VOLUME 11 Número 2 - Faap

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54 A ética, por ser um conjunto de valores na qual diz respeito a olhar para determinadas normas, valores e comportamentos e julgá-los, analisando, em princípio, se estas normas e valores são contraditórias entre si e avaliando quais fazem mais sentindo de serem aplicados em determinadas situações. Não se trata apenas e tão somente de expressão uma opinião sobre como as pessoas deveriam se comportar, mas de tentar identificar uma unidade nas diversas crenças morais. Traduzindo, essa filosofia em termos práticos, ética significa estabelecer uma justificativa racional para as escolhas e comportamento do grupo. (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2012, p. 79). Ainda de acordo com os autores, a expressão “Good Compliance is Good Business” descreve o Compliance para nortear as instituições na condução dos negócios, na proteção dos interesses dos clientes e na preservação da reputação empresarial (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2012). O risco de Compliance é definido como sendo um conjunto de regras, padrões, procedimentos éticos e legais, que, uma vez definido e implantado, será a linha mestra que orientará o comportamento da instituição no mercado em que atua, bem como as atitudes de seus funcionários; instrumento capaz de controlar o risco de imagem e o risco legal (CANDELORO; RIZZO; PINHO, 2012, p. 30). E como não existe solução que elimine todos os riscos, eles devem ser monitorados objetivando acompanhar a exposição a riscos, mitigá-los e reduzir os seus impactos. A gestão de riscos de Compliance envolve basicamente três fases: Mensuração do risco: identificação e avaliação dos riscos e dos impactos dos riscos, com a indicação de medidas corretivas; Mitigação do risco: definição de prioridades, implementação e gestão das medidas indicadas na fase 1; e Avaliação contínua e revisão do processo (COIMBRA; MANZI, 2010, p. 92). 2 Desenvolvimento Sustentável As atividades econômicas têm como base o uso e a transformação de recursos naturais para a realização dos negócios, portanto, quando se discute a sustentabilidade, se discute o futuro da humanidade. Há uma dependência mútua entre as pessoas, o planeta e as atividades econômicas. Uma vez que a sociedade depende dos recursos naturais, é importante lembrar que a Terra é um sistema fechado. Isso quer dizer que todos os recursos disponíveis, com exceção da energia solar, possuem limites de utilização. As atenções do mundo para com a crise ambiental se iniciaram em Estocolmo em 1972 e atinge seu ápice no Rio de Janeiro em 1992, quando foram lançadas novas concepções de desenvolvimento, e vive um momento de frustração em 2002 em Johannesburgo, dez anos depois. Estratégica, vol.11(02), dezembro.2011

No ano de 1992, geravam-se condições para fortalecer um novo momento de cooperação internacional. A Cúpula da Terra contribuiu para consolidar a percepção da sociedade para as relações entre as dimensões ambientais, sociais, culturais e econômicas do desenvolvimento, obtendo um consenso em torno da questão ambiental por meio da Agenda 21. Em 2002, na RIO+10 e atualmente com a RIO+20, as conclusões foram de poucas decisões e muita frustração pela concretização de poucas metas e pela falta de prazos precisos, para a solução dos problemas que cresceram e reduziram o avanço nas políticas globais que promovam o desenvolvimento sustentável. Apesar das críticas de que tem sido alvo, o conceito de desenvolvimento sustentável representa um importante avanço, na medida em que a Agenda 21 global, enquanto plano abrangente de ação para o desenvolvimento sustentável no século XXI considera a complexa relação entre o desenvolvimento e o meio ambiente numa grande variedade das áreas. Isso marca a afirmação de uma filosofia do desenvolvimento que combina eficiência econômica com justiça social e prudência ecológica, como premissas da construção de uma sociedade solidária e justa. (DEMAJOROVIC, 2003, p. 9). O desenvolvimento sustentável não é um problema limitado às adequações ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou modelo para a sociedade, já que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica. Num sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável relaciona- -se com a necessidade de redefinição das relações da sociedade humana-natureza e, portanto, em uma mudança do próprio processo civilizatório. O fato de os problemas ambientais e os riscos decorrentes terem crescido a passos agigantados e a sua lenta resolução ter se tornado de conhecimento público pelo seu impacto aumenta a importância da educação ambiental nas suas diversas dimensões. O desafio, então, é criar as condições para se não reduzir, pelo menos atenuar o preocupante quadro de riscos existente, que afeta desigualmente a população. Os riscos estão diretamente relacionados com a modernidade reflexiva e os ainda imprevisíveis efeitos da globalização. Isso implica a necessidade da multiplicação de práticas sociais pautadas pela ampliação do direito à informação e de educação ambiental numa perspectiva integradora. Trata-se de potencializar iniciativas a partir de suposição de que maior acesso à informação e transparência na gestão dos problemas ambientais urbanos podem levar a uma reorganização de poder e autoridade. (DEMAJOROVIC, 2003, p. 11). Dessa forma, o desenvolvimento sustentável também deve se preocupar Para reverter os problemas citados é necessário mais do que garantir pessoas ou departamentos e equipamentos para tratar dos problemas socioambientais. Com efeito, as faltas de profissionais mais bem qualificadas na área ambiental ou as deficiências em sua forma de atuação constituem uma explicação parcial e simplificada do problema, que se apresentam dimensões bem mais complexas. (DEMAJOROVIC, 2003, p. 60). O desenvolvimento sustentável e a gestão de compliance em instituições financeiras, Mauro Maia Laruccia e Karen Junko Yamada, p. 49-68 55

