<br />

odc-se afirmar<br />

que b/i estudos sóbre James da<br />

mah-iia dos críticos contemporaneos:<br />

Spender, Eliot, Wilson,<br />

Audcn, Conrad, Gide, Warren,<br />

Lubbock, Zabcl, Troy... Alguns<br />

dos melhores ntc liojc apareci-<br />

_- através dos suplementos<br />

- * -. *<br />

destruídos em consequ-MÜ da<br />

guerra o que vfto a Paris» tan*<br />

do, portanto, prioridade, for*<br />

mam uma verdadeira fila que<br />

não anda, pois, or raroo ateücri*<br />

quo vagam ficam eotadon<br />

dofldo logo pelo mercado negro.<br />

—> Ficou satisfeito .com csrsa<br />

\iageni?<br />

.mansamente. Um pais du<br />

formidável movimento artístico.<br />

'<br />

onde cada corporação, ferroviarios,<br />

gerdarmes. etc, possuem<br />

seu salão próprio; onde as<br />

crtnnqas vão ao museu desdo<br />

ouo principiam a caminhar...<br />

Posso dizer que sou amigo de<br />

um povo inteiro pois julgo ver<br />

num cidndão que Its vezes me<br />

escreve e com quem pesquei<br />

muitas, vezes no Mame, todas<br />

as virtudes da França".<br />

Encontrou outros brasilctros<br />

pintores cm Paris?<br />

Sim, além do outros boisintas,<br />

que faziam cursos do<br />

arte no Louvre, e *W outros<br />

estabelecimento.-*» estão lá o .<br />

conhecido Ciccro Dias, meu eeleea<br />

Paulo Vinoent, Ceschlatl,<br />

etc... O cearens. Antônio Bandeira<br />

conseguiu uma popular!dade<br />

impressionante, da Cite a<br />

Montparnassc.<br />

Contou-mo uma colega que<br />

tomou um taxi e o motorista,<br />

terminada a viagem, perguntoulhe<br />

dc que país era. "Brésilllcnne?<br />

Vous connaissez Banderra,<br />

allors...H<br />

Vai ficar no Rio?<br />

Já conheço o Rio, onde vivi<br />

dc. do 1942. com uma bolsa<br />

de estudos do Estado dp Para*>á.<br />

Aoui estou instalado com<br />

YUon T-crr cm seu «"atelier'*.<br />

E noticias do<br />

Joaquim"?<br />

A revista vai indo mijiito<br />

bem.<br />

Amnliando suas atividades pa*»<br />

ra editora, publicará dois livros:<br />

um d . Dalton Terisan e<br />

outro dc Waltensir Dutra. Bi__<br />

seguida, um álbum de desenho<br />

de Yllen Kerr o outro, meu, de<br />

gravuras.<br />

Afora isto pretendo realiza*,<br />

em Curitiba uma exposição Atí<br />

artes gráficas, dos artistas em<br />

geral, do Rio, São Paulo e Paraná,<br />

assinalando-so o caráter<br />

educativo dessa mostra.<br />

V, sua exposição?<br />

—- Sc fizer, farei em Julho,<br />

aqui no Rio.<br />

dos foram reunidos num sucu»<br />

lento %olnmc:<br />

13) The Que-tfon of Henry;<br />

James, coletânea dc ensaio., com<br />

intr. dcF. W. Dnpee, editora<br />

H. Holt, New York, 1945, $3,7&.<br />

Outras publicações:<br />

14) Henry Jaruea. The Maj.t<br />

Pba-e, por F. O. Mathiesscn,<br />

Oxford ünivcrsity Press, Noni<br />

Vork, 1944, 14^0 (Estudo muglstral.<br />

por todos os títulos ra*<br />

comcndávcl).<br />

15) Tbe James Family, po? F.<br />

O. Mathiesscn, editora Atfred<br />

Knopf, 1947.<br />

Eis ai pequena amostra da<br />

bibliografia jamesiana, somente<br />

constituída dc obras publicadas<br />

nos últimos dez a quinze _ no»,<br />

c somente dc obras valiosas ou<br />

de boas edições acessíveis. Há<br />

ainda obras fundamentais, mas<br />

dificílimas de encontrar-se, como.<br />

a Notes on Novelists, que contem,<br />

entre outros, os ensaios<br />

famosos sobre Flaubert c Ste«venson,<br />

Muitos destes livros apare»<br />

....cetaro concomitantémente nos<br />

Estados Unidos c na Inglaterra,<br />

e o que ai fica é suficientement«<br />

ilustrativo do impacto que<br />

está exercendo a obra, tida ai.<br />

gum tc-mi>o como ilegível, dc<br />

Henry James sobre o espirito<br />

dos escritores e do publico de<br />

nossos dias nos dois grandes<br />

paises dc lingua inglesa-<br />

(Conclusão da 2." pág. .<br />

cando a antiga liberdade do pescoço. A redaçSo, outróra acolhi**<br />

dora como a melhor escola, uma casa onde muitas vezes se dor<br />

mia e se fazia as refeições, reaparecerá como um sanatório ou<br />

um gabinete de engenheiros arquitetos. Esqueceremos depressa<br />

a crônica dos velhos tempos, depressa sepultaremos na cultura<br />

píarttficáda a alegria d-o trabalho que se fazia, nâo por dever, .«as<br />

per destino e por imposição de todos os ser-tidos. Tudo se «6*<br />

c-uece na vida, meus jornalistas, e depressa esqueceremos © "Oí*<br />

so próprio passado.<br />

Mas, sem chorarmt-.s esta mudan


B^^^^B|k^Hq*aSjBsír>P*r**"^^ *^**-')^^'C -.-^*** A, ¦ ^qj|^s>**,*til>lic.(imi)s c/o/ftt«í«.õ npà&iidyj<br />

Irhi-sc íUo/h: Víaniia onde, vor<br />

um lapso, Ihjurn lleilói M^nt*.


