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Boas Práticas de Farmácia Hospitalar - Portal da Saúde

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3.2 A<strong>de</strong>são à Terapêutica<br />

A a<strong>de</strong>são à terapêutica assume um papel <strong>de</strong> particular importância nos doentes<br />

portadores <strong>de</strong> doenças crónicas, constituindo a ausência <strong>da</strong>quela um problema<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública 1.<br />

O problema <strong>da</strong> a<strong>de</strong>são ao tratamento é um indicador central <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

em qualquer sistema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que se queira mo<strong>de</strong>rno e eficaz 1.<br />

Prevê-se que o impacto económico mundial <strong>da</strong>s doenças crónicas continue a<br />

crescer até 2020, altura em que correspon<strong>de</strong>rá a 65% <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas com a saú<strong>de</strong><br />

em todo o mundo 1. Nos países <strong>de</strong>senvolvidos, estima-se que o grau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são às<br />

terapêuticas crónicas seja apenas <strong>de</strong> 50% e nos países sub<strong>de</strong>senvolvidos, ou em<br />

vias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, ain<strong>da</strong> menor. Alguns trabalhos <strong>de</strong>monstram que 6% a 20%<br />

dos doentes não aviam as prescrições médicas e que 30% a 50% não cumprem<br />

o esquema proposto, atrasando ou omitindo doses 1.<br />

A melhoria <strong>da</strong> a<strong>de</strong>são ao tratamento, e consequente impacto na saú<strong>de</strong> dos doentes,<br />

<strong>de</strong>verá ser o objectivo primordial do farmacêutico e dos outros profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,<br />

pelo que a i<strong>de</strong>ntificação do problema e a promoção <strong>de</strong> normas consistentes, éticas<br />

e basea<strong>da</strong>s na evidência, se torna fun<strong>da</strong>mental.<br />

1. Definição e Conceitos<br />

Sackett e Haynes introduziram a expressão «a<strong>de</strong>são ao tratamento» na literatura<br />

médica em 1976 e a sua <strong>de</strong>finição foi, provavelmente, uma <strong>da</strong>s mais usa<strong>da</strong>s. Estes<br />

autores <strong>de</strong>screveram a<strong>de</strong>são ao tratamento como «O ponto em que o comportamento<br />

<strong>de</strong> uma pessoa que toma medicamentos, segue uma dieta recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> ou mu<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> estilo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, coinci<strong>de</strong> com conselhos médicos ou <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>» 2.<br />

Para estes autores, tomar os medicamentos era um fim e não um meio para tornar<br />

o tratamento eficaz. Este conceito centrava-se no cumprimento escrupuloso <strong>da</strong>s<br />

indicações do médico, valorizando uma relação paternalista entre este e o doente.<br />

A percepção <strong>de</strong> que os doentes <strong>de</strong>viam ser educados <strong>de</strong> forma a verem melhor<br />

as suas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e erros e que o médico sabia sempre o que era melhor para<br />

os seus doentes era comum na época. A componente <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

entre médico e doente era muito pouco valoriza<strong>da</strong>. Esta <strong>de</strong>finição não consi<strong>de</strong>rava,<br />

igualmente, <strong>de</strong>graus na a<strong>de</strong>são, ou seja, o doente ou cumpria as indicações do médico<br />

ou não as cumpria.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, foi <strong>de</strong>senvolvido o conceito <strong>de</strong> «aliança terapêutica» que <strong>de</strong>screve<br />

a relação entre médico/doente como um processo <strong>de</strong> interacção. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

«aliança terapêutica» comummente aceite é o «Ponto em que um indivíduo escolhe<br />

comportamentos que coinci<strong>da</strong>m com uma prescrição clínica, o regime <strong>de</strong>ve ser

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