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Cultura e Contracultura1 - Faap

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1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

<strong>Cultura</strong> e Contracultura 1<br />

Relações entre conformismo e utopia<br />

A relação da contracultura dos<br />

anos 1960 com a cultura como a<br />

mesma relação que se estabelece entre<br />

os conceitos de cultura em alemão: Bildung<br />

versus Kultur, entre a utopia e o conformismo.<br />

Palavras-Chave: Contracultura, utopia, política cultural.<br />

“Se vestem como Tarzan,<br />

têm o cabelo de Jane,<br />

mas cheiram como a Chita”<br />

- Ronald Reagan,<br />

então governador da Califórnia,<br />

referindo-se aos hippies (1967).<br />

Resumo Abstract<br />

Nº21<br />

The sixties counterculture relationship with<br />

culture is the same between the germany<br />

concept Bildung and Kultur, between the<br />

utopy and conformism. .<br />

Keywords: Counterculture, utopy,<br />

cultural policy.<br />

Martin Cezar Feijó<br />

Para minha filha Beatriz, aquariana.<br />

“I hope I die before I get old”<br />

- Pete Towshed, The Who,<br />

My Generation (1967)<br />

O conceito polêmico de geração é um conceito marxista. Mas não leninista, e sim lennonista.<br />

Adeus, Lênin, bem-vindo Lennon! O marxismo-leninismo morreu, viva o marxismo-lennonismo!<br />

2 E falar em geração é falar em geração baby-boom. Aquela geração que nasceu no<br />

imediato pós-II Guerra (meados dos anos 1940, início dos 1950) e que hoje já passou pela<br />

experiência do poder em várias partes do mundo. E como professor baby-boomer, nascido<br />

em 1951, sempre digo orgulhoso aos meus alunos, até com certa empáfia, que pertenço a uma<br />

geração totalmente mais: mais alta, mais bonita, mais ousada, mais inteligente, mais revolucionária,<br />

mais criativa. E mais mentirosa também!... 3<br />

A geração baby-boomer está ultrapassando a maturidade. Cantada nos versos de Pete Towshed,<br />

do The Who, - em My generation (1967): “I hope I die before I get old” (espero morrer antes<br />

de ficar velho), a geração dos que nasceram e se formaram no contexto da Guerra Fria, da<br />

aventura espacial, da revolução científica e tecnológica, da emergência do rock, da revolução<br />

