Boas Práticas de Farmácia Hospitalar - Portal da Saúde
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2.<br />
Terapêutica Farmacológica<br />
2.1. História <strong>da</strong> Terapêutica Anti-Retrovírica<br />
Durante anos <strong>de</strong> obscurantismo e <strong>de</strong>sconhecimento <strong>da</strong> doença, quase todos os<br />
doentes infectados pelo VIH apresentavam um mau prognóstico.<br />
Após os primeiros casos referenciados sobre a infecção VIH/si<strong>da</strong>, em 1981, foi<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> intensa investigação nesta área, que culminou com a <strong>de</strong>scoberta do<br />
retrovírus VIH, do seu ciclo <strong>de</strong> replicação e dos potenciais alvos terapêuticos (1984).<br />
Com o objectivo <strong>de</strong> concentrar esforços no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fármacos capazes <strong>de</strong><br />
combater a infecção VIH/si<strong>da</strong>, foi criado, em 1986, o ACTG (AIDS Clinical Trials Group)<br />
pelo NIH (National Institutes of Health) nos EUA, que conduziu à aprovação do primeiro<br />
fármaco anti-retrovírico (1987), um análogo nucleosí<strong>de</strong>o inibidor <strong>da</strong> transcriptase<br />
reversa, <strong>de</strong>nominado, inicialmente, por azidotimidina e, posteriormente, zidovudina<br />
ou AZT.<br />
Após uma fase <strong>de</strong> euforia, passou-se à constatação <strong>de</strong> que o AZT não era uma<br />
«cura milagrosa», mas, pelo contrário, tinha uma toxici<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rável associa<strong>da</strong>.<br />
Enquanto isso, a transmissão do VIH aumentava à escala global.<br />
A déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 foi pauta<strong>da</strong> por progressos lentos em termos <strong>de</strong> terapêutica anti-<br />
-retrovírica, no entanto, paralelamente, surgiram vários avanços na área <strong>da</strong> profilaxia<br />
e tratamento <strong>da</strong>s infecções oportunistas (Pneumocystis jirovecii e Mycobacterium<br />
avium). Tensões entre a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> técnico-científica e os próprios doentes, quanto ao<br />
acesso a novos fármacos em investigação, conduziram a que as enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s reguladoras,<br />
nomea<strong>da</strong>mente a FDA, assumissem o compromisso <strong>de</strong> agilizar os procedimentos <strong>de</strong><br />
introdução <strong>de</strong> novas moléculas no mercado.<br />
Assim, no início dos anos 90, a urgência <strong>de</strong> novos fármacos justificou a aprovação<br />
<strong>de</strong> algumas novas moléculas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comprova<strong>da</strong> a evidência clínica <strong>da</strong> sua<br />
eficácia, ain<strong>da</strong> antes <strong>da</strong> conclusão dos ensaios clínicos. Em 1991, foi autoriza<strong>da</strong> pela<br />
FDA a di<strong>da</strong>nosina (ddI) e, em 1992, surge a aprovação <strong>da</strong> zalcitabina (ddC), para ser<br />
utiliza<strong>da</strong> em associação com a zidovudina. Em 1994, é aprova<strong>da</strong> a estavudina (d4T)<br />
e paralelamente surgem recomen<strong>da</strong>ções sobre a utilização <strong>da</strong> zidovudina na prevenção<br />
<strong>da</strong> transmissão vertical.<br />
Em meados dos anos 90, assistiu-se então à rápi<strong>da</strong> aprovação <strong>de</strong> novos fármacos<br />
pertencentes a novas classes terapêuticas. Um gran<strong>de</strong> contributo, em termos <strong>de</strong>