Curitiba - Centro Brasil Design

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02.09.2013 Views

Aliar a cultura alemã às influências da cultura local e aos recursos naturais da região foi a combinação decisiva para o sucesso dos irmãos Zipperer. Eles aprenderam seus ofícios trabalhando como aprendizes, segundo costume dos colonos. Jorge no comércio e contabilidade, e Martin em oficina de marcenaria. Seguindo a orientação do pai, Josef Zipperer, ambos completaram sua formação e exerceram a profissão nos centros urbanos mais desenvolvidos do país. Martin foi para São Paulo, onde provavelmente frequentou o Liceu de Artes e Ofícios. Permaneceu na capital paulista por cerca de dez anos, trabalhando como marceneiro. Chegou a dirigir “A Resistência”, uma das maiores fábricas de móveis em São Paulo, na época, com 150 empregados. Depois, Martin passou a ter uma oficina própria. Jorge foi para o Rio de Janeiro, onde exerceu a profissão. Quando retornou, simultaneamente às atividades profissionais manteve atividades didáticas e políticas que desenvolveram suas qualidades e abriram importante leque de relacionamentos, depois revertidos em benefícios para a Móveis Cimo S.A. Na figura desses dois fundadores encontra-se o mérito da implantação e viabilização de uma empresa exemplo para o processo de planejamento da produção seriada no Brasil. Jorge se ocupava das questões financeiras, comerciais e administrativas. Martin era o responsável pela produção e desenvolvimento dos produtos. Nas primeiras décadas, quando a empresa ainda era familiar e estava sob a direção dos irmãos Zipperer, foram definidas as metas e a identidade da Cimo, ficando seus produtos conhecidos em diferentes Estados do Brasil e na América Latina. Essa experiência de industrialização está fundamentada na região, nas raízes socioculturais de onde se originou e nas circunstâncias geradas pelo contexto histórico em que a empresa se desenvolveu. Além de dar os primeiros passos para a fabricação de móveis seriados no país, a empresa formada por Jorge Zipperer e Willy Yung teve expressiva responsabilidade pelo desenvolvimento de Rio Negrinho. Aligning the German culture with local cultural influences and the natural resources of the region was the decisive combination for the success of the Zipperer brothers. They learned their trade as apprentices, following colonial customs. Jorge in commerce and accounting, and Martin in the carpentry workshop. Following the advice of their father, Josef Zipperer, both completed their education and practiced their professions in the country’s most developed urban centers. Martin went to São Paulo, where he probably studied at the Liceu de Artes e Ofícios. He remained in the São Paulo capital for around ten years, working as a carpenter. Eventually, he ended up directing “A Resistência”, one of the largest furniture manufacturers in São Paulo at the time, with 150 employees. Later on, Martin opened his own workshop. Jorge went to Rio de Janeiro, where he practiced his profession. On his return, he took up didactic and political activities that developed his qualities and opened the door to a number of important relationships, later reverted into benefits for Móveis Cimo S.A. The merit of these two founders lay in implementing and making a company possible that was a true example of mass production planning processes in Brazil. Jorge assumed responsibility of the financial, commercial and management aspects, while Martin supervised production and the development of products. During the initial decades, when the company was still family-based and under the management of the Zipperer brothers, Cimo’s goals and identity were defined, with products gaining widespread recognition throughout Brazil and Latin America. This industrialization experience is firmly established in the region, in the social and cultural roots it originated from and in the circumstances generated by the historical context under which the company developed. Besides taking the first steps in serial furniture production in the country, the company formed by Jorge Zipperer and Willy Yung was also significantly responsible for the development of Rio Negrinho. 70 71

The early years The development of Rio Negrinho was directly linked to the growth of the manufacturing plant, which initially had no local infrastructure for its operation. Jorge Zipperer relied on his acquaintances within the public authorities and his personal resources to implement a series of benefits for the city, starting with the opening of roads and a postal service. He also began providing electricity for the city and homes of workers, using a generator. The provision of public electricity would only occur in 1929. The precarious local infrastructure and the absence of services jeopardized the firm’s business. Restricted commerce complicated the lives of residents and the majority of the company’s employees. The deplorable conditions of roads impeded the suitable transport of goods and complicated the task of the horse-drawn carts delivering tree trunks to the plant. The company also faced difficulties in obtaining wagons for sending furniture to São Paulo. The parts took between five and seven days to reach the São Paulo state capital. Homes were also constructed for the first employees who arrived from São Paulo with Martin to work in the chair production plant. With an increase in production, the practice extended to workers hired from neighboring regions. The city grew around the plant, giving rise to the workers’ neighborhood, the initial design of which was drafted between 1940 and 1943, slowly expanding as time went by. Even a pre-fabricated house project was developed and later commercialized in São Paulo. The local population, the majority of who were company employees, depended on the benefits offered by the company. By guaranteeing the city’s inhabitants a decent quality of life, the company benefited through assured labor, necessary to its continued performance. According to Martin Zipperer: 4 “(...) two or more generations of workers are already at the plant working, thus guaranteeing a cohesive labor foundation, with strong ties to the plant. The children and grandchildren that immigrated 85 years ago created an industry that now covers Brazil entirely”. Anos iniciais A cidade de Rio Negrinho teve seu desenvolvimento relacionado ao crescimento da fábrica, que no início não tinha infraestrutura local para seu funcionamento. Jorge Zipperer contou com os conhecimentos que tinha nos poderes públicos e empregou recursos próprios para realizar uma série de benefícios à cidade, inicialmente a abertura de estradas e serviços de correio. Também passou a fornecer luz à cidade e às residências dos operários com gerador próprio. O fornecimento de energia elétrica pública viria ocorrer somente a partir de 1929. A precária infraestrutura local e a ausência de serviços prejudicavam os negócios da firma. O comércio restrito dificultava a vida dos moradores e da maioria dos funcionários da empresa. As condições insatisfatórias das estradas impediam o transporte adequado das mercadorias e das carroças puxadas a cavalo que levavam as toras das matas para a fábrica. A empresa também enfrentava dificuldades para a obtenção de vagões destinados ao envio dos móveis para São Paulo. As peças levavam de cinco a sete dias para chegar à capital paulista. Também foram construídas moradias para os primeiros operários que vieram de São Paulo com Martin para trabalhar na fábrica de cadeiras. Com o aumento da produção, a prática se estendeu aos operários contratados das regiões vizinhas. A cidade crescia ao redor da fábrica, o que deu origem à vila operária, cujo projeto inicial foi elaborado entre os anos 1940 e 1943, ampliando-se em períodos posteriores. Foi desenvolvido, inclusive, um projeto de casas pré-fabricadas que chegaram a ser comercializadas em São Paulo. A população local, a maioria operários da fábrica, dependia dos benefícios oferecidos pela empresa. Esta, por sua vez, ao garantir a qualidade de vida dos moradores da cidade, assegurava a mão de obra necessária ao seu desempenho. Segundo Martin Zipperer: 4 “(...) duas ou mais gerações de operários já estão na fábrica trabalhando, garantindo assim uma coluna mestre de um operariado coeso e bem ligado à fábrica. Os filhos e netos dos imigrantes que imigraram há 85 anos criaram uma indústria que hoje abrange o Brasil inteiro”. 72 73