1


2<br />

Nº21<br />

Divulgação<br />

Revista FACOM 1º Semestre de 2009<br />

sexual, da luta pelos direitos civis, e que puderam<br />

testemunhar, ou até participar ativamente,<br />

de transformações importantíssimas,<br />

que até hoje assustam conservadores<br />

de vários tons e ideologias.<br />

E parte desta geração, não toda,<br />

nem a maioria, mas a mais barulhenta,<br />

espalhafatosamente vestida, ou escandalosamente<br />

despida, fez parte de<br />

um movimento cultural que merece uma<br />

abordagem histórica sem preconceitos ou<br />

comentários superficiais e tendenciosos. Um<br />

grupo pequeno que propunha – mesmo que tenha<br />

reunido quase meio milhão de pessoas em<br />

um único evento, o Festival de Woodstock no verão<br />

de 1969, Estado de Nova York, EUA - uma<br />

mudança radical de valores e sentimentos e que<br />

acreditava num futuro melhor. Revolucionário,<br />

enfim.<br />

Até já se disse que a diferença entre o conservador<br />

e o revolucionário é que o conservador é<br />

pessimista com relação ao futuro e otimista com<br />

relação ao passado. O revolucionário, também<br />

independentemente do que advoga, e da forma<br />

como - se violenta ou pacífica, se no terreno das<br />

idéias ou da ação -, se caracteriza exatamente<br />

por uma profunda confiança (quase sempre de<br />

forma exagerada) na capacidade humana em<br />

construir a própria história. É o que está na base<br />

de todas as utopias, para o bem e para o mal.<br />

Para o conservador, o melhor da história já ocorreu.<br />

E num passado, preferencialmente remoto,<br />

anterior à Revolução Francesa. Normalmente, o<br />

conservador é um “crítico das utopias” em nome<br />

de uma aparentemente sagrada lucidez.<br />

Cena do musical “Hair”<br />

No fundo, e nem sempre assumido, é um<br />

nostálgico da Idade Média, quando as<br />

mulheres e servos “sabiam” seu papel<br />

social.<br />

Para o revolucionário, por seu lado, a História<br />

está por se fazer, o que não tem problema<br />

algum, nem se pode dizer ser uma<br />

afirmação inconsistente. O problema está<br />

em sua crença, a de que a história depende<br />

“profundamente” dele, quando não<br />

“exclusivamente”. Neste sentido, um tanto<br />

ampliado, é tão revolucionário um Stalin,<br />

que tentou fazer história a machadadas<br />

(como a que desabou sobre a cabeça de<br />

Trotsky, outro revolucionário, por exemplo)<br />

quanto um Henry Ford, para quem a História<br />

não importava, só o presente.<br />

Portanto, os conceitos aqui não são empregados<br />

com sentido político-ideológico,<br />

seja afirmativo ou negativo, mas no sentido<br />

em que seus agentes o entenderam,<br />

mesmo que equivocados. E o papel da geração<br />

baby-boom que assumiu um papel<br />

social transformador teve uma especificidade<br />

histórico-cultural.<br />

O objetivo deste texto, como parte de uma<br />

pesquisa mais ampla, é abordar uma utopia<br />

que esteve presente numa busca a<br />

uma alternativa à Guerra Fria, a que dividia<br />

o mundo em dois sistemas políticoideológicos:<br />

o capitalista e o comunista.<br />

E esta alternativa recebeu vários nomes,<br />

mas pode ser sintetizada e historicamente<br />

analisada por um conceito: contracultura.<br />

Mas a utopia da contracultura não pode


ser compreendida sem a cultura, da qual faz parte,<br />

mesmo que a negando.<br />

E utopia aqui entendido em seu sentido original,<br />

de u-topos, de não-lugar, o lugar não existente, a<br />

ser construído pela vontade histórica. Mesmo que<br />

possa adquirir o sentido em que o senso comum<br />

o atribui: como o sonho impossível de se realizar,<br />

como uma perda de tempo de sonhadores, ou fanáticos,<br />

sem noção de realidade, como mito a ser<br />

desmistificado. O mesmo que dizem os céticos<br />

com relação a qualquer crença, a qualquer religião,<br />

a qualquer, em suma, utopia.<br />

Utopia vista como sonho, no sentido de John<br />

Lennon deu quando respondeu a quem o chamava<br />

de sonhador no sentido pejorativo em<br />

“Imagine: “but I’m not only one” (“mas eu não sou<br />

o único”). Ou como o “I have a dream” (“eu tenho<br />

um sonho”) de Martin Luther King.<br />

Há um otimismo na utopia assim como há pessimismo<br />

na distopia. Ambos como parte de uma<br />

cultura, seja em que sentido for.<br />

Conceito de cultura<br />

O conceito de cultura é um conceito polissêmico,<br />

flexível e complexo. <strong>Cultura</strong> pode ser vista tanto<br />

do ponto de vista da antropologia – cultura como<br />

regra -, como do Aufklärung alemão: Bildung -<br />

cultura como exceção. Do ponto de vista da antropologia<br />

– Kultur em alemão – tem mais um<br />

sentido de Civilização, como algo pronto, definido.<br />

Tem relação com identidade – de um povo,<br />

de uma etnia, de uma tribo, de uma classe – e<br />

seu peso sobre os corações e mentes é decisivo<br />

como alertou Marx sobre “os mortos governando<br />

os vivos”. Kultur, também em alemão, tem relação<br />

com o Zeitgeist, o espírito do tempo.<br />

Foi este sentido que Freud deu ao seu O malestar<br />

da civilização - em alemão, Das Unbehagen<br />

in der Kultur, (publicado em 1930), e muitas<br />

vezes traduzido para o português como O Malestar<br />

na cultura, o que é não somente compreensível,<br />

como correto, embora impreciso quanto<br />

à existência de outro conceito em alemão mais<br />

consistente e mais moderno. Freud dá um sentido<br />

ao conceito mais antropológico, da cultura<br />

como norma, costume e regras dominantes, e<br />

como se manifestam no mundo moderno, mesmo<br />

que ele distinga com muita precisão os termos<br />

Kultur e Zivilization. 4<br />

1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

Nº21<br />

Bildung: formação intelectual, moral e<br />

estética<br />

Já o conceito de Bildung, surgido no<br />

Aufklärung alemão, no Iluminismo da<br />

