a grande crise econômica do século xxi ea defasage - Faap
a grande crise econômica do século xxi ea defasage - Faap
a grande crise econômica do século xxi ea defasage - Faap
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A estrutura regulatÛria, organizada em torno de linhas de negÛcios<br />
tradicionais, n„o conseguiu acompanhar a evoluÁ„o <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s. Em conseq¸Íncia,<br />
n„o obstante as mudanÁas radicais no sistema financeiro, o paÌs continuou com a<br />
mesma colcha de retalhos regulatÛria, entrem<strong>ea</strong>n<strong>do</strong> jurisdiÁıes estaduais e federais, de<br />
75 anos atr·s. Talvez as normas vigentes tenham si<strong>do</strong> boas para o mun<strong>do</strong> da Grande<br />
Depress„o, mas redundaram em competiÁ„o contraproducente entre agÍncias<br />
regula<strong>do</strong>ras, com duplicidades perdul·rias em algumas ·r<strong>ea</strong>s e com lacunas profundas<br />
e amplas em outros ‚mbitos. (PAULSON, 2010: 112).<br />
Durante as diversas <strong>crise</strong>s vividas pelas economias capitalistas nota-se que as bolhas<br />
de ativos est„o atreladas a uma oferta exagerada de crÈdito, que normalmente È conseq¸Íncia<br />
da negligÍncia de autoridades governamentais em supervisionar e regulamentar o sistema<br />
financeiro, ou da frouxid„o <strong>do</strong> banco central com relaÁ„o ‡ polÌtica fiscal. PorÈm, os<br />
problemas senti<strong>do</strong>s nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s n„o eram exclusivamente seus. PaÌses como Reino<br />
Uni<strong>do</strong>, Isl‚ndia, LetÙnia, Dubai e Nova Zel‚ndia tambÈm passavam por situaÁıes de<br />
regulaÁ„o e supervis„o lenientes, e de oferta abundante e acessÌvel de dinheiro e crÈdito<br />
(MIHM e ROUBINI, 2010).<br />
Dois dias apÛs os acontecimentos <strong>do</strong> dia 15 de setembro de 2008, a AIG, maior<br />
segura<strong>do</strong>ra norte-americana, comeÁou a dar sinais de dificuldades financeiras e o governo<br />
socorreu a instituiÁ„o com USD 85 bilhıes; O merca<strong>do</strong> r<strong>ea</strong>giu mal a essa ajuda<br />
governamental e desabou pela segunda vez na mesma semana. Esses acontecimentos<br />
aumentaram consideravelmente a probabilidade de problemas causa<strong>do</strong>s pelo risco sistÍmico.<br />
Atrelada ‡ bancarrota da AIG, estava a falta de regulaÁ„o, segun<strong>do</strong> Paulson (2010), a AIG era<br />
uma instituiÁ„o n„o regulada que abrangia diversas empresas segura<strong>do</strong>ras ferrenhamente<br />
reguladas, a regulaÁ„o aplicada a essas empresas n„o alcanÁava a AIG, que as controlava.<br />
David Wessel (2010) ressalta as conseq¸Íncias da falta de regulaÁ„o sobre a AIG<br />
atravÈs da transcriÁ„o das preocupaÁıes de Timothy Geithner ñ presidente <strong>do</strong> Federal Reserve<br />
de Nova York ñ sobre o fun<strong>do</strong> de hedge 3 que a AIG criou sem que nenhum Ûrg„o regula<strong>do</strong>r<br />
notasse, e sobre quais seriam a abrangÍncia e alcance deste fun<strong>do</strong>.<br />
O governo norte-americano anunciou o TARP ñ Troubled Assets Relief Program, no<br />
dia 18 de setembro, um plano de socorro <strong>do</strong> sistema financeiro visan<strong>do</strong> evitar este risco. No<br />
dia seguinte, o presidente Bush e as autoridades econÙmicas norte-americanas anunciaram um<br />
3 Os fun<strong>do</strong>s de hedge s„o instrumentos financeiros direciona<strong>do</strong>s para os chama<strong>do</strong>s investi<strong>do</strong>res qualifica<strong>do</strong>s, e<br />
n„o para pequenos investi<strong>do</strong>res; desta forma s„o isentos de leis que protegem os investi<strong>do</strong>res comuns. A<br />
estrutura <strong>do</strong>s fun<strong>do</strong>s de hedge È formada por companhias que investem e gerenciam o capital de terceiros, a<br />
vantagem È que eles podem exercer operaÁıes n„o permitidas em outros tipos de investimentos e fun<strong>do</strong>s, a<br />
principal delas È a alavancagem. (EBOLI, 2010)<br />
11