a grande crise econômica do século xxi ea defasage - Faap
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norte americanos, e n„o apenas o Federal Reserve, assistiam inertes ‡s fraudes cometidas por<br />
instituiÁıes financeiras, que entrem<strong>ea</strong>vam todas as regulamentaÁıes estipuladas, desde<br />
obrigatoriedade de reservas de capital ‡ regras cont·beis.<br />
Muitos desses regula<strong>do</strong>res encorajavam ativamente esses tipos de<br />
ìinovaÁıesî financeiras que iriam se tornar os catalisa<strong>do</strong>res da <strong>crise</strong>: hipotecas<br />
limitadas somente ao pagamento de juros regulares, sem amortizaÁ„o <strong>do</strong> principal;<br />
emprÈstimos com amortizaÁ„o ìnegativaî ñ em que os juros mensais devi<strong>do</strong>s eram<br />
pagos apenas parcialmente, com adiÁ„o da diferenÁa n„o paga ao principal da dÌvida -;<br />
taxas de juros vari·veis, inicial e temporariamente baixas, depois r<strong>ea</strong>just·veis para<br />
mais altas; hipotecas com opÁıes de pagamentos mensais vari·veis, cujos juros eram<br />
corrigi<strong>do</strong>s mensalmente, com base em Ìndices contrata<strong>do</strong>s. A isso tu<strong>do</strong> se<br />
acrescentavam tÌtulos de crÈditos cada vez mais esotÈricos, com valor deriva<strong>do</strong> de<br />
ativos ìtÛxicosî. (MIHM e ROUBINI, 2010: 41-42).<br />
Allan Greenspan, antecessor de Bernanke no Federal Reserve, demonstrava que n„o<br />
acreditava na regulamentaÁ„o, pois tinha como ideologia o livre merca<strong>do</strong>, porÈm quan<strong>do</strong> uma<br />
bolha estourava ñ como a bolha de tecnologia de 1996 ñ ele corria para salvar a economia,<br />
crian<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong> a expectativa de que o Fed sempre salvaria as instituiÁıes com gestıes<br />
irrespons·veis que se viam em emergÍncia causada por uma bolha, geran<strong>do</strong> assim um risco<br />
moral muito perigoso. Greenspan apostou cegamente na capacidade das instituiÁıes, guiadas<br />
por interesses prÛprios, de policiarem os merca<strong>do</strong>s, assim os Ûrg„os regula<strong>do</strong>res norte<br />
americanos foram desacredita<strong>do</strong>s. Como o Fed apenas regulava instituiÁıes banc·rias, as<br />
entidades financeiras n„o banc·rias, que estavam cada vez mais presentes no sistema<br />
financeiro <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, continuaram fora <strong>do</strong> escopo de regulaÁ„o <strong>do</strong> Federal Reserve<br />
(MIHM e ROUBINI, 2010; WESSEL, 2009).<br />
PorÈm, Greenspan n„o era o ˙nico homem a favor da desregulamentaÁ„o, e ao longo<br />
<strong>do</strong>s anos de 1980, a regulaÁ„o, criada em face da <strong>crise</strong> de 1929, foi desfeita aos poucos, atÈ<br />
ser eliminada. A lei considerada mais importante, Glass-St<strong>ea</strong>gall, representou <strong>grande</strong> perda<br />
para o sistema regulatÛrio norte americano ao ser derubada, em 1999, pela Lei Gramm-L<strong>ea</strong>ch-<br />
Bliley (CRAWFORD, 2011; MIHM e ROUBINI, 2010).<br />
A Lei Glass-St<strong>ea</strong>gall foi aos poucos modificada. Na dÈcada de 1980, permitiu-se que<br />
os bancos comerciais ganhassem 5% de suas receitas advindas de transaÁıes com tÌtulos, e, no<br />
fim desta mesma dÈcada, este n˙mero subiu para 10% <strong>do</strong> total das receitas. Os bancos<br />
tambÈm ganharam a permiss„o de r<strong>ea</strong>lizar uma pequena cota de subscriÁ„o. Em 1996, os<br />
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