VOLUME 11 Número 2 - Faap
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3 A Terceira Onda – Reformas da Ministra Dilma Rousseff<br />
Os desgastes políticos do racionamento, popularmente apelidado de “apagão”,<br />
tiveram influência, embora não se possa afirmar que esta tenha sido decisiva na<br />
eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, ou popularmente, Lula.<br />
Ao assumir a presidência pela primeira vez, Lula nomeou a economista, até então<br />
desconhecida do grande público, Dilma Rousseff, como Ministra de Minas e<br />
Energia. Com estilo gerencial coerente com sua personalidade forte, a ministra iniciou<br />
seu mandato com críticas ao modelo institucional do setor, ao mesmo tempo<br />
que se reunia com representantes da cadeia de produção.<br />
As críticas tinham quatro vertentes que explicavam porque o modelo precisava<br />
ser alterado:<br />
• Ocorrera um grande racionamento;<br />
• Não existia suficiente aporte de investimentos no setor;<br />
• As tarifas tinham subido acima da inflação 7 ;<br />
• Existia cerca de 15 milhões de brasileiros sem acesso à rede elétrica.<br />
Embora se reconhecesse a correção das críticas, o anúncio de um novo modelo<br />
novamente paralisou investimentos. O ano de 2003 foi marcado pela discussão do<br />
novo modelo institucional. Em dezembro, foi encaminhado, ao Congresso Nacional,<br />
um conjunto de medidas que viriam a se transformar no arcabouço daquilo<br />
que se convencionou como sendo o modelo Dilma e que representa, neste artigo,<br />
a terceira onda de reformas. Embora tenha recebido mais de 800 emendas no<br />
Congresso, seus princípios foram pouco alterados e, em fevereiro de 2004, foram<br />
promulgadas as Leis 10.847 e 10.848 que tratam dessas reformas.<br />
Entre as principais decisões estavam a da criação de uma Empresa de Planejamento<br />
para retomada do determinismo no planejamento da expansão da geração<br />
e da transmissão. As empresas Distribuidoras passaram a ter atividade exclusivamente<br />
de distribuição, ou seja, recebem remuneração pelo serviço de disponibilização<br />
de ativos (capital) e operação e manutenção da rede e bilhetagem. Estas<br />
empresas passaram a não mais ter riscos associados ao preço do suprimento de<br />
energia, mas receberam a obrigatoriedade de comprar 100% das suas necessidades<br />
energéticas, com cinco anos de antecedência. Com estas medidas foi separado<br />
o mercado regulado com tarifas definidas pela ANEEL e o mercado livre (no qual<br />
as distribuidoras passaram a ficar impedidas de atuar). Toda a energia necessária<br />
para atendimento ao mercado regulado das Distribuidoras passou a ser obrigatoriamente<br />
adquirida através de leilões organizados pelo regulador.<br />
7. Deve-se registrar que as tarifas subiram muito acima da inflação, pois o Governo FHC passou a utilizar a estrutura<br />
arrecadadora do setor elétrico como eficiente agente recolhedor de impostos e encargos destinados a<br />
subsídios cruzados. Deve-se registrar que o governo Lula, em que pese suas criticas, manteve esta situação.<br />
Sobre reformas e concessões no setor elétrico brasileiro: uma análise crítica, Fernando A. de Almeida Prado Jr. e Ana Lúcia R. da Silva, p. 85-<strong>11</strong>5<br />
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