óqino 6 LBTBÂS B Íi*TB3<br />

o Petit Trianon<br />

NoP<br />

samm<br />

i i<br />

O<br />

CandidatQavista.<br />

â<br />

/.<br />

W.T<br />

POETA Manuel Bandeira cnvloé ao Pf*{«*<br />

RETORNO DA PASARGADàÍ ! / : ; J<br />

Depois de umalonga ausência de máts de um ano, o sr.<br />

Oliveira Viana reapareceu no PetK Trianon. O sr Adelmar<br />

Tavares saudando-o, em nome da Academia, sob aplausos ge*<br />

rais, chamou-o de "fugitivo da Alameda de São Boaventura"«.<br />

Mas terá sido apenas uma reclusão na Alameda 'do S. Boaventura<br />

a causa do desaparecimento ,do ilustre sociólogo?. Não<br />

terá ele feito um passeio à "Pasargada"? De volta, pois, da<br />

"Pasargada", o sr. Oliveira Viana retorna ao convívio dos<br />

seus companheiros da Academia... ,<br />

kp*<br />

,,.'-<br />

»<br />

¦<br />

.;'-!<br />

,; ».;><br />

.<<br />

¦¦ ;<br />

O sr. Peregrino Júnior ofereceu è; Biblioteca d» Acade-<br />

mia o último livro Ao st. Lincoln de Sousa: ^Flores ¦<br />

mortas".<br />

? * »<br />

JULIA CARTINES 4<br />

Fazendo o elogio fúnebre de Julia Cartines, Manuel Bandeira<br />

acentuou um fato singular: duas das mais autênticas vo«.<br />

cações parnasianas do1 Brasil! foram mulheres *-»*. Frabclsca |<br />

Julia e Julia Cartines. E ambas fizeram versos perfeitos, de<br />

uma rígida e impecável beleza formal. Oa versos de Julia Cartines<br />

como os de Francisca Julia caracterizaram-se ,além de<br />

tudo, pela sua "virilidade": oram fortes a másculos — versos<br />

de homens.<br />

« » ;:;a<br />

NOTICIAS DE JOÃO NEVES «»<br />

De Bogotá, às vésperas dos sangrentos acontecimentos<br />

que perturbaram''. os trabalhos dá Conferência Pan-Americana,<br />

o embaixador João Neves da Fontoura enviou uma carta<br />

muito cordial ã' Peregrino Júnior, dando snas notlciab e manifestando<br />

a sua gratidão às homenagens que lhe vendeu a<br />

Academia. Os recortes dos jornais colombianos ressaltam a<br />

brilhante c importante atuação do ühefe da Delegação Brasiletra,<br />

considerando-o a mais alta e eloqüente voz americana<br />

da Conferência. O sr. Peregrino Júnior pediu ,a transcrição<br />

do artigo do "El Tiempo", de Bogotá, sobre o discurso de<br />

João Neves, na Revista da Academia. .<br />

ofio<br />

Jamás llegués a parar<br />

adonde v«ás perros flaços<br />

JAMAIS PARES ONDE A CA'<br />

CHORRADA Ê MÂGM<br />

Vai õv gaúcho pcía campanha,<br />

cansado do ginete, sedento<br />

por um trago, um amargo,<br />

-um naco;de carne Nenhuma<br />

venda no caminho. Afinal, um<br />

rancho. Mas, não desças, viandante,<br />

não percas tempo; se a<br />

"¦m-*---"»mm--aBS»ml<br />

- '*""-:* ^..^^^SStWkW^^-- : V (.n>;<br />

hacienda ba-<br />

(Conclui na 10.' pág.)<br />

.-:„; ,>)>¦ ,,; n -r .,/ ...;--,v .,., -,¦ ..^ . iU.,<br />

» leitura dos poemas do José Paulo Mortrr»<br />

da Fonseca, reunidos sob o titulo de Elegia Dior»», nio<br />

FINAUÍANDO<br />

me 6 possível esconder » alegria que a revelação da prestnça<br />

disse poeta me comunicou. Nio i — esse estreante — -» ><br />

sUca esperança, ou alguém que tivesse poelado para dar »»"»<br />

anseios sdolescentes. Eitamos, desta vez, disnto de um v»rdadeiro<br />

destino de poeta, de um homem que o'por dcllnlçlo(poeta»<br />

quer dlxer, um espirito que surpreendeu o rrtundo, « que da um»<br />

çert* maneira dominou o mundo. ;<br />

0 que dá maior e mais vivo interesse à |osé Paulo Moreira<br />

da Fonseca é a segurança prôprl» da sua poesia. Cie so clespronde<br />

do inicial silêncio, escolhendo as suas palavras e nào sendo<br />

por elas conduzido. Na Elogia Diurna nio há. o abandono natural<br />

dos poetas que sâo tomados e seduzidos pela própria música, pelo<br />

desejo da Invencível libertação, pela aspiração.ao nascimento.<br />

Esse jovem autor levanta a cabeça do seu sono, possuindo uma<br />

expressão, um poder de escolher, uma forçado dispor da su» ex-<br />

-pressão,<br />

que constitui realmente motivo dç- surpresa na poesia<br />

brasileira. ,'..<br />

Nâo resisto i tentação' de citar esse poema, o CaVtaro, om<br />

que se manifesta tão nitidamente o dom de decidir, quo é<br />

grande virtudeNpoética de José Paulo:'; /<br />

-* ¦,"¦'¦ *¦ ¦".'.- . '¦' ' ¦<br />

J<br />

'>¦*><br />

"FORMA<br />

SONORA -- ' !¦<br />

%¦<br />

a ,¦ ;<br />

UMA FONTE QUE OS HOMENS MOLDARAM NA ARGILA.<br />

¦ O CÂNTARO DOS'ANTIGOS EPISÓDIOS ; '<br />

:<br />

DE REBECA ENTRE OS CAMELEIROS.<br />

O CÂNTARO SEMPRE LIMPID0.J |<br />

COMO AQÚÊLE REPOUSO DAS RETINAS<br />

PASSIVAMENTE NOS AFAGANDO >:-',<br />

i PELA INCANDECIDA FRAGILIDADE.'<br />

*<br />

As palavras, nos poemas desse jovem, não Hesitam ou so<br />

atropelam, e mal a sua aventura-poética se Inicia, já as ehcohtramos<br />

(as palavras) nos.sítios em que'deviam estar — consr<br />

i truindo o mundo . cia Elegia Diurna, numa ordem que a verdo<br />

! experiência valoriza e nobilita. .<br />

--.. Para José. Paulo Moreira da Fonseca, as coisas têm. um «en-<br />

; tido* o que 6 raro de se encontrar nos homens,o s6 é natural<br />

mesmo nós verdadeiros poetas. Esse sentido é princrpalmente<br />

1<br />

plástico'. Sua1 rnáíof ambição é dar forma, é modelar o que mp<br />

atravessa o cspiritoi.ò que no mündò encontra* sejam sinais dó<br />

passado,., sejam paisagens e momentos da natureza. * ..<br />

Os poemas Quando na penumbra e Poema etrusco dirão<br />

melhor do que conceitos e palavras minhas, o que é esse poeta,<br />

"QUANDO NA PENUMBRA DA MANHA .-<br />

ABRlRfeS UMA JANELA<br />

E O DIA, APENAS 0 DIA _ ^<br />

TRANSPARENTE INCANDECER AS NÊVOAS DO SONO»<br />

IMERCE NESTE INCÊNDIO MARINHO<br />

PARA PULSANDO DESCOBRI RES,<br />

QÜASÉ TEU ALENTO,<br />

: CRISTALINÁMENTE VIVA, ; f: \\.<br />

 FORMA DE H.YPERION. "" ;><br />

ra, vinda de tantas conas do<br />

mundo, ficamos inquietos» mais<br />

artificiais, mas tão sinceros, que<br />

a vida não chegava.<br />

Inventamos vidas diferentes,<br />

ridas Soltas no espaço sem fron*<br />

tetras .A legenda gravada na<br />

placa que colocamos no saguão<br />

da antiga casa do espetáculos,<br />

¦B IBrmMaffPSB Mnrf<br />

^eMpe de Oliveira seu irmão JoSo Dffl<br />

¦^-*«*i.íV' s_ nos Ajrel<br />

*<br />

de Oliveira © Álvaro Moreyra, era Bueem<br />

1?10 '""<br />

.<br />

a oferecida por um discurso de<br />

Felipe, orientava a nossa 'NORTALE<br />

exaltação:<br />

COSA BELA<br />

PASSA, E NON D*ARTE, A provincia<br />

é a sensibilidade. Da provincia<br />

é que vêm as ilusões, o<br />

encanto dos erros bons, os ingênuos<br />

destinos que não so cum-<br />

'- .;-,-/,


,*».<br />

l«.<br />

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C~<br />

**,<br />

*<br />

NfiM<br />

enseada* da ilha, estio<br />

navios ancorados e<br />

NA todos esses navios trazem<br />

seus mastros enfeitados de<br />

-bandeiras, mas existe ura silêneio<br />

que mais parece ser o<br />

silêncio da morte, porque os<br />

marinheiros guardam as vozes<br />

o a única coisa que fazem ú<br />

lhar o mar.<br />

Condado de tírcen recebeu tojilós<br />

esses navios como se recebesse<br />

filhos pródigos c, ngorn,<br />

marinheiros que têm tatuagens<br />

do sereias nos braços, tntuagcn<br />

de corações flecbadôs em cim:<br />

do peito, são homens tristes,<br />

olham o ..mar tristemente, como<br />

se n tristeza desse crespuseulo<br />

os envolvesse.<br />

Toda a ilha recebeu a notícia<br />

dc quo os navios ficariam muito<br />

tempo, c e.sparava-se que fosse<br />

haver festa, cantigas, amor<br />

-— mas como os marinheiros<br />

poderão amar se os seus amores<br />

ficaram da outra banda do*<br />

mar, se o mar afundou seus navios?<br />

E o que meus olhos guardam,<br />

nessa hora de agonia do sol.<br />

são o desenrolar das tragédias<br />

que acompanham a viagem desses.<br />

navios, a dor que enlristccc<br />

o coração das virgens que estão<br />

pedindo amor silenciosamente<br />

c que são recusadas no<br />

mesmo silêncio cm que se ofereceram.<br />

Na curva da baia, as figuras<br />

do Andaluza, Alone, Capricórnio,<br />

são vultos de grandes iates<br />

desertos, desguarnecidos dc<br />

homens, iates que têm seus po»?<br />

rões. como ventres varejos, que<br />

somente u:*.m sinal dc vida apre-<br />

.sentam bandeiras dc paises sulamericanos,<br />

unindo os topos<br />

dos mastros -*- e parece que às<br />

hande-r-fs são adeuses das*bemamadas<br />

dos marinheiros porque<br />

elas se movem, se movem,, se<br />

inovem...<br />

Condado dc Green poderia ser<br />

nma ilha do mar de ,lnva, estar<br />

no Arquipélago de Salomão, ser<br />

nina insignificanciã no Pacitico<br />

mas por se ancorar no Condado<br />

dc Grccn sem rota, sem bússola<br />

é que se sente uma grande paz,<br />

um grande alivio de" se ficar<br />

num lugar — num paraíso, sem<br />

ninguém supor que tal exjstc.<br />

O caminho do Condado é o roteiro<br />

dos bem-aventurados, das<br />

que sc sentem cansados das cstradas<br />

de pecado, dos que hão*<br />

podem mais divisar miragens<br />

imprevistas e que ancoram liessa<br />

enseada corno necessitam de<br />

ancorar todos os navios dc hélices<br />

partidas,<br />

Raramente os mesmos navios<br />

retornam ã êsse porto e, qual<br />

