VOLUME 11 Número 2 - Faap
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As palavras de ordem do projeto RE-SEB eram “Tanta competição quanto possível,<br />
tanta regulação quanto necessária” (PAIXÃO, 2000).<br />
Com bases no estabelecido nas diretivas do Projeto RE-SEB, iniciou-se o processo<br />
de privatização das empresas de Distribuição, que foi praticamente completado,<br />
sendo que apenas umas poucas empresas permaneceram no controle do Estado<br />
5 . Já na atividade geração, ocorreram muitas resistências políticas à privatização,<br />
sendo que foram terminados apenas os processos da empresa federal da região sul<br />
e da Companhia Energética de São Paulo (CESP).<br />
Para se evitar uma “explosão” de preços e assimetrias de mercado (acesso diferenciado<br />
à geração mais barata) foi determinado que as Distribuidora deveriam manter<br />
seus contratos nos mesmos moldes do regime estatal sendo que, a partir do quinto<br />
ano dessa obrigação, paulatinamente o mercado se desregulamentaria com “descontratações”<br />
anuais de 20% ao ano. A este procedimento se deu o nome de contratos<br />
iniciais. Como se veria depois, a primeira “descontratação” seguiu-se ao primeiro<br />
ano do racionamento, cujos efeitos estão descritos a seguir, o que resultou na efetiva<br />
redução dos contratos, sem que houvesse busca de reposição dessas quotas, redundando<br />
em grandes “sobras”, na maior parte, nas empresas geradoras estatais.<br />
Assim os anos 1990 se encerraram, com aproximadamente 80% das empresas<br />
distribuidoras privatizadas, enquanto na geração este número era da ordem de<br />
25% da capacidade então instalada.<br />
O racionamento de 2001 foi imputado como consequência da privatização e,<br />
como consequência, encerraram-se as condições políticas para novas privatizações.<br />
Como exceção digna de registro, no Estado de São Paulo, uma importante<br />
empresa de transmissão de propriedade do governo estadual foi privatizada em<br />
junho de 2006, sendo hoje a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista<br />
(CTEEP) a principal transmissora privada do Brasil.<br />
O racionamento de grandes proporções (o mercado deixou de ser atendido em<br />
20% do consumo histórico) ocorrido em 2001, durante o segundo mandato de governo<br />
do presidente FHC, evidenciou problemas gerais na modelagem desenvolvida<br />
pelo projeto RE-SEB.<br />
As condicionantes regulatórias, quer por insuficiência de regras claras, quer<br />
por imperfeições do modelo adotado, não foram capazes de produzir os investimentos<br />
necessários que poderiam ter evitado a crise de abastecimento. Embora<br />
o governo tivesse, na prevenção, articulado ambicioso plano de metas para um<br />
conjunto de termoelétricas a gás natural, proveniente de importação da Bolívia, o<br />
plano praticamente não foi além do planejamento, em especial pelas indefinições<br />
do preço do Gás Natural (GN).<br />
5. Seis empresas do N/NE tiveram performance econômica inadequada e foram federalizadas sob gestão da Eletrobrás.<br />
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Estratégica, vol.<strong>11</strong>(02), dezembro.20<strong>11</strong>