época de Kant, Goethe e Hegel, implica<br />

em uma relação com a cultura no plano<br />

mais individual, mais privada, mais subjetiva,<br />

tendo a ver com educação, mais<br />

propriamente formação 5 : formação intelectual,<br />

moral e estética. Um princípio iluminista<br />

que procura especificar bem três<br />

aspectos decisivos quanto à contribuição<br />

individual a um quadro cultural.<br />

- Formação intelectual quanto a uma cultura<br />

obtida formalmente, cultivada, ligada ao<br />

papel da escola na transmissão do conhecimento.<br />

Mas racional e lógica, em suma.<br />

- Formação moral, que se aproxima do<br />

conceito de Kultur, tendo relação com<br />

identidade, com valores que não são necessariamente<br />

transmitidos, e nem teria<br />

como, pela escola, e sim pela família, incluindo<br />

nisto o papel da religião.<br />

- E, por fim, formação estética, não apenas<br />

quanto aos critérios artísticos, mas<br />

principalmente quanto ao gosto, que não<br />

se aprende apenas na escola ou na esfera<br />

privada, mas principalmente na experiência<br />

de vida fora desses ambientes. Estética<br />

aqui não vista como uma categoria intelectual<br />

de juízo artístico, mas com relação<br />

a sua origem etimológica do grego aestesia:<br />

sentir na pele, mobilizar todos os sentidos<br />

na relação com o prazer do que se<br />

vê, se ouve, se come, se cheira ou se toca.<br />

Na formação intelectual, a ciência; na formação<br />

moral, os valores; na formação estética,<br />

a percepção.<br />

<strong>Cultura</strong> como regra de um lado, como possibilidade<br />

de subversão do outro. Era este<br />

o verdadeiro sentido, mesmo que assustador,<br />

que lhe dava o dramaturgo nazista<br />

Hans Jhost, ao afirmar que quando ouvia a<br />

palavra cultura, logo carregava seu revólver,<br />

assim como foi este que o banqueiro<br />

norte-americano Nelson Rockefeller, parodiando<br />

o nazista após a II Guerra, quando<br />

afirmou que ao ouvir a palavra cultura logo<br />

pegava seu talão de cheques!...<br />

3


4<br />

Nº21<br />

Revista FACOM 1º Semestre de 2009<br />

Embora profundamente diversos; o nazista e o<br />

capitalista, e seus peculiares e específicos modos<br />

ideológicos, haviam compreendido bem o<br />

significado da palavra cultura. O primeiro em sua<br />

truculência contrária a liberdade que a cultura<br />

representa; o segundo ao estabelecer com uma<br />

sutil graça que tudo passa a ser determinado pelas<br />

leis do mercado, o que acabou mesmo ocorrendo<br />

no momento que a cultura como Bildung<br />

se transformou em cultura como Kultur, a regra<br />

vencendo a exceção.<br />

Contracultura<br />

Contracultura foi o nome que recebeu a rebelião<br />

de jovens na segunda metade da década de 60<br />

do século XX, principalmente jovens universitários<br />

norte-americanos de classe média que se<br />

recusavam a cumprir serviço militar em função<br />

da Guerra do Vietnã. Buscando uma vida alternativa,<br />

também criavam uma nova música e negavam<br />

uma sociedade de alta tecnologia e sociedade<br />

de consumo correspondente.<br />

O que permitiu a emergência desta categoria<br />

social – os jovens – foram as transformações<br />

decorrentes do pós-guerra. Eric Hobsbawm chama<br />

o período de “era dourada”, pois foi marcada<br />

por um desenvolvimento econômico sem precedentes,<br />

permitindo não apenas consolidar os<br />

Estados Unidos como potência mundial, mas a<br />

reconstrução da Europa e o enfrentamento do<br />

subdesenvolvimento na América Latina. No Brasil,<br />

o governo de Juscelino Kubitschek (1956-<br />

1961) implantou um Plano de Metas que permitiu<br />

a instalação da indústria automobilística e a<br />

construção de Brasília, apesar do alto endividamento<br />

externo.<br />

A explosão demográfica, conhecida como babyboom,<br />

foi fruto de uma euforia decorrente do<br />

otimismo, refletido em números, do período que<br />

sucedeu a grande catástrofe. Foi neste período<br />

que se consolidou a televisão como utensílio<br />

doméstico, incluindo vários outros, entre<br />

eles a máquina de lavar roupas, tida recentemente<br />

pela Igreja Católica como a<br />

verdadeira responsável pela “emancipação”<br />

da mulher no século XX, e não a pílula<br />

anticoncepcional. 6<br />

O crescimento econômico permitiu o surgimento<br />

de uma nova, e ampliada, classe<br />

média nas áreas metropolitanas, e não<br />

apenas nos países desenvolvidos. São os<br />

filhos dessa nova classe média, tão bem<br />

estudada por C. Wright Mills (intelectual<br />

tão importante para a sociologia norteamericana<br />

quanto Florestan Fernandes<br />

para a brasileira), que vão formar o “exército”,<br />

em que pese a ironia, dos batalhões<br />

do flower power. Formados pela televisão,<br />

tiveram acesso a uma informação<br />

mais variada e escolaridade ampliada,<br />

inclusive com o fim da separação entre<br />

sexos nas escolas tanto no ensino médio<br />

quanto no universitário. Com mais tempo,<br />

mais informação e mais dinheiro, passaram<br />

não só a consumir quanto questionar<br />

a sociedade de consumo.<br />

Surge assim a categoria social do jovem;<br />

consumidor de um lado, sim, mas também<br />

pronto para exigir seus direitos de<br />

cidadania. Não se trata, portanto, nem de<br />

mito, nem de bobagem sociológica, mas<br />

de uma nova configuração histórica com<br />

todas suas conseqüências.<br />

Uma delas, o protesto contra a cultura de<br />

seus pais, do american way of life aos limites<br />

de um etnocentrismo WASP (branco,<br />

anglo-saxão, protestante).<br />

A contracultura é, neste sentido básico,<br />

uma criação norte-americana, considerase<br />

parte de um sonho americano, e influenciou<br />

jovens no mundo todo, inclusive<br />

no mundo comunista, apesar das restrições<br />

de informações.