será o destino do Andaluza» do<br />

A tone,* do Capricórnio, depois<br />

de se aTaStãréip dn Condado dc<br />

Green como sc afastam as gai»<br />

, votas que vão morrer c que pre. -<br />

ferem a incute no mar? Irão<br />

para junto das pérolas após um<br />

¦uatíívi\à[o'.'_ _Ou -morrerão dc sédt<br />

ç de íoüif* r*'.)t' que almssol.t<br />

t as veias lhes negarão auxilio?<br />

Níi* sei porque imagino nin<br />

alU»!»"!*-- ^ -¦*-- V^"**»» CONDADO<br />

Ilustração de LUÍS JARDIM<br />

fim dc cantochão paril esses<br />

três iates, mas todas as vezes<br />

que meus olhos abraçam o mo<br />

lhe, pareço distinguir .três lem-<br />

:A<br />

¦^ «¦¦ «r-, * *¦***-» "-í<br />

LETRAS B ARTES<br />

^'"** *»- .è,lk<br />

^^^^w,|>*8IB*^^'*°^^^^^ iijittf^f^0^<br />

Rio. PomUi-p, 18-4-1941<br />

DE GREEN<br />

hraúçaSi Ires últimos ucciurt,<br />

três ultimas vozes oceânicas.<br />

Os marinheiros parecem trazer<br />

dentro do peito om cnormo<br />

cansaço e ficam como se «lio cstivessem<br />

vendo virgens dc Mios<br />

tumidos, do braços o coaas nlur.cntes<br />

o nem «cotam que<br />

muitas delas delira convites<br />

para as sombras, para a sabida<br />

das dunas, para o leito das<br />

areias. ,<br />

Condado de Grccn recebe m<br />

primeiras estréias c a noite<br />

quebra mais fortemente as ondas,<br />

aumenta o vento nas cabelelras<br />

dos coqueiros, arranca<br />

dos hainbuais uma musica do<br />

sinfonia dolente. As nuvens ciaras<br />

passam como lenços soltos<br />

r apesar dessa calma, desse silêneio,<br />

o que parece haver é<br />

um prenuncio de tempestade,<br />

As golas brancas dos marlnheiro.-.<br />

são pontos que destoam<br />

das sombras que a noite trouxe<br />

c todos esses homens lembram<br />

também sombras porque nunca<br />

meus olhos abraçaram tamanho<br />

desânimo como o dc agora.<br />

*ga.<br />

Não existe imposto, alfándcdinheiro,<br />

não existe policia,<br />

todos são extremamente livrei<br />

no Condado de Grccn, mas' será<br />

que ns popas dos iates trouxeram<br />

clandestinos renegados, homeus<br />

que antes dc serem concebidos<br />

já estavam podres?<br />

E pressinto, que a tempestade<br />

não vem das nuvens, das ondas,<br />

dos ventos; porque a nebulosidade<br />

presente apeuas estâ negra<br />

nos espiritas, no intimo<br />

desses marinheiros de almas<br />

sufocadas.<br />

— Qual serã deles que Iras<br />

a maldição?<br />

E meus olhos transformam*<br />

Conto de BRENO ACCIOLY<br />

«Condado de Green poderia ser uma Ilha do mar de «J*<br />

va, uma luslgnlllcânola do Pacifico, estar no arquipélago<br />

«do «HaJomio, mas poro ae ooooror no Condado do Groeoj<br />

som roto, nom búasoU, é que ae senta umo grande pos, um<br />

gronde oüvlo do ae licor num lugor — paraíso, som niaguêm<br />

supor que tal existo»<br />

se em duas lanternas que «vão<br />

acendendo todas as faces, descobrindo<br />

bocliechas navalhadas,<br />

cicatrizes profundas cm queixos<br />

ainda jovens, sinais de luta —<br />

tudo Isso nos semblantes dos<br />

marinheiros qne parecem pensar,<br />

talvex, cm mulheres que ficaram<br />

acenando no fim de um<br />

outro cais, acenando, acenando,<br />

cançando-se dé acenar.. *<br />

— Será aquele que tra.** um<br />

escorpião bordado na, gola du<br />

blusa?<br />

IS demoro-me contemplando<br />

êsse marujo que parece ser coiihecedor<br />

do Volga c viciado na<br />

doçura do Vodka. Mas incui<br />

olhos julgam inocente o marl*<br />

nheiro do Sena, do Tâmisa, dó<br />

Douro e por qoe também não<br />

aquele que bem pode ser do<br />

extremo norte do Brasil e ter<br />

viajado pelo Mississipi?<br />

Os ..ativos nunca presenciaram<br />

chegadas de navios lâo<br />

mortos como o Andaluza, Alone,<br />

Capricórnio e noto que uma<br />

morte de movimentos também<br />

os envolve.<br />

Quando navios apontara, Condado<br />

de Green pulsa como um<br />

coração de recém-nascido, mas<br />

não é por causa das velas, dos<br />

mastros que a ilha se revoludona.<br />

0 «que os nativos anseiam,.<br />

como eu também anseio, são<br />

coisas novas, pois sempre estamos<br />

a desejar amores novoi.<br />

Peregrino Júnior saudado por<br />

Schmidt e Austregésilo de Athayde,<br />

DATA do cinqüentenário<br />

de Peregrino Júnior deu<br />

motivo, como já foi noticiado,<br />

à mais efusiva manifestação<br />

de cordialidade c simpatia<br />

por parte de seus ih ume ros<br />

amigos e confrades. "LETRAS<br />

E ARTES", que kp. solidarizou<br />

vivamente com casa manifestação,<br />

pois acresci; a circunstància<br />

de Peregrino Júnior ser uni<br />

dos nossos queridos colaborado- *<br />

rea, reproduz hoje, como especiai<br />

homenagem a êsse companheiro,<br />

os discursos de saúdação<br />

que nessa data lhe. foram<br />

feitos por Austregésilo de<br />

Ataide e Augusto Frederico<br />

Schmidt.<br />

DISCURSO DK AUGUSTO<br />

FREDERICO SCHMIDT<br />

"Meu caro Peregrino Júnior:<br />

Pèdiram-me os seus amigos<br />

que fosse o intérprete, no dia<br />

de hoje, da alegria o do afeto<br />

com que todos comemoramos a<br />

sua chegada à idade madura, a<br />

êsse meio século que você veta.<br />

de atingir. Não é hora de discutir<br />

a escolha do orador. Outros,<br />

naturalmente, estariam<br />

melhor Indicados, testemunhas<br />

mais próximas da sua vida, e<br />

mais dotados do poder de traduzir<br />

êsse alto juizo que você<br />

logrou fixar a seu respeito. No<br />

entanto, aqui estou, dcsihcumbindo-me<br />

dessa missão tão delicada;<br />

e o faço*na'alegria dos<br />

que falam com uma sinceridade<br />

Integral, com abundância dc coração,<br />

sem reservas.<br />

- Em primeiro lugar, meu carò<br />

Peregrino, você deve sentirse<br />

tranqüilo c feliz — ao alcançar<br />

o seu cinqüentenário, Sua<br />

vida não foi fácil e sua vitoria<br />

é bem maior, porque é um conjunto<br />

de vitórias difíceis e numerosas.<br />

Lembro-me do nosso<br />

remoto encontro aqui .nesta ci-*<br />

dade, quando você, ainda estudante<br />

de medicina, iniciava,<br />

praticamente, sua carreira, procurando<br />

firmar a sua dupla<br />

personalidade de escritor e dc<br />

médico, lutando, nao apenas<br />

para viver, mas na ambição de<br />

se tornar alguém, de atingir ao<br />

que, afinal, você atineiu, corretamente,<br />

sem atropelos, sem<br />

desmandar-se, ao que você<br />

atingiu peio trabalho, continuo<br />

o probo, a essa admiração que<br />

você desfruta c que nâo i apenas<br />

o próprio dc seus amigos,<br />

irias* do todo o pai».<br />

Mergulhando os olho** da memóiia<br />

na eua própria vida, vo-<br />

cê tem o direito de envaidecerse.<br />

Você veio do seu pequeno<br />

estado natal, e iniciou sua vi-»<br />

da sozinho, sem padrinhos poderosos,<br />

com a força do seu talento,<br />

da sua tenacidade, do<br />

seu amor" por uma vitória que<br />

fosse o resultado de um esforço<br />

realizado, sem truques, sem<br />

improvisações, na dignidade o<br />

na paciência. Q quo você é hb*<br />

je, o médico acatado, o escritor<br />

na plena posse da sua arte, o<br />

polígrafo, o homem conceituado,<br />

o cidadão__prestante, tudo o<br />

que você significa e representa<br />

é-lhe devido, e está pesado na<br />

justa balança. Sua vida é um<br />

exemplo, um modelo; do alto<br />

dos seus cinqüenta anos, que<br />

caminhos você percorreu para<br />

a segurança, para a conquista<br />

do séu próprio território.<br />

O que é marcante na sua<br />

vida é a arte graciosa com que<br />

você realizou este triunfo, quo.<br />

as homenagens de hoje consagram.<br />

O escritor sério, o revêlador<br />

de tantos aspectos do<br />

mundo amazônico, o escritor<br />

que reunindo ao pitoresco a nota<br />

comovida, soube falar dos<br />

seres humildes, que povoam as<br />

regiões désmesurádas' e no<br />

mais trágico dos abandonos, o<br />

analista escrupuloso do pathos<br />

machadiano, coexista em você,<br />

com o homem a quem interessavam<br />

também certos aspectos<br />

amáveis do mundo. Sei que ao<br />

Prof. Peregrino Júnior não desagrada<br />

a evocação do cronia»<br />

ta Peregrino, desse cronista<br />

que dosava ao amável o irônlco,<br />

à tolerância sorridente com<br />

a feira de vaidades a malícia<br />

que distingue e é üm sinal de<br />

distância e superioridade. De<br />

resto, você tem. meu caro cinquentenário,<br />

exemplos ilustres,<br />

de homens os mais ilustres que<br />

não desprezaram a arte das coisas<br />

leves e efêmeras. .**» basta<br />

lembrar o grande Mallarné, o y<br />

mais religioso, o mais compeneirado,<br />

o mais puro e grave dos<br />

artistas, colaborando em revistas<br />

de modas, sem nada perder,<br />

ao contrário, da sua ciasse.<br />

Não, nâo devo falar demais.<br />

Seria perturbar o sentido des-<br />

/ ta festa; seria dar uma feição<br />

acadêmica a esta viva e afetuosa<br />

prova que lhe desejamos dar,<br />

do quanto você é querido, da<br />

admiração que temos por vo*<br />

cê, da certeza de que o seu cinquentenário<br />

é uma nova etapa<br />

na sua vida, destinada a outras<br />

conquistas, não maiores, de<br />

certo, que o consagraram, mas<br />

