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VOLUME 11 Número 2 - Faap

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A Comissão de Investigação (KELMAN, 2001), que estudou as causas do racionamento,<br />

concluiu que este ocorrera pela combinação de três fatores: (i) dois anos subsequentes<br />

desfavoráveis hidrologicamente; (ii) falta de investimentos e atrasos em obras de<br />

geração; e, (iii) falta de coordenação e ausência de regulamentos a respeito da responsabilidade<br />

das entidades para a gestão do risco de desabastecimento do setor.<br />

Vencido o racionamento, cujas consequências políticas e econômicas se materializaram<br />

na campanha política das eleições presidenciais de 2002, com a eleição<br />

do principal opositor ao governo FHC, novas questões importantes passaram a fazer<br />

parte da agenda do setor.<br />

Entre as mais relevantes estavam a de se dar estabilidade regulatória que permitisse<br />

investimentos de longo prazo. Foram identificados também: aspectos regulatórios<br />

insuficientes relacionados com o planejamento dos inventários para<br />

projetos futuros, insuficiência de definição da participação de empresas de governo<br />

em grandes empreendimentos na região amazônica e a ausência de definições<br />

sobre os usos múltiplos das bacias hidrográficas.<br />

Ainda, em relação à atratividade de investimentos, podiam ser elencados problemas<br />

relacionados à complexidade para obtenção de licenças ambientais de<br />

hidroelétricas, sobre a capacidade de se facilitar os financiamentos de projetos e<br />

critérios para alocação dos riscos hidrológicos.<br />

Também ficou em evidência o questionamento sobre a necessidade de contratação<br />

de energia, em longo prazo, pelas distribuidoras. Esta questão tinha relevância<br />

pelo fato de que, sendo um país com predominância absoluta de usinas<br />

hidráulicas e com o mercado alterado pelo aprendizado do racionamento 6 , o preço<br />

da energia no mercado spot tinha ficado muito baixo durante longos períodos de<br />

tempo, o que representava um incentivo para a não contratação de longo prazo.<br />

A Figura 2 apresenta o mercado de energia elétrica no Brasil nos anos seguintes<br />

ao racionamento, evidenciando uma redução substantiva das necessidades de<br />

suprimento. A Figura 3 mostra os preços do mercado spot no Brasil, em uma perspectiva<br />

de longo prazo. Como se vê, os preços são muito baixos em boa parte do<br />

tempo e, ocasionalmente, atingem valores muito altos.<br />

Dois efeitos combinaram-se quando do encerramento do racionamento: a “sobra”<br />

conjuntural de energia no mercado provocada pelo aprendizado já citado e a possibilidade<br />

regulatória que permitia que as distribuidoras não contratassem a totalidade de<br />

suas necessidades energéticas, podendo fazer aquisições pontuais, à medida que o consumo<br />

fosse ocorrendo, inclusive com acertos contratuais “ex post”. Este último aspecto,<br />

além de não facilitar a expansão pela facilitação do financiamento com recebíveis de<br />

6. Os consumidores foram forçados a reduzir seu consumo em média em 20%. A dificuldade em atender este requerimento<br />

permitiu que aprendizado e ações emergenciais de eficiência energética ficassem perenizados depois<br />

de encerrado o período de restrição de consumo.<br />

Sobre reformas e concessões no setor elétrico brasileiro: uma análise crítica, Fernando A. de Almeida Prado Jr. e Ana Lúcia R. da Silva, p. 85-<strong>11</strong>5<br />

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