GUIA DE ESTUDOS / STUDY GUIDE / GUIA DE ESTUDIOS - Faap
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<strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDOS</strong> / <strong>STUDY</strong> GUI<strong>DE</strong> / <strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDIOS</strong>
<strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDOS</strong> / <strong>STUDY</strong> GUI<strong>DE</strong> / <strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDIOS</strong><br />
6 a 9 de junho de 2012<br />
São Paulo<br />
www.faap.br/forum_2012<br />
forumfaap_com@faap.br<br />
(11) 3662-7358
CONSELHO <strong>DE</strong> CURADORES<br />
Presidente<br />
Sra. Celita Procopio de Carvalho<br />
Integrantes<br />
Dr. Benjamin Augusto Baracchini Bueno<br />
Dr. Octávio Plínio Botelho do Amaral<br />
Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto<br />
Sra. Maria Christina Farah Nassif Fioravanti<br />
Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Diretor-Presidente<br />
Dr. Antonio Bias Bueno Guillon<br />
Diretor-Tesoureiro<br />
Dr. Américo Fialdini Jr.<br />
Diretor Cultural<br />
Prof. Victor Mirshawka<br />
ASSESSORES DA DIRETORIA<br />
Área Administrativa e Financeira<br />
Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese<br />
Assessoria de Assuntos Acadêmicos<br />
Prof. Rogério Massaro Suriani
ORGANIZADORES<br />
Secretariado<br />
Guilherme Conceição Vieira – Secretário-Geral Acadêmico<br />
Kaike Boni de Mathis Silveira – Secretário-Geral Administrativo<br />
STAFF ACADÊMICO<br />
Banco Mundial<br />
Amanda Pina Ferreira<br />
Caroline Franquini Bizerra<br />
Conselho Europeu (CE)<br />
Karina Calandrin<br />
Lavinia Delfanti<br />
Peter Sturken<br />
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)<br />
André Darre Cornetta<br />
Flávio Alexandre Nóbrega<br />
Guilherme Ferraz Callegaretti<br />
International Court of Justice (ICJ)<br />
Amanda Butros<br />
Gisela Costa Neves<br />
Liga dos Estados Árabes (LEA)<br />
Beatriz Ahualle<br />
Nelson Nunes Filho<br />
Vanessa Bougiotakis<br />
Organização Mundial do Comércio (OMC)<br />
Eduardo Tiburski<br />
Guilherme Camargo<br />
Rio+20<br />
João Luiz Vannuzini Ferrer<br />
Rainer Rodrigues de Assis<br />
Renan Fava Serafim<br />
United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)<br />
Artur Assumpção<br />
Isabela Vendramini<br />
Maria Fernanda Costa<br />
STAFF ADMINISTRATIVO<br />
Diretoria de Comunicação<br />
Fernanda Sarmazo Alves Silva<br />
Diretoria de Estrutura<br />
Danilo Martins<br />
Diretoria Financeira<br />
Marília Carretero Acedo
O Guia de Estudos do VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil foi avaliado pelos seguintes professores da Fundação<br />
Armando Alvares Penteado:<br />
PROf. ANTONIO SERGIO BICHIR<br />
Antonio Sergio Bichir graduou-se em Ciências Sociais e Direito pela USP. Cursou o programa de mestrado em Filosofia<br />
na UNICAMP e na PUC-SP; é mestre em Integração da América Latina pelo PROLAM-USP. É professor nas Faculdades<br />
de Artes Plásticas e Economia da FAAP.<br />
PROf. GUNTHER RUDzIT<br />
Gunther Rudzit tem o título de doutor em Ciência Política pela USP. Obteve o título de mestre em Geografia Humana<br />
na área de Geopolítica pela USP. Também é mestre em National Security pela Georgetown University. Bacharel<br />
em Geografia e licenciado pela Faculdade de Educação da USP. Trabalhou como pesquisador no Núcleo de Análise<br />
Interdisciplinar de Políticas Públicas e Estratégia (NAIPPE/USP) por mais de dez anos. Foi estagiário da embaixada do<br />
Brasil em Washington e da Missão do Brasil junto à OEA. Foi assessor do ministro da Defesa nos anos de 2001 e 2002.<br />
É coordenador dos cursos de graduação e pós-graduação em Relações Internacionais da FAAP.<br />
PROf. LUIz ALBERTO MACHADO<br />
Luiz Alberto Machado é atualmente vice-diretor da Faculdade de Economia da FAAP. Formado em Ciências Econômicas<br />
(1977), especializou-se em Desenvolvimento Latino-Americano pela Boston University, em Solução Criativa de<br />
Problemas pela Creative Education Foundation e em Ensino e Aprendizagem Acelerada pela International Alliance<br />
for Learning. Foi professor visitante na Universidade de Surrey, Guildford, Reino Unido (1985), e é conferencista emérito<br />
do Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ). Diretor da SAM – Souza Aranha Machado Representações Ltda., empresa<br />
que atua nas áreas de representação comercial, assessoria e treinamento, é vice-presidente do Instituto Liberal<br />
e conselheiro do Conselho Federal de Economia, do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, da Fundação<br />
Brasil Criativo e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Cidadania. Proferiu centenas de palestras e conferências<br />
no Brasil e no exterior nas áreas de economia, política, criatividade e aprendizagem acelerada. É coautor do livro<br />
Plano Real: Acabou? (1999) e do capítulo sobre o Brasil do livro Latin American Business Cultures (2010).<br />
PROfA. RAqUEL MARIA <strong>DE</strong> ALMEIDA ROCHA<br />
Raquel Maria de Almeida Rocha é graduada em Relações Internacionais pela FAAP. Possui mestrado em International<br />
Studies (International Peacekeeping) pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido, é também professora dos<br />
cursos de Relações Internacionais, Economia e Relações Públicas da FAAP e coordenadora de Projetos e Iniciação<br />
Científica da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da FAAP.
PROf. MARCUS VINICIUS fREITAS<br />
Marcus Vinicius Freitas é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, havendo realizado mestrados em Direito<br />
(Cornell University) e Economia e Relações Internacionais (The Johns Hopkins School of Advanced Internacional<br />
Studies – SAIS). Foi bolsista da Organização dos Estados Americanos (OEA).<br />
PROfA. JOSILENE TICIANELLI VANNUzINI fERRER<br />
Josilene Ticianelli Vannuzini Ferrer é mestre em Ciência do Ambiente pelo PROCAM-USP, especialista em Gestão<br />
Ambiental pela UNICAMP e em Teoria e Prática do Meio Ambiente pelo ISER/CETESB e graduada em Ciências Sociais<br />
pela Universidade de São Paulo. Professora do curso de graduação em Relações Internacionais e da pós-graduação<br />
da FAAP, é uma das coordenadoras do curso de pós-graduação em Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e<br />
Questões Globais da FAAP, desde 2008. Atua também como secretária executiva do Programa Estadual de Mudanças<br />
Climáticas do Estado de São Paulo – PROCLIMA, e é coordenadora do Programa Estadual de Prevenção à Destruição<br />
da Camada de Ozônio do Estado de São Paulo – PROZONESP. Representante da CETESB na delegação brasileira<br />
junto à Conferência das Partes da Convenção do Clima – UNFCCC e do Protocolo de Kyoto (COPs), de 2005 a 2011.<br />
É delegada do Brasil na Parceria Global Methane Initiative – GMI, sob a coordenação da US-EPA e gerente de Clima<br />
e Energia da CETESB desde 2009.<br />
PROf. fERNANDO BONfá <strong>DE</strong> JESUS<br />
Fernando Bonfá de Jesus é advogado pela PUC/SP, economista pela FAAP/SP e doutor e mestre em Direito Tributário<br />
pela PUC/SP. É professor de Direito Internacional na graduação da FAAP e no curso de pós-graduação em Direito<br />
Empresarial na FAAP, além de professor concursado da PUC/SP. Especialista em Business Strategy pela University<br />
of California of San Diego. Autor do livro ICMS – Aspectos Pontuais e coautor dos livros Planejamento Tributário e a<br />
Norma Geral Antielisão e Imunidades Tributárias. Membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos Tributários<br />
das Empresas de Comunicações, palestrante na Escola Superior do Ministério Público, do International Institute Research<br />
e do International Business Communications. Advogado em São Paulo.<br />
PROf. JOSé MARIA RODRIGUEz RAMOS<br />
José Maria Rodriguez Ramos é doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (1990). Foi coordenador do<br />
curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia da FAAP (2000 a 2009), onde atualmente é professor de<br />
Metodologia Científica. Foi diretor cultural da Associação Latino-Americana de Ética, Negócios e Economia (ALENE)<br />
e membro da International Society of Business, Economics and Ethics (ISBEE). É autor do livro Lionel Robbins: Contribuição<br />
para a Metodologia da Economia e coautor do livro Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica.
CARTA <strong>DE</strong> BOAS-VINDAS<br />
É com imenso prazer que recebemos todos os senhores delegados para o VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil.<br />
Após meses de trabalho árduo e de muita persistência, proporcionaremos aos senhores quatros dias de intensas<br />
atividades. A oitava edição do evento promete equiparar o sucesso das edições anteriores com tons de inovação.<br />
Neste Fórum, pretendemos construir soluções e ultrapassar fronteiras.<br />
Palco de intensas discussões, o Fórum FAAP proporcionará aos senhores delegados o enriquecimento de suas habilidades<br />
comunicativas e de negociação, simulando temas e fatos reais que fazem parte da agenda internacional.<br />
Assim, o evento proporciona aprimoramento acadêmico, profissional e social.<br />
Este evento tornou-se possível devido ao empenho de pessoas que desejam fazer com que o Fórum seja melhor a<br />
cada ano. Assim, devemos agradecer à Fundação Armando Alvares Penteado, em nome do dr. Antonio Bias Bueno<br />
Guillon, diretor-presidente da Instituição, o qual torna o evento possível, e também à diretoria da Faculdade de<br />
Economia, representada pelo embaixador Rubens Ricupero e pelo professor Luiz Alberto Machado, por imensurável<br />
ajuda e fé na realização deste evento.<br />
Por fim, um especial agradecimento à professora Raquel Rocha, a qual coordena e acompanha o evento com a maior<br />
disposição, e, também, ao staff administrativo e acadêmico do Fórum FAAP: sessenta e cinco jovens que transformam<br />
um dos maiores modelos de simulação do país em realidade, fazendo do evento seu primeiro passo para um<br />
mundo melhor.<br />
Esperamos que aproveitem ao máximo esses quatro dias de evento.<br />
Atenciosamente,<br />
GUILHERME VIEIRA E KAIKE BONI<br />
Secretários-Gerais
Caros (as) alunos (as),<br />
CARTA DA DIRETORIA MANTENEDORA DA fAAP<br />
A Fundação Armando Alvares Penteado tem uma conduta caracterizada pela criatividade, pela agilidade na atuação,<br />
pela proximidade com seus alunos e disposição com que encara os desafios, incentivando sempre o desenvolvimento<br />
de cada um.<br />
A partir de 2005, nós, da FAAP, visando celebrar dois grandes marcos importantes para o desenvolvimento mundial –<br />
os 60 anos da ONU e os 10 da criação da OMC – propusemos aos graduandos de Relações Internacionais e de outras<br />
Faculdades a criação de um modelo de simulação da ONU para alunos do ensino médio, com o objetivo de mostrar<br />
aos jovens a importância do engajamento nos assuntos de interesse internacional.<br />
Neste ano de 2012, realizamos o nosso VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil e, ao fazê-lo, tenho plena convicção<br />
de que, a exemplo do que ocorreu nas edições anteriores, serão quatro dias em que a capacidade e a energia de<br />
nossos alunos dos diversos cursos oferecidos pela FAAP serão evidenciados através da organização e conduta das<br />
sessões de trabalho dos organismos internacionais simulados na edição deste Fórum.<br />
O nosso objetivo é proporcionar aos alunos do ensino médio de todo o Brasil que se preparam para a vida acadêmica<br />
e profissional a oportunidade de vivenciarem um ambiente diplomático e de desenvolverem inúmeras habilidades<br />
individuais, por meio de um aprendizado ativo e do trabalho em grupo.<br />
A todos vocês que nos prestigiam com a sua presença, deixo os meus agradecimentos pela confiança depositada na<br />
FAAP e desejo que possam aproveitar ao máximo essa rica experiência que vivenciarão nesses próximos dias.<br />
Cordialmente,<br />
ANTONIO BIAS BUENO GUILLON<br />
Diretor-Presidente
VIII fóRUM fAAP <strong>DE</strong> DISCUSSãO ESTUDANTIL<br />
Caros participantes do VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil,<br />
O Fórum FAAP de Discussão Estudantil deste ano se realizará praticamente na véspera da Conferência das Nações Unidas<br />
sobre Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio +20. Será essa possivelmente a mais importante reunião<br />
da ONU em 2012. Ela evoca em seu título a Rio 92, a conferência inaugurada com a assinatura das convenções ambientais<br />
que até hoje balizam o tratamento internacional da questão do meio ambiente: a Convenção sobre Mudança Climática<br />
e a Convenção sobre Diversidade Biológica. O desafio atual será avançar agora rumo a uma economia verde, de baixa<br />
intensidade de carbono, mediante o estabelecimento de metas com prazos e quantidades para que os países efetuem<br />
essa transição. Desse modo, as Metas da Economia Verde complementarão as Metas do Milênio das Nações Unidas.<br />
Ao mesmo tempo, a ONU continuará empenhada em ajudar o encaminhamento pacífico e democrático dos movimentos<br />
da Primavera Árabe, a superação da crise financeira na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, os esforços a fim<br />
de evitar o alastramento do protecionismo comercial, a luta contra os perigos da proliferação de armas nucleares etc.<br />
Todos esses problemas e assuntos indicam como o mundo se transforma debaixo de nossos olhos. Obviamente,<br />
essas questões vão influir de modo cada vez mais decisivo nos debates internacionais dos futuros meses e anos.<br />
Nossos destinos já não podem ser vistos, conforme a ilusão do passado, como se no Brasil estivéssemos protegidos<br />
e indiferentes ao que sucede no resto do universo.<br />
Todos esses acontecimentos encontram inevitavelmente um grande fórum em que serão analisados, discutidos e, sempre<br />
que possível, encaminhados para uma solução justa e satisfatória: a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.<br />
Vocês, participantes do VIII Fórum FAAP, terão o privilégio de poder tomar parte pessoalmente nesse debate por<br />
meio do esforço que faremos para reproduzir da maneira mais fiel possível as discussões que se processarão neste<br />
ano em Nova York e em outras sedes das organizações internacionais pertencentes à família das Nações Unidas.<br />
No contexto do Fórum FAAP, teremos os seguintes órgãos e os temas que serão tratados por cada um:<br />
• Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)<br />
A iminente expansão de armas nucleares: a adesão de novos países ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação<br />
(TNP).<br />
• United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)<br />
O tráfico de pessoas: a ameaça do crime organizado aos direitos básicos do ser humano no continente europeu<br />
• Conselho Europeu (CE)<br />
A União Europeia no pós-crise<br />
• International Court of Justice (ICJ)<br />
Case concerning French nuclear tests and the Rainbow Warrior case (New Zealand X France)<br />
• Rio +20<br />
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
• Liga dos Estados Árabes (LEA)<br />
Buscando soluções para a crise na Líbia<br />
• Banco Mundial<br />
O papel do Banco Mundial na assistência pós-desastres naturais<br />
• Organização Mundial do Comércio (OMC)<br />
Combatendo o protecionismo e as barreiras alfandegárias em tempos de crise mundial<br />
Por fim, o Comitê de Comunicação proporcionará aos seus jornalistas a cobertura exclusiva dos comitês para o<br />
jornal Fórum em Foco.<br />
Estou seguro de que será uma experiência de vida inesquecível procurar encarnar nas discussões as perspectivas, reações,<br />
emoções e interesses dos diversos países do mundo. Exigirá da parte de vocês um esforço para saírem, ainda que por<br />
breve período, da cultura em que foram educados e tentar se colocar na alma e na mente de outros povos, para olhar os<br />
eventos não apenas de uma ótica brasileira, mas do ponto de vista de cada país que vocês escolherem para representar.<br />
Dessa maneira, vocês ganharão aquele conhecimento profundo que somente se adquire quando deixamos de olhar<br />
os outros a partir de perspectiva de fora e nos empenhamos em pensar, sentir e reagir como se fôssemos o “outro”.<br />
Isso implica combater os estereótipos e preconceitos e aprender pela reflexão de que, apesar da diversidade de<br />
sensibilidades que enriquece o mundo por meio da variedade de povos e culturas, encontra-se sempre a essencial<br />
unidade dos seres humanos, a aspiração de todos os seres humanos por uma vida melhor, pela liberdade, pela realização<br />
pessoal por meio de um trabalho produtivo, pela plena consecução dos direitos humanos. É apenas dessa<br />
forma que poderemos contribuir para a paz, a justiça e a prosperidade internacionais e para a realização do nosso<br />
próprio potencial de ajudar a construir um mundo melhor e mais justo.<br />
Com os melhores votos de uma experiência de crescimento e enriquecimento pessoal.<br />
Cordialmente,<br />
EMBAIXADOR RUBENS RICUPERO<br />
Diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado
SUMÁRIO<br />
Banco Mundial 13<br />
O papel do Banco Mundial na assistência pós-desastres naturais<br />
Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) 33<br />
A iminente expansão de armas nucleares: a adesão de novos países ao Protocolo Adicional do<br />
Tratado de Não Proliferação (TNP)<br />
Conselho Europeu (CE) 49<br />
A União Europeia no pós-crise<br />
International Court of Justice (ICJ) 77<br />
Case concerning French nuclear tests and the Rainbow Warrior case (New Zealand X France)<br />
Liga dos Estados Árabes (LEA) 101<br />
Buscando soluções para a crise na Líbia<br />
Organização Mundial do Comércio (OMC) 121<br />
Combatendo o protecionismo e as barreiras alfandegárias em tempos de crise mundial<br />
Rio +20 137<br />
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável<br />
United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) 147<br />
O tráfico de pessoas: a ameaça do crime organizado aos direitos básicos do ser humano no<br />
continente europeu<br />
Agradecimentos 157
Banco Mundial<br />
O papel do Banco Mundial na<br />
assistência pós-desastres naturais
Caros delegados,<br />
14<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
É com muito prazer que damos boas-vindas aos senhores. Nós, diretoras do Banco Mundial, estamos ansiosas para<br />
orientá-los nos debates e ver como os senhores desenvolverão uma cooperação em um tema tão complexo. Este<br />
ano, as áreas contempladas no Banco Mundial são políticas econômicas e socais relacionadas à assistência e ao papel<br />
do Banco nos desastres naturais que ocorrem ao redor do globo.<br />
Cabe aos senhores delegados discutir qual será a maneira mais eficaz de o Banco Mundial auxiliar na recuperação e prevenção<br />
dos desastres no âmbito global, dando uma atenção especial às consequências nos países em desenvolvimento.<br />
Nós estamos trabalhando ao longo do ano para dar-lhes as informações necessárias para que os senhores delegados<br />
tenham uma proveitosa discussão.<br />
A Amanda Pina Ferreira está no 8º semestre de Relações Internacionais e cursando o sexto semestre de Economia.<br />
Ela participou do Fórum FAAP no ano de 2011 como diretora do Conselho de Direitos Humanos e participou de diversas<br />
simulações como delegada.<br />
Meu nome é Caroline Franquini Bizerra, tenho 19 anos e estou cursando o 5º semestre de Relações Internacionais.<br />
Iniciei minha participação no Fórum FAAP, na sua VII edição, como voluntaria acadêmica do Conselho de Direitos<br />
Humanos, onde a Amanda era diretora, e desde então me envolvi em outras simulações como delegada.<br />
Esperamos que esses dias de discussão sejam preenchidos com muito conhecimento e que esta seja uma experiência<br />
inesquecível para todos.<br />
AMANDA PINA fERREIRA<br />
CAROLINE fRANqUINI<br />
Diretoras Acadêmicas
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Histórico do Comitê<br />
O Banco Mundial foi criado durante a Conferência de<br />
Bretton Woods, em 1944, com o objetivo de reconstruir<br />
os países europeus após a II Guerra Mundial e também<br />
de recuperar e expandir o comércio internacional. Do<br />
Tratado de Bretton Woods se formaram duas organizações<br />
internacionais com um papel extremamente significativos<br />
no cenário financeiro internacional: o Fundo<br />
Monetário Internacional e o Banco Mundial. 1<br />
O Banco Mundial posteriormente tornou-se algo muito<br />
maior, mais complexo: o Grupo Banco Mundial. O<br />
Grupo é composto por cinco outros componentes ligados<br />
ao desenvolvimento. 2<br />
Um desses componentes é o Banco Internacional para<br />
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que tem o<br />
papel de conceder empréstimos, tanto a longo quanto<br />
em curto prazo aos países em desenvolvimento, com o<br />
principal objetivo de combater a pobreza, funcionando<br />
como uma cooperativa. 3<br />
Um segundo componente é a Associação Internacional<br />
de Desenvolvimento (AID), a qual faz empréstimo<br />
sem juros nenhum e também fornece subsídios aos<br />
projetos de desenvolvimento dos países considerados<br />
os mais pobres do mundo. 4<br />
A Corporação Financeira Internacional (CFI) pode ser resumida<br />
como sendo o ramo privado do Banco Mundial.<br />
Essa corporação oferece financiamentos e consultoria<br />
para as empresas privadas com o objetivo de aumentar<br />
o empreendedorismo nos países e, por consequência,<br />
aumentar seu desenvolvimento econômico. 5<br />
A Agência Multilateral de Garantia de Investimentos<br />
(AMGI), que também faz parte do grupo, é uma agência<br />
que promove o investimento estrangeiro direto e<br />
ao mesmo tempo fornece aos países investidores um<br />
seguro de risco político. 6<br />
Por fim, deve-se citar o último componente do grupo,<br />
o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas<br />
sobre Investimentos (CIADI), o qual tem como função<br />
principal auxiliar na conciliação de disputas sobre investimentos<br />
internacionais. 7<br />
O Banco Mundial tem sua sede em Washington, Estados<br />
Unidos, e atualmente possui 187 países-membros,<br />
ou países acionistas. As decisões tomadas pelo Banco<br />
Mundial são dividas em dois órgãos: o Conselho de<br />
Governadores, composto por todos os membros (estes<br />
tomam a decisão final),e o Conselho de Diretores Executivos,<br />
o qual possui suas funções delimitadas pelo<br />
Conselho de Governadores. 8<br />
Há 24 representantes no Conselho de Diretores Executivos.<br />
Cada um dos maiores acionistas, como França,<br />
Alemanha, Japão, Grã-Bretanha e Estados Unidos,<br />
nomeia um diretor executivo, enquanto os outros 19<br />
diretores executivos representam o grupo do restante<br />
dos membros. O Conselho é responsável por criar as<br />
políticas gerais do banco, incluindo empréstimos, assistência<br />
a países e decisões financeiras. 9 Seu objetivo<br />
é promover o desenvolvimento econômico nos países<br />
em desenvolvimento (PEDs) e principalmente erradicar<br />
a pobreza no mundo.<br />
Atualmente o Banco Mundial trabalha com seis temas<br />
estratégicos que são considerados como desafios<br />
mundiais. Esses temas são: 10<br />
• Estados mais pobres: podemos classificar como Estado<br />
mais pobre aquele em que a renda de um indivíduo<br />
é menor do que US$ 1,25 por dia e países<br />
onde as mudanças climáticas e os desastres naturais<br />
afetam diretamente a única fonte de renda de muitas<br />
famílias, a agricultura; e também países onde há altos<br />
índices de malária e de AIDS.<br />
• Nações frágeis e em situações posteriores a conflitos:<br />
em geral, são países que estiveram relacionados a<br />
alguma guerra nos últimos 15 anos e essa guerra acaba<br />
possibilitando que ocorra o ciclo vicioso de nação pobre.<br />
Assim, a ocorrência de conflitos impede que ocorra o desenvolvimento<br />
social e econômico nesse território. 11<br />
• Países de renda média: os países que integram essa<br />
classificação são aqueles onde há a maior concentração<br />
de indivíduos pobres. Esses países ao mesmo<br />
tempo têm acesso ao mercado financeiro, possuem<br />
uma capacidade de conceder crédito, porém continuam<br />
encontrando dificuldade para atrair recursos<br />
financeiros para o seu desenvolvimento. 12<br />
15
• Bens públicos globais: meio ambiente, saúde publica,<br />
comércio internacional e infraestrutura financeira.<br />
• O mundo árabe: os países árabes, com exceção do<br />
setor do petróleo, não estão integrados à economia<br />
mundial. Esses países possuem potencial de desenvolvimento,<br />
mas ainda há altos níveis de desemprego<br />
e baixa participação da mulher no mercado.<br />
• Conhecimento e aprendizagem: as nações pobres<br />
e em desenvolvimento buscam no Banco Mundial<br />
soluções para seus problemas, auxílio financeiro e<br />
aprendizado para poderem mais tarde competir no<br />
mercado internacional. 13<br />
Depois da reconstrução pós-Segunda Guerra, em que<br />
o principal objetivo do banco foi de reconstrução e<br />
desenvolvimento, o Banco continuou a ter esses objetivos<br />
como parte do seu trabalho, porém focalizou especialmente<br />
suas atuações na redução da pobreza, no<br />
crescimento sustentável e no desenvolvimento. Outro<br />
grande objetivo do Banco está relacionado ao cumprimento<br />
das metas do milênio.<br />
Nos próximos vinte e cinco anos, a população global<br />
vai aumentar para 8 bilhões de pessoas. Os 98% de<br />
população que irá surgir virá de países em desenvolvimento.<br />
Em 2008, mais de 47% da população global vivia<br />
em áreas urbanas. Em 2020, 4,1 bilhões, ou 55% estarão<br />
vivendo em áreas urbanas. Dessa forma, o Banco<br />
Mundial objetiva a manutenção da paridade da educação<br />
no mundo e busca diminuir a vulnerabilidades das<br />
pessoas que convivem diariamente com riscos, para<br />
que, através de seus projetos, possa contribuir para o<br />
desenvolvimento de muitos países. 14<br />
Histórico do Problema<br />
O Banco Mundial tem financiado a reconstrução pós-<br />
-desastres naturais desde a sua criação. Mesmo assim,<br />
o engajamento do banco tem sido cada vez maior em<br />
ajudar países na sua recuperação após a ocorrência de<br />
desastres, reduzindo assim sua vulnerabilidade perante<br />
as catástrofes naturais. 15<br />
De acordo com Estudos da IEG (Independent Evaluation<br />
Group), agência do Banco Mundial especializada em pes-<br />
16<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
quisas, desde o ano de 1984, o grupo contabilizou que<br />
110 países receberam financiamentos direcionados para a<br />
emergência na assistência relacionada a desastres. 16<br />
Desde a década de 1970, os pedidos de financiamento<br />
para o Banco Mundial na reconstrução de países pós-<br />
-desastres naturais, pós-conflitos e crises humanitárias,<br />
tem crescido consideravelmente. Uma série de declarações<br />
políticas do Banco Mundial foi desenvolvida<br />
para orientar diversos tipos de trabalhos. 17<br />
O Empréstimo de Recuperação para Emergências (chamado<br />
de Emergency Recovery Loan – ERL) tem sido o principal<br />
instrumento de escolha na concessão de empréstimos<br />
para emergências de desastres naturais. Embora a política<br />
tenha evoluído, as mudanças foram feitas sem avaliação<br />
ou conhecimento da experiência do Banco. 18<br />
O Banco Mundial é a principal instituição à qual um<br />
grande número de países recorre após desastres naturais.<br />
Dessa forma, o número de instituições que respondem<br />
a desastres tem crescido bastante nos últimos<br />
anos, fazendo com que a coordenação sobre os doadores<br />
seja um desafio cada vez maior.<br />
O gráfico seguinte, presente no relatório da AIG sobre<br />
desastres naturais de 2005, mostra por que o número<br />
de desastres naturais pode estar crescendo. O mesmo<br />
qualifica o número de desastres naturais reportados<br />
por ano, de 1975 até 2004. Ele explica que o aumento<br />
de alívio e assistência à reconstrução têm incentivado<br />
relatórios internacionais sobre mais desastres. Esse<br />
é, particularmente, o caso de pequenos eventos que<br />
antes eram tratados como uma preocupação local. As<br />
agências mais especializadas estão monitorando eventos<br />
naturais e seus impactos desastrosos. A ocorrência<br />
maior de observação e relatos sobre as condições do<br />
tempo contribuem para o aumento de relatos sobre<br />
eventos climáticos extremos – houve um aumento de<br />
50% em cada década entre 1950 e 1990. 19 A temperatura<br />
dos mares tem aumentado. Um aumento na temperatura<br />
do mar tropical de até dois graus Fahrenheit<br />
durante o século passado contribuiu para o crescimento<br />
no número de desastres relacionados ao clima, alguns<br />
dos quais podem ser de natureza cíclica. 20<br />
Os papéis adotados pelas diferentes instituições não<br />
são fixos e tem sido menos focados, porém elas tendem<br />
a seguir uma força tradicional. A Cruz Vermelha/
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Data Base Banco Mundial – IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the World<br />
Bank Assistance on Natural Disasters. 2005. p. 14.<br />
Sociedade da Cruz Vermelha, por exemplo, e outras<br />
organizações não governamentais, junto com os militares,<br />
tipicamente participam da resposta imediata a<br />
esses desastres. O Programa das Nações Unidas para<br />
o Desenvolvimento (UNDP– United Nations Development<br />
Program) foca mais nos aspectos sociais da recuperação.<br />
Já o Banco Mundial se concentra em projetos<br />
de infraestrutura e moradia durante a reconstrução. 21<br />
O banco possui uma coordenação que faz com que as<br />
necessidades dos países seja satisfeita e não se confunda<br />
com outros conflitos e prioridades.<br />
Um parceiro-chave para o Banco Mundial quando se<br />
trata de desastres naturais é o ProVention Consortium,<br />
um consórcio lançado em fevereiro de 2000 com o<br />
objetivo de reduzir o risco de desastres em países em<br />
desenvolvimento, contribuindo também para a prevenção<br />
de desastres e mitigação do esforço integral<br />
para desenvolvimento. Esse consórcio é uma linha<br />
de relacionamento (network) internacional focada em<br />
compartilhar o conhecimento para que haja a diminui-<br />
ção do risco de desastres. Mesmo sendo lançado por<br />
uma área do banco, o consórcio é hoje administrado<br />
pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e pela<br />
Sociedade da Cruz Vermelha em Genebra. 22<br />
Para analisarmos o papel do Banco na assistência pós-<br />
-desastres naturais, temos que considerar o aumento<br />
da consciência sobre o problema por todo o planeta.<br />
A ajuda das instituições privadas e públicas tem sido<br />
crescente e o investimento do banco na assistência e<br />
recuperação pós-desastres naturais também. A prevenção<br />
a desastres naturais, a gestão de riscos e a<br />
maior capacidade de antecipar alguns acontecimentos<br />
fazem deste um momento adequado para discutirmos<br />
as políticas e práticas do Banco com o que se refere às<br />
catástrofes naturais. 23<br />
Toda a carteira de projetos aprovada pelo Conselho Executivo<br />
do Banco Mundial, Banco Internacional para Reconstrução<br />
e Desenvolvimento (BIRD) e Associação Internacional<br />
para o Desenvolvimento (AID) tem atividades desde<br />
17
1984. O Banco possui 528 projetos que se denominam<br />
“projetos de desastre“. Um total de US$ 26,281 milhões em<br />
atividades têm sido focados em desastres naturais. Esses<br />
528 projetos representam, hoje, 9,4% de todos os empréstimos<br />
feitos pelo Banco desde 1984. 24<br />
Alguns projetos são totalmente concentrados em desastres<br />
naturais. Isso inclui empréstimos para recuperações<br />
emergenciais (89 projetos incluindo créditos e<br />
subsídios da Associação Internacional de Desenvolvimento<br />
– AID), como projetos que usam outros instrumentos.<br />
Esses projetos representam menos que um<br />
terço dos 528 identificados. O valor desses empréstimos<br />
é estimado em US$ 12,200 milhões. 25<br />
Se analisados os 528 projetos, o envolvimento do Banco<br />
vem crescendo bastante. Desses 528, o volume de<br />
dinheiro é aplicado em projetos de detecção de queimadas,<br />
até US$ 500 milhões de dólares em empréstimos<br />
pós-terremotos. No terremoto de 1999 que houve<br />
na Turquia, por exemplo, o governo arrecadou cerca de<br />
18<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Data Base Banco Mundial – IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of<br />
the World Bank Assistance on Natural Disasters. 2006. p. 14.<br />
US$ 1,1 bilhões, já o Banco coordenou um programa<br />
de reconstrução que totalizou em US$ 1,7 bilhões. 26<br />
O Banco Mundial financia vários tipos de projetos, porém,<br />
o tipo de desastre para o qual os países mais pedem<br />
assistência são os desastres provocados por enchentes.<br />
Do total de 528 projetos no portfólio, 243 deles possuem<br />
relação com desastres provocados por enchentes.<br />
A seca é o segundo desastre mais comum, com 107 projetos.<br />
Com 95 projetos, as queimadas ficaram em terceiro<br />
lugar. Dos 140 projetos completos e em andamento<br />
que foram totalmente relacionados a desastres, 21 projetos<br />
em 17 países têm focado em ações preventivas. 27<br />
O Banco tem aprovado 89 projetos de recuperação de<br />
emergência de desastres naturais desde 1984. As enchentes<br />
dominaram também esse grupo, com terremotos<br />
em segundo e tempestades tropicais em terceiro. 28<br />
Se analisados os dados de tipo de desastres naturais<br />
por região, verifica-se que a região da África Subsaa-<br />
Data do Banco Mundial- IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />
World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 65.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Data Banco Mundial- IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />
World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 65.<br />
riana possui 134 projetos. A América Latina e o Caribe<br />
ficaram em segundo lugar com 128 projetos. O Oriente<br />
Médio e o Norte da África ficaram em terceiro, tendo a<br />
menor quantidade de projetos. 29<br />
Levando em conta os projetos por setor, o setor rural<br />
implementou 40% do portfólio de desastres naturais.<br />
O Banco tem ajudado a região da África no confronto<br />
a desastres naturais já faz muitos anos. Essta é a única<br />
região no mundo onde as secas são o tipo de desastre<br />
mais comum e também a região que recebe mais tipo<br />
de projetos. 30<br />
Uma atenção recente vem sendo dada a países do Oeste<br />
Asiático, Europa e Ásia Central, os quais possuem a<br />
maioria dos projetos em andamento.<br />
Desde o ano de 1999, o Banco Mundial tem preparado<br />
65 publicações, artigos e reportagens sobre sua participação<br />
pós-desastres naturais. As pesquisas mais<br />
frequentes têm sido sobre a administração de risco e<br />
sobre mecanismos de financiamento.<br />
A capacidade em dar assistência na resposta a desastres<br />
naturais é aparente nos resultados dos projetos.<br />
Em 115 projetos completos, os danos relacionados à<br />
infraestrutura foram restaurados com sucesso. Em 28<br />
projetos, a reconstrução da infraestrutura não foi com-<br />
pletamente restaurada. Complementando os dados,<br />
86 projetos tiveram sucesso na mitigação de suas atividades,<br />
enquanto 32 projetos não. 31<br />
Baseado em uma experiência limitada de atividades,<br />
o banco ainda não se consolidou o bastante sobre a<br />
eficácia das atividades. Dos 21 projetos baseados em<br />
prevenção, oito foram completados e reavaliados, com<br />
63% de satisfação. 32<br />
Alguns dos resultados negativos indicam uma certa dificuldade<br />
em assistir problemas sociais. Trinta e quatro<br />
projetos resultaram com sucesso em ativos econômicos<br />
e 9 em ativos sociais. Mesmo assim, em 6 projetos,<br />
acionistas e grupos vulneráveis foram negligentes.<br />
Dessa forma, a administração do banco recentemente<br />
adotou um desempenho mais distribuído e descentralizado<br />
para administrar os riscos.<br />
Definição do Problema<br />
Nesta parte será definido, em primeiro lugar, o problema<br />
a ser tratado, no caso, os desastres naturais, e o papel<br />
do Banco Mundial na assistência a esses desastres.<br />
Depois será analisada a relevância do tema e como ele<br />
se apresenta hoje no cenário internacional.<br />
19
Por mais que um esforço significativo tenha sido feito<br />
para conceituar o termo “desastre“, muitas definições<br />
divergentes aparecem na literatura. O desastre<br />
é percebido diferentemente por cientistas sociais,<br />
ambientalistas e jornalistas. Primeiramente, desastres<br />
naturais são o resultado da interação entre eventos<br />
naturais e ações humanas, em outras palavras, nem<br />
todos os desastres são resultado exclusivamente da<br />
ação da natureza. Mesmo assim, a classificação convencional<br />
de desastre natural (como ações de Deus)<br />
e provocados pelo homem (ações humanas) é agora<br />
descartada. Em segundo lugar, o entendimento tem<br />
se expandido com a mudança de ideias sobre causas<br />
e efeitos, diretos e indiretos. Em terceiro lugar, os desastres<br />
são eventos complexos com resultados multidimensionais:<br />
socioeconômico, cultural, político, humanitário<br />
e físico. 33<br />
Um desastre natural pode ser definido como a interação<br />
entre um perigo natural, gerado na maioria dos casos<br />
por um evento repentino e inesperado, e de condições<br />
vulneráveis que causam perdas severas para os homens<br />
e para seu ambiente (natural e construído). Essas perdas<br />
criam um sofrimento e um caos nos padrões normais da<br />
vida que conduzem à ruptura socioeconômica, cultural e<br />
política. Uma situação assim requer uma intervenção estrangeira<br />
nos níveis nacionais e internacionais para uma<br />
resposta individual e coletiva. 34<br />
De 1970 a 1980, desastres naturais mataram três<br />
milhões de pessoas e afetaram outros 800 milhões<br />
mais. Em 1990, os desastres naturais causaram perdas<br />
de US$ 47 bilhões. Falando de uma maneira mais<br />
ampla, ambos os danos (físicos e mortes) têm tido<br />
uma tendência crescente em países em desenvolvimento.<br />
Nos países desenvolvidos, perdas econômicas<br />
crescentes foram acompanhados por uma baixa<br />
em fatalidades. 35 Mesmo assim, o impacto sobre as<br />
perdas econômicas é desproporcional, sendo maior<br />
nos países em desenvolvimento, devido a sua escassez<br />
de recursos e a sua baixa produtividade. Entre<br />
as possíveis razões para a tendência ascendente em<br />
níveis de perda para países em desenvolvimento, encontra-se<br />
o crescimento das vulnerabilidades sociais,<br />
econômicas e físicas. 36<br />
Geralmente, eventos naturais, como processos geofísicos,<br />
não estão crescendo, mas desastres naturais<br />
estão, especialmente em países em desenvolvimen-<br />
20<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
to. A frequência e a magnitude de desastres naturais<br />
têm crescido dramaticamente no mundo todo. O número<br />
de desastres naturais e suas perdas econômicas<br />
escalaram de dezesseis eventos e perdas de US$ 10<br />
bilhões em 1960, para vinte e nove eventos e perdas<br />
de US$ 30 bilhões nos anos 1970, para 68 eventos e<br />
perdas de 93 US$ bilhões nos anos 1980. 37<br />
Globalmente, o número de desastres hidrológicos<br />
(como enchentes e ciclones) é maior que o número<br />
de desastres geológicos (terremotos, erupções vulcânicas<br />
e desabamentos de terra). Entre 1947 e 1981,<br />
foram 554 desastres hidrológicos, comparado-se com<br />
208 geológicos. Dentre essas duas categorias, as enchentes<br />
foram as mais frequentes (45%), seguida de<br />
ciclones (26%) e terremotos (21%). Por mais que as<br />
enchentes sejam o tipo de desastre mais frequente,<br />
terremotos e ciclones tropicais causam a maior parte<br />
das fatalidades. 38<br />
A figura seguinte explica como os desastres naturais<br />
chegam a afetar tanto as pessoas quanto o ambiente<br />
no qual elas vivem. As pessoas podem sofrer graves<br />
injúrias, amputações, estresse traumático e mortes,<br />
já a estrutura física é abalada e também impossibilita<br />
o acesso a recursos naturais como a água. Tudo isso<br />
resulta na interrupção da vida cotidiana do ser humano,<br />
gerando problemas socioseconômicos, culturais<br />
e políticos. Esses problemas devem ser resolvidos no<br />
âmbito nacional, com a ajuda do governo, de organizações<br />
não governamentais e da mídia nacional, no<br />
âmbito internacional, com a ajuda de outros governos<br />
e também da mídia internacional. A comunidade<br />
e o indivíduo devem se ajudar com um mecanismo de<br />
cooperação mutua. 39<br />
Antes de especificarmos o papel do Banco Mundial na<br />
prevenção de desastres naturais, devemos destacar<br />
como foram reportados os principais desastres naturais<br />
nos últimos anos. Evidenciando os problemas, em<br />
2010, os desastres naturais mataram mais de 297.000<br />
pessoas no mundo, afetaram mais de 217 milhões de<br />
outras e causaram danos de US$ 123,9 bilhões. Um<br />
total de 131 países foram afetados por esses desastres<br />
naturais, porém, apenas dez países foram afetados<br />
por 120 dos 385 desastres naturais (31,2% do total).<br />
Similar a anos antes, China, Índia, Filipinas, Estados<br />
Unidos e Indonésia foram os países mais afetados por<br />
desastres naturais. 40
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Natural Hazards<br />
Interaction between natural<br />
events system (geophysical<br />
processes) & human use<br />
systemn (socio-economic,<br />
cultural & physical<br />
conditions)<br />
Eects<br />
Relief and Aid Social Coping Mechanisms<br />
Figura: EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries. p. 5.<br />
Representando 98,6%; 95% e 89% do total de mortes em<br />
desastres reportados, as vítimas e os danos, respectivamente,<br />
fizeram o ranking dos dez países mais afetados.<br />
Seis dos dezenove países estão localizados na Ásia, representando<br />
87,7% das vítimas reportadas. Seis outros países<br />
estão localizados nas Américas. 41<br />
Esses países contam com 75,4% das mortes causadas por<br />
desastres naturais pelo mundo. A maioria deles foi afetada<br />
• Population growth<br />
• Poverty & rapid urbanisation<br />
• Environmental degradation<br />
• Poor housing conditions<br />
• Inadequate resources<br />
• Political instability<br />
International National Community Individual<br />
• Relief<br />
organisations<br />
• Foreign countries<br />
• International<br />
media<br />
• Relief<br />
organisations<br />
• Government<br />
• National media<br />
Natural Disasters<br />
• Local government<br />
• Community`s<br />
leaders &<br />
organisations<br />
• Community`s<br />
resources<br />
• Local media<br />
Vulnerable Conditions<br />
Environment People<br />
Damage to buildings,<br />
infrastructure and natural<br />
resources<br />
Outcomes<br />
Interruption of normal ways of life<br />
(Socio-economic, cultural &<br />
sometimes political disruption)<br />
Responses<br />
• Injuries & disablements<br />
• Deaths<br />
• Traumatic stresses<br />
• Social problems (widows,<br />
orphans, etc.<br />
• Savings &<br />
resources<br />
• Family & friends<br />
• Kinship networks<br />
• Previous<br />
experiences with<br />
disaster<br />
no mês de janeiro de diferentes anos. O terremoto no Haiti,<br />
por exemplo, que aconteceu dia 12 de janeiro de 2010,<br />
provocou 222.570 mortes. 42<br />
O Haiti teve mais de 39% de sua população atingida pelo terremoto.<br />
Além desse país, muitas mortes foram reportadas<br />
na Rússia, que foi prejudicada por temperaturas extremas,<br />
enchentes e queimadas, causando 55.880 mortes. O último<br />
exemplo representa 2,4% das mortes reportadas em 2010. 43<br />
21
O Paquistão também sofreu o impacto dos desastres<br />
naturais com as enchentes de julho e agosto de 2010,<br />
que causaram 20,4 milhões de vítimas. A Tailândia foi<br />
afetada pelas enchentes, tendo 9 milhões de vítimas. O<br />
terremoto no Chile em fevereiro de 2010 afetou 2,7 milhões<br />
de pessoas, as quais representam 15,7% da população<br />
do país. O terremoto teve os principais danos<br />
econômicos em 2010, com um total de 30 bilhões de<br />
dólares em danos. 44<br />
Diferenciando o ano de 2010 dos anos passados, esse<br />
ano mostrou o impacto devastador que os desastres<br />
naturais podem causar a vidas humanas. Depois de um<br />
ano relativo em 2009, o impacto dos desastres naturais<br />
teve uma mudança para pior em 2010, causando mais<br />
de 297.000 fatalidades. Esse foi o caso, por exemplo,<br />
do ciclone Nargis, no sudeste asiático em 2008, ou do<br />
terremoto Tohoku, que aconteceu recentemente, em<br />
2011, no Japão. Nas últimas quatro décadas, as mortes<br />
em 2010 foram superadas apenas pelo ano de 1970,<br />
quando um ciclone tropical matou mais de 300.000<br />
pessoas em Bangladesh, e em 1983/1984, quando a<br />
seca e a fome associadas causaram mais de 450.000<br />
mortes no continente africano. 45<br />
É dentro desse contexto que entra o papel do Banco<br />
Mundial na assistência a desastres naturais. Perdas<br />
humanas e econômicas causadas por desastres naturais<br />
são bastante expressivas. O impacto dos desastres<br />
22<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Fonte: Banco Mundial. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />
World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 93.<br />
naturais no bem- estar econômico e no sofrimento<br />
humano tem crescido alarmantemente. Nos anos passados,<br />
o terremoto e o tsunami no Oceano Índico mataram<br />
mais de 220.000 pessoas, deixaram 1,5 milhões<br />
de outras sem abrigo, além de enchentes catastróficas,<br />
desabamentos de terra na Guatemala, que mataram<br />
centenas de pessoas e o terremoto na Kashemira, que<br />
matou milhares de outras no Paquistão e na Índia. 46<br />
O Banco Mundial é o maior financiador para a reconstrução<br />
pós-desastres naturais de todo o mundo. O que<br />
isso significa para tomadores de empréstimos que estão<br />
com uma crise severa é que o Banco não financia<br />
soluções para os maiores problemas de reconstrução e<br />
sim para aqueles problemas fragmentados. 47<br />
Quando o Banco responde aos desastres, geralmente<br />
utiliza muitos dos seus mecanismos de financiamento.<br />
Por exemplo, em Honduras, seguido do furacão Mitch<br />
(outubro de 1998), a primeira resposta do Banco foi<br />
um suporte de pagamento através de um crédito de<br />
emergência para reconstrução. Isso foi implementado<br />
para a realocação de sete projetos já existentes e no<br />
redirecionamento de um fundo social para ajudar na<br />
reconstrução. Um outro tipo de empréstimo está sendo<br />
implementado para reduzir a vulnerabilidade através<br />
do fortalecimento das instituições municipais para<br />
administrar os efeitos dos desastres. 48
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
O Banco tem respondido a outros desastres, como o<br />
terremoto que ocorreu na Turquia, na enchente em<br />
Bangladesh (2011), com um tipo similar de financiamento.<br />
A flexibilidade e inovação são essenciais para<br />
que haja sucesso na resposta a um desastre natural.<br />
Dentre as respostas de financiamento do Banco que<br />
mostraram essa flexibilidade e inovação, está o Maharashtra<br />
Earthquake Project (1997), que tentou atender<br />
às necessidades dos mais pobres nômades; a reconstrução<br />
pós o terremoto do Norte da China (1993), que<br />
integrou uma herança cultural em resposta; a reconstrução<br />
após as enchentes no Iêmen (1989), que teve<br />
um efeito particular com a coordenação dos doadores;<br />
a prevenção da seca na Nigéria (1988), que foi bastante<br />
eficiente pelo uso de recursos limitados; e o Fundo de<br />
Investimento Social de Honduras (1999). 49<br />
A relevância das ações tomadas depois de um desastre<br />
natural depende da média do tempo de assistência<br />
para suprir as necessidades do país e reduzir sua vulnerabilidade.<br />
Mesmo assim, as necessidades do país e daqueles<br />
afetados pelo desastre mudam drasticamente<br />
todos os dias depois do desastre. Nos últimos 20 anos,<br />
o financiamento do Banco Mundial tem dado suporte<br />
a sessenta tipos distintos de atividades em resposta<br />
aos desastres, tendo, dessa forma, um alto nível de inovação<br />
e flexibilidade. 50<br />
Os projetos possuem de 1 a 22 tipos de atividades, mas<br />
geralmente tem sido desenhado para prover soluções específicas<br />
para a situação única presente por cada evento,<br />
levando em conta fatores culturais, geográficos e sociais. 51<br />
A durabilidade também é extremamente importante.<br />
No caso de um terremoto, a comida é necessária imediatamente<br />
após o desastre e não depois. Se ela chegar<br />
mais tarde, pode realmente prejudicar a venda de alimentos<br />
colhidos. 52<br />
A atividade mais frequentemente perseguida, o fornecimento<br />
de equipamentos, pode ter uma relevância duvidosa.<br />
Equipamentos especiais conseguidos através de<br />
um empréstimo devem ser usados com eficiência. 53<br />
Para que abrigos de emergência sejam realmente eficientes,<br />
eles devem ser construídos apenas depois de<br />
dada a assistência necessária às vítimas, e é necessário<br />
que esses abrigos sejam estáveis, caso contrário, seria<br />
desperdiçar os recursos fornecidos. 54<br />
Dos projetos completos, em que o tempo entre a<br />
aprovação efetiva foi menor que a média (metade do<br />
portfólio), 86% obtiveram índices satisfatórios. Para<br />
aqueles maiores que a média, apenas 67% obtiveram<br />
índices satisfatórios. Portanto, para projetos que experimentaram<br />
dificuldade em cumprir com eficácia as<br />
exigências, o desempenho foi pequeno se comparado<br />
com aqueles capazes de fazer rápidos desembolsos. 55<br />
Países afetados por desastres naturais geralmente requerem<br />
uma assistência rápida para substituir o capital<br />
perdido e para prevenir que efeitos econômicos negativos<br />
se multipliquem. Para ajudar nessa questão, o<br />
Banco Interamericano de Desenvolvimento estabeleceu<br />
o Emergency Reconstruction Facility, que se compromete<br />
com a soma de US$ 20 milhões nas primeiras<br />
horas depois do desastre. O Banco Mundial não possui<br />
nada similar a isso. Ao contrário, o Banco confia nas realocações<br />
para completar as necessidades expressas.<br />
Infelizmente, a documentação para a realocação é tão<br />
incompleta que não possibilita determinar a atividade<br />
e a utilidade dos financiamentos realocados.<br />
Com base na experiência, no entanto, o Banco tem<br />
sido pressionado em relação à má atuação durante<br />
a primeira parte da resposta aos desastres naturais.<br />
Por exemplo, financiamentos que originalmente pretendiam<br />
melhorar escolas têm sido realocados para<br />
a reconstrução de escolas depois de um furacão ou<br />
erupção vulcânica (o Projeto Básico de Educação em<br />
Honduras, em 1995, e o projeto de Educação e Desenvolvimento<br />
em Papua-Nova Guiné). 56<br />
Quando se trata de ajuda em curto e médio prazo para<br />
os países que foram afetados por um desastre natural,<br />
o Banco Mundial oferece o Empréstimo de Recuperação<br />
de Emergência (ERL – Emergency Recovery Loan),<br />
que consiste em um auxílio no orçamento, assistência<br />
técnica para o planejamento da reconstrução, fornecimento<br />
de suprimentos e reconstrução rápida da infra-<br />
estrutura da região afetada. 57<br />
O Banco se esforça para separar as atividades que se beneficiam<br />
de uma ajuda imediata daquelas que precisam de<br />
um maior planejamento, a médio prazo de recuperação. 58<br />
A redução da vulnerabilidade a longo prazo está fundamentada<br />
em projetos que geralmente se baseiam<br />
em uma reestruturação de infraestrutura ou até mes-<br />
23
mo em uma nova estrutura, que envolve tanto abrigos<br />
para os cidadãos afetados, sistemas de alerta antecipados<br />
e obras para controle de enchentes. Certas atividades<br />
duram um pouco mais de três anos.<br />
Dos 59 projetos concluídos pelo Empréstimo de Recuperação<br />
de Emergência, apenas dez deles tiveram um<br />
acompanhamento após o encerramento de três anos<br />
do projeto.<br />
Com respeito à rapidez da resposta do Banco Mundial,<br />
os projetos para auxílio nos desastres naturais são preparados<br />
e implementados em condições difíceis de<br />
trabalho. Devido a essas dificuldades, as respostas são<br />
mais lentas. Ao se analisarem 528 projetos do Banco,<br />
mesmo aqueles que estão ligados aos empréstimos<br />
de recuperação de emergência, a maioria não obteve<br />
uma resposta rápida. 59<br />
A quantidade média de tempo decorrido entre um<br />
evento de emergência e a concessão de um empréstimo<br />
ou crédito ao Conselho de Administração do<br />
Banco de Administração Executivo foi de 6,7 meses. A<br />
diferença de rapidez entre ERLs (Empréstimos de Recuperação<br />
de Emergência) e projetos de desastres que<br />
recorreram a outros instrumentos era muito pequena.<br />
Os projetos que não pertenciam ao empréstimo de recuperação<br />
de emergência de desastres obtiveram uma<br />
média de sete meses antes de receberem a aprovação<br />
da Diretoria. Para os ERLs, o tempo de preparação durou<br />
em média 6,6 meses, com uma diferença mínima<br />
de 11 dias dos projetos que utilizaram outros meios. 60<br />
Os projetos do Banco possuem um prazo de sete meses<br />
para que se comprove sua eficácia, porém, apenas<br />
27% dos projetos conseguiram atingir a eficácia dentro<br />
do prazo de avaliação da diretoria, que é de quatro<br />
meses. Os projetos em andamento têm levado mais<br />
tempo para atingirem a eficácia apenas em alguns casos,<br />
como o do tsunami no Oceano Índico, Mármara e<br />
Hebei, os terremotos e furacões Mitch, atingiram sua<br />
eficácia rapidamente. Mas, no geral, os projetos mais<br />
recentes são, em média, mais lentos do que aqueles de<br />
alguns anos atrás. 61<br />
Os projetos de desastres, em geral, levam mais tempo<br />
para serem concluídos do que os empréstimos de investimento<br />
regular. Da aprovação do Conselho para<br />
a data final de encerramento do projeto, o tempo de<br />
24<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
execução média do projeto de desastre foi de 6,6 anos,<br />