novas c diferentes".<br />

O DISCURSO DE AUSTREGE-<br />

SDLO DE ATAIDE<br />

"Meu caro Peregrino:<br />

Quero dizer-lhe duas palavras<br />

em nome da Comissão que se<br />

encarregou de festejar o seu<br />

cinqüentenário e que lhe trás<br />

para memória do fausto acontecimehto<br />

esta oferenda. E um<br />

quadro de Portinari e assim<br />

quisemos juntar a glória do<br />

grande artista ao puro senti-<br />

mento com que ps<br />

seus amigos<br />

e admiradores vêm dizer-lhe,<br />

neste dia, quanto lhe querem...<br />

Nada é artificial ou descabido<br />

nesta manifestação. Cada um<br />

de nós pode ser considerado uma<br />

extensão.da sua família, pôr<br />

essa fraternidade que o longo<br />

convívio consagra e ê, às vezes,<br />

mais duradoura o autentica<br />

que a do sangue. Muitos dos<br />

que aqui se acham pertencem á<br />

sua geração e isso significa que<br />

o aeu triunfo se reflete sobro<br />

-eles. Os mais velhos o têm como<br />

igual o os mais moços, incentivados<br />

pelo seu exemplo,<br />

querem segui-lo o nada é mais<br />

grato a quem está no alto. da<br />

montanha, do que estimular generosamente<br />

os que estão su?<br />

bindo, para que, uma vez atingida<br />

a culminância, - contempiem<br />

o panorama e descubram<br />

nele as recompensas merecidas<br />

pela fidelidade ao ideal. A<br />

sua glória « a sua felicidade<br />

estão em que todas as suas asplrações<br />

foram realizadas. O<br />

artista e o homem de ciência<br />

completaram-se numa obra que<br />

reúne a sabedoria e a graça,<br />

essa rara combinação à busca<br />

de que não poucos têm nauf ragado.<br />

Posso dizer que o acompanhel<br />

desde os primeiros dias<br />

da sua aventura de rapaz , do<br />

Norte, vindo para lutar e vencer<br />

-pelo trabalho. Pois que a<br />

arma do.trabalho foi a de qüe<br />

sempre se serviu e quanto lhe<br />

chegou às mãos, o renome literário,<br />

a cátedra, a Academia, o<br />

prestígio de clinico, tudo é fruto<br />

do seu labor de quase trinta<br />

anos no Rio de Janeiro. Tenho<br />

ouvido dizer que os nortistas<br />

são especialmente -afortunados.<br />

A fortuna que os favorece é a<br />

de acreditar que nenhuma porta<br />

permanece fechada ao homem<br />

que quer abrf-la com o<br />

trabalho. Sei o que lhe custou,<br />

a ascensão o se lhe ficaranri<br />

amarguras é que o Beu tempe-<br />

{Concluí na IL' pág,).<br />

Nessas noites todas as inulheres<br />

tornam a ser virgens, porque<br />

os nossos desejos apeuas<br />

suo pelas mulheres imacul-tdas»<br />

pclus mulheres nunca possuídas.<br />

E porque tamanha solidão»<br />

por que tamanha falta dc amor<br />

nas areias"? Por que as areias<br />

sc conservam t5o uniformes'1*<br />

Marinheiros cxtcndcm-sc como<br />

viajantes, cansados c ;ts virgens<br />

parecem criaturas que ot<br />

estivessem a velar. A musica<br />

é a do vento que mais é uma<br />

enorme boca engulindo todos os<br />

ruídos, do "que um vento ncariciando<br />

cabeleiras de -pàlmclm»»<br />

acariciando ramagens de flores<br />

silvestres.<br />

Yana procurou o mar como<br />

estrada de salvação. Yana do»<br />

sapareceu como uma pérola que<br />

se ocultasse e,onde está CintU<br />

com suas mãos de cheiro estranho<br />

como o de açucenas, onde<br />

está Cintia com os seus olhos<br />

de piedade?<br />

Cintia! II<br />

Minha voz é um clamor do<br />

angustia... não dessa angustia<br />

comum que fat tremer as extremidades<br />

dos dedos, cibuiialhar<br />

vistas, mas de uma anuastia<br />

que me torna silencioso, quo<br />

de aço também torna o meu<br />

olhar.<br />

Cintia! !l<br />

O éco das areias responde das<br />

dunas a minha vos e, è medida<br />

que Insisto cm chamar Clnt»»,<br />

um medo dc quem perdeu alga<br />

precioso me invade, me embala<br />

com sua musica de torments qua<br />

para mim e mais perigosa qua<br />

as borrascas do mar.<br />

Cintia!!!<br />

E outra vez o éco me respon*<br />

dc como se estivesse sorrindo<br />

dè mim.<br />

< Então começou o alarma. Todos<br />

pareciam conhecer Cintia.<br />

E começaram a chamar pelo<br />

nome de Cintia, começaram a<br />

levar ns mãos â boca, p-ara quo<br />

o som mais longe fosse Até<br />

marinheiros anônimos apelaram<br />

pelo aparecimento de Cintia E<br />

arebotes subiam com os punhos<br />

para acenderem as areias, o mar.<br />

as dunas, todas as sombras, do<br />

círculos de luz<br />

Fomos aos arrecifes, e mais<br />

uma vez vimos ostras monstruosas,<br />

sargaços eomo autenticas<br />

flores do mar, lesmas c perjuelios<br />

caramujos, peixes dourados»<br />

agulhas dç lombo azul. ^ Mas<br />

Cintia onde está, onde estão ns<br />

mãos de açucena de Cintia, onde<br />

está av piedade de seus olhos,<br />

onde está seu corpo? .<br />

— Cintia!!!<br />

E as dunas respondiam cços<br />

que se entrechocavam, respon-,<br />

diam sons que se iam romper<br />

em troncos dc coqueiros.<br />

'<br />

E por.-toda a noite Condado<br />

de Green sentiu-se velado por<br />

uma caravana de archotes quo<br />

acendiam todos os recantos, tòdas<br />

as moitas, toda a visível pianicie<br />

do mar.<br />

Andaluza, Alone, Capricórnio<br />

também foram em busca de<br />

Cintia, derrubando caminhos do<br />

luz que se lançavam de seus<br />

pequenos holofotes; mas não<br />

somente foram cm busca da<br />

Cintia os pequenos holofotes<br />

dò Andaluza, Alone, Capricór-.<br />

nio, pois também navegaram<br />

canoas de nativos, muitas canoas<br />

gemendo devido à pressa*<br />

Meus olhos tragavam a figura.<br />

de Cintia' como uma boca<br />

que traga' um irarissimo, t ultlmo<br />

cigarro E parecia dcscibrif<br />

numa indecisão de vulto o corpo<br />

de Cintia, aquele corpo que<br />

era mais musica que carne.<br />

E longe, mesmo -muito longe<br />

do Condado de Green. os tiolo*»<br />

fotes retalhavam o oceano, retalhavam<br />

todas as águas da en<<br />

seada, descobrindo dentro da<br />

noite todos os recantos e mistérios<br />

da baia...<br />

E vozes apelavam pelo nome<br />

de Cintia subindo c descendo<br />

dunas, correndo por toda a ilha,<br />

despertando cães, como todos<br />

vão ficar despertos no ultima<br />

dia do mundo.<br />

E, eu gostaria de ter encontrado<br />

Cintia, pois os músculos<br />

daquela mulher "morta eram fios<br />

de um violino dormindo...<br />

Cintia -s a menina, á moça,<br />

a mulher que ainda está para<br />

nascer... ,<br />

Cintia — o meu oxigênio. i<br />

. -..


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^B_t_!*A.^^ I<br />

i revista e<br />

também - o rádio, interpretam,<br />

resumem, farilítum c divulgam<br />

o que fora, durante séculos o<br />

privilégio c o monopólio do livro.<br />

Levado pela dialética intçrior<br />

de sua própria multiplicação,<br />

o livro qne, a principio<br />

poderia tornar possivel a de»<br />

mocrali/ação da cultura, converte-sc<br />

outra vez, na sociedade<br />

democrática, cm apanágl»)<br />

de pequenos<br />

círculos dc inte«<br />

lectuais c dc iniciados. "A democracia,<br />

escreve ainda Oswald<br />

Spcngicr, substituiu, na vida cs*<br />

pirifiiíil das'massas, o livro pelo<br />

jornal".<br />

A informação enciclopédica,<br />

tumultuaria e desordenada, se<br />

substitui, cada véz mais, ao trabalho<br />

pacieitle. ao esforço dcmorado<br />

dc fornuiçào c de de*<br />

senvolvitnanlo orgânico do espirito.<br />

A capacidade de pensar<br />

'com clareza, de distinguir as<br />

coisas, dc colocur os problemas<br />

cm seus deVsWos termos, torna-sc<br />

cada vez mais rara neste<br />

nosso unindo de leviandade,<br />

dc primarisnío e de improvisa*<br />

çâo. Tanto os que escrevem COmo<br />

os que lêm, fazem-no, a<br />

maior paiic da.** vezes, com<br />

precipitação e su|K'rficiali_ade»' 'fundo,<br />

não se empenhando a<br />

n.ío se comprometendo com O<br />

ato dc escrever c de iêr, gestos<br />

graves de imprevisíveis re*<br />

percussões, gestos que deveriam<br />

envolver sempre toda a responsabilIdade<br />

d» homem,<br />

. O destino da cultura no mun-<br />

- do em que vivemos está ligado<br />

ao próprio destino do livro.'<br />

Aguardando que uma sábia politica<br />

do espírito discipline a<br />

sua produção, assim como já.<br />

está disciplinado o tráfego nas<br />

ruas, devemos desde já fazer<br />

o possível para que todos os ii*<br />

dam com o livro sc comportem<br />

em relação a êlc com um crivo,<br />

empenhando-sc .apenas na dlvulgação<br />

dos livros realmente<br />

essenciais c imuortnntcs.<br />

Embora haja muitos livros,<br />

livros demais, os que são de<br />

fato indispensáveis, os que<br />

marcam c caracterizam as épocas,<br />

não são. tão numerosos que<br />

não os possamos Iêr se souber»»<br />

mos aproveitar inteligènteme**»<br />

te o nosso tempo.<br />

A, sorte do mundo acorapa-»<br />

nhará o destino do livro e ftcará<br />

dependendo da capacida»»<br />

de que o homem tiver de safe<br />

var-se éo eáos em que se espt<br />

contra, recuperando o equili*<br />

brio e a lucidez, do seu esplri».<br />

to,<br />

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Página 10 niv, wa*m......m., «, r1 7*5<br />