No ano de 1992, geravam-se condições para fortalecer um novo momento de<br />

cooperação internacional. A Cúpula da Terra contribuiu para consolidar a percepção<br />

da sociedade para as relações entre as dimensões ambientais, sociais, culturais<br />

e econômicas do desenvolvimento, obtendo um consenso em torno da questão<br />

ambiental por meio da Agenda 21.<br />

Em 2002, na RIO+10 e atualmente com a RIO+20, as conclusões foram de poucas<br />

decisões e muita frustração pela concretização de poucas metas e pela falta de<br />

prazos precisos, para a solução dos problemas que cresceram e reduziram o avanço<br />

nas políticas globais que promovam o desenvolvimento sustentável.<br />

Apesar das críticas de que tem sido alvo, o conceito de desenvolvimento sustentável representa<br />

um importante avanço, na medida em que a Agenda 21 global, enquanto plano<br />

abrangente de ação para o desenvolvimento sustentável no século XXI considera a complexa<br />

relação entre o desenvolvimento e o meio ambiente numa grande variedade das<br />

áreas. Isso marca a afirmação de uma filosofia do desenvolvimento que combina eficiência<br />

econômica com justiça social e prudência ecológica, como premissas da construção<br />

de uma sociedade solidária e justa. (DEMAJOROVIC, 2003, p. 9).<br />

O desenvolvimento sustentável não é um problema limitado às adequações<br />

ecológicas de um processo social, mas a uma estratégia ou modelo para a sociedade,<br />

já que deve levar em conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica.<br />

Num sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável relaciona-<br />

-se com a necessidade de redefinição das relações da sociedade humana-natureza<br />

e, portanto, em uma mudança do próprio processo civilizatório.<br />

O fato de os problemas ambientais e os riscos decorrentes terem crescido a passos agigantados<br />

e a sua lenta resolução ter se tornado de conhecimento público pelo seu impacto<br />

aumenta a importância da educação ambiental nas suas diversas dimensões. O desafio,<br />

então, é criar as condições para se não reduzir, pelo menos atenuar o preocupante quadro<br />

de riscos existente, que afeta desigualmente a população. Os riscos estão diretamente relacionados<br />

com a modernidade reflexiva e os ainda imprevisíveis efeitos da globalização.<br />

Isso implica a necessidade da multiplicação de práticas sociais pautadas pela ampliação<br />

do direito à informação e de educação ambiental numa perspectiva integradora. Trata-se<br />

de potencializar iniciativas a partir de suposição de que maior acesso à informação e transparência<br />

na gestão dos problemas ambientais urbanos podem levar a uma reorganização<br />

de poder e autoridade. (DEMAJOROVIC, 2003, p. <strong>11</strong>).<br />

Dessa forma, o desenvolvimento sustentável também deve se preocupar<br />

Para reverter os problemas citados é necessário mais do que garantir pessoas ou departamentos<br />

e equipamentos para tratar dos problemas socioambientais. Com efeito, as faltas<br />

de profissionais mais bem qualificadas na área ambiental ou as deficiências em sua forma<br />

de atuação constituem uma explicação parcial e simplificada do problema, que se apresentam<br />

dimensões bem mais complexas. (DEMAJOROVIC, 2003, p. 60).<br />

O desenvolvimento sustentável e a gestão de compliance em instituições financeiras, Mauro Maia Laruccia e Karen Junko Yamada, p. 49-68<br />

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