com média de 7 anos. Em contraste, a carteira total do<br />
Banco demorou menos tempo, com todos os projetos,<br />
tendo um tempo de execução média de 6,1 anos. Mesmo<br />
para projetos de Empréstimo de Recuperação de<br />
Emergência (ERL), que são projetados para atender a<br />
necessidades mais urgentes de um país após um desastre,<br />
o tempo de execução média foi de 3,9 anos. 62<br />
O tempo necessário para concluir um projeto de desastre<br />
tem variado significativamente de acordo com<br />
a diversidade do tipo de desastre e as atividades exercidas<br />
para a sua recuperação. O tempo de implementação<br />
dessas atividades variou de quase 2,5 anos para<br />
7,5 anos. Apesar das várias permutações, cada área de<br />
atividade correspondeu aos tempos médios de conclusão<br />
do projeto, que mostrou variação significativa<br />
entre os tipos de atividade ao longo de um intervalo<br />
de cinco anos. 63<br />
Usando uma visão de longo prazo para selecionar as<br />
ações de curto e médio prazo ao nível do projeto, tem<br />
havido um certo grau de sucesso na redução de vulnerabilidades,<br />
através da construção de moradias seguras<br />
para as vítimas, apoiando a manutenção adequada das<br />
bacias hidrográficas, a alocação de pessoas de zonas<br />
perigosas, monitoramento e sistemas de financiamento,<br />
mas já a situação geral socioeconômica de um país<br />
pode agravar sua vulnerabilidade. Esse tipo de vulnerabilidade<br />
não será reduzido através de um único projeto<br />
de Empréstimo de Recuperação de Emergência. 64<br />
Por experiência do Banco, podemos concluir que uma<br />
resposta rápida ao desastre natural é importante, ao<br />
mesmo tempo, é igualmente importante identificar<br />
as vulnerabilidades locais e determinar como reduzi-<br />
-las, com o objetivo de obter soluções duradouras. Os<br />
desastres poderão sempre causar algum tipo de dano,<br />
mas o desenvolvimento sustentável poderá limitar a<br />
dimensão da gravidade desse desastre.<br />
De acordo com um estudo do Banco Mundial (Facts &<br />
Figures on Natural Disasters), de 2005, os custos dos danos<br />
dos desastres naturais estão crescendo, sendo hoje<br />
15 vezes maiores do que eram em 1950. O número de<br />
desastres cresceu de menos de 100 em 1975 para mais<br />
de 400 em 2005. Aproximadamente 2,6 bilhões de pessoas<br />
foram afetadas por desastres naturais nos últimos<br />
anos, comparado a 1,6 bilhões nas últimas décadas. 65
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
De acordo com o mesmo estudo, o gasto do Banco<br />
Mundial com desastres naturais tem crescido. Citando<br />
alguns desastres recentes, por exemplo, o terremoto no<br />
Paquistão/Norte da Índia/Afeganistão, de outubro de<br />
2005, teve 7,6 em magnitude e matou 87.000 pessoas.<br />
O financiamento do Banco Mundial nessa situação foi de<br />
470 milhões de dólares para a reconstrução de casas, financiamento<br />
de importação e em construção. O furacão<br />
Katrina, que aconteceu em Louisiana em agosto de 2005,<br />
matou 1.422 pessoas, causando US$ 75 bilhões em danos.<br />
Esse foi o furacão mais custoso economicamente na<br />
história dos Estados Unidos. O tsunami asiático em dezembro<br />
de 2004. de magnitude 9,0, causou 224.000 mortes<br />
e deixou 1,8 milhões de pessoas desabrigadas. Esse<br />
acontecimento proporcionou aos países perdas econômicas<br />
que totalizaram US$ 7 bilhões. O Banco Mundial<br />
participou da reconstrução desses países, financiando<br />
para a Índia US$ 528,5 milhões, para a Indonésia, US$ 395<br />
milhões, e para o Sri Lanka, US$ 150 milhões. 66<br />
Segundo o portfólio do Banco, 528 projetos foram<br />
realizados de 1985 a 2005. Para o IEG – Independent<br />
Evaluation Group (o qual avalia as atividades do Banco<br />
Mundial), se tivermos que citar as respostas mais úteis<br />
para os desastres naturais recentes, devemos destacar<br />
os seguintes pontos: 67<br />
1. desenvolver planos de emergência. Ter certeza<br />
de que avisos prévios possam chegar às pessoas<br />
mais vulneráveis. Essas pessoas devem saber o que<br />
fazer, aonde ir e como proteger-se;<br />
2. abastecer as comunidades carentes de materiais<br />
de emergência como água purificada em tablets,<br />
macas, serras elétricas, lanternas, lonas de plástico<br />
e material de primeiros socorros;<br />
3. dedicar as áreas desocupadas para usos específicos<br />
quando são removidas as pessoas das áreas<br />
de inundação;<br />
4. construir casas e infraestrutura para resistir a<br />
futuros desastres. Por exemplo, fornecer telhados<br />
com alças para proteção contra furacões,e reforços<br />
de aço nos cantos dos telhados para torná-los resistentes<br />
a terremotos;<br />
5. construir hospitais resistentes a desastres, incluindo<br />
estradas, água e acesso à eletricidade;<br />
6. preservar as redes sociais quando forem feitas as<br />
realocações em áreas longínquas e perigosas;<br />
7. proporcionar oportunidades dignas e sempre<br />
que possível ajudar as pessoas a cuidarem das próprias<br />
construções;<br />
8. proporcionar às vítimas dos desastres algum dinheiro<br />
para que possam comprar o próprio abastecimento,<br />
abrigo etc., ao invés de proporcionar itens<br />
que podem não ser apropriados;<br />
9. assegurar que as estruturas sejam mantidas adequadamente;<br />
10. considerar as diferenças de gênero ao conceber<br />
a resposta, pois os desastres afetam homens e mulheres<br />
de formas diferentes.<br />
PANORAMA<br />
Países com maiores riscos econômicos a desastres<br />
naturais<br />
Apesar de os Estados Unidos e o Japão terem o maior<br />
risco e exposição a desastres naturais, são as economias<br />
emergentes, como China, Índia, Filipinas e Indonésia<br />
que possuem o maior risco para os investidores<br />
devido à falta de capacidade em combater os impactos<br />
dos desastres naturais. De acordo com um estudo<br />
da Organização Maplecroft e seu Atlas sobre Riscos de<br />
Desastres Naturais, publicado em 2011 (Natural Hazard<br />
Risk Atlas), os países citados não estão apenas<br />
com alto, mas sim extremo risco de exposição econômica<br />
a desastres naturais como terremotos, tsunamis,<br />
ciclones tropicais, enchentes e secas. 68<br />
Dos 196 países, os Estados Unidos (1), Japão (2), China<br />
(3) e Taiwan (4) foram as únicas nações categorizadas<br />
com risco extremo para exposição econômica<br />
absoluta a desastres naturais. Apesar disso, as maiores<br />
economias emergentes, como México (5), Índia<br />
(6), Filipinas (7), Turquia (8) e Indonésia (9) são classificadas<br />
como alto risco e associadas no TOP 10. Itália<br />
(10) e Canadá (11) são os países restantes qualificados<br />
como de alto risco.<br />
25
Desastres naturais têm sido mais caros para a economia<br />
mundial em 2011 até agora do que em qualquer outro<br />
ano registrado. O tsunami no Japão, os tornados noss<br />
EUA, o terremoto Christchurch e as inundações na Austrália<br />
têm contribuído para um total de US$ 265.000 milhões<br />
em massa para os primeiros seis meses do ano.<br />
A exposição econômica, porém, é apenas metade da história.<br />
Países como os EUA e o Japão são classificados como<br />
de “baixo risco“ em riscos naturais da Maplecroft – Socioeconômico,<br />
índice de resiliência, enquanto China, Índia,<br />
Filipinas e Indonésia estão na categoria de “alto risco”.<br />
OEA<br />
A OEA (Organização dos Estados Americanos), fundada<br />
em 1948, é o mais antigo organismo regional no<br />
planeta. Ela foi criada para:<br />
Alcançar nos estados-membros uma ordem de paz e justiça<br />
para promover a solidariedade, intensificar sua colaboração e<br />
defender a soberania, integridade territorial e independência. 69<br />
Atualmente, a OEA possui 35 estados-membros e é o<br />
principal fórum governamental político, jurídico e social<br />
do Hemisfério Sul. Os principais pilares em que a<br />
OEA se baseia são: democracia, direitos humanos, segurança<br />
e desenvolvimento. 70<br />
A Assembleia Geral da OEA reconhece a importância<br />
de reduzir a vulnerabilidade dos países a desastres<br />
naturais, mediante o emprego apropriado de práticas<br />
de desenvolvimento sustentável. Objetiva também o<br />
fortalecimento das atividades de planejamento e gestão<br />
de situações de emergência, os quais são cada vez<br />
mais frequentes em nosso hemisfério. 71<br />
No ano de 1999, a Assembleia Geral da OEA, mediante<br />
a resolução AG/RES (XXXO-99), criou a Comissão Interamericana<br />
de Redução de Desastres Naturais (CIRDN),<br />
que possui mecanismos de redução de desastres, sendo<br />
o principal foro na organização para tratar de assuntos<br />
relacionados.<br />
A CIRDN também coopera para a prevenção e mitigação<br />
do efeito dos desastres em coordenação com os<br />
governos dos estados-membros, organizações nacio-<br />
26<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
nais, regionais e internacionais, bem como com organizações<br />
não governamentais. 72<br />
A CIRDN visa, ainda, o fortalecimento das ações hemisféricas<br />
para a consecução da máxima cooperação<br />
internacional, em apoio aos esforços nacionais e/ou regionais<br />
para a prevenção, preparação, alerta e atendimento<br />
de emergência a vítimas de desastres naturais. 73<br />
OC<strong>DE</strong><br />
A OC<strong>DE</strong> (Organização para Cooperação e de Desenvolvimento<br />
Econômico) é uma organização internacional<br />
que possui 34 países, os quais pregam os princípios da<br />
democracia representativa e da economia de livre mercado.<br />
A maior parte dos membros da organização são<br />
economias de alta renda com um alto índice de desenvolvimento<br />
humano. 74<br />
Foi criada em 1948, junto à Organização para a Cooperação<br />
Econômica (OECE), pelo francês Robert Marjolin,<br />
para ajudar na administração do Plano Marshall e na<br />
reconstrução da Europa após a Segunda Guerra. 75<br />
Para a OC<strong>DE</strong>, a administração de risco eficaz é uma preocupação<br />
premente para as agências de desenvolvimento<br />
e de governos de países em desenvolvimento. De fato, na<br />
medida em que recursos são efetivamente aplicados para<br />
mitigar e lidar com os desastres, há uma imediata consequência<br />
para o crescimento e desenvolvimento.<br />
Em seu atual programa de trabalho, o Centro de Desenvolvimento<br />
da OC<strong>DE</strong> procura explorar formas com<br />
que os países em desenvolvimento possam aumentar<br />
sua capacidade de adaptação. No caso dos desastres<br />
naturais, a capacidade de adaptação pode ser definida<br />
como a vulnerabilidade da sociedade diante de um desastre<br />
e a sua capacidade após o fato.<br />
Agências internacionais e o setor privado podem desempenhar<br />
a sua parte explorando formas de criar instrumentos<br />
financeiros inovadores para administrar o<br />
risco de desastres e fornecer seguro contra eles.<br />
Ações conjuntas podem acelerar o retorno a uma trajetória<br />
de crescimento sustentável. Conjuntos de dados<br />
como a OFDA/CRED (US Office of Foreign Disaster As-
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
sistance/ Centre for Research on the Epidemiology of<br />
Disasters) estão sujeitos a preocupações legítimas sobre<br />
cobertura, consistência e completude, as mesmas<br />
preocupações que atormentam a maioria dos países. 76<br />
A escolha que os doadores possuem se baseia entre financiar<br />
o Banco Mundial com empréstimos e prover habilidade<br />
em lidar com os danos e outras formas de assistência.<br />
Mais importante é prover a segurança para que haja uma<br />
maior propensão ao bem-estar. O objetivo dos seguros<br />
privados é engrossar os mercados domésticos financeiros<br />
em geral, proporcionando uma maior oportunidade às famílias<br />
e empresas para mitigar esses riscos.<br />
ASEAN<br />
A ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) é<br />
um bloco econômico que foi criado no ano de 1967. É<br />
hoje composto por dez países do sudeste asiático: Tailândia,<br />
Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Brunei,<br />
Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja. 77<br />
A zona de livre comércio da associação começou a ser implantada<br />
no ano de 1992 e de forma gradativa ainda está<br />
em processo de implantação. Além do objetivo de estimular<br />
o comércio de produtos e serviços, o bloco quer criar condições<br />
de estabilidade política e econômica na região para<br />
permitir um ambiente mais propício ao comércio e proporcionar<br />
a integração cultural e o desenvolvimento social. 78<br />
Em se tratando de desastres naturais, a ASEAN realizou<br />
uma cúpula em outubro de 2009, em que comprometeu-se<br />
a integrar esforços para elevar os níveis de<br />
preparo para reduzir os riscos de desastres naturais. A<br />
ASEAN está respondendo a uma série de desastres naturais,<br />
principalmente aqueles que ocorreram nos oceanos<br />
Índico e Pacífico, incluindo o tsunami que matou<br />
220.000 pessoas em dezembro de 2004. 79<br />
Dados recentes da ONU mostram que a Ásia é o local<br />
onde mais acontecem desastres naturais, sofrendo<br />
uma média de 250 catástrofes por ano, contra 75 em<br />
1980. O Sudeste Asiático responde sozinho por cerca<br />
de 60% desses desastres em todo o mundo. 80<br />
Os esforços da ASEAN acertaram uma meta sobre a criação<br />
de um projeto sob um acordo à resposta e administra-<br />
ção de desastres naturais. Os esforços para uma resposta<br />
cooperativa ao ciclone birmanês teve um certo sucesso,<br />
com US$ 103 milhões para ajuda a emergências.<br />
Um nível muito baixo de conscientização dos riscos<br />
potenciais foi citado como a principal razão sobre o<br />
número de mortes. Em contraste, o tsunami nas Ilhas<br />
Salomão teve um impacto relativamente menor, porque<br />
os habitantes das zonas costeiras tinham um<br />
maior conhecimento histórico sobre os tsunamis na<br />
região, evacuando-a sem esperar por um aviso oficial. 81<br />
Em se tratando de coordenação, os governos foram<br />
obrigados a cooperar em níveis locais e regionais para<br />
remover gargalos logísticos e operacionais e para garantir<br />
os recursos adequados. A Austrália, por exemplo,<br />
anunciou, em Hua Hin, que iria estabelecer uma<br />
força de reação rápida permanente de 500 equipes de<br />
emergência civil para responder a acidentes. O encontro<br />
observou a necessidade de um novo centro para<br />
coordenar as atividades em nível regional, possivelmente<br />
inspirado no centro de preparação baseado em<br />
pesquisa em desastres asiáticos sediada em Bangkok.<br />
Há também disposição para uma abordagem unificada<br />
através do Centro de Coordenação e Assistência Humanitária<br />
da ASEAN, mas os países têm sido relutantes<br />
em ceder autoridade operacional. 82<br />
Ponderações – Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
Os impactos dos desastres são, entre muitos, perdas<br />
humanas, físicas e, principalmente, em longo prazo,<br />
perdas econômicas. Um simples impacto, ao afetar um<br />
país em desenvolvimento, deixa sua economia, que estava<br />
se estruturando, completamente abalada.<br />
Após os senhores delegados terem sido apresentados aos<br />
impactos e ao papel do Banco Mundial na reconstrução e<br />
reestruturação dos países, devemos ressaltar certos tópicos,<br />
os quais são indispensáveis para a discussão.<br />
1. Como os desastres naturais são relacionados ao<br />
escopo do Banco Mundial?<br />
2. Quais medidas podem ser realizadas para aumentar<br />
os benefícios dos projetos do Banco? Em<br />
outras palavras, como o Conselho pode ajudar a<br />
27
eduzir os impactos causados pelos desastres naturais?<br />
Como países desenvolvidos e em desenvolvimento<br />
podem trabalhar juntos para resolverem<br />
essas questões?<br />
3. O que os países em desenvolvimento devem fazer,<br />
como principais afetados pelo tema, para que possam<br />
se beneficiar ainda mais dos programas do Banco?<br />
4. Atualmente, o Banco Mundial tem desempenhado<br />
um papel importante na prevenção e na reparação<br />
dos estragos causados pelas catástrofes da natureza,<br />
mas, como já visto anteriormente, seu programa de<br />
empréstimo de recuperação de emergência não está<br />
sendo tão eficaz quanto deveria. Por isso, quais ações<br />
podem ser colocadas em prática para que os programas<br />
do Banco Mundial sejam feitos com mais eficácia e<br />
rapidez? Como os países desenvolvidos podem ajudar<br />
nesse problema?<br />
5. Quais medidas devem ser tomadas por toda a<br />
comunidade internacional para desenvolver e melhorar<br />
os canais de informação e data sobre os desastres<br />
naturais?<br />
6. Como os países, junto às instituições internacionais,<br />
como o Fundo Monetário Internacional, lidam com situações<br />
de emergência no âmbito internacional?<br />
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28<br />
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Burton et al, 1978 Departament of Humanitarian Affairs, 1993, p. 27.<br />
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9. Idem.<br />
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11. TEIXEIRA, Caio Mascarello; BROCHIER, Lídia. Migrants and Remittances<br />
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7/09/2011.<br />
12. Idem.<br />
13. Idem.<br />
14. World Bank Report. The World Bank Group`s response to the<br />
Global Crisis. Disponível em: http://siteresources.worldbank.org/<br />
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15. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 59.<br />
16. Idem.<br />
17. Idem.<br />
18. Idem.<br />
19. Guha-Sapir, Hargitt, and Hoyois. Thirdy years of Ntural Desasters.<br />
1974-2003.The Numbers. Centre of Research on the Epidomiology<br />
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20. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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acesso: 19/11/11.<br />
21. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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Acesso: 19/11/11.<br />
22. Banco Internacional Para Reconstrução e Desenvolvimento<br />
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23. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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29
24. Associação Internacional de Desenvolvimento (AID).Disponível<br />
em: www.worldbank.org/ida. Ultimo acesso: 19/11/11.<br />
25. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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acesso: 19/11/11.<br />
26. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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acesso: 19/11/11.<br />
27. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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acesso: 19/11/11.<br />
28. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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acesso: 19/11/11.<br />
29. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p 65. Último<br />
acesso: 19/11/11.<br />
30. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 66.<br />
31. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
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23/11/11.<br />
32. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. P. 70. acesso:<br />
23/11/11.<br />
33. EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and<br />
natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries.<br />
p. 1.<br />
34. UNCHS, 1991b, p 106.<br />
35. Burton et al, 1978. Departament of Humanitarian Affairs, 1993<br />
, p. 27.<br />
36. Loc.cit. p 27.<br />
37. EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty<br />
and natural disasters. Vulnerability of settlements in developing<br />
countries.p. 4.<br />
30<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
38. EL-MASRI, Souheil, TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty<br />
and natural disasters. Vulnerability of settlements in developing<br />
countries.p. 4.<br />
39. EL-MASRI, Souheil, TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and<br />
natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries.<br />
p. 4.<br />
40. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />
Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p 12.<br />
41. Loc. cit.<br />
42. No dia 12 de janeiro de 2011, o primeiro-ministro do Haiti adicionou<br />
93.430 vítimas, totalizando 316.000 mortes.<br />
43. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />
Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p..10.<br />
44. Loc. cit.<br />
45. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />
Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p. 21.<br />
46. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. xix.<br />
47. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 32.<br />
48. Ibidem, p. 17.<br />
49. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 29.<br />
50. IEG, op. cit. p. 29.<br />
51. IEG, op. cit. p. 29.<br />
52. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 30.<br />
53. IEG, op. cit. p. 30.<br />
54. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 30.<br />
55. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
56. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. P. 29.<br />
57. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31.<br />
58. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 29.<br />
59. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 32.<br />
60. IEG, op. cit. p. 32.<br />
61. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 33.<br />
62. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31.<br />
63. Loc. cit. p. 32.<br />
64. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />
of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 33.<br />
65. Facts and Figures on Natural Desasters. From the authors of<br />
Hazards of Nature, Risks Development – EIG. p. 2. Disponível em:<br />
http://www.worldbank.org/ieg/naturaldisasters/docs/natural_disasters_fact_sheet.pdf.<br />
Último acesso: 03/10/2011.<br />
66. Ibidem, p. 3.<br />
67. Ibidem, p.10.<br />
68. Maplecroft: Risk, Responsibility and Reputation. 2011. Disponível<br />
em: http://maplecroft.com/about/news/natural_hazards_2011.html.<br />
Último acesso: 20/11/11.<br />
69. Organização dos Estados Americanos: http://www.oas.org/pt/<br />
sobre/quem_somos.asp. Acesso em: 23/11/11.<br />
70. Organização dos Estados Americanos. Relatório da primeira<br />
reunião da Comissão Interamericana de Redução de Desastres Naturais<br />
(CIRDN) CP/CSH-926/07. Disponível em: http://www.oas.org/<br />
pt/default.asp. Último acesso: 24/11/11.<br />
71. Idem.<br />
72. CP/RES. 792 (1277/01) ESTATUTO DA COMISSÃO INTERAMERI-<br />
CANA <strong>DE</strong> REDUÇÃO <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>SASTRES NATURAIS . 16/11/2011.<br />
73. Idem.<br />
74. OC<strong>DE</strong>. Disponível em: http://www.oecd.org/home/0,2987,<br />
en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html. Último Acesso: 24/11/11.<br />
75. Idem.<br />
76. SRINIVASAN, T.N. (1994), Data Base for Development Analysis,<br />
Journal of Development Economics, Vol. 44.<br />
77. JOHNSON, Jeff Dayton. Market Acees, Capacity Building and<br />
Competitiveness. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/<br />
blocoseconomicos/asean.htm. Último acesso: 24/11/11.<br />
78. Idem.<br />
79. Asean Adresses Natural Desaster Risk. Disponível em: http://<br />
www.forbes.com/2009/10/29/south-east-asia-business-oxford-<br />
-asean.html. Último acesso: 23/11/11.<br />
80. Idem.<br />
81. Idem.<br />
82. Asean Adresses Natural Disaster Risk. Disponível: http://www.<br />
forbes.com/2009/10/29/south-east-asia-business-oxford-asean.<br />
html. Acesso em: 23/11/11.<br />
31
CSNU – Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas<br />
A iminente expansão de armas nucleares: a adesão<br />
de novos países ao Protocolo Adicional do Tratado<br />
de Não Proliferação (TNP)
Caros delegados,<br />
34<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
É com muito prazer e alegria que lhes damos as boas-vindas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas no VIII<br />
Fórum FAAP. Primeiramente gostaríamos de nos apresentar.<br />
O Conselho de Segurança das Nações Unidas será dirigido por Guilherme Ferraz Callegaretti, 20 anos, aluno do 5º<br />
semestre de Relações Internacionais. Iniciou sua experiência em 2011 no VII Fórum FAAP como diretor acadêmico<br />
do Conselho de Segurança, tratando do tema O Avanço Petrolífero em Tempos de Guerra Civil: a Questão da Nigéria. No<br />
segundo semestre de 2011, foi diretor acadêmico do Grupo de Trabalho 4, Políticas Públicas de Saúde Familiar, do V<br />
Fórum FAAP de Desenvolvimento, em Ribeirão Preto.<br />
Flávio Alexandre Nóbrega, 20 anos, está cursando o 5º semestre de Relações Internacionais e iniciou sua experiência<br />
em 2011 no VII Fórum FAAP como voluntário acadêmico do Conselho de Segurança. Nesse mesmo ano, participou<br />
como diretor acadêmico do Grupo de Trabalho 1, Saneamento Básico e Doenças Infecciosas, do V Fórum FAAP de<br />
Desenvolvimento, em Ribeirão Preto.<br />
André Darre Cornetta, 19 anos, também está cursando o 5º semestre de Relações Internacionais e esta é a primeira<br />
vez que é diretor deste evento, mas, com muito entusiasmo e empolgação, está apto a realizar os trabalhos do Comitê<br />
com total excelência.<br />
O Fórum FAAP é muito mais que um evento de simulação de organizações internacionais, é uma oportunidade<br />
ímpar de crescimento. Todos os envolvidos nessa simulação – delegados, diretores, voluntários e professores – ensinam<br />
e aprendem, deparam-se com seus medos e inseguranças, superando-se a cada momento. Além da simulação<br />
envolvida, acreditamos que o objetivo do Fórum FAAP é mudar vidas, proporcionando a todos que participam desse<br />
evento um novo rumo a seguir, tanto profissional quanto pessoalmente.<br />
O tema A Iminente Expansão de Armas Nucleares: a Adesão de Novos Países ao Protocolo Adicional do Tratado de<br />
Não Proliferação (TNP) foi escolhido devido à atenção que as armas nucleares vêm ganhando nos Estados e na mídia<br />
em geral nos últimos anos. A proliferação desse tipo de armamento e tecnologia está cada vez mais acessível e<br />
há a necessidade de uma maior regulamentação e fiscalização por parte da Organização das Nações Unidas. Tendo<br />
em vista esse problema, que pode resultar em uma guerra com fins altamente devastadores, nós contamos com os<br />
senhores para ajudar a solucionar um problema de extrema importância, e assim contribuir com decisões que vão<br />
colaborar com a segurança e a paz mundiais.<br />
ANDRé DARRE CORNETTA<br />
fLáVIO ALEXANDRE NóBREGA<br />
GUILHERME fERRAz CALLEGARETTI<br />
Diretores Acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Introdução<br />
Após o caos gerado pela Segunda Guerra Mundial, diversos<br />
países acreditavam na importância da criação<br />
de uma organização internacional que buscasse a paz<br />
mundial e que servisse como uma plataforma para o<br />
diálogo entre os países, buscando dessa forma resolver<br />
conflitos globais. Originou-se assim, no dia 25 de abril<br />
de 1945, em São Francisco, Estados Unidos, a Organização<br />
das Nações Unidas (ONU).<br />
Atualmente, a ONU possui 193 estados-membros e<br />
discute sobre diversos e amplos temas, como meio<br />
ambiente, saúde e direitos humanos; para cada tema<br />
existe um comitê específico, que é uma ramificação, ou<br />
seja, uma instância administrativa da própria ONU.<br />
O Comitê retratado neste documento é o Conselho de<br />
Segurança, responsável por qualquer assunto relacionado<br />
à segurança internacional. Diferentemente dos<br />
outros órgãos da ONU, o Conselho de Segurança tem o<br />
poder de impor decisões obrigatórias aos seus estados-<br />
-membros, além de poder impor sanções como, por<br />
exemplo, intervenções militares a determinado país.<br />
O tema em questão, A Iminente Expansão de Armas<br />
Nucleares: a Adesão de Novos Países ao Protocolo Adicional<br />
do Tratado de Não Proliferação (TNP), é muito<br />
delicado, pois envolve uma série de acusações sérias,<br />
como as de que o Irã está desenvolvendo secretamente<br />
uma bomba nuclear, por exemplo; além disso, incide<br />
diretamente sobre a soberania de cada país, por isso<br />
tamanha dificuldade de alguns países aderirem ao protocolo<br />
adicional. Algumas nações não querem ter seus<br />
segredos atômicos revelados para o resto do mundo,<br />
por isso hesitam em assinar o protocolo adicional pois<br />
o consideram uma medida demasiadamente invasiva.<br />
Tal tema, por estar intensamente relacionado aos assuntos<br />
de paz e de segurança internacionais, é pertinente às<br />
discussões do Conselho de Segurança, que possui justamente<br />
esse objetivo, o de buscar resolver tais conflitos<br />
internacionais, visando sempre a paz entre os países.<br />
Histórico do Comitê<br />
O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) foi<br />
criado após a Segunda Guerra Mundial e, para entender<br />
o seu funcionamento, é necessário entender o que ocorria<br />
no contexto mundial logo após sua criação. Antes do<br />
CSNU, havia um organismo denominado Conselho da<br />
Liga das Nações, que visava a importância de um mecanismo<br />
de segurança para todos os países-membros.<br />
Porém, o órgão em questão continha inúmeras falhas e<br />
assim havia a necessidade de criar um novo organismo<br />
com o mesmo objetivo, porém, sem os mesmos erros. 1<br />
Como a segurança coletiva é algo de extrema importância,<br />
o Conselho de Segurança das Nações Unidas foi<br />
fundado através do artigo de número 7 da Carta das<br />
Nações Unidas 2 em1945. De acordo com o capítulo V<br />
dessa Carta 3 , o Conselho de Segurança é um órgão restrito<br />
da Organização das Nações Unidas e o seu papel<br />
principal é a manutenção da paz e da segurança internacionais,<br />
além de investigar qualquer disputa ou situação<br />
que possa levar a um conflito internacional e recomendar<br />
métodos de ajustamento para tais disputas. 4<br />
Visando a melhor representação das potências mundiais,<br />
o CS foi formado por cinco membros permanentes,<br />
sendo eles: República da China (República Popular<br />
da China), França, Reino Unido, Estados Unidos da<br />
América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas<br />
(URSS, Federação Russa nos dias atuais). 5 A escolha<br />
desses países foi baseada no cenário pós-Segunda<br />
Guerra Mundial, da qual estes saíram vitoriosos.<br />
Outro ponto a ser levantado é o fato de esses cinco<br />
membros serem os únicos países permitidos a possuir<br />
armas nucleares, segundo o Tratado de Não Proliferação<br />
Nuclear. 6 Além disso, essas nações possuem<br />
o poder de veto, no qual qualquer votação não procedimental<br />
precisa da aprovação unânime dos cinco<br />
membros, ou seja, se algum dos cinco membros permanentes<br />
votar contra uma cláusula ou resolução, esta<br />
automaticamente não será aprovada. 7<br />
Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo vivia sob<br />
duas potências hegemônicas (Estados Unidos e URSS),<br />
período denominado de Guerra Fria. 8 Como consequência,<br />
em 1965 foi deferida a Emenda 1991 à Carta das<br />
Nações Unidas 9 , que determinava um aumento de seis<br />
para dez membros rotativos, respeitando uma distribui-<br />
35
ção geográfica e equitativa. Sendo assim, deveria haver<br />
três países representando a África, dois o continente asiático,<br />
dois a região da América Latina e dois da Europa<br />
Ocidental e Europa Oriental. 10 Portanto, o Conselho de<br />
Segurança é composto por membros permanentes e<br />
não permanentes, que são escolhidos pela Assembleia<br />
Geral e permanecem durante um período de dois anos,<br />
sendo metade das cadeiras alteradas anualmente. As seções<br />
deste ano serão compostas pelos seguintes membros:<br />
África do Sul, Alemanha, Bósnia-Herzegovina, Brasil,<br />
Colômbia, Gabão, Índia, Líbano, Nigéria e Portugal. 11<br />
A presidência do Conselho de Segurança é rotativa, alternando<br />
em turnos com duração de um mês, dentre<br />
seus estados-membros, e que são definidos por ordem<br />
alfabética na língua inglesa. Se algum deles violar os<br />
princípios presentes na Carta das Nações Unidas, o<br />
Conselho de Segurança, através da Assembleia Geral,<br />
tem o poder de recomendar a expulsão ou até mesmo<br />
a suspensão do membro do comitê. 12<br />
Em 1971, houve a troca da cadeira entre a República da<br />
China, com sua capital Taipei, e passou a ser membro<br />
permanente a República Popular da China, com capital<br />
em Pequim. Em 1991, ocorreu a dissolução da União das<br />
Repúblicas Socialistas Soviéticas, o que fez com que a<br />
Federação Russa assumisse o antigo lugar desta no CS. 13<br />
O Conselho de Segurança é o principal órgão da ONU,<br />
possuindo caráter mandatório, o que significa que tem a<br />
capacidade de ordenação perante os estados-membros<br />
e as instituições. 14 Sua principal função é a de manter a<br />
paz e a segurança internacionais, recomendando, investigando<br />
ou mediando, a fim de interferir nos conflitos<br />
entre países, objetivando encontrar um acordo de paz<br />
entre os envolvidos, tendo em vista o bem-estar de suas<br />
respectivas populações. É também responsável por autorizar<br />
o uso da força, através do envio de operações<br />
militares para manter a paz, por exemplo, impondo sanções<br />
econômicas ou embargos militares ou então mandando<br />
cessar fogo no caso de uma guerra. 15<br />
Uma resolução do Conselho de Segurança é aprovada<br />
se tiver maioria de nove dos quinze membros, inclusive<br />
os cinco membros permanentes. Um voto negativo<br />
de um membro permanente configura um veto à resolução.<br />
A abstenção de um membro permanente não<br />
configura veto. 16<br />
36<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Além dos quinze membros oficiais, o Conselho de Segurança<br />
contará com quatro membros observadores, os<br />
quais não possuem voto nas resoluções do comitê, mas<br />
cuja presença é de extrema importância para o desenvolvimento<br />
das discussões acerca do conflito abordado. 17<br />
Histórico do Problema<br />
O grande perigo relacionado à proliferação das armas<br />
nucleares no mundo está presente desde as explosões<br />
de Hiroshima e Nagasaki no Japão, pelos Estados Unidos<br />
da América, em 1945.<br />
Os EUA desenvolviam secretamente a bomba atômica<br />
sob o comando do físico J. Robert Oppenheimer,<br />
que tinha como missão criá-la, estruturá-la e construí-<br />
-la, dividindo assim o seu laboratório em quatro áreas<br />
especificas: Física Teórica, sob o comando de Hans<br />
Bethe; Física Experimental, sob o comando de Robert<br />
Bacher; Química Metalúrgica, sob comando de Joseph<br />
Kennedy; e Engenharia de Artilharia, sob comando<br />
do capitão da marinha William Parsons. 18 Em julho de<br />
1945 houve o primeiro teste bem-sucedido da bomba<br />
atômica, sob o codinome de Fat Man, ocorrendo logo<br />
depois os bombardeios em Hiroshima (6 de agosto de<br />
1945) e em Nagasaki (9 de agosto de 1945).<br />
Desde então, a ameaça constante gerada pela bomba<br />
atômica, e mais tarde pela bomba termonuclear, ainda<br />
mais potente, trouxe instabilidade para o cenário<br />
internacional, caracterizando ainda mais a falta de um<br />
organismo regulador para a questão nuclear.<br />
Devido a essa incerteza, no dia 8 de dezembro de 1953,<br />
Dwight D. Eisenhower, o então presidente dos Estados<br />
Unidos da América, propôs na Assembleia Geral da<br />
ONU a criação de um organismo internacional que<br />
promovesse e fiscalizasse a utilização de energia atômica<br />
para fins pacíficos, visando evitar desastres como<br />
Hiroshima e Nagasaki. 19<br />
No inicio da década de 1960, os segredos da produção<br />
da bomba atômica haviam sido revelados, e não mais<br />
apenas os EUA o conheciam, mas também o Reino Unido<br />
e a URSS – os quais já possuíam bombas fabricadas;<br />
além da França e da República Popular da China, que<br />
já possuíam as técnicas de produção. Devido a isso, o
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
presidente Eisenhower sugeriu a criação de um organismo<br />
regulador para as questões nucleares. 20<br />
A solução proposta por Eisenhower – a criação de um<br />
órgão para regular as tecnologias desenvolvidas em diversos<br />
países sobre a energia nuclear, juntamente com<br />
sua ideia central de átomos para fins pacíficos (Atoms<br />
for peace), em conjunto com o medo generalizado de<br />
uma possível guerra nuclear – fez com que 81 países<br />
o apoiassem anonimamente, possibilitando assim que<br />
fosse criado o Estatuto da Agência Internacional de<br />
Energia Atômica (AIEA) em outubro de 1956. 21<br />
Em 29 de julho de 1957, com o término da criação do seu<br />
estatuto, a AIEA foi oficialmente fundada e se tornou uma<br />
organização autônoma das Nações Unidas com sede em<br />
Viena, na Áustria, devido à neutralidade de tal país. 22<br />
O objetivo da AIEA na época, segundo o artigo 3.5 de<br />
seu estatuto, era o seguinte:<br />
Instituir e aplicar disposições com vista a garantir que<br />
os produtos cindíveis especiais e outros produtos, os<br />
serviços, equipamento, instalações e informações fornecidos<br />
pela Agência ou a seu pedido ou sob a sua direção<br />
ou sob fiscalização sua não sejam utilizados de<br />
maneira a servir para fins militares, e tornar extensiva<br />
a aplicação dessas garantias, a pedido das Partes, a<br />
todo o acordo bilateral ou multilateral ou, a pedido de<br />
um Estado, a determinadas atividades desse Estado<br />
no domínio da energia atômica. 23<br />
Além disso, a AIEA tinha como grande objetivo a cooperação<br />
internacional, buscando o compartilhamento<br />
das técnicas e estudos da tecnologia nuclear para<br />
todo o sistema internacional, objetivando assim o fim<br />
da exclusividade para as grandes potências detentoras<br />
da tecnologia. Entretanto, em todas as suas medidas,<br />
a AIEA buscou sempre respeitar o ideal de energia nuclear<br />
para fins pacíficos, ponto explicitado no artigo 3.1<br />
do Estatuto da AIEA:<br />
Fomentar e facilitar em todo o Mundo o desenvolvimento<br />
e utilização prática da energia atômica para fins<br />
pacíficos, assim como a investigação neste domínio;<br />
se for para isso convidada, Atuar como intermediária<br />
para conseguir que um dos seus membros forneça a<br />
outros serviços, produtos, equipamento ou instalações,<br />
e efetuar todas as operações ou prestar todos os servi-<br />
ços capazes de contribuir para o desenvolvimento ou<br />
utilização prática da energia atômica para fins pacíficos<br />
ou para investigação neste domínio. 24<br />
Dessa forma, Eisenhower teve uma grande participação e<br />
importância na conquista da transparência sob políticas<br />
nucleares, fazendo com que os países deixassem de lado<br />
a política clássica de negações e segredos, cedendo lugar<br />
a uma política de maior abertura e transparência, facilitando<br />
assim a cooperação internacional no desenvolvimento<br />
e na aplicação de tecnologia nuclear para fins pacíficos –<br />
principal objetivo da AIEA, remetendo mais uma vez ao<br />
slogan criado por Eisenhower, Atoms for peace. 25<br />
A criação da AIEA foi também muito interessante para o<br />
Conselho de Segurança das Nações Unidas, pois a proliferação<br />
de energia nuclear é um assunto que preocupava<br />
e ainda preocupa todos os países-membros. Assim, através<br />
da AIEA, o Conselho de Segurança passou a receber<br />
relatórios sobre todos os países que desenvolvem a tecnologia<br />
nuclear para fins pacíficos ou militares, cabendo ao<br />
próprio Conselho a aplicação de sanções quando necessárias,<br />
já que a AIEA não possui autoridade para tal aplicação.<br />
Apesar de toda a importância que a criação da AIEA<br />
gerou no cenário internacional, a Agência não foi eficaz<br />
na contenção da energia nuclear destinada para<br />
fins militares – devido, principalmente, ao fato de que<br />
não era possível a utilização de sanções e salvaguardas<br />
diretas. Assim, a AEIA não pôde impedir que dois novos<br />
países desenvolvessem a tecnologia da bomba nuclear<br />
(a França em 1960 e a República Popular da China em<br />
1964). 26 Devido a isso, tornou-se necessária a criação<br />
de um acordo mais incisivo, que desse maior poder à<br />
AIEA, proporcionando à Agência uma legitimidade legal,<br />
ou seja, ações que teriam o mesmo poder de leis.<br />
Ilustrando esse novo patamar da AIEA, criou-se assim o<br />
Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). 27<br />
Devido às grandes tensões existentes no mundo após a<br />
Segunda Guerra Mundial e no auge da Guerra Fria (principalmente<br />
no que diz respeito à questão da segurança<br />
mundial), os países se uniram em 1968 e assinaram o Tratado<br />
de Não Proliferação Nuclear.<br />
A grande razão da existência do TNP era garantir que os<br />
países que não possuíssem armas nucleares antes de 1968<br />
não desenvolvessem esse tipo de armamento, proporcionando<br />
assim segurança ao sistema internacional.<br />
37
O Tratado de Não Proliferação foi um ponto muito importante<br />
na busca da paz mundial, e atualmente 189<br />
países são signatários do mesmo. Para o TNP, um país<br />
nuclearmente armado é “aquele que tiver fabricado ou<br />
explodido uma arma nuclear ou outro artefato explosivo<br />
nuclear antes de 1º de janeiro de 1967”. 28<br />
O Tratado possui vários aspectos os quais visam a garantia<br />
de segurança em relação ao desenvolvimento de armas<br />
nucleares para fins militares. Ele veta qualquer país<br />
de desenvolver armas nucleares (com exceção de cinco<br />
países: França, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e<br />
China). Entretanto, o Tratado apoia o desenvolvimento<br />
nuclear pacifico; incentivando, por exemplo, a utilização<br />
da tecnologia como uma fonte de energia, e tendo em<br />
vista que a mesma tecnologia é utilizada tanto para fins<br />
militares quanto pacíficos, ela é chamada de tecnologia<br />
dual. Essas medidas visam, principalmente, proporcionar<br />
maior cooperação entre os países no que diz respeito<br />
ao uso pacífico da tecnologia nuclear. 29<br />
O TNP pode também ser analisado como a manutenção<br />
do status quo, afinal, o Tratado garantia aos Estados<br />
Unidos, França, União Soviética (atual Rússia), República<br />
Popular da China e Reino Unido o direito de manter<br />
seus artefatos nucleares. Note-se que esses países são<br />
os mesmos membros do Conselho de Segurança da<br />
ONU, portanto, o TNP é mais um instrumento que garante<br />
a esses países uma “hegemonia” perante o sistema<br />
internacional. Assim, percebe-se que o tratado sugere<br />
um eminente desequilíbrio de poder entre os membros<br />
do Conselho de Segurança e os demais atores do sistema<br />
internacional, portanto, o TNP é realmente de amplo<br />
interesse dentro da comunidade internacional. 30<br />
O trâmite para fiscalizar o desenvolvimento de energia<br />
nuclear caracteriza-se em duas fases: a primeira<br />
baseia-se na Agência Internacional de Energia Atômica<br />
(AIEA), a qual tem por função regular o desenvolvimento<br />
pacífico da energia nuclear; a segunda fase contempla<br />
a ação do Conselho de Segurança das Nações<br />
Unidas (CSNU), o qual tem por função aplicar sanções<br />
quando necessárias.<br />
Deve-se ressaltar que existem outros países os quais não<br />
são membros permanentes do CSNU que possuem armas<br />
nucleares, sendo: Índia, Paquistão, Coreia do Norte<br />
e Israel (que não nega nem afirma que as tem). Entretanto,<br />
tais países não são signatários do TNP (a Coreia era,<br />
38<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
mas decidiu não participar mais do Tratado em 2003,<br />
por entender que o TNP é um instrumento que poderia<br />
causar a Terceira Guerra Mundial).Deve-se fazer menção<br />
aos casos de Irã e Síria, os quais são suspeitos de tentar<br />
desenvolver armamentos nucleares. Tal fato gerou<br />
instabilidade no Sistema Internacional; afinal, ambos os<br />
países infringiram o TNP, causando um enorme clima de<br />
tensão e desconfiança na comunidade internacional.<br />
Analisando os anos de Guerra Fria, esse Tratado ajudou<br />
a frear a perigosa expansão de aliados da União<br />
Soviética e de aliados dos Estados Unidos. Durante<br />
essa época, observava-se uma intensa disputa entre<br />
as duas superpotências. Essa disputa era travada nas<br />
questões de inteligência, de alta tecnologia, espacial<br />
e principalmente bélica. Tudo isso em nome da hegemonia<br />
internacional. Ambos os países possuíam um arsenal<br />
nuclear assustadoramente alto, assim possuindo<br />
poder militar comparativamente maior que os outros<br />
Estados, desse modo, ambos viam o TNP como uma<br />
forma de se manterem superiores aos demais países e<br />
verem menos chances da ordem mundial da época ser<br />
rompida. E assim acabou sendo durante a Guerra Fria,<br />
um período de grande instrumento da manutenção de<br />
uma ordem mundial.<br />
O TNP também pode ser considerado um avanço muito<br />
benéfico no campo das Relações Internacionais, afinal,<br />
é um tratado muito bem elaborado, o qual versa sobre<br />
a adesão dos países-membros visando a paz internacional.<br />
O TNP apareceu em um momento extremamente<br />
oportuno e possivelmente evitou uma guerra nuclear.<br />
Assim, esse tratado acabou por ser um dos principais<br />
acordos estabelecidos no século passado.<br />
Após a Guerra Fria, o mundo deixa de ser bipolar e agora<br />
cada vez mais países começam a obter a tecnologia de<br />
energia atômica. É justamente nesse momento, quando<br />
se imaginava que o mundo entraria em uma era de paz,<br />
é que os governos passaram a ficar mais apreensivos<br />
com o que poderia acontecer caso essa tecnologia chegasse<br />
a países mais radicais.<br />
Mesmo com a validade alcançada pelo TNP, surgiu uma<br />
necessidade ainda maior de conter a ameaça atômica;<br />
então, em 1993, começa um programa para o fortalecimento<br />
dessa ideia, culminando no Protocolo Adicional,<br />
em 1997, sendo ele o maior instrumento internacional<br />
de controle nuclear.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
O Protocolo Adicional é um documento que tem validade<br />
legal, o qual permite e garante que a AIEA tenha<br />
em suas inspeções uma maior autoridade. O principal<br />
objetivo é que a AIEA possa obter todas as informações<br />
declaradas e não declaradas e fazer um relatório preciso<br />
do Estado em questão. 31 Para isso, os países que aderirem<br />
ao Protocolo Adicional autorizam a AIEA a inspecionar,<br />
com um tempo de aviso prévio curto, as instalações<br />
que estão declaradas no TNP e as que são passíveis de<br />
ter atividade nuclear.<br />
O Protocolo Adicional também permite aos inspetores<br />
realizarem amostras de água, terra e ar para detectar<br />
eventuais traços de atividades clandestinas, prevê o<br />
acesso a toda e qualquer tecnologia nuclear utilizada<br />
no país, inclusive a tecnologia utilizada no enriquecimento<br />
de urânio, e também dá acesso aos relatórios<br />
contábeis dos países.<br />
Os Estados signatários do Protocolo Adicional não podem<br />
em nenhum momento intervir na atividade dos<br />
inspetores e têm a obrigação de providenciar, em um<br />
prazo de 30 dias, vistos válidos por um ano com entradas<br />
e saídas múltiplas. 32<br />
A adesão ao Protocolo Adicional é totalmente voluntária,<br />
porém, as grandes potências atômicas pressionam<br />
os países que não possuem fins militares a aderir ao Protocolo.<br />
Essas potências dizem que os programas nucleares,<br />
principalmente em Estados instáveis e pobres, são<br />
uma ameaça a todos, pois é muito fácil essa tecnologia<br />
cair em mãos de grupos terroristas. 33<br />
Para conter o avanço da ameaça nuclear, é necessário<br />
que todos os países-membros da ONU assinem esse documento<br />
para eliminar todo e qualquer tipo de ataques,<br />
sendo eles terroristas ou não. 34 Porém, o documento<br />
não é unânime entre os países que estão no TNP, apenas<br />
139 Estados assinaram o Protocolo Adicional e, dentre<br />
eles, somente 104 colocaram-na em vigor.<br />
Aqueles que não aderiram ao Protocolo Adicional argumentam<br />
que as inspeções violam a soberania nacional<br />
e que a própria tecnologia desenvolvida no seu<br />
próprio país seria violada através dos relatórios, caindo<br />
assim nas mãos de outras potências. 35 Porém, isso só<br />
aumenta a desconfiança em relação a esses países no<br />
cenário internacional. 36<br />
A década de 1990 prometia ser um período calmo nas<br />
relações nucleares, entretanto, em 1998 – um ano após<br />
a assinatura do Protocolo Adicional –, Paquistão e Índia<br />
promoveram perigosos testes nucleares, mostrando<br />
que eram potências na área. Além disso, no mesmo período,<br />
Estados Unidos e Rússia continuaram com testes<br />
nucleares causando mais tensão no mundo. 37<br />
O século XXI foi marcado por inúmeros incentivos do<br />
Conselho de Segurança para que todos os países aderissem<br />
ao TNP e ao Protocolo Adicional. 38 O Conselho<br />
de Segurança, através da Agência Internacional de<br />
Energia Atômica, aconselha todos os países a utilizarem<br />
somente a energia nuclear para fins pacíficos, limitando<br />
também a exportação desse tipo de material.<br />
Além dessas recomendações, o Conselho de Segurança<br />
apela para que todos os Estados se abstenham de<br />
testes nucleares e cada vez mais diminuiam a atividade<br />
nuclear para fins militares. 39<br />
Este século ainda não foi marcado por nenhuma guerra<br />
com ataques nucleares, porém, comportamentos de alguns<br />
países assustam toda a comunidade internacional.<br />
Um dos que mais preocupam é o denominado Eixo do<br />
Mal, segundo o ex-presidente dos Estados Unidos, George<br />
W. Bush. O Eixo do Mal é composto por Irã, Iraque<br />
e Coreia do Norte. 40<br />
A Coreia do Norte, em 2003, retioru-se do TNP, causando<br />
um grande abalo na comunidade internacional. Nos<br />
anos subsequentes à sua saída, o país intensificou seu<br />
poder militar e realizou testes nucleares, causando tensão<br />
no relacionamento com a Coreia do Sul. Por ter um<br />
poder político totalmente centralizador e ditatorial, o<br />
país acaba sendo imprevisível em suas futuras ações,<br />
além da sua misteriosa atitude com relação aos seus armamentos<br />
nucleares. 41<br />
O Irã é outro país do Eixo do Mal. Em 2003, a AIEA informou<br />
que o Estado iraniano escondia um programa<br />
de enriquecimento de urânio por 18 anos. A partir desse<br />
fato, os países mais poderosos do ocidente pediram ao<br />
Irã para encerrar essas atividades. Além disso, o Conselho<br />
de Segurança impôs sanções ao país por não estar<br />
cumprindo as determinações do TNP. Devido ao fato de<br />
possuir parcerias com grandes potências, como a Rússia,<br />
e a presença de um governo totalmente imprevisível,<br />
o Irã é um caso delicado nessa questão do desenvolvimento<br />
de artefatos nucleares, pois não se sabe a real<br />
39
intenção do governo iraniano e se esses artefatos vão<br />
cair nas mãos de terroristas. 42<br />
O último país do Eixo do Mal é o Iraque. Esse Estado foi<br />
colocado nesse grupo por acusações de parte dos Estados<br />
Unidos que levavam a crer que Saddam Hussein, ditador<br />
do Iraque no período, possuía armas nucleares em<br />
seu território e tinha uma ligação próxima com o grupo<br />
terrorista Al-Qaeda. Após muita pressão, em 2002, o<br />
Iraque aceitou que a ONU vistoriasse seu território. Durante<br />
as inspeções não foi encontrada nenhuma arma<br />
de destruição em massa, mesmo assim, os Estados Unidos<br />
continuavam afirmando que o Iraque possuía tais<br />
armas, ,e temendo que o Iraque pudesse abalar a paz<br />
mundial, os EUA comandaram uma invasão ao país, em<br />
2003, para deter essa possível ameaça. A guerra resultou<br />
na captura e queda do ditador Saddam Hussein, e a conclusão<br />
final por parte dos EUA era de que o Iraque não<br />
possuía armas nucleares de destruição em massa, nem<br />
mesmo o então ditador possuía algum relacionamento<br />
com a Al-Qaeda. Atualmente, o Iraque não representa<br />
uma ameaça nuclear como no período anterior à guerra<br />
no seu território, isso se deve ao fato de o atual governo<br />
ser apoiado pelos Estados Unidos, que teve influência<br />
direta no processo de democratização.<br />
Israel é um caso bem interessante. O país não declara<br />
nem nega ter armas nucleares, o que dificulta prever<br />
seu arsenal. Israel possui um poder bélico grande, visto<br />
que derrotou os países vizinhos em três guerras, sendo<br />
a maior potência militar do Oriente Médio. O que realmente<br />
preocupa os países do sistema internacional é o<br />
eterno conflito entre Israel e Palestina, pois um ataque<br />
nuclear nessa região, por parte de Israel, poderia causar<br />
uma crise mundial. 43<br />
Índia e Paquistão possuem arsenais nucleares declarados<br />
e não fazem parte do TNP. Ambos não possuem<br />
mais de 100 ogivas, e ocorre uma certa pressão para assinarem<br />
o TNP e o Protocolo Adicional. Apesar da ameaça,<br />
esses países preocupam menos que o Eixo do Mal. 44<br />
O Eixo do Mal, mais Israel, Índia e Paquistão, são os Estados<br />
que apresentam uma severa ameaça para a paz<br />
mundial, pois a maioria deles tem problemas políticos<br />
gravíssimos e aparentemente desenvolvem a tecnologia<br />
nuclear para fins militares e, a qualquer momento,<br />
podem realizar algum ataque desse tipo, acarretando<br />
em uma enorme crise mundial.<br />
40<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
A República Popular da China, os Estados Unidos, a Federação<br />
Russa, a França e o Reino Unido fazem parte do<br />
seleto e declarado grupo detentor de tecnologia e artefato<br />
nucleares; entretanto, por apresentarem status de<br />
grandes potências e possuírem certa estabilidade econômica<br />
e política, os mesmos preferem não utilizar esse<br />
tipo de armamento para não abalar o mundo, causando<br />
uma crise, e assim ficam observando os países que crescem<br />
muito no poderio de fins militares e aplicam sanções<br />
diretas e indiretas para que eles não cresçam muito<br />
e o grupo permaneça hegemônico. 45<br />
