GUIA DE ESTUDOS / STUDY GUIDE / GUIA DE ESTUDIOS - Faap
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ddafi deixou a parte administrativa ao major Abdel Salam<br />
Jalloud, passando a focar-se apenas na promoção<br />
de sua teoria revolucionária. Apesar dessa troca, houve<br />
forte especulação na imprensa estrangeira acerca<br />
dos problemas internos decorrentes da composição<br />
do gabinete e da possível diminuição da autoridade<br />
de Gaddafi no mesmo. Verificou-se, porém, que o líder<br />
permaneceu na presidência da CCR, além de continuar<br />
com seu cargo de comandante-chefe das Forças Armadas<br />
líbias e na presidência da Organização Política de<br />
Massas, da União Socialista Árabe (ASU). 27<br />
Com seu crescente controle do governo da Líbia, Gaddafi<br />
ainda foi além e lançou uma “revolução cultural” nas escolas,<br />
nas indústrias, nas empresas e nas instituições públicas<br />
para perceber como seriam administradas as organizações<br />
de interesses da população, com intuito de obter<br />
maior participação popular no governo. Seu foco na promoção<br />
de sua teoria impulsionou, em abril de 1974, o<br />
estabelecimento de um decreto, no qual seus deveres<br />
políticos, administrativos e protocolares foram diminuídos<br />
para que pudesse se dedicar ao máximo à mesma. O<br />
primeiro-ministro Jalloud passou, então, a ter maior poderio<br />
sobre tais áreas, com Gaddafi mantendo seu posto<br />
nas Forças Armadas, propiciando, assim, a volta das especulações<br />
estrangeiras acerca da diminuição do seu poderio<br />
no país. Novamente errônea, a imprensa verificou que<br />
o decreto de fato foi apenas uma formalização da divisão,<br />
há tempos existente, entre interesses práticos e teóricos<br />
de Gaddafi e políticos e administrativos de Jallod. 28<br />
O Sistema Executivo da CCR e do Conselho de Ministros<br />
se manteve até 1977, em meio a grandes conflitos e desacordos<br />
internos durante sua existência, fato que ameaçou<br />
seriamente o governo de Gaddafi, o qual, apesar de<br />
não ter sido destruído, enfrentou uma tentativa de golpe<br />
de Estado em 1975. No final do ano seguinte, o líder<br />
deixou de lado seu caráter totalmente isolacionista para<br />
começar a retomar o poder e o controle direto da CCR,<br />
apresentando, no sétimo aniversário da Revolução de 1o<br />
de Setembro, um projeto para que a Líbia se reorganizasse.<br />
Tal projeto tinha como órgão principal o Congresso<br />
Geral do Povo (GPC), de caráter representativo, que substituiria<br />
a CCR como poder supremo do governo líbio. 29<br />
O projeto incluía a Declaração da Criação da Autoridade<br />
Popular, aprovada pelo Congresso Geral do Povo, em<br />
1977, em uma sessão extraordinária, que consistia nas<br />
condições da visão política de algumas premissas bási-<br />
106<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
cas, a exemplo do estabelecimento de uma autoridade<br />
popular direta, com a criação do GPC; da responsabilidade<br />
de cada homem de defender seu país e seus compatriotas,<br />
com o treinamento militar; e a alteração do<br />
nome do país para Jamahiriya Socialista Popular Árabe<br />
da Líbia. “Jamahiriya”, em árabe, quer dizer “república”,<br />
sendo esta posta por Gaddafi extraoficialmente para<br />
representar um “Estado das massas” ou “autoridade do<br />
povo”, ou ainda “poder do povo”. Segundo o líder, o objetivo<br />
era enfatizar o estado do povo, sem um governo,<br />
marcando uma nova fase na evolução política do país. 30<br />
Mudanças também ocorreram no Congresso Geral do<br />
Povo, como a aprovação de Gaddafi para o posto de<br />
secretário-geral, criando a secretaria geral do órgão, da<br />
qual faziam parte os membros remanescentes da antiga<br />
CCR. Além disso, substituiu-se o Conselho de Ministros<br />
pelo Comitê Popular Geral, com seus membros<br />
nomeados secretários, sendo a defesa de responsabilidade<br />
de todos os cidadãos líbios. 31<br />
Então, na década de 1970, a Líbia alegou ser líder de forças<br />
e movimentos revolucionários entre os árabes e os<br />
africanos e se inseriu com maior participação e atuação<br />
no cenário das organizações internacionais, defendendo<br />
que sua política externa expressava a vontade popular.<br />
32 As embaixadas líbias passaram a ser conhecidas<br />
como “escritórios das pessoas”, denominadas assim por<br />
Gaddafi com o objetivo de reforçar a ideia de política externa<br />
como reflexo dos interesses dos cidadãos locais. 33<br />
A falta de coerência quanto à política externa, atrelada<br />
ao uso do terrorismo e à aproximação cada vez<br />
maior com a União Soviética, fez crescer as tensões do<br />
país para com o Ocidente na década de 1980. Embora<br />
sem um cargo formal, Gaddafi exercia seu poder com<br />
a ajuda de um pequeno grupo de confiança, em meio<br />
à competição entre o governo oficial da Líbia, as hierarquias<br />
militares e os comitês revolucionários. 34<br />
No ano de 1984, houve uma tentativa frustrada de golpe<br />
montada por exilados da Líbia com apoio interno, levando<br />
o país a um reinado de curta duração de terror em que<br />
milhares foram presos, interrogados e executados, aumentando<br />
a hierarquia no poder líbio. Dois anos depois,<br />
em resposta a um atentado terrorista ao oeste de Berlim,<br />
em um local frequentado por militares norte-americanos,<br />
os Estados Unidos retaliaram alvos na Líbia e impuseram<br />
sanções econômicas ao país unilateralmente. 35