Aliar a cultura alemã às influências da cultura local e aos<br />

recursos naturais da região foi a combinação decisiva para o<br />

sucesso dos irmãos Zipperer. Eles aprenderam seus ofícios<br />

trabalhando como aprendizes, segundo costume dos colonos.<br />

Jorge no comércio e contabilidade, e Martin em oficina de<br />

marcenaria. Seguindo a orientação do pai, Josef Zipperer,<br />

ambos completaram sua formação e exerceram a profissão nos<br />

centros urbanos mais desenvolvidos do país.<br />

Martin foi para São Paulo, onde provavelmente frequentou o<br />

Liceu de Artes e Ofícios. Permaneceu na capital paulista por<br />

cerca de dez anos, trabalhando como marceneiro. Chegou a<br />

dirigir “A Resistência”, uma das maiores fábricas de móveis<br />

em São Paulo, na época, com 150 empregados. Depois,<br />

Martin passou a ter uma oficina própria.<br />

Jorge foi para o Rio de Janeiro, onde exerceu a profissão.<br />

Quando retornou, simultaneamente às atividades<br />

profissionais manteve atividades didáticas e políticas que<br />

desenvolveram suas qualidades e abriram importante leque<br />

de relacionamentos, depois revertidos em benefícios para a<br />

Móveis Cimo S.A.<br />

Na figura desses dois fundadores encontra-se o mérito da<br />

implantação e viabilização de uma empresa exemplo para<br />

o processo de planejamento da produção seriada no <strong>Brasil</strong>.<br />

Jorge se ocupava das questões financeiras, comerciais e<br />

administrativas. Martin era o responsável pela produção<br />

e desenvolvimento dos produtos. Nas primeiras décadas,<br />

quando a empresa ainda era familiar e estava sob a direção<br />

dos irmãos Zipperer, foram definidas as metas e a identidade<br />

da Cimo, ficando seus produtos conhecidos em diferentes<br />

Estados do <strong>Brasil</strong> e na América Latina.<br />

Essa experiência de industrialização está fundamentada na<br />

região, nas raízes socioculturais de onde se originou e nas<br />

circunstâncias geradas pelo contexto histórico em que a<br />

empresa se desenvolveu. Além de dar os primeiros passos<br />

para a fabricação de móveis seriados no país, a empresa<br />

formada por Jorge Zipperer e Willy Yung teve expressiva<br />

responsabilidade pelo desenvolvimento de Rio Negrinho.<br />

Aligning the German culture with local cultural influences<br />

and the natural resources of the region was the decisive<br />

combination for the success of the Zipperer brothers. They<br />

learned their trade as apprentices, following colonial customs.<br />

Jorge in commerce and accounting, and Martin in the<br />

carpentry workshop. Following the advice of their father, Josef<br />

Zipperer, both completed their education and practiced their<br />

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Martin went to São Paulo, where he probably studied at the<br />

Liceu de Artes e Ofícios. He remained in the São Paulo capital<br />

for around ten years, working as a carpenter. Eventually, he<br />

ended up directing “A Resistência”, one of the largest furniture<br />

manufacturers in São Paulo at the time, with 150 employees.<br />

Later on, Martin opened his own workshop.<br />

Jorge went to Rio de Janeiro, where he practiced his profession.<br />

On his return, he took up didactic and political activities that<br />

developed his qualities and opened the door to a number of<br />

important relationships, later reverted into benefits for Móveis<br />

Cimo S.A.<br />

The merit of these two founders lay in implementing and<br />

making a company possible that was a true example of mass<br />

production planning processes in Brazil. Jorge assumed<br />

responsibility of the financial, commercial and management<br />

aspects, while Martin supervised production and the<br />

development of products. During the initial decades, when the<br />

company was still family-based and under the management of<br />

the Zipperer brothers, Cimo’s goals and identity were defined,<br />

with products gaining widespread recognition throughout<br />

Brazil and Latin America.<br />

This industrialization experience is firmly established in the<br />

region, in the social and cultural roots it originated from and<br />

in the circumstances generated by the historical context under<br />

which the company developed. Besides taking the first steps in<br />

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