Devido a essas ameaças, o panorama atual é bem cauteloso<br />
com certos Estados, principalmente os citados<br />
acima. Por alguns países terem um panorama político<br />
totalmente imprevisível, existe hoje a ameaça de uma<br />
guerra com artefatos nucleares e, para evitar isso, alguns<br />
Estados estão se mobilizando. Os Estados Unidos,<br />
através do presidente Barack Obama, em 2010, delimitou<br />
objetivos essenciais para um mundo sem ameaça<br />
nuclear, dentre eles, os mais importantes são: prevenir a<br />
proliferação nuclear e o terrorismo e reduzir o papel das<br />
armas nucleares. 46 Com a situação atual, cabe à comunidade<br />
internacional analisar o que está ocorrendo com<br />
o avanço nuclear para fins militares nos Estados, assim<br />
como o perigo iminente de um ataque nuclear, tomando<br />
assim alguma atitude e intervindo se necessário.<br />
Definição do Problema<br />
Os armamentos nucleares estão na pauta das discussões<br />
internacionais atualmente. A sua capacidade de<br />
destruição é tão grande que todos os Estados se preocupam<br />
com a evolução e o desenvolvimento dessa tecnologia.<br />
Na abertura da Assembleia Geral das Nações<br />
Unidas, em 2011, o presidente dos Estados Unidos, Barack<br />
Obama, enfatizou em seu discurso que as armas<br />
nucleares, juntamente com a pobreza, a ignorância e<br />
as doenças são as forças que corroem a possibilidade<br />
de uma paz duradoura. Ele afirmou também que, para<br />
acabar com a assombração das armas de destruição<br />
em massa, é necessário que os membros da ONU se<br />
unam para trilhar um caminho sem armas nucleares. 47<br />
Na década de 1980, a maior parte dos artefatos nucleares<br />
estava com os Estados Unidos e a URSS. 48 Atualmente,<br />
as ogivas nucleares declaradas e não declaradas, as
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
quais não ultrapassam 15 mil artefatos no mundo, 49<br />
estão distribuídas por vários países. Mesmo com essa<br />
redução de ogivas, o tema ainda é muito preocupante<br />
e exige maior atenção por parte dos Estados; afinal,<br />
um ataque com armas nucleares seria devastador em<br />
vários aspectos.<br />
Segundo o professor José Goldemberg 50 , especialista<br />
no assunto, se ocorresse uma guerra com artefatos nucleares,<br />
em poucos minutos, cerca de 300 milhões de<br />
pessoas morreriam. 51 O poderio das armas nucleares se<br />
deve a quatro fatores: o primeiro é uma onde de choque<br />
que, por causa da sua pressão atmosférica, devasta<br />
quase todas as construções; o segundo e o terceiro<br />
fator são interligados, pois eles são consequências de<br />
uma radiação térmica intensa – queimando as construções<br />
restantes, provocando uma série de incêndios e<br />
todos os seres humanos presentes no raio da radiação.<br />
O último fator é a radiação nuclear residual, a qual se<br />
permeia na região afetada, emitindo radioatividade. 52<br />
Para exemplificar o poderio de uma bomba nuclear,<br />
Goldemberg utiliza os exemplos dos ataques em<br />
Hiroshima e Nagasaki, em que foram utilizadas duas<br />
bombas de pequeno porte em cada cidade. No caso de<br />
Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945, a cidade possuía<br />
uma população de 350 mil habitantes. Até o dia<br />
31 de dezembro de 1945, 140 mil pessoas haviam falecido<br />
por causa da bomba atômica e cerca de treze quilômetros<br />
quadrados foram destruídos. Em Nagasaki,<br />
a destruição foi um pouco menor devido à geografia<br />
montanhosa do local. De 9 de agosto de 1945 até 31<br />
de dezembro de 1945, 74 mil pessoas morreram, 76%<br />
da população, e sete quilômetros quadrados foram totalmente<br />
destruídos. 53<br />
Para as pessoas que sobrevivem a algum ataque nuclear,<br />
ainda resta a enorme possibilidade de desenvolver<br />
qualquer tipo de câncer devido à grande radiação à qual<br />
foram expostos. 54 Além dos problemas de saúde, existem<br />
os problemas ambientais, os quais são inevitáveis<br />
em um ataque desse tipo. Segundo pesquisas, por causa<br />
de uma nuvem de poeira radioativa proporcionada pela<br />
bomba, as temperaturas globais entrariam em colapso<br />
em enormes áreas da América, Europa e Ásia e nenhuma<br />
plantação sobreviveria nos cincos anos seguintes ao<br />
conflito e, como resultado disso, 10 milhões de pessoas<br />
faleceriam pela falta de comida e pelo congelamento.<br />
Outra vítima também seria a camada de ozônio, que<br />
nos protege dos raios ultravioletas – ela seria destruída<br />
aproximadamente em 70% nos polos do planeta e 40%<br />
nas áreas habitadas. 55<br />
Ao longo dos anos, a AIEA e o Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas vêm aplicando sanções para, dessa<br />
forma, prevenir uma possível instabilidade no cenário<br />
mundial no que se refere à energia nuclear. Os países<br />
mais afetados por esses mecanismos de controle são o<br />
Irã e a Coreia do Norte, devido à posição, de certa forma<br />
agressiva, de ambos os países, os quais dificultam a<br />
inspeção da AIEA em suas instalações nucleares, além<br />
do desenvolvimento cada vez maior de sua tecnologia<br />
nuclear não só para fins pacíficos, como suspeitam os<br />
EUA e a AIEA. 56<br />
O Irã por cinco vezes violou resoluções do Conselho de<br />
Segurança das Nações Unidas – mais especificamente as<br />
resoluções 1835, 1803, 1747, 1737 e 1696, e continuou<br />
com seu programa de enriquecimento de urânio acima<br />
do nível de 20%, contrariando assim o que foi acordado<br />
pela AIEA no TNP, do qual o Irã é signatário. 57,58<br />
Tais atitudes iranianas são mal vistas pela comunidade<br />
internacional, por isso diversas sanções foram e ainda<br />
são discutidas para serem aplicadas ao país. Porém, todas<br />
as medidas previstas convergem no âmbito econômico,<br />
principalmente na questão do petróleo iraniano,<br />
base do regime econômico do país. 59 Uma das sanções<br />
aplicadas em 2010 contra o Irã, devido ao seu programa<br />
de desenvolvimento nuclear, por exemplo, foi a<br />
resolução número 1929 – na qual o Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas criou uma lista de 40 firmas<br />
iranianas e três transportadoras que entraram numa<br />
chamada “lista negra”, em que os países membros da<br />
ONU eram proibidos de fazer negócios com tais empresas,<br />
devido a suspeitas de que algumas delas eram<br />
controladas pela Guarda Revolucionaria Islâmica. 60<br />
O desenvolvimento de energia nuclear no Irã está sobre<br />
forte suspeita. Em 18 de fevereiro de 2010, a AIEA<br />
afirmou em um relatório que o programa nuclear iraniano<br />
pode ter “possíveis dimensões militares”. Além<br />
disso, é evidente que o Irã tem reduzido sua vontade<br />
de cooperar com a AIEA. 61 Segundo a própria AIEA, o<br />
Irã está construindo mísseis balísticos sofisticados, os<br />
quais podem atingir alguns países europeus, além de<br />
bases americanas no Oriente Médio. 62<br />
41
Pode-se perceber que o comportamento do Irã levou<br />
a comunidade internacional a impor sanções cada vez<br />
mais pesadas para seguir o TNP; alguns líderes mundiais<br />
já se mostraram engajados em implantar maiores sanções<br />
ao país 63 , como, por exemplo, o governo francês,<br />
que, em 25 de fevereiro de 2010, declarou que almeja<br />
maiores sanções ao Irã, o mais rápido possível, como forma<br />
de responder às violações de Teerã e sua recusa em<br />
cooperar com o TNP, tratado de que são signatários. 64<br />
Outro país que constantemente é acusado de desenvolver<br />
seu plano nuclear para fins armamentistas e não pacíficos<br />
é a Coreia do Norte. O país afirmou, em setembro<br />
de 2009, que atingiu a etapa final de enriquecimento de<br />
urânio, admitindo que tal tecnologia possua fins militares.<br />
Com isso, o governo norte-coreano se diz preparado<br />
para dialogar e até mesmo sofrer sanções do Conselho de<br />
Segurança – fato que já havia ocorrido em abril do mesmo<br />
ano após um teste de míssil de longo alcance, e também<br />
após outros testes com mísseis e um teste nuclear<br />
subterrâneo (ambos realizados após o alerta da ONU). 65<br />
A Coreia do Norte é acusada de manter um programa<br />
nuclear secreto desde 1989, e desde então vem sofrendo<br />
repreensões e sanções do Conselho de Segurança,<br />
assim como da comunidade internacional, tanto que,<br />
em 2003, o país deixou de ser signatário do TNP. 66<br />
Em abril de 2009, a Coreia do Norte realizou um teste<br />
nuclear subterrâneo, e tal fato causou uma enorme revolta<br />
na comunidade internacional, já que o teste contrariava<br />
não só a resolução número 1718 do Conselho<br />
de Segurança – a qual proíbe a Coreia do Norte de ”conduzir<br />
qualquer teste nuclear ou de míssil balístico”, como<br />
também o Tratado de Não Proliferação Nuclear e o Tratado<br />
de Proibição Total de Testes Nucleares. 67<br />
Devido ao temor internacional em torno de uma possível<br />
expansão nuclear irregular, o que poderia ameaçar<br />
a segurança internacional, foi estabelecido em 1997 o<br />
chamado Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação<br />
Nuclear (TNP). O Protocolo Adicional é o grande<br />
instrumento internacional na questão de segurança<br />
e controle nuclear. Nele, os países se comprometem a<br />
passar informações ainda mais detalhadas à Agência Internacional<br />
de Energia Atômica (AIEA). 68<br />
Esse Protocolo proporciona maior poder à AIEA, possibilitando<br />
a ela a prática de outras funções, como, por<br />
42<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
exemplo, o envio de técnicos especializados aos países<br />
(portanto, os países, ao assinarem o protocolo, são<br />
obrigados a dar livre circulação aos técnicos no prazo<br />
de um mês), inspecionar aleatoriamente as instalações<br />
nucleares de um país, controlar até mesmo lugares que<br />
não eram assuntos do TNP em si, como usinas nucleares<br />
desativadas e lixos radioativos (porque podem eventualmente<br />
serem usados como arma nuclear). Portanto, a<br />
AIEA passa a ter grande peso na questão da segurança<br />
internacional, pois ela fornecerá garantias a toda a comunidade<br />
internacional.<br />
Um dos problemas atuais é o fato de que diversos países<br />
ainda não aderiram ao protocolo adicional, sendo<br />
assim, a sensação de insegurança é muito presente na<br />
questão nuclear, pois a não ratificação do protocolo<br />
proporciona um clima de instabilidade e mistério por<br />
parte desses países.<br />
Atualmente, um dos objetivos da comunidade internacional<br />
– daqueles que já são signatários do Protocolo,<br />
é fazer com que a totalidade dos países assine o documento.<br />
Sendo assim, o objetivo é que países suspeitos<br />
de expansão nuclear irregular assinem o acordo, para<br />
assim serem transparentes e diminuírem o risco de um<br />
conflito militar. Deve-se ressaltar que esse empenho<br />
também proporciona um enfoque nos países que já são<br />
signatários do TNP, mas que não fornecem toda a ajuda<br />
e abertura possível ao Tratado. Devido a isso, a comunidade<br />
internacional deseja criar mecanismos e acordos<br />
para que esses países, já signatários, possam cumprir as<br />
exigências mencionadas pelo TNP. Os países-membros<br />
do Conselho de Segurança da ONU enfatizam que é<br />
extremamente importante que os países que não possuem<br />
ou dominam as técnicas nucleares sejam signatários<br />
do Protocolo, pois isso diminuiria o risco de terrorismo<br />
atômico (principalmente nos países pobres). 69<br />
Atualmente, o número de signatários do Protocolo Adicional<br />
do TNP está em 102 membros, mas alguns países<br />
de extrema relevância ainda não o assinaram. Dentre<br />
eles, a República Federativa do Brasil, a qual alega que o<br />
TNP é uma invasão à soberania e que a constituição do<br />
País tem uma cláusula pétrea que não permite a utilização<br />
da tecnologia nuclear para fins militares. Cabe aos<br />
países insatisfeitos negociarem com as potências nucleares<br />
(Estados Unidos, República Popular da China, Reino<br />
Unido, França e Rússia) e garantirem a não violação do<br />
direito básico da soberania. Portanto, esse é de fato um
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grande debate, assinar ou não o Protocolo Adicional?<br />
Ele é de fato bem mais rigoroso que o TNP em si, mas<br />
o ponto positivo baseia-se no fato de que a segurança<br />
será mais “reforçada”.<br />
Cabe assim ao CSNU definir sanções a países com atividades<br />
irregulares, proporcionar uma alternativa de<br />
assinar o Protocolo Adicional – fornecendo maior transparência<br />
internacional e desenvolvendo práticas de<br />
controle aos países signatários do TNP. Todas as medidas<br />
e decisões fornecidas pelos países-membros da Organização<br />
das Nações Unidas devem estar pautadas na<br />
segurança internacional e na proteção do bem comum.<br />
PANORAMAS<br />
Ásia – República Popular da China, República<br />
da Índia, República Islâmica do Irã, República<br />
Islâmica do Paquistão, República Democrática<br />
Popular da Coreia e Estado de Israel<br />
Como membro permanente do Conselho de Segurança<br />
das Nações Unidas, a República Popular da China<br />
ratificou o Protocolo Adicional e considera extremamente<br />
importante que todos os países façam o mesmo,<br />
pois isso traria muito mais segurança, estabilidade<br />
e clareza para a comunidade internacional.<br />
País observador, o Irã faz parte do TNP, porém há fortes<br />
indícios de que ele esteja desrespeitando o acordo, já<br />
que seu programa de energia nuclear é muito polêmico<br />
e gera dúvidas se o país está ou não fabricando armas<br />
nucleares.<br />
Índia, Paquistão e Israel possuem um caso um pouco<br />
diferente. É de conhecimento de todos que tais países<br />
não fazem parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear<br />
(TNP) e existe uma pressão internacional para que<br />
eles se tornem signatários do mesmo. É importante<br />
também destacar que esses países fazem parte do restrito<br />
grupo que possuem artefatos nucleares para fins<br />
militares. No caso de Israel (país observador), suspeita-se<br />
que possua armas nucleares não declaradas, ao<br />
contrário do Paquistão e da Índia, que possuem armamentos<br />
nucleares assumidamente.<br />
O caso da Coreia do Norte (também um país observador)<br />
é bem peculiar, pois o país aderiu ao TNP em 1985,<br />
mas em 1993 decidiu se retirar do Tratado devido aos<br />
novos poderes concedidos para a AIEA no mesmo ano.<br />
Desde então o país não faz mais parte do TNP, mas, assim<br />
como Paquistão e Índia, é conhecido que a Coreia<br />
do Norte possui armamento nuclear declaradamente.<br />
América – República da Colômbia, Brasil, Guatemala<br />
e Estados Unidos.<br />
Os Estados Unidos são os que mais pressionam os países<br />
suspeitos de possuírem artefatos nucleares a assinarem<br />
o TNP e até mesmo o Protocolo Adicional. O governo<br />
norte-americano considera o Protocolo Adicional um<br />
avanço na questão de segurança internacional. Os Estados<br />
Unidos possuem o maior arsenal nuclear do planeta<br />
e se consideram um membro importante para o tema da<br />
segurança internacional, visto que, por possuir o maior<br />
poderio militar, tornam-se ao mesmo tempo o maior<br />
alvo e o país mais temido no sistema internacional.<br />
Já em 2012, os países que representam a América Latina<br />
e o Caribe no Conselho de Segurança das Nações<br />
Unidas são a Colômbia e a Guatemala, ambos são a favor<br />
do TNP e já ratificaram o Protocolo Adicional. Pode-<br />
-se assim considerar que os países citados entendem<br />
que as questões envolvidas pelo Protocolo Adicional<br />
são plausíveis e importantes para as Relações Internacionais<br />
(ao contrário do antigo membro e atual observador,<br />
o Brasil, o qual alega que o Protocolo Adicional<br />
violava a sua soberania).<br />
Europa – República Federal da Alemanha, Portugal,<br />
Federação Russa, França, Reino Unido,<br />
Azerbaijão<br />
Nesse bloco europeu, todos os países que fazem parte<br />
do Conselho de Segurança das Nações Unidas assinaram<br />
e ratificaram o Protocolo Adicional.<br />
A França, a Rússia e o Reino Unido são países considerados<br />
idealizadores do Protocolo Adicional (visto que<br />
possuem cadeiras permanentes dentro do Conselho<br />
de Segurança da ONU).<br />
43
Já os membros não permanentes (Alemanha, Portugal<br />
e Azerbaijão) também apoiam e já ratificaram há<br />
alguns anos o Protocolo Adicional.<br />
África – Marrocos, Togo e África do Sul<br />
Dentro desse bloco africano, os três países também assinaram<br />
e ratificaram o Protocolo Adicional do TNP.<br />
É importante destacar que, em um passado recente, a<br />
África do Sul possuía artefatos nucleares, mas acabou<br />
abandonando essas armas e, assim, assinou o TNP em<br />
1991 e o Protocolo Adicional em 2002.<br />
Ponderações<br />
O intuito da reunião deste Comitê é discutir a questão<br />
das armas nucleares no mundo, tendo como foco a<br />
adesão dos países ao Protocolo Adicional.<br />
Gostaríamos que, através de um debate sadio e diplomático,<br />
fossem encontradas soluções pacificas, principalmente<br />
as de curto e médio prazo, sobre o assunto,<br />
mesmo para que, com isso, alguns países cedam parte<br />
de sua soberania ao assinar algum tratado que deixe a<br />
AIEA, ou outro órgão da ONU, como responsáveis por<br />
fiscalizar e regulamentar as armas e a energia atômica<br />
visando o bem maior, ou seja, a paz mundial.<br />
O Conselho de Segurança não é contra o uso da energia<br />
nuclear, nós acreditamos que esse tipo de energia<br />
traz excelentes resultados, principalmente no âmbito<br />
econômico, porém, somos contra a utilização para fins<br />
militares – já que esse tipo de tecnologia é altamente<br />
perigosa e destrutiva.<br />
Um grande passo para a extinção desse tipo de armamento<br />
é facilitar as inspeções da AIEA, sendo de extrema<br />
importância a cooperação entre os países e com<br />
os órgãos internacionais. Casos como Irã, Síria e Coreia<br />
do Norte devem ser desencorajados e sancionados, tomando<br />
medidas que sempre visem a segurança internacional<br />
e a paz.<br />
44<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
Cada delegação deve expor de maneira fiel a sua política<br />
externa em relação ao tema, focando nos seguintes<br />
tópicos:<br />
• se possui a tecnologia nuclear e de qual forma a emprega,<br />
para fins pacíficos e/ou militar;<br />
• se aderiu ao TNP e ao Protocolo Adicional;<br />
• se está cumprindo tais acordos;<br />
• qual a posição do seu país em relação aos países que<br />
estão sendo acusados de utilizar sua tecnologia nuclear<br />
para fins militares;<br />
• o quanto o país é dependente da energia atômica.<br />
Bibliografia<br />
FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />
Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1-49.<br />
GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />
uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo,<br />
n. 11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />
Webgrafia<br />
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de Energia Atômica]. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2011.<br />
ESTADO <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Leia a íntegra do discurso de Barack Obama<br />
na ONU]. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2011.<br />
FOLHA <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Veja quem são as potências nucleares do<br />
mundo]. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2011.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
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Acesso em 12 out. 2011.<br />
GOL<strong>DE</strong>MBERG, JOSÉ. [O Tratado de não proliferação nuclear]. Disponível<br />
em: <br />
Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />
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em: Acesso em: 11 de outubro<br />
de 2011.<br />
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Overview: Comprehensive Safeguards Agreements and Additional<br />
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KRISTENSEN, HANS;NORRIS, ROBERT. [Nuclear Notebook: Worldwide<br />
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em: . Acesso<br />
em: 13 out. 2011.<br />
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em: .<br />
Acesso em: 15 out. 2011.<br />
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Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />
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após a Segunda Guerra]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 09 out. 2011.<br />
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VEJA. [Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)]. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 09 de out. 2011.<br />
ZAJEC, Olivier. [Energia/Armas Nucleares: Os Países que não podem<br />
ter]. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2011.<br />
Notas explicativas<br />
1. UN SECURITY COUNCIL. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />
2. CHARTER OF THE UNITED NATIONS.[Charter III: Organs]. Disponível<br />
em: .<br />
Acesso em: 20 set. 2010.<br />
3. CHARTER OF THE UNITED NATIONS . [Charter V: The Security<br />
Council]. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />
4. UN SECURITY COUNCIL.[Functions and Powers].Disponível em:<br />
. Acesso em: 21 set.<br />
2010.<br />
5. UN SECURITY COUNCIL. [Members]. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />
6. <strong>DE</strong>PARTMENT FOR DISARMAMENT AFFAIRS.[Background].<br />
Disponível em: .<br />
Acessoem: 1 out. 2010<br />
45
7. PROVISIONAL RULES OF PROCEDURE OF THE SECURITY COUN-<br />
CIL.Disponível em: .<br />
Acesso em: 15 out. 2010.<br />
8. GLOBAL SECURITY. [Cold War]. Disponível em: . Acesso em: 16<br />
out. 2010.<br />
9. UNIC. [Carta das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional<br />
de Justiça]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 12 set. 2010.<br />
10. VESENTINI, José Willian. Geografia Série Brasil. 1. ed. - São Paulo:<br />
Ática, 2004. Cap. 14.<br />
11. UN SECURITY COUNCIL.[Members].Disponívelem: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />
12. Idem.<br />
13. Idem.<br />
14. PROVISIONAL RULES OF PROCEDURE OF THE SECURITY<br />
COUNCIL.Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2010.<br />
15. UN SECURITY COUNCIL.[Functions and Powers].Disponível<br />
em: . Acesso em:<br />
21 set. 2010.<br />
16. Idem.<br />
17. BUTROS, A.; AHUALLE, B.; CALLEGARETTI, G.; Conselho<br />
de Segurança das Nações Unidas – O Avanço Petrolífero no<br />
Âmbito da Guerra Civil: A Questão da Nigéria. In: STRUFALDI,<br />
B.; ROCHA,R. Guia de Estudos/StudyGuide – VII Fórum FAAP de<br />
Discussão Estudantil.<br />
18. LOS ALAMOS NATIONAL LABORATORY. [Oppenheimer’sPlan].<br />
Disponível em: .<br />
Acessoem: 15 out. 2011.<br />
19. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />
Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 9.<br />
20. Loc. cit.<br />
46<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
21. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />
Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1.<br />
22. Ibidem, p. 49.<br />
23. DIVISÃO <strong>DE</strong> ATOS INTERNACIONAIS. [Estatuto da Agência<br />
Internacional de Energia Atômica]. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2011.<br />
24. Idem.<br />
25. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />
Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 10.<br />
26. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />
Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1.<br />
27. ZAJEC, Olivier. [Energia/Armas Nucleares: Os Países que não<br />
podem ter]. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2011.<br />
28. O ESTADO <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [SAIBA MAIS SOBRE O TNP].<br />
Disponível em: <br />
Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />
29. GOL<strong>DE</strong>MBERG, JOSÉ. [O Tratado de não proliferação nuclear].<br />
Disponível em: Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />
30. INFO ESCOLA. [TRATADO <strong>DE</strong> NÃO PROLIFERAÇÃO NUCLEAR].<br />
Disponível em: <br />
Acesso em: 11 de<br />
outubro de 2011.<br />
31. INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY.[IAEA Safeguards<br />
Overview: Comprehensive Safeguards Agreements and Additional<br />
Protocols]. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2011.<br />
32. TERRA. [Protocolo adicional ao TNP foi criado em 1997].<br />
Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2011.<br />
33. VEJA. [Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)]. Disponível<br />
em: .<br />
Acesso em: 09 de out. 2011.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
34. SIMON, Roberto. [‘’Brasil deve assinar o protocolo adicional<br />
do TNP’’]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 10 out. 2011.<br />
35. VEJA. [Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)]. Disponível<br />
em: .<br />
Acesso em: 09 de out. 2011.<br />
36. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. [O Protocolo Adicional]. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em 12 out. 2011.<br />
37. SANCHEZ, Giovana. [Ameaça nuclear redefiniu as relações<br />
internacionais após a Segunda Guerra]. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2011.<br />
38. SECURITY COUNCIL. [Resolution 1747 (2007)]. Disponível em:<br />
. Acesso em 13 out. 2011.<br />
39. SECURITY COUNCIL. [HISTORIC SUMMIT OF SECURITY COUN-<br />
CIL PLEDGES SUPPORT FOR PROGRESS ON STALLED EFFORTS<br />
TO END NUCLEAR WEAPONS PROLIFERATION].Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 10 out. 2011.<br />
40. SALATIEL, José Renato. [Coreia do Norte desafia o mundo com<br />
armas atômicas]. Disponível em: . Acesso em 11 out. 2011.<br />
41. Idem.<br />
42. PASSEI WEB. [A questão nuclear iraniana]. Disponível em:<br />
. Acesso em: 10 out. 2011.<br />
43. KRISTENSEN, Hans;NORRIS, Robert. [Nuclear Notebook:<br />
Worldwide Deployments of Nuclear Weapons, 2009]. Disponível<br />
em: . Acesso em:<br />
13 out. 2011.<br />
44. SANCHEZ, Giovana. [Ameaça nuclear redefiniu as relações<br />
internacionais após a Segunda Guerra]. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2011.<br />
45. KRISTENSEN; NORRIS, op. cit.<br />
46. KRISTENSEN, Hans;NORRIS, Robert.[A Presidential Policy<br />
Directive for a new nuclear path]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 13 out. 2011.<br />
47. ESTADO <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Leia a íntegra do discurso de Barack<br />
Obama na ONU]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 05 nov. 2011.<br />
48. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />
uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />
11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />
49. FOLHA <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Veja quem são as potências nucleares<br />
do mundo]. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
50. José Goldemberg é professor, físico, político e membro da<br />
academia Brasileira de Ciências. Em sua vida profissional, Goldemberg<br />
já foi Ministro da Educação (1991-1992), secretário da Ciência<br />
e Tecnologia (1990-1991), secretário do Meio Ambiente (1992),<br />
reitor da Universidade de São Paulo (1986-1990) e presidente da<br />
Sociedade Brasileira de Física (1975-1979). Atualmente trabalha no<br />
Governo do Estado de São Paulo como Secretário do Meio Ambiente.<br />
Devido aos seus trabalhos, já recebeu o Prêmio Ambiental<br />
Volvo (2000) e Prêmio Planeta Azul (2008).<br />
51. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />
uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />
11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />
52. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />
uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />
11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />
53. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />
uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />
11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />
54. BIGELI, Alexandre. [Primeiro ataque atômico da história encerrou<br />
a 2ª Guerra]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
55. AMBIENTE BRASIL. [Guerra nuclear devastaria o ambiente mundial,<br />
segundo estudo]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
47
56. BBC BRASIL. [Conselho de Segurança aprova resolução contra<br />
proliferação nuclear]. Disponível em: .<br />
Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
57. FOXMAN, Abraham H. [SanctionIran’sOil]. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
58. GREGOR, Diana. [Conselho de Segurança da ONU: Sanções<br />
sobre o Irã, Round 4]. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2011.<br />
59. FOXMAN, Abraham H. [SanctionIran’sOil]. Disponível em:<br />
.<br />
Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
60. KIMMERLE, Julia. [Firms Fear New Iran Sanctions Will Curb<br />
Business]. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2011.<br />
61. BBC NEWS.[Iran ‘To Build Two New Nuclear Sites This Year’].Disponível<br />
em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
62. BELFAST TELEGRAPH. [Iran Tests Missile ‘That Can Reach Israel’].<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 07 nov. 2011.<br />
63. NEW EUROPE. [US and EU join hands to demand together<br />
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Acesso em:<br />
05 nov. 2011.<br />
64. KUWAIT NEWS AGENCY. [France Wants UN Sanctions<br />
Against Iran “As Soon As Possible”]. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />
65. FRANCIOLY, Marcos. [Coréia do Norte diz ter atingido etapa<br />
final de enriquecimento de urânio]. Disponível em: . Acesso em:<br />
06 nov. 2011.<br />
48<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
66. REBOUÇAS, Fernando. [Programa Nuclear da Coréia do Norte].<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 07 nov. 2011.<br />
67. FOLHA ONLINE. [Conselho de Segurança elabora resolução contra<br />
Coréia do Norte]. Disponível em: . Acesso em: 07 nov. 2011.<br />
68. TERRA [O Tratado De Não Proliferação Nuclear Foi Criado<br />
Em 1997]. Disponível em: Acesso em: 7 de novembro de 2011.<br />
69. REVISTA VEJA [O Tratado De Não Proliferação Nuclear]. Disponível<br />
em: http://veja.abril.com.br/perguntas-respostas/tratadonao-proliferacao-nuclear.shtml><br />
Acesso em: 7 de novembro de<br />
2011.
CE – Conselho Europeu<br />
A União Europeia no pós-crise
50<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
Sejam bem-vindos ao Conselho Europeu do Fórum FAAP 2012.<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Esperamos que apreciem este Guia de Estudos que foi feito exclusivamente visando o aprendizado e o entendimento<br />
dos senhores. Assim como toda a organização do Fórum FAAP, o Conselho Europeu visa o máximo de aproveitamento<br />
de seus delegados, a fim de adquirir, ao longo dos dias de simulação, uma experiência única, marcante, enriquecedora<br />
e agradável. Além de desenvolver atividades acadêmicas, os senhores estarão estreitando laços de amizade<br />
e fazendo nascer o espírito da diplomacia entre as duplas.<br />
O assunto que o Comitê aborda é um tanto complicado, portanto, nós esperamos que os senhores leiam o Guia de<br />
Estudos e se dediquem a entender a política de seus países. O Guia é bastante didático e contém um minidicionário<br />
de termos econômicos.<br />
Desejamos ótimos estudos e uma ótima simulação!<br />
Até junho de 2012!<br />
KARINA CALANDRIN<br />
LAVINIA <strong>DE</strong>LfANTI<br />
PETER STURKEN<br />
Diretores Acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Histórico do Comitê<br />
CRIAçãO DA UNIãO EUROPEIA<br />
A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a criação<br />
de uma unidade europeia começou a ser cogitada.<br />
Uma única gestão para o comércio de carvão e aço, em<br />
1951, foi proposta por Alemanha e França. Mais tarde<br />
foi assinado um tratado por outros dois países: Itália<br />
e Países Baixos. Fundou-se assim a Comunidade Europeia<br />
do Carvão e do Aço (CECA).<br />
Em 1957, foi assinado o Tratado de Roma, que, por sua<br />
vez, criava a Comunidade Econômica Europeia.<br />
A criação de um mercado único europeu se consolidou<br />
em 1986 com o Ato Único Europeu, que tinha como propósito<br />
rever o Tratado de Roma. A partir de então ficava<br />
permitida a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços<br />
e capitais (Duarte, 2010). Por fim, em 1992 foi assinado<br />
o Tratado de Maastricht, o qual criou a União Europeia.<br />
No dia primeiro de janeiro de 1999, o euro foi lançado<br />
como moeda única e oficial dos seguintes países que<br />
compunham a União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica,<br />
Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo,<br />
Países Baixos e Portugal. A Grécia aderiu em 2001. Em<br />
2002, o euro substituiu completamente as antigas moedas<br />
dos países-membros, contudo, nem todos os países<br />
aderiram ao euro, como o Reino Unido, por exemplo.<br />
Outros tratados foram sendo assinados ao longo dos<br />
anos, como o Tratado de Amsterdã (1999) e o Tratado<br />
de Nice (2003). A discussão sobre a criação de uma<br />
Constituição para a União Europeia vem ganhando força<br />
ao longo do tempo, criando uma unidade no continente,<br />
porém os países ainda não chegaram a uma<br />
resolução sobre essa questão até agora.<br />
A UE começou com seis membros e, desde janeiro de<br />
2007, possui 27 estados participantes.<br />
A União Europeia progrediu com a Estratégia de Lisboa,<br />
que propunha a releitura do Tratado de Nice, sempre<br />
com o propósito de unir ainda mais a Europa. A<br />
Estratégia de Lisboa ficou conhecida como Tratado de<br />
Lisboa e está em vigor desde dezembro de 2009.<br />
O início dos esforços para que esse tratado (Lisboa) fosse<br />
implementado e respeitado como tal data de 2001,<br />
que também é o início da elaboração da Constituição<br />
Europeia. Contudo, como as decisões são tomadas por<br />
unanimidade, a proposta de Constituição não passou<br />
(devido aos votos francês e holandês).<br />
É certo afirmar que não é o intuito deste guia explicar<br />
as minúcias desse tratado, mas sim mostrar como ele<br />
influenciou a União Europeia e suas aplicações no Comitê<br />
aqui em questão, o Conselho Europeu.<br />
O Tratado de Lisboa tem caráter reconstrutor e altera<br />
os Tratados de Nice, de Maastricht e de Roma. Pode ser<br />
considerado um tratado que atualizou a União Europeia.<br />
As principais modificações que introduziu são:<br />
• criação do cargo de alto representante para os Negócios<br />
Estrangeiros e Política de Segurança e a modificação do<br />
período de mandato do presidente da União Europeia,<br />
que antes era semestral e agora é de dois anos e meio;<br />
• para reforçar o desempenho em negociações internacionais,<br />
a UE adquire personalidade jurídica;<br />
• o Conselho Europeu e o Conselho da União Europeia<br />
se separam. Com o Tratado de Lisboa, o primeiro passa<br />
a ser uma instituição da UE; 1<br />
• os estados-membros têm a liberdade de se desvincular<br />
da União Europeia quando bem entenderem.<br />
Outras alterações menos relevantes para o Comitê não<br />
foram inclusas.<br />
O CONSELHO EUROPEU<br />
O Conselho Europeu tem como função definir as orientações<br />
e prioridades gerais da UE. Seu atual presidente<br />
é Herman Van Rompuy. O Conselho Europeu não tem<br />
função legislativa, portanto, tem caráter sugestivo.<br />
A ideia de reunir os chefes de Estado e o governo da<br />
União Europeia veio do então presidente de França,<br />
Giscard d’Estaing. Só em 1986 as reuniões perderam o<br />
caráter de extraordinárias. Em 1992 o Conselho passou<br />
a ter um estatuto formal.<br />
51
Como visto anteriormente com o Tratado de Lisboa, o<br />
Conselho Europeu deixou de ser uma reunião extraoficial<br />
e passou a ser uma instituição da União Europeia,<br />
podendo até ser controlado pela Corte de Justiça.<br />
Antigamente, as reuniões eram assessoradas por ministros,<br />
hoje é apenas formada pelos chefes de Estado<br />
e governo, o presidente do Conselho Europeu e da<br />
Comissão Europeia, e o alto representante da União<br />
para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.<br />
Se os chefes de Estado e governo desejarem,<br />
os mesmos podem ser auxiliados por um ministro de<br />
seus governos.<br />
As reuniões se dão duas vezes por semestre, mas<br />
podem ocorrer reuniões extraordinárias. É bom lembrar<br />
que as decisões são tomadas por consenso, ou<br />
seja, unanimidade.<br />
Histórico do Tema<br />
ORIGENS DO CAPITALISMO<br />
O capitalismo pode ser definido como a formação histórica<br />
e única com instituições de núcleo e movimentos<br />
distintos. Envolve o crescimento de uma classe<br />
mercantilista, a separação da produção e do Estado,<br />
e a mentalidade do cálculo racional. Sua lógica gira<br />
em torno do acúmulo de capital, refletindo na onipresença<br />
da competição. Apresenta amplas tendências<br />
na criação de riqueza sem precedentes, grande distribuição<br />
de empresas, vasto setor público e ciclos de<br />
atividades. Enquanto pesquisadores do capitalismo<br />
tradicionalmente encaram o seu fim em algum período<br />
histórico, economistas modernos mostram pouco<br />
interesse em projeções históricas. 2<br />
O capitalismo teve sua origem no declínio da sociedade<br />
feudal. A troca do trabalho por itens ou<br />
dinheiro, o desenvolvimento do trabalho livre e de<br />
pequenas propriedades de posse camponesa, a retomada<br />
do comércio, a reaparição da vida urbana, a<br />
formação de uma burguesia comerciante e etc. são<br />
características marcantes do antecessor do capitalismo,<br />
o mercantilismo.<br />
52<br />
CRISE <strong>DE</strong> 1929<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Até o momento presente, classifica-se a “crise de<br />
1929” como a maior recessão econômica pela qual o<br />
mundo já passou. Assim como a crise financeira atual,<br />
teve caráter ambicioso. Fazia mais de um século que<br />
a Revolução Industrial tinha ocorrido, o modo de produção<br />
vigente no século XX era o de grande escala,<br />
os empresários substituíram a mão de obra por máquinas<br />
modernas que realizavam o trabalho de forma<br />
mais rápida e barata.<br />
Os Estados Unidos já eram a maior economia e Nova<br />
York sediava o centro financeiro do mundo, os americanos<br />
estavam empolgados com seu crescimento,<br />
que parecia desenfreado. Entretanto, a realidade era<br />
outra, os empresários produziam cada vez mais bens,<br />
sem se dar conta de que os estoques aumentavam.<br />
Tal situação foi ocasionada principalmente por dois fatores:<br />
o desemprego da massa norte-americana, que<br />
havia sido substituída pelas máquinas e não tinha mais<br />
dinheiro para comprar produtos básicos, muito menos<br />
supérfluos, e a queda das exportações. Esse segundo<br />
fator se deve à dificuldade pela qual o a Europa, maior<br />
mercado consumidor, estava passando. A maioria dos<br />
países teve seus cofres esvaziados para pagar dívidas<br />
contraídas na Primeira Guerra Mundial (1914-1918),<br />
além de sua economia ter sido arrasada, o capital se<br />
restringiu e a produção também por consequência;<br />
para se reestruturarem precisavam diminuir as importações<br />
a partir de metas protecionistas.<br />
Industriais estadunidenses não perceberam os sinais<br />
de alerta da conjuntura e, visando o constante aumento<br />
de lucros, produziam mais, acreditando que<br />
os preços baixos dos itens bastava para serem demandados.<br />
Na bolsa de valores, o mesmo acontecia, a<br />
especulação era altíssima e os proprietários de ações<br />
tinham rendas mensais altas.<br />
O cenário de prosperidade se inverteu no dia 24 de<br />
outubro de 1929, quando uma drástica queda nas<br />
ações da bolsa nova-iorquina começou. Rapidamente,<br />
todos os possuidores de créditos queriam vendê-<br />
-los, sem sucesso. Seis mil bancos quebraram e milhares<br />
de fábricas fecharam; em poucas semanas, 30<br />
bilhões de dólares “desapareceram”.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Todavia, as consequências para os anos seguintes foram<br />
muito maiores: o Produto Interno Bruto do país<br />
recuou pela metade, de 104 bilhões para 56 bilhões<br />
de dólares em quatro anos; um a cada quatro norte-<br />
-americanos ficou desempregado e o consumo caiu<br />
de 79 bilhões para 49 bilhões de dólares. O mundo<br />
todo foi impactado pelo crash da bolsa, e a Europa<br />
que estava se reerguendo se viu em uma péssima<br />
condição novamente.<br />
Os países agroexportadores, como Brasil e Argentina,<br />
também foram prejudicados, o preço das matérias-<br />
-primas declinou muito. Os mercados do mundo todos<br />
já estavam englobados, portanto, a Grande Depressão<br />
afetou quase todos, com algumas exceções<br />
como a União Soviética, que usufruía de uma economia<br />
fechada. Já na Inglaterra, o primeiro-ministro<br />
MacDonald foi obrigado a deixar a libra flutuar livremente<br />
no mercado, já que a balança comercial estava<br />
desfavorável. A especulação financeira e a inflação<br />
aumentaram, prejudicando mais os consumidores.<br />
A circunstância desastrosa foi gerada pela cobiça dos<br />
empresários, que não souberam enxergar até que<br />
ponto a economia suportaria suas pretensões, o que<br />
na prática foi ocasionado pelo excesso de oferta, que<br />
cessou imediatamente os preços, e pelo excesso de<br />
especulação, que estimou quantias que na realidade<br />
não existiam. Muitos especialistas da época questionaram<br />
o capitalismo liberal, outros consideravam<br />
que um sistema alternativo era impossível, mas os<br />
conceitos de não intervenção estatal e total liberdade<br />
econômica tiveram que ser repensados. Em 1932,<br />
Roosevelt criou os programas relacionados ao New<br />
Deal e sistemas políticos radicais nacionalistas, como<br />
o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália, instalaram-se,<br />
tendo por objetivo agregar riquezas aos seus<br />
países em crise.<br />
CRISE DO SUBPRIME (2008)<br />
A crise econômica atual é o resultado da “bolha” imobiliária<br />
norte-americana, que foi revelada em 2008 quando<br />
uma série de problemas financeiros originados<br />
principalmente nos EUA veio à tona. Após a crise das<br />
empresas “pontocom” em 2001, a economia do país<br />
se encontrava desestimulada, logo o Federal Reserve<br />
(Banco Central americano) decidiu reduzir a taxa de juros<br />
com o objetivo de fomentar os consumidores e as<br />
empresas a gastar e assim reaquecer o sistema.<br />
Inicialmente essa atitude foi bem-sucedida, a taxa<br />
de juros chegou a 1% ao ano (2003). O setor imobiliário<br />
ganhou muitos investimentos, assim os preços<br />
dos imóveis elevaram-se consideravelmente. A demanda<br />
pelas hipotecas cresceu, estas, em busca de<br />
lucros mais altos, concederam créditos facilmente,<br />
inclusive a indivíduos de alto risco, cujo histórico de<br />
pagamento não era bom e nem sempre tinham renda<br />
suficiente para repagar os credores posteriormente.<br />
Esses indivíduos, atraídos pelo momento favorável,<br />
compraram mais casas, esperando no futuro lucrar<br />
com sua venda, requisitando mais empréstimos, dando<br />
muitas vezes como garantia suas próprias casas.<br />
As companhias hipotecárias vendiam créditos aos<br />
bancos, pois assim recebiam capital adiantado e poderiam<br />
fazer mais empréstimos para seus clientes.<br />
Nota-se que a partir desse momento há uma fusão de<br />
setores da economia, o imobiliário e o financeiro. Em<br />
2006, o mercado já apresentava sinais de saturação, o<br />
Federal Reserve aumentou os juros, o que freou a economia<br />
e fez com que os preços dos imóveis caíssem.<br />
Devido a essa redução de crescimento, o desempregou<br />
aumentou, o custo de vida subiu e muitas pessoas<br />
tornaram-se inadimplentes, já que não tinham<br />
mais condições de arcar com seus débitos.<br />
Com a piora da situação, o pânico geral se instaurou e<br />
a dificuldade de se calcular o tamanho real do problema<br />
foi grande, pois a especulação embaçava a realidade<br />
e o rombo era maior do que o imaginado. Grandes<br />
empresas, como a American Home Mortgage (AHM),<br />
que atua no setor imobiliário, tiveram que pedir concordata.<br />
A maior das empresas do setor, a Fannie Mae<br />
(Federal National Mortgage Association), que faturou<br />
cerca de 43,71 bilhões de dólares em 2007, teve uma<br />
queda de 88% das ações no ano da crise. O governo<br />
teve que socorrê-la com um pacote de mais de 100<br />
bilhões de dólares e atualmente possui mais de 80%<br />
de suas ações disponíveis. 3<br />
O efeito “dominó” foi inevitável, um ciclo vicioso havia<br />
se fixado. A falência do tradicional banco norte-americano,<br />
o Lehman Brothers, fez com que várias instituições<br />
tivessem o mesmo fim, e aqueles que consegui-<br />
53
am se manter apresentaram problemas de insolvência<br />
na sua maioria. O CitiGroup, por exemplo, obteve um<br />
prejuízo de cerca de 8,29 bilhões de dólares. 4<br />
Ao se deparar com os ocorridos, o governo teve que<br />
injetar cerca de 850 bilhões de dólares para assistir<br />
bancos, seguradoras e fundos de investimento. JP<br />
Morgan, Bank of America, Goldman Sachs, entre outros,<br />
foram amparados por capital público A fusão e a<br />
compra de pequenas instituições por outras maiores<br />
também foi comum.<br />
O excessivo gasto do governo para socorrer a economia<br />
aumentou a dívida pública e continua gerando<br />
desgastes nas questões políticas, econômicas e sociais<br />
no país. No segundo semestre de 2008, o emprego<br />
nos EUA teve o maior índice registrado desde<br />
o final da Segunda Guerra Mundial. A deterioração<br />
da qualidade de vida da população e o aumento da<br />
desigualdade social entre pobres e ricos são apenas<br />
alguns dos infinitos problemas resultantes da crise.<br />
Esse feito levou os EUA a aumentarem muitíssimo sua<br />
divida pública, pois, alem dos problemas já existentes,<br />
Obama precisou ajudar os bancos com o tesouro norte-americano,<br />
pois sabia que a falência dos mesmos<br />
levaria a prejuízos econômicos e sociais ainda maiores.<br />
Alastramento da Crise<br />
Como os sistemas financeiros mundiais já estavam<br />
interligados, a piora da economia americana e a demora<br />
de um pacote de ajuda usado por esse país afetaram<br />
outras regiões do globo onde logo começaram<br />
a aparecer os problemas.<br />
Uma das primeiras instituições a sofrer foi o banco suíço<br />
UBS, que somente até setembro de 2008 já tinha<br />
um prejuízo em suas contas de mais de US$ 328,45<br />
milhões. Com a avaria em seu orçamento, o corte de<br />
funcionários revelou outro número alarmante, até o<br />
mesmo período, 2.387 postos de emprego já haviam<br />
sido cortados na mesma instituição. 5<br />
As contas, porém, não pararam de aumentar. A crise<br />
se espalhou para outros bancos e contaminou outros<br />
países. O banco britânico Bradford & Bingley (B&B)<br />
54<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
teve estimada sua carteira de hipotecas em um valor<br />
de US$ 100 bilhões. Na Alemanha, no Hypo Real<br />
Estate, grande tomador de empréstimos do mercado<br />
financeiro, o valor era de US$ 51 bilhões. 6<br />
As reações dos governos eram imprescindíveis, os<br />
governos de Holanda, Bélgica e Luxemburgo foram<br />
obrigados a injetar mais de US$ 18 bilhões em apenas<br />
uma instituição financeira dos países.<br />
A economia da Islândia, cuja maior parte se concentrava<br />
no mercado financeiro, viu-se em colapso, e<br />
quase a totalidade de seus habitantes se viu em situação<br />
de falência.<br />
As economias começavam a estagnar. A vinda da recessão<br />
era inevitável.<br />
“O governo alemão espera que esse pacote de salvamento<br />
seja aprovado ainda esta semana” (Angela<br />
Merkel), essa era uma frase que começava a ser ouvida<br />
com frequência vinda dos líderes de vários países.<br />
A Atual Crise Europeia<br />
Tentando diminuir os impactos da crise, os governos<br />
investiram nos setores críticos de suas economias<br />
pacotes bilionários. Porém, com sua estagnação, os<br />
investimentos, que antes serviram para minimizar a<br />
turbulência do setor financeiro e diminuir o número<br />
crescente de perdas de emprego, tornaram-se um<br />
novo vilão.<br />
Esses valores bilionários eram, muitas vezes, mais altos<br />
do que os governos poderiam arcar futuramente,<br />
mas a incerteza de não investi-los era pior.<br />
GRÉCIA<br />
O caso mais difícil, até o momento, é sem dúvida o do<br />
país helênico.<br />
Nos anos anteriores à crise, foi necessário e até interessante<br />
à nação investir um alto valor na defasada infraestrutura<br />
e programas básicos gerais do país. O custo das
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Olimpíadas de Atenas em 2004 também foi excessivo,<br />
além do alto índice de corrupção no governo grego.<br />
Mesmo com as regras da utilização do euro, nas quais o<br />
déficit fiscal (a diferença entre o valor que o governo arrecada<br />
e suas despesas) previsto não poderia ultrapassar<br />
3% do PIB do país, as contas não paravam de aumentar.<br />
A Grécia não possui uma economia forte e bem diversificada,<br />
contando com o turismo como uma de suas<br />
principais fontes.<br />
Com a chegada de anos mais turbulentos, a situação<br />
não melhorou. A quantia da dívida deixava os investidores<br />
cada vez mais preocupados, assim, novos<br />
empréstimos ao país começaram a ser dificultados e<br />
eram exigidos juros bem mais elevados.<br />
Ajudas internacionais agora são consideradas os únicos<br />
meios de salvar a Grécia. Em maio de 2010, os ministros<br />
das finanças da zona do euro e o Fundo Monetário<br />
Internacional (FMI) aprovaram um plano de<br />
ajuda ao país. O valor do pacote seria de 110 bilhões<br />
de euros, divididos entre as duas organizações, de<br />
modo que os países da zona do euro cederiam 80 bilhões<br />
de euros (30 bilhões já pagos em 2010) e o FMI<br />
concederia o restante. 7<br />
A ideia era arranjar tempo para a Grécia poder estabilizar<br />
sua economia, o que não ocorreu realmente. A<br />
nação, porém, viu sua nota de risco cair várias vezes<br />
em diferentes agências de classificação de risco.<br />
Vários cortes de gastos tiveram de ser aprovados pelo<br />
governo para tentar estabilizar o orçamento e obter<br />
empréstimos da UE (que condicionara sua ajuda ao<br />
cumprimento de ajustes). Tais ações, em sua maior<br />
parte, atingem o setor público, com cortes salariais,<br />
aumento de impostos, privatizações e mudança no<br />
sistema de pensões, medidas não muito populares<br />
para a população local, o que tem provocado greves,<br />
passeatas e tumultos em diversas partes do território.<br />
IRLANDA<br />
A Irlanda era conhecida, anteriormente à crise, como<br />
o “tigre celta”, pois vinha crescendo em um ritmo assustadoramente<br />
rápido. Essa expansão era dada basi-<br />
camente pelo forte mercado imobiliário que ali estava<br />
nascendo.<br />
Contudo, com a chegada da crise em 2008, o mercado<br />
imobiliário desaqueceu fortemente. A queda no<br />
preço dos imóveis chegou a um patamar de 60%. O<br />
sistema financeiro local estava amplamente conectado<br />
com esse segmento, por meio de créditos para as<br />
construtoras.<br />
O governo irlandês teve de investir 45 bilhões de euros<br />
para tentar salvar as empresas dos dois setores, deixando<br />
assim um déficit público de 32% do PIB. O desemprego<br />
também vem atingindo números alarmantes. 8<br />
Um dos principais temores para o colapso da economia<br />
irlandesa é que suas empresas são uma das principais<br />
compradoras das empresas britânicas, comprando<br />
mais mercadorias que Brasil, Rússia, Índia e<br />
China juntos.<br />
Em dezembro de 2010, os ministros das Finanças da<br />
União Europeia aprovaram um pacote de ajuda ao<br />
governo de Dublin. Tal acordo consiste em um valor<br />
de 85 bilhões de euros para salvar sua economia.<br />
Logo após sua aprovação, planos de corte de gastos<br />
foram aceitos, entre os quais, o país deverá reformar<br />
o sistema bancário e o déficit do governo deverá ser<br />
reduzido a 3% do PIB até 2015.<br />
PORTUGAL<br />
Ao contrário dos outros governos citados anteriormente,<br />
a causa da crise portuguesa pode ser identificada<br />
como falta de competitividade. Com o gradual<br />
aumento dos salários e redução das tarifas de exportação<br />
de baixo valor da Ásia, adicionados ao grande<br />
número de investimentos (especialmente no setor de<br />
transportes) houve uma tentativa de melhorar o valor<br />
de seus produtos. Assim, uma grande dívida pública<br />
foi arrecadada pelo governo.<br />
O aumento da desconfiança sobre a possibilidade de<br />
pagamento ou não e sua maior dificuldade em administrar<br />
as dívidas fizeram com que os investidores dificultassem<br />
e aumentassem as taxas de juros.<br />
55
Como medida para reduzir os problemas, o então primeiro-ministro,<br />
José Sócrates, tentou botar em prática<br />
um plano de austeridade que reduziria assim as<br />
vantagens no pagamento de pensões, aumentaria os<br />
impostos e as tarifas nos transportes públicos. A oposição,<br />
porém, não concordou em realizar esse plano,<br />
derrubando-o em março de 2011.<br />
Foi gerada uma crise política que derrubou o primeiro-ministro<br />
e as bolsas de valores em todas as áreas<br />
do globo, pois gerou certa dúvida em relação à possibilidade<br />
de melhora e salvação do país luso.<br />
Depois de muito relutar a uma potencial ajuda, Portugal<br />
não conseguiu seguir sem o suporte do restante<br />
da Europa, porém, alguns países, em especial a Finlândia,<br />
relutaram em aceitar em seus parlamentos<br />
que um o pacote fosse feito. Chegou-se ao ponto de<br />
se fazerem vídeos e lançá-los na internet para tentar<br />
convencer a população desses países a fazer um trato.<br />
Enfim, o novo pacote foi aprovado com um valor de<br />
78 bilhões de euros, que serão divididos igualmente<br />
(26 bilhões de euros cada) entre o Fundo Europeu de<br />
Estabilização Financeira (FEEF), o Mecanismo Europeu<br />