Intelectuais num programa<br />

radiofônico<br />

ID Franco ò poeta, Junia-<br />

. lista, vorondor e csplqucr<br />

C\ * e como ossos jogadores<br />

do úitobol que atuam om qualquer<br />

posição, Mc brilha om todo<br />

setor em que so mete. Aluda<br />

agora a gonte não sabe por. qual<br />

torcer mais* se polo vereador I<br />

quo tem so mostrado superior<br />

aos seus colegas, pairando muito<br />

acima da polltlquinhn, ou se<br />

pelo csplqucr (melhor diríamos:<br />

animador) quo tem procurado<br />

sempre dar aos ouvintes de rádio<br />

programas diferentes, em<br />

que as coisas do Espirito são<br />

realçadas o louvadas.<br />

Éle sempre tem um programa,<br />

quo objetiva tentar a diíu-ào do<br />

livro, sejam eles dc ensino ou<br />

dc simples passatempo e honra<br />

lhe seja feita por estar batalhando<br />

por uni dos principais<br />

problemas brasileiros. Porque<br />

não adianta alfabetizar somente:<br />

£ preciso ensinar nos ¦:'*ilictizados<br />

o amor aos livros para<br />

que não se veja mais o espetacuío<br />

ridículo que' vemos ng,n*a:<br />

homens feitos, pais de familia,<br />

lendo "Gibi", "X-ü**, "íilobo<br />

Juvenil" u alè mesmo as "Seleçòes"...<br />

Agora Cid Franco resolveu<br />

criar um novo programa que<br />

dizem* estar com êxito inag;'ifico:<br />

éle reúne às terças-feiras,<br />

ao redor do microfone da ".Cuitura",<br />

úm grupo dc intelectuais<br />

(artistas, escritores, pian-slas,<br />

professores) dispostos - a responder<br />

às perguntas que.os cuvintes<br />

lhes mandaram de casa.<br />

Sc a pergunta é de história do<br />

Brasil cabe a Sérgio Buarquc de<br />

Holanda respondê-la, se é. ;iterúria<br />

a incumbência vai para<br />

Mcnotli Del Picchia, se é referente<br />

à musica, Madaleni Taglinfcrro<br />

se incumbirá de respohdê-ln,<br />

se envolve questão<br />

gramatical, o abacaxi passa para<br />

Napoleão Mendes dc Almeida,<br />

etc. Os "çnciplopédicos"<br />

(as-<br />

1<br />

sim são chamados os peritos)<br />

nem sempre são os mesmos,<br />

variando conforme o tema da<br />

pergunta, c fazem força para<br />

responder às indagações de aigibeira<br />

que os ouvintes prepararam<br />

com cuidado durante a<br />

semana.<br />

Se o leitor ainda não ouviu,<br />

ouça' este i programa. E tente<br />

ganhar os Cr$ 250,00 dc prémio.<br />

Ou então (se já fór rico)<br />

procure so ilustrar um p.uqainho.<br />

Ajudemos o Museu de Arte<br />

Fazemos: nossas ns palavras<br />

do apelo feilo pelo Museu do<br />

Arte ao povo em geral: todos<br />

aqueles que possuírem** velhas<br />

revistas de arte, reproduções,<br />

velhos catálogos de museus ou<br />

de exposições, nos quais não tenham<br />

interesse, deverão cc.iôlo»<br />

Aquele Museu, para fazer<br />

parte do material de consulta'<br />

que será cm breve posto à. disposição<br />

do publico.<br />

Os leitores de outros Estados<br />

poderão enviar suas contribui-<br />

Ções oara<br />

*a<br />

Ruà 7 de Abril,<br />

230 (São Paulo) c os que Jiabitam<br />

esta chamada capital ári'-,tica<br />

poderão se entender dire.<br />

tamente com o sr. Enrico Ca»<br />

merini. Aliás, mesmo que não<br />

tenham contribuição alguma,<br />

não perderão nada batende, uni<br />

papo com Camerini que é<br />

sujeito<br />

um<br />

insinuante e simpático. ^<br />

Uma Escola de Teatro -k,<br />

;* para São Paulo<br />

Déciodc Almeida Prado e Aífredo<br />

Mesquita, que já d^i'áiií<br />

mostras de; entender de teatro,<br />

desde a - carpiniaria até a representarão,<br />

estão trabalhando para<br />

dotar São Paulo de uma ' Escola'.<br />

de Teatro. Noticia mais auspiciosa<br />

para o amante das coisas<br />

de arte não poderia haver no<br />

momento. Porque estamos não<br />

somente com falta de casas de<br />

espetáculo copio também com<br />

faita de artistas.<br />

O paulista qúe adora cinema<br />

esta satisfeito com a fartura<br />

de fitas italianas, mçxica-ià. e<br />

urgentinas que lhe enchem os<br />

olho*». O paulista tubarão iíiual-<br />

mente nunca esteve tão contei»<br />

»e com it . dinheirama qüe<br />

*jão<br />

tem'nem mais lugar onde pôr.<br />

Mas o paulista amante do tea»<br />

tro. quç tém pendores Pira o<br />

r»ãlco". a té agora se -'..chá complctahtónt-<br />

-no abandono.<br />

&<br />

fi-____S_____H^K*w--'-^^^!«-'!'í-!<br />

ALCÂNTARA SILVEIRA<br />

i&'Z**it,^5-^<br />

Reprodução do uni trabalho do brilhante escritor Sérgio Milllct, que nas horas de lazer<br />