Divulgação<br />

Um ato de rebeldia contra as normas vigentes em<br />

todos os níveis: intelectuais, morais e estéticos.<br />

Uma revolução cultural mais do que política, apesar<br />

das grandes conseqüências políticas.<br />

No Brasil, um intelectual teve importância decisiva<br />

na divulgação desta tendência: Luís Carlos Maciel,<br />

inicialmente através de uma coluna no semanário<br />

O Pasquim, intitulada Underground, posteriormente<br />

na tentativa de criar publicações próprias. 7<br />

Nos três níveis de uma Bildung, os militantes da<br />

contracultura refletiam, atuavam e cantavam: no<br />

plano intelectual, podiam tanto se dizer inspirados<br />

em pensadores como Herbert Marcuse ou<br />

Nietszche. Escritores da Beat generation, como<br />

o On the road de Jack Kerouac (que está virando<br />

filme dirigido pelo brasileiro Walter Salles), ou<br />

o Uivo de Allen Ginsberg, assim como o inglês<br />

Aldous Huxley (principalmente o de The doors<br />

of perception), também tiveram um importante<br />

destaque.<br />

Podiam ainda se fundamentar nas pesquisas de<br />

uma antropóloga como Margareth Mead junto<br />

às comunidades de Samoa, no Pacífico sul, nos<br />

anos 1920, 8 que demonstrava a possibilidade<br />

antropológica de uma vida sexual livre, o que<br />

fundamentava um novo plano moral para o movimento<br />

hippie. 9<br />

O que demonstra que contracultura não significava<br />

um movimento antiintelectual, a favor da<br />

ignorância, mas contra a cultura dominante, a<br />

favor de uma nova cultura, em todos os níveis,<br />

uma cultura alternativa. No plano estético, o<br />

importante papel desempenhado pela música,<br />

1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

Nº21<br />

através da enorme inventividade e talento<br />

de várias bandas, cantores e guitarristas<br />

que se revelavam através do rock. 10<br />

O historiador Eric J. Hobsbawm, em seu<br />

já clássico Era dos Extremos, assim definiu<br />

o contexto em que intitulou de “Revolução<br />

<strong>Cultura</strong>l “:<br />

“A cultura jovem tornou-se a matriz da<br />

revolução cultural no sentido mais amplo<br />

de uma revolução nos modos e costumes,<br />

nos meios de gozar o lazer e nas<br />

artes comerciais, que formavam cada vez<br />

mais a atmosfera respirada por homens e<br />

mulheres urbanos. Duas de suas características<br />

são, portanto, relevantes. Foi ao<br />

mesmo tempo informal e antinômica, sobretudo<br />

em questões de conduta pessoal.<br />

Todo mundo tinha que “estar na sua”, com<br />

o mínimo de restrição externa, embora na<br />

prática a pressão dos pares e da moda impusesse<br />

tanta uniformidade quanto antes,<br />

pelo menos dentro dos grupos de pares e<br />

subculturas.” 11<br />

Um produto importante da contracultura<br />

foi o musical Hair, que está sendo remontado<br />

na Broadway neste ano de 2009, o<br />

que comprova a atualidade ou mesmo<br />

a nostalgia daquele movimento. A peça<br />

Hair trazia uma novidade aos palcos tradicionais:<br />

era uma ópera-rock. Hair foi<br />

um projeto dos atores Gerome Ragni e<br />

Cena do musical “Hair”<br />

5


6<br />

Nº21<br />

Revista FACOM 1º Semestre de 2009<br />

James Rado, com música de Galt MacDermot,<br />

que teve sua estréia off-Broadway em outubro<br />

de 1967 no Teatro Público de Joseph Papp, em<br />

Nova York. Seu sucesso imediato permitiu ir para<br />

a Broadway em abril de 1968, ficando quatro anos<br />

em cartaz, com sucesso absoluto, com quase<br />

duas mil apresentações em Nova York e com números<br />

semelhantes por onde foi montada, como<br />

em Londres, por exemplo.<br />

No Brasil, Hair foi dirigida por Ademar Guerra<br />

(1933-1993) já em 1969, ficando dois anos em<br />

cartaz, também com sucesso. 12<br />

Um mito marcava a peça, o mito que o movimento<br />

hippie incorporou como utopia, a do início<br />

de uma nova Era, a Era de Aquário (ver letra de<br />

“Aquarius” no Box), que segundo alguns hippies<br />

e astrólogos, amadores ou profissionais, teve<br />

seu início no dia 14 de fevereiro de 2009, ao encerramento<br />

da Era de Peixes, dos dois mil anos<br />

de mensagem cristã.<br />

A crença na Era de Aquário vem sendo ridicularizada<br />

por vários intelectuais céticos, o que não<br />

deve surpreender. Desde Aristóteles, passando<br />

por Rousseau, sabemos que a diferença entre<br />

ficção e história, arte e ciência, está entre a<br />

mentira verossímil e o verossímil comprovado.<br />

Enquanto a verdade da ciência deve ser confirmada<br />

pela pesquisa empírica, a verdade da poesia<br />

está na verdade que pode haver na mentira.<br />

A Era de Aquário pode ter sido uma invenção<br />

que um picareta do tipo Aleister Crowley (guru<br />

que Paulo Coelho esconde e John Lennon colocou<br />

na capa do Sgt. Peppers) promoveu e<br />

se autopromoveu, mas sua incorporação na<br />

performance coletiva conhecida como movimento<br />

Hippie foi uma atitude estética com toda carga<br />

de utopia (no sentido exposto acima) que merece<br />

respeito como qualquer crença, por mais ingênua<br />

que seja, e que se torna problemática quando vira<br />

ideologia, o que no caso da contracultura, seria um<br />

contrassenso.<br />

O fim de um sonho?<br />

Em 1970, John Lennon concedeu uma entrevista<br />

ao editor da revista Rolling Stone, Jann Wenner,<br />

que lhe perguntou, comentando a letra polêmica<br />

da música God, onde afirmava o famoso<br />

“The dream is over” (“o sonho acabou” 13 ):<br />

- Quando soube que estava caminhando para o<br />

verso “I don’t believe in Beatles” (eu não acredito<br />

nos Beatles)?<br />

Aquarius<br />

When the moon is in the Seventh House<br />

And Júpiter aligns with Mars<br />

Then peace will guide the planets<br />

And love will steer the stars<br />

This is the dawning of the age of Aquarius<br />

The age of Aquarius<br />

Aquarius!<br />

Aquarius!<br />

Harmony and understanding<br />

Sympathy and trust abounding<br />

No more falsehoods or derisions<br />

Golding living dreams of visions<br />

Mysthic crystal revelation<br />

Aquarius!<br />

Aquarius!<br />

John Lennon respondeu que não sabia<br />

quando havia chegado ao fim de todas<br />

aquelas coisas em que antes acreditava,<br />

e que os Beatles também haviam se<br />

transformado em um mito que ele não<br />

acreditava mais. 14 Mas, curiosamente,<br />

foi um ano depois daquela entrevista<br />

que John Lennon gravou Imagine (1971),<br />

onde se declara “sonhador”, e que deu<br />

início a uma trajetória mais politizada e<br />

só encerrada com os tiros que recebeu<br />

de um suposto fã na porta de seu prédio,<br />

o Dakota, em Nova York. 15<br />

Vários outros fatos poderiam ser levantados<br />

como indicações de um fracasso da<br />

utopia hippie 16 :<br />

- O massacre comandado pelo guru tido<br />

como hippie, Charles Manzon, na casa<br />

do cineasta Roman Polanski, onde várias<br />

pessoas foram assassinadas, incluindo<br />

sua mulher, a atriz Sharon Tate, grávida;<br />

- O festival de Altamont, na Califórnia,<br />

numa apresentação da banda Rolling<br />

Stones, quando um espectador negro,<br />

e armado, foi apunhalado por um Hell<br />

Angel’s, que fazia a segurança do festival<br />

por sugestão da própria banda, em dezembro<br />

de 1969;<br />

- A radicalização armada de alguns grupos<br />

hippies e o aprofundamento da repressão<br />

no governo Nixon;