de Estabilização Financeira (MEEF) e o FMI. 9<br />
Foi necessário o comprometimento do país em alguns<br />
aspectos para que esse pacote pudesse ser recebido.<br />
A nação deverá, em três anos, fazer reformas estruturais<br />
para assegurar o aumento da economia, a criação<br />
de empregos e a melhoria da competitividade.<br />
É preciso também estabilizar suas contas públicas até<br />
2013 em até 3% do PIB e investir no sistema bancário do<br />
país com um programa de apoio de 12 bilhões de euros.<br />
ESPANHA<br />
A Espanha é uma peça muito mais preocupante no<br />
tabuleiro europeu, pois sua economia é maior que a<br />
dos outros citados anteriormente. O endividamento<br />
público, em 2009, estava ainda abaixo da média europeia,<br />
mas seu crescimento vinha aumentando, o<br />
real problema era assim a somatória total das dívidas<br />
espanholas (incluindo bancos, empresas e famílias).<br />
Esse chegou a um valor que atinge quatro vezes o PIB,<br />
56<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
metade desse valor está relacionado a dívidas externas<br />
cujos 60% correspondem a dívidas com bancos<br />
alemães e franceses.<br />
No fim do ano de 2009, a economia da nação encolheu<br />
3,6% e o déficit público atingiu 11,4% do PIB. A dívida<br />
pública, que estava em 39,7% do PIB em 2008, subiu<br />
para 55,2% no fim de 2009 e alguns economistas previram<br />
que deverá alcançar o patamar de 74,3% em 2012. 10<br />
A taxa de desemprego, em 2009, era de 18,8% da população<br />
economicamente ativa (sendo 40% dos jovens<br />
e 60% da mão de obra imigrante), já em 2010,<br />
girava em torno de 20%.<br />
A economia espanhola está apoiada em três grandes<br />
setores, sendo os três amplamente afetados pela crise:<br />
a construção, o turismo e o setor automobilístico.<br />
A construção absorvia 11% da economia e 13% do<br />
emprego do país, mas, após os últimos anos, ocorreu<br />
uma intensa desvalorização do valor e estagnação na<br />
venda dos imóveis. O turismo está amplamente prejudicado,<br />
pois, com economias em crise, a população<br />
deixa de procurar ou realizar atos mais supérfluos. O<br />
setor automobilístico, que é totalmente controlado<br />
por multinacionais estrangeiras, é o eixo da indústria<br />
local e se sustentou durante o ano de 2009 graças a<br />
uma ampla ajuda governamental.<br />
Os bancos espanhóis estão completamente atados ao<br />
setor imobiliário.<br />
O governo espanhol se manifestou dizendo que fará<br />
cortes, como cortar as despesas públicas em mais de<br />
50%, reformar o sistema de pensões públicas, fazer<br />
uma reforma trabalhista e impulsionar as privatizações,<br />
mas deixa claro que isso será somente o princípio.<br />
O país vem enfrentando grave desaprovação popular e<br />
corre um grave risco de uma crise política tomar lugar, o<br />
que prejudicaria ainda mais sua recuperação econômica.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
ITÁLIA<br />
A Itália representa a quarta maior economia da atual<br />
União Europeia. A crise na nação não se restringe somente<br />
à economia; a crise política vem assolando o país<br />
antes do começo das reais preocupações com o mercado.<br />
O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi<br />
está envolvido em acusações e processos na justiça italiana<br />
há algum tempo. Os principais motivos são as festas<br />
organizadas e os casos de prostituição de menores.<br />
Seu governo já não é aprovado por muitos italianos e<br />
já esteve a ponto de cair diversas vezes. Sob o enfoque<br />
econômico, a Itália possuía, em 2009, um déficit público<br />
de 5,3% do PIB nacional, o que não era muito preocupante.<br />
Porém, a dívida pública tem encontrado uma<br />
situação cada vez mais caótica, chegando ao nível de<br />
115,8% do PIB. 11 O governo se comprometeu a “apertar<br />
os cintos” e diminuir os gastos, congelando assim os<br />
salários públicos, reduzindo os orçamentos para os ministérios<br />
e reforçando a luta contra a evasão fiscal. Segundo<br />
alguns economistas, o medo e a pressão sobre<br />
Portugal e Espanha foram cruciais para que houvesse<br />
essa preocupação com relação à Itália. O país teve sua<br />
nota de risco rebaixada por agências conceituadas no<br />
setor, em muitas delas descendo do A+ para o A.<br />
REINO UNIDO<br />
Apesar de não pertencer à zona do euro, sua relação<br />
com os outros países da União Europeia é tão forte<br />
que não sairia a salvo da crise.<br />
Diferentemente dos outros países da Europa, o agravamento<br />
da crise no país não se deu por questão<br />
monetária, e sim por causa da depressão inglesa. A<br />
nação não consegue restabelecer o crescimento e<br />
vem somando números negativos ou muito próximos<br />
a zero há alguns trimestres. A crise bancária de 2008<br />
assolou-o gravemente e não foi retomada sua forma<br />
original até o momento. Teve início, assim, como nos<br />
demais países, um complicado e extenso processo<br />
de corte de gastos governamentais. Várias cidades<br />
foram palco de diversos protestos estudantis contra<br />
tais reformas, e o apoio da população mais jovem não<br />
é muito explícito. Bancos também tiveram suas notas<br />
rebaixadas por dúvidas em relação à possibilidade de<br />
poderem cumprir com seus deveres.<br />
FRANçA<br />
Segunda maior economia da atual União Europeia, o<br />
país tem papel crucial nas negociações e nos preparativos<br />
para o futuro da região. A França, porém, tem recebido<br />
notícias não muito animadoras com relação a<br />
sua economia e seu crescimento. A nação está à beira<br />
de entrar em recessão. O presidente francês, Nicolas<br />
Sarkozy, tem tido vários encontros com a chanceler<br />
alemã, Angela Merkel, e os dois países são a esperança<br />
para o futuro do euro.<br />
ALEMANHA<br />
Maior e mais sólida economia europeia. É o país no<br />
qual mais se teme uma infecção da economia. É, em<br />
conjunto com a França, quem tem liderado a cobrança<br />
aos países mais afetados para cumprir sua parte<br />
nos acordos, e é influente no preparo de tais pacotes.<br />
Um grave medo de um cansaço do país em ajudar o<br />
restante da Europa é preocupante, já que vêm sendo<br />
levantadas propostas de deixar a zona do euro pelos<br />
mais radicais do país.<br />
A criação de um Fundo Monetário Europeu (FME) 12<br />
pode ser um remédio para que o problema que vem<br />
ocorrendo de erros de informações dos países mediterrâneos<br />
e erros de divulgação de cálculos não<br />
aconteçam novamente. Para que tal fundo possa vir<br />
a existir, os países deveriam abdicar de suas políticas<br />
econômicas diversas, construindo assim uma maior<br />
união entre os Estados.<br />
57
Panoramas<br />
58<br />
Alemanha<br />
Áustria<br />
Bélgica<br />
Dinamarca<br />
Espanha<br />
Estônia<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Desemprego 2007 7,1% 4,4% 7,5% 2,8% 8,3% 4,7% 6,9% 7,9% 8,3% 7,3% 4,6%<br />
Desemprego 2010 7,4% 4,5% 8,5% 4,2% 20% 17,5% 8,4% 9,5% 12% 10,7% 13,7%<br />
Dívida Pública 2007<br />
Dívida Pública 2010<br />
Dívida Externa 2007<br />
Dívida Externa 2009<br />
Dívida Externa 2011<br />
PIB 2007<br />
PIB 2010<br />
PIB - Taxa de Crescimento<br />
Real 2007<br />
PIB - Taxa de Crescimento<br />
Real 2009<br />
PIB - Taxa de Crescimento<br />
Real 2010<br />
PIB per capita 2007<br />
PIB per capita 2010<br />
64,9%<br />
do PIB<br />
78,8%<br />
do PIB<br />
3.904<br />
(bilhões US$)<br />
4.713<br />
(bilhões US$)<br />
2.807<br />
(bilhões US$)<br />
2.940<br />
(bilhões US$)<br />
59,1%<br />
do PIB<br />
70,4%<br />
do PIB<br />
594,3<br />
(bilhões US$)<br />
755<br />
(bilhões US$)<br />
322<br />
(bilhões US$)<br />
332<br />
(bilhões US$)<br />
84,6%<br />
do PIB<br />
98,6%<br />
do PIB<br />
1.053<br />
(bilhões US$)<br />
1.241<br />
(bilhões US$)<br />
376,5<br />
(bilhões US$)<br />
394,3<br />
(bilhões US$)<br />
26%<br />
do PIB<br />
46,6%<br />
do PIB<br />
405<br />
(bilhões US$)<br />
559,5<br />
(bilhões US$)<br />
203,3<br />
(bilhões US$)<br />
201,7<br />
(bilhões US$)<br />
36,2%<br />
do PIB<br />
63,4%<br />
do PIB<br />
1.591<br />
(bilhões US$)<br />
2.166<br />
(bilhões US$)<br />
1.361<br />
(bilhões US$)<br />
1.369<br />
(bilhões US$)<br />
3,4%<br />
do PIB<br />
7,7%<br />
do PIB<br />
13,94<br />
(bilhões US$)<br />
25,13<br />
(bilhões US$)<br />
28,69<br />
(bilhões US$)<br />
24,69<br />
(bilhões US$)<br />
Finlândia<br />
35,9%<br />
do PIB<br />
45,4%<br />
do PIB<br />
251,9<br />
(bilhões US$)<br />
370,8<br />
(bilhões US$)<br />
188,4<br />
(bilhões US$)<br />
186<br />
(bilhões US$)<br />
França<br />
63,9%<br />
do PIB<br />
83,5%<br />
do PIB<br />
3.461<br />
(bilhões US$)<br />
4.698<br />
(bilhões US$)<br />
2.075<br />
(bilhões US$)<br />
2.145<br />
(bilhões US$)<br />
Grécia<br />
89,5%<br />
do PIB<br />
144%<br />
do PIB<br />
301,9<br />
(bilhões US$)<br />
532,9<br />
(bilhões US$)<br />
327,6<br />
(bilhões US$)<br />
318,1<br />
(bilhões US$)<br />
Hungria<br />
67%<br />
do PIB<br />
79,6%<br />
do PIB<br />
107,3<br />
(bilhões US$)<br />
148,4<br />
(bilhões US$)<br />
191,7<br />
(bilhões US$)<br />
187,6<br />
(bilhões US$)<br />
Irlanda<br />
24,9%<br />
do PIB<br />
94,2%<br />
do PIB<br />
1.392<br />
(bilhões US$)<br />
2.253<br />
(bilhões US$)<br />
191,6<br />
(bilhões US$)<br />
172,3<br />
(bilhões US$)<br />
2,5% 3,1% 2,8% 1,7% 3,8% 7,1% 4,5% 2,1% 4% 1,3% 6%<br />
-4,7% -3,8% -2,7% -4,7% -3,7% -13,9% -8,1% -2,5% -2% -6,3% -7,6%<br />
3,5% 2% 2% 2,1% -0,1% 3,1% 3,1% 1,5% -4,5% 1,2% -1%<br />
US$<br />
34.100<br />
US$<br />
35.700<br />
US$<br />
39.300<br />
US$<br />
40.400<br />
US$<br />
36.200<br />
US$<br />
37.800<br />
US$<br />
37.200<br />
US$<br />
36.600<br />
US$<br />
33.600<br />
US$<br />
29.400<br />
Inflação 2007 2,3% 2,2% 1,8% 1,7% 2,8% 6,6% 2,5% 1,5% 2,9% 8% 4,9%<br />
Inflação 2010 1,1% 1,9% 2,3% 2,6% 1,3% 2,4% 1,2% 1,5% 4,5% 4,9% -1,6%<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2006<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2007<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2009<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2010<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2011<br />
136,2<br />
(trilhões US$)<br />
180,8<br />
(trilhões US$)<br />
18,2<br />
(trilhões US$)<br />
21,8<br />
(trilhões US$)<br />
16,5<br />
(trilhões US$)<br />
23,9<br />
(trilhões US$)<br />
42,3<br />
(trilhões US$)<br />
76,6<br />
(trilhões US$)<br />
19<br />
(trilhões US$)<br />
28,2<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
21.800<br />
US$<br />
19.100<br />
3,2<br />
(trilhões US$)<br />
3,6<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
36.000<br />
US$<br />
35.400<br />
8,3<br />
(trilhões US$)<br />
9,1<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
32.600<br />
US$<br />
33.100<br />
115,7<br />
(trilhões US$)<br />
133,1<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
30.600<br />
US$<br />
29.600<br />
3,6<br />
(trilhões US$)<br />
5,5<br />
(trilhões US$)<br />
Fonte: Indexmundi.<br />
US$<br />
19.300<br />
US$<br />
18.800<br />
24<br />
(trilhões US$)<br />
44,9<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
46.600<br />
US$<br />
37.300<br />
926,2<br />
(trilhões US$)<br />
2,1<br />
(trilhões US$)
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Itália<br />
Letônia<br />
Lituânia<br />
Luxemburgo<br />
Países<br />
Baixos<br />
Desemprego 2007 6,2% 5,7% 3,7% 4,4% 4,6% 12,8% 8% 5,3% 6,6% 4,1% 6,1%<br />
Desemprego 2010 8,4% 14,3% 17,9% 5,5% 5,5% 11,8% 10,7% 7,9% 7,1% 8,2% 8,3%<br />
Dívida Pública 2007<br />
Dívida Pública 2010<br />
Dívida Externa 2007<br />
Dívida Externa 2009<br />
Dívida Externa 2011<br />
PIB 2007<br />
PIB 2010<br />
PIB - Taxa de<br />
Crescimento Real 2007<br />
PIB - Taxa de<br />
Crescimento Real 2009<br />
PIB - Taxa de<br />
Crescimento Real 2010<br />
PIB per capita 2007<br />
PIB per capita 2010<br />
104% do<br />
PIB<br />
118,1%<br />
do PIB<br />
1.957<br />
(bilhões US$)<br />
2.223<br />
(bilhões US$)<br />
1.800<br />
(bilhões US$)<br />
1.774<br />
(bilhões US$)<br />
7,4% do<br />
PIB<br />
46,2% do<br />
PIB<br />
18,9<br />
(bilhões US$)<br />
37,28<br />
(bilhões US$)<br />
40,05<br />
(bilhões US$)<br />
32,51<br />
(bilhões US$)<br />
17,3% do<br />
PIB<br />
36,7% do<br />
PIB<br />
15,12<br />
(bilhões US$)<br />
27,6<br />
(bilhões US$)<br />
59,98<br />
(bilhões US$)<br />
56,59<br />
(bilhões US$)<br />
6,4% do<br />
PIB<br />
16,2% do<br />
PIB<br />
1.933<br />
(bilhões US$)<br />
1.892<br />
(bilhões US$)<br />
38,14<br />
(bilhões US$)<br />
41,09<br />
(bilhões US$)<br />
45,5% do<br />
PIB<br />
64,6% do<br />
PIB<br />
1.899<br />
(bilhões US$)<br />
3.733<br />
(bilhões US$)<br />
645,5<br />
(bilhões US$)<br />
676,9<br />
(bilhões US$)<br />
Polônia<br />
43,1% do<br />
PIB<br />
52,6% do<br />
PIB<br />
147,3<br />
(bilhões US$)<br />
252,9<br />
(bilhões US$)<br />
623,1<br />
(bilhões US$)<br />
721,3<br />
(bilhões US$)<br />
Portugal<br />
63,6% do<br />
PIB<br />
83,2% do<br />
PIB<br />
272,2<br />
(bilhões US$)<br />
497,8<br />
(bilhões US$)<br />
232,3<br />
(bilhões US$)<br />
247<br />
(bilhões US$)<br />
Reino<br />
Unido<br />
43,6% do<br />
PIB<br />
76,5% do<br />
PIB<br />
8.280<br />
(bilhões US$)<br />
8.981<br />
(bilhões US$)<br />
2.130<br />
(bilhões US$)<br />
2.173<br />
(bilhões US$)<br />
República<br />
Tcheca<br />
26% do<br />
PIB<br />
40% do<br />
PIB<br />
50,2<br />
(bilhões US$)<br />
86,79<br />
(bilhões US$)<br />
251<br />
(bilhões US$)<br />
261,3<br />
(bilhões US$)<br />
Romênia<br />
13% do<br />
PIB<br />
34,8% do<br />
PIB<br />
42,76<br />
(bilhões US$)<br />
108,9<br />
(bilhões US$)<br />
247,1<br />
(bilhões US$)<br />
254,2<br />
(bilhões US$)<br />
Suécia<br />
41,7% do<br />
PIB<br />
40,8% do<br />
PIB<br />
598,2<br />
(bilhões US$)<br />
853,3<br />
(bilhões US$)<br />
338,5<br />
(bilhões US$)<br />
354,7<br />
(bilhões US$)<br />
1,4% 10,3% 8,8% 4,5% 3,5% 6,6% 1,8% 3,1% 6,6% 6% 2,7%<br />
-5,1% -18% -14,8% -3,4% -3,9% 1,7% -2,6% -5% -4,1% -7,1% -5,1%<br />
1,3% -0,3% 1,3% 3,4% 1,7% 3,8% 1,4% 1,3% 2,3% -1,3% 5,5%<br />
US$<br />
30.900<br />
US$<br />
30.500<br />
US$<br />
17.700<br />
US$<br />
14.700<br />
US$<br />
16.800<br />
US$<br />
16.000<br />
US$<br />
79.400<br />
US$<br />
82.600<br />
US$<br />
39.000<br />
US$<br />
40.300<br />
US$<br />
16.200<br />
US$<br />
18.800<br />
US$<br />
21.800<br />
US$<br />
23.000<br />
US$<br />
35.000<br />
US$<br />
34.800<br />
US$<br />
24.500<br />
US$<br />
25.600<br />
US$<br />
11.100<br />
US$<br />
11.600<br />
Inflação 2007 1,8% 10,1% 5,7% 2,3% 1,6% 2,5% 2,4% 2,3% 2,9% 4,8% 2,2%<br />
Inflação 2010 1,4% -1,2% 0,9% 2,1% 1,1% 2,6% 1,1% 3,3% 1,5% 6% 1,4%<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2006<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2007<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2009<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2010<br />
Reservas em Moeda<br />
Estrangeira e Ouro 2011<br />
94,3<br />
(trilhões US$)<br />
132,8<br />
(trilhões US$)<br />
5,7<br />
(trilhões US$)<br />
7,1<br />
(trilhões US$)<br />
7,7<br />
(trilhões US$)<br />
6,4<br />
(trilhões US$)<br />
205,5<br />
(bilhões US$)<br />
810<br />
(bilhões US$)<br />
26, 9<br />
(trilhões US$)<br />
39,6<br />
(trilhões US$)<br />
65,7<br />
(trilhões US$)<br />
99,7<br />
(trilhões US$)<br />
11,5<br />
(trilhões US$)<br />
16<br />
(trilhões US$)<br />
57,3<br />
(trilhões US$)<br />
66,7<br />
(trilhões US$)<br />
34,5<br />
(trilhões US$)<br />
42,3<br />
(trilhões US$)<br />
39,9<br />
(trilhões US$)<br />
50,5<br />
(trilhões US$)<br />
US$<br />
35.500<br />
US$<br />
39.100<br />
31<br />
(trilhões US$)<br />
47,2<br />
(trilhões US$)<br />
59
Ponderações<br />
Atualmente, o escopo dos países integrados à União Europeia<br />
é encontrar uma solução para o grave problema deficitário<br />
da maioria das nações associadas ao bloco. Quando<br />
a “bolha” imobiliária veio à tona em 2008 nos Estados<br />
Unidos, a maioria dos economistas provavelmente previu<br />
que a crise se espalharia rapidamente pelo mundo devido<br />
à interdependência, que tende a cada vez ser mais forte,<br />
entre os países em aspectos macroeconômicos. Logo as<br />
prospectivas não muito otimistas, a estagnação e até o<br />
retrocesso econômico da superpotência norte-americana<br />
atingiram diretamente aqueles que são um dos seus principais<br />
parceiros comercias, a zona do euro por inteiro.<br />
Esse momento de incerteza e de medo quanto ao crescimento<br />
econômico mundial (sobretudo das grandes<br />
potências) referente à próxima década vem se arrastando<br />
há mais de três anos com ápices de maior ou<br />
menor estabilidade. Em especial no segundo semestre<br />
de 2011, a situação na Europa se tornou mais inquieta,<br />
período em que praticamente semanalmente as autoridades<br />
governamentais se reuniam na busca de um<br />
acordo unânime.<br />
O impasse dos governantes em chegar a um acordo definitivo<br />
vai além das diferenças culturais e econômicas<br />
de cada país, apesar de medidas efetivas demandarem<br />
urgência, corte de gastos, empréstimos ou anistia das<br />
dívidas nem sempre são sinônimos de solução, ainda<br />
mais quando se pensa em longo prazo. Outro aspecto<br />
substancial a ser pensando pelos senhores delegados<br />
é a harmonia que deve existir entre medidas econômicas<br />
e o contexto social, ou seja, como harmonizar, ter<br />
a qualidade de vida sacrificada em função dos ajustes<br />
econômicos necessários.<br />
Os delegados do Conselho Europeu devem se lembrar<br />
que a unanimidade é um aspecto fundamental a ser<br />
levado em conta, pois, como representantes de apenas<br />
um país, deverão elaborar propostas eficientes que beneficiem<br />
todos e assim possam ser aprovadas em um<br />
futuro próximo.<br />
O desafio será justamente conciliar as políticas específicas<br />
de cada governo e chegar a um consenso favorável<br />
para os vinte e cinco membros presentes na reunião. É<br />
vantajoso que haja reflexões mais profundas nos dias<br />
de reunião do Conselho Europeu para a sugestão e<br />
60<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
elaboração de tratados originais, que não tenham sido<br />
sugeridos anteriormente.<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
O Documento de Posição Oficial, como o próprio nome<br />
diz, apresenta a política externa do país representado<br />
de acordo com o tema debatido no Comitê.<br />
No Conselho Europeu, o DPO deve conter: situação do<br />
país em relação à crise econômica, medidas tomadas<br />
(medidas de austeridade, empréstimos etc.), situação<br />
política do país (eleições, satisfação da população),<br />
prazo para atingir as metas propostas pela União Europeia<br />
(3% de déficit orçamentário, por exemplo), propostas<br />
para a solução da crise como um bloco.<br />
Palgrave mini (Dicionário de termos econômicos) 13<br />
AJUSTE ESTRUTURAL<br />
Conjunto de medidas econômicas, financeiras e políticas<br />
necessárias para a superação de crise de causas estruturais.<br />
Na maioria das vezes, essas crises têm origem<br />
em longos períodos em que o país, ou o governo, vive<br />
além de seus meios, e são caracterizadas pelo alto endividamento,<br />
problemas no balanço de pagamentos e<br />
possibilidade de insolvência.<br />
As medidas de ajuste estrutural passaram a ser requeridas<br />
pelas agências financeiras multilaterais, principalmente<br />
FMI e Banco Mundial, principalmente a partir dos<br />
anos 1980, com o estouro das crises de dívida nos países<br />
em desenvolvimento. Para conseguir os empréstimos<br />
necessários, aqueles países tiveram que adotar uma série<br />
de reformas em sua estrutura econômica, a fim de capacitá-la<br />
a retornar à normalidade no médio prazo. Geralmente,<br />
essas reformas incluíam o corte de despesas<br />
governamentais, para reduzir desequilíbrios nas contas<br />
públicas, expansão do setor exportador, para recuperar<br />
o superávit na balança comercial, e a privatização de<br />
empresas antes nas mãos do setor público, com o fim<br />
aumentar a eficiência produtiva e cortar custos.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
AJUSTE FISCAL<br />
O ajuste fiscal é o conjunto de medidas para recuperar<br />
o equilíbrio das contas públicas, geralmente necessário<br />
após um longo período de déficits fiscais crônicos,<br />
como medida de combate à inflação ou quando a dívida<br />
pública atinge patamares insustentáveis. Envolve<br />
o aumento dos recursos líquidos em mãos do governo,<br />
por meio da redução em suas despesas, ou de um aumento<br />
dos impostos sobre os rendimentos nacionais,<br />
ou ambos. O ajuste fiscal é frequentemente considerado<br />
uma medida de austeridade, pois pode provocar ou<br />
agravar uma recessão.<br />
AUSTERIDA<strong>DE</strong><br />
Em economia, austeridade significa a redução dos gastos<br />
do governo e/ou o aumento dos impostos a fim<br />
de saldar dívidas para com credores internos ou externos.<br />
Medidas de austeridade são requeridas, em geral,<br />
quando o déficit fiscal de um governo é tido como<br />
insustentável. No entanto, pode se referir a medidas<br />
necessárias para lidar com uma crise estrutural no balanço<br />
de pagamentos também.<br />
As medidas de austeridade exigidas nas condições dos<br />
acordos com o FMI e o Banco Mundial são a principal<br />
razão pela qual as instituições são frequentemente alvo<br />
de fortes críticas. Afinal, as consequências negativas das<br />
medidas de austeridade impactam a sociedade como<br />
um todo: trazem aumento do desemprego, redução de<br />
salários e benefícios, corte de gastos em determinados<br />
serviços governamentais, entre outras. Portanto, são<br />
medidas impopulares que enfrentam grande resistência<br />
política, pois geralmente acabam provocando a inquietação<br />
social, como greves, protestos, bloqueios etc.<br />
BAILOUT<br />
Bailout é uma palavra inglesa (de bail: fiança, garantia)<br />
que, em economia e finanças, significa uma injeção de<br />
capital feita em uma empresa, banco ou mesmo um<br />
governo falido ou próximo da falência, a fim de que<br />
este possa honrar seus compromissos de curto prazo.<br />
Em geral, os bailouts são dados por governos centrais,<br />
instituições financeiras ou por consórcios de investidores<br />
que, em troca da injeção de fundos, assumem o<br />
controle da entidade.<br />
Os bailouts dados pelo governo são geralmente reservados<br />
para os casos em que a empresa é considerada<br />
“grande demais para quebrar” — política justificada<br />
pelo argumento de que a falência de determinadas<br />
empresas prejudicaria outros setores da economia por<br />
meio do contágio. Por outro lado, o termo pode significar<br />
a injeção de fundos do FMI ou outros emprestadores<br />
internacionais a governos endividados para salvá-los da<br />
insolvência. Porém, nesse caso, não existe a possibilidade<br />
de o Fundo assumir o controle de um governo soberano,<br />
embora possa pressioná-lo a adotar as medidas<br />
necessárias de ajuste por meio de condicionalidades.<br />
BALANçO <strong>DE</strong> PAGAMENTOS<br />
Registro contábil de todas as transações econômicas – comerciais<br />
ou financeiras – entre um país e o resto do mundo<br />
durante um determinado intervalo de tempo, geralmente<br />
de um ano, transações essas valoradas em termos<br />
de moeda de curso internacional, usualmente dólares<br />
norte-americanos. Ele é dividido em duas contas principais:<br />
transações correntes e conta capital e financeira.<br />
Em geral, é desejável que uma economia cresça com<br />
equilíbrio de longo prazo no balanço de pagamentos.<br />
No caso de superávit, o país está armazenando reservas<br />
internacionais, as quais podem ser consideradas<br />
ineficientes quando acumuladas em excesso (pois o<br />
país poderia encontrar melhor uso para os recursos).<br />
No caso de déficit, o país deve consumir reservas internacionais,<br />
conseguir financiamento no exterior ou desvalorizar<br />
sua moeda. Portanto, déficits prolongados no<br />
balanço de pagamentos são insustentáveis.<br />
BANCO CENTRAL<br />
Instituição financeira de caráter público com funções<br />
e prerrogativas específicas, sendo responsável por supervisionar<br />
e controlar as atividades do sistema bancário<br />
nacional, regular o crédito e a quantidade de<br />
moeda, tendo o monopólio de sua emissão e de exe-<br />
61
cutar a política financeira de um governo, funcionando<br />
como a autoridade monetária de um país. Além disso,<br />
é chamado de “banco dos bancos” ou “emprestador de<br />
última instância”, pois fornece o dinheiro necessário<br />
para os bancos comerciais e para o próprio governo,<br />
evitando crises de liquidez e crises no sistema financeiro<br />
como um todo.<br />
Quando o banco central é independente, como é o<br />
caso da maioria das economias hoje em dia, ele é responsável<br />
pela condução da política monetária com o<br />
objetivo principal de manter a estabilidade da moeda<br />
(controlar a inflação). Além disso, os bancos centrais<br />
são, em geral, responsáveis pelas operações cambiais<br />
(compra e venda de moeda estrangeira para o público)<br />
e pela manutenção das reservas internacionais.<br />
CHOQUES EXTERNOS<br />
Alterações bruscas nas condições econômicas internacionais,<br />
as quais têm impacto sobre os mercados internos<br />
por diversos canais. Entre eles, podemos citar a interrupção<br />
dos fluxos financeiros externos, a queda da demanda<br />
por produtos de exportação ou o aumento dos custos<br />
de produtos importados que ficaram mais caros.<br />
Os choques podem ser causados, principalmente, por<br />
fenômenos da natureza, descobertas tecnológicas ou<br />
mudanças políticas. Cada país individualmente enxerga<br />
um acontecimento com consequências econômicas negativas<br />
como um choque externo; porém, de um ponto<br />
de vista sistêmico, os choques podem se propagar direta<br />
e indiretamente por várias nações por meio do contágio.<br />
CICLOS ECONôMICOS<br />
É o nome dado pelos economistas às oscilações de curto<br />
prazo no produto interno bruto (PIB) e no emprego.<br />
Basicamente, um país possui uma taxa de crescimento<br />
do PIB e uma taxa de desemprego anual. Quando<br />
observadas ao longo de muitos anos, é possível verificar<br />
uma tendência para a evolução de tais variáveis,<br />
uma média que elas assumem ao longo da história. Por<br />
exemplo, a tendência da taxa de crescimento do PIB da<br />
economia norte-americana é de 2% ao ano.<br />
62<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
A oscilação que é verificada ano a ano, como, por<br />
exemplo, quanto o país cresceu em 1999 e depois em<br />
2000, faz parte do ciclo, pois está no curto prazo. Também<br />
podem existir oscilações bruscas, como aquelas<br />
causadas por crises que geram grandes recessões ou<br />
“milagres de crescimento” gerados por motivos diversos,<br />
como esforços de guerra, por exemplo.<br />
CONDICIONALIDA<strong>DE</strong>S<br />
“O financiamento obtido junto às instituições financeiras<br />
internacionais tem um caráter diferente daquele<br />
feito em instituições privadas, (...) uma vez que aquelas<br />
têm por objetivo assegurar o bom funcionamento<br />
do sistema financeiro internacional (no caso do Fundo<br />
Monetário) e a luta contra a pobreza e promoção do desenvolvimento<br />
(no caso do Banco Mundial). Com o fim<br />
de alcançar tais objetivos, essas instituições exigem dos<br />
países membros a adoção de medidas específicas. As<br />
cláusulas dos acordos do FMI e do Banco Mundial que<br />
impõem esse tipo de contrapartida são comumente conhecidas<br />
por condicionalidades. Contudo, não se pode<br />
descartar o caráter veementemente político dessas organizações<br />
e os meios de que elas se utilizam para alcançar<br />
seus objetivos.” (Andrade et al, 2010)<br />
É a vinculação explícita do desembolso de fundos para<br />
empréstimo à adoção de medidas específicas pelo recipiente<br />
ou o alcance de metas preestabelecidas. Não<br />
se restringe às instituições financeiras internacionais.<br />
CONSUMO<br />
Despesa das famílias e empresas, durante determinado<br />
período de tempo, em bens (duráveis ou não duravéis)<br />
e serviços (itens intangíveis), excluindo-se a compra<br />
de imóveis residenciais novos, os quais se enquadram<br />
na categoria investimento. É importante diferenciar o<br />
consumo da poupança, a qual é justamente a parcela<br />
dos rendimentos que não é consumida no presente, de<br />
modo a permitir um consumo maior no futuro.<br />
Embora a poupança seja importante, o consumo é a<br />
principal força que puxa a atividade econômica. Quando<br />
ocorre uma desaceleração no consumo, devido a,
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
por exemplo, incerteza dos consumidores quanto ao<br />
futuro, a economia inteira pode entrar em recessão,<br />
pois as empresas não conseguem vender seus produtos.<br />
Por outro lado, quando o consumo está muito<br />
aquecido, pode haver o aumento das pressões inflacionárias.<br />
Portanto, o consumo é uma das principais variáveis<br />
por trás do ciclo econômico.<br />
CONTÁGIO<br />
O contágio, usualmente observado no contexto financeiro<br />
da economia, é como o próprio nome coloca, a<br />
transmissão dos sintomas observados de um indivíduo<br />
para outro; no caso, de um agente econômico, mercado,<br />
sistema ou país para outro. Em economia internacional,<br />
o termo refere-se à disseminação de problemas existentes<br />
em determinado sistema econômico para outras<br />
regiões e países. Formalmente, é a rápida transmissão<br />
de preços declinantes, da diminuição de liquidez ou do<br />
aumento de volatilidade de um mercado a outro.<br />
Uma espécie de contágio muito recorrente é o dos<br />
mercados interbancários. Bancos relacionam-se entre<br />
si por meio dos mercados específicos, garantindo um<br />
sistema financeiro saudável por meio da provisão de<br />
liquidez, crédito e da criação de moeda.<br />
No entanto, o contágio pode ocorrer quando problemas<br />
afetando um banco ou um grupo de bancos se espalham<br />
para outros bancos e até para outros sistemas<br />
bancário ao redor do globo. Muito disso foi evidenciado<br />
na recente crise do subprime, após a falência de bancos<br />
de investimento americanos como o Lehman Brothers.<br />
Outro exemplo relevante é o contágio da recessão em<br />
uma economia para as demais (especialmente se aquela<br />
for grande e importante, como a americana). Quando<br />
a atividade econômica entra em declínio em um país,<br />
seus parceiros comerciais imediatamente são afetados<br />
pela redução da demanda por produtos importados.<br />
Além disso, outros canais de contágio podem incluir a<br />
diminuição dos fluxos de capital, dos quais certos países<br />
dependem para dar continuidade ao desenvolvimento.<br />
CRESCIMENTO ECONôMICO<br />
Aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto,<br />
da produção de bens e serviços. É medido principalmente<br />
pelo índice de crescimento anual do Produto<br />
Interno Bruto per capita. Ainda, pode ser indicado pelo<br />
índice de crescimento da força de trabalho, pela proporção<br />
da renda nacional poupada e investida e pelo<br />
grau de aperfeiçoamento tecnológico. O crescimento<br />
econômico está intimamente ligado à produtividade<br />
da economia de um país (relação entre a quantidade de<br />
bens e serviços produzidos e o esforço necessário para<br />
produzi-los, como o número de horas trabalhadas).<br />
O crescimento econômico é considerado a principal<br />
variável responsável pelo aumento do padrão de vida<br />
da população no longo prazo. Afinal, por maiores que<br />
sejam os esforços redistributivos e de combate à pobreza,<br />
a superação definitiva das necessidades humanas<br />
só será possível com o aumento da capacidade<br />
de produzir bens e serviços de uma economia. Não<br />
obstante, é importante notar que o conceito de crescimento<br />
é diferente do de desenvolvimento econômico.<br />
CRISE DO PETRóLEO<br />
A crise do petróleo teve início quando, em 1973, os países<br />
membros da Organização dos Países Exportadores<br />
de Petróleo (OPEP) decidiram impor um “embargo do<br />
petróleo” em resposta à decisão dos EUA de abastecer<br />
o exército israelense. O embargo consistiu na redução<br />
da produção e retenção dos estoques de petróleo,<br />
as quais levaram ao aumento dramático do preço da<br />
commodity. Como consequência, os países que dependiam<br />
da importação de petróleo para abastecimento<br />
energético e outros fins passaram a apresentar enormes<br />
déficits comerciais, sendo que alguns até precisaram<br />
contrair empréstimos internacionais para fechar o<br />
balanço de pagamentos.<br />
Além disso, o choque do petróleo desencadeou um<br />
processo inflacionário na maioria das economias, uma<br />
vez que os maiores custos do óleo se disseminavam<br />
por todas as cadeias produtivas.<br />
Embora o cartel internacional do petróleo tenha tentado<br />
um novo embargo em 1979, este já não surtiu o mes-<br />
63
mo efeito, já que a situação começou a se normalizar em<br />
meados daquela década. O motivo disso é que os maiores<br />
preços de petróleo viabilizaram a exploração do produto<br />
em maior escala e em poços mais profundos.<br />
Além disso, a ascensão do preço do barril forneceu incentivos<br />
para que países que não faziam parte da OPEP,<br />
mas que possuíam reservas petrolíferas, aumentassem<br />
sua produção.<br />
Por fim, a crise do petróleo está associada às origens da<br />
crise da dívida dos anos 1980, uma vez que o processo<br />
de reciclagem das receitas de exportação dos países<br />
da OPEP resultou em grandes empréstimos comerciais<br />
concedidos aos países em desenvolvimento a taxas de<br />
juros flutuantes.<br />
DÉFICIT PÚBLICO (OU FISCAL)<br />
Em uma situação de déficit, as despesas são maiores do<br />
que as receitas. Ou seja, sai mais dinheiro que entra. Quando<br />
esse desequilíbrio ocorre nas contas públicas, o governo<br />
gasta mais do que arrecada em impostos, dizemos que<br />
há um déficit fiscal (ou orçamentário). Ele pode ser déficit<br />
público primário (inclui todas as receitas e todas as despesas<br />
do governo, mas não os juros) e o nominal (inclui as<br />
despesas com juros das dívidas interna e externa do setor<br />
público). O déficit (ou superávit) fiscal é um fluxo, ou seja,<br />
refere-se a um período de tempo (como um ano).<br />
O problema do déficit fiscal é que ele não é sustentável<br />
por um longo período de tempo. Afinal, o governo<br />
precisa pegar emprestado de algum lugar para cobrir<br />
o excesso de despesas. Isto é, a dívida pública aumenta<br />
no montante do déficit a cada período, fora os juros.<br />
Além disso, o excesso de gastos impulsiona a demanda,<br />
podendo acelerar a inflação. Apesar de os déficits<br />
serem úteis em algumas circunstâncias (como no combate<br />
à recessão), o ideal para um crescimento econômico<br />
sustentado é o equilíbrio fiscal.<br />
<strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO ECONôMICO<br />
Conceito mais amplo do que o de crescimento econômico,<br />
pois leva em conta a elevação da qualidade<br />
64<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
de vida da população, a redução das desigualdades<br />
econômicas e sociais e alterações fundamentais na estrutura<br />
econômica do país considerado. Sua medida<br />
engloba variáveis como: índice de mortalidade infantil,<br />
expectativa de vida média, nível de industrialização,<br />
potencial científico e tecnológico, grau de alfabetização<br />
e condições sanitárias.<br />
Termo de difícil definição. Existe grande debate entre os<br />
economistas acerca de seu real significado, muito em<br />
parte provocado pela confusão feita entre desenvolvimento<br />
e crescimento econômico. Sem muita controvérsia,<br />
aceita-se que o aumento da renda, do bem-estar e das<br />
capacidades econômicas das pessoas constitui uma boa<br />
definição de desenvolvimento. Enquanto o crescimento<br />
envolve basicamente o aumento da renda, ou melhor, o<br />
aumento do PIB per capita de um país, desenvolvimento<br />
é algo mais amplo, englobando diversos aspectos que<br />
não só o enriquecimento por assim dizer, mas também<br />
qualidade de vida, equidade e plena capacidade.<br />
Além disso, é importante notar que os dois conceitos<br />
estão intrinsecamente relacionados: é necessário haver<br />
crescimento para garantir-se um pleno desenvolvimento.<br />
Porém, em particular, o desenvolvimento também está<br />
associado com a erradicação da pobreza e da subnutrição.<br />
Verificamos o desenvolvimento com um aumento na<br />
expectativa de vida, acesso a saneamento básico, água<br />
potável e saúde, redução da mortalidade infantil, aumento<br />
da escolaridade e erradicação do analfabetismo. Tais<br />
características também já nos fornecem imediatamente<br />
pistas de como medir um grau de desenvolvimento de<br />
um país de forma simples, como faz o IDH, por exemplo.<br />
DÍVIDA PÚBLICA<br />
Ao incorrer em déficit orçamentário, o governo acaba<br />
contraindo uma dívida com entidades e indivíduos da<br />
sociedade a fim de financiar a parte de seus gastos que<br />
não é coberta com a arrecadação de impostos. A dívida<br />
pública se subdivide em interna e externa, conforme<br />
esteja denominada em moeda nacional ou estrangeira<br />
(outras definições levam em conta a nacionalidade<br />
dos credores). O governo tem três formas de financiar<br />
seus gastos: arrecadando impostos, emitindo moeda<br />
ou vendendo títulos da dívida pública com promessa<br />
de resgate futuro acrescido de juros.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
A dívida pública é uma variável de estoque, ou seja, sua<br />
medida refere-se a um ponto específico no tempo.<br />
EMPREGO<br />
Em sentido amplo, é o uso dos fatores de produção<br />
(terra, capital e trabalho) por uma empresa ou economia.<br />
Estritamente, é a função, o cargo ou a ocupação<br />
remunerada exercida por uma pessoa.<br />
Para fins estatísticos, a taxa de desemprego é medida<br />
como a razão entre todos os indivíduos que tentaram<br />
conseguir emprego (geralmente no último mês), mas<br />
não conseguiram, e o total da força de trabalho (pessoas<br />
em condições de trabalhar, empregadas ou procurando<br />
emprego). Em outras palavras, as pessoas que não querem<br />
conseguir emprego não são consideradas desempregadas,<br />
mas sim pessoas fora da força de trabalho.<br />
ESTAGFLAçãO<br />
Situação econômica caracterizada pela existência simultânea<br />
de estagnação ou recessão e inflação persistente;<br />
período em que a produção nacional diminui e os preços<br />
aumentam. Esse fenômeno contraria a teoria clássica, segundo<br />
a qual a inflação tenderia a declinar com o aumento<br />
do desemprego e vice-versa. Ou seja, a tendência é a<br />
de que ocorra inflação em uma economia mais aquecida.<br />
Como a teoria convencional dos ciclos falha em explicar<br />
a estagflação, os economistas geralmente associam o fenômeno<br />
a causas estruturais, como baixa eficiência produtiva,<br />
mercados excessivamente burocratizados e pouca<br />
liberdade econômica.<br />
Nessa circunstância, o aumento dos gastos públicos tende<br />
a piorar a situação, conforme a inflação aumenta ainda<br />
mais e a economia não deslancha.<br />
ESTAGNAçãO<br />
Situação em que o produto nacional (ou produto per<br />
capita) não apresenta uma taxa de crescimento à al-<br />
tura do potencial econômico do país. Pode ser gerada<br />
por uma demanda global deficiente ou por problemas<br />
estruturais. Normalmente, uma economia estagnada<br />
apresenta índices de crescimento do PIB iguais à taxa<br />
de crescimento da população ou mesmo inferiores.<br />
EXTERNALIDA<strong>DE</strong>S<br />
Também chamadas de economias (ou deseconomias)<br />
externas, as externalidades ocorrem em uma situação<br />
em que as ações de uma ou mais pessoas envolvidas<br />
em uma transação têm impacto sobre pessoas que<br />
não participam da transação. As externalidades podem<br />
ser negativas, quando os custos sociais (custos<br />
de terceiros) incorridos são maiores do que os custos<br />
privados (das pessoas envolvidas na transação). Já as<br />
externalidades positivas significam que os benefícios<br />
sociais são maiores do que os benefícios privados. Um<br />
exemplo de externalidade negativa é a poluição de um<br />
rio por uma empresa, pois essa empresa tem um custo<br />
privado muito menor do que aquele incorrido pelo<br />
resto da comunidade, a qual é prejudicada pelas consequências<br />
da poluição.<br />
FLUXOS E ESTOQUES<br />
São dois tipos diferentes de variáveis em economia. O<br />
exemplo clássico para estabelecer a distinção entre os<br />
conceitos de fluxo e estoque é o de uma banheira. Imagine<br />
a figura de uma banheira com torneira ligada, mas<br />
que já possui certa quantidade de água em seu interior.<br />
A água saindo da torneira e se juntando àquela já presente<br />
na banheira é um fluxo. Já aquela água contida<br />
no recipiente, cuja quantidade é constantemente alterada<br />
pelo fluxo, é um estoque. Fisicamente, verificamos<br />
que um estoque é uma quantidade mensurada em um<br />
ponto do tempo, enquanto um fluxo é uma quantidade<br />
mensurada por unidade de tempo.<br />
Por exemplo, sabemos que o patrimônio de uma empresa<br />
representa um estoque; já seus rendimentos e<br />
despesas, fluxos. O número de pessoas desempregadas<br />
em determinada data é um estoque; já o número de<br />
pessoas que estão sendo contratadas ou demitidas em<br />
um período é um fluxo. O PIB é a variável de fluxo mais<br />
65
importante da economia. Sua variável relacionada é o<br />
estoque de riqueza de uma nação. A quantidade de capital<br />
físico (máquinas, equipamentos) de uma economia<br />
é um estoque, mas o investimento (gastos com novos<br />
bens de capital) é um fluxo e assim por diante.<br />
FUNDOS <strong>DE</strong> HEDGE<br />
Tipo de instituição de investimento aberta a um número<br />
limitado de investidores, que realiza uma ampla gama<br />
de operações financeiras de curto e longo prazo, especialmente<br />
nos mercados internacionais. Cada fundo de<br />
hedge tem sua própria estratégia de investimento; porém,<br />
esses fundos em geral investem em ações, commodities<br />
e títulos de dívida de governos estrangeiros.<br />
O termo está relacionado ao conceito de hedging, em<br />
finanças, o qual significa minimizar a exposição de um<br />
portfólio ao risco, como o de flutuações abruptas nos<br />
preços ou nas taxas de câmbio.<br />
Historicamente, os fundos de hedge foram em parte<br />
responsabilizados por diversas crises cambiais e financeiras<br />
em países em desenvolvimento, especialmente<br />
aquelas caracterizadas pela fuga de capitais (como a<br />
crise asiática). A principal razão para tal é a complexidade<br />
dos instrumentos e operações financeiras desses<br />
fundos, as quais são pouco compreendidas e mal reguladas<br />
em países de liberalização financeira recente.<br />
FUGA <strong>DE</strong> CAPITAIS<br />
Grande e repentina redução na demanda por ativos<br />
denominados em moeda local, a qual faz com que<br />
os preços despenquem e, em consequência, os investimentos<br />
naqueles ativos percam valor. A fuga de<br />
capitais pode ser causada pela expectativa de desvalorização<br />
futura da moeda local, ainda que seja uma<br />
crença infundada.<br />
Geralmente, é uma decorrência do aumento da percepção<br />
de risco dos investidores estrangeiros, a qual pode<br />
ser desencadeada por mudanças súbitas em políticas<br />
governamentais ou pela falta de transparência, por<br />
exemplo. A fuga de capitais é caracterizada pela compra<br />
66<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
em massa de moeda estrangeira por investidores ávidos<br />
por retirar seus recursos do país. Tal comportamento<br />
provoca ou antecipa a desvalorização cambial temida,<br />
podendo constituir uma profecia autorrealizável.<br />
INFLAçãO<br />
Aumento contínuo e generalizado no nível de preços,<br />
o qual acaba por ocasionar perdas de poder aquisitivo<br />
por parte da população do país onde ocorre. Suas<br />
causas são diversas, podendo estar associadas a fatores<br />
estruturais (inflação de custos), monetários (inflação<br />
de demanda) ou a uma combinação de fatores.<br />
Esse processo de elevação de preços pode adquirir<br />
autonomia, como num ciclo vicioso, levando a uma<br />
espiral inflacionária (inflação inercial). A inflação afeta<br />
os agentes econômicos na medida em que atrapalha<br />
seus julgamentos quanto às informações e à previsibilidade<br />
do mercado. Além disso, modifica a estrutura<br />
distributiva dentro de uma sociedade, pois aqueles<br />
mais dependentes de rendas fixas (geralmente os de<br />
classes mais baixas) são mais afetados do que aqueles<br />
que têm outras fontes de renda e podem se adaptar<br />
mais facilmente ao novo nível de preços.<br />
INSTITUIçõES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS<br />
São instituições estabelecidas por mais de um país e<br />
que, portanto, são submetidas ao direito internacional.<br />
Seus proprietários ou acionistas são, em geral, os governos<br />
nacionais dos países-membros.<br />
As instituições financeiras internacionais mais conhecidas<br />
foram estabelecidas após a Segunda Guerra<br />
Mundial para assistir na reconstrução europeia, prover<br />
mecanismos de cooperação econômica e gerenciar o<br />
sistema financeiro internacional. São as instituições de<br />
Bretton Woods: o FMI, o BIRD, a CFI e outros membros<br />
do Grupo Banco Mundial. Outro exemplo são os bancos<br />
regionais de desenvolvimento. Entre eeles, podemos<br />
citar o Banco Interamericano de Desenvolvimento<br />
(BID), o Banco de Desenvolvimento Asiático e o BN<strong>DE</strong>S,<br />
o qual, embora seja de propriedade do governo brasileiro,<br />
também realiza empréstimos e subvenções para<br />
outras nações.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
INVESTIMENTO<br />
“Aplicação de recursos (dinheiro ou títulos) em empreendimentos<br />
que renderão juros ou lucros, geralmente<br />
no longo prazo. Num sentido amplo, o termo aplica-<br />
-se tanto à compra de máquinas, equipamentos e imóveis<br />
para a instalação de unidades produtivas como à<br />
compra de títulos financeiros (letras de câmbio, ações<br />
etc.). Nesses termos, investimento é toda aplicação de<br />
dinheiro com expectativa de lucro. Em sentido estrito,<br />
em economia, investimento significa a aplicação<br />
de capital em meios que levam ao crescimento da<br />
capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios<br />
de transporte), ou seja, em bens de capital. Por isso,<br />
considera-se também investimento a aplicação de recursos<br />
do Estado em obras muitas vezes não lucrativas,<br />
mas essenciais por integrarem a infraestrutura da economia<br />
(saneamento básico, rodovias, comunicações).<br />
(...) Geralmente cada país define o que considera investimento<br />
de uma forma específica e que corresponda<br />
melhor às suas necessidades econômicas.” 14<br />
INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO<br />
O investimento externo direto (IED) é aquele investimento<br />
feito por parte de uma empresa matriz, que envia<br />
o dinheiro a sua filial no exterior (ambas formam, juntas,<br />
uma empresa multinacional). Para que seja considerado<br />
IED, esse investimento deve vir de uma empresa matriz<br />
que possua pelo menos 10% do capital da empresa filial.<br />
Caso a propriedade seja de menos de 10%, trata-se de<br />
uma situação de investimento em portfólio.<br />
Os investimentos externos diretos são benéficos na<br />
medida em que aumentam o estoque de capital e elevam<br />
a capacidade produtiva da economia. Além disso,<br />
fluxos de IED (normalmente provocados pela entrada<br />
de empresas estrangeiras no país) geram externalidades<br />
positivas na economia, incentivando, por exemplo,<br />
empresas nacionais a atuar de forma complementar às<br />
multinacionais (fornecendo bens intermediários, matérias-primas<br />
e logística, por exemplo). A questão política<br />
aqui parece ser a resistência de diferentes segmentos da<br />
classe política ao aumento da internacionalização ou do<br />
grau de interdependência da economia nacional. Outro<br />
ponto politicamente sensível dessa questão é que<br />
as empresas estrangeiras aumentarão a concorrência<br />
no mercado doméstico e também competirão com as<br />
empresas já estabelecidas (a) pela compra de ativos de<br />
empresas estatais, (b) pela oferta de crédito local subsidiado<br />
(por bancos de desenvolvimento, por exemplo) e<br />
(c) por trabalhadores qualificados, dentre outros.<br />
LIQUI<strong>DE</strong>Z<br />
“Disponibilidade em moeda corrente, meios de pagamento,<br />
ou posse de títulos, ou valores conversíveis rapidamente<br />
em dinheiro. Dependendo do tipo de aplicação<br />
financeira, a liquidez pode ser maior ou menor,<br />
sendo inversamente proporcional aos prazos em que<br />
as aplicações financeiras forem feitas: por exemplo,<br />
aplicações de longo prazo têm menor liquidez do que<br />
aplicações de curto prazo. A liquidez absoluta, no entanto,<br />
só é possuída pelo papel-moeda e pela moeda<br />
metálica numa economia. Entre títulos ou aplicações<br />
com o mesmo prazo de vencimento, terão maior liquidez<br />
aqueles títulos que possam ser vendidos mais facilmente<br />
no mercado. (...) Para uma empresa, a liquidez<br />
é representada pelo disponível (dinheiro em caixa mais<br />
títulos de mercado) e pelo realizável em curto prazo<br />
(mercadorias vendidas a prazos inferiores a seis meses,<br />
duplicatas e promissórias).” (SANDRONI, 1999)<br />
MERCADO FINANCEIRO<br />
Trata-se de um mecanismo por meio do qual as pessoas<br />
compram e vendem ativos financeiros, como ações,<br />
títulos de dívida, commodities e moeda estrangeira. Em<br />
geral, a existência de mercados financeiros organizados<br />
– por meio de bolsas de valores, instituições financeiras,<br />
agências reguladoras etc. – serve para reduzir os custos<br />
de transação e aumentar a liquidez das transações.<br />
O mercado financeiro pode ser subdividido em: mercado<br />
de capitais, com o objetivo de levantar capital<br />
para financiar novos investimentos (por meio da emissão<br />
de ações, por exemplo); mercado monetário, no<br />
qual os agentes econômicos obtêm liquidez para saldar<br />
suas transações no curto prazo; mercado de derivativos,<br />
onde os agentes transferem e diversificam<br />
risco; e o mercado de câmbio, no qual divisas estrangeiras<br />
são comercializadas.<br />
67
MONOPóLIO<br />
“Forma de organização de mercado, nas economias<br />
capitalistas, em que uma empresa domina a oferta de<br />
determinado produto ou serviço que não tem substituto.<br />
O monopólio puro é raro, sendo mais comum o<br />
oligopólio, no qual um pequeno grupo de empresas<br />
detém a oferta de produtos e serviços, ou a concorrência<br />
imperfeita, na qual uma ou mais características<br />
de monopólio estão sempre presentes. (...) Quando<br />
o mercado é dominado de forma monopolista, a entrada<br />
de outras empresas no setor é barrada pela impossibilidade<br />
de estas últimas conseguirem custos de<br />
produção competitivos (ou a colocação dos produtos<br />
junto ao público consumidor) com as empresas monopolizadoras.<br />
Estas, ao mesmo tempo, por sua condição,<br />
podem adotar práticas restritivas à concorrência,<br />
ficando livres para fixar preços que lhes propiciem<br />
maiores lucros (preços de monopólio). A legislação da<br />
maioria dos países proíbe o monopólio, com exceção<br />
daqueles exercidos pelo Estado — produtos estratégicos<br />
(como petróleo e energia elétrica) e serviços públicos<br />
(correios, telecomunicações) — e dos monopólios<br />
temporários garantidos pela posse de patentes e<br />
direitos autorais.<br />
Contudo, a tendência comum das empresas é exercer<br />
práticas monopolistas por meio de expedientes, como os<br />
“acordos de cavalheiros”, pools, cartéis, consórcios, trustes<br />
e outras formas de disfarçar o domínio do mercado.” 15<br />
OwNERSHIP<br />
O conceito de ownership diz respeito à identificação<br />
do governo nacional com as diretrizes de um programa<br />
de ajuste. Ou seja, ainda que o país jamais tivesse<br />
recorrido a um empréstimo internacional, as mesmas<br />
medidas teriam sido adotadas de forma soberana para<br />
solucionar os problemas econômicos. Em outras palavras,<br />
o país toma como suas as políticas e reformas<br />
inclusas nas condições do empréstimo, tornando estas<br />
últimas, na prática, redundantes. Porém, a ênfase<br />
do ownership não está em tornar as condicionalidades<br />
desnecessárias, e sim em aumentar as chances de sucesso<br />
do programa, por meio do alinhamento de seus<br />
objetivos às capacidades e interesses do país. Assim,<br />
iniciativas que internalizam o conteúdo das condicio-<br />
68<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
nalidades em critérios de pré-seleção dos países para o<br />
financiamento, por exemplo, não apenas aumentam o<br />
ownership, como também fornecem incentivos à adequação<br />
prévia da política macroeconômica, tão necessária<br />
para a estabilidade sistêmica.<br />
PERIGO MORAL<br />
Também conhecido pelo termo original em inglês, moral<br />
hazard, o conceito se refere a uma reação do agente<br />
em um tipo específico de problema do agente principal.<br />
O exemplo mais clarificante pode ser encontrado<br />
no mercado de seguros.<br />
Para começar, temos que uma informação crucial para<br />
o desenho do contrato não é observada pelo principal.<br />
No caso do seguro, não é possível saber se o contratante<br />
do serviço é uma pessoa cuidadosa com seus bens,<br />
digamos, com seu carro. Logo, a seguradora (o principal<br />
do problema) precisa montar um esquema que englobe<br />
todas as possibilidades de ação que o agente irá<br />
tomar, levando em conta sua informação imperfeita.<br />
O perigo moral é uma dessas possibilidades. Quando<br />
o agente, ou o dono do carro, paga pelo seguro contra<br />
roubo, ele pode deixar de trancar o seu veículo agora<br />
que sabe que, quando for roubado, terá o ressarcimento<br />
previsto pelo contrato de seguro. Logo, essa atitude<br />
possível é o que é chamado de perigo moral. Dependendo<br />
