a grande crise econômica do século xxi ea defasage - Faap

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28.08.2013 Views

despencou em dois terÁos; para os Estados Unidos n„o foi diferente, as suas exportaÁıes para a Alemanha diminuÌram 70% em termos de volume (Idem Ibidem). A diminuiÁ„o do comÈrcio, domÈstico e internacional, teve como Ûbvia consequÍncia a queda na produÁ„o de bens, este fato agravou a crise no setor produtivo da economia. Segundo Parker (2009), a produÁ„o na Europa, entre 1930 e 1933, caiu em 15%, e a produÁ„o mundial foi reduzida em um terÁo. O setor banc·rio norte-americano dos anos 1920 era, na vis„o de Parker (2009), um sistema defensivo e bastante desorganizado, que fora criado de forma gradual e poderia ser comparado ao setor banc·rio europeu de 400 anos antes. AlÈm disso, o autor nota que as agÍncias controladoras da regulaÁ„o n„o perceberam que a gest„o dos grupos financeiros era incompetente e manipulava o dinheiro da populaÁ„o. ìEles haviam usado o dinheiro a eles confiado em especulaÁıes e emprÈstimos imprudentes.î (Idem Ibidem: 354). 1.2 A Crise do Mercado Imobili·rio da dÈcada de 2008 O epicentro da crise de 2008 deu-se no mercado imobili·rio norte americano, de modo que a chamada crise do subprime desencadeou uma sÈrie de quebras, gerando uma crise sistÍmica. Carvalho (2008) disserta sobre o mercado hipotec·rio de subprime. Para o autor È preciso entender primeiramente como funcionava o mercado de financiamento imobili·rio nos Estados Unidos, em que as hipotecas residenciais tinham contratos de longa duraÁ„o para o financiamento de compra de imÛveis residenciais, e o imÛvel era dado como garantia do emprÈstimo. Desta forma, o comprador n„o era o propriet·rio do imÛvel atÈ que quitasse a ˙ltima parcela. Assim, se n„o pagasse o financiamento por completo, o financiador poderia retomar o imÛvel e revendÍ-lo para recuperar seu prejuÌzo. Fernando Carvalho (2008) frisa que para as instituiÁıes financiadoras n„o era interessante recuperar esses imÛveis, mas em ˙ltima inst‚ncia, era a forma de resgatar ao menos parte do emprÈstimo feito. Para minimizar os riscos de emprestar a alguÈm que n„o poderia devolver o dinheiro no futuro, costumeiramente eram feitas an·lises detalhadas na ficha de crÈdito do candidato ao financiamento, englobando questıes sobre sua renda, seu 5

crÈdito na praÁa e suas perspectivas profissionais. Assim, os tomadores que n„o possuÌssem condiÁıes seguras para receber o emprÈstimo, n„o receberiam o valor. Os emprÈstimos imobili·rios denominados subprime eram linhas de crÈdito concedidas para pessoas que ofereciam risco ‡s instituiÁıes financiadoras, j· que muitas vezes n„o possuÌam renda, ou garantias, ou ainda deviam emprÈstimos anteriores, ou seja, n„o eram tomadores confi·veis. O porÈm desses emprÈstimos era que a inadimplÍncia do mercado prime 1 , segundo dados da Bloomberg (apud PAULSON, 2010), situava-se, em 2007, em torno de 2,6%, enquanto a inadimplÍncia do mercado subprime, no mesmo ano, estava em 13,4%. Todavia, para os financiadores, essas transaÁıes eram lucrativas, j· que os juros cobrados eram muito mais elevados do que os que correspondiam a operaÁıes contratadas no mercado denominado prime. Os perigos para a economia americana haviam sido obscurecidos pela bonanÁa habitacional sem precedentes, fomentada, em parte pelas baixas taxas de juros que nos ajudaram a sair da queda na atividade econÙmica que se seguiu ao estouro da bolha de tecnologia de fins da dÈcada de 1990 e ao impacto dos ataques do 11 de setembro. A bolha habitacional foi inflada pelo grande aumento dos emprÈstimos a tomadores menos confi·veis, ou subprime, que elevaram a proporÁ„o de detentores da casa prÛpria a nÌveis sem precedentes. Na Època em que assumi como secret·rio do tesouro, em julho de 2006, nada menos que 69% das famÌlias americanas residiam em casa prÛpria, em comparaÁ„o com 64% em 1994. Os emprÈstimos subprime dispararam de 5% do total das hipotecas, em 1994, para aproximadamente 20%, em julho de 2006. (PAULSON, 2010:57) Essa bonanÁa de crÈdito imobili·rio transformou-se em bolha: pessoas com muito pouco ou nenhum dinheiro passaram a comprar suas casas e n„o terem como pagar, enquanto os preÁos das moradias disparavam. Henry Paulson (2010) retrata a situaÁ„o afirmando que casas em excesso foram compradas com pouco ou nenhum capital, muitos emprÈstimos foram pleiteados e concedidos negligentemente e muitas vezes com fraude. Como j· era esperado, o nÌvel de inadimplÍncia nos emprÈstimos subprime disparou, em conseq¸Íncia, iniciou-se uma onda de execuÁıes de hipotecas, o que gerou prejuÌzos exorbitantes para os mutuantes subprime. Cabe destacar, no entanto, conforme descreveram a crise, Mihm e Roubini (2010) consideram que o mercado subprime n„o foi o causador ˙nico da crise financeira, pois 1 Mercado Prime de hipotecas È aquele onde os tomadores de emprÈstimos possuem um bom histÛrico de crÈdito e possuem capital para oferecer como entrada, este mercado tambÈm È chamado de mercado tradicional de crÈdito e possui taxas mais baixas em relaÁ„o a outros tipos de hipotecas, como as subprime e as near-prime. (FRANKEL, 2006) 6