também pinta...<br />

A iniciativa dc Décio' de Almeida<br />

Prado e Alfredo Mesquita<br />

virá portanto — como dizem<br />

os jornalistas — "preenchei<br />

lacuna'*. Uma Escola de Teatro<br />

c útil porque até há muito pouco<br />

tempo os nossos atores ou<br />

eram verdadeiros canastrões ou<br />

aprendizes sem a menor lnclinação<br />

para o palco. A Escola<br />

dc Teatro virá colaborar na tentativa<br />

que se tem feito para acabar<br />

com a improvisação do ato-<br />

Livros à mão cheia<br />

O vereador paulistano >r.<br />

Cunha Matos achou um livro do<br />

Castro Alves c começou a declamar<br />

entusiasmado "O Livro<br />

c á América". Quando chegou<br />

naquele trecho cm que o poeta<br />

diz;<br />

¦ ' ¦ - -1<br />

"Ob! Bendito o que scnièa<br />

Livros..'. livros à mão 'cheia,..<br />

E manda o povo pensar!<br />

O livro caindo rialput<br />

res, hnproyizacão - aliás -<br />

^ gcríne _ que faz a palma.<br />

que não existe somente no tea É chuva —<br />

tro, mas em todas as manifes-<br />

que faz o mar.'<br />

tações artísticas.<br />

o ilustre vereador não se con-<br />

Em - geral no Brasil teve: era<br />

qualquer<br />

preciso tornar-se um<br />

um — seja motorneirp oa semeador<br />

juiz<br />

de livros! Vai daí, rc-<br />

dc futebol — pode, dc um dia gou num papel e redigiu ura<br />

para outro, ser escolhido para<br />

projeto de lei autorizando a Bi-<br />

critico literário, comentador da<br />

blioteca Municipal a instalar cs-<br />

política internacional - pu arlistantes<br />

de livros em sedes de sota<br />

de teatro, desde que tenha<br />

cledades cientificas, culturais,<br />

amizade coin o diretor do<br />

religiosas, esportivas e recrea*<br />

jornal<br />

ou dono da companhia tea-<br />

tivas, desde que as mesmas se<br />

trai. Inclinação, cultura,<br />

comprometam a observar certas<br />

jeito,<br />

etc, não tem importância. Eis,<br />

formalidades mencionadas na<br />

porque a Escola de Teatro a proposição.<br />

»<br />

exemplo da Escola de Jprnalis-<br />

Nãò sabemos se o projeto irá<br />

mo da Fundação Casper Libere<br />

avante, mas desde já temos nos-<br />

tem uma grande» finalidade<br />

sas duvidas<br />

a<br />

quanto à sqi pra-<br />

cumprir. Desta coluna<br />

ticabilidade,<br />

enviamos<br />

pois existem sé-<br />

parabéns aos corajosos1 e idealisrios<br />

impecilhos contra èle como<br />

—<br />

tas Dócio de Almeida Prado e<br />

por exemplo — a laita de<br />

Alfredo Mesquita.<br />

verba com aue luta a Biblioteca<br />

do município. Se nem para<br />

iôr cm prática as suas Idéias! encher suas estantes a que li re-<br />

partição tem dinheiro, como podera<br />

emprestar ou doar livros<br />

para as estantes que forem instaladas<br />

nas sedes das referidas<br />

sociedades? Bastaria este argumento<br />

para barrar o projeto,<br />

apesar das' boas intenções do<br />

autor. Mas há .ainda outros dados<br />

dc ordem técnica (nos quais<br />

náo queremos nos alongar pôrque<br />

não somos vereadores) sóbre<br />

os quais o vereador talvez<br />

não tivesse pensado ao redigir<br />

o projeto sob o sopro dc Castro<br />

Alves.<br />

Em todo caso é preciso regisirar<br />

o "nome do sr. Cunlu Matos,<br />

como o dç um homem que<br />

se preocupa ein espalhar, por<br />

toda parte, o livro<br />

"...esse audaz guerreiro<br />

Que conquista o mundo inteiro<br />

Sem. nunca ter Waterlop..."<br />

Recital modernista<br />

Quando estiver circulando este<br />

suplemento já deve ter se realixado<br />

o "Recital Modernista**<br />

sob o patrocínio da Comissão<br />

Organizadora do I Congresso<br />

Paulista de Poesia. Poetas terão<br />

lido os seus e os versos dos colegas<br />

numa fes-ta literária que<br />

certamente marcará época.<br />

Sempre achamos um perigo<br />

deixar um poeta recitar poemas<br />

dos outros porque a dicção muito<br />

influi na beleza dos versos:<br />

um sujeito maldoso poderá ler<br />

Homens de outrõra' Paranhòs, Olinda. *-*<br />

finalizar nossas incursões<br />

nos<br />

PARA<br />

domiuios maohadianos,<br />

damos, hoje<br />

ainda, alguns perfis que recortamos<br />

das "Páginas recolhidas",<br />

onde Machado nos transmite impressões<br />

que lhe deixaram figu».<br />

ras do velho Senado.<br />

A SURDEZ<br />

"Olinda<br />

DE OLINDA<br />

— escreve Machado -raparecia-me<br />

envolvido ua aurora<br />

remota do reinado e na mais<br />

: recente aurora liberal ou "situação<br />

nascente", mote do um dos<br />

chefes da liga, penso que Zaaharias,<br />

qué os conservadores giosaram<br />

por todos os feities,* na<br />

tribuna é ná imprensa. Mas não<br />

deslizemos a rèmiiiiscéncias de<br />

outra ordem; fiquemos na surdez<br />

de Olinda, que competia com<br />

Beethovcn nesta qualidade, h_«nos<br />

musical que política. Não<br />

seria tão surdo. Quando tinha de<br />

responder a alguém, ia sentar-se<br />

ao-pé do orador, e escutava ateuto,<br />

cara de mármore, sem dar um<br />

aparte, sem fazer um gosto, sem<br />

tomar uma nota. E a resposta<br />

vinha logo; tão depressa, o adyersário<br />

acabava, como cie principiava,<br />

e, no que me ficou, lúcldo<br />

c completo."*<br />

"Um<br />

dia — diz Machado — vi<br />

ali aparecer um homem alto,<br />

suissas c bigodes brancos c compridos,<br />

Era um dos remanesceutes<br />

da Constituinte, íuida menos<br />

que Montezuma, que voltava da<br />

Europa. Foit-ine impossível rcrnn-he.er<br />

nnniela cara barbada<br />

a cava rap-uia qii. eu conheci<br />

DISRAELL<br />

da litografia Sisson; pessoalmente<br />

nunca o vira. Era, muito<br />

mais que Olinda, um tipo de ve-<br />

Ihice robusta. Ao rneü espirito<br />

do rapaz afigürava-ss que ele<br />

trazia ainda os rumorm c os<br />

'gestos da assembléia dis 1823,.<br />

Era o mesmo' hómòm; mas foi<br />

preciso ouvi-lo agora para sentirtoda<br />

a veemência dos seus ataquês<br />

de outrora. Foi preciso ouvir-lhe<br />

a ironia dc hoje para óntender<br />

a ironia daquela retificaçào<br />

que ele pôs* ao texto de uma<br />

pergunta ao ministro do Imperio,<br />

na célebre sessão permanente<br />

de 11 a 12 de novembro: "Eü<br />

disse que o sr. ministro do Im-<br />

pério, por estar ao ladn de Sua<br />

Majestade, melhor conhecerá o<br />

"espírito da tropa", e mn dos<br />

senhores secretários escreveu "o<br />

espírito d2 Siia Majestade" quando<br />

não disse tal, porque deste<br />

não diivido eu".<br />

"Contrastando<br />

PABANHOS NA TRIBUNA<br />

com Souza<br />

Franco —<br />

"Memorial<br />

escreve o autor do<br />

dc Aires"—vinha a fimira<br />

de Paranhòs, alia c forte.<br />

Não é preciso dizô-lo a uma geração<br />

que o conheceu c admirou,<br />

ainda belo c robusto na velhice.<br />

Nem é preciso lembrar que era<br />

nma das primeiras vozes do Senado.<br />

Eu trazi.a de cor ns palayras<br />

nue alguém me confiou haver<br />

dito quando ele era simples<br />

"Sr;<br />

r;st:q.dh.nte da Escola Central:<br />

Píirnniios, você ainda há dc<br />

set* niiu'-tro*\ O estudante ves-<br />

pondia modestamente, sorrindo;<br />

mas o profeta dos seus destinos<br />

tinha apanhado bem o valor e a<br />

direção dá alma do moço".<br />

Adiante, Machado recorda um<br />

discurso proferido por Paranhòs,<br />

' em defesa do Convênio do 20 de<br />

fevereiro, que, mui recebido pelo<br />

povo, determinara, dias nnte3,<br />

sua demissão do ministério.<br />

"Galerias<br />

e tribunas estavam<br />

cheias de gente; ao salão do Senado<br />

foram admitidos muitos<br />

homens politicos ou simplesmente<br />

curiosos. Era uma hora<br />

. da tarde quando o presidente<br />

deu a palavra ao senador por<br />

.Mato Grosso; começava a discussão<br />

do voto de graças. Paranhos<br />

costumava falar com moduração<br />

e pausa; firmava os de-<br />

dos, erguia-os para o gesto leii^<br />

to e sóbrio, ou então para ,cha-<br />

' mar os punhos da camisa, e a<br />

voz ia saindo meditada e colorida.<br />

Naquele dia, porém, a ânsia<br />

de produzir a defesa era tal,<br />

que as primeiras palavras' foram<br />

antes bradadas que ditas: "Não<br />

a vaidad.» sr. presidente...'*<br />

Daí a um instante a voz tornava<br />

ao diapasno habitual, c o discurso<br />

continuou como nos outros<br />

dias. Eram nove horas da<br />

noite, quando cie acabou; estavá<br />

como nó princípio, nenhum<br />

sinnl de fadiga nele-nem no audUório.^que<br />

o aplaudiu. Foi uma<br />

das rr>fi-s fundas Imnressôes fiue<br />

me deixou a eloqufiheia parlamèhtar.<br />

A agitação «assara com.<br />

os «sucessos, a defesa estava<br />

feita".<br />

mal a po.'.i» do rival o o rcsdindo<br />

será um fracanso puni a<br />

poeta lido. Enfim...<br />

A Comlsuão Organlsadoni do<br />

congresso vai assim pondo «ra<br />

prática o programa que sa' tra-<br />

, çou de realUaçòes de coníerén-<br />

*<br />

""<br />

cias e festivais prc»congrc::slo«<br />

nais. Pnra o dia 20 deito tnés<br />

já se anuncia uma palestra' de<br />

. Oswald de Andrade sóbre "Baudelnire<br />

contra SnrtreH. palestra<br />

que na ccrla liâ de ser inalf<br />

uma "bola" do autor de MMarco<br />

ZcroN (romance popular que só<br />

.<br />

alguns, intelectuais comprecn-<br />

dem).<br />

E por falar no Congresso...<br />

...eis umas teses que gos*<br />

tarla mos ver discutidas pelos<br />

poetas paulistas:<br />

1.* — llc.né Char ¦*- que considera<br />

a poesia como "connais-<br />

«ance produtivo du réelM — é<br />

o» conlinuador de Paul* Valcry? ^<br />

2.* — Podo haver uma apõesio?<br />

Como se sobe Henrl PIchcttc<br />

vai publicar um livro —<br />

"Apoémos" — e o que seii essa<br />

novidade êle nos mostra cm frases<br />

como estas: Puisque la poé-<br />

8ic officielle n*est que le jcu de<br />

macaques oficieis, ou de retarda*<br />

taJrcs essouflós, le fin du fin<br />

de la fumisterie, la courte échelle<br />

à Ia politique, la course aui<br />

lounngcs, etc, jc scrai apoéle**.<br />

*"J*écris nvec des mots qui boxent".<br />

"N'ous avons connu trop<br />

tôt In lucidité. Quclque ehose<br />

me dlt que notre role d'imagiers<br />

touche à sa fin".<br />

3.'-— Quanto tempo Jurará<br />

'o "letrismo"? Tem razão de<br />

ser este movimento?<br />

Eis ai algumas perguntas que<br />

gostaríamos ver respondidas pclos<br />

poetas. Aqueles que quisèrem<br />

abordar estes temas comunicamos<br />

que esta página . receberá<br />

c publicará suas respostas<br />

com o máximo prazer. Basta<br />

mandá-las para a rüa Alhuqucrque<br />

Lins, 686.<br />

Precisamos de jornais e<br />

revistas literárias<br />

O pernambucano Joel Pontes<br />

escreveu-me da rua Jeriquiti —<br />

Recife — desejando permutar<br />

'.<br />

as publicações literárias dc lá<br />

com as de São,Paulo. E para<br />

i começar enviou-me logo "Nordeste",<br />

"Região" e "Boletim da .<br />

Cidade e do Porto do Recifen*<br />

Em resposta enviei-lhe .a "Revista<br />

Brasileira de Poesia'" e. .<br />

. só! Confesso que me sinto cnvergonhado<br />

acenando-lhe com<br />

promessas: "Parece que va* sair<br />

tal revista", "parece que Fulano<br />

e Fulano vão publicar tal jor-'<br />

nal", etc.... E enquanto êle<br />

me manda as publicações com<br />

trabalhos de gente da novissima<br />

geração, comp Laurenio LIma,<br />

Veríssimo de* Melo, .Dcvostenes<br />

Massa, Duarte Neto, Cra-<br />

. veiro Leite; Vasconcelos. Maia,<br />

etc, etc, etc, eu continuo en-<br />

- viando-lhe promessas.<br />

Mais do que nunca S. Paulo<br />

está precisando de jornais e<br />

revistas literárias para mostrar<br />

qué também nôs fazemos algo<br />

pela literatura e pela cultura.<br />

E se nâo fôr possível, publicar<br />

revistas, então què se melhore<br />

ao menos os suplementos dos ,<br />

nossos jornais, em geral fraquissimos.<br />

Nem<br />

'revistas<br />

oficiais<br />

nós temos (cóm exceção<br />

da "Revista do Arquivo", espècializada<br />

em história)__ e bem<br />

que poderiamos imitaria. Diretoria<br />

de Documentação e Cuitura<br />

da Prefeitura Municipal de<br />

Rreife queda ao povo nada<br />

"citado',-*Boletim menos de três publicações: e<br />

da Cidade e do<br />

Pórtõ do Recife**, ps "Arquivou**<br />

e 0 jornalzlnho "Praieiro**.<br />

A SABEDORIA DO PAMPA<br />

(Conclusão da 7.* pág.),<br />

guala" . Perto dos rodeios, o<br />

fazendeiro faz aguadas, reprefiando<br />

os córregos, para que se<br />

dessedente o gado. Ma« os ani»»<br />

mais bravios não confraterni*<br />

zam com os mansos nas represas<br />

da fazenda e procuram lon-<br />

¦. ge as águas que correm livres.<br />

Entretanto, nas secas, eles se<br />

chegam também: desce o bagual<br />

ao bebedouro — í'cal ai<br />

jagüel cn la seca".<br />

Viscach a conhece a força cominatória<br />

da necessidade e sentencia:<br />

- "El hombre, hasta ei más. so*<br />

[berbio,<br />

, com más espinas que un tala,<br />

_ aflueja andando en ta maia<br />

.lies Mando como mantecat<br />

hasta la.haeienda baguata-<br />

*.