dos incentivos, o agente pode agir de forma<br />
“moralmente incorreta” do ponto de vista social e a seguradora<br />
tem que se precaver contra isso.<br />
Podemos generalizar esse conceito observado no<br />
exemplo do contrato de seguros para diversas situações<br />
que envolvem incentivos entre agentes econômicos.<br />
O caso da bancarrota (falência bancária) é também<br />
patológico. Caso o Estado sempre cubra a liquidez de<br />
bancos quando estes abrem falência devido a decisões<br />
irresponsáveis tomadas por seus administradores, os<br />
bancos terão incentivos para não se precaverem contra<br />
falências sabendo que sempre serão ajudados quando<br />
elas ocorrerem. Esse foi um dos principais argumentos<br />
contra o pacote de resgate aprovado pelo congresso<br />
americano na recente crise do subprime. Tente imaginar<br />
como o conceito de perigo moral pode ser aplicado<br />
à relação do FMI com os governos nacionais.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
PETRODóLARES<br />
O termo petrodólar popularizou-se na literatura econômica<br />
para representar as receitas comerciais de exportação<br />
de petróleo na década de 1970, quando o mundo<br />
observou uma disparada no preço da commodity. O termo<br />
pode também ser definido como os capitais obtidos<br />
pelos países exportadores de petróleo, qualquer que<br />
seja a sua fonte. Nos dias de hoje, os países exportadores<br />
também aceitam outras moedas consolidadas, como o<br />
euro, de modo que o termo caiu em desuso. É comum<br />
encontrá-lo em referências históricas, entretanto.<br />
PLANO <strong>DE</strong> ESTABILIZAçãO<br />
Para entender o que é um plano de estabilização, é necessário<br />
ter compreensão do que é uma economia estável.<br />
De forma resumida, entende-se por estabilidade<br />
econômica a pouca variação do PIB em sua tendência<br />
de curto prazo, ou seja, ciclos econômicos brandos e<br />
inflação controlada, ou ainda, a baixa volatilidade das<br />
variáveis macroeconômicas. Quando o observado é o<br />
exato oposto, temos apenas os sintomas de uma economia<br />
instável; todavia, as causas podem ser das mais<br />
diversas: crises cambiais, financeiras, descontrole de<br />
política monetária, crises de dívida pública etc.<br />
Um plano de estabilização, então, é executado quando<br />
as economias encontram-se instáveis. Ele deve procurar<br />
garantir o retorno da economia aos padrões históricos<br />
observados ou atenuar a instabilidade de forma a<br />
permitir que os mercados voltem a funcionar eficientemente<br />
e que a população não tenha seu bem-estar<br />
prejudicado. Tais planos usualmente atacam todas as<br />
frentes da economia de um país: sua base monetária,<br />
as políticas fiscais, regime cambial, sistema financeiro;<br />
afinal, todos eles se interconectam e se afetam mutuamente,<br />
principalmente em períodos de alta volatilidade<br />
e distorção de incentivos. Os economistas debatem<br />
também se existe, na realidade, tal instabilidade na<br />
economia de forma natural ou se ela é sempre causada<br />
por fatores exógenos, usualmente atribuídos a decisões<br />
errôneas tomadas pelo governo, ou se as instabilidades<br />
são parte natural da história das economias<br />
capitalistas. Além disso, é presente no debate se, dada<br />
a existência de instabilidade, deve haver ou não uma<br />
política deliberadamente desenhada para controlá-la e<br />
até que ponto ela possuirá sucesso real. A velha discussão<br />
da política passiva ou ativa.<br />
O Brasil possui uma longa história de planos de estabilização,<br />
pois enfrentou as mais diversas crises e surtos<br />
inflacionários ao longo do século XX. O Banco Central<br />
enumera-os: Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão,<br />
Plano Collor I, Plano Collor II, PAI, Plano Real e o<br />
Programa de Estabilidade Macroeconômica. Cada um<br />
desses planos naturalmente possui inúmeras características<br />
e motivações, no entanto, a existência dessa<br />
enorme quantidade nos mostra quão complicada é a<br />
tarefa de estabilização de uma economia.<br />
Além de tudo, a instabilidade macroeconômica é extremamente<br />
onerosa para a população e causa as mais<br />
diversas mazelas, como recessões e hiperinflação. Na<br />
tentativa de evitar catástrofes é que os economistas<br />
dedicam tanta atenção a como obter e manter a estabilidade<br />
e que medidas devem ser tomadas para prever<br />
e evitar grandes desvios.<br />
POLÍTICA FISCAL<br />
“Corresponde à ação do Estado quanto aos gastos<br />
públicos e à obtenção da receita pública. Sua área de<br />
ampliação acompanhou o crescimento do papel do Estado<br />
e do setor público na demanda efetiva de bens e<br />
serviços, uma vez que a atividade fiscal afeta o poder<br />
aquisitivo dos diferentes segmentos da economia e da<br />
sociedade, bem como os tipos de bens e serviços que<br />
serão produzidos e consumidos. As fontes principais<br />
de receita do Estado são: 1) impostos; 2) empréstimos;<br />
3) venda de bens, serviços e concessões; 4) emissão de<br />
dinheiro. Os efeitos decorrentes da utilização de cada<br />
um desses métodos são distintos. Afetam de maneira<br />
diversa os preços relativos, o consumo, o emprego e<br />
a distribuição de renda. Dentre os objetivos buscados<br />
pela política fiscal podem incluir-se: 1) sistema de preços<br />
adequados, tendo em vista que as atividades que<br />
se deseja estimular, bem como seu volume, são determinadas<br />
em grande parte pelos preços; 2) nível de<br />
consumo conveniente; 3) nível de emprego desejável;<br />
4) distribuição da renda, objetivo fundamental que<br />
relaciona de imediato a política fiscal e a questão do<br />
poder político na sociedade – seja porque a eficiência<br />
de uma economia está em grande parte determinada<br />
69
pela forma como é dividida a riqueza criada, seja porque<br />
afeta diretamente os preços, a quantidade de consumo<br />
e o volume e a estabilidade do emprego”. 16<br />
POLÍTICA MONETÁRIA<br />
“Conjunto de medidas adotadas pelo governo visando a<br />
adequar os meios de pagamento disponíveis às necessidades<br />
da economia do país. Essa adequação geralmente<br />
ocorre por meio de uma ação reguladora, exercida pelas<br />
autoridades sobre os recursos monetários existentes, de<br />
tal maneira que estes sejam plenamente utilizados e tenham<br />
um emprego tão eficiente quanto possível. Na<br />
maior parte dos países, o principal órgão executor da política<br />
monetária é o banco central, entidade do Estado ou<br />
dele dependente, encarregada da emissão de moeda, da<br />
regulação do crédito, da manutenção do padrão monetário<br />
e do controle de câmbio. De maneira geral, esse órgão<br />
põe ao alcance dos bancos os mesmos serviços que eles<br />
prestam a seus clientes. A política monetária pode recorrer<br />
a diversas técnicas de intervenção, controlando a taxa<br />
de juros, por meio da fixação das taxas de redesconto cobradas<br />
dos títulos apresentados pelos bancos, regulando<br />
as operações de open market ou impondo aos bancos o<br />
sistema de reservas obrigatórias (depósitos compulsórios)<br />
para garantir a liquidez do sistema bancário. Em relação ao<br />
crédito, podem ser adotadas medidas restritivas ou práticas<br />
seletivas. As primeiras geralmente ocorrem em períodos<br />
de elevada inflação ou crise no balanço de pagamentos<br />
e consistem na fixação dos limites de crédito bancário<br />
e na redução dos prazos de pagamento dos empréstimos.<br />
As práticas seletivas, por sua vez, visam sobretudo a direcionar<br />
o crédito para as atividades mais rentáveis e produtivas<br />
da economia. No Brasil e em outros países, a política<br />
monetária constitui atualmente um instrumento de combate<br />
aos surtos inflacionários. Sua maior eficácia em relação<br />
às outras políticas econômicas se deve à flexibilidade<br />
com que pode ser aplicada e ao conjunto de medidas práticas<br />
que põe ao alcance das autoridades, desobrigando-<br />
-as de submeter suas decisões ao legislativo.” 17<br />
70<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
PROBLEMA <strong>DE</strong> AçãO COLETIVA<br />
O problema de ação coletiva descreve uma situação<br />
em que todos os membros de um grupo têm a opção<br />
de escolher entre determinadas alternativas e, se os<br />
envolvidos escolhem agir pensando apenas em seus<br />
próprios interesses, o resultado é pior para todos os envolvidos.<br />
Essa situação decorre do fato de que os membros<br />
de um grupo não querem arcar com os custos de<br />
um benefício do qual não podem ser excluídos. A tendência<br />
à “deserção” (não participação na provisão do<br />
benefício) é tanto maior quanto maiores forem os custos<br />
envolvidos. Situações como essa frequentemente<br />
surgem na provisão de bens públicos, que, em função<br />
da sua natureza, atraem a figura dos caronas, os quais<br />
usufruem o bem sem contribuir para sua produção<br />
ou conservação. O problema da ação coletiva emerge<br />
porque, se todos possuem incentivos para atuar como<br />
caronas e efetivamente resolvem agir como tal, não<br />
haverá provisão do bem em questão, mesmo que ela<br />
beneficie os membros do grupo como um todo.<br />
PROBLEMA DO AGENTE-PRINCIPAL<br />
Forma de modelar matematicamente uma situação<br />
que envolve um desalinhamento de incentivos. Conta<br />
com dois agentes econômicos: o primeiro é chamado<br />
principal e quer induzir o outro, o agente, a realizar determinada<br />
ação em seu lugar. Tal ação é custosa para<br />
o agente, no sentido de possuir um custo de oportunidade.<br />
O problema do principal é construir sistema<br />
de incentivos ou pagamentos que induza o agente a<br />
tomar a melhor ação possível, do seu ponto de vista.<br />
O exemplo mais simples é o famoso exemplo do gerente<br />
e seu empregado, no qual o gerente quer que<br />
seu trabalhador seja o mais produtivo possível, e o<br />
empregado, racionalmente, faz uma escolha que traz<br />
maior benefício para si de acordo com o que ele recebe<br />
como pagamento. Se o empregado for minimizador<br />
de esforços, o gerente terá de formular um sistema em<br />
que o trabalhador seja pago de acordo com sua produtividade,<br />
para que este seja incentivado a dar o máximo<br />
de si. O problema se complica ainda mais quando<br />
inserimos a possibilidade de informação assimétrica.<br />
Por exemplo, quando o nível de produtividade não é<br />
observável pelo gerente, mas o é pelo empregado.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)<br />
“Em sentido amplo, produto é o conjunto de todos os bens<br />
e serviços resultantes da atividade produtiva de um indivíduo,<br />
empresa ou nação.” 18 “Produto interno bruto (PIB)<br />
é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais<br />
produzidos em um país em um dado período de tempo.”<br />
RECESSãO<br />
“Conjuntura de declínio da atividade econômica, caracterizada<br />
por queda da produção, aumento do desemprego,<br />
diminuição das taxas de lucro e crescimento dos<br />
índices de falências e concordatas. Essa situação pode<br />
ser superada num período breve ou pode estender-se de<br />
forma prolongada, configurando então uma depressão<br />
ou crise econômica. O fenômeno da recessão está ligado<br />
ao processo de desenvolvimento dos ciclos econômicos,<br />
próprios da economia de mercado ou capitalista.” 19<br />
RECICLAGEM<br />
Termo cujo uso popularizou-se na década de 1980 para<br />
explicar os mecanismos que levaram à crise da dívida<br />
externa. Refere-se ao processo de alocação de recursos<br />
poupados por meio do sistema financeiro. Comumente,<br />
a reciclagem está relacionada ao mecanismo por<br />
meio do qual os petrodólares (volumosas receitas de<br />
exportação de petróleo durante a crise dos anos 1970)<br />
transformaram-se em recursos disponíveis para empréstimo<br />
nos grandes bancos comerciais americanos<br />
e europeus. Em geral, os bancos aceitavam depósitos<br />
de países exportadores, os quais aumentavam a abundância<br />
de capital disponível devido ao seu volume, e<br />
reduziam as taxas de juros.<br />
Em seguida, emprestavam principalmente a governos<br />
de países importadores, para equilibrarem o balanço<br />
de pagamentos, ou para países em desenvolvimento,<br />
para financiarem ambiciosos projetos de infraestrutura.<br />
Como a maioria dos contratos tinha taxas de juros<br />
flutuantes, a dívida de vários países para com bancos<br />
estrangeiros explodiu no início dos anos 1980, devido<br />
à alta dos juros puxada pelas políticas anti-inflacionárias<br />
dos países industrializados.<br />
REESTRUTURAçãO DA DÍVIDA<br />
Trata-se de um processo que permite a uma empresa<br />
(ou governo) em dificuldades financeiras reduzir e/ou<br />
renegociar suas dívidas remanescentes, com o fim de<br />
restaurar sua liquidez e continuar suas operações. A<br />
mera substituição de dívidas antigas por novas dívidas,<br />
quando a entidade não está sob pressão financeira,<br />
chama-se refinanciamento.<br />
Uma reestruturação da dívida é, em geral, menos onerosa<br />
e uma alternativa preferível à falência ou à moratória.<br />
Os principais custos associados à reestruturação<br />
são o tempo e os esforços para negociar com bancos,<br />
credores e autoridades tributárias. A reestruturação de<br />
dívida tipicamente envolve a redução do total da dívida<br />
e a extensão dos prazos de pagamento.<br />
REGIMES CAMBIAIS<br />
Referem-se à modalidade de determinação da taxa de<br />
câmbio de uma economia. Há três principais tipos: regime<br />
de câmbio fixo, em que a taxa de câmbio é fixada<br />
em determinado patamar pela autoridade monetária;<br />
regime de câmbio flutuante, em que a autoridade monetária<br />
não exerce controle sobre o valor do câmbio,<br />
ficando este determinado pelas forças de oferta e demanda<br />
de moeda no mercado de câmbio; e o regime<br />
de câmbio misto (ou de bandas cambiais) com margens<br />
para flutuação do câmbio estabelecidas pela autoridade<br />
monetária (acima ou abaixo dos valores estabelecidos,<br />
a autoridade monetária intervém tal como<br />
no regime de câmbio fixo).<br />
RESERVAS INTERNACIONAIS<br />
“Na contabilidade de um país, as reservas (...) originam-<br />
-se de superávits no balanço de pagamentos e destinam-se<br />
a cobrir eventuais déficits das contas internacionais<br />
e/ou lastrear a estabilidade cambial, evitando<br />
ataques especulativos contra a moeda nacional.” (Sandroni,<br />
1999)<br />
71
SERVIçO DA DÍVIDA<br />
Refere-se ao pagamento de juros e outras taxas feito pelo<br />
devedor, não relacionado com a amortização do montante<br />
principal de uma dívida. Em geral, o serviço da dívida é<br />
pago durante toda a extensão do prazo de devolução dos<br />
recursos, a não ser no caso em que os juros são acumulados<br />
e pagos junto com o principal (juros compostos).<br />
SISTEMA FINANCEIRO<br />
“Conjunto de instituições financeiras voltadas para a<br />
gestão da(s) política(s) monetária(s) do(s) governo(s).” 20<br />
Refere-se, portanto, ao “conjunto de órgãos de regulação,<br />
instrumentos, instituições financeiras e instituições<br />
auxiliares, públicos ou privados que atuam na intermediação<br />
de recursos entre os agentes econômicos (pessoas,<br />
empresas, governo) superavitários e deficitários.”<br />
O sistema financeiro é uma das pedras fundamentais<br />
sobre a qual está assentada uma economia. Por meio do<br />
sistema financeiro, os recursos poupados em um período<br />
tornam-se disponíveis para serem utilizados para<br />
aumentar a capacidade produtiva do país, por meio do<br />
investimento. O correto funcionamento do sistema é<br />
fundamental para o crescimento econômico e a superação<br />
da pobreza. Além de canalizar fundos para o investimento,<br />
o sistema financeiro promove a eficiência alocativa<br />
(os recursos são alocados aos projetos e iniciativas<br />
de maior retorno) e a diversificação do risco.<br />
SISTEMA MONETÁRIO<br />
“Regras comerciais e cambiais estabelecidas de comum<br />
acordo pelos países integrantes do Fundo Monetário<br />
Internacional (FMI), criado em 1944 na Conferência de<br />
Bretton Woods. O sistema monetário internacional foi<br />
instituído a partir das experiências negativas acumuladas<br />
desde o final da Primeira Guerra Mundial. Embora<br />
o ouro fosse o padrão internacionalmente adotado,<br />
cada país decidia por si qual a relação de valor<br />
entre sua moeda e o padrão. Com a crise de 1930, o<br />
comércio internacional começou a desintegrar-se em<br />
função das medidas protecionistas empregadas pelos<br />
72<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
países em más condições financeiras. Ao mesmo tempo,<br />
para tentar melhorar a exportação, os países iam<br />
desvalorizando suas moedas, em medidas que se anulavam<br />
mutuamente. Uma das principais funções do<br />
sistema criado e gerido pelo FMI era a manutenção da<br />
paridade entre as moedas (inicialmente em função do<br />
padrão-ouro e, depois de 1971, em função dos produtos<br />
internos dos países e da capacidade de compra da<br />
moeda), evitando-se as desvalorizações competitivas.<br />
Simultaneamente, o FMI criava um sistema de auxílio<br />
aos países com problemas financeiros, de forma a evitar<br />
problemas de liquidez no comércio internacional.” 21<br />
SUBVENçãO<br />
Subvenções (ou grants) são fundos desembolsados<br />
por uma agência financiadora, geralmente um departamento<br />
do governo, corporação ou fundação, para<br />
um recipiente, quase sempre uma entidade sem fins<br />
lucrativos, instituição educacional, empresa ou indivíduo.<br />
Para receber uma subvenção, é preciso qualificar-<br />
-se com base em certos critérios, seja por meio de um<br />
edital, carta de intenções ou submissão de proposta<br />
formal. A maioria das subvenções serve para financiar<br />
projetos específicos e exigem algum grau de adequação<br />
às regras e reportagem de resultados. Por fim, as<br />
subvenções podem apresentar termos concessionais,<br />
taxas de juro zero (apenas o montante principal deve<br />
ser devolvido), ou mesmo a não necessidade de devolução<br />
(quando a subvenção funciona como uma “doação<br />
propositada”, especialmente para fins educacionais<br />
e quando o recipiente é de baixa renda).<br />
SUPERÁVIT PRIMÁRIO<br />
O superávit primário ocorre quando as contas públicas<br />
registram resultado positivo em determinado período,<br />
excluído o pagamento de juros sobre o estoque de dívida<br />
pública. Os recursos excedentes são, então, utilizados<br />
para o pagamento de juros da dívida e, quando<br />
superiores a estes, para amortização de parcelas da dívida.<br />
Em algumas circunstâncias, o superávit pode ser<br />
acumulado sob a forma de reservas do tesouro, para<br />
financiar gastos do governo em períodos futuros.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
TAXA <strong>DE</strong> CâMBIO<br />
“Até o século XIX, a maioria das moedas tinha seu valor<br />
determinado por certa quantia de ouro e prata que representavam.<br />
Atualmente, não há mais o lastro metálico<br />
para servir de relação no câmbio entre as moedas,<br />
e as taxas cambiais são determinadas por uma conjunção<br />
de fatores intrínsecos ao país, principalmente a<br />
política econômica vigente. O câmbio não possui apenas<br />
o valor teórico de determinar preços comparativos<br />
entre moedas, mas a função básica de exprimir a relação<br />
efetiva de troca entre diferentes países — a troca<br />
de moedas é consequência das transações comerciais<br />
entre países. No Brasil, a rede bancária, liderada pelo<br />
Banco Central, é a intermediária nas transações cambiais.<br />
Os exportadores, ao receberem moeda estrangeira,<br />
vendem-na aos bancos; e os bancos revendem<br />
essa moeda aos importadores para que paguem as<br />
mercadorias compradas. Essas transações são sempre<br />
reguladas pelo governo, que fixa os preços de compra<br />
e venda das moedas estrangeiras.” 22<br />
TAXA <strong>DE</strong> JUROS<br />
“Remuneração que o tomador de um empréstimo<br />
deve pagar ao proprietário do capital emprestado.<br />
Quando o juro é calculado sobre o montante do capital,<br />
é chamado de juros simples. Para o cálculo do juro<br />
composto, o juro vencido e não pago é somado ao<br />
capital emprestado, formando um montante sobre o<br />
qual é calculado o juro seguinte.<br />
Do ponto de vista teórico, os economistas clássicos,<br />
como Adam Smith, Ricardo e Marx, associam de alguma<br />
forma a taxa de juro à taxa de lucro. (...) Deve-se dizer,<br />
porém, que a determinação da taxa de juros como<br />
instrumento de política econômica tem sido considerada<br />
pouco eficaz, uma vez que o peso do juro no custo<br />
da produção não é significativo. Antes da expansão<br />
comercial e do desenvolvimento do capitalismo, a cobrança<br />
de juros constituía um problema ético. Chamada<br />
de usura, era terminantemente proibida pela Igreja<br />
na Idade Média. Mas, com a expansão do comércio, as<br />
novas exigências de capitais mais vultosos estimularam<br />
a cobrança de juros. A reboque dos fatos, a Igreja<br />
teve de fazer concessões e passou a proibir somente<br />
a cobrança de juros em empréstimos destinados ao<br />
consumo pessoal. No século XVI, a reforma calvinista<br />
aceitou e justificou “teologicamente” a cobrança de juros,<br />
mas foi somente no século XVIII que os estudiosos<br />
começaram a buscar uma justificativa econômica para<br />
a cobrança de juros sobre os empréstimos monetários.<br />
Embora ainda existam limites para a cobrança de juros,<br />
esses limites, atualmente, possuem finalidade econômica<br />
e são estabelecidos pelas autoridades monetárias<br />
de cada país. No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu<br />
que o juro real máximo a ser cobrado pelo sistema<br />
financeiro é de 12% ao ano.” 23<br />
TAXAS CONCESSIONAIS<br />
São taxas de juros abaixo do nível de mercado, praticadas<br />
em certos tipos de contratos de empréstimo. A<br />
taxa concessional é geralmente subsidiada, como se<br />
fosse por uma concessão do emprestador. Tal subsídio<br />
não ocorre por humanismo ou caridade; há uma racionalidade<br />
econômica por trás da prática. Por exemplo,<br />
pode ser que o tomador do empréstimo em termos<br />
concessionais não tenha condições de arcar com taxas<br />
de juros maiores que a taxa subsidiada. Caso a alternativa<br />
ao empréstimo seja a falência, o subsídio se justifica<br />
para evitar o contágio de outros agentes e a ameaça<br />
à estabilidade sistêmica, constituindo uma espécie de<br />
bem público. Ou ainda, pode ser que os retornos intangíveis<br />
de projetos em áreas como educação e saúde,<br />
quando corretamente estimados, compensem a perda<br />
incorrida com os juros concessionais.<br />
VOLATILIDA<strong>DE</strong><br />
“Medida da intensidade e frequência das flutuações<br />
dos preços de um ativo financeiro ou dos índices numa<br />
bolsa de valores.” 24<br />
Volatilidade é um termo utilizado para se referir à variabilidade,<br />
ou instabilidade, de uma variável econômica.<br />
Pode estar ligado à própria economia inteira de<br />
um país; nesse caso dizemos a “volatilidade do PIB”. No<br />
entanto, o termo é usado, em geral, para variáveis que<br />
mudam muito no curto prazo, como preços (ou retornos)<br />
de ações e taxas de câmbio.<br />
73
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Notas explicativas<br />
1. O Conselho da União Europeia tem menor importância que<br />
o Conselho Europeu; seu caráter é apenas consultivo e a votação<br />
se dá por maioria qualificada. O Conselho da União Europeia<br />
reúne-se para a discussão de diversos assuntos como:<br />
política externa, economia e finanças, agricultura, educação,<br />
telecomunicações etc.<br />
2.HEILBRONER, Robert L. The New Palgrave Dictionary of<br />
Economics, 2ª edição, 2008. 7680 p..<br />
3. LE MON<strong>DE</strong> DIPLOMATIQUE BRASIL. Disponível em:: . Acesso em:: 20 de<br />
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75
7. BAND NEWS. Disponível em:: ‹http://www.band.com.br/<br />
primeirojornal/conteudo.asp?ID=296768› Acessado em:<br />
02.11.2011.<br />
8. RFI. Disponível em:: ‹http://www.portugues.rfi.fr/<br />
europa/20101207-ministros-europeus-oficializam-pacote-deajuda-irlanda›<br />
Acessado em: 03.11.2011.<br />
9. SAPO. Disponível em:: ‹http://economico.sapo.pt/noticias/pacote-de-ajuda-a-portugal-foi-aprovado-em-bruxelas_118171.html›<br />
Acessado em: 03.11.2011.<br />
10. LITCI. Disponível em:: ‹http://www.litci.org/pt/index.<br />
php?option=com_content&view=article&id=1714:espanhacrise-economica-e-crise-politica&catid=22:espanha›<br />
Acessado<br />
em: 04.11.2011.<br />
11. Radio Italiana. Disponível em:: ‹http://www.radioitaliana.<br />
com.br/content/view/4138/35/› Acessado em: 04.11.2011.<br />
12. Europarl. Disponível em:: ‹http://www.europarl.europa.eu/<br />
sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20100319ST<br />
O70945+0+DOC+XML+V0//PT› Acessado em: 04.11.2011.<br />
13. Os verbetes econômicos presentes neste guia foram extraídos<br />
do dicionário econômico intitulado Palgrave Macmillan.<br />
14. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
15. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
16. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
17. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
18. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
19. Idem.<br />
20. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
21. Idem.<br />
76<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
22. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
23. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />
24. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />
Paulo: Círculo do Livro, 1999.
ICJ – International Court of Justice<br />
Case concerning French nuclear tests and the<br />
Rainbow Warrior case (New Zealand X France)
78<br />
PRESENTATION LETTER<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
It is with great honor that we, Amanda and Gisela, present our Study Guide Project. We both study law here at <strong>Faap</strong>,<br />
and because of that, we thought it would be extremely interesting to have, for the very first time, the International<br />
Court of Justice being simulated in the Fórum <strong>Faap</strong>.<br />
I, Amanda Butros, have already participated in many Model United Nations: in Fórum FAAP as a delegate in 2009, in<br />
IMF, in 2010 as a volunteer, in CDH, and in 2011 as director of the Security Council; in Fórum FAAP Júris as delegate,<br />
in OMC, in UFRGSMUN also as delegate in the Security Council and in HNMUN as a delegate in the Specpol committee.<br />
The Model United Nations, nowadays, have a nice importance in my life because every time I participate of a<br />
simulation I understand more about the world and the feeling of compassion grows on me. Hence, the Model United<br />
Nations are becoming more important each year, it is becoming normal to find a report, a newspaper or a magazine<br />
talking about them.<br />
I, Gisela Costa Neves, have already participated in the Fórum <strong>Faap</strong> several times; when I was in high school, I participated<br />
twice as a delegate, firstly in the PNUMA committee, in the third edition, and in the fourth edition, I participated<br />
in the OMC committee. Already in college, I have participated three times, once as a volunteer and twice as<br />
a director. In 2009, in the fifth edition of Fórum <strong>Faap</strong>, I was a volunteer in the Cop-15 and the following year, in the<br />
sixth edition, I was the Deputy-Director in the Security Council. Last year, in the seventh edition of Fórum <strong>Faap</strong>, I was<br />
the Director of the Counter-Terrorism Committee. I personally adore this simulation, because every time I participate<br />
I feel like I become wiser, more responsible and more aware of my potential.<br />
The International Court of Justice (ICJ) will be very interesting to simulate, since it has never been in the Fórum <strong>Faap</strong>.<br />
We are sure that the students will improve their knowledge through this committee. They will represent judges that<br />
are independent from their countries. The members of the Court are judges, more specifically 15, that are elected<br />
with an absolute majority from both the General Assembly and Security Council.<br />
The Court, according to article 1 of the Statute of the International Court of Justice, is the principal judicial organ of the<br />
United Nations 1 , and was created to peacefully decide disputes between Nations in consonance with the international law.<br />
The theme we will present is very important because it is going to make the delegates reflect and know about how<br />
hard is the feeling of judge. It involves a death of a member of the Rainbow Warrior and many nuclear tests made<br />
by France.<br />
The delegates will have to decide if France has to be punished and in case the answer is positive, which sanction shall<br />
be applicable to this case.<br />
We hope you enjoy the sections, learn a lot and take the best from this experience as we have done so far.<br />
Yours sincerely,<br />
AMANDA AND GISELA
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
History of the Court<br />
The International Court of Justice (ICJ) is the most important<br />
judicial organ of the United Nations (UN) and<br />
it was established in 1945, the same year as the UN,<br />
through the United Nations Charter 2 . The Court began<br />
its activities the following year as a replacement of the<br />
Permanent Court of International Justice (PCIJ). The<br />
International Court of Justice is the successor of the<br />
Permanent Court of International Justice (PCIJ) which<br />
was created in 1922 and formally dissolved in 1946.<br />
The PCIJ was the “first permanent international tribunal<br />
with general jurisdiction” 3 and contributed towards<br />
the development of the international law.<br />
Attached to the United Nations Charter, is the Statute<br />
of the International Court of Justice. The Statute verses<br />
over the organization of the Court, its competence and<br />
procedures. The Court’s composition is of 15 judges who<br />
are elected by two of the United Nations organs: the Security<br />
Council (SC) and the General Assembly (GA). To be<br />
elected, the candidate must receive an absolute majority<br />
(2/3 of 15) of the votes in the general Assembly and<br />
Security Council, according to article 10 of the Statute. 4<br />
The Court is composed by independent judges,“(…)<br />
elected regardless of their nationality from among persons<br />
of high moral character, who possess the qualifications<br />
required in their respective countries for appointment<br />
to the highest judicial offices, or are jurisconsults<br />
of recognized competence in international law.” 5<br />
In a time where the United Nations was searching for<br />
methods to solve disputes between countries in a<br />
peaceful manner, ICJ was created as the as an attempt<br />
to decide disputes using international law as instrument<br />
and the creation of the Court represented the<br />
culmination of a long development of methods for the<br />
pacific settlement of international disputes, the origins<br />
of which can be traced back to classical times. 6<br />
In 1943, after a conference held amongst the United<br />
States, the United Kingdom, China and the Soviet Union<br />
(USSR), the need for an International Organization<br />
was acknowledged. As a consequence of the conference,<br />
these States emitted a declaration that concerned<br />
the exigency<br />
(…) of establishing at the earliest practicable date<br />
a general international organization, based on the<br />
principle of the sovereign equality of all peace-loving<br />
States, and open to membership by all such States,<br />
large and small, for the maintenance of international<br />
peace and security. 7<br />
As an aftermath of the declaration, in October/1944,<br />
proposals for the foundation of an International Organization<br />
were published, and also among them, was<br />
the establishment of an international court of justice.<br />
The next year, in 1945, a meeting was arranged to prepare<br />
a draft of the Statute of the Court of Justice, the<br />
future ICJ. Such meeting was conducted by a North<br />
American jurist, G. H. Hackworth, and had the presence<br />
of 44 jurists, each representing their own State.<br />
As a base for the ICJ’s Statute, the PCIJ’s Statute was<br />
used, and because of that inspiration, the text was not<br />
completely original.<br />
The final form of the Statute was discussed by 50 States<br />
at the San Francisco Conference, the same which discussed<br />
the United Nations Charter.<br />
The Conference decided against compulsory jurisdiction<br />
and in favor of the creation of an entirely new court,<br />
which would be a principal organ of the United Nations,<br />
on the same footing as the General Assembly, the Security<br />
Council, the Economic and Social Council, the Trusteeship<br />
Council and the Secretariat, and with the Statute<br />
annexed to and forming part of the Charter. 8<br />
On the 31 st of January of 1946 the resignation of all PCIJ<br />
judges occurred, and, on February 6th 1946, the first<br />
members of the ICJ were elected. The formal dissolution<br />
of the PCIJ happened in April and also, the first meeting<br />
of the ICJ took place. The Court’s first President was<br />
Judge José Gustavo Guerrero (El Salvador), who happened<br />
to be PCIJ’s last. In 1946, an inaugural public sitting,<br />
which was the first official sitting, was held and so,<br />
in the following year, the first case was presented and<br />
the International Court of Justice started its activities.<br />
The Court may be solicited to judge legal disputes between<br />
States, which are known as “contentious cases”<br />
and also, the court may be claimed to give its advisory<br />
opinion, according to article 65 of the Statute 9 and if<br />
requested by United Nations organs may also serve on<br />
internal issues. An ‘advisory opinion’ is an advice that<br />
the Court gives to those organs or States that request<br />
one. For example, if the Security Council is not reach-<br />
79
ing a decision on a particular dispute, it may send a<br />
request to the International Court, which will respond<br />
with an advisory opinion; in other words, the Court will<br />
give influential advice on how to decide on the issue,<br />
always in consonance with international law.<br />
Statement of the Issue<br />
FACTS<br />
1966 to 1975: France conducted 41 atmospheric tests<br />
on the Muruoa atoll, located on the French Polynesia.<br />
1973: Australia and New Zealand, the closest neighbors<br />
of the French Polynesia, instituted legal proceedings<br />
against France to the ICJ. The consequence was<br />
that France could continue with the nuclear tests in<br />
French Polynesia, but they must be no longer atmospheric.<br />
France switched the tests to underground tests.<br />
1976 to 1991: France conducted 134 underground<br />
tests in boreholes. The last test was in 1996.<br />
1996: France agreed to pay a 10-year compensation<br />
package to French Polynesia.<br />
Greenpeace created a worldwide non-nuclear tests<br />
movement against France and its nuclear tests in<br />
French Polynesia, having The Rainbow Warrior as the<br />
main ship of its navy. 10 On 10 th July of 1985, two days<br />
before The Rainbow Warrior anchored to the Muruoa<br />
atoll, an explosion occurred and the ship sunk, killing<br />
one member of the crew.<br />
The explosion was caused by two bombs planted by<br />
two agents of France’s secret service, Mr. Dominique<br />
Prieur and Mr. Alain Mafart. They were sent to a military<br />
base in French Polynesia and released in less than<br />
two years.<br />
France’s Prime Minister, Mr. Laurent Fabius, assumed the<br />
responsibility of the crime and said that the agents of<br />
the DGSE (Direction Generale de la Securite Exterieure/<br />
General Directorate for External Security) sank The Rainbow<br />
Warrior as they were instructed to do so.<br />
80<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
There was also a spy infiltrated in the Greenpeace, Mrs.<br />
Christine Cabon, also from the DGSE, who evaded arrest<br />
in Israel and has been missing until present days. 11<br />
JURISDICTION<br />
The ICJ is an international court, hence the name, that<br />
discusses disputes between countries around the<br />
world; therefore, it acts as a world court. The Court has<br />
a dual jurisdiction; it may decide contentious cases or<br />
give advisory opinions.<br />
The Court’s role is to settle, in accordance with international<br />
law, legal disputes submitted to it by States and<br />
to give advisory opinions on legal questions referred<br />
to it by authorized United Nations organs and specialized<br />
agencies.” 12 (…)“It decides, in accordance with<br />
international law, disputes of a legal nature that are<br />
submitted to it by States (jurisdiction in contentious<br />
cases); and it gives advisory opinions on legal questions<br />
at the request of the organs of the United Nations<br />
or specialized agencies authorized to make such<br />
a request (advisory jurisdiction). 13<br />
In the contentious cases, the court has to rule a decision<br />
based on international law; it has do decide a legal<br />
dispute submitted to it by a State. The definition of<br />
an “international legal dispute” is: “A disagreement on a<br />
question of law or fact, a conflict, a clash of legal views or<br />
of interests.” 14<br />
Nevertheless, it is important to stress that International<br />
Organizations cannot appear before the Court;<br />
when it comes to contentious cases, only States have<br />
such authorization. However, International Organizations<br />
do have a specific procedure to obtain aid from<br />
the Court, the so called “advisory opinion”. An advisory<br />
opinion is a function that the Court has, in which only<br />
International Organizations may request one. Once an<br />
organization requests an advisory opinion 15 , the Court<br />
advises which State or other Organization may be likely<br />
to have important information to provide and the<br />
chosen one will proceed with an oral or written statement,<br />
containing the useful information. 16
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
New Zealand’s Allegations<br />
AS TO THE NUCLEAR TESTS<br />
New Zealand’s department of Health, together with<br />
the Meteorological Service of the Australian Radiation<br />
Laboratory, have the most intense monitoring program<br />
for nuclear testing of the Pacific region. Many measurements<br />
were taken and they show that radioactive material<br />
has swept west to the central South Pacific.<br />
First of all it is prompt to notice that by doing atmospheric<br />
tests, France violated the Nuclear Test Ban Treaty<br />
of 1963 (Signed on August 5, (182 signatories and 155<br />
ratifies) 17 was the result of a hard negotiation between<br />
the United States, the United Kingdom, Canada, France,<br />
and the Soviet Union to began on the ending of nuclear<br />
weapons testing, mediated by the United Nations Disarmament<br />
Commission. This treaty pursued all diplomatic<br />
efforts for a test ban treaty before resuming underground<br />
testing. The test ban was a first step to nuclear<br />
disarmament 18 and even countries such as New Zealand<br />
and U.S.A. refusing to help France with that type of tests<br />
France has managed, using different national airlines, to<br />
staff the test sites to its own satisfaction.<br />
Because of the submission made by New Zealand and<br />
Australia, the atmospheric tests made by France, were<br />
prohibited by the ICJ. Some of the environmental effects<br />
that those tests caused were the remains in the<br />
atmosphere, on the ground, and in water bodies of<br />
about one half of the cesium and strontium.<br />
Some of the environmental effects of the underground<br />
tests made by France at Moruroa atoll were divided in<br />
short term: fracturing of the atoll surface triggers landslides,<br />
tsunamis (tidal waves), earthquakes and radio<br />
nuclides vented to the environment and long term effects:<br />
leakage of fission products to the biosphere, fish<br />
poisoning and transfer of dissolved plutonium from<br />
the lagoon to the ocean and the food chain. 19<br />
The winds which circulate in the high-pressured region<br />
of the Tuamotu island group were the reason why the<br />
contaminated water was carried by ocean currents towards<br />
to New Zealand and Australia on a south-southwest<br />
swing, making these effects to affect New Zealand.<br />
Diplomatic protests concerning the French tests were<br />
made by Australia and, New Zealand, in order to prevent<br />
other countries from these dangers.<br />
France has breached the Moscow Test Ban Treaty of<br />
1963 which stated that all atmospheric tests of nuclear<br />
weapons are illegal. This treaty had nearly universal acceptance,<br />
which shows an international consensus in<br />
favor of the principles contained therein. One of the<br />
main importance of the Test-Ban Treaty was the overwhelm<br />
expectation of the world it created about the<br />
unlawfulness of atmospheric nuclear testing.<br />
Therefore, France breached this important treaty when<br />
pursuing atmospheric nuclear tests. From 1966 to<br />
1975, France conducted 41 atmospheric tests in the<br />
Muruoa atoll, located on the French Polynesia. 20<br />
AS TO THE 1986 AGREEMENT<br />
France started to threaten New Zealand’s access to the<br />
European Economic Community market, having New<br />
Zealand’s exports boycotted. As a reaction, New Zealand<br />
started to act in a similar way. Because both countries<br />
were having economical damages, they allowed<br />
the United Nations Secretary General at the time, Mr.<br />
General Javier Pérez de Cuéllar, to mediate a settlement.<br />
Therefore, the 1986 agreement was made in 8 July<br />
1986. It was a binding decision, that France had to pay<br />
NZ$13 million (USD$6.5 million) to New Zealand as a<br />
recognizance of apology. Additionally, France was ordered<br />
not to interfere anymore on New Zealand’s trade<br />
negotiations.<br />
Alain Mafart and Dominique Prieur, both French agents<br />
disguised that acted in the Rainbow Warrior case, were<br />
to serve their sentences, and therefore arrested at the<br />
French military base on Hao atoll, in French Polynesia,<br />
for three years.<br />
However, instead of doing what was agreed, the two<br />
agents returned to France, after less than two years on<br />
the atoll. Alain Marfart returned on 1987 because of “illness”<br />
and Dominique Prieur returned on May 1988 because<br />
she was pregnant. Both of the agents, when arrived<br />
home, were honored, decorated and promoted.<br />
81
The removal of the agents from Hao atoll and their return<br />
to France was clearly, a violation of the 1986 agreement.<br />
New Zealand’s “silent war of independence”, a more independent<br />
foreign policy line, was emerged because of<br />
this incident, since it had to “go it alone” because of the<br />
failure of traditional allies such as the USA and Britain to<br />
condemn this act. 21 New Zealand hoped that its allies<br />
would help her with the boycott of New Zealand’s exports,<br />
however, they “sat on their hands” and did nothing.<br />
After this incident, New Zealand’s nationalism grew a<br />
lot. Hence, New Zealand started to support a more independent<br />
foreign policy line.<br />
AS TO THE RAINBOW WARRIOR CASE<br />
Firstly, many French agents were in disguise. Making<br />
the crew of the Rainbow Warrior trust them. This disguising<br />
made an issue come up: if France can infiltrate<br />
their agents in other countries as spies. Until nowadays,<br />
this has been subject of an unfinished debate:<br />
some people think is unreasonable to infiltrate people<br />
of the secret service of a country on a foreign country,<br />
and some think it is not.<br />
Secondly, the sinking of the Rainbow Warrior was<br />
caused by an explosion and this explosion occurred<br />
because of two bombs planted by two agents of the<br />
secret service of France, Mr. Dominique Prieur and Mr.<br />
Alain Mafart.<br />
Thirdly, France assumed its fault when The Prime Minister,<br />
Mr. Laurent Fabius, assumed the responsibility of<br />
the crime and said that the agents of the DGSE (Secret<br />
Service) sank the Rainbow Warrior because they were<br />
ordered to do so. 22<br />
France should be punished for all damages caused by<br />
the sinking of the Rainbow Warrior because this explosion<br />
only happened as the ship was the main one and<br />
leader of the navy for large non-nuclear tests movement<br />
against France and its nuclear tests in French<br />
Polynesia made by Greenpeace.<br />
Finally, France has never been punished for the incident<br />
and none of the agents involved in the sinking<br />
82<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
were ever taken into custody. Most of them are protected<br />
until present days by France.<br />
The Allegations of France<br />
AS TO THE NUCLEAR TESTS<br />
There are three things that France alleged about the<br />
nuclear tests. The first one is that France does not considers<br />
the Test Ban Treaty as a nearly universal treaty<br />
because the majority of nations that signed or ratified<br />
(182 signatories and 155 ratifies) 23 this treaty have<br />
signed it because of political issues, thus, they have not<br />
properly evaluated their own security requirements.<br />
The second one is that France did those nuclear tests<br />
because it could have been involved as a North Atlantic<br />
Treaty Organization (NATO) ally in the war between<br />
the United States and the Soviet Union (such as the Cuban<br />
missile crisis, in 1962).<br />
Therefore France felt obligated to withdraw from the<br />
NATO nuclear defense system and establish a nuclear<br />
deterrent of her own. An independent nuclear deterrent<br />
was necessary for the restoration of French prestige<br />
by the time these tests occurred. (D’AMATO, 1967)<br />
The third and last one is that France’s department of defense<br />
has proposed to the French parliament a project<br />
in which all victims of the nuclear tests would be indemnified.<br />
The government previews an amount of about 10<br />
million Euros to do that. The minister of defense, Hervé<br />
Morin, has gone further and said that more money<br />
could be used to this indemnity, if needed. Hence, an<br />
independent commission, formed by doctors and one<br />
judge will analyze applications for this indemnity. This<br />
commission will have as its base the list of illnesses established<br />
by a scientific committee of the UN about the<br />
effects of the radiation. 24 This project was approved by<br />
French parliament on December, 22 nd of 2009. 25
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
AS TO THE 1986 AGREEMENT<br />
France did not breach the 1986 agreement due to the<br />
fact that these two agents were brought back to France<br />
only due to their health. Mr. Mafart returned to Paris on<br />
December 14, 1987 for medical treatment, and was apparently<br />
freed after treatment and Mrs. Prieur returned<br />
to France on May 6, 1988 because she was pregnant.<br />
AS TO THE RAINBOW WARRIOR CASE<br />
The issue of the sinking of the vessel Rainbow Warrior<br />
raises a question in international law over State responsibility.<br />
In such cases where a State sends its agents<br />
abroad to commit acts which are illegal under national<br />
law of the target country, it is customary for the State to<br />
take responsibility for the act and issue compensation. 26<br />
Because of this fact France argues that the Rainbow<br />
Warrior case bolsters the principle of non-intervention<br />
in international law and the punishment of States for<br />
contravening it. 27<br />
In terms of reparations, France initially paid to New<br />
Zealand 7 million USD, and paid a large compensation<br />
to the family of the only victim of the mission and to<br />
Greenpeace which was settled privately. 28<br />
APPLICABLE LAW<br />
The Court has the duty to decide, according to international<br />
law, problems and disputes between States<br />
and also, to give advisory opinions, based on the international<br />
law. When deliberating, the ICJ will make that<br />
international law is used to reach a decision. It is very<br />
important to state that the ICJ will not make its decisions<br />
based on internal laws, meaning that the Court<br />
will not decide a matter based on the national law of a<br />
specific country.<br />
According to article 38 of the Statute of the International<br />
Court of Justice, 29 The Court, whose function is<br />
to decide in accordance with international law such disputes<br />
as are submitted to it, shall apply:<br />
a. international conventions, whether general or particular,<br />
establishing rules expressly recognized by the<br />
contesting states;<br />
b. international custom, as evidence of a general practice<br />
accepted as law;<br />
c. the general principles of law recognized by civilized<br />
nations;<br />
d. subject to the provisions of Article 59, judicial decisions<br />
and the teachings of the most highly qualified<br />
publicists of the various nations, as subsidiary means<br />
for the determination of rules of law.<br />
This article is an exemplificative list of sources of law<br />
that may be used by the Court, when deliberating on<br />
an issue. There are a few enumerated in the article, but<br />
there are other sources to international law that can<br />
be also used to decide a case. The ones that the article<br />
listed are the most common ones used, though.<br />
The first source that the Statute brings is international<br />
conventions, which are agreements made between<br />
States on a specific theme. Conventions are also<br />
known as treaties, which are elaborated by the signatory<br />
States that want to create such treaty. Treaties may<br />
be used by the Court as a source of law because they<br />
symbolize a State’s position on that specific matter.<br />
International custom, the second source listed by the<br />
Statute, is a “general practice accepted as law”, 30 meaning<br />
that to be considered a custom, there has to be an<br />
act that is practiced generally by the population of a<br />
specific State, and the people who practice it, have to<br />
understand its importance and see it as being a law. A<br />
type of law, however, that if not observed will not have<br />
any legal consequences or sanctions.<br />
General principles of law may be also applied by the<br />
ICJ in the cases presented to it. The principles are aspects<br />
of law that are not written in any text of law; they<br />
are used as law but are not formally written anywhere.<br />
The last examples given by the Statute are the more<br />
general ones. The Statute says “subject to the provisions<br />
of Article 59, judicial decisions and the teachings of the<br />
most highly qualified publicists of the various nations, as<br />
subsidiary means for the determination of rules of law.” 31<br />
83
Previous judicial decisions are a good type of source as<br />
they show in which way a Tribunal tends do decide. Judicial<br />
decisions, also known as jurisprudence, contain<br />
the relation between the cases and decisions made<br />
by Tribunals. Teachings of qualified specialists are also<br />
called doctrine, and are the positions of people that<br />
understand the subject they are referring, in this case,<br />
international public law.<br />
The Statute named a few sources that can be applied<br />
to the cases submitted to the Court, but as mentioned<br />
before, the article is merely exemplificative, and therefore,<br />
other sources may be used to decide disputes between<br />
States, such as decisions of International Organizations.<br />
The Statue was written many years ago (1946),<br />
at a time when International Organizations were not<br />
as important as they are today. This is the main reason<br />
why this source of International Law is mot listed in the<br />
Statute. Nowadays, the decisions of International Organizations<br />
are extremely important. 32<br />
There is a divergence on whether the decisions of International<br />
Organizations are truly valid to be adopted<br />
as an International Law source. 33 No rules or principles<br />
have been written to solve the matter, so it is up to<br />
each person, judge, Tribunal, International Courts to<br />
decide whether to use these decisions or not.<br />
Legal Precedents of the ICJ<br />
The International Court of Justice is the most important<br />
judicial organ of the United Nations and it has already<br />
ruled over important and controversial matters.<br />
States submit their cases and the Court has to reach<br />
a decision on such case. The ICJ may decide legal disputes<br />
between States (contentious cases) or give an<br />
opinion on a matter (advisory opinion). 34 Either so, the<br />
Court’s work is of great importance and always has the<br />
best intentions of the international community and international<br />
law when attempting to solve issues in a<br />
peaceful manner.<br />
One very interesting case in which an advisory opinion<br />
was requested was the “Legality of the Threat or Use<br />
of Nuclear Weapons”, 35 submitted to the Court by the<br />
United Nations General Assembly (GA). In 1996 the<br />
Court reached an opinion based on the question sub-<br />
84<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
mitted and so, it handed down its advisory opinion towards<br />
that matter. The Court replied that:<br />
a. Unanimously, There is in neither customary nor<br />
conventional international law any specific authorization<br />
of the threat or use of nuclear weapons;<br />
b. By eleven votes to three, There is in neither<br />
customary nor conventional international law any<br />
comprehensive and universal prohibition of the<br />
threat or use of nuclear weapons as such;<br />
c. Unanimously, A threat or use of force by means<br />
of nuclear weapons that is contrary to Article 2,<br />
paragraph 4, of the United Nations Charter and<br />