God<br />

(John Lennon, 1970)<br />

God is a concept by which<br />

we measure our pain<br />

God is a concept by which<br />

we measure our pain<br />

Yeah, pain yeah, pain<br />

I don’t believe in magic<br />

I don’t believe in I Ching<br />

I don’t believe in Bible<br />

I don’t believe in Tarot<br />

I don’t believe in Hitler<br />

I don’t believe in Jesus<br />

I don’t believe in Kennedy<br />

I don’t believe in Buddha<br />

I don’t believe in Mantra<br />

I don’t believe in Gita<br />

I don’t believe in Yoga<br />

I don’t believe in Kings<br />

I don’t believe in Elvis<br />

I don’t believe in Zimmerman<br />

I don’t believe in Beatles<br />

I don’t believe in Beatles<br />

I just believe in me<br />

Yoko and me<br />

And that’s reality<br />

The dream is over, what can I say<br />

The dream is over yesterday<br />

I was the dream weaver but I’m reborn<br />

I was the walrus but now I’m John<br />

And so dear friends<br />

you’ll just have to carry on<br />

The dream is over<br />

- A transformação da distribuição de drogas numa<br />

indústria global de narcotráfico;<br />

- A absorção de um estilo de vida a uma indústria<br />

da moda e da sociedade de consumo tão criticada<br />

pelos hippies, entre outros. 17<br />

Mas a questão central do legado da contracultura<br />

vai além da piada do jornalista de que o legado de<br />

Woodstock foi o renascimento do piolho. 18 Hoje,<br />

com a vitória de Barak Hussein Obama para presidente<br />

dos EUA, só para citar um exemplo representativo,<br />

pode-se dizer que as lutas políticas da contracultura<br />

pelos direitos civis finalmente vêm obtendo<br />

resultados concretos e realistas, e que mesmo se a<br />

contracultura tenha sido absorvida pelo mercado (o<br />

que não é?), algumas questões ainda são importantes<br />

na agenda política, como diz o próprio Obama:<br />

1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

Nº21<br />

“A fúria da contracultura pode ter se dissipado<br />

mais em consumismo, opções de vida<br />

e preferências musicais do que em comprometimento<br />

político, mas os debates relativos<br />

a questões raciais, guerra, pobreza e as relações<br />

entre os sexos não avançaram”. 19<br />

Portanto, a relação entre a utopia e o conformismo<br />

na contracultura implica na diferença<br />

entre uma posição aberta às transformações<br />

sócio-culturais estabelecidas na agenda<br />

político-cultural dos movimentos juvenis<br />

dos anos 1960, menos até do que uma plataforma<br />

política e ideológica de aspiração ao<br />

poder.<br />

Imagine<br />

(John Lennon, 1971)<br />

Imagine there’s no heaven<br />

It’s easy if you try<br />

No hell below us<br />

Above us only sky<br />

Imagine all the people<br />

Living for today<br />

Aha<br />

Imagine there’s no country<br />

It isn’t hard to do<br />

Nothing to kill or die for<br />

And no religion too<br />

Imagine all the people<br />

Living life in peace<br />

Yoo-hoo<br />

You may say that I’m a dreamer<br />

But I’m not the only one<br />

I hope some day you’ll join us<br />

And the world will be as one<br />

Imagine no possessions<br />

I wonder if you can<br />

No need for greed or hunger<br />

A brotherhood of man<br />

Imagine all the people<br />

Sharing all the world<br />

Yoo-hoo<br />

You may say that I’m a dreamer<br />

But I’m not the only one<br />

I hope some day you’ll join us<br />

And the world will live as one<br />

7


8<br />

Nº21<br />

Revista FACOM 1º Semestre de 2009<br />

E principalmente, no que tange a uma vida mais<br />

livre, mais natural e menos preconceituosa.<br />

Romântica e utópica. Romântica, mas no sentido<br />

que lhe dava o filósofo e naturalista Henry David<br />

Thoreau (1817-1862), ao criar o importante conceito<br />

de “Desobediência Civil” 20 ; tão bem apropriado,<br />

com resultados práticos em benefício da humanidade,<br />

por líderes como Mahatma Gandhi, Martin<br />

Luther King e Nelson Mandela. Utópica, nos dois<br />

sentidos, mas alternativa, pelo menos existencial e<br />

esteticamente, a um conformismo dominante. Uma<br />

questão político-cultural, portanto.<br />

E que os versos do jovem Pete Towshend sobre<br />

a própria geração que não queria morrer<br />

de velhice, que está fisicamente envelhecendo,<br />

mesmo tendo se livrado dos piolhos (até porque<br />

muitos cabelos caíram), possa significar não a<br />

morte do ainda jovem, mas a maturidade alerta e<br />

atualizada no século XXI, em que ainda, mais do<br />

que nunca, “é preciso estar atento e forte/ Não<br />

temos tempo de temer a morte/ Tudo é divino,<br />

maravilhoso”, como diz a letra de uma música<br />