'<br />

..<br />

»:..*¦ *-#--'*' ¦'¦^,»-w,i.....l* .fe,»^'*'-« * «*-*»(4-***W*<br />

¦ iti* ¦«—ii -* SBsO««mmi<br />

****1"** »-«'*a»«J»BT«»"*a**'*"«^<br />

"Anjo Negro" e um aspecto da critica<br />

SANTA ROSA<br />

Livros em revista<br />

.,*f»-Tir*»-'ii iigffiaBi<br />

i, 44A OÜ/UTIWOÉSIMA TORTA.", EM NOVA EOIÇM I<br />

Acaba dt ser lançada pela Llv.uh» do Globo,JiiJJJJJ<br />

cdK&t dí "A Quadragéslmi Porta» -*"*4*0* «JJ. «g*<br />

tulu o rstorns «horário de Jos< Geralo. Vie ra, em MU O ll<br />

Sio stitua-sa cm um plano de tlcçio ecumênica, t »» * ** Jg<br />

do d« aventura.-tdtfica» de Jo.í Gcrsld. V.clre qu. i»¦"«;*»<br />

to' o colocaram, em una posição verdadeiramente reveludoiáflt<br />

U A srdem * tsJstenlt está<br />

amplcta antes do Aispsrecimento da obra<br />

¦ova; psra qae a ordem pt**»<br />

slsU spós o advento dn aorldade,<br />

tdda a ordem exlmtate<br />

deve sltersr-se, por malt simlesmcnto<br />

qae seja, » assim,<br />

so resJsstsm ss Klsçtes, ao<br />

proporções, os valores do tada»<br />

obra de arto em face de «Mas)<br />

« coisas. Isto significa «mnleemldade<br />

eatre o velho e o sssoo*<br />

Estes sio ot conceito» eme T.<br />

1. Ellot desenvolve sm sen per<br />

«melente ensaio sobre a tttíle**<br />

situando o preciso Instasse,,jm<br />

qse, com a chegada da teta<br />

nova, nasce, por soa tob» a » *<br />

compreensio.<br />

Abalados os fundamentou do<br />

conformismo, gera-se om dosa»<br />

Justsmento de opinião dlaote<br />

do ainda Indeterminado, do «Inda<br />

nio incorporado à máqut*<br />

aa cotidiana da rotina, eplalle<br />

qne, nesse estado de ineontortável<br />

indecisão, sempre st: tapressa<br />

negando.<br />

Nio se esboça .nessa ditado<br />

nenhuma tentativa de esmoietnsio<br />

do novo, pois, apoiados<br />

em conceitos tradicionais, es tn*<br />

dlviduos os expõem sempre ga*»<br />

rantldos pelo coro fraternal-qne<br />

ti repete em -eco.<br />

E' Instante tm qso a slgnlflcáçio<br />

4a obra paira a iofolge<br />

Inútil diante ria obtntidade<br />

geral.<br />

A estréia de "Anjo V tamt trftlts tttl-sttéttca<br />

aotl-artlttiea, oatl-etka m btm<br />

mnlldo tm «tt o trfUtt dtvt<br />

*¦ «ia<br />

Negro'*,<br />

de Nelson Rodrigues,, aos *»**¦<br />

ilus i evidência de sm estado<br />

primitivo, informe nebuloso<br />

da inteligência, crítica so qual<br />

o lenta percepção das coisas, dt<br />

tm lado, contrasta e deixa a<br />

nu, de outro, avançados e elaborados<br />

meios dc am «embato<br />

¦oez aos desvãos do campo das<br />

relações' estéticas.<br />

A crítica teatral mostrou-aos<br />

«ma face estranha, mais alheia<br />

aos fatos da cena do que s Invectiva<br />

pessoal.<br />

—<br />

e «JM ta p*ss» no<br />

da «saia.<br />

recém, o qse se ata tJt4»<br />

MMfaj mat tclda o vstlt»"<br />

ttmfm itsiesndt se t velha t -esta-<br />

¦*¦*¦ **«T«W<br />

*«J«*«fl ¦*¦«¦<br />

*B' H¦<br />

«W^***-*? SI<br />

6 Ll^ti fm A<br />

"circulo ds A<br />

família" profissional da írltl*<br />

os, do qne o qse te atribui tt<br />

mui do ama obra, qse, emresta<br />

tojtita ,à taálltt, nlo to»<br />

ftren através desta o mtnte ***><br />

am novo métods<br />

dt eaetntrs*<br />

attattéo Sa, «bra, mesmo comtaespsses<br />

dt ltvan-<br />

tm a tjutdie tlad-rtlct dt «vi-<br />

ETERNA LUZ MEDITERRÂNEA<br />

»A Lus Mediterrânea", de Raul dé Lconl. é ua><br />

^^«JJJ<br />

ds poesia quo contam com um público cado ves<br />

^ /"Jj£<br />

ai«Ji« ..«,« a» Livraria Martins lançou uma nova edição, apro<br />

íí^*T^lm^~ S Smirivi sonetos desse pcetatim<br />

. Mistaw^eiS**» um txtmplo dt manejo arlttocrâtlco é<br />

verto t ¦entlbllldddt apurada. «*<br />

NOVA REVISTA OE CATAGUAZES v<br />

Sob a dlrtaáo dt Uma Tamego Peixoto, Pianctsot Cabra<br />

Fn-ncicf ÍS?lt Pslxoto ilibo, devera a»mett *<br />

£*<br />

mês a revista<br />

-«Ttlá Pataca", da nova geração literária<br />

Cataguascs.<br />

m «Mosa, Itadlado o Mt f*<br />

dot lttnalt qt% lhes coantm<br />

m tttaatt, lt tvglsest sstisftoeêtt<br />

do soa» maalat, I exibi-<br />

«*oV dt «ma gravo Ignorância<br />

em rtos dt dtrae do tacrltor<br />

d-riNatdo, « Iludir t pébllco<br />

leitor<br />

Nssooa Sodrlgam<br />

dente qnerels entre a srte<br />

moral.<br />

B o qae sos surpreende t<br />

qne maltas tW^talôos do ptf<br />

sonagens classificados como esacionários<br />

sio bilhões de seses<br />

amls compreensivas, lnteligentee<br />

e tolerantes do qne t<br />

opinião de intelectuais livras,<br />

subitamente, transformsdtt om<br />

«restais, preservando o fogo ssgrado<br />

de ama espantosa seta"<br />

sidade, qae, pelo «isto, solidarixa<br />

é irmana sm proporaio<br />

omito msior do qne boje se<br />

pensa.<br />

R\ rtolmente, mais «hoeaat*<br />

-som mtaUfl-açdee de qulase<br />

Unhtt. Porqte é difícil teeltar<br />

4o tm erítlce honesto, tor<br />

malt «taro e sintético qne esd<br />

tm espirito, o comentaria<br />

do ema «bra qta!qs«r, «esm*<br />

a «sta laslgoif «conte, sm alga*<br />

mas Unhas de ama coluna. '<br />

ft"* (mpômivel estabelecer as<br />

« olacdw 4a «bra,. a «ua profuada<br />

«t «nperHcial psicologia,<br />

st, -arras «n belezas do seu dcempenho,<br />

aa observações técnicas<br />

tent critico deve fazê-las)<br />

em opeoss slgtmss linhas.<br />

O «jtts desejo ressaltar é qae<br />

nio foi feito de "Anjo Negro'*<br />

o estado que a sus excepcioual<br />

«preMntaçio devera suscitar.<br />

Mio me refiro ie opiniõea favoravets,<br />

porém ao exercício de<br />

sma critica qae soubesse situar<br />

ot seus fins ao esclarecimento<br />

*la «ara se arte, na "mise-au-<br />

ir<br />

poit** aos «ess defeitos ou qaalidades.<br />

nunca, porém, da maneira<br />

peta qual foi feita, assumindo<br />

a injusta e imprópria feição de<br />

ama campanha, na qual os morallstas<br />

destruíram o edifício<br />

da éticas tantas vezes por eka<br />

mesmos Invocado.<br />

"NINGUÉM VOLTA ATRAS*<br />

Alba de Cespedes é uma escritora Italiana ainda jovem i<br />

ü vitoricoa. ^Pt*onTance -Ninguém volta atrás", que J4<br />

Jbto<br />

ío s^ consM-^uçio de 20 traduções no estrangeiro. 87 edições<br />

na ítaltaWS verllo cinematográfica, aparece hojo tm noa-<br />

« idioma, numa edição da Ipé. Alba dc Ccspcdcs utlllsou-se ai<br />

& wSca dTtmimlSusici-. potto em moda atualmento^jaor tf.<br />

Iw^tHeistas. Oito historias entrelaçadas - .?¦ .dtsMnot dl»<br />

ííisos dToito personagenr - farmam a m<br />

critério dos assuntos que ver*<br />

sam» um dos mais simples para<br />

ésse fim:<br />

Sentimentais — M-odinhas<br />

Lírico-narrativas — Romances»<br />

xícaras, modas de viola.<br />

Brejeiras — das* chulos.<br />

lundus, embola-<br />

<br />

Religiosas»<br />

Católicas: (Litúrgicas)<br />

—- Ladainhas, benditos:<br />

Católicas: (Populares)<br />

Cantigas de S. Conçalo, caatos<br />

de peregrinos, rezas para chamar<br />

chuva. /<br />

Fetichistas — Cantos de candomblé.<br />

linhas às Catimbó.<br />

Satíricas — Desafios, martelos.<br />

RENATO AtMEIDA<br />

,<br />

Oe Ofício -— Piogitf, eairdos<br />

de trabalho, aboiot.<br />

De Diversão — Cantigas dt<br />

bebida» eomo brindes, coretos;<br />