that fails to meet al1 the requirements of Article 51,<br />
is unlawful;<br />
d. Unanimously, A threat or use of nuclear weapons<br />
should also be compatible with the requirements of<br />
the international law applicable in armed conflict,<br />
particularly those of the principles and rules of international<br />
humanitarian law, as well as with specific<br />
obligations under treaties and other undertakings<br />
which expressly deal with nuclear weapons;<br />
e. By seven votes to seven, by the President’s casting<br />
vote, It follows from the above-mentioned requirements<br />
that the threat or use of nuclear weapons<br />
would generally be contrary to the rules of<br />
international law applicable in armed conflict, and<br />
in particular the principles and rules of humanitarian<br />
law; However, in view of the current state of international<br />
law, and of the elements of fact at its<br />
disposal, the Court cannot conclude definitively<br />
whether the threat or use of nuclear weapons<br />
would be lawful or unlawful in an extreme circumstance<br />
of self-defence, in which the very survival of<br />
a State would be at stake;<br />
f. Unanimously, There exists an obligation to pursue<br />
in good faith and bring to a conclusion negotiations<br />
leading to nuclear disarmament in al1 its aspects<br />
under strict and effective international control.” 36<br />
A contentious case that has become quite known<br />
around the world is the “Avena and Other Mexican Nationals”,<br />
37 a conflict matter between Mexico and the<br />
United States of America. The Mexican State instituted
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
proceedings against the North American State, claiming<br />
that the USA had violated articles of the Vienna<br />
Convention on Consular Relations (1963) 38 and had<br />
sentenced to death a number of Mexican nationals.<br />
Mexico also asked the Court to order the USA to take<br />
measures to make sure that no other Mexican national<br />
would be sentenced to death without the Court’s<br />
agreement. 39 The ICJ acknowledged Mexico’s request<br />
and ordered the North Americans to follow such protective<br />
measures. In 2004 the Court reached a decision<br />
and gave the judgment.<br />
Requests:<br />
The Republic of New Zealand asks this Court to adjudge<br />
and declare that:<br />
a. By doing nuclear tests in islands which are neighbors<br />
of New Zealand and affecting New Zealand’s environment,<br />
France should be punished in U$ 3 billion<br />
b. By violating the 1986 agreement and having two<br />
agents returned to France, France should be condemned<br />
c. By ordering the sinking and bombing of the Rainbow<br />
Warrior, France should be punished.<br />
The Republic of France asks this Court to adjudge and<br />
declare that:<br />
a. By trying hard to mitigate the losses of New<br />
Zealand and investing on repairing the damages<br />
caused by the nuclear tests, France should not be<br />
punished in U$ 3 billion.<br />
b. By having the two agents returned to France<br />
on grounds of health issues, the 1986 agreement<br />
should not be considered violated.<br />
c. By the principle of State responsibility France<br />
should be pronounced not guilty for the sinking of<br />
the vessel Rainbow Warrior.<br />
ICJ judges 40<br />
PRESI<strong>DE</strong>NT PETER TOMKA<br />
The president has been a member of the Court since 6<br />
February 2003, has occupied this position since 6 February<br />
2009 and is from Slovakia.<br />
“LL.M. (summa cum laude), Faculty of Law, Charles University,<br />
Prague (1979). Doctor iuris (international law),<br />
Charles University, Prague (1981). Ph.D. in International<br />
Law, Charles University (1985). Faculty of International<br />
Law and International Relations, Kiev, Ukraine (1982).<br />
Institut du droit de la paix et du développement, Nice,<br />
France (1984-1985). Institute of International Public Law<br />
and International Relations, Thessaloniki, Greece (1985).<br />
Hague Academy of International Law (1988). Assistant<br />
Legal Adviser (1986-1990); Head of the Public International<br />
Law Division (1990-1991), Ministry of Foreign Affairs,<br />
Prague. Counsellor and Legal Adviser (1991-1992),<br />
Permanent Mission of Czechoslovakia to the United<br />
Nations. Ambassador, Deputy Permanent Representative<br />
(1993-1994) and Ambassador, Acting Permanent<br />
Representative of Slovakia to the United Nations (1994-<br />
1997). Legal Adviser and Director of the International<br />
Law Department (1997-1998); Director General for International<br />
Legal and Consular Affairs and Legal Adviser<br />
(1998-1999), Ministry of Foreign Affairs, Bratislava, Slovakia.<br />
Ambassador, Permanent Representative of Slovakia<br />
to the United Nations (1999-2003). Chairman of<br />
the United Nations Committee on the Applications for<br />
Review of the Judgments of the Administrative Tribunal<br />
(1991). Vice-Chairman of the Sixth (Legal) Committee of<br />
the United Nations General Assembly (1992). Chairman<br />
of the Working Group on the United Nations Decade of<br />
International Law (1995). Chairman of the Meeting of<br />
the States Parties to the International Covenant on Civil<br />
and Political Rights (1996). Vice-President of the Sixth<br />
Meeting of the States Parties to the United Nations<br />
Convention on the Law of the Sea (1996). Chairman of<br />
the Sixth (Legal) Committee of the Fifty-second Session<br />
of the United Nations General Assembly (1997). Vice-<br />
Chairman of the Preparatory Committee for the International<br />
Criminal Court (1998). President of the Ninth<br />
Meeting of the States Parties to the United Nations<br />
Convention on the Law of the Sea (1999). Chairman of<br />
the Ad Hoc Committee on the International Convention<br />
85
against the Reproductive Cloning of Human Beings<br />
(2002). Member of the Ambassadorial Panel of Experts<br />
to advise the Division for Ocean Affairs and the Law of<br />
the Sea of the United Nations Secretariat (2002). Member<br />
(1999-2003); Second Vice-Chairman (2000); Chairman<br />
of the Drafting Committee (2001), United Nations<br />
International Law Commission.“ 41<br />
VICE-PRESI<strong>DE</strong>NT JUDGE BERNARDO SEPÚLVEDA-<br />
AMOR<br />
This judge has Mexican nationality and has been a<br />
member of the Court since 6 February 6 th 2006.<br />
“Law degree, National University of Mexico (1964)<br />
(magna cum laude); LL.M. (Cantab.) (1966); Diploma<br />
in International Law (Cantab.) (1965); Honorary Fellow<br />
of Queens’ College, University of Cambridge (1990);<br />
Honorary Doctorate from the University of San Diego<br />
(1982) and from the University of Leningrad (now St.<br />
Petersburg) (1987); Rockefeller Foundation Fellowship<br />
(1964-1966). Professor of International Law and International<br />
Organizations at El Colegio de Mexico since<br />
1967, where he was also Associate Research Fellow<br />
(1993-2006). Lecturer in a number of academic institutions:<br />
Faculty of Political and Social Sciences (National<br />
University of Mexico); Institute of Legal Research (National<br />
University of Mexico); Centro de Investigaciónes<br />
y Docencia Economíca (CI<strong>DE</strong>); Instituto Tecnológico<br />
Autónomo de Mexico (ITAM); Instituto Matías Romero<br />
de Estudos Diplomáticos (Mexican Foreign Office);<br />
Hague Academy of International Law (Regional Programme,<br />
Mexico City, 2002); Institute of European Integration<br />
Studies (El Colegio de Mexico, 1994-1996).<br />
Deputy Director for Legal Affairs, Secretary of the<br />
Presidency (1968-1970); Director of the Foreign Investment<br />
Program (1971-1975) and then Director General<br />
for International Affairs (1976-1980) at the Secretary<br />
of the Treasury. Principal Adviser on International Affairs<br />
to the Secretary of the Budget (1981). Ambassador<br />
of Mexico to the United States of America (1982).<br />
Secretary of Foreign Relations of Mexico (1982-1988).<br />
Ambassador of Mexico to the United Kingdom and,<br />
concurrently, to Ireland (1989-1993). President of the<br />
Mexican delegations to the General Assembly of the<br />
United Nations and to the General Assembly of the<br />
Organization of American States, as well as of other<br />
86<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
international regional and global organizations (1982-<br />
1988). Co-Chairman of the Mexico-United States Binational<br />
Commission, together with the United States<br />
Secretary of State (1982-1988).” 42<br />
He was ad hoc judge of the ICJ in the case concerning<br />
Avena and Other Mexican Nationals (Mexico v. United<br />
States of America).<br />
JUDGE ABDUL G. KOROMA<br />
This judge is Member of the Court since 6 February 1994<br />
and was re-elected as from 6 February 2003. He is from<br />
Sierra Leone and was Ministry of Foreign Affairs in 1969.<br />
“As a Barrister and Legal Practitioner of the High Court<br />
of Sierra Leone, was appointed State Counsel and<br />
Special Adviser to the Attorney-General and Minister<br />
of Justice. Served as Legal Adviser to the Permanent<br />
Mission of Sierra Leone to the United Nations. Served<br />
as Ambassador Extraordinary and Plenipotentiary of<br />
Sierra Leone to the United Nations, New York, while<br />
concurrently accredited as High Commissioner of Sierra<br />
Leone to Jamaica and Trinidad and Tobago, and<br />
Ambassador to the Republic of Korea (Seoul) and Cuba<br />
(1981-1985). Served as Ambassador Extraordinary and<br />
Plenipotentiary to Belgium, France, Luxembourg and<br />
the Netherlands while concurrently accredited to the<br />
European Communities and to the United Nations Educational,<br />
Scientific and Cultural Organization (Unesco)<br />
(1985-1988). Served as Ambassador Extraordinary and<br />
Plenipotentiary of Sierra Leone to the Organization of<br />
African Unity (OAU) with concurrent accreditation to<br />
Ethiopia, Kenya, the United Republic of Tanzania and<br />
Zambia (1988-1992); also accredited to Republic of<br />
Korea (Seoul) and High Commissioner to Barbados, Jamaica,<br />
Trinidad and Tobago (1988).”<br />
His main contributions to the major areas of international<br />
law were: law of self-determination, human<br />
rights law, international humanitarian law, and the<br />
peaceful settlement of disputes, and has written and<br />
lectured on these subjects. Served as expert consultant<br />
with the International Committee of the Red Cross<br />
(ICRC) at Geneva on the implementation of and respect<br />
for international humanitarian law. Has delivered lectures<br />
on all of these topics in many countries, including
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Cameroon, Canada, China, Ethiopia, Germany, Greece,<br />
India, Italy, Japan, Republic of Korea, Malta, Norway,<br />
Peru, Sweden, the United Republic of Tanzania and the<br />
United States of America.<br />
JUDGE GIORGIO GAJA<br />
This judge was born in Lucerne, Switzerland, on 7 December<br />
1939 and therefore, has an Italian nationality.<br />
He is a member of the Court since February 6 th , 2012.<br />
He has a degree in law, from the University of Rome. He<br />
was a professor of International Law at the University<br />
of Florence ( from 1974 to 2011), and also was Dean of<br />
the Law School ( from 1978 to 1981).<br />
“Lecturer, Hague Academy of International Law (1981<br />
and 2011). Part-time Professor, European University Institute<br />
(1980 and 1984-1985). Visiting Professor, Johns<br />
Hopkins University (1977-1978), University of Geneva<br />
(1983 and 1985), University of Paris I (1989 and 2000),<br />
University of Aix-Marseille III (1992), University of Michigan<br />
School of Law (1992), Columbia Law School (1996),<br />
and Graduate Institute of International Studies (2001).<br />
Member of the International Law Commission (1999-<br />
2011). Delegate of the Italian Government to the Vienna<br />
Conference on the Law of Treaties between States<br />
and International Organizations and between International<br />
Organizations (1986).<br />
Counsel to the Italian Government in the ELSI case before<br />
the International Court of Justice. Judge ad hoc<br />
in the cases concerning Legality of Use of Force (Yugoslavia<br />
v. Italy); Territorial and Maritime Dispute between<br />
Nicaragua and Honduras in the Caribbean Sea (Nicaragua<br />
v. Honduras); Territorial and Maritime Dispute (Nicaragua<br />
v. Colombia); Application of the International<br />
Convention on the Elimination of All Forms of Racial<br />
Discrimination (Georgia v. Russian Federation); and Jurisdictional<br />
Immunities of the State (Germany v. Italy:<br />
Greece intervening).” 43<br />
JUDGE JULIA SEBUTIN<strong>DE</strong><br />
This judge was born in Uganda and she is a recente<br />
member of the court, she was added to ICJ on february<br />
of 2012.<br />
Her academic formation consists in: “Doctorate of Laws,<br />
honoris causa, University of Edinburgh, U.K., for distinguished<br />
service in the field of international justice and<br />
human rights (2009); Master of Laws Degree with Distinction<br />
(LL.M.), University of Edinburgh, U.K. (1990);<br />
Bachelor of Laws Degree (LL.B.) Makerere University,<br />
Uganda (1977); Post-Graduate Diploma in Legal Practice,<br />
Law Development Centre, Uganda (1978); Certificate<br />
in Legislative Drafting, University of Colombo, Sri<br />
Lanka in conjunction with the Commonwealth Fund<br />
for Technical Co operation (CFTC) (1983); Certificate in<br />
Advanced Leadership Studies, Haggai Leadership Institute,<br />
Singapore (1998); Certificate in Alternative Dispute<br />
Resolution (ADR) Skills, National Judicial College,<br />
University of Nevada, Reno, USA (1997).”<br />
Her Previous Judicial and Legal Positions were “Judge of<br />
the Special Court for Sierra Leone (SCSL) (2005 2011);<br />
Presiding Judge of Trial Chamber II of the SCSL (2007<br />
2008, 2010-¬2011), handling several high profile war<br />
crime trials including the Prosecutor v. Charles Ghankay<br />
Taylor; Judge of the High Court of Uganda with<br />
original and appellate jurisdiction in civil and criminal<br />
cases (1996-2011); Chairperson, Judicial Commission<br />
of Inquiry into Corruption in the Uganda Police Force<br />
(1999 2000); Chairperson, Judicial Commission of Inquiry<br />
into Mismanagement in the Uganda People’s Defence<br />
Forces (2001); Chairperson, Judicial Commission<br />
of Inquiry into Corruption in the Uganda Revenue Authority<br />
(URA) (2002); Chairperson, Technology Planning<br />
Committee of the Uganda Judiciary (1998-2002); Legislative<br />
Consultant seconded by the Commonwealth<br />
Secretariat to the Republic of Namibia responsible for<br />
amendment and replacement of the country’s apartheid<br />
laws and training of Namibian legislative drafters<br />
(1991 1996); Principal State Attorney and Principal Parliamentary<br />
Counsel, Ministry of Justice, Uganda (1978<br />
1990) and Legislative Consultant on the multilateral<br />
committees responsible for drafting and amendment<br />
of the treaties establishing the Common Market for<br />
Eastern and Southern Africa (COMESA) and the Intergovernmental<br />
Authority on Drought and Development<br />
(IGADD) (1980 1990); Member of the Uganda Bar<br />
87
and Advocate of the Courts of Judicature of Uganda<br />
since 1979.”<br />
Judge Sebutinde has many papers and lectures published.<br />
She tends to be an expertise in international criminal<br />
justice and she is Always fighting for the world Peace. 44<br />
JUDGE RONNY ABRAHAM<br />
This judge has been a member of the Court since February<br />
15 th 2005 and was originally born in Egypt, but<br />
has French nationality.<br />
“Professor of international law, Institut d’études politiques<br />
of Paris (until 1998). Associate Professor, University<br />
of Paris X-Nanterre (1997-2003). Associate Professor,<br />
University of Paris II Panthéon-Assas (public<br />
international law, human rights) (2004-2005). Judge<br />
sitting in administrative courts (1978-1985 and 1987-<br />
1988). Assistant Director of the Office of Legal Affairs of<br />
the Ministry of Foreign Affairs (1986-1987). Maître des<br />
requêtes in the Conseil d’Etat (1988-2000), Conseiller<br />
d’État ( from 2000), Commissaire du gouvernement<br />
(advocate general) before the judicial organs of the<br />
Conseil d’Etat (1989-1998). Director of Legal Affairs<br />
at the French Ministry of Foreign Affairs (1998-2005).<br />
From 1998 to 2005, as head of the Legal Affairs Directorate<br />
at the French Ministry of Foreign Affairs, in charge<br />
of advising the Government on legal matters in the<br />
fields of general international public law, European Union<br />
law, international human rights law, the law of the<br />
sea and the Antarctic.”<br />
His most important cases are: “International Court of<br />
Justice: Legality of Use of Force (Serbia and Montenegro<br />
v. France); (request for indication of provisional<br />
measures, 1999, and on preliminary objections, 2004);<br />
Certain Criminal Proceedings in France (Republic of the<br />
Congo v. France) (request for the indication of provisional<br />
measure, 2003); Legal Consequences of the Construction<br />
of a Wall in the Occupied Palestinian Territory<br />
(request for an Advisory Opinion) (written statement of<br />
the French Republic, 30 January 2004).”. He was also a<br />
member of international arbitral tribunals. 45<br />
88<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
JUDGE KENNETH KEITH<br />
This kiwi judge has been a member of the Court since<br />
February 6 th 2006.<br />
“Studied law (1956-1965) at the University of Auckland,<br />
Victoria University of Wellington and Harvard Law<br />
School, qualifying for LL.B. and LL.M. degrees; Honorary<br />
LL.D. degrees, University of Auckland 2001 and Victoria<br />
University of Wellington 2004. Barrister and Solicitor<br />
of the High Court of New Zealand (1961); Queen’s<br />
Counsel (1994). Faculty member, Victoria University of<br />
Wellington (1962-1964, 1966-1991); Dean (1977-1981);<br />
now Professor Emeritus; also Visiting Professor at Osgoode<br />
Hall Law School, Toronto (1981-1982). Member<br />
of the Legal Division, New Zealand Department of External<br />
Affairs (1960-1962); Member of the Office of Legal<br />
Affairs (Codification Division) of the United Nations<br />
(1968-1970), primarily undertaking research for the<br />
International Law Commission and working with the<br />
Sixth Committee of the General Assembly, including<br />
the Committee on Friendly Relations; student intern in<br />
that Division (1965); Member of the New Zealand Law<br />
Commission (1986-1996, President 1991-1996).”<br />
He was “ Judge of the New Zealand Court of Appeal<br />
(1996-2003), and of the newly established Supreme<br />
Court of New Zealand (2004-2005); at various times<br />
Judge of Appeal in Samoa, the Cook Islands and Niue,<br />
Judge of the Supreme Court of Fiji; Member of the Judicial<br />
Committee of the Privy Council, London and Member<br />
of the New Zealand legal team in the Nuclear Tests<br />
cases before the International Court of Justice 1973, 1974<br />
and 1995; leader of the New Zealand delegation to two<br />
of the sessions of the Diplomatic Conference which prepared<br />
the 1977 additional protocols to the Geneva Conventions;<br />
member of the New Zealand National Group<br />
of the Permanent Court of Arbitration (1985-2007);<br />
member of the panel of arbitrators of the International<br />
Centre for the Settlement of Investment Disputes (1994-<br />
); President (2002-2006) and member (1991-2006) of the<br />
International Humanitarian Fact-Finding Commission<br />
under the first additional Protocol to the Geneva Conventions<br />
for the Protection of War Victims; member of<br />
the international arbitral tribunals in the Rainbow Warrior<br />
(1990) (New Zealand v. France) and Southern Bluefin<br />
Tuna (2000) (Australia and New Zealand v. Japan) cases;<br />
and Chair of NAFTA and ICSID tribunals.” 46
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
JUDGE HISASHI OWADA<br />
This judge is of Japanese nationality, has been a member<br />
of the Court since 6 February 2003 and has been<br />
President of the Court since 6 February 2009.<br />
“B.A., University of Tokyo (1955). LL.B., Cambridge University<br />
(1956). D. Phil. (honoris causa), Keiwa University,<br />
Japan (2000); LL.D. (honoris causa), Banaras Hindu University,<br />
India (2001), Waseda University, Japan (2004),<br />
and Groningen University, the Netherlands (2009).<br />
Honorary Professor, Leiden University. Professorial Academic<br />
Adviser, Hiroshima University. Professor, New<br />
York University Global Law School. Associé, l’Institut<br />
de Droit international (1995). Membre, l’Institut de<br />
Droit international (2001). Member, Permanent Court<br />
of Arbitration. Honorary Member, American Society<br />
of International Law. President, Asian Society of International<br />
Law. Member emeritus, Japanese Society of<br />
International Law. Member, Executive Council of the<br />
Japan Branch, International Law Association. Entered<br />
the Foreign Service of Japan. Private Secretary to the<br />
Minister for Foreign Affairs of Japan (1971-1972). Private<br />
Secretary to the Prime Minister of Japan (1976-<br />
1978). Director General, Treaties Bureau (Principal Legal<br />
Adviser), Ministry of Foreign Affairs (1984-1987).<br />
Ambassador, Permanent Representative of Japan to<br />
the OECD (1988-1989). Deputy Minister, Ministry of<br />
Foreign Affairs (1989-1991). Vice-Minister for Foreign<br />
Affairs (1991-1993). Ambassador, Permanent Representative<br />
of Japan to the United Nations (1994-1998).<br />
Special Adviser to the Minister for Foreign Affairs of<br />
Japan (1999-2003). President of the Japan Institute of<br />
International Affairs (1999-2003). Senior Adviser to the<br />
President of the World Bank (1999-2000). Adjunct Professor<br />
of International Law, University of Tokyo (1963-<br />
1988). Visiting Professor of International Law, Harvard<br />
Law School (1979-1981, 1987, 1989, 2000-2002). Inge<br />
Rennert Distinguished Visiting Professor of Law, New<br />
York University Law School (1994-1998). Adjunct Professor<br />
of International Law, Columbia Law School<br />
(1994-1998). Professor, the Hague Academy of International<br />
Law (1999). Professor of International Law,<br />
Waseda University Graduate School (2000-2003). Visiting<br />
Fellow Commoner of Trinity College, Cambridge<br />
University (2002). Member of the Japanese Delegation<br />
to the Second United Nations Conference on the Law<br />
of the Sea (1960). Alternate Representative of Japan to<br />
the United Nations Conference on the Law of Treaties<br />
(1968-1969). Head of the Japanese Delegation to the<br />
Committee on Peaceful Uses of the Sea Bed and Ocean<br />
Floor (1968-1972). Head of the Japanese Delegation to<br />
the Legal Sub-Committee of the United Nations Committee<br />
on Peaceful Uses of Outer Space (1968-1970).<br />
Head of the Japanese Delegation to the United Nations<br />
Special Committee on Friendly Relations (1968-1970);<br />
Chairman of the Drafting Committee of the Special<br />
Committee (1970). Rapporteur of the Sixth Committee<br />
of the United Nations General Assembly, Twenty-fifth<br />
Session (1970). Member of the Japanese Delegation to<br />
the United Nations General Assembly, Twenty-third to<br />
Twenty-fifth Sessions (Sixth Committee) (1968-1970).<br />
Alternate Representative of Japan to the United Nations<br />
General Assembly, Twenty-seventh to Twenty-eighth<br />
Sessions (1972-1973). Alternate Representative of Japan<br />
to the Third United Nations Conference on the Law<br />
of the Sea (1973-1982). Adviser to the Japanese Delegation<br />
to the United Nations General Assembly, Thirtyninth<br />
to Forty-first (1984-1986) and Forty-fourth to Forty-fifth<br />
Sessions (1989-1990). Representative of Japan<br />
to the United Nations General Assembly, Forty-ninth<br />
to Fifty-third Sessions (1994-1998). Representative of<br />
Japan to the World Summit for Social Development<br />
in Copenhagen (1994). Representative of Japan to the<br />
Fourth World Conference on Women in Beijing (1995).<br />
Representative of Japan to the Assembly of Heads of<br />
State and Government, Organization of African Unity,<br />
31st to 33rd Sessions (1995-1997). Representative of<br />
Japan to the General Assembly of the Organization of<br />
American States (1996). Representative of Japan to the<br />
United Nations Security Council (1997-1998), President<br />
of the Security Council (1997, 1998). Representative of<br />
Japan to the Ministerial Meeting of the Non-Aligned<br />
Movement (1997-1998). Representative of Japan to<br />
the Summit Meeting of the Non-Aligned Movement<br />
(1998). Head of the Japanese Delegation to the United<br />
Nations Diplomatic Conference on the Establishment<br />
of an International Criminal Court (1998).” 47<br />
His main honnour are: Humanitarian Studentship in<br />
International Law from Cambridge University (1958-<br />
1959);. Al-Istiqlal Order, First Class from the Hashemite<br />
Kingdom of Jordan (1990); Officier, Légion d’Honneur<br />
from France (1992) and Grand Cross of the Order of Merit<br />
awarded by the Federal Republic of Germany (1994).<br />
89
JUDGE MOHAMED BENNOUNA<br />
This Moroccan judge has been a member of the Court<br />
since February 6 th 2006.<br />
“Doctor of International Law, Professor of International<br />
Law. Diploma from the Hague Academy of International<br />
Law. Member of the Institute of International Law.<br />
Professional activities: Ambassador, Permanent Representative<br />
of the Kingdom of Morocco to the United<br />
Nations (March 2001-February 2006). Judge of the International<br />
Criminal Tribunal for the former Yugoslavia,<br />
The Hague (1998-2001). Director General of the Arab<br />
World Institute (Institut du monde arabe, Paris) (1991-<br />
1998). Ambassador, Deputy Permanent Representative<br />
to the United Nations (1985-1989). Professor and<br />
later Dean of the Faculty of Law in Rabat (Morocco)<br />
(1972-1984). Founder and first Director of the Revue<br />
juridique, politique et économique de Maroc (1976).<br />
Visiting Professor at various universities: Tunis, Algiers,<br />
Nice, New York, Thessaloniki, Paris. Judge ad hoc of the<br />
International Court of Justice for the dispute between<br />
the Republic of Benin and the Republic of Niger (2002-<br />
2005). Chairman of the Sixth Committee (Legal Matters)<br />
at the Fifty-ninth Session of the General Assembly<br />
of the United Nations. Chairman of G77 and China<br />
at the United Nations (2003). Member of the Unesco<br />
World Commission on the Ethics of Scientific Knowledge<br />
and Technology (COMEST) (2002-2006). Member<br />
of the Unesco International Bioethics Committee<br />
(1992-1998) and of the Unesco International Panel on<br />
Democracy and Development (1997-2002). Chairman<br />
of a panel of the United Nations Compensation Commission,<br />
Geneva (1992-1995). Member of the United<br />
Nations International Law Commission, Geneva (1986-<br />
1998). First Special Rapporteur of the International Law<br />
Commission on the question of diplomatic protection<br />
(1997-1998). Legal Counsel to the Moroccan delegation<br />
at numerous sessions of the United Nations General<br />
Assembly (1974-1985). Member of the Moroccan<br />
delegation at the United Nations Conference on the<br />
Law of the Sea (1974-1982).” 48<br />
His main awards are: National prize for culture (Morocco);<br />
Medal for culture (Yemen); and Knight of the National<br />
Order of the Legion of Honour (France).<br />
90<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
JUDGE LEONID SKOTNIKOV<br />
This judge has been a member of the Court since February<br />
6 th 2006 and he is from the Russian Federation.<br />
“Diploma in International Law; Moscow Institute of International<br />
Relations (1974). Fellow, Center for International<br />
Affairs, Harvard University (1990). Officer (legal<br />
issues), Consular Department, Ministry of Foreign Affairs<br />
of the USSR (1974-1977). Officer (United Nations<br />
General Assembly Third and Sixth Committees matters),<br />
Permanent Mission of the USSR to the United Nations<br />
(1977-1981). Officer (human rights issues) (1981-1986),<br />
then Head of Division (general problems of international<br />
law, co-operation in countering new threats and<br />
challenges) (1987-1991), Legal Department, Ministry of<br />
Foreign Affairs of the USSR. Director (1991-1992), Legal<br />
Department, Ministry of Foreign Affairs of the Russian<br />
Federation (1991-1992). Ambassador Extraordinary and<br />
Plenipotentiary of the Russian Federation to the Kingdom<br />
of the Netherlands (1992-1998). Director, Legal Department,<br />
Member of the Collegium, Ministry of Foreign<br />
Affairs of the Russian Federation (1998-2001). Ambassador,<br />
Permanent Representative of the Russian Federation<br />
to the United Nations Office and other International<br />
Organizations in Geneva, as well as to the Conference<br />
on Disarmament (2001-2005). “<br />
“His most important Participations in major international<br />
forums and negotiations are as: “ Member of the<br />
delegation of the USSR to the negotiations on bilateral<br />
consular conventions between the Government of the<br />
USSR and the Governments of the People’s Democratic<br />
Republic of Algeria, the Republic of Benin, the Republic<br />
of Cape Verde, the Republic of Mali, the Republic<br />
of Tunisia, the Republic of Turkey (1976-1977). Representative<br />
of the USSR to the United Nations General<br />
Assembly intersessional Working Group to elaborate<br />
an international convention on the protection of the<br />
rights of all migrant workers and their families (1979-<br />
1981). Representative of the USSR to the United Nations<br />
General Assembly 37th Session Working Group<br />
on Principles of Medical Ethics relevant to the role of<br />
health personnel, particularly physicians, in the protection<br />
of prisoners and detainees against “torture, and<br />
other cruel, inhuman or degrading treatment or punishment<br />
(1982) and others. 49
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
JUDGE ANTôNIO AUGUSTO CANçADO<br />
TRINDA<strong>DE</strong><br />
This Brazilian judge has been a Member of the Court<br />
since February 6 th 2009.<br />
“PhD in International Law (1977), University of Cambridge,<br />
United Kingdom, with the thesis on “Developments<br />
in the Rule of Exhaustion of Local Remedies in<br />
International Law”. LL.M. in International Law, University<br />
of Cambridge (1973); LL.B. in Law, Federal University<br />
of Minas Gerais, Brazil (First Prize in Civil Law, 1969).<br />
President of the Inter-American Court of Human Rights<br />
(elected 1999, re-elected 2002); Vice-President of the<br />
Inter-American Court of Human Rights (elected 1997);<br />
Judge of the Inter-American Court of Human Rights<br />
(elected 1995, re-elected by acclamation 2000); former<br />
Judge ad hoc of the Inter-American Court of Human<br />
Rights (two cases, 1990-1994). Executive Director of<br />
the Inter-American Institute of Human Rights (elected<br />
unanimously, 1994-1996). Member of the Board<br />
of Directors of the Inter-American Institute of Human<br />
Rights (elected 1988-1991, re-elected unanimously<br />
1991-1994, re-elected unanimously 1996 at the end of<br />
term as Executive Director); External Legal Adviser to<br />
the Inter-American Institute of Human Rights (1991-<br />
1994); delegate of the Inter-American Institute of Human<br />
Rights to the regional meeting of Latin America<br />
and the Caribbean preparatory to the United Nations<br />
World Conference on Human Rights (1993) and to other<br />
“satellite-meetings” for the Second United Nations<br />
World Conference on Human Rights (Vienna, 1993);<br />
Head of the Delegation of the Inter-American Institute<br />
of Human Rights to the Central American Conference<br />
on Peace and Development (Tegucigalpa, 1994). Legal<br />
Adviser to the Ministry of External Relations of Brazil<br />
(1985-1990); Deputy Head of the Delegation of Brazil<br />
to the United Nations Conference on the Law of Treaties<br />
between States and International Organizations<br />
(Vienna, 1986); Delegate of Brazil to the Second World<br />
Conference on Human Rights (Vienna, 1993); Special<br />
Envoy of the Minister of External Relations of Brazil to<br />
Chile for Questions Pertaining to Human Rights (Santiago,<br />
1993-1994); Delegate of Brazil to the twentyfourth<br />
General Assembly of OAS (Belém do Pará, Brazil,<br />
1994); Delegate of Brazil to the fourteenth General<br />
Assembly of OAS (Brasilia, 1984); Delegate of Brazil to<br />
the Conferences on the Latin American Parliament<br />
(Cartagena and Lima, 1987); Delegate of Brazil to the<br />
Joint Meeting of the Contadora Group and the Group<br />
of Support (Cartagena, 1985); Head of the Delegation<br />
of Brazil to the United Nations Conference on the Code<br />
of Conduct for Transfer of Technology (Geneva, 1983);<br />
Legal Adviser to the Delegation of Brazil to the Sixth<br />
Conference of the Brazilian-French Mixed Commission<br />
of Demarcation of Limits (1981). Expert of the United<br />
Nations and Lecturer in the United Nations Global Consultation<br />
on the right to development as a human right<br />
(Geneva, 1990); Member of the Group of Senior Legal<br />
Advisers to UNEP (Nairobi, 1990-1992), participant of<br />
the meetings in Malta (1990), Nairobi (January and September<br />
1991), Geneva (March and July 1991), Beijing<br />
(1991), Rio de Janeiro (1991-1992), Nairobi (September<br />
1992); Member of the Advisory Committee of Experts<br />
in International Environmental Law of the United Nations<br />
University (1984-1987), participant at the meetings<br />
at The Hague (1984), Rio de Janeiro (1985), Strasbourg<br />
(1986), Goa, India (1987). Adviser of UNDP for its<br />
project of advisory services to and modernization of<br />
the Foreign Offices of Latin American countries (1988<br />
— Chile, Brazil, Dominican Republic, Mexico, Guatemala);<br />
Adviser of UNEP for the elaboration of the project<br />
of environmental legislation of Sao Tome and Principe<br />
(1992); Member of the Group of Jurists of the Comisión<br />
Sudamericana de Paz, entrusted with the elaboration<br />
of the first draft of the Treaty of Zone of Peace in South<br />
America (Brasilia, August 1989, and Montevideo, June<br />
1990). Member of the Commission of Jurists of OAS for<br />
Nicaragua (1993-1994). Member of the Commission of<br />
Senior Legal Advisers to the Office of the United Nations<br />
High Commissioner for Refugees (UNHCR) for<br />
the final evaluation of the process of the International<br />
Conference on Central American Refugees (Mexico<br />
City, 1994); Legal Adviser to the Council of Europe in<br />
the case concerning the 1995 Minsk Convention on<br />
Human Rights (1995). Member of the Commission of<br />
Advisers to UNESCO on the Right to Peace as a Human<br />
Right (participant of the meetings of Las Palmas, Spain,<br />
February 1997, and Oslo, June 1997). Research supervisor<br />
for the project on humanitarian law and customary<br />
law, of the International Committee of the Red Cross<br />
(1997). Arbitrator, International Centre for Settlement<br />
of Investment Disputes (2006-2008). Director of the<br />
Brazilian Journal of International Law (published every<br />
semester: Director since 1985); Co-Director of the<br />
Brazilian Journal of Human Rights (since 2001); Brazilian<br />
editor of the International Legal Materials (Washington/American<br />
Society of International Law, since<br />
91
1981); Member of the Editorial Council of the Review<br />
“Arquivos” of the Ministry of Justice of Brazil (1987-<br />
2002); Member of the Editorial Board of the Brazilian<br />
Journal of International Politics (since 1993); Member<br />
of the Editorial Board of “International Newsletter” of<br />
the University of São Paulo, Brazil (since 1997).” 50<br />
He teached at the Hague Academy of International<br />
Law, at the OAS Inter-American Juridical Committee’s<br />
Courses, at the International Institute of Human Rights<br />
(Strasbourg), at the Inter-American Institute of Human<br />
Rights (San José, Costa Rica).<br />
JUDGE ABDULQAWA AHMED YUSUF<br />
This judge has been a member of the Court since February<br />
6 th 2009 and he is from Somalia.<br />
“Docteur ès sciences politiques (International Law),<br />
Graduate Institute of International Studies, University<br />
of Geneva (1980). Laurea di Dottore in Giurisprudenza<br />
(Dr. Juris), Faculty of Law, Somali National University<br />
(1973). Certificate, Centre for Studies and Research in<br />
International Law, Hague Academy of International<br />
Law (1974). Post-Graduate studies in International Law<br />
and Relations, University of Florence, Italy (1976-1977).<br />
Judge ad hoc at the International Court of Justice in<br />
the case concerning Certain Questions of Mutual Assistance<br />
in Criminal Matters (Djibouti v. France). UNESCO: -<br />
Legal Adviser and Director of the Office of International<br />
Standards and Legal Affairs (March 2001-January<br />
2009). UNIDO: - Assistant Director-General and Special<br />
Adviser on African Affairs (March 1998-February 2001).<br />
Acting Managing Director, Country Programmes and<br />
Funds Mobilization Division (August 1997-March<br />
1998). Legal Adviser and Director of the Legal Service<br />
(August 1994-March 1998). UNCTAD: - Representative<br />
and Head, New York Office of UNCTAD (July 1992-<br />
July 1994). Senior Liaison Officer, United Nations Programme<br />
of Action for the Least Developed Countries,<br />
New York (1992-1994). - Head, Legal Policies Section,<br />
Trade & Technology Programme, Geneva (July 1988-<br />
June 1992). Legal Officer, Technology Division, Geneva<br />
(December 1981-June 1988). UNTAG, Namibia: -Liaison<br />
Officer in the Office of the Special Representative of<br />
the Secretary-General and Adviser to the Commander<br />
of the United Nations peacekeeping forces (May-June<br />
92<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
1989); Deputy Regional Director and Electoral Supervisor<br />
(Ovambo, Namibia) (August-December 1989).” 51<br />
JUDGE CHRISTOPHER GREENWOOD<br />
This judge has been a member of the Court since February<br />
6 th 2009 and he is from United Kingdom of Great<br />
Britain and Northern Ireland.<br />
“Knight Bachelor, for services to public international<br />
law, 2009. Companion of the Order of Saint Michael and<br />
Saint George, 2002. Educated at Raeburn Park School,<br />
Singapore, and Wellingborough School, United Kingdom.<br />
Studied law at Magdalene College, Cambridge:<br />
BA (1976), LL.B (1977), MA (1980). Fellow of Magdalene<br />
College, Cambridge (1978-1996), Fellow Commoner<br />
(1996-2009), Honorary Fellow (2009). Assistant Lecturer<br />
in Law (1981-1984) and Lecturer in Law (1984-1996),<br />
University of Cambridge; Professor of International<br />
Law, London School of Economics (1996-2009). Barrister,<br />
Middle Temple (1978); Queen’s Counsel (1999);<br />
Bencher, Middle Temple (2003). Member of the Panels<br />
of Arbitrators for the Law of the Sea Treaty and the<br />
International Centre for the Settlement of Investment<br />
Disputes. Counsel before the International Court of<br />
Justice in Aerial Incident at Lockerbie (Libya v. United<br />
Kingdom); Advisory Opinions on Nuclear Weapons; Legality<br />
of Use of Force (Yugoslavia v. United Kingdom);<br />
Legality of Use of Force (Serbia and Montenegro v.<br />
United Kingdom); Armed Activities on the Territory of<br />
the Congo(Democratic Republic of Congo v. Rwanda);<br />
Territorial and Maritime Dispute between Nicaragua<br />
and Honduras in the Caribbean Sea (Nicaragua v. Honduras).<br />
Counsel before the European Court of Human<br />
Rights, the Court of Justice of the European Communities,<br />
the International Criminal Tribunal for the Former<br />
Yugoslavia, the United Nations Compensation Commission<br />
and various international arbitration tribunals. Appearances<br />
as Counsel before the English courts include:<br />
R. v. Bow Street Magistrate, ex parte Pinochet (No. 1)<br />
[2000] 1 AC 147 and (No. 3) [2000] 1 AC 147 (House of<br />
Lords); Holland v. Lampen-Wolfe [2000] 1 WLR 1573<br />
(House of Lords), Kuwait Airways Corporation v. Iraqi<br />
Airways Co. [2002] 2 AC 883 (House of Lords); R (European<br />
Roma Rights Centre) v. Immigration Officer [2005]<br />
2 AC 1 (House of Lords); Jones v. Saudi Arabia [2007]<br />
1 AC 270 (House of Lords); R (Al-Skeini) v. Secretary of
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
State [2008] 1 AC 153 (House of Lords); R (Al-Jedda) v.<br />
Secretary of State [2008] 1 AC 332. Counsel in cases in<br />
Bermuda and Gibraltar; expert witness in cases in the<br />
United States of America and Canada. President, Arbitration<br />
Tribunal, Corn Products v. United Mexican States<br />
(NAFTA-ICSID, 2004-2009); Member Arbitration Tribunals:<br />
Larsen v. Hawaiian Kingdom (Permanent Court of<br />
Arbitration, 2001), Azpetrol v. Azerbaijan (ICSID, 2006-<br />
2009), European Media Ventures v. Czech Republic<br />
(2007-2009) and various other cases.” 52<br />
JUDGE XUE HANQIN<br />
This Chinese judge has been a Member of the Court<br />
since June 29 th 2010.<br />
“B.A., Beijing Foreign Language Studies University<br />
(1980); Diploma of International law, Beijing University,<br />
Department of Law (1982); LL.M., Columbia University<br />
School of Law (1983); J.S.D., Columbia University<br />
School of Law (1995). Professor at Wuhan University<br />
School of Law. Vice-President and Board member, Chinese<br />
Society of International Law. Vice-President Chinese<br />
Society of Private International Law. Associate,<br />
Institut de droit international (2005). Member, Institut<br />
de droit international (since 2009). President, Asian Society<br />
of International Law. Member of the Curatorium<br />
of the Hague Academy of International Law (since<br />
2010). Entered the Foreign Ministry of China (1980).<br />
Deputy Director-General, Department of Treaty and<br />
Law, Ministry of Foreign Affairs (1994-1999). Director-<br />
General, Department of Treaty and Law, Ministry of<br />
Foreign Affairs (1999-2003). Ambassador of China to<br />
the Kingdom of the Netherlands, and Permanent Representative<br />
of China to the Organization for the Prohibition<br />
of Chemical Weapons (2003-2008). Ambassador<br />
to ASEAN, Legal Counsel of the Ministry, Ministry of<br />
Foreign Affairs of China (2008-2010). Member of the<br />
International Law Commission (elected in 2001 and reelected<br />
in 2006 by the United Nations General Assembly<br />
for the term 2007-2011). Chairman of the International<br />
Law Commission (2010). Member of the Chinese<br />
delegation, United Nations Special Committee on the<br />
Charter and the Strengthening of the Role of the Organization<br />
(1982, 1990, 1993). Member of the Chinese<br />
delegation, United Nations Committee on the Peaceful<br />
Uses of Outer Space and its Legal Sub-Committee<br />
(1980-1984). Delegation legal adviser, IAEA Legal Experts<br />
meeting on the drafting of the two conventions<br />
on early notification and emergency assistance (1986).<br />
Member of the Chinese delegation, Sixth Committee,<br />
United Nations General Assembly (1986-1987). Member<br />
of the Chinese delegation, ICAO Legal Committee<br />
meeting on the drafting of the Protocol for the Suppression<br />
of Unlawful Acts of Violence at International<br />
Airports, Supplementary to the Montreal Convention<br />
(1987-1988). Member of the Chinese delegation, Third<br />
Committee, United Nations General Assembly (1993).<br />
Legal expert, Meeting of Legal Experts on the establishment<br />
of the International Tribunal for the Former<br />
Yugoslavia (1993). Head of the Chinese delegation,<br />
experts meeting on the United Nations Convention on<br />
Jurisdictional Immunities of States and Their Property<br />
(1994). Head of the Chinese delegation, The Hague<br />
Conference on Private International Law, meeting on<br />
the question of the application of the Convention on<br />
Protection of Children and Cooperation in Respect of<br />
Intercountry Adoption (1994). Head of the Chinese delegation,<br />
United Nations meeting on the protection of<br />
the safety of United Nations Personnel and Associated<br />
Personnel (1994). Head of the Chinese delegation, INCD<br />
meetings on United Nations Convention to Combat<br />
Desertification (1995). Head of the Chinese delegation,<br />
Framework Convention on Climate Change meeting,<br />
Berlin Mandate (1996). Deputy-Head of the Chinese<br />
delegation presenting national report on implementation<br />
of the International Convention on the Elimination<br />
of All Forms of Racial Discrimination (1996). Member<br />
of the Chinese delegation, The Hague Conference on<br />
Private International Law, meeting on the recognition<br />
and enforcement of foreign judgments (1998). Head<br />
of the Chinese delegation, legal experts meeting on<br />
the drafting of the United Nations Convention against<br />
Transnational Organized Crime (1998-1999). Deputy-<br />
Head of the Chinese delegation, presenting national<br />
report on implementation of the Convention on the<br />
Elimination of All Forms of Discrimination against<br />
Women (1999). Chairperson, Informal Advisory Group<br />
on the admission of the European Community to The<br />
Hague Conference (2004). Vice-chairperson, twentieth<br />
session of The Hague Conference of Private International<br />
Law (2005).” 53<br />
93
JUDGE JOAN E. DONOGHUE<br />
This judge has been a member of the Court since September<br />
9 th 2010 and she is from the United States of America.<br />
“United States Department of State 2007-2010: Principal<br />
Deputy Legal Adviser: Senior career attorney of the<br />
Department of State; Acting Legal Adviser, January to<br />
June 2009 (advice to Secretary Clinton and President<br />
Obama on all aspects of international law); Advice on<br />
development, interpretation and application of international<br />
humanitarian law and human rights law;<br />
United States submissions in advisory proceedings in<br />
Accordance with International Law of the Unilateral<br />
Declaration of Independence by the Provisional Institutions<br />
of Self-Government of Kosovo (International<br />
Court of Justice); Advice on drafting, negotiation and<br />
implementation of resolutions of the Security Council,<br />
General Assembly and other United Nations bodies;<br />
Oversight of legal work related to the law of the sea,<br />
Antarctica, the Arctic, fisheries and the environment;<br />
Supervision of United States advocacy in Iran-United<br />
States Claims Tribunal and North American Free-Trade<br />
Agreement (NAFTA) investor-state arbitration; Head<br />
of delegation, bilateral claims negotiations with Iraq;<br />
Legal advice and congressional testimony regarding<br />
2008 United States-Iraq Security Agreement and Strategic<br />
Framework Agreement; Implementation of President<br />
Obama’s Executive Orders on Guantanamo, detention<br />
and interrogation; Oversight of treaty approval<br />
process, including testimony for advice and consent of<br />
United States Senate; Representative to United States-<br />
European Union Legal Dialogue; Representative to<br />
Council of Europe Committee of Legal Advisers.” 54<br />
Her main awards are: Distinguished Honor Award<br />
(highest award given by the Secretary of State) (2009);<br />
Presidential Rank Award (Meritorious Executive) (2009);<br />
Younger Federal Lawyer (awarded by the Federal Bar<br />
Association) (1988).<br />
Bibliography<br />
ARMS CONTROL ASSOCIATION. The Status of the Comprehensive<br />
Test Ban Treaty: Signatories and Ratifiers. Available at: http://www.<br />
armscontrol.org/factsheets/ctbtsig. Last visit: 01/04/2012.<br />
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VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
ARMS CONTROL ASSOCIATION. The Status of the Comprehensive<br />
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of Rainbow Warrior, spy chief says”. The Times (London). Retrieved<br />
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61 AM. J. Int’L. 66 (1967).<br />
D’ AMATO, Anthony, Legal Aspects of the French Nuclear Test,<br />
61 AM. J. Int’L. 66 (1967).<br />
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Paulo. 24 de março de 2009. Available at: http://www.estadao.<br />
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53. INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE. Judge Xue<br />
Hanqin. Available at: http://www.icj-cij.org/court/index.<br />
php?p1=1&p2=2&p3=1&judge=170. Last visit: 20/03/2012.<br />
54. INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE. Judge Joan E.<br />
Donoghue. Available at: http://www.icj-cij.org/court/index.<br />
php?p1=1&p2=2&p3=1&judge=171. Last visit: 20/03/2012.<br />
99
LEA – Liga dos Estados Árabes<br />
Buscando soluções para a crise na Líbia
102<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Visando a inovação e a abordagem de um tema atual de grande interesse, a Liga dos Estados Árabes (LEA) é um<br />
organismo regional internacional desconhecido para muitos, mas que possui grande importância para discutir os<br />
assuntos da região árabe. Dentre os tantos movimentos antiditatoriais que vêm ocorrendo nos últimos anos, a Líbia<br />
foi escolhida para ser abordada neste Comitê por se tratar de um conflito que acompanhamos quase que ao vivo<br />
desde o ano passado, acreditando que ele seja de extrema importância no cenário internacional.<br />
A Liga dos Estados Árabes (LEA) será dirigida por Beatriz Ahualle, Nelson Nunes Filho e Vanessa Bougiotakis. Beatriz<br />
Ahualle é aluna do 6º semestre de Relações Internacionais na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Seu<br />
histórico dentro do Fórum FAAP se resume a: delegada em 2007 da Organização Mundial de Comércio (OMC) e, em<br />
2008, do Comitê de Desarmamento e Segurança Internacional (DSI); voluntária de Comunicação em 2009; diretora<br />
adjunta, em 2010, do Conselho de Direitos Humanos (CDH); e diretora, em 2011, do Conselho de Segurança das<br />
Nações Unidas (CSNU).<br />
Nelson Nunes Filho é aluno do 3º semestre de Relações Internacionais também da FAAP. Seu histórico dentro do<br />
Fórum FAAP e do mundo das simulações se resume a: voluntário em 2011 da Comissão Econômica para a América<br />
Latina e o Caribe (CEPAL); participante, juntamente com Beatriz Ahualle, na Simulação Interna das Nações Unidas do<br />
Colégio São Luiz, de São Paulo. Vanessa Bougiotakis é aluna do 3º semestre de Relações Internacionais da mesma<br />
instituição. Seu histórico dentro do Fórum FAAP e do mundo das simulações se resume a: delegada em 2010 do<br />
United Nations Development Programme (UNDP) e do UFRGSMUN Programme (UNDP); voluntária, juntamente com<br />
Nelson Nunes, em 2011, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).<br />
O tema Buscando soluções para a crise na Líbia foi escolhido por nós em decorrência da atenção exigida a um país<br />
que sofre com um futuro incerto, buscando regionalmente solucionar os tantos problemas deixados pela saída e<br />
morte do governo vigente de Muammar Abu Minyar al-Gaddafi e pela insatisfação dos grupos étnicos líbios com o<br />
Conselho Nacional de Transição. No cenário da Liga Árabe, os 22 membros deverão averiguar todos os danos causados<br />
pelo confronto, como, por exemplo, a questão dos direitos humanos, dos refugiados, a destruição das cidades<br />
afetadas, a repercussão econômica, entre outros, sem esquecer a questão central: a política.<br />
BEATRIz AHUALLE<br />
NELSON NUNES fILHO<br />
VANESSA BOUGIOTAKIS<br />
Diretores Acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Introdução<br />
Movimentos revoltosos como os que vêm ocorrendo<br />
na Líbia são resultados de problemas internos que o<br />
país enfrenta, os quais, por não serem resolvidos, fazem<br />
com que a população não se satisfaça com a realidade<br />
local, fazendo surgir uma frente opositora que se<br />
revolta contra o governo, que não age em relação ao<br />
descontentamento de seu povo.<br />
Em fevereiro de 2011, após a eclosão dos movimentos<br />
decorridos na Tunísia e no Egito, o governo líbio sofreu<br />
brutal repressão e protestos populares em Trípoli, capital<br />
líbia, e Benghazi, segunda maior cidade do país. 1 Os<br />
protestos eram contra o líder Gaddafi e exigiam sua saída.<br />
Forças da oposição, que haviam formado um Conselho<br />
Nacional de Transição (CNT), tomaram o controle<br />
de Benghazi. As intenções do Conselho perpetuavam-<br />
-se na eliminação de Gaddafi do poder e a implantação<br />
de um sistema democrático, livre e que respeitasse dos<br />
direitos humanos universais no país. 2<br />
A obrigação de formação de uma unidade árabe, 3 já extinta<br />
havia alguns séculos, foi tomando forma a partir<br />
do fim da Segunda Guerra Mundial, período que abriu<br />
caminho para o crescimento dos movimentos nacionalistas<br />
e de resistência à presença colonial. Como reflexo,<br />
ocorreu um movimento denominado Primavera Árabe 4 ,<br />
o qual diz respeito a uma sequência de processos de independência<br />
entre os países árabes. A partir de tal movimento,<br />
ficou ainda mais necessário o estabelecimento<br />
de um equilíbrio das forças internas da região.<br />
No caso líbio, a Liga dos Estados Árabes deve dar a devida<br />
importância às consequências do confronto entre<br />
forças pró e anti- Gaddafi e estabelecer as possíveis soluções<br />
para os mesmos. A queda iminente de Gaddafi<br />
aparentava ser a solução para o fim da ditadura do<br />
país e da insatisfação de sua população; entretanto, tal<br />
fato encerra somente um ciclo na história da liderança<br />
do país, mas deixa para trás um país em transição, que<br />
deve se organizar e se reconstruir internamente para<br />
que possa então atingir estabilidade.<br />
A situação atual da Líbia envolve inúmeras questões<br />
de gestão interna e inserção internacional, devendo<br />