histórica, e contracultural, de Caetano Veloso e<br />

Gilberto Gil na bela voz da bela Gal Costa, minha<br />

paixão juvenil.<br />

1 Palestra realizada como parte do curso FAAP<br />

Humanité, em parceria com IDP (Instituto de Direito<br />

Público Brasiliense), Brasília, 01 de abril de<br />

2009.<br />

2 Marxismo-lennonismo, mas também poderia ser<br />

groucho-marxismo. Na verdade, uma forma metafórica<br />

e bem-humorada de quebrar um pouco a sisudez dos<br />

bancos acadêmicos. Sobre o groucho-marxismo, ver<br />

Bob Black. Groucho-marxismo. Tradução de Michele<br />

de Aguiar Vartulli. São Paulo: Conrad do Brasil, 2006.<br />

3 Em ciências humanas, não existe uma distinção<br />

clara entre fatores subjetivos e objetivos nas análises<br />

de processos sociais. O positivismo acreditou na possibilidade<br />

de uma ciência pura, mas as contribuições<br />

intelectuais mais significativas na modernidade nunca<br />

esconderam suas principais motivações ideológicas.<br />

Ideológicos são sempre os outros, uma maneira<br />

desonesta de camuflar os próprios interesses. É do<br />

importante cientista social norte americano C. Wright<br />

Mills, que desenvolveu o conceito de “imaginação sociológica”,<br />

a pertinente observação de que condições<br />

sociais e intelectuais não excluem uma visão pessoal,<br />

sendo este um sentido “sobre a fusão de vida pessoal<br />

e intelectual” (Sobre o artesanato intelectual e outros<br />

ensaios. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. Rio<br />

de Janeiro: Jorge Zahar, 2009, pág. 28).<br />

4 Sobre este livro de Freud, ver: Jacques Le<br />

Rider; Michel Plon e Gérard Raulet. Em torno<br />

de O mal-estar na cultura de Freud. Tradução<br />

de Carmen Lúcia Montechi Valladares de<br />

Oliveira e Caterina Koltai. São Paulo: Escuta,<br />

2002. E Jean-Michel Quinodoz. Ler Freud.<br />

Guia de leitura da obra de S. Freud. Tradução<br />

de Fátima Murad. Porto Alegre: Artmed, 2007,<br />

pp. 257-263.<br />

5 Uma boa introdução ao conceito tal como<br />

está trabalhado aqui é dada pelo francês Victor<br />

Hell: A idéia de cultura (São Paulo, Martins<br />

Fontes, 1994) e um desenvolvimento mais detalhado<br />

em Dieter Schwanitzer: <strong>Cultura</strong> geral<br />

(São Paulo, Martins Fontes, 2006), Bildung no<br />

original. É bastante interessante a vida deste<br />

professor de história da cultura na Alemanha<br />

que teve de se aposentar para publicar sua<br />

obra principal porque quando na ativa ocupava<br />

seu tempo em preencher relatórios exatamente<br />

sobre sua produtividade (!). Morreu<br />

quando o livro foi publicado na Alemanha e<br />

não pode ver o sucesso que se tornou com<br />

mais de 2 milhões de livros vendidos. Ironias<br />

da academia!!!... Se num país desenvolvido<br />

isto ocorre, imagine num atrasado!...<br />

6 “Emancipação feminina em três velocidades”.<br />

Revista da Semana. 19 de março de<br />

2009, pp.10-11.<br />

7 No O Pasquim de 08 de janeiro de 1970,<br />

Maciel publicou um Manifesto Hippie, em que<br />

comenta a diferença de visões de mundo, estabelecendo<br />

um contraste entre o que chama<br />

de “velha razão” e “nova sensibilidade”. Uma<br />

análise desta comparação pode ser vista em<br />

Cláudio Novaes Pinto Coelho. “A contracultura:<br />

o outro lado da modernização autoritária”.<br />

In: Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras/<br />

Itaú <strong>Cultura</strong>l, 2005.pp.41-44.<br />

8 Orientanda de Franz Boas na Universidade<br />

de Colúmbia, Nova York – mesma universidade<br />

e mesmo orientador de Gilberto Freyre -,<br />

Margareth Mead (1901-1978) escandalizou<br />

meios acadêmicos e sociais quando sua tese<br />

sobre a vida sexual de jovens de Samoa foi<br />

publicada em 1928, com o título Coming of<br />

age in Samoa. Neste trabalho, que ganhou<br />

imediata repercussão, favorável ou desfavorável,<br />

a autora defendia que os jovens de Samoa<br />

viviam felizes, longe de tabus e repressões<br />

sexuais. Nos anos 1960 foi lido como<br />

possibilidade de uma vida sexual livre, e nos<br />

anos 1980 foi violentamente questionado por<br />

outro antropólogo, Derek Freeman, em plena<br />

Era Reagan, que considerou aquele trabalho<br />

um mito a ser destruído. Sobre esta polêmica,


ver: Hal Hellman. Grandes debates da ciência. Tradução<br />

de José Oscar de Almeida Marques, 1999, pp.<br />

227-246.<br />

9 Um detalhado relato sobre o comportamento sexual<br />

no período pode ser encontrado no trabalho do jornalista<br />

Gay Talese. A mulher do próximo. Uma crônica da<br />

permissividade americana antes da era da Aids. Tradução<br />

de Pedro Maia Soares. São Paulo: Companhia<br />

