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VOLUME 11 Número 2 - Faap

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O modelo Dilma pode ser considerado bastante vitorioso em muitos aspectos,<br />

como afastando riscos iminentes de novas crises de suprimento com investimentos em<br />

geração e uma substancial redução do preço da energia por meio dos leilões de energia<br />

para as Distribuidoras. Também foi bem sucedida a redução da população sem acesso à<br />

rede elétrica, com inclusão, até setembro de 20<strong>11</strong>, de 14,2 milhões de brasileiros com luz<br />

elétrica em suas moradias (GOVERNO DO BRASIL, 20<strong>11</strong>).<br />

No entanto, em uma diretiva, o modelo Dilma fracassou, pois não conseguiu reduzir os<br />

preços de energia, muito influenciados por carga tributária muito ampla e por encargos<br />

setoriais que em muitos casos vigoram desde muito tempo. Assim, apesar da base de geração<br />

brasileira ser quase que em sua totalidade hídrica, por pressuposto devendo ter preços<br />

módicos, o Brasil possui hoje uma das tarifas mais caras do mundo. As Figuras 8 e 9, respectivamente,<br />

apresentam um ranking de tarifas industriais e residenciais (SANTANA, 2012).<br />

Os preços elevados das tarifas de energia elétrica brasileira são influenciados pelos<br />

encargos e tributos, como evidenciado em palestras proferidas por representantes da<br />

ANEEL em recente evento patrocinado pela Federação Patronal das Indústrias do Estado<br />

de São Paulo (FIESP), em São Paulo (COELHO, 2012; SANTANA, 2012). Uma das palestras<br />

(COELHO, 2012) proferida por um diretor daquela Agência, relata a evolução dos<br />

encargos de R$ 2,9 bilhões (2002) para R$ 13,9 bilhões (20<strong>11</strong>). Este último ainda mostra<br />

na Figura 10 que tributos e encargos setoriais 10 conjuntamente representam 43% do<br />

dispêndio médio de uma conta de energia (COELHO, 2012).<br />

Dois destes encargos vinham causando grande contestação por parte de entidades<br />

de defesa de consumidores e de empresas em geral (SALLES, 20<strong>11</strong>a; SALLES, 20<strong>11</strong>b). O<br />

primeiro, a Reserva Geral de Reversão (RGR), que constituí um fundo indenizatório para<br />

uma eventual cassação de concessões e para indenização de ativos não amortizados ao<br />

final de um período de contrato de concessão. Este encargo deveria ter sido encerrado<br />

em 2002 e depois em 2010, sendo sucessivamente prorrogado pelos governos FHC e<br />

Lula. Em 2010, a Eletrobrás empresa holding do governo federal para energia elétrica informou<br />

o Senado que existiam R$16,9 bilhões aplicados em projetos diversos. Os opositores,<br />

além de contestarem a qualidade da gestão desses recursos, ainda questionavam<br />

o fato que a RGR, criada em 1957, nunca antes tinha sido utilizada para os fins de sua<br />

destinação. O valor previsto para ser despendido pelos consumidores no encargo RGR,<br />

em 2012, é da ordem de R$ 1,6 bilhão (SALLES, 20<strong>11</strong>a).<br />

Já o segundo encargo, a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) deveria ser<br />

utilizado para subsidiar o custo de combustíveis nas regiões mais inóspitas do Brasil,<br />

ainda sem conexão ao sistema interligado. Este encargo foi revisto em 2009, com<br />

aumento de quase 100% e foi eliminado qualquer prazo para sua extinção. Este encargo<br />

em 2012 implicará em R$ 3,2 bilhões (PSR, 2012).<br />

10. CCC - Conta de Consumo de Combustíveis; CDE - Conta de Desenvolvimento Energético; CFURH - Contribuição<br />

Financeira pelo Uso dos Recursos Hídricos; EER - Encargo de Energia de Reserva; ESS - Encargos do<br />

Serviço do Sistema; P&D - Programa de Pesquisa e Desenvolvimento; PROINFA - Programa de Incentivo a Fontes<br />

Alternativas; RGR - Reserva Geral de Reversão; e, TFSEE - Taxa de Fiscalização do Serviço de Energia Elétrica.<br />

Sobre reformas e concessões no setor elétrico brasileiro: uma análise crítica, Fernando A. de Almeida Prado Jr. e Ana Lúcia R. da Silva, p. 85-<strong>11</strong>5<br />

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