todas elas serem abordadas no comitê. Com o reconhecimento<br />
da Liga no envolvimento de questões<br />
políticas, econômicas e sociais e violação dos direitos<br />
humanos, o foco, com a morte de Gaddafi, passa a ser a<br />
reconstrução da sociedade líbia. O país deve olhar para<br />
o futuro e buscar a instauração da paz e de um governo<br />
plenipotenciário a fim de acabar com mais um dos<br />
tantos fatores que desestabilizam a região.<br />
Histórico do Comitê<br />
A Liga surge da vontade de independência, uma vez que<br />
os países da região ainda viviam sob o poder do colonialismo<br />
e da busca pela prevenção da criação de um Estado<br />
judaico independente a partir da Segunda Guerra<br />
Mundial. A partir do momento em que as ideias nacionalistas<br />
foram intensificadas, unir tais forças em busca<br />
de identidade comum e independência foi a resposta,<br />
destacando-se o papel do Egito, atrelado à ameaça de<br />
movimentos sionistas. Havia, ainda, um desentendimento<br />
cada vez maior com o Ocidente em contraposição<br />
ao intercâmbio comercial e à circulação de pessoas,<br />
principalmente entre países árabes do leste. 5<br />
Com os Estados Unidos focando suas relações nas áreas<br />
fronteiriças à União Soviética, na China e na Europa<br />
Oriental, a região árabe passou a ser interessante à Grã-<br />
-Bretanha, a qual deu total apoio à criação da Liga Árabe,<br />
acreditando que seria na existência de tal instituição<br />
que encontraria um meio de esses países servirem<br />
a seus interesses. Não obstante, a região se mostrava<br />
rica em reservas petrolíferas, com mais de 60% das reservas<br />
conhecidas na época, além de ser o curso de importantes<br />
rotas internacionais, como o Canal de Suez,<br />
que era a passagem entre Oriente e Ocidente. 6<br />
Frente ao intenso interesse externo e havendo a necessidade<br />
de proteger a região, o momento histórico<br />
pedia a cooperação dos Estados árabes, assim, o<br />
primeiro-ministro egípcio, Mustafa Nahas, convocou o<br />
primeiro-ministro da Síria, Jamil Mardam ,e o presidente<br />
do Bloco Nacional Libanês, Bishara Khoury, para que<br />
fosse discutida a ideia de criação de uma unidade árabe<br />
objetivando estreitar os laços entre os países que dele<br />
fariam parte. Durante as discussões, foram elencados<br />
princípios como a igualdade de condição entre os Estados,<br />
o respeito à independência e à soberania, com<br />
as relações entre os membros sendo para o benefício<br />
dos mesmos, além das obrigações de cada membro,<br />
como o respeito ao regime de cada país e à unidade<br />
103
territorial – princípio da não intervenção em assuntos<br />
internos, a resolução dos conflitos por meios pacíficos,<br />
a coordenação das políticas externas, sem causar prejuízos<br />
a nenhuma membro, a cooperação em represália a<br />
qualquer membro e a cooperação em outros assuntos,<br />
tais como no âmbito social, econômico e cultural. 7<br />
Em 22 de março de 1945, foi assinada a Carta da Liga<br />
dos Estados Árabes por Egito, Iraque, Jordânia, 8 Líbano e<br />
Síria, e posteriormente por Arábia Saudita e Iêmen, contando<br />
ainda com a participação de um representante<br />
do povo palestino. 9 Associadas, as linhas divisórias antes<br />
pró e contra soviéticos na Guerra Fria e as divisões internas<br />
com as disputas entre os Estados árabes 10 tinham<br />
como meta a coordenação das políticas desses países<br />
e a mediação dos conflitos regionais, além do fim definitivo<br />
da dominação colonial na região, da prevenção<br />
de formação no território palestino de um estado sionista<br />
judeu e de promover a cultura árabe. Na época, a<br />
Liga dos Estados Árabes tinha pouca influência nas Nações<br />
Unidas, isso mudou quando passou a possuir mais<br />
membros e os Estados conseguiram sua independência.<br />
Assim ela se tornou o símbolo da unidade.<br />
A Carta foi uma reconciliação entre os países árabes,<br />
tendo como base a igualdade e o respeito mútuo pela<br />
independência dos Estados, uma vez que a iniciativa<br />
de criar o organismo não foi uma imposição pelo país<br />
de maior poder regional, mas sim o resultado de um<br />
equilíbrio entre as partes assinantes, atrelado a um<br />
consenso político e à satisfação pública. 11 O reconhecimento<br />
da soberania de cada membro foi fundamental<br />
para a realização de votação por unanimidade, visionando<br />
que questões futuras fossem solucionados de<br />
forma conjunta e por meios pacíficos. 12<br />
Esse é o organismo mais funcional e completo quando<br />
se trata de integração regional no Oriente Médio, pois a<br />
Liga dos Estados Árabes busca melhorar o nível econômico<br />
e a harmonia política através da unificação de interesses<br />
dos Estados membros, moldando uma política<br />
comum do mundo árabe em relação a questões internacionais.<br />
A Liga foi estabelecida em 22 de março de 1945,<br />
durante um período de nacionalismo árabe e resistência<br />
contra Israel, e seus membros são países que falam<br />
árabe, adotam árabe como sua própria língua e neles a<br />
cultura árabe é dominante. Existem hoje 22 membros<br />
na Liga e quatro observadores. A governança da Liga é<br />
uma versão simplificada e há divisão de poder.<br />
104<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
O Conselho é formado pelos ministros das Relações<br />
Exteriores e Missões Permanentes e se encontra em<br />
reuniões semianuais e o secretário-geral é comparável<br />
ao mesmo das Nações Unidas em termos de autoridade<br />
e obrigações. Existe também o Conselho de Defesa<br />
Conjunta e o Econômico e Social, além de comitês<br />
que tratam de questões específicas. 13 Mesmo que os<br />
membros gozem de cultura e opiniões semelhantes<br />
em algumas questões, rivalidades entre alguns e disparidades<br />
em desenvolvimento econômico movem os<br />
debates entre os membros da Liga, dificultando o consenso<br />
entre eles. O objetivo principal da Liga é aproximar<br />
as relações entre os membros e coordenar a cooperação<br />
entre eles para salvaguardar independência e<br />
soberania da região e para considerar de maneira geral<br />
as questões e interesses dos países árabes. 14<br />
Ao longo de sua existência, podem ser destacadas quatro<br />
atuações principais da Liga dos Estados Árabes, sendo<br />
a primeira a contribuição que teve no processo de<br />
independência dos Estados Árabes, apoiando os empenhos<br />
de liberdade, fato que teve consequência direta na<br />
inclusão de vários outros países. A segunda trata-se da<br />
participação efetiva na solução de problemas regionais,<br />
em decorrência de ser aceita por ambas as partes envolvidas<br />
nos conflitos, criando, ainda, forças temporárias de<br />
segurança. O incentivo à cooperação árabe apresenta-<br />
-se como a terceira importante atuação da Liga, com a<br />
ampliação dos temas de discussão, entre eles, desenvolvimento<br />
econômico, cultura, emprego, assuntos sociais,<br />
comunicação e mídia. A última, e talvez principal, realização<br />
da Liga foi a representação árabe nos organismos<br />
internacionais, como a Organização das Nações Unidas<br />
(ONU) e a União Africana. 15 A união entre os países árabes<br />
e africanos significou uma maior participação destes<br />
nas discussões internacionais, obtendo maior atenção<br />
por parte dos países europeus e dos Estados Unidos<br />
quanto a seus problemas e suas causas. O objetivo principal<br />
sempre foi a cooperação para formar instituições<br />
comuns envolvendo países dos dois grupos. 16<br />
Histórico do Tema<br />
Ao longo de sua história, a Líbia esteve sob controle<br />
de diferentes grupos, como os fenícios, os gregos e os<br />
bizantinos, mas foi no século VII a.C. que os árabes conquistaram<br />
a região, sendo o islamismo e o idioma ára-
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
be adotados na cultura local. No século XVI, o Império<br />
Otomano tomou posse do território e a Líbia passou a<br />
fazer parte do mesmo, tendo certa autonomia. Entretanto,<br />
em 1991, após invasão italiana, a Líbia perdeu<br />
sua autonomia, tornando-se colônia. 17<br />
O nome Líbia, que era utilizado ao Norte da África como<br />
um todo pelos gregos, tornou-se o nome oficial da colônia<br />
italiana, da qual faziam parte as províncias de Cirenaica,<br />
Tripolitânia e Fezã. O emir 18 Sayyid Idris al-Sanusi,<br />
de Cirenaica, liderou a resistência entre as duas guerras<br />
mundiais, sendo retirados os poderes do Eixo em<br />
fevereiro de 1943. Tripolitânia e Cirenaica ficaram sob<br />
responsabilidade do Reino Unido e Fezã, da França, as<br />
quais permaneceram até 1º de janeiro de 1952, quando<br />
a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) aprovou<br />
a resolução sobre a independência da Líbia, abrangendo<br />
as três províncias em um estado único, cujo nome<br />
oficial passou a ser Reino Unido da Líbia. Idris foi coroado<br />
rei e seu mandato se caracterizou pelo autoritarismo<br />
e pela falta de representatividade popular. 19<br />
Nos anos 1950, foram descobertas reservas de petróleo,<br />
as quais proporcionaram a um dos países mais<br />
pobres do mundo o status de riqueza com a venda do<br />
produto. Tal riqueza, entretanto, causou ressentimento<br />
na população, visto que o capital estava monopolizado<br />
nas mãos de uma pequena elite do país. 20<br />
Em 1969, liderado pelo oficial do exército Muammar<br />
Abu Minyar al-Gaddafi, um pequeno grupo militar deu<br />
um golpe de estado contra o rei Idris, o qual foi exilado<br />
no Egito. O novo regime tinha como base o Conselho<br />
de Comando da Revolução (CCR), o qual aboliu a monarquia<br />
e estabeleceu a República Árabe da Líbia, tendo<br />
como líder Gaddafi. Legitimamente, Gaddafi não<br />
ocupava uma posição oficial no país, apesar de ser visto<br />
como “Irmão Líder e Guia da Revolução”. O CCR possuía<br />
o lema de “liberdade, socialismo e unidade” e se<br />
comprometeu a atuar ativamente na causa palestina,<br />
a promover a unidade árabe e a estabelecer políticas<br />
internas baseadas na justiça social, na não exploração<br />
e na distribuição justa da riqueza. 21<br />
Assim, o governo Gaddafi visava retirar todas as tropas estrangeiras<br />
do país, fechou as bases militares norte-americanas<br />
e britânicas, dentre elas, em Tobruk e El Adem, e em<br />
Wheelus, próximo a Trípoli, respectivamente. O governo<br />
passou a controlar de maneira agressiva a atividade das<br />
empresas transnacionais de petróleo que haviam se instalado<br />
na década de 1960 na Líbia. Ordenou, ainda, que<br />
milhares de italianos e judeus residentes no país fossem<br />
expulsos e que bibliotecas e espaços culturais vinculados<br />
a governos estrangeiros fossem desativados. 22<br />
Desde o golpe de estado em 1969, Wheelus controlava<br />
a política interna líbia com base na força de sua<br />
personalidade e no seu poder de liderança, buscando<br />
nas oportunidades meios de promover sua ideologia<br />
revolucionária. Destinou boa parte da riqueza advinda<br />
do setor petrolífero para a construção de escolas, hospitais<br />
e estradas no país, além de levar eletricidade às<br />
aldeias e irrigação ao deserto. Assim como os demais<br />
líderes árabes, mostrou pouca preocupação em que as<br />
mulheres tivessem sua independência e que a população<br />
de fato participasse das decisões no governo. 23<br />
Em 11 de dezembro, a proclamação da Constituição de<br />
1969 reconheceu o CCR como autoridade legislativa e<br />
executiva suprema do país, este se tratando de um órgão<br />
responsável por debater questões políticas e as necessidades<br />
nacionais. Gaddafi, presidindo a CCR, mostrou-se<br />
ator principal no governo revolucionário, apesar de não<br />
ter autoridade legítima para impor sua vontade sobre os<br />
cidadãos, sendo visto como o líder mais importante e o<br />
porta-voz do movimento. 24 Essa imagem proporcionou<br />
ao líder o controle tanto das funções legislativas quanto<br />
das executivas do país, tendo postura direcionada, em<br />
partes, às políticas socialistas empregadas pelo presidente<br />
egípcio, Gamal Abdel Nasser, o qual esteve no poder<br />
do país desde 1954 até a sua morte. 25<br />
O Conselho de Ministros, órgão da CCR, teve seus<br />
membros nomeados com o objetivo de se responsabilizarem<br />
de modo coletivo pelo mesmo, podendo depor<br />
o primeiro-ministro ou aceitar a demissão de qualquer<br />
ministro que dele fizesse parte. A renúncia do primeiro-ministro<br />
culminaria na renúncia automática de todo<br />
o Conselho de Ministros, sendo este ainda acusado de<br />
praticar políticas sem que novas leis fossem estabelecidas<br />
em consonância com o novo regime. 26<br />
Alguns meses depois de sua criação, o Conselho de<br />
Ministros apresentou divergências internas entre seus<br />
membros civis e militares e ameaças contra o CCR<br />
eram constantes, na tentativa de que mudanças ocorressem<br />
e e que o equilíbrio fosse enfim instaurado no<br />
gabinete. Como primeiro-ministro de 1970 a 1972, Ga-<br />
105
ddafi deixou a parte administrativa ao major Abdel Salam<br />
Jalloud, passando a focar-se apenas na promoção<br />
de sua teoria revolucionária. Apesar dessa troca, houve<br />
forte especulação na imprensa estrangeira acerca<br />
dos problemas internos decorrentes da composição<br />
do gabinete e da possível diminuição da autoridade<br />
de Gaddafi no mesmo. Verificou-se, porém, que o líder<br />
permaneceu na presidência da CCR, além de continuar<br />
com seu cargo de comandante-chefe das Forças Armadas<br />
líbias e na presidência da Organização Política de<br />
Massas, da União Socialista Árabe (ASU). 27<br />
Com seu crescente controle do governo da Líbia, Gaddafi<br />
ainda foi além e lançou uma “revolução cultural” nas escolas,<br />
nas indústrias, nas empresas e nas instituições públicas<br />
para perceber como seriam administradas as organizações<br />
de interesses da população, com intuito de obter<br />
maior participação popular no governo. Seu foco na promoção<br />
de sua teoria impulsionou, em abril de 1974, o<br />
estabelecimento de um decreto, no qual seus deveres<br />
políticos, administrativos e protocolares foram diminuídos<br />
para que pudesse se dedicar ao máximo à mesma. O<br />
primeiro-ministro Jalloud passou, então, a ter maior poderio<br />
sobre tais áreas, com Gaddafi mantendo seu posto<br />
nas Forças Armadas, propiciando, assim, a volta das especulações<br />
estrangeiras acerca da diminuição do seu poderio<br />
no país. Novamente errônea, a imprensa verificou que<br />
o decreto de fato foi apenas uma formalização da divisão,<br />
há tempos existente, entre interesses práticos e teóricos<br />
de Gaddafi e políticos e administrativos de Jallod. 28<br />
O Sistema Executivo da CCR e do Conselho de Ministros<br />
se manteve até 1977, em meio a grandes conflitos e desacordos<br />
internos durante sua existência, fato que ameaçou<br />
seriamente o governo de Gaddafi, o qual, apesar de<br />
não ter sido destruído, enfrentou uma tentativa de golpe<br />
de Estado em 1975. No final do ano seguinte, o líder<br />
deixou de lado seu caráter totalmente isolacionista para<br />
começar a retomar o poder e o controle direto da CCR,<br />
apresentando, no sétimo aniversário da Revolução de 1o<br />
de Setembro, um projeto para que a Líbia se reorganizasse.<br />
Tal projeto tinha como órgão principal o Congresso<br />
Geral do Povo (GPC), de caráter representativo, que substituiria<br />
a CCR como poder supremo do governo líbio. 29<br />
O projeto incluía a Declaração da Criação da Autoridade<br />
Popular, aprovada pelo Congresso Geral do Povo, em<br />
1977, em uma sessão extraordinária, que consistia nas<br />
condições da visão política de algumas premissas bási-<br />
106<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
cas, a exemplo do estabelecimento de uma autoridade<br />
popular direta, com a criação do GPC; da responsabilidade<br />
de cada homem de defender seu país e seus compatriotas,<br />
com o treinamento militar; e a alteração do<br />
nome do país para Jamahiriya Socialista Popular Árabe<br />
da Líbia. “Jamahiriya”, em árabe, quer dizer “república”,<br />
sendo esta posta por Gaddafi extraoficialmente para<br />
representar um “Estado das massas” ou “autoridade do<br />
povo”, ou ainda “poder do povo”. Segundo o líder, o objetivo<br />
era enfatizar o estado do povo, sem um governo,<br />
marcando uma nova fase na evolução política do país. 30<br />
Mudanças também ocorreram no Congresso Geral do<br />
Povo, como a aprovação de Gaddafi para o posto de<br />
secretário-geral, criando a secretaria geral do órgão, da<br />
qual faziam parte os membros remanescentes da antiga<br />
CCR. Além disso, substituiu-se o Conselho de Ministros<br />
pelo Comitê Popular Geral, com seus membros<br />
nomeados secretários, sendo a defesa de responsabilidade<br />
de todos os cidadãos líbios. 31<br />
Então, na década de 1970, a Líbia alegou ser líder de forças<br />
e movimentos revolucionários entre os árabes e os<br />
africanos e se inseriu com maior participação e atuação<br />
no cenário das organizações internacionais, defendendo<br />
que sua política externa expressava a vontade popular.<br />
32 As embaixadas líbias passaram a ser conhecidas<br />
como “escritórios das pessoas”, denominadas assim por<br />
Gaddafi com o objetivo de reforçar a ideia de política externa<br />
como reflexo dos interesses dos cidadãos locais. 33<br />
A falta de coerência quanto à política externa, atrelada<br />
ao uso do terrorismo e à aproximação cada vez<br />
maior com a União Soviética, fez crescer as tensões do<br />
país para com o Ocidente na década de 1980. Embora<br />
sem um cargo formal, Gaddafi exercia seu poder com<br />
a ajuda de um pequeno grupo de confiança, em meio<br />
à competição entre o governo oficial da Líbia, as hierarquias<br />
militares e os comitês revolucionários. 34<br />
No ano de 1984, houve uma tentativa frustrada de golpe<br />
montada por exilados da Líbia com apoio interno, levando<br />
o país a um reinado de curta duração de terror em que<br />
milhares foram presos, interrogados e executados, aumentando<br />
a hierarquia no poder líbio. Dois anos depois,<br />
em resposta a um atentado terrorista ao oeste de Berlim,<br />
em um local frequentado por militares norte-americanos,<br />
os Estados Unidos retaliaram alvos na Líbia e impuseram<br />
sanções econômicas ao país unilateralmente. 35
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Da mesma forma, pós-bombardeios ao voo Pan Am 103<br />
sobre a Escócia, julgados de autoria líbia, a Organização<br />
das Nações Unidas (ONU), em 1992, impôs sanções ao<br />
país, as quais Gaddafi, a princípio, recusou-se a cumprir.<br />
36 Mediante tal atitude, foi realizado um isolamento<br />
político e econômico da Líbia, além do rompimento de<br />
laços diplomáticos com os países do Terceiro Mundo e<br />
a diminuição significativa de seus laços comerciais com<br />
a Europa e a Ásia Oriental. A crescente insatisfação do<br />
povo líbio com a escassez de recursos e retrocessos na<br />
guerra da Líbia com o Chade marcou a limitação do poder<br />
dos revolucionários por parte do líder líbio, o qual<br />
começou a programar reformas internas no país. 37<br />
De tal forma, ao final dos anos 1980, Gaddafi havia começado<br />
uma perseguição, a nível nacional, a uma política<br />
antifundamentalista islâmica realizando ataques,<br />
segundo ele, preventivos, prisões em massa e modificações<br />
no modelo de governo, as quais foram seguidas<br />
por acusações de tortura e execuções dos opositores<br />
ao regime frente à postura do líder. Em contrapartida,<br />
os militares que apoiavam o líder líbio passaram a ser<br />
vistos como ameaça por ele, uma vez que foram eles<br />
que realizaram uma tentativa de golpe em 1993. Por<br />
mais que não tivesse obtido sucesso, o golpe mobilizou<br />
Gaddafi a buscar a eliminação de potenciais rivais,<br />
através da chamada por ele “purificação dos militares”,<br />
colocando no lugar destes seguidores fiéis a ele. 38<br />
Tornou-se cada vez mais difícil, em meio a tantas reformas,<br />
compreender a política que Gaddafi exercia no<br />
comando da Líbia, tendo seus filhos papéis importantes<br />
em cargos relacionados ao governo. A exemplo do<br />
segundo filho, Saif al-Islam al-Gaddafi, o qual, apesar de<br />
no início ser relacionado à ideia de reformador, acabou<br />
mostrando-se, após o surto de violência local, como forte<br />
defensor tanto dos ideais de seu pai quanto do regime. 39<br />
Em uma resolução do Conselho de Segurança das Nações<br />
Unidas de 1999, foi requisitado que o governo<br />
líbio entregasse os dois suspeitos de estarem envolvidos<br />
no atentado contra o voo Pan Am 103. Apesar<br />
de cumprir tal requisito, somente em agosto de 2003<br />
é que o país concluiu todas as exigências da resolução,<br />
das quais fazia parte a aceitação da responsabilidade<br />
do país pelas ações de seus funcionários e o pagamento<br />
adequado de compensação às famílias das vítimas<br />
do atentado. Em setembro do mesmo ano, a ONU suspendeu<br />
todas as sanções que havia realizado ao país. 40<br />
Em dezembro do mesmo ano, a Líbia anunciou que<br />
teria intenção de acabar com armas de destruição em<br />
massa que havia adquirido e com o Regime de Controle<br />
de Tecnologia de Mísseis, o programa de mísseis do<br />
país. Colaborou com a Agência Internacional de Energia<br />
Atômica (AIEA) e a Organização para a Proibição de Armas<br />
Químicas, assinou o Protocolo Adicional da AIEA e<br />
passou a ser país-membro da Convenção sobre Armas<br />
Químicas. 41 Tais medidas foram de extrema importância<br />
para as relações diplomáticas entre o país e os Estados<br />
Unidos, as quais melhoraram ainda mais com a renúncia<br />
do país ao terrorismo, passando a cooperar não só com<br />
os Estados Unidos, como também com grandes potências,<br />
a exemplo da Inglaterra. A postura do governo líbio<br />
frente a esses temas estreitou as relações bilatérias com<br />
todo o Ocidente, com o país buscando um papel de liderança<br />
regional nas organizações internacionais. 42<br />
Como reconhecimento das ações líbias, o presidente<br />
George W. Bush assinou, em 20 de setembro de 2004,<br />
uma ordem executiva dando fim definitivo às sanções<br />
econômicas por parte dos Estados Unidos, encerrando<br />
assim a autoridade do Ato Internacional das Potências<br />
Econômicas Emergentes (IEEPA) que tinha por base<br />
tais sanções. 43 Os norte-americanos deixaram de ser<br />
proibidos de trabalhar na Líbia e muitas empresas de<br />
diversos setores começaram a buscar no país novas<br />
oportunidades de investimento. Em 2008, o governo<br />
dos Estados Unidos anunciou um projeto de investimento<br />
estrangeiro nos setores petrolífero e de gás, visando<br />
a aumentar a capacidade de produção líbia de<br />
1,2 milhões de barris/dia para 3 milhões até 2012. 44<br />
A relação entre a Líbia tanto com a União Europeia quanto<br />
com a comunidade internacional, que por muito tempo<br />
teve questões não resolvidas, estabilizou-se em julho<br />
de 2007 por meio da libertação líbia de um médico palestino<br />
e de cinco enfermeiras búlgaras. Todos os condenados<br />
à pena de morte, em 1999, pela infecção pelo vírus<br />
HIV de mais de 400 crianças que estavam internadas em<br />
um hospital em Benghazi, tiveram suas penas alteradas à<br />
prisão perpétua pelo Conselho Superior Judicial. 45<br />
Em meio a essa nova etapa de relacionamento com<br />
a comunidade internacional, a Líbia teve posse, entre<br />
2008 e 2009, de um dos assentos não permanentes no<br />
Conselho de Segurança da ONU, sendo o representante<br />
dos países africanos naquele mandato. Nesse último<br />
ano, o país presidiu a União Africana e. em 2010, a Liga<br />
107
Árabe, sendo cada vez mais um símbolo no cenário das<br />
organizações internacionais regionais.<br />
Ainda como marco do processo de desenvolvimento<br />
das relações exteriores líbias, Gaddafi, após 40 anos no<br />
poder, viajou para os Estados Unidos em setembro de<br />
2009 para participar da convenção da Assembleia Geral<br />
das Nações Unidas (AGNU), onde discursou em nome<br />
de seu país e de seus cidadãos. Seu principal objetivo no<br />
evento era buscar a assimilação da Líbia como país ativo<br />
no cenário internacional, destacando sua importância<br />
regional, tanto no cenário árabe quanto no africano. 46<br />
Assim, em fevereiro de 2011, seguindo os movimentos<br />
decorridos na Tunísia e no Egito, o governo líbio sofreu<br />
brutal repressão e protestos populares em Trípoli, capital<br />
líbia, e Benghazi, segunda maior cidade do país, contra<br />
o líder Gaddafi, exigindo sua saída. Forças da oposição,<br />
que haviam formado um Conselho Nacional de Transição<br />
(CNT), tomaram controle de Benghazi, dizendo que<br />
o Conselho desejava a eliminação de Gaddafi do poder<br />
e a implantação de um sistema democrático, livre e que<br />
respeitasse os direitos humanos universais no país. 47<br />
O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em 17 de<br />
março, a Resolução 1973, 48 a qual autorizou o uso da<br />
força no país. A Resolução consistia na proteção aos<br />
civis, numa zona aérea de exclusão, no reforço ao embargo<br />
de armas, na proibição de voos no país e no congelamento<br />
dos bens. 49<br />
Definição do Problema<br />
Sabe-se que Muammar Abu Minyar al-Gaddafi jamais<br />
evitou mostrar seus ideais ditatoriais militares, políticos<br />
e ideológicos, mas em um resumo que abordará,<br />
principalmente, os principais feitos do ditador mais<br />
sanguinário que a Líbia já teve, desde seu apogeu até o<br />
momento de sua morte, deve-se abrir um foco de abordagem<br />
que se inicia, impreterivelmente, a partir de sua<br />
aproximação do Ocidente, após os acontecimentos de<br />
11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, momento<br />
em que o mundo árabe e sua doutrina começaram<br />
a ser postos em xeque pelos ocidentais. Em dez anos,<br />
muita coisa mudou e, se 2011 foi o ano em que a década<br />
da queda das Torres Gêmeas ficou completa, foi<br />
também o ano do advento de exigências populares<br />
108<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
democráticas em países islâmicos – a Primavera Árabe,<br />
que parece ter deitado abaixo a demonização do Islã,<br />
cuja imagem ficou “degradada por tanta violência desde<br />
o 11 de setembro”. Contudo, uma breve introdução<br />
sobre o personagem foco é de fundamental pertinência<br />
para melhor entendimento do assunto em questão.<br />
No comando do governo líbio desde 1969, Gaddafi foi<br />
o líder que mais tempo sustentou-se no poder no mundo<br />
árabe e na África. No continente africano, Gaddafi<br />
cooperou para a formação da União Africana, após ter<br />
tido maior repercussão na região. Mas, no Ocidente, a<br />
imagem do líder da Líbia é de um “terrorista”, acusado<br />
de apoiar grupos armados, incluindo as FARCs, 50 na Colômbia,<br />
e o IRA, 51 na Irlanda do Norte.<br />
Recentemente, o jornal The wall Street revelou, após descobrir<br />
documentos confidenciais em um prédio líbio,<br />
que os serviços de inteligência de Qadhafi mantinham<br />
relações estreitas com a Agência de Inteligência Civil<br />
(CIA) do governo dos Estados Unidos, responsável por<br />
fornecer informações de segurança nacional. 52 O ponto<br />
de reflexão posto em evidência é o fato dessa conexão<br />
CIA-Gaddafi ocorreu durante o governo de George W.<br />
Bush (2001-2009), fortalecendo ainda mais a afirmação<br />
de aproximação iminente de Gaddafi ao Ocidente.<br />
Esse ponto marcante culminaria em uma sucessão de<br />
fatos que teriam influência em 15 de fevereiro de 2011<br />
e nas datas seguintes, quando a insurreição contra o<br />
regime de Gaddafi se iniciaria com maior força. Essa<br />
revolta iniciou-se após as revoltas populares de outros<br />
Estados árabes, que partiram, fundamentalmente, da<br />
Tunísia e rapidamente se espalharam por Egito, Síria e<br />
outros países árabes. A Tunísia desencadeou uma onda<br />
de protestos que espalharam por todo o norte de África<br />
e no Oriente Médio desde o início de 2011. Ele estabeleceu<br />
o movimento da Primavera Árabe e demonstrou<br />
com sucesso que a transformação social e política<br />
é possível sem recorrer à violência. Através de eleições<br />
justas e transparentes, que se realizaram em 23 de outubro<br />
de 2011, tunisianos elegeram uma Assembleia<br />
Constituinte que está encarregada de elaborar a nova<br />
Constituição da Tunísia. 53<br />
Nesse dia, em Benghazi, manifestantes se confrontaram<br />
em manifestações sangrentas com partidários e unidades<br />
da polícia do ditador. 54 Dez dias depois, nenhum sinal<br />
das tropas do governo foi encontrado na cidade.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Lembrando que é de primordial relevância considerar<br />
como fato que levou o encorajamento dos insurgentes<br />
líbios a se levantarem contra seu ditador, os fatores da<br />
queda do regime ditatorial tunisiano. Ao perceberem<br />
que uma realidade melhor e mais democrática poderia<br />
ser a saída para a prosperidade de toda a população, a<br />
revolta teve início.<br />
Essa percepção se deu pela proximidade dos países e<br />
pela influência que seus atos exerciam entre si e suas<br />
populações. Depois que as tropas de Gaddafi executaram<br />
bombardeios aéreos contra a própria população<br />
em março de 2011, o Conselho Nacional (formado pela<br />
oposição líbia) apelou ao Conselho de Segurança das<br />
Nações Unidas para que fosse imposta uma zona de<br />
exclusão aérea, ou seja, uma zona de voo proibida, a<br />
fim de restringir qualquer tipo de aeronave nacional<br />
no espaço aéreo sobre o país. 55<br />
Em 12 de março, a Liga dos Estados Árabes (LEA) anunciou<br />
seu apoio ao apelo dos oposicionistas. 56 Diante<br />
da ameaça de ocupação de Benghazi pelas tropas de<br />
Gaddafi, em 17 de março, a ONU finalmente aprovou<br />
o bloqueio aéreo. A Alemanha se absteve na votação,<br />
sob fortes críticas dos partidos de oposição. 57 No dia<br />
seguinte, uma coalizão internacional formada por<br />
França, Reino Unido e Estados Unidos iniciou fortes<br />
ataques aéreos sobre as forças do governo líbio. 58<br />
No início do mês de abril, a situação líbia começou a se<br />
tornar cada vez mais indefinida a partir das constantes<br />
notícias de choques militares em Misrata, Sirte e Ras<br />
Lanuf. Tudo levou a crer que o controle sobre essas cidades<br />
mudou de mãos da noite para o dia, contudo,<br />
graças aos maciços bombardeios aéreos pela coalizão<br />
internacional, a situação piorou progressivamente<br />
para o ditador Gaddafi. 59<br />
Até que, em 1° de maio de 2011, chegou a notícia arrebatadora<br />
de que o filho mais novo de Gaddafi, Saif<br />
AL-Arab, fora morto durante um ataque aéreo; assim<br />
como três dos netos do ditador. Esse foi o ponto que<br />
culminou nas juras de vingança do ditador aos causadores<br />
das mortes de seus parentes. 60<br />
Após dois meses de sítio, 61 a cidade portuária de Misrata<br />
caiu em poder dos insurgentes, e a Rússia se uniu<br />
às exigências do “Grupo de Contato” 62 pela renúncia<br />
de Gaddafi, 63 país que no passado chegara a excluir a<br />
possibilidade de uma intervenção militar estrangeira<br />
na região líbia. 64 A partir do momento em que a Organização<br />
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intensificou<br />
os bombardeios diários sobre a capital Trípoli,<br />
o governo alemão passou a reconhecer o Conselho<br />
Nacional de Transição como único representante legítimo<br />
do povo líbio. 65 Westerwelle, chefe da diplomacia<br />
alemã, admitiu que, apesar de a Alemanha não<br />
participar nas operações, seu país não se posicionaria<br />
de uma forma neutra. “O trabalho a sério vai começar<br />
após a era de Gaddafi”, declarou. “É crucial reconstruir<br />
e ajudar o país, o que significa criar um futuro melhor<br />
para o povo da Líbia”, concluiu. 66<br />
O Conselho Nacional de Transição (CNT) representa a<br />
legitimidade das decisões dos conselhos locais criados<br />
pela população revolucionária da Líbia no dia 17 de fevereiro.<br />
O Conselho é composto por trinta e um membros<br />
que representam as várias cidades da Líbia, de<br />
leste a oeste e de norte a sul. O objetivo do Conselho<br />
Nacional de Transição é conduzir o estado líbio durante<br />
o período transitório após a sua libertação completa<br />
e destruição total do regime opressivo de Gaddafi. Será<br />
o conselho que orientará o país para eleições livres e<br />
ao estabelecimento de uma Constituição para a Líbia. 67<br />
Os meses de julho e agosto seguiram com intensos<br />
combates em uma série de cidades. Ao mesmo tempo,<br />
a OTAN agia sem descanso contra alvos das tropas<br />
de Gaddafi. Em meados de agosto, o governo líbio de<br />
transição apresentou um cronograma, segundo o qual,<br />
após a queda do ditador, o poder seria entregue a um<br />
governo democraticamente legitimado.<br />
Após lutas acirradas, os rebeldes anunciaram a tomada<br />
do importante porto petroleiro de Brega, no leste. Ao<br />
mesmo tempo, iniciou-se a luta pelo controle da capital<br />
líbia. No dia seguinte, numerosos mortos foram<br />
anunciados após intensos combates.<br />
Por fim, em 22 de agosto de 2011, tiros comemorativos<br />
introduziram a vitória sobre Gaddafi, que foi anunciada<br />
com entusiasmo pelos rebeldes líbios na principal praça<br />
da capital de Trípoli, a Praça Verde. Informações corriam<br />
entre líbios de que dois dos filhos de Gaddafi teriam<br />
sido capturados, e um terceiro teria retornado a sua<br />
casa. Vestígios sobre o ditador seguiam, até então, inexistentes.<br />
Misturados às expressões de exaltação, contudo,<br />
notícias ainda ilustravam os combates em Trípoli.<br />
109
Depois de semanas de combates na cidade natal de<br />
Gaddafi, Sirte, os rebeldes da Líbia, finalmente, conseguiram<br />
o que queriam. Após a queda de sua cidade<br />
natal, Gaddafi caiu nas mãos dos rebeldes. Durante o<br />
início da revolução em fevereiro, ele chamou os rebeldes<br />
de “um bando de ratos que só querem agarrar<br />
o poder”. Mas, depois de meses de luta, os lados pareciam<br />
ter mudado. Ele pediu que os rebeldes não o<br />
matassem, mas a raiva dos revoltosos sobre o ditador<br />
prevaleceu. Então, no dia 27 de outubro de 2011, Muammar<br />
Abu Minyar al-Gaddafi foi morto sem piedade.<br />
Seu corpo ensanguentado foi arrastado em torno da<br />
cidade em comemoração à vitória.<br />
A queda desse ditador criou um vácuo de poder na Líbia.<br />
Sem um líder forte para unificá-los, as diferenças tribais<br />
e regionais dificultaram a instalação da democracia no<br />
país, o qual beira uma intensificação dos conflitos devido<br />
à dificuldade da realização de eleições presidenciais.<br />
Observadores ocidentais esperam que os líderes do<br />
Conselho Nacional de Transição (CNT) sejam capazes<br />
de resolver suas diferenças e que se unam logo para<br />
escrever o futuro da Líbia. O país ainda enfrentará muitos<br />
obstáculos, tanto interna quanto externamente,<br />
até que um governo seja oficializado e uma democracia<br />
seja instaurada. Se a situação caminhará a um final,<br />
isso não se sabe, mas que o mundo mantém olhares<br />
atentos a esse desfecho, isso pode-se ter certeza.<br />
Panorama das Políticas Globais<br />
ANISTIA INTERNACIONAL<br />
Em meio ao conflito evidenciado na Líbia, a Anistia<br />
Internacional exigiu justiça para todos os que tiveram<br />
participação ou envolvimento com violações aos direitos<br />
humanos tão evidenciados, não só nos últimos<br />
meses, como ao longo de todo o regime de Gaddafi. A<br />
organização lembrou o episódio em que foram encontradas<br />
valas comuns com centenas de corpos supostamente<br />
de opositores ao líder, os quais teriam sido executados<br />
pelos fiéis ao governo. Além disso, reforçou o<br />
apelo de que a morte do líder não deveria impedir que<br />
os culpados fossem punidos e que as vítimas tivessem<br />
110<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
justiça, afirmando, ainda, que muitas autoridades do<br />
país são suspeitas de terem violado os direitos humanos<br />
de uma maneira absurda, a exemplo do massacre<br />
ocorrido na prisão de Abu Salim, em 1996, devendo estes<br />
responderem pelos crimes cometidos. 68<br />
ARÁBIA SAUDITA<br />
Assim como os demais países do Golfo, a Arábia Saudita<br />
retirou qualquer apoio que havia dado ao líder líbio<br />
afirmando este não ser o regime legítimo do país por<br />
causa do excessivo uso da violência para conter o movimento<br />
nacional. As constantes violações dos direitos<br />
humanos no território da Líbia alertaram os sauditas<br />
sobre os inúmeros crimes cometidos pelas forças do<br />
ditador, fazendo-os solicitar à Liga Árabe que interviesse<br />
para amenizar a situação. A posição da Liga, juntamente<br />
de acordo com o Conselho de Segurança, foi<br />
de impor uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia em<br />
nome da proteção dos civis. O país visiona auxiliar a<br />
população para que seus interesses sejam enfim ouvidos<br />
e que a paz seja estabelecida na região. 69<br />
ARGÉLIA<br />
Após a morte de Gaddafi, representantes da Argélia<br />
afirmaram dar apoio à população líbia, acreditando<br />
que a queda do líder marca uma nova era para que o<br />
país consiga retomar a conciliação de seu povo, estabelecendo<br />
a paz e a unidade nacional. 70<br />
BAHREIN<br />
As constantes acusações sobre os crimes cometidos<br />
por Gaddafi e a violação dos direitos humanos no país<br />
fizeram com que o Bahrein retirasse o apoio dado ao<br />
líder, acreditando que muitas vítimas inocentes pagaram<br />
pela ganância de um governante que só se importava<br />
com os interesses próprios. O país afirmou que o<br />
regime do líder era ilegítimo, apelando para que a Liga<br />
Árabe tomasse medidas para acalmar a situação no<br />
país, visando proteger a população local. A Liga Árabe<br />
se absteve do debate sobre a crise de Bahrein, em reu-
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
nião da cúpula realizada em Bagdá. “A liga não está à<br />
altura quando se trata de resolver as reivindicações dos<br />
povos”, disse Jalil Marzook, um líder do principal partido<br />
da oposição bareinita, Al Wefaq, ao libanês As-Safir. 71<br />
DJIBUTI<br />
Assim como na Líbia, a onda de protestos do norte da<br />
África que derrubou líderes tiranos chegou ao Djibuti,<br />
onde manifestantes protestaram nas ruas contra o regime<br />
do presidente Ismail Omar Guelleh, cuja família<br />
comanda o país por mais de três décadas. De acordo<br />
com instituições de direitos humanos, forças de segurança<br />
do país têm reprimido os manifestantes com<br />
cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. A pequena<br />
nação abriga escritórios de poucas organizações internacionais<br />
e não conta com a presença de jornalistas<br />
estrangeiros. 72 A política externa do Djibuti é de adotar<br />
uma posição de equidistância e neutralidade quando<br />
o assunto remete-se aos seus vizinhos. 73<br />
EGITO<br />
Tendo reconhecido o Conselho Nacional de Transição<br />
da Líbia como legítimo governo do país, o Egito<br />
demonstrou estar disposto a apoiar os esforços para<br />
reconstrução do país, acreditando que a morte do<br />
ex-líder abre uma nova fase para o povo líbio. O país<br />
ofereceu auxílio ao CNT para o estabelecimento de um<br />
sistema de governo mais democrático, que atenda às<br />
necessidades e anseios da população líbia, possibilitando<br />
assim concluir o processo de revolução. 74<br />
EMIRADOS ÁRABES UNIDOS<br />
Como membro do Conselho de Cooperação do Golfo<br />
(CCG), os Emirados Árabes Unidos não apoiavam o<br />
ex-ditador líbio. Depois da morte de Gaddafi, os EAU<br />
reconheceram o Conselho Nacional de Transição e dialogaram<br />
para que o futuro do país seja mais próspero e<br />
mais justo para toda a população local.<br />
IêMEN<br />
A morte do ditador Líbio incentivou manifestantes a<br />
tomarem as ruas do Iêmen. O país vive uma onda de<br />
protestos contra o governo de Ali Abdullah Saleh, que<br />
está no poder desde 1990. Os dias de agitação do Iêmen<br />
começaram no início de 2011, quando os protestos no<br />
Egito deram início à Primavera Árabe; entretanto, a morte<br />
de Gaddafi insuflou as forças antigovernistas. 75<br />
IRAQUE<br />
Através de um comunicado, o Iraque reconheceu o Conselho<br />
Nacional de Transição da Líbia como o único representante<br />
legítimo do povo líbio. O primeiro-ministro<br />
iraquiano, Nouri al-Maliki, garante que seu país estará ao<br />
lado de todos aqueles que lutam pela sua liberdade. 76<br />
JORDâNIA<br />
O governo da Jordânia reconheceu o mais alto órgão<br />
político dos rebeldes da Líbia como representantes legítimos<br />
do povo líbio, essa decisão foi anunciada pelo<br />
ministro dos Negócios Estrangeiros jordaniano, Nasser<br />
Judeh, o qual diz que o país acredita que a CNT reflete<br />
os interesses do povo. Para assegurar a coordenação<br />
com o povo rebelde, o ministro irá nomear um representante<br />
permanente em Benghazi (sede da CNT); essa<br />
coordenação será necessária para o fluxo seguro de ajuda<br />
humanitária prestada pela Jordânia ao povo líbio. 77<br />
KUWAIT<br />
Ao receber a notícia da morte de Gaddafi, o governo<br />
do Kuwait parabenizou o povo líbio pelo feito na revolução,<br />
a morte do líder e a vitória no confronto. O país<br />
demonstrou o desejo de união do povo líbio em apoio<br />
ao CNT na busca pelo estabelecimento de um sistema<br />
mais democrático para o país. Acreditam que somente<br />
assim será possível formar um governo ancorado na<br />
igualdade, na justiça e no respeito aos direitos legítimos<br />
da população líbia. 78<br />
111
LÍBANO<br />
Após ter apoiado a Grã-Bretanha e a França na resolução<br />
acerca da zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o Líbano<br />
enfatizou que medidas urgentes deveriam ser tomadas<br />
para pôr fim à violência e proteger os civis em meio ao<br />
caos. As decisões da Liga Árabe sobre tal medida tiveram<br />
como ator principal o Líbano, único país árabe a participar<br />
do Conselho de Segurança e, portanto, ser o porta-<br />
-voz da vontade regional quanto ao problema líbio. 79<br />
No decorrer das manifestações e confrontos entre os<br />
rebeldes e as forças pró-Gaddafi, o país sempre se mostrou<br />
contra a atuação do governo líbio, em decorrência<br />
do forte ressentimento pelos mais de 30 anos de instabilidade<br />
entre eles. Os problemas de relacionamento<br />
com Gaddafi já causaram episódios como o boicote do<br />
presidente libanês à cúpula na Líbia sobre a questão<br />
Sadr, o fechamento da embaixada líbia em Beirute, a<br />
possível expulsão de um grande contingente de líbios<br />
que habitavam o Libano, entre outros. 80<br />
LÍBIA<br />
O CNT anunciou a morte de Gaddafi com muita satisfação.<br />
O vice-presidente do Conselho Nacional de Transição<br />
disse que o ditador foi morto pelas mãos da revolução,<br />
um momento histórico para a Líbia que marcou<br />
o fim da tirania e da ditadura. 81 Agora, os novos líderes<br />
da Líbia têm o grande desafio de formar instituições e<br />
reestruturar as que foram enfraquecidas durante a gestão<br />
do ditador. Também é preciso solidificar o controle<br />
sobre a nação dividida após a guerra civil. 82<br />
MARROCOS<br />
Por sempre ter visto o líder líbio como “mentor” da<br />
Frente Polisário, 83 a opositora à permanência marroquina<br />
no Saara Ocidental, o Marrocos declarou muita<br />
satisfação pela eliminação de Gaddafi. Desde o começo<br />
da revolução na Líbia, o país demonstrou apoio às<br />
forças rebeldes e suas aspirações, tanto pelo estabelecimento<br />
de um governo democrático, quanto pela<br />
realização de reformas no país. O país acredita ser<br />
este o início da retomada das relações tensas entre<br />
112<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
os dois países, bem como da Líbia com os países vizinhos<br />
e com o Ocidente. 84<br />
OMã<br />
A notícia da morte do líder líbio foi recebida em Omã<br />
com uma ambiguidade de sentimentos. Por um lado<br />
felicitaram os rebeldes pela vitória sobre aquele que,<br />
por muito tempo, governou o país apenas sob seus exclusivos<br />
interesses, e por outro alertaram o país de que<br />
nesta nova fase seria essencial ter o controle dos dirigentes<br />
para que não caíssem novamente na opressão<br />
como na era Gaddafi. Para o país, a morte do líder serve<br />
de lição para os governantes árabes que permanecem<br />
reprimindo sua população. As interferências externas<br />
no conflito líbio, como a entrada das tropas da OTAN,<br />
são vistas pelos omanis como últimas alternativas para<br />
a resolução dos problemas, acreditando que o governo<br />
deve ter autonomia para buscar soluções internas. 85<br />
PALESTINA<br />
Após a deposição dos líderes egípcios e tunisianos, a<br />
Palestina demonstrou contentamento com a queda<br />
de Gaddafi, tratando de logo reconhecer o Conselho<br />
Nacional de Transição como representante legítimo da<br />
Líbia. Sendo as atitudes de Gaddafi com relação aos<br />
palestinos marcadas pela instabilidade e pelo extremismo,<br />
a opinião do povo palestino se divide, mas os<br />
representantes afirmam que o melhor para o país foi<br />
feito e que o futuro líbio será muito próspero. 86<br />
QATAR<br />
Também como membro do Conselho de Cooperação do<br />
Golfo (CCG), o Qatar acredita que o líder líbio passou dos<br />
limites de sanidade, passando a ferir sua própria população,<br />
que apenas estava reivindicando que seus desejos<br />
fossem ouvidos pelo governo. O país reitera que a Liga<br />
Árabe deve tomar alguma atitude para que a situação<br />
do país seja estabilizada e que sua população consiga,<br />
finalmente, entender-se e conviver de um jeito mais pacífico<br />
do que o que vem ocorrendo nos últimos meses. 87
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
SÍRIA<br />
As incertezas quanto ao posicionamento sírio tem se<br />
aprofundado nos últimos tempos com o crescente<br />
desgosto da população com o líder do país e as manifestaçõs<br />
violentas que vêm ocorrendo em Homs principalmente.<br />
Quanto à Gaddafi, Bashar al-Assad pouco<br />
se pronunciou, mas a população síria foi às ruas para<br />
celebrar a queda e o fim da repressão de Gaddafi sobre<br />
a população líbia. Na votação da Liga Árabe acerca da<br />
zona de exclusão aérea na Líbia, a Síria foi contrária à<br />
resolução, mostrando não achar pertinente pedir ao<br />
Conselho de Segurança que tal medida fosse tomada;<br />
acreditando que o país teria como resolver a situação<br />
de forma autônoma. 88<br />
SOMÁLIA<br />
A Somália possui uma política externa focada na obtenção<br />
de ajuda financeira e militar, visto sua instabilidade<br />
interna. Seu ministro dos Negócios Estrangeiros e<br />
vice-primeiro-ministro é Abdullahi Sheikh Ismail, a Liga<br />
Árabe tem procurado estimular a reconciliação interna<br />
na Somália. A Somália tem uma boa relação com os países<br />
árabes, ela entrou para a Liga dos Estados Árabes<br />
em 1974, houve um rompimento de relações diplomáticas<br />
com a Líbia, que depois foram restauradas.<br />
SUDãO<br />
O Sudão é uma república constitucional desde 1996.<br />
Ele mantém boas relações com a Líbia devido a investimentos<br />
na área petrolífera. 89 Recentemente, o presidente<br />
sudanês Omar Hassan el-Béchir anunciou para<br />
o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustapha<br />
Abdeljelil, a criação de comissões para promoverem<br />
relações bilaterais em diversas áreas entre os<br />
países e indicou que as duas partes vão trabalhar com<br />
vistas a uma integração na área econômica e aproveitar<br />
as potencialidades dos dois países a favor dos dois<br />
povos. Já Mustapha Abdeljeilil saudou o apoio militar,<br />
político e humanitário do Sudão. 90<br />
TUNÍSIA<br />
A notícia da morte de Gaddafi agradou a Tunísia pelo<br />
fato de significar a libertação, após 42 anos de repressão,<br />
do povo líbio. O país expressou ter esperanças<br />
para o futuro, com a formação de uma nova Líbia capaz<br />
de garantir a segurança e a estabilidade territorial,<br />
bem como atender às demandas de sua população por<br />
liberdade, desenvolvimento e prosperidade, por meio<br />
de uma coesão social e de uma união nacional. A Tunísia<br />
se ofereceu a ajudar o país nesta nova fase com seus<br />
melhores recursos, para que seus irmãos alcançassem<br />
os anseios nacionais. Como já realizado pelos tunisianos,<br />
acreditam que a Líbia deve manter o foco nas eleições,<br />
que serão realizadas em junho, para que assim<br />
consigam concluir o processo de revolução e implantar<br />
a democracia tão almejada por sua população. 91<br />
UNIãO AFRICANA<br />
Após a morte de Gaddafi, a União Africana reconheceu<br />
o Conselho Nacional de Transição, representante dos<br />
rebeldes líbios, como autoridade legítima do país. Já<br />
tendo afirmado que a intervenção da OTAN no conflito<br />
líbio prejudicara os esforços da União Africana de mediação<br />
para a paz no país, através de um comunicado,<br />
a organização se diz pronta para apoiar o CNT e seu<br />
esforço para a construção de um governo inclusivo e<br />
apela para que o órgão rebelde proteja os trabalhadores<br />
migrantes de outras regiões da África, devido aos<br />
relatos de que estejam sendo alvos de milícias pelos<br />
contratados do regime Gaddafi. 92<br />
Ponderações<br />
Depois de ser apresentada a definição do problema,<br />
alguns pontos podem ser classificados como indispensáveis<br />
para a discussão da questão da Líbia, como a cooperação<br />
entre os membros em busca de estabilidade<br />
e unidade regional, conforme estabelecido na Carta da<br />
Liga dos Estados Árabes.<br />
Após anos sob regime ditatorial, o povo líbio se uniu<br />
para derrubar o líder Muammar Abu Minyar al-Gaddafi<br />
e buscar uma representação mais justa, igualitária e de-<br />
113
mocrática. Os confrontos entrem forças pró e anti Gaddafi<br />
se prolongaram por meses, até que finalmente o<br />
governo foi tomado pelos rebeldes e o Conselho Nacional<br />
de Transição passou a ser a representação oficial do<br />
país. Mesmo após a tomada do poder, a perseguição a<br />
Gaddafi continuou, até que, em 20 de fevereiro de 2011,<br />
o líder foi encontrado e anunciado morto pelos rebeldes.<br />
Parecia o fim de anos submetidos à repressão, mas um<br />
desafio ainda maior esperava pelo povo líbio. Como<br />
prosseguir com as listas dos partidos políticos que foram<br />
divulgadas para a mídia se pouco se sabe como<br />
eles são organizados e se há pouco reconhecimento<br />
deles entre o povo líbio? Quem seriam os candidatos<br />
indicados? E o mais preocupante: seria esse um líder<br />
mais justo e democrático, representando a vontade do<br />
povo? Seria a democracia de fato a solução para o país?<br />
Como o novo governo deve ser composto? As diferentes<br />
etnias devem ser igualmente representadas? Qual<br />
a influência religiosa que esse governo deve ter? Como<br />
deve ser feita a transição? Como lidar com as violações<br />
aos direitos humanos? Os culpados devem ser<br />
julgados? Deveria ser criada uma comissão da verdade<br />
como é de costume após regimes ditatoriais?<br />
O rastro de destruição deixado no país pelos confrontos<br />
não apagaram as lembranças de um longo e difícil<br />
período enfrentado pelo povo líbio, muito menos<br />
acabaram com os tantos problemas que o país possuía.<br />
Iniciou-se, a partir da morte de Gaddafi, uma nova etapa<br />
na história da Líbia, em que as 140 etnias existentes<br />
no país necessitam buscar uma conciliação e lutar juntas<br />
por um país melhor.<br />
Muitos afirmam que o Conselho Nacional de Transição<br />
tem se guiado pelos interesses de determinados<br />
grupos, sem promover o tão prometido “governo mais<br />
justo”. Portanto, resta a dúvida: conseguirão grupos tão<br />
diferentes, e muitas vezes divergentes, construir um futuro<br />
mais próspero para a Líbia?<br />
A Líbia necessita que um equilíbrio seja estabelecido,<br />
com o fim definitivo dos confrontos entre os rebeldes<br />
e as remanescentes forças pró Gaddafi, para que seja<br />
possível construir um país que englobe e respeite todas<br />
as diversidades de sua população. Cabe aos membros<br />
da Liga dos Estados Árabes averiguar a situação atual<br />
do país, bem como os danos causados pelo confronto,<br />
como, por exemplo, a questão dos direitos humanos,<br />
114<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
dos refugiados, a destruição e reconstrução das cidades<br />
afetadas, a repercussão econômica, entre outros, sem<br />
esquecer a questão central, a sucessão política. O país<br />
urge pelo auxílio da LEA para que seja possível alcançar<br />
a democracia e chegar a uma resolução que seja benéfica<br />
a toda a população líbia e a todos os envolvidos.<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
• A Liga dos Estados Árabes tem como principal função<br />
atuar ativamente nos problemas da região. Como seu<br />
país pode ajudar para cooperar com a LEA?<br />
• Seu país tem qual grau de relação com a Líbia? Descreva<br />
os benefícios dessa relação para ambos os lados.<br />
• A Líbia enfrentou um grande problema interno de<br />
imposição a um governo ditatorial. Seu país já enfrentou<br />
algum problema similar? Se sim, como ele foi<br />
solucionado?<br />
• Seu país tem apoiado as decisões do Conselho Nacional<br />
de Transição líbio? Se sim, explique os motivos<br />
desse apoio. Se não, o que acredita ser melhor para o<br />
país e por quê.<br />
• Como seu país acredita que a Líbia deve prosseguir<br />
politicamente e em relação a sua reconstrução? O<br />
que seu país está fazendo para ajudar a Líbia a reconstruir<br />
seu Estado?<br />
• Sua nação está disposta a cooperar com outras nações<br />
visando manter a paz e segurança internacional<br />
na região?<br />
• Quais medidas sua nação acha cabível para solucionar<br />
o problema da reconstrução na Líbia?<br />
Bibliografia<br />
ABOUDI, Sami. Árabes enxergam morte de Gaddafi como lição<br />
para outros tiranos. In: Estadão Internacional, 21/10/2011.<br />
Disponível em: .