das Letras, 2002.<br />

10 Uma história desta explosão estética pode ser visto<br />

em: Paul Friedlander. Rock and Roll. Uma história<br />

social. Tradução de A. Costa. Rio de Janeiro: Record,<br />

2002.<br />

11 Eric J. Hobsbawm. “Revolução cultural”. In: Era dos<br />

extremos. O breve século XX. Tradução de Marcos<br />

Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995,<br />

pág. 323.<br />

12 A montagem em São Paulo, apresentada inicialmente<br />

no Teatro Bela Vista, foi depois para o Teatro<br />

São Pedro. Com o sucesso, inaugurou o Teatro Aquarius,<br />

no antigo Cine Rex, (que depois virou Teatro<br />

Záccaro, onde era gravado o programa de televisão<br />

Perdidos na Noite nos anos 1980., programa de Fausto<br />

Silva, um programa (talvez não intencionalmente)<br />

um tanto contracultura que depois virou mainstream<br />

na Rede Globo de Televisão). A montagem paulista<br />

de Hair foi por mim assistida, com o entusiasmo<br />

dos 20 anos, cabelos longos, rebeldia sem causa e<br />

calças rasgadas, umas dez vezes, acredito. Pode ter<br />

sido menos, mas lembro até das mudanças do elenco,<br />

que tinha Altair Lima, Aracy Balabaniam, Antonio<br />

Fagundes, Sônia Braga, Ney Latorroca, Helena Ignês,<br />

entre outros. O elenco mudava quase sempre, mas<br />

em todas as vezes que assisti, Armando Bógus estava<br />

presente. Lembro-me também de ter lido no Pasquim,<br />

minha leitura preferida na época, um comentário ácido<br />

de Paulo Francis sobre a idade dos “hippies” da montagem<br />

brasileira, considerados um pouco velhos para<br />

o papel de jovens hippies: “É que eles são hippies da<br />

2ª Guerra...”<br />

13 É do brasileiro Gilberto Gil, na mesma época, os<br />

versos musicados: “O sonho acabou/Quem não dormiu<br />

num sleep-bag/ nem sequer sonhou...”<br />

14 Rolling Stone – as melhores entrevistas da revista<br />

Rolling Stone. Editadas por Jann S. Wenner e Joe<br />

Levy. Tradução de Emanuel Mendes Rodrigues. São<br />

Paulo: Larousse do Brasil, 2008, pág. 44.<br />

15 Sobre esta trajetória de John Lennon nos anos<br />

1970, e a perseguição política realizada pelo Estado<br />

norte-americano do período, ver o filme The U.S. vs.<br />

John Lennon, David Leaf & John Schenfield, 2006. E<br />

uma biografia completa de Lennon em Philip Norman.<br />

John Lennon – A vida. Tradução de Roberto Muggiati.<br />

São Paulo: Companhia das Letras, 2009.<br />

16 Em 06 de outubro de 1967, nas esquinas das ruas<br />

Haight-Ashbury, em São Francisco, Califórnia, ponto<br />

1º Semestre de 2009 Revista FACOM<br />

Nº21<br />

de encontro mais famoso dos hippies, foi celebrado<br />

“A Morte do Hippie”, uma grande manifestação<br />

que ironizava o fim do movimento.<br />

Cf. David Farber. “The Intoxicated State/Illegal<br />

Nation: Drugs in the Sixies Couterculture.<br />

In: Peter Braunstein & Michael William Doyle<br />

(orgs). Imagine Nation. The american counterculture<br />

of the 1960s & 1970s. New York Routledge,<br />

2002, pg. 36.<br />

17 Sobre isto, ver: Joseph Heath & Andrew<br />

Potter. Nation of rebels. Why Counterculture<br />

Became Consumer Culture. New York: Harper<br />

Collins, 2004.<br />

18 V. Ruy Castro. “O legado de Woodstock”.<br />

Opinião. Folha de São Paulo. 06/04/2009, A2.<br />

19 Barak Obama. A audácia da esperança.<br />

Reflexões sobre a reconquista do sonho americano.<br />

Tradução de Candombá. São Paulo:<br />

Larousse do Brasil, 2007, pág. 41. O presidente<br />

Obama também resgatou em início de<br />

seu mandato uma “utopia de um mundo sem<br />

armas nucleares” (Revista Veja. Edição 2108.<br />

15 de abril de 2008, pp. 66-67.), uma agenda<br />

típica da contracultura.<br />

20 Sobre uma boa introdução ao conceito de<br />

Henry D. Thoureau, ver: Andrew Kirk. Desobediência<br />

civil de Thoureau. Tradução de Débora<br />

Landsberg. Rio de Janeiro: Jorge Zahar<br />

Editor, 2008.<br />

ADORNO, Theodor W. As estrelas descem à<br />

terra. A coluna de astrologia de Los Angeles<br />

Times. Um estudo de superstição secundária.<br />

Tradução de Pedro Rocha de Oliveira. São<br />

Paulo: Unesp, 2008.<br />

BLACK, Bob. Groucho-marxismo. Tradução<br />

de Michele de Aguiar Vartuli. São Paulo: Conrad<br />

do Brasil, 2006.<br />

BRAUNSTEIN, Peter; DOYLE, Michel William<br />

(edtd.). Imagine Nation. The american counterculture<br />

of the 1960s & 1970s. New York:<br />

Routledge, 2002.<br />

FEIJÓ, Martin Cezar. “A Força da Imaginação<br />

ou o Blefe do Jogador. Espiritualidade e entretenimento<br />

na era da globalização”. Revista<br />

Facom. Revista da Faculdade de Comunicação<br />

da Fundação Armando Álvares Penteado.<br />