crÈdito na praÁa e suas perspectivas profissionais. Assim, os toma<strong>do</strong>res que n„o possuÌssem<br />

condiÁıes seguras para receber o emprÈstimo, n„o receberiam o valor.<br />

Os emprÈstimos imobili·rios denomina<strong>do</strong>s subprime eram linhas de crÈdito<br />

concedidas para pessoas que ofereciam risco ‡s instituiÁıes financia<strong>do</strong>ras, j· que muitas vezes<br />

n„o possuÌam renda, ou garantias, ou ainda deviam emprÈstimos anteriores, ou seja, n„o eram<br />

toma<strong>do</strong>res confi·veis. O porÈm desses emprÈstimos era que a inadimplÍncia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />

prime 1 , segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Bloomberg (apud PAULSON, 2010), situava-se, em 2007, em<br />

torno de 2,6%, enquanto a inadimplÍncia <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> subprime, no mesmo ano, estava em<br />

13,4%. Todavia, para os financia<strong>do</strong>res, essas transaÁıes eram lucrativas, j· que os juros<br />

cobra<strong>do</strong>s eram muito mais eleva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que os que correspondiam a operaÁıes contratadas no<br />

merca<strong>do</strong> denomina<strong>do</strong> prime.<br />

Os perigos para a economia americana haviam si<strong>do</strong> obscureci<strong>do</strong>s pela<br />

bonanÁa habitacional sem precedentes, fomentada, em parte pelas baixas taxas de<br />

juros que nos ajudaram a sair da queda na atividade econÙmica que se seguiu ao<br />

estouro da bolha de tecnologia de fins da dÈcada de 1990 e ao impacto <strong>do</strong>s ataques <strong>do</strong><br />

11 de setembro. A bolha habitacional foi inflada pelo <strong>grande</strong> aumento <strong>do</strong>s<br />

emprÈstimos a toma<strong>do</strong>res menos confi·veis, ou subprime, que elevaram a proporÁ„o<br />

de detentores da casa prÛpria a nÌveis sem precedentes. Na Època em que assumi como<br />

secret·rio <strong>do</strong> tesouro, em julho de 2006, nada menos que 69% das famÌlias americanas<br />

residiam em casa prÛpria, em comparaÁ„o com 64% em 1994. Os emprÈstimos<br />

subprime dispararam de 5% <strong>do</strong> total das hipotecas, em 1994, para aproximadamente<br />

20%, em julho de 2006. (PAULSON, 2010:57)<br />

Essa bonanÁa de crÈdito imobili·rio transformou-se em bolha: pessoas com muito<br />

pouco ou nenhum dinheiro passaram a comprar suas casas e n„o terem como pagar, enquanto<br />

os preÁos das moradias disparavam. Henry Paulson (2010) retrata a situaÁ„o afirman<strong>do</strong> que<br />

casas em excesso foram compradas com pouco ou nenhum capital, muitos emprÈstimos foram<br />

pleit<strong>ea</strong><strong>do</strong>s e concedi<strong>do</strong>s negligentemente e muitas vezes com fraude. Como j· era espera<strong>do</strong>, o<br />

nÌvel de inadimplÍncia nos emprÈstimos subprime disparou, em conseq¸Íncia, iniciou-se uma<br />

onda de execuÁıes de hipotecas, o que gerou prejuÌzos exorbitantes para os mutuantes<br />

subprime.<br />

Cabe destacar, no entanto, conforme descreveram a <strong>crise</strong>, Mihm e Roubini (2010)<br />

consideram que o merca<strong>do</strong> subprime n„o foi o causa<strong>do</strong>r ˙nico da <strong>crise</strong> financeira, pois<br />

1 Merca<strong>do</strong> Prime de hipotecas È aquele onde os toma<strong>do</strong>res de emprÈstimos possuem um bom histÛrico de crÈdito<br />

e possuem capital para oferecer como entrada, este merca<strong>do</strong> tambÈm È chama<strong>do</strong> de merca<strong>do</strong> tradicional de<br />

crÈdito e possui taxas mais baixas em relaÁ„o a outros tipos de hipotecas, como as subprime e as n<strong>ea</strong>r-prime.<br />

(FRANKEL, 2006)<br />

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