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Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios
Lembrando que é de primordial relevância considerar
como fato que levou o encorajamento dos insurgentes
líbios a se levantarem contra seu ditador, os fatores da
queda do regime ditatorial tunisiano. Ao perceberem
que uma realidade melhor e mais democrática poderia
ser a saída para a prosperidade de toda a população, a
revolta teve início.
Essa percepção se deu pela proximidade dos países e
pela influência que seus atos exerciam entre si e suas
populações. Depois que as tropas de Gaddafi executaram
bombardeios aéreos contra a própria população
em março de 2011, o Conselho Nacional (formado pela
oposição líbia) apelou ao Conselho de Segurança das
Nações Unidas para que fosse imposta uma zona de
exclusão aérea, ou seja, uma zona de voo proibida, a
fim de restringir qualquer tipo de aeronave nacional
no espaço aéreo sobre o país. 55
Em 12 de março, a Liga dos Estados Árabes (LEA) anunciou
seu apoio ao apelo dos oposicionistas. 56 Diante
da ameaça de ocupação de Benghazi pelas tropas de
Gaddafi, em 17 de março, a ONU finalmente aprovou
o bloqueio aéreo. A Alemanha se absteve na votação,
sob fortes críticas dos partidos de oposição. 57 No dia
seguinte, uma coalizão internacional formada por
França, Reino Unido e Estados Unidos iniciou fortes
ataques aéreos sobre as forças do governo líbio. 58
No início do mês de abril, a situação líbia começou a se
tornar cada vez mais indefinida a partir das constantes
notícias de choques militares em Misrata, Sirte e Ras
Lanuf. Tudo levou a crer que o controle sobre essas cidades
mudou de mãos da noite para o dia, contudo,
graças aos maciços bombardeios aéreos pela coalizão
internacional, a situação piorou progressivamente
para o ditador Gaddafi. 59
Até que, em 1° de maio de 2011, chegou a notícia arrebatadora
de que o filho mais novo de Gaddafi, Saif
AL-Arab, fora morto durante um ataque aéreo; assim
como três dos netos do ditador. Esse foi o ponto que
culminou nas juras de vingança do ditador aos causadores
das mortes de seus parentes. 60
Após dois meses de sítio, 61 a cidade portuária de Misrata
caiu em poder dos insurgentes, e a Rússia se uniu
às exigências do “Grupo de Contato” 62 pela renúncia
de Gaddafi, 63 país que no passado chegara a excluir a
possibilidade de uma intervenção militar estrangeira
na região líbia. 64 A partir do momento em que a Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intensificou
os bombardeios diários sobre a capital Trípoli,
o governo alemão passou a reconhecer o Conselho
Nacional de Transição como único representante legítimo
do povo líbio. 65 Westerwelle, chefe da diplomacia
alemã, admitiu que, apesar de a Alemanha não
participar nas operações, seu país não se posicionaria
de uma forma neutra. “O trabalho a sério vai começar
após a era de Gaddafi”, declarou. “É crucial reconstruir
e ajudar o país, o que significa criar um futuro melhor
para o povo da Líbia”, concluiu. 66
O Conselho Nacional de Transição (CNT) representa a
legitimidade das decisões dos conselhos locais criados
pela população revolucionária da Líbia no dia 17 de fevereiro.
O Conselho é composto por trinta e um membros
que representam as várias cidades da Líbia, de
leste a oeste e de norte a sul. O objetivo do Conselho
Nacional de Transição é conduzir o estado líbio durante
o período transitório após a sua libertação completa
e destruição total do regime opressivo de Gaddafi. Será
o conselho que orientará o país para eleições livres e
ao estabelecimento de uma Constituição para a Líbia. 67
Os meses de julho e agosto seguiram com intensos
combates em uma série de cidades. Ao mesmo tempo,
a OTAN agia sem descanso contra alvos das tropas
de Gaddafi. Em meados de agosto, o governo líbio de
transição apresentou um cronograma, segundo o qual,
após a queda do ditador, o poder seria entregue a um
governo democraticamente legitimado.
Após lutas acirradas, os rebeldes anunciaram a tomada
do importante porto petroleiro de Brega, no leste. Ao
mesmo tempo, iniciou-se a luta pelo controle da capital
líbia. No dia seguinte, numerosos mortos foram
anunciados após intensos combates.
Por fim, em 22 de agosto de 2011, tiros comemorativos
introduziram a vitória sobre Gaddafi, que foi anunciada
com entusiasmo pelos rebeldes líbios na principal praça
da capital de Trípoli, a Praça Verde. Informações corriam
entre líbios de que dois dos filhos de Gaddafi teriam
sido capturados, e um terceiro teria retornado a sua
casa. Vestígios sobre o ditador seguiam, até então, inexistentes.
Misturados às expressões de exaltação, contudo,
notícias ainda ilustravam os combates em Trípoli.
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