Nº 10. www.faap.br/publicações.<br />

_________________. O que é política cultural.<br />

São Paulo: Brasiliense, 1983. (Coleção<br />

“Primeiros Passos”, vol. 107)<br />

FRIEDLANDER, Paul. Rock and Roll. Uma<br />

história social. Tradução de A. Costa. Rio de<br />

Janeiro: Record, 2002.<br />

9


10<br />

Nº21<br />

Revista FACOM 1º Semestre de 2009<br />

FREUD, Sigmund. O Mal-Estar na Civilização (Das<br />

Unbehagen in der Kultur). Tradução de José Octávio<br />

de Agiar Abreiu. Rio de Janeiro: Imago, 1997.<br />

GOFFMAN, Ken & JOY, Dan. Contracultura através<br />

dos tempos. Do mito de Prometeu à cultura digital.<br />

Tradução de Alexandre Martins. Rio de Janeiro:<br />

Ediouro, 2007.<br />

HEATH, Joseph & POTTER, Andrew. Nation of rebels.<br />

Why Counterculture became consumer culture. New<br />

York: Harper Collins, 2004.<br />

HELL, Victor. La Idea de cultura. Traducción de Hugo<br />

Martinez Moctezuma. México: Fondo de <strong>Cultura</strong> Econômica,<br />

2001.<br />

HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos. O breve século<br />

XX. Tradução de Marcos Santarrita. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 1999.<br />

HUXLEY, Aldous. As portas da percepção e Céu e<br />

inferno. Tradução de Osvaldo de Araújo Souza. São<br />

Paulo: Globo, 2002.<br />

KIRK, Andrew. Desobediência civil de Thoreau. Tradução<br />

de Débora Landesberg. Rio de Janeiro: Jorge<br />

Zahar, 2008.<br />

LACROIX, Michel. L’idéologie du New Age. Paris:<br />

Flammarion, 1996.<br />

Le siècle rebelle. Dictionnaire de la contestation au<br />

XXe siècle. Sous la direction d”Emmanuel de Waresquiel.<br />

Paris: Larousse, 1999.<br />

LEARY, Timothy. Flashbacks. A história pessoal e cultural<br />

de uma era. Uma autobiografia. Tradução de Hélio<br />

Melo. São Paulo: Beca produções culturais, 1999.<br />

MACIEL, Luiz Carlos. As quatro estações. Rio de Janeiro:<br />

Record, 2001.<br />

MEAD, Margareth. Coming age in Samoa. A Psychological<br />

Study of Primitive Ypouth for Western Civilization.<br />

New York: Perennizal Classics/Harper Collins, 2001.<br />

MILES, Barry. Hippie. New York: Sterling Publishing<br />

Co, 2004.<br />

MOURA, Carlos A. R. de. Nietzsche: civilização e cultura.<br />

São Paulo: Martins Fontes, 2005.<br />

NORMAN, Philip. John Lennon – A vida. Tradução de<br />

Roberto Muggiati. São Paulo: Companhia das Letras,<br />

2009.<br />

PEREIRA, Carlos Alberto M. O que é contracultura.<br />

São Paulo: Brasiliense, 1981. (Coleção “Primeiros<br />

Passos”, vol. 100)<br />

Martin Cezar Feijó<br />

Professor de Comunicação Comparada da<br />

FACOM-FAAP. Doutor em ciências da comuni-<br />

cação pela ECA-USP e historiador formado pela<br />

FFLCH-USP. Professor-pesquisador no programa<br />

de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da<br />

<strong>Cultura</strong> na Universidade Presbiteriana Mackenzie<br />

(EAHC-UPM). Autor de vários livros.<br />

RISÉRIO, Antonio. “Duas ou três coisas sobre<br />

a Contracultura no Brasil”. In: Anos 70: trajetórias.<br />

São Paulo: Iluminuras/Itaú <strong>Cultura</strong>l,<br />

2005.<br />

SEVCENKO, Nicolau. “Configurando os anos<br />

70: a imaginação no poder e a arte nas ruas”.<br />

In: Anos 70: trajetórias. São Paulo: Iluminuras/<br />

Itaú <strong>Cultura</strong>l, 2005.<br />

SCHWANITZ, Dietrich. <strong>Cultura</strong> geral. Tudo o<br />

que se deve saber. Tradução de Beatriz Silke<br />

Rose, Eurides Avance de Souza e Inês Antonia<br />

Lohbauer. São Paulo: Martins, Fontes,<br />

2007.<br />

TALESE, Gay. A mulher do próximo. Uma crônica<br />

da permissividade americana antes da<br />

era da Aids. Tradução de Pedro Maia Soares.<br />

São Paulo: Companhia das Letras, 2002.<br />

WENNER, Jann S. & LEVY, Joe (editores).<br />

Rolling Stone. As melhores entrevistas da<br />

revista Rolling Stone. Tradução de Emanuel<br />

Mendes Rodrigues. São Paulo: Larousse do<br />

Brasil, 2008.<br />

Amazing journey – The Story of The Who<br />

(Paul Crowder, EUA, 2007).<br />

B’Way – Broadway - American musical. 100<br />

anos de entretenimento.Vol. 5 – “Tradição”<br />

(1957-1979).<br />

Gimme Shelter (David Mayles/Albert Mayles/<br />

Charlotte Zwerin, EUA, 1970).<br />

Hair (Hair, Milos Forman, EUA, 1979).<br />

Jack Kerouac – O Rei dos Beats (Jack Kerouac:<br />

King of the Beats, John Antonelli, EUA,<br />

2001).<br />

Grass (Ron Mann, Canadá, 2000).<br />

Revolução dos hippies (The hippie revolt, Edgar<br />

Beatty, EUA, 1967).<br />

The U.S. vs. John Lennon (David Leaf & John<br />

Scheinfeld, EUA, 2006).<br />

Woodstock (Michael Wadleigh, EUA, 1969).

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