esportivas, cosnt as de eaf^te.<br />

Militares — C*\t*tí§ei 4e rocrutstv<br />

dt qwarréis.<br />

Infantis — CmitigM de ntttãt<br />

e de Mejcer.<br />

Receberei com satisfação *b<br />

criticas e sugestões, pois se trata<br />

de um mero ensaio. As canti*<br />

gas citadas sáo Hpos, e-eamploi<br />

apenas, e solicitaria mesmo que<br />

me enviassem o maior número<br />

das qüe possam ser incluidas nas<br />

classes acima.<br />

Pretendi classificar apenas as<br />

cantigas ou as que se tornaram<br />

cantigas solistas, como o lundu,<br />

que foi dança, Ou a embolada,<br />

sendo que esta é o refrão da car.tiga<br />

da dança nordestina, chama-<br />

da c«ko. As danças de macumba,<br />

as considerei, e na realidade<br />

o são, rito. Os cantos, de capoeira,<br />

embora ligados ã luta, nao<br />

!são<br />

de acompanhamento, como<br />

no caso de danças. Não junte»<br />

também cantigafi: de danças dramáticas,'<br />

por cortstituirem elemeiv<br />

to dos bailados.<br />

, Acontece também qus uma<br />

cantiga possa caber1 èm m'a,is de<br />

urna cfasSS'. Assitrí.<br />

Peregrino Júnior saudado...<br />

(Conclusão da 8. pág.)<br />

rãmento gentil e a larga compreensão<br />

que tem do mundo,<br />

adquirida logo nas primeiras<br />

escaramuças com o destino,<br />

sustentaram sempre o seu admirável<br />

equilíbrio interior, traduzido<br />

nesse "sorriso para todos"<br />

que 6 antes de mais um<br />

testemunho da generosidade do<br />

seii coração, Mas a festa deste<br />

dia nâo "se confina no circulo<br />

da sua íamilia e dos seus armgos.<br />

Se o Brasil tivesse mais<br />

nítida consciência dos seus va-<br />

lores genuinos,<br />

estou certo de<br />

que se associaria mais vivamente<br />

a esta despreteneiosa<br />

comemoração, feita na metade<br />

da vida de um homem que o<br />

serve dedicadamente e qui- .<br />

v5m contribuindo para o brtlho<br />

das letras e da ciência brasilêirãs,<br />

em casa e no exterior,<br />

como os que mais e melhor o<br />

tenham feito. Somos aqui nâo<br />

somente uma representação de<br />

admiradores e amigos. Como<br />

homens públicos, alguns dos<br />

quais orientam a opinião como<br />

expoentes da arte, da ciência e<br />

.das letras do país, temos um<br />

pouco de autoridade para re*<br />

clamar nesta festa o direito de<br />

falar ern nome do Brasil, de<br />

louvá-lo e agradecer-lhe o que<br />

tem feito paia dignificar a nosa<br />

comunidade nacional.<br />

Muito ainda esperamos da<br />

'a embolada,<br />

geralmente brejeira, pode ser irò*<br />

ri.icá è as: ha de escárneo» ôú mes*<br />

mo sem. assunto» apepas onomj*<br />

topaicas. Uma grande. relativida-<br />

,.de ,dá a essas-çlassificaçõás um<br />

. caráter aproximativo, valendo<br />

apenas como esquema gera!, sem<br />

precisão cientifica, desde que náo<br />

há característicos específicos para<br />

as denominações, antes, a nomenclatura<br />

folclórica, sobretudo a<br />

musical brasileira, é extromamente<br />

imprecisa. .<br />

sua energia criadora, do seu<br />

Idealismo, do seu. devotamento<br />

àa~ boas causas, da sua juventude<br />

que, neste meio dia, parece<br />

tão verde, como ora no<br />

amanhecer, de ontem. Receba o<br />

nosso carinhoso abraço, no<br />

qual queremos transmitir-lhn<br />

um pouco do orgulho de sermos<br />

seus amigos e companheiroa,<br />

nesta hora grave do mun-<br />

do, em que<br />

todos os bens espi-<br />

rituais da vida estão em risco<br />

o só a inteligência e a virtude<br />

dé homens como você podem<br />

oferecer-nos, na incerteza destes<br />

dias, um pouco do reconhecimento<br />

a Deus pèló bem de viver<br />

aintia".<br />

"O Véu Pintado'Vum dos melborm- *>a>,


?¦*?'-'.' CECÍLIA<br />

ti Ai L<br />

à<br />

'<br />

et ras eyírtes<br />

¦-*****¦*-—¦¦ ——~^—~M**-***-*' ¦ m^s=sm<br />

RIO Di «lÃNJiSã Dominga IS 5 Abril g 1948<br />

^ e GANTATA<br />

¦" â<br />

a * « ..<br />

_^^^^^^^^^^^^amÊm^^^^^ggg^gjgggg^gggfggm^mm^j0gm^gf^^^^^^^^/l<br />

fl LaV^l^V Irai >^^^ «àfll|'*4<br />

T **^B BW V a««««««««««««««««««««««««««««««a««««««««.a«aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa jB<br />

¦ HSaaal LaaV flW/aV flar*Z«afla«MBl flBHflfla^'^2'«*««"««<br />

^W-yJ CL ii^^ A A .Wj*> mmmmmmmmWmiimmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm^- I 9ifmr Am \mmm\WW*l Su^isrH<br />

Lar' J| fc.^-w-^' ^<br />

Ilu- ««fl IFiir? ¦"'"¦HE? Ifl SSÍífl<br />

l«ll HMaU^ - *^S B.«"an *>?J&\m |H<br />

F*il I--PMÍ r^aaaãaaaal ^frl fl.r»^av ^^WMf B .<br />

Bfl U /mm\ mWmmW '«flfl^aflfl S^-áR9*aaV>*^^ «i^^^^^S^^Í!! p."»^ ¦¦* ¦< « ¦¦¦¦«i^»*»»****11'-111111-1*-1-1^^^******^*- «áMflflfl a^l<br />

MKII Eli b^ k -^--aafl flfljflfl M LT<br />

¦F «H<br />

fláai w^^mm Wr^^^^mm\<br />

*Êmm\w:lmm\m 1 Uflflflflflflflflflflflfl<br />

tllEAflflHHHfl I W«Haff--flH<br />

1I1Z ~*^^^ ni liffltIlfIMiS<br />

aKlMpiÍ^KHU*»^^^flflflH*l\ mtmÈÊLmÈ<br />

IflK^^HY^3.~r*-,M_aP«»wfl ililwPwPH<br />

«HHHaaaaaaHaalm' aaaHaaaaaaal IC^SfflWS<br />

fl' afl A IF**»*^>-* «fl<br />

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aaBaaaaa^La-BaaaaaaaaaaaaaHaaaaaaaaaaaaaaaaa^<br />

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HA^^^ w a» flfl ^*flH ¦P-*-*** * "^^MNÉ<br />

rww fljfl fl-**^^ *-—l .fl .^1 áai^k^ ><br />

flg**«*P* ing*^-*-*1. -j-*^^**-** ^ anak^laifl Lfl _^^A |fcala«* __^*l*-^****-^l<br />

*^CjS |jC!Ví«»«*2'^^***s*^^J a. m»>m!*b, ^pÇ.^'C'***->íj*»*'«^»|<br />

jflSi ¦v*^. *^&>M ¦' fl *^^**-!* '1?*M-,*-aârd<br />

I^É fl V '^íííyZlíSaaW<br />

«¦VPfl «a] BaMcCfl Hl . . «ST^S Hlfl<br />

Bfl Bi **-**¦> ^^-*-**«* .^_, l<br />

asfla-V SiS HI JtaHÉfl<br />

'teg^l BHflliflfl r -^Bflflfll<br />

II Inw*<br />

^^ ^ ' v"_-^ >^V>-**^g ^^mm^mm^ —"^ SI fl<br />

'-**>'Vfl--'> ^^*^«««*.«^Z?^a^Ba^^«-aBaaaa»TBfl<br />

f«««H Han>atl*!j-w*'<br />

Lm ^«««P"*»*^^^^^^^^**'"",'''"'*''*'*»**Z^^^^^^HH^^*H<br />

iflflflflflflflflflflfl|B«*t«»>. «... ^«T -4iBBa«nflP*B^«^^^H^[^iVH ¦HaV^'^'^*----- S^^^í * * -^^BC^M^^á-flflB^aflLaflBia?^'' Hfl iBia^nB^v^aBBai^flaBBa^Hfl H-aT«^-»>^^.<br />

Bir*-*»!1^,<br />

-^^^-^^Cs^*, hsjS?C»^<br />

fl ^^-?»***fl "Éfcffl ^^¦ ^^^¦"-'« ¦S Bk"-*©'» - ^*lBwKJ ír». »**^a«v*»<br />

^-ãlfla^BflBáé^fllaL^-^fcfc^ ' *'"'" "**'< .* .* *** * 'V- -fl<br />

I RJV *J| flfll B^Bflfl^BflflBi iia » » * ~ áttSan - «- i<br />

fl flfW-*N^.7^-**"tnnflfll Bk v -*A flflfl. W<br />

fl flaVflfll flW ttm<br />

* >;^^^Bflr»L*Q- -^<br />

fl fl*««^«.^áifl«W- . ^^V aaTLV ^j|<br />

Hfl Bavs^a1 BkíT' "*<br />

.'*.-; ^^^^^^^^^^"^^^^^^^^^^^^^^,'^"^^^^^^^^^^^^^^^^^^',^'-^^-^^^l"^ "^'^''^"^',^^',^^'^^"^"^^^<br />

CERRAI-VOS, OLHOS, QUE É NOITE E LONGE,<br />

E ACABOU-SE A FESTA NO MUNDO: '<br />

COMEÇAM AS SAUDADES HOJE<br />

LONGOS ADEUSES PELAS VARANDAS<br />

DESCEM, E VÃO FUGINDO EM MÁRMORE<br />

CASCATAS CÉLERES DE ESCADAS.<br />

¦*** \ \<br />

PELOS PORTÕES NAO ENTRAM MAIS SOMBRAS,<br />

mM W& MAIS VOZES QUE SE ENTENDAM<br />

NAS DISTANCIAS QUE 0 CÉU DESDOBRA.<br />

AS RUAS LEVAM A MARES DENSOS.<br />

E PFLOS MARES FOGEM BARCAS<br />

SEM ESPERANÇAS DE ENDEREÇO.<br />

Ilustração d« FAYGA OSTROWBtt<br />

MEIRELES<br />

^.«^<br />

><br />

a*il

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