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem união ao<br />
povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
AGÊNCIA EFE. [Jordania reconoce a Consejo rebelde líbio como<br />
representante legítimo]. 24/05/2011. Disponível em:.<br />
ASSER, Martin. [The Muammar Gaddafi story]. Disponível em:<br />
.<br />
BACKGROUND INFORMATION SUMMARIES. [League of Arab States<br />
(“Arab League”)], 2008.<br />
BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [Economy],<br />
7/7/2011.<br />
BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [Foreign<br />
Relations], 7/7/2011.<br />
BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [Government<br />
and Political Conditions], 7/7/2011.<br />
BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [History],<br />
7/7/2011.<br />
BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [U.S.-<br />
-Libyan Relations], 7/7/2011.<br />
BLACK, Craig R. (Commander, U.S. Navy). Deterring Libya – the strategic<br />
culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation Paper<br />
No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War College. Maxwell<br />
Air Force Base, Alabama. October 2000: 9.<br />
CHACRA, Gustavo. RAATZ, Luiz. [ONU autoriza intervenção na<br />
Líbia]. Disponível em: .<br />
CHARTER OF ARAB LEAGUE. Disponível em: http://www.unhcr.<br />
org/refworld/publisher,LAS,,,3ae6b3ab18,0.html/ Último acesso<br />
em: 20 de abril de 2012.<br />
<strong>DE</strong>NSELOW, James. Libya and Lebanon: a troubled relationship.<br />
In: The Guardian – UK. 16/03/2011. Disponível em: .<br />
<strong>DE</strong>SMOND, Guy. [Rebeldes líbios tomam aeroporto de Misrata,<br />
diz TV]. Disponível em: .<br />
ESTADÃO – AGÊNCIA ESTADO. [Ataques de forças leais a Kadafi<br />
matam 243 em Misrata]. Disponível em: .<br />
ESTADÃO – AGÊNCIA ESTADO. [Filho de Kadafi e 3 netos morrem<br />
em ofensiva da Otan]. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2011.<br />
115
LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES BRASILEIRO. [Somália].<br />
Disponível em: .<br />
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES BRASILEIRO. [Sudão]. Disponível<br />
em: .<br />
O GLOBO MUNDO. [Comunidade internacional comenta morte<br />
de Kadafi e fala de chance de futuro democrático para Líbia].<br />
21/10/2011. Disponível em: .<br />
OPINIÃO E NOTÍCIA. [Protestos populares atingem Djibuti e Líbia].<br />
19/02/2011. Disponível em: .<br />
OPINIÃO E NOTÍCIA [União Africana Reconhece CNT Como Autoridade<br />
Legítima da Líbia]. 12/11/11. Disponível em: .<br />
PÚBLICO. [Alemanha reconhece rebeldes como líderes legítimos da<br />
Líbia]. Disponível em: .<br />
SANT’ANNA, Lourival. [Maior ofensiva de Kaddafi deixa pelo menos<br />
100 mortos em reduto rebelde]. Disponível em: .<br />
SIMON, Roberto. Morte de líder amplia festa na Faixa de Gaza. In: O<br />
Estado de S. Paulo, 21/10/2011.<br />
TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do Egito e<br />
da Tunísia]. Disponível em: .<br />
TERRA MAGAZINE. [Morte De Kadafi: festa, protestos e violência no<br />
Oriente Médio]. 22/10/2011. Disponível em: .<br />
116<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
THE LIBYAN INTERIM NATIONAL COUNCIL [Introducing the<br />
Council]. 12/11/11. Disponível em: .<br />
UOL NOTÍCIAS. [Documentos revelam ligação entre CIA e Gaddafi<br />
durante o governo Bush]. Disponível em: .<br />
Notas explicativas<br />
1. TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do<br />
Egito e da Tunísia]. Disponível em: .<br />
2. ESTADAO. [Líbia anuncia gabinete de transição e marca<br />
eleições para junho de 2012]. 12/11/11. Disponível em:<br />
.<br />
3. União de todos os povos de origem árabe com idioma<br />
comum e culturas similares a fim de obter maior importância<br />
no cenário internacional frente aos demais países do globo.<br />
4. Termo usado a princípio pela mídia para tratar da invasão<br />
do Iraque pelos EUA em 2005 e a geração do florescimento de<br />
novas democracias no Oriente Médio. Atualmente, “Primavera<br />
Árabe” é utilizado para tratar das insurgências pró-democracia<br />
em todo o mundo árabe.<br />
5. LEAGUE OF ARAB STATES. Disponível em: < http://www.<br />
arableagueonline.org/ >. Acesso em: 13 out. 2011.<br />
6. In loc. cit.<br />
7. In loc. cit.<br />
8. Na época ainda chamada de Transjordânia.<br />
9. In loc. cit.<br />
10. In loc. cit.<br />
11. LEAGUE OF ARAB STATES. Disponível em: < http://www.<br />
arableagueonline.org/ >. Acesso em: 13 out. 2011.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
12. In loc. cit.<br />
13. CHARTER OF ARAB LEAGUE. Disponível em: http://www.<br />
unhcr.org/refworld/publisher,LAS,,,3ae6b3ab18,0.html/ Último<br />
acesso em: 20 de abril de 2012.<br />
14. In loc. cit.<br />
15. In loc. cit.<br />
16. In loc. cit.<br />
17. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />
18. Título de nobreza usado historicamente pelas nações<br />
islâmicas tanto do Médio Oriente quanto do Norte de África<br />
inicialmente destinado aos descendentes de Maomé, mas que<br />
posteriormente se popularizou para se referir aos chefes e nobres.<br />
19. In loc. cit.<br />
20. In loc. cit.<br />
21. In loc. cit<br />
22. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />
23. BLACK, Craig R. (Commander, U.S. Navy). Deterring Libya<br />
– the strategic culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation<br />
Paper No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War<br />
College. Maxwell Air Force Base, Alabama. October 2000: 9.<br />
24. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />
25. BLACK, Craig R. (Commander, U.S. Navy). Deterring Libya<br />
– the strategic culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation<br />
Paper No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War<br />
College. Maxwell Air Force Base, Alabama. October 2000: 9.<br />
26. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />
27. In loc. cit.<br />
28. In loc. cit.<br />
29. In loc. cit.<br />
30. In loc. cit.<br />
31. In loc. cit.<br />
32. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />
33. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />
34. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />
35. In loc. cit.<br />
36. In loc. cit.<br />
37. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />
38. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [Government and Political Conditions], 7/7/2011.<br />
39. In loc. cit.<br />
40. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />
41. In loc. cit.<br />
42. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />
43. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [U.S.-Libyan Relations], 7/7/2011.<br />
44. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [Economy], 7/7/2011.<br />
45. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />
46. In loc. cit.<br />
47. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />
LIBYA. [History], 7/7/2011<br />
48. UNSC – United Nations Security Counsil. [Resolution<br />
1973 (2011)]. Disponível em: < http://daccess-dds-ny.<br />
un.org/doc/UNDOC/GEN/N11/268/39/PDF/N1126839.<br />
pdf?OpenElement>.<br />
117
49. In loc. cit.<br />
50. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são um<br />
grupo de rebeldes de ideologia comunista cujo objetivo declarado<br />
é tomar o poder no país pela força. Gostam de se autodenominar<br />
“guerrilheiros marxistas”, dada a inspiração esquerdista<br />
que tiveram quando da sua criação, em meio a uma guerra civil<br />
ocorrida na Colômbia nos anos 1960. Há muito tempo, entretanto,<br />
degeneraram em uma espécie de seita de fanáticos que vive<br />
à custa do tráfico de cocaína e de toda sorte de barbaridades.<br />
Contam atualmente com 16.000 homens. < http://veja.abril.com.<br />
br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/farc/index.shtml ><br />
51. O Exército Republicano Irlandês, popularmente conhecido<br />
como IRA (do inglês Irish Republican Army), é um grupo paramilitar<br />
católico e reintegralista, que pretende a separação da<br />
Irlanda do Norte do Reino Unido e reanexação à República da<br />
Irlanda. Outrora recorreu a métodos terroristas, principalmente<br />
ataques a bomba e emboscadas com armas de fogo contra<br />
seu maior alvo: a Inglaterra. Durante mais de duas décadas de<br />
luta armada, o grupo foi responsável por mais de 3500 mortes.<br />
< http://educacao.uol.com.br/historia/ira-exercito-republicano-irlandes-atuou-contra-protestantes-na-irlanda.jhtm<br />
><br />
52. UOL NOTÍCIAS. [Documentos revelam ligação entre CIA e<br />
Gaddafi durante o governo Bush]. Disponível em: .<br />
53. ESQUERDA.NET. [Tunísia dá início à Primavera Árabe].<br />
Disponível em <br />
54. TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do<br />
Egito e da Tunísia]. Disponível em: .<br />
55. SANT’ANNA, Lourival. [Maior ofensiva de Kaddafi deixa<br />
pelo menos 100 mortos em reduto rebelde]. Disponível em:<br />
.<br />
56. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Liga Árabe apoia zona de<br />
exclusão aérea sobre a Líbia]. Disponível em: .<br />
118<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
57. CHACRA, Gustavo. RAATZ, Luiz. [ONU autoriza intervenção<br />
na Líbia]. Disponível em: .<br />
58. ESTADAO. [Ataque aéreo à Líbia começará nas próximas horas,<br />
diz governo francês]. Disponível em: .<br />
59. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Ataques de forças leais a<br />
Kadafi matam 243 em Misrata]. Disponível em: .<br />
60. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Filho de Kadafi e 3 netos<br />
morrem em ofensiva da Otan]. Disponível em: .<br />
61. Medida provisória caracterizada pela suspensão temporária<br />
dos direitos garantidos a cada cidadão pela Constituição,<br />
além da submissão dos Poderes Judiciário e Legislativo<br />
ao Executivo, visando promover a ordem pública por meio do<br />
total controle do poder por parte do Poder Executivo.<br />
62. O Grupo de Contato sobre a Líbia idealizado no final de março<br />
pela França e Grã-Bretanha e formado por 28 países e sete organizações<br />
internacionais é encarregado da coordenação política da<br />
operação internacional. < http://noticias.terra.com.br/mundo/<br />
africa/intervencaonalibia/noticias/0,,OI5322740-EI17839,00-Grupo<br />
+de+Contato+sobre+a+Libia+fara+coordenacao+politica.html ><br />
63. <strong>DE</strong>SMOND, Guy. [Rebeldes líbios tomam aeroporto de<br />
Misrata, diz TV]. Disponível em: .<br />
64. RADIO MOÇAMBIQUE. [Filho de Gaddafi diz que país<br />
entrará em Guerra civil se líder líbio não abandonar o poder].<br />
Disponível em: < http://www.radiomocambique.com/rm/noticias/anmviewer.asp?a=7388&z=108<br />
><br />
65. PUBLICO. [Alemanha reconhece rebeldes como líderes<br />
legítimos da Líbia]. Disponível em: .<br />
66. EURONEWS. [Alemanha reconhece Conselho Nacional<br />
de Transição libio]. Disponível em:
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
com/2011/06/14/alemanha-reconhece-conselho-nacionalde-transicao-libio/<br />
><br />
67. NTCLiBYA. [The Libyan Inteirim Transitional National Council].<br />
Disponível em: <br />
68. O GLOBO MUNDO. [Comunidade internacional comenta<br />
morte de Kadafi e fala de chance de futuro democrático para<br />
Líbia]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
69. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />
UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />
com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />
70. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />
união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
71. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />
UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />
com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />
72. OPINIÃO E NOTÍCIA. [Protestos populares atingem Djibuti<br />
e Líbia]. 19/02/2011. Disponível em: .<br />
73. <strong>DE</strong>PARTAMENTO DA ÁFRICA. [Djibuti – Política Externa ] Disponível<br />
em: <br />
74. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />
união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
75. TERRA MAGAZINE. [Morte De Kadafi: festa, protestos e<br />
violência no Oriente Médio]. 22/10/2011. Disponível em:<br />
.<br />
76. EXPRESSO DAS ILHAS. [Líbia: mais de 60 países já reconheceram<br />
o CNT]. 1/9/2011. Disponível em: .<br />
77. AGÊNCIA EFE. [Jordania reconoce a Consejo rebelde<br />
líbio como representante legítimo]. 24/05/2011. Disponível<br />
em:<br />
78. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />
união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
79. <strong>DE</strong>NSELOW, James. Libya and Lebanon: a troubled relationship.<br />
In: The Guardian – UK. 16/03/2011. Disponível em:<br />
.<br />
80. In loc. cit.<br />
81. EXAME.COM. [Porta voz do CNT anuncia a morte de<br />
Kadafi]. 12/11/11. Disponível em: .<br />
82. ESTADAO. [Líbia anuncia gabinete de transição e marca<br />
eleições para junho de 2012]. 12/11/11. Disponível em:<br />
.<br />
83. Um movimento político-revolucionário que luta pela<br />
separação do Saara Ocidental.<br />
84. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />
união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
85. ABOUDI, Sami. Árabes enxergam morte de Gaddafi como<br />
lição para outros tiranos. In: Estadão Internacional, 21/10/2011.<br />
Disponível em: < http://www.estadao.com.br/noticias/<br />
internacional,arabes-enxergam-morte-de-gaddafi-comolicao-para-outros-tiranos,788513,0.htm<br />
>.<br />
86. SIMON, Roberto. Morte de líder amplia festa na Faixa de<br />
Gaza. In: O Estado de S. Paulo, 21/10/2011.<br />
87. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />
UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />
com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />
119
88. <strong>DE</strong>NSELOW, James. Libya and Lebanon: a troubled relationship.<br />
In: The Guardian – UK. 16/03/2011. Disponível em:<br />
.<br />
89. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES BRASILEIRO.<br />
[Sudão]. Disponível em: .<br />
90. PANAPRESS. [Presidente sudanês realça relações entre<br />
Sudão e Líbia]. 26/11/2011. Disponível em: .<br />
91. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />
união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />
92. OPINIÃO E NOTÍCIA [União Africana Reconhece CNT<br />
Como Autoridade Legítima da Líbia]. 12/11/11. Disponível em:<br />
.<br />
120<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012
OMC – Organização<br />
Mundial do Comércio<br />
Combatendo o protecionismo e as barreiras<br />
alfandegárias em tempos de crise mundial
Caros (as) alunos (as) e professores (as),<br />
Vimos por esta apresentar-lhes a nós e ao nosso Comitê.<br />
122<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Nosso Comitê é uma simulação da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou World Trade Organization (WTO),<br />
com foco principalmente em barreiras alfandegárias e no protecionismo, tema muito discutido atualmente principalmente<br />
por conta da atual crise financeira mundial. Nosso Comitê é composto por dois diretores experientes:<br />
Eduardo Luis Vargas Tiburski, que tem 27 anos e está cursando atualmente o 7° semestre de Economia, tendo participado<br />
do VII Fórum FAAP como diretor do Comitê UNFCCC e como diretor adjunto do VI fórum FAAP, no Comitê<br />
OMC. O outro diretor é Guilherme de Agostini Camargo, 21 anos, formado em Relações Internacionais, e cursando<br />
o 5° semestre de Economia, tendo participado juntamente com Eduardo Tiburski do VII Fórum FAAP, também como<br />
diretor do Comitê UNFCCC.<br />
Os diretores assegurarão a todos a possibilidade de se expressarem e discutirem, intervindo somente quando necessário.<br />
O tema tem muito a ser abordado e muitas vertentes a serem discutidas, mesmo com o tempo limitado.<br />
Acreditamos, no entanto, que teremos excelentes resultados na discussão.<br />
O Comitê foi escolhido pelos dois diretores, que concordaram em fazer novamente OMC, baseados na experiência<br />
do Eduardo Tiburski e por tratar-se de comércio. Para um internacionalista ou um economista, trata-se de uma das<br />
áreas mais promissoras de carreira. O tema em si foi escolhido devido à grande variedade de discussões e vertentes<br />
de análise. É um tema que está sempre em pauta, particularmente pelo fato de o Brasil estar cada vez mais atuante<br />
nesse tema e com voz ativa. Os diretores resolveram escolher o tema barreiras alfandegárias e protecionismo, pois o<br />
debate levará os alunos a ganharem experiência e acumularem conhecimentos úteis profissionalmente. Além disso<br />
– creem os diretores –, o tema será de extrema utilidade e importância, à medida que o Brasil ocupa uma posição<br />
cada vez mais relevante no cenário internacional, com um impacto positivo para todos os participantes. Esperamos<br />
que os senhores apreciem o nosso trabalho,<br />
Atenciosamente,<br />
EDUARDO LUIS VARGAS TIBURSKI<br />
GUILHERME <strong>DE</strong> AGOSTINI CAMARGO<br />
Diretores Acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Introdução<br />
Vivemos numa era em que as decisões de cada país,<br />
voltadas ao comércio, não alteram mais a sua própria<br />
economia ou até mesmo a sua política doméstica, mas<br />
influenciam, em um primeiro momento, todos os países<br />
vizinhos e, por último, podem alterar todo o comércio<br />
mundial. Essa situação ocorre devido à globalização,<br />
em que cada país tem cada vez mais a necessidade<br />
de expandir seu mercado de consumo, escoando sua<br />
produção e importando insumos para produzir mais,<br />
a fim de atender o mercado interno e, posteriormente,<br />
crescer mais e começar a exportar.<br />
Em termos comerciais, é muito difícil um país isolar-<br />
-se do mercado mundial. Muitas vezes, pode não ser<br />
tão influente do ponto de vista macroeconômico, mas<br />
ainda assim pode ser influente entre seus vizinhos, atuando<br />
em parceiras bilaterais, visando um crescimento<br />
mútuo, auxiliando ou determinando como será seu<br />
crescimento, que pode ser representado por um só país<br />
para ganhar mais força tanto econômica quanto politicamente.<br />
Esse país pode não ter tanta participação no<br />
comércio mundial, porém não pode ser descartado a<br />
um médio ou longo prazo, pois poderá tornar-se mais<br />
forte economicamente, em virtude da ambição de aumentar<br />
sua participação no comércio mundial.<br />
Tal necessidade de crescimento não é tão simples<br />
quanto parece. Quando um país resolve aumentar as<br />
opções de escoamento de produção, ele precisa levar<br />
em conta algumas questões que vão muito além de<br />
questões técnicas, como, por exemplo, determinar a<br />
região de atuação, quais produtos exportará ou como<br />
é a economia doméstica do país importador. Tais questões<br />
são fundamentais para tomar uma decisão; entretanto,<br />
existem questões relacionadas à política externa<br />
e como tal decisão poderá afetar a sua economia<br />
interna e como afetará a economia do importador. As<br />
questões políticas não envolvem só a diplomacia entre<br />
os dois países, mas também o que cada país ganhará<br />
com o comércio e do que deverá abrir mão.<br />
Ocasionalmente são realizados acordos comerciais não<br />
só para aumentar a participação no mercado mundial,<br />
mas também o peso político, crescendo, assim, a influência<br />
em determinadas regiões. Esses acordos podem<br />
ser feitos visando à realização de mais acordos, comerciais<br />
ou não. Um país pode concordar em exportar ar-<br />
roz, se tiver ampla produção, a um que tenha escassez<br />
desse produto, que, em retorno, pode oferecer produtos<br />
manufaturados. Nesse caso, ocorre uma simples<br />
troca de produtos com o objetivo de atender às necessidades<br />
internas dos envolvidos. Há, no entanto, acordos<br />
que podem originar-se de uma necessidade interna,<br />
como, por exemplo, adquirir insumos para produzir<br />
mais. A outra parte, entretanto, pode estar interessada<br />
não em ter mais uma troca de comércio, mas em aumentar<br />
seu peso político mundial, buscando uma posição<br />
mais privilegiada para decidir questões globais.<br />
Seria, a título exemplificativo, o caso de buscar-se uma<br />
cadeira no Conselho de Segurança da Organização das<br />
Nações Unidas (ONU), não se atendo somente a questões<br />
de natureza comercial.<br />
Atualmente, é comum pensar em comércio não somente<br />
para atender à demanda de um país específico, mas<br />
de toda uma região que, muitas vezes, por serem países<br />
vizinhos com praticamente a mesma historia, acabam<br />
por ter necessidades e tendências similares. Unem-se,<br />
então, para ganhar maior apelo internacional, fechando<br />
acordos que atendam a toda a região para atingir um<br />
crescimento econômico mútuo e integrado. É o caso da<br />
Europa, com a União Europeia, ao criar um único mercado,<br />
integralizando todo o comércio, moeda e escoamento<br />
de produção, insumos e até de capital humano,<br />
atuando como um único bloco econômico.<br />
Até agora foram levantadas questões macroeconômicas<br />
e políticas. Não podemos, no entanto, deixar de<br />
analisar as questões microeconômicas, dos países ou<br />
dos blocos econômicos. Quando um país ou bloco resolve<br />
importar produtos, ele tem que tomar cuidado<br />
com a economia doméstica. A entrada de produtos estrangeiros<br />
pode restringir ou quebrar a indústria interna.<br />
Isso acontece porque, normalmente, os produtos<br />
estrangeiros chegam ao mercado com maior qualidade<br />
e a um preço muito mais acessível, de tal maneira<br />
que a indústria interna perde espaço de mercado, já<br />
que, no curto prazo, não tem capital e, muito menos,<br />
tecnologia para competir de forma igualitária.<br />
Os acordos comerciais são feitos para atender a uma<br />
necessidade, mas devem sempre levar em conta a indústria<br />
local. Para ajudá-las, os governos acabam por<br />
restringir importações, promovem subsídios fiscais<br />
para incrementar a competitividade, aumentam os<br />
impostos dos produtos importados, deixando-os mais<br />
123
caros e menos acessíveis à população. Por último, podem<br />
até fechar o mercado interno. Todas essas ações,<br />
em conjunto ou não, de uma maneira teórica, forçam a<br />
indústria doméstica a buscar aprimorar seus produtos<br />
a um preço mais baixo para atender à demanda interna.<br />
Na prática, porém, é mais complicado ter os resultados<br />
esperados, pois, com o fechamento de mercado, a<br />
indústria local pode acomodar-se, já que não enfrenta<br />
competição, elevando assim os seus preços para aumentar<br />
a margem de lucro e oferecendo produtos de<br />
baixo valor agregado.<br />
A maioria dos países é a favor a liberalização do comércio<br />
mundial, quebrando as barreiras alfandegárias para<br />
alcançar um desenvolvimento econômico mais intenso.<br />
Essa tendência, no entanto, não pode ser levada ao pé da<br />
letra, já que o país que se abrir economicamente poderá,<br />
eventualmente, desestimular a indústria local. Para haver<br />
crescimento é necessária uma forte industrialização.<br />
Histórico do Comitê<br />
Antes de descrevermos como surgiu a OMC, é necessário<br />
recordar que houve outros acordos de menor influência<br />
anteriormente, que não regulamentavam de<br />
maneira tão precisa e abrangente o comércio mundial,<br />
porém tiveram grande importância para estabelecer a<br />
OMC que conhecemos atualmente.<br />
O principal órgão anterior à OMC teria sido a Organização<br />
Internacional do Comércio (OIC), se tivesse, de<br />
fato, sido implementada.<br />
As negociações iniciadas em Bretton Woods, que culminaram<br />
na criação das organizações financeiras internacionais<br />
– o Banco Internacional para Reconstrução e<br />
Desenvolvimento (Banco Mundial) e o Fundo Monetário<br />
Internacional (FMI) –, também previam a necessidade de<br />
um órgão regulamentador do comércio internacional.<br />
A Carta de Havana previa a criação da OIC, porém o projeto<br />
não foi levado adiante, já que os Estados Unidos, a<br />
maior potência da época, que também detinham um PIB<br />
maior do que o de todas as potências somadas, não aderiram<br />
à Carta por alegarem que isso interferiria em sua<br />
soberania. Sem o apoio da maior potência econômica da<br />
época, a OIC se tornou inviável. Porém, o acordo nego-<br />
124<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
ciado apresentava muitos fatores positivos. Conhecido<br />
como Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, do inglês<br />
General Agreement on Tariffs and Trade), ele resultou de<br />
um acerto temporário sugerido pelos EUA. Nesse acordo,<br />
uma vez que os EUA se engajaram ativamente, os outros<br />
países passaram a interagir de maneira mais dinâmica. Tal<br />
interação incrementou a competitividade entre os países<br />
desenvolvidos. Eventualmente, a entrada dos países em<br />
desenvolvimento ampliou o escopo do Acordo.<br />
Após sete anos de intensas reuniões e negociações –<br />
que basearam suas ações e discussões na melhoria do<br />
comércio mundial visando ao desenvolvimento e ao<br />
aprimoramento das técnicas multilaterais –, foi na Rodada<br />
do Uruguai que os países integrantes conseguiram<br />
reformular o GATT 1 e criar um novo organismo internacional,<br />
a OMC. Essa organização serviria de palco para<br />
que todos os integrantes pudessem expor seus problemas<br />
e, através de um procedimento de normas e condutas,<br />
chegar a um bom termo quanto às controvérsias<br />
surgidas, além de regulamentar todo o comércio mundial,<br />
administrando os acordos comerciais multilaterais,<br />
organizando regras e fiscalizando os tratados, para alcançar<br />
uma transparência comercial mundial. 2<br />
A estrutura da OMC apresenta um órgão máximo – a<br />
Conferência Ministerial – que se reúne bianualmente<br />
para discussões. Nelas, todos os representantes se reúnem<br />
e debatem, a fim de firmar acordos que ratifiquem<br />
as negociações comerciais e acordos multilaterais.<br />
Dessa forma, os principais órgãos da OMC são: 3<br />
• Conselho Geral: órgão permanente que revê as políticas<br />
comerciais e propicia a solução de controvérsias.<br />
Sua principal diferença quanto à Conferência Ministerial<br />
é que este Conselho pode reunir-se a qualquer<br />
momento;<br />
• Conselho de Comércio e Bens e Conselho de Comércio<br />
e Serviços: responsáveis pela administração<br />
de implementação e funcionamento dos acordos estabelecidos<br />
pelo Conselho Geral, de modo a garantir<br />
seu cumprimento e funcionalidade;<br />
• Comitês subordinados a ambos os Conselhos:<br />
através de peritos, debatem de maneira específica<br />
cada um dos temas controversos em pauta, otimizando<br />
as negociações;
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
• Secretariado, presidido por um diretor-geral: visa<br />
à transnacionalidade dos acordos, o respeito às regras<br />
da OMC, sem que haja o predomínio de interesses<br />
de algum país ou bloco, se prejudiciais.<br />
Histórico do Problema<br />
A ideia de protecionismo é muito antiga,originando-<br />
-se desde a época das grandes navegações, quando os<br />
países tinham a necessidade de cuidar de suas colônias<br />
e metrópoles. A forma de comprar e vender produtos<br />
era bem diferente, no entanto, apesar de parecidas,<br />
ainda se distanciam muito da maneira como o mundo<br />
realiza o comércio internacional atualmente. É a partir<br />
da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e seguida<br />
pelas grandes nações da época, que se começa a<br />
observar a necessidade de expandir o mercado consumidor,<br />
criando, além de produtos novos, modernos e<br />
de maior valor agregado, uma vontade na população<br />
de ter tais produtos, o que levou as fábricas a aumentarem<br />
a produção, criando novos estabelecimentos de<br />
produção, contratando-se pessoas para trabalhar, as<br />
quais, com o rendimento percebido, teriam a oportunidade<br />
de comprar os produtos. Para esses países que<br />
estavam se industrializando, a ideia de colônias e escravidão<br />
era prejudicial ao processo de industrialização,<br />
pois restringia, significativamente, a quantidade<br />
de pessoas que poderiam comprar os produtos. Outro<br />
fato que ajudou bastante na propagação da necessidade<br />
do consumo foram as ideias liberais iniciadas com<br />
o Iluminismo, com a difusão dos conceitos de liberalismo,<br />
individualismo e racionalismo. Esse processo<br />
de libertar colônias e escravos, no entanto, foi gradual.<br />
Países como Inglaterra, Alemanha e França ainda<br />
necessitavam da matéria-prima oriunda das colônias,<br />
como o algodão, por exemplo, para se industrializarem<br />
e espalharem os produtos e tecnologia pelo resto da<br />
Europa. Posteriormente, esses países perceberam ser<br />
mais vantajoso aumentar o mercado consumidor do<br />
que garantir a matéria-prima.<br />
Essa tendência à liberalização seguiu até a Primeira<br />
Grande Guerra, quando diversos países alcançaram a<br />
sua independência e mostraram sinais de crescimento e<br />
industrialização. Com o final da guerra, foi natural o aumento<br />
de medidas protecionistas, uma vez que grande<br />
parte da Europa sofrera enormes perdas, com a popu-<br />
lação dizimada, fábricas destruídas ou abandonadas e<br />
uma boa quantidade de terras agrícolas danificadas.<br />
A pobreza se alastrou pelo mundo, dando espaço à ascensão<br />
de regimes ditatoriais e autoritários, completamente<br />
avessos ao capitalismo e às ideias liberais, o que<br />
acirrou o processo de fechamento do mercado mundial.<br />
Cada país buscou exercer o direito de se autoproteger<br />
fechando seu mercado para se reconstruir e fortalecer.<br />
Posto que as experiências de um mundo aberto e<br />
liberal não haviam funcionado tão eficazmente como<br />
se esperava, houve um aumento de barreiras alfandegárias<br />
para impedir a entrada de produtos importados<br />
que pudessem danificar a economia local, favorecendo,<br />
assim, a industrialização interna. Como a maioria das<br />
empresas teve que fechar as portas durante a guerra, o<br />
Estado era a única instituição ainda forte, sendo-lhe praticamente<br />
imposto dar subsídios e incentivos à indústria<br />
e ao comércio local para reavivar a economia interna. Os<br />
Estados Unidos eram o único país que ainda estavam<br />
em forte expansão econômica. Tal crescimento perdurou<br />
até a crise da bolsa de 1929, o que levou o país à<br />
recessão e à adoção de medidas protecionistas visando<br />
o fortalecimento do mercado doméstico.<br />
Essa onda de fechamento de mercados durou até o<br />
final da Segunda Guerra Mundial. Paralelamente, diversos<br />
países já se reuniam para encontrar soluções<br />
conjuntas para combater a pobreza e as péssimas condições<br />
de vida existentes, buscando uma saída para<br />
lidar com os problemas domésticos. Essas reuniões<br />
visavam atender às questões econômicas, políticas e<br />
sociais, fortalecendo, assim, o comércio internacional.<br />
A Conferência de Bretton Woods, de 1944, 4 no estado<br />
norte-americano de New Hampshire, exerceu um papel<br />
de enorme relevância na estruturação da arquitetura<br />
financeira mundial. Para melhor evidenciar a<br />
evolução do comércio mundial, adotamos a mesma<br />
ordem cronológica sugerida em 2007 pelo Relatório<br />
Anual da Organização Mundial do Comércio, 5 dividindo<br />
o os anos de 1944 a 2008 em quatro períodos.<br />
O primeiro, de 1944 a 1963, teve na Conferência de<br />
Bretton Woods a tentativa mais aprofundada de criar<br />
instituições internacionais, alcançando, com êxito, o<br />
estabelecimento do Fundo Monetário Internacional<br />
(FMI) e do Banco Mundial. A essas duas instituições<br />
couberam respectivamente o estabelecimento de<br />
certas disciplinas nas políticas monetárias dos países-<br />
125
-membros e a aceleração do processo de reconstrução<br />
das economias europeias. 6 A tentativa frustrada<br />
da criação da Organização Internacional do Comércio<br />
(OIC) encontrou no GATT o instrumento para a regulamentação<br />
do comércio internacional. Visando, particularmente,<br />
a facilitação do comércio entre as partes<br />
contratantes, com a intenção de reerguer todos os países<br />
destruídos pela guerra. 7<br />
“Segundo o Art. XXVIII do GATT, os Membros podem<br />
decidir se engajar em rodadas de negociação visando<br />
a diminuição das tarifas de importação e a abertura<br />
dos mercados. No âmbito do GATT, foram realizadas 8<br />
Rodadas de Negociação e, sob a OMC, foi lançada a Rodada<br />
Doha, com o objetivo de ser a Rodada do Desenvolvimento,<br />
beneficiando principalmente os interesses<br />
dos países em desenvolvimento.” 8<br />
O mentor principal de todos os participantes foi, sem<br />
dúvida, os EUA, já que eram a principal potência, ocupando<br />
a posição de influenciador político econômico<br />
sobre os demais países, recaindo-lhes, no entanto, a responsabilidade<br />
de combater o protecionismo mundial.<br />
Da primeira rodada de negociações, ocorrida em Genebra,<br />
saíram 23 acordos aumentando em 40% o comércio<br />
mundial e, pela primeira vez no comércio mundial,<br />
foi aplicado o princípio da não discriminação e a cláusula<br />
de nação mais favorecida. Esses dois termos almejavam,<br />
sobretudo, impor a igualdade de tratamento<br />
nas relações comerciais, já que era impossível fazer<br />
tratados entre países de diferentes forças políticas e<br />
econômicas sem que o mais forte saísse ganhando na<br />
negociação. Como os países europeus necessitavam<br />
de estímulo e auxílio para crescer, foram, portanto, os<br />
maiores beneficiários de tais cláusulas.<br />
Também nesse primeiro período, mais precisamente<br />
em 1948, surgiu a OE<strong>DE</strong> (antiga sigla para a atual Organização<br />
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos<br />
– OC<strong>DE</strong>). 9 Os países-membros dessa organização<br />
eram os mais desenvolvidos da época, uma elite<br />
econômica mundial, que firmaram diversos acordos<br />
para eliminar as barreiras alfandegárias, aumentando<br />
a integração comercial, o que constituiu um passo<br />
importante na criação de um único mercado comum<br />
a todos. Nas Rodadas que se sucederam, particularmente<br />
as de Annecy 10 e a de Torquay, 11 houve fortes<br />
reduções de tarifas alfandegárias e prolongamento<br />
126<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
nos prazos de vencimento, além da entrada de novos<br />
membros, como a República Federal da Alemanha e<br />
outros dezessete países em ascensão. Ainda na Rodada<br />
Torquay, as partes contratantes passaram a discutir<br />
a manutenção do acordo ou da criação de um novo,<br />
mais amplo e regulamentado.<br />
Na Rodada Dillon, 12 o objetivo era a discussão quanto<br />
às tarifas relacionadas à questão agrícola, amplamente<br />
discutidas no seio da Comunidade Econômica Europeia<br />
(CEE). A princípio, os EUA foram fortes opositores,<br />
mas mudaram de opinião, posto que a agricultura facilitaria<br />
o desenvolvimento do continente e os EUA dela<br />
poderiam beneficiar-se.<br />
O segundo período, de 1963 a 1986, pode ser considerado<br />
como a época da consolidação do GATT. Na Rodada<br />
Kennedy, 13 os EUA e a CEE trabalharam juntos, difundindo<br />
ideias liberais e agindo contra o comunismo.<br />
Alemanha, França e EUA foram os principais líderes e<br />
já falavam na integração da Europa Ocidental. Durante<br />
as negociações, os países entraram em comunhão, alegando<br />
que qualquer país comunista ou que estivesse<br />
sob influência daquele regime deveria ser excluído das<br />
concessões tarifárias. Foram também colocados novos<br />
tópicos em discussão como a liberalização de commodities<br />
agrícolas, além de melhor abordagem das medidas<br />
não tarifárias e um tratamento especial a países em<br />
desenvolvimento. A CEE passou a atuar mais efetivamente<br />
como um bloco econômico.<br />
A importância dessa rodada foi muito além dos acordos<br />
e concessões tarifárias. Nela surgiu uma das principais<br />
medidas compensatórias, chamadas de antidumping, 14<br />
que visam proteger o comércio doméstico, adicionando<br />
impostos a produtos importados. Para que um país<br />
use a medida de antidumping, primeiro deve provar<br />
que tem sofrido o dumping, uma prática desleal do comércio.<br />
Em suma, um país, para ganhar mais mercado<br />
noutro, abaixa o preço de seu produto exportado abaixo<br />
do seu custo doméstico de produção, tornando-o<br />
muito mais competitivo do que o similar produzido no<br />
país alvo. Com o passar do tempo, as indústrias no país<br />
alvo tendem a parar de produzir o referido produto, a<br />
menos que o governo interfira iniciando uma investigação,<br />
que, se comprovado o dumping, eventualmente<br />
levará ao aumento do imposto de importação incidente<br />
sobre o produto, com o propósito de incrementar a<br />
competitividade da indústria afetada.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Durante a Rodada Kennedy ocorreu a criação do Sistema<br />
de Preferências (SGP). 15 Como já na época existia uma forte<br />
distinção entre países desenvolvidos e em desenvolvimento,<br />
a qualidade e o preço da produção em diferentes<br />
mercados eram díspares, pois, nos mercados desenvolvidos,<br />
em razão da abundância de capital, tecnologia e<br />
mão de obra especializada, o valor agregado ao produto<br />
tende a deixá-lo melhor e mais competitivo em relação<br />
àquele fabricado num país em desenvolvimento.<br />
Essa tendência ao protecionismo se deveu muito à<br />
desvalorização do dólar e à primeira crise do petróleo,<br />
ocorrida em 1973, acompanhada por uma forte onda<br />
de inflação e desemprego mundial. A Rodada de Tóquio<br />
16 veio em seguida. A cidade foi estrategicamente<br />
escolhida por ser o Japão o maior exportador mundial<br />
na ocasião e para dar maior credibilidade aos países<br />
asiáticos, que vinham em constante expansão no comércio<br />
mundial. Mesmo com o pensamento muito<br />
mais voltado a um comércio mundial mais justo do que<br />
livre, houve um aumento de mais de cem países participantes<br />
na Rodada, tendo em vista que os ganhos de<br />
caráter mundial estimulavam novas oportunidades de<br />
acordos comerciais e geravam um compromisso maior<br />
no comércio mundial.<br />
O mais importante dessa rodada foi o amadurecimento<br />
das ferramentas usadas para proteger o mercado<br />
doméstico, resultando em diretrizes ou códigos que,<br />
mais tarde, foram modificados e transformados em<br />
compromissos plurilaterais durante a Rodada Uruguai.<br />
A situação política e econômica mundial não era favorável<br />
à liberalização econômica. No continente sul-<br />
-americano, emergia um Estado forte e ditatorial, que,<br />
na sua essência, era contra qualquer tipo de ideias liberais,<br />
de cunho político, econômico ou social. Não se<br />
poderia esperar outra postura desses países, exceto o<br />
fechamento e a valorização do mercado nacional, aumentando<br />
as barreiras alfandegárias e restringindo o<br />
mercado e a economia mundial. Em outras áreas do<br />
globo, a situação não era muito diferente, pois o desemprego<br />
e a inflação elevada afetavam a todos. Os<br />
EUA, para se autoprotegerem, durante a administração<br />
do presidente Richard Nixon, aplicaram uma sobretaxa<br />
de 10% para moderar as negociações comerciais,<br />
ferindo gravemente o liberalismo econômico. Houve<br />
também instabilidade política, enfrentada pelos países<br />
asiáticos, principalmente afetados pelo petróleo e pela<br />
volatilidade dos preços.<br />
No terceiro período, que começou em 1985 e terminou<br />
em 1995, observamos grandes e decisivos fatos para o<br />
comércio mundial. Somente na Rodada do Uruguai 17<br />
(1986- 94), foi firmada a carta de criação da OMC, reconhecendo-a<br />
como um órgão internacional, definindo<br />
como seria a sua regulamentação e estrutura. Nesse<br />
período também ocorreu a criação das medidas de<br />
salvaguardas, 18 que, durante um determinado período<br />
de tempo, ofereceram total proteção às indústrias<br />
domésticas, visando dar-lhes um prazo para se preparar<br />
ou para reparar um prejuízo vindouro ocorrido<br />
pela importação de produtos. Essa medida foi muito<br />
importante para o mercado mundial devido às praticas<br />
voluntárias que cada governo exercia, colocando<br />
restrições a produtos exportados. Essa regulamentação<br />
ampliou uma maior confiança e credibilidade no<br />
cenário mundial.<br />
No começo da Rodada do Uruguai, surgiram inúmeras<br />
divergências, por parte dos países em desenvolvimento,<br />
quanto à inclusão de serviços, propriedade intelectual<br />
e investimentos na pauta de discussão, alegando-<br />
-se que, se introduzidos nas discussões e deliberados<br />
positivamente, tais aspectos sairiam do controle, além<br />
da intensa discussão entre os EUA e a CEE no tocante à<br />
agricultura. Tal situação poderia reduzir o impacto do<br />
esforço de fazer uma rodada com planos e metas ambiciosas,<br />
os quais poderiam não sair do papel.<br />
Os EUA pretendiam um organismo multilateral de comércio<br />
para desempenhar o papel do GATT somente<br />
no continente americano. Um desses organismos desenvolvidos<br />
seria a Área Livre de Comércio das Américas<br />
– ALCA, 19 idealizada em 1992, alterando negativamente<br />
as negociações na OMC. Tal impasse impulsionou uma<br />
apelação escrita de trinta e sete membros – entre desenvolvidos<br />
e em desenvolvimento –, encaminhada aos<br />
EUA, CEE e Japão, para darem prioridade às negociações<br />
já iniciadas na OMC. Somente em 1993 houve um progresso<br />
em todas as divergências citadas, enquanto os<br />
EUA e a CEE negociavam paralelamente.<br />
Na prática, esse período foi muito mais interessante do<br />
ponto de vista do protecionismo do que do liberalismo.<br />
A criação da carta da OMC e o reconhecimento de todas<br />
as suas funções e regulamentações, no entanto, mostraram<br />
um sinal de que o protecionismo poderia ser considerado<br />
uma etapa necessária para que os países integrantes<br />
pudessem fortalecer-se para, posteriormente,<br />
127
abrirem seus mercados, de maneira gradual, sem saírem<br />
prejudicados nas negociações multilaterais, sem contar<br />
que foi quando começaram as atuações em grupos, seguindo<br />
o pioneirismo da Comunidade Europeia.<br />
Ao entrarmos no quarto período, ocorre o Acordo Sobre<br />
Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados<br />
ao Comércio (TRIPS), 20 que visa estabelecer<br />
regras e disciplinas relacionadas à propriedade intelectual,<br />
para que esta não se tornasse uma barreira comercial.<br />
Outro aspecto relevante foi o desenvolvimento<br />
dos acordos e negociações ocorridos anteriormente,<br />
marcados com o início da Rodada de Doha 21 e as atuais<br />
negociações, especialmente voltadas aos países em desenvolvimento,<br />
tal como a construção de capacidade<br />
de comercialização. 22 As ideias liberais e de um único<br />
mercado integrando todos os demais blocos econômicos<br />
começou a ganhar força no cenário mundial.<br />
Diversos países atingem um excelente crescimento<br />
econômico, como no caso do Brasil, Rússia, Índia e China<br />
(o chamado BRIC), por exemplo, criando-se novos<br />
mercados, com maiores oportunidades para investimentos<br />
externos. Grande parte do crescimento atual<br />
das economias pode ser explicada pelo aumento dos<br />
acordos multilaterais e bilaterais, fechados e regulamentados<br />
pela própria OMC, em que, em diversos deles,<br />
observa-se o envolvimento da China, seja exportando<br />
produtos manufaturados para o resto do mundo<br />
ou importando commodities, como é o caso, por exemplo,<br />
do Brasil.<br />
Essa tendência ao liberalismo prosseguiu até o começo<br />
da crise de 2008, quando os países anteviram a necessidade<br />
de fechar suas economias para evitar maiores<br />
perdas e danos, em vista da globalização do comércio<br />
mundial, que, em princípio, deixou o mundo mais suscetível<br />
às crises e problemas que podem originar-se<br />
num país e alastrar-se internacionalmente. Atualmente,<br />
ainda observamos os EUA com taxas históricas elevadas<br />
de desemprego e os países europeus enfrentando<br />
uma forte depressão, o que gerou crise até quanto<br />
à permanência de alguns países na zona do euro. Embora<br />
não pareça, os problemas oriundos da crise podem<br />
ser observados em países em desenvolvimento.<br />
Nos países do BRIC observamos uma preocupação relevante<br />
quanto aos rumos do comércio internacional,<br />
particularmente em vista do fechamento protecionista<br />
de algumas economias.<br />
128<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Definição do Problema<br />
O paradoxo da liberalização do comércio internacional<br />
e do protecionismo tem sido um dos temas mais discutidos<br />
na agenda internacional. A competição entre<br />
mercados estimula fortemente os avanços tecnológicos<br />
e a redução de preços, beneficiando prioritariamente<br />
o consumidor. Do lado da produção, economistas<br />
renomados, como Adam Smith e David Ricardo,<br />
argumentavam que a livre circulação de bens permitiria<br />
que sua utilização fosse otimizada, podendo os países<br />
aperfeiçoar a tecnologia para evitar desperdícios e<br />
maior capacidade exportadora. 23 Em tempos de crise,<br />
no entanto, é comum ver os países adotando posturas<br />
mais protecionistas para favorecer o mercado e a indústria<br />
nacional.<br />
Em tese, o protecionismo é vantajoso para os países<br />
em desenvolvimento, para proteger e estimular a indústria<br />
nacional, considerando que, ao criarem limitações<br />
à entrada de produtos externos e subsidiarem<br />
a indústria nacional, estimulam o desenvolvimento<br />
doméstico. No cenário mundial, posturas protecionistas<br />
são aceitáveis, desde que utilizadas por um prazo<br />
predeterminado pela própria OMC, responsável pela<br />
regulamentação e investigação caso a caso.<br />
Todo país integrante da OMC tem o direito de fazer reclamações<br />
referentes a perdas e prejuízos causados por<br />
outro país-membro. Cabe à própria OMC montar uma<br />
comissão para investigar os pormenores do caso e chegar<br />
a uma conclusão. Assim, além de alegar ter sofrido<br />
algum dano, o país terá de prová-lo. Caso reconhecido,<br />
será utilizada uma das diversas medidas de caráter protecionista<br />
para ser restituído o dano ou risco. As principais<br />
medidas protecionistas são basicamente dividas<br />
entre salvaguardas, antidumping e compensatórias.<br />
Salvaguardas são as medidas que um governo adota<br />
para aliviar imediatamente a sua economia e têm um<br />
prazo estipulado para acabar. 24 O Acordo de Salvaguardas<br />
da OMC 25 e o Artigo XIX do GATT garantem que,<br />
caso algum produto estrangeiro ameace a competitividade<br />
de seu mercado interno, será permitida a elevação<br />
de tarifas ou imposições comerciais que lhe protejam e<br />
permitam fortificação. Não são, portanto, uma retaliação<br />
a medidas desleais adotadas por outros países, mas<br />
o preenchimento provisório de lacunas que, incidentalmente,<br />
causem danos a uma das partes. Nos casos em
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
que há incidência de práticas ilegais de comércio, as<br />
medidas cabíveis são antidumping e as compensatórias.<br />
Os casos chamados de dumping abrangem aqueles<br />
nos quais um determinado produto é vendido no exterior<br />
por um preço abaixo do custo de produção no<br />
mercado doméstico interno. Para que seja verificado,<br />
o produto é comparado aos seus equivalentes ou similares<br />
no mercado importador. 26 Se for verificado e<br />
comprovado que a prática está prejudicando a indústria<br />
local, é conferido o direito de adoção de taxas antidumping<br />
a determinado produto e fabricante, havendo<br />
a verificação de sua regularidade e efetividade pela<br />
OMC. 27 Esse processo difere das medidas compensatórias<br />
aplicadas quando uma indústria estrangeira recebe<br />
subsídios governamentais que causem danos à<br />
indústria doméstica.<br />
Por subsídio se entende o ato de o governo, através de<br />
qualquer de suas agências ou autoridades, financiar<br />
determinado setor ou companhia, de modo a conceder<br />
benefícios. Sendo comprovados casos de empresas<br />
subsidiadas prejudicando a indústria local, o governo<br />
pode impor sobretaxas especiais que compensem<br />
seus danos. 28 Os subsídios são classificados em: 29<br />
i) Proibidos (ou Vermelho): quando o subsídio for<br />
concedido, ainda que não vinculado diretamente<br />
ao exportador em questão e sim ao ganho com exportações,<br />
reais ou previstas.<br />
ii) Acionáveis (ou Amarelo): são específicos e não<br />
proibidos, a serem calculados por unidade do produto<br />
subsidiado.<br />
iii) Não acionáveis (ou Verde): por não serem considerados<br />
específicos, não correm o risco de sofrer<br />
medidas compensatórias.<br />
A interferência da OMC na legitimidade das ações retaliatórias<br />
se deve ao impacto que estas ocasionam no<br />
âmbito internacional, como, por exemplo, dificultar o recebimento<br />
ou envio de Investimentos Estrangeiros Diretos<br />
(IED). 30 Como os julgamentos se baseiam em análises<br />
individuais, há duas sugestões amplamente citadas para<br />
evitar controvérsias e impasses no cenário comercial. 31<br />
Com relação às tarifas alfandegárias, a rodada mais importante<br />
para esse tópico foi, sem dúvida, a Rodada<br />
Uruguai. Mesmo que tenha ficado aquém do esperado,<br />
principalmente pelos países em desenvolvimento, foi<br />
importante para criar uma ampla definição de como<br />
funcionaria o sistema de impostos sobre produtos importados.<br />
Nessa Rodada houve um corte médio de 37%<br />
das tarifas de importação internacionais. Os países desenvolvidos<br />
assumiram a meta de reduzir as tarifas em<br />
49%. 32 Desde 1974, com o Acordo Multifibras, impunha-<br />
-se que os países-membros do GATT e, posteriormente,<br />
da OMC fixassem cotas para importação. Desse modo,<br />
cada cota abrangia um determinado produto, podendo<br />
ser negociada em acordos de comércio bilaterais.<br />
Essa consolidação nas tarifas ofereceu maior segurança<br />
ao cenário mundial, pois, depois de registrada, uma<br />
tarifa não pode ser aumentada ou neutralizada por<br />
outras medidas não tarifárias sem uma negociação de<br />
compensações com os principais exportadores do produto.<br />
Atualmente, é comum notarmos países aumentando<br />
as tarifas alfandegárias sem o devido registro.<br />
Para citarmos alguns exemplos recentes, o Brasil, no<br />
começo do segundo semestre de 2011, aumentou impostos<br />
em relação à importação de veículos automotores,<br />
visando incentivar a abertura de novas fábricas<br />
no país. O mesmo pôde ser observado na França com o<br />
aumento de impostos na importação de commodities,<br />
o que por sinal não agradou aos países que têm a sua<br />
base econômica voltada à produção e exportação de<br />
commodities, como é o caso do próprio Brasil.<br />
Essa é uma discussão que requer a análise de séculos<br />
de comércio oscilante e cuja conclusão será delicada<br />
e extensa, mas que facilitará o comércio sistêmica e<br />
definitivamente. Em tese, todos os países ou blocos<br />
econômicos são a favor do liberalismo econômico,<br />
abaixando, assim, suas tarifas alfandegárias, pois, além<br />
de aumentar seus mercados, gera-se o aumento da<br />
competitividade, o que aumenta a necessidade de ser<br />
melhor e de se buscarem novas ferramentas e tecnologias,<br />
desenvolvendo-se de modo mais rápido e gerando<br />
produtos cada vez melhores, com preços mais<br />
baixos, agradando, assim, a população em geral, que<br />
percebe a melhoria na qualidade e no custo-benefício.<br />
Essa abertura econômica, no entanto, deve sempre ser<br />
feita progressiva e controladamente, fortalecendo a<br />
economia nacional, dando-lhe mais força para competir<br />
na economia mundial.<br />
129
Panaroma dos Países<br />
MERCOSUL<br />
O Mercosul, que tem como principais países Brasil e Argentina,<br />
está em busca de acordos na OMC.<br />
Quanto ao protecionismo, o Mercosul ainda é um bloco<br />
econômico muito fechado. O Brasil é considerado hoje<br />
o mais protecionista do G-20, sendo a Alemanha o país<br />
mais liberal. A Argentina também é considerada protecionista.<br />
Esse protecionismo acaba prejudicando a relação<br />
entre Mercosul e OMC, pois a OMC busca a liberalização<br />
do comércio. Os países em desenvolvimento,<br />
no entanto, temem que, se a liberalização não ocorrer<br />
de maneira igualitária, os países desenvolvidos terão<br />
certa vantagem e prejudicarão os países em desenvolvimento.<br />
O Brasil, principal representante do Mercosul,<br />
tem ganhado notoriedade, tendo vencido algumas<br />
disputas internacionais contra os países desenvolvidos<br />
na questão comercial na OMC. Temos, como exemplo,<br />
o caso do Brasil versus Canadá (Embraer), Brasil versus<br />
EUA (algodão) e Brasil versus UE (açúcar).<br />
Alguns países do Mercosul também são parte do G-20,<br />
ganhando atenção e voz no mundo, com o consequente<br />
aumento de sua importância mundial. Ambos<br />
– OMC e Mercosul – têm buscado uma parceria, apesar<br />
dos interesses divergentes, mas as negociações estão<br />
bem encaminhadas.<br />
UNIãO EUROPEIA<br />
Por tratar-se de uma união aduaneira, o bloco tem sido<br />
favorável ao liberalismo econômico, com restrições<br />
ao protecionismo. A Alemanha, que está entre os três<br />
maiores exportadores do mundo, tem um grande peso<br />
nas opiniões do bloco, bem como a França, que é um<br />
pouco mais protecionista isoladamente. A França, no<br />
entanto, apoia a Alemanha e apenas faz um contrapeso<br />
no tocante a algumas medidas para equilibrar e<br />
apoiar a economia alemã.<br />
A Alemanha em muito critica o protecionismo, particularmente<br />
nos EUA, por este país adotar medidas prote-<br />
130<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
cionistas quando há crise. A Europa atualmente se encontra<br />
em crise pelo fato de alguns países apresentarem<br />
grandes déficits e estarem enfrentando um momento<br />
difícil, mas ainda assim continua a favor do liberalismo,<br />
sendo contrária ao protecionismo como forma de resolver<br />
os problemas. A Alemanha, a França e a Itália fazem<br />
parte do G-8, um grupo político e econômico muito forte.<br />
A relação entre a UE e a OMC é muito boa.<br />
O único segmento em que a União Europeia tem adotado<br />
medidas protecionistas é no agrícola, dificultando<br />
cada vez mais a entrada dos países em desenvolvimentos<br />
no mercado europeu, com barreiras de natureza<br />
não tarifária, particularmente exigências quanto a regras<br />
de qualidade e legislações ambientais.<br />
REINO UNIDO<br />
O Reino Unido nem sempre adotou uma postura liberalista<br />
em sua história, porém, na OMC, atualmente,<br />
sua postura é contra o protecionismo e a favor do liberalismo.<br />
O Reino Unido acredita que atitudes liberais e<br />
de expansão e liberalização do comércio são as maneiras<br />
viáveis de combater a desigualdade no, comércio e<br />
combater a pobreza. Um aliado valioso atual é o próprio<br />
Brasil, pois, na candidatura de Luis Inácio Lula da<br />
Silva, ambos os países concordavam em não fazer uma<br />
economia protecionista em época de recessão econômica,<br />
pois sabiam que, se os países adotassem medidas<br />
protecionistas, isso só ia agravar a situação global.<br />
Sendo assim, o Reino Unido inicia acordos bilaterais<br />
em prol do liberalismo. Normalmente tenta seguir os<br />
EUA, e o próprio país tem um grande peso quando decide<br />
algo, já que, por ser um dos principais países com<br />
relação ao comércio, o Reino Unido sempre teve foco<br />
em fazer acordos e chegar a algumas resoluções dentro<br />
da OMC. Priorizando sempre o tempo de debate e<br />
os acordos postos à mesa durante a Rodada de Doha, o<br />
Reino Unido sempre teve o foco em fechar pelo menos<br />
algum acordo, para dar o primeiro passo em direção à<br />
igualdade e ao desenvolvimento do mundo em si. Portanto,<br />
o Reino Unido tem um panorama totalmente a<br />
favor da OMC e da liberalização, como um dos meios<br />
de se alcançar a evolução.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
RÚSSIA<br />
A Rússia, sempre preocupada com seus produtos agrícolas<br />
e sua propriedade intelectual, em face dos acordos<br />
bilaterais anteriormente firmados, mantinha-se<br />
distante da OMC até sua entrada em 2011. A Rússia<br />
tem muito a crescer com a liberalização do comércio e<br />
a abertura de seus mercados.<br />
CEI (COMUNIDA<strong>DE</strong> DOS ESTADOS IN<strong>DE</strong>PEN<strong>DE</strong>NTES)<br />
Os países asiáticos têm sempre tido uma postura mais<br />
protecionista. A China, que é atualmente a principal<br />
potência asiática, na época mais protecionista tinha<br />
pouco poder de opinião. Ao ingressar na OMC em<br />
2001, tornou-se, posteriormente, o maior exportador<br />
do mundo, tendo crescido muito economicamente.<br />
Além disso, a China faz parte do G-20, do Conselho de<br />
Segurança das Nações Unidas e de outras organizações<br />
muito influentes. O Japão, que faz parte do G-8,<br />
tem uma economia aberta e também é a favor da liberalização<br />
no comércio mundial.<br />
ÁFRICA<br />
A África ainda apresenta níveis elevados de pobreza,<br />
com a utilização de medidas protecionistas no sentido<br />
de darem maior vida às empresas domésticas. A África<br />
do Sul, diferentemente, integrou-se à OMC e provou<br />
ser possível desenvolver-se mais com a liberalização<br />
do que com o protecionismo.<br />
CARICOM<br />
O Mercado Comum do Caribe (Caricom) foi criado em<br />
1973 com o objetivo de ser um bloco de cooperação<br />
econômica e política regional. Trata-se de ex-colônias<br />
europeias buscando o desenvolvimento conjunto.<br />
Atualmente, as tarifas entre os países são consideradas<br />
elevadas pela OMC. Há um acordo de livre comércio,<br />
com o intento da redução das tarifas. No entanto,<br />
por se tratarem de países em desenvolvimento, ainda<br />
apresentam níveis elevados de protecionismo, basea-<br />
dos na crença de que, por serem pequenos, poderiam<br />
ser “engolidos” pelos maiores.<br />
A Secretaria Geral da Caricom está localizada em Georgetown<br />
(Guiana) e centraliza as regras para a comercialização<br />
com o mercado. O objetivo é atender às necessidades<br />
dos seus membros, reduzir o protecionismo e a burocracia<br />
nas negociações. O objetivo principal é a eliminação<br />
de barreiras para incrementar as relações comerciais.<br />
NAFTA<br />
O Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio)<br />
é um importante bloco econômico entre o México, EUA<br />
e Canadá. Os EUA, antes e posteriormente à crise de<br />
1929, têm alternado medidas de livre-cambismo e de<br />
protecionismo. Até 1929, os EUA adotaram o protecionismo,<br />
porém, após a crise, precavendo-se contra possíveis<br />
crises de desemprego em massa, os EUA adotaram<br />
uma política de livre comércio. A partir da criação<br />
do Nafta, integrando os três países norte-americanos,<br />
o México conseguiu alcançar um nível de desenvolvimento<br />
econômico muito maior. Já a relação entre os<br />
EUA e o Canadá, que têm a maior fronteira comercial<br />
do mundo, também foi positivamente influenciada<br />
pela assinatura do Tratado.<br />
Atualmente, devido à concorrência desleal por parte dos<br />
outros países, os EUA têm adotado políticas mais protecionistas,<br />
a fim de se proteger da crise. O mesmo tem<br />
ocorrido no Canadá e no México, parceiros do Nafta.<br />
OC<strong>DE</strong><br />
A OC<strong>DE</strong> (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento<br />
Econômico) é uma organização internacional<br />
que congrega os países com maior nível de desenvolvimento<br />
econômico. Estabelecida em 1961, atualmente<br />
conta com 34 países-membros. É importante ressaltar<br />
a distinção entre o protecionismo praticado pelos países<br />
desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Os<br />
países em desenvolvimento utilizam o protecionismo<br />
para defender-se dos desenvolvidos, além de buscar<br />
proteger seus mercados e produtos locais. Já os desenvolvidos<br />
utilizam do protecionismo para proteger<br />
131
o emprego e a indústria local, particularmente nos segmentos<br />
de menor competitividade. Com a crise financeira<br />
de 2008, a tendência dos países têm sido buscar<br />
proteger-se, aplicando barreiras não tarifárias e outras<br />
medidas protecionistas.<br />
Observamos, no mundo atual, o seguinte panorama:<br />
EUA, Japão e Reino Unido, que antes eram a favor do<br />
protecionismo, hoje se encontram a favor da liberalização.<br />
Já os países da União Europeia, sempre mais liberais<br />
quanto ao comércio internacional, permanecem a favor<br />
da liberalização. O Mercosul sempre foi mais fechado e<br />
vem-se liberalizando paulatinamente. No entanto, a crise<br />
de 2008 reduziu a velocidade do processo, também<br />
ocorrendo a prática de novas medidas protecionistas.<br />
A China, que promove a liberalização desde 2001, com<br />
sua entrada na OMC, já sinalizou que será mais protecionista<br />
em face da crise, com o intuito de proteger seus<br />
mercados. A África do Sul tem adotado uma postura similar<br />
à do Brasil e China, procurando manter-se próxima<br />
a esses dois para incrementar sua economia.<br />
Dessa forma, observamos que o paradoxo protecionismo<br />
versus liberalismo alternam conforme o nível de<br />
desenvolvimento e a situação econômica dos países.<br />
Ponderações<br />
Um dos acordos principais da OMC, o Acordo sobre<br />
Compras Governamentais, visa à não discriminação e<br />
transparência dos países, tendo em vista a diminuição<br />
do campo de barreiras formais. Essa diminuição também<br />
é possível graças à facilitação do comércio internacional,<br />
fazendo com que tudo seja mais dinâmico, simples<br />
e eficaz no combate às barreiras e desigualdades.<br />
Cabe discutir a doação de fluxos adicionais de auxílio<br />
ao comércio bilateral, regional e multilateral para o<br />
aumento da capacidade relativa de comercialização<br />
entre países-membros, além do apoio ao desenvolvimento<br />
dos meios de monitoramento e avaliação de<br />
iniciativas, e encorajar a integração do comércio com<br />
o desenvolvimento interno através de parcerias entre<br />
os países. Tais negociações almejam o aumento na<br />
assistência técnica e capacitação, especialmente para<br />
países em desenvolvimento, o que consequentemente<br />
melhorará a cooperação entre membros.<br />
132<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Na questão do protecionismo, podemos tratar com<br />
políticas aplicadas resumidamente ao dumping, salvaguardas<br />
e subsídios. A prática de dumping é considerada<br />
um passo para trás no desenvolvimento<br />
das relações de comércio. Para que um país exerça o<br />
que lhe é permitido em termos de reclamações, este<br />
deve calcular a extensão do dumping e mostrar os<br />
danos causados. Nesse sentido, há efetivamente três<br />
métodos para calculá-los, a fim de se estabelecer a<br />
forma de nivelação. São elas a Média Ponderada (M-<br />
M), na qual se calcula a margem de dumping através<br />
da comparação da média ponderada do preço de exportação<br />
com a média ponderada do valor normal.<br />
O segundo método utilizado é o método de Comparação<br />
Transação (T-T). Esse método é utilizado em<br />
circunstâncias específicas por não gerar os mesmos<br />
resultados que o primeiro método, já que ele é utilizado<br />
com a proximidade de tempo entre as vendas<br />
no mercado interno e as vendas decorrentes de exportação.<br />
Esse método é feito calculando uma margem<br />
específica para cada transação, para então ser<br />
calculada a margem de dumping. O último método<br />
de comparação é o Método de Comparação Média<br />
Ponderada – Transação (M-T). Essa terceira metodologia<br />
tem um caráter excepcional, pois só poderá ser<br />
utilizada se os requesitos estabelecidos na segunda<br />
parte do Artigo 2.4.2 do Acordo Antidumping forem<br />
atendidos. Esse método consiste em uma comparação<br />
na qual tem-se, de um lado, as transações de exportações<br />
e, do outro, a média ponderada do valor<br />
normal, assim o preço de exportação é subtraído de<br />
cada transação de exportação da média ponderada<br />
do valor normal. O Zeroing é uma prática adotada<br />
pelos EUA contra a qual o Brasil entrou na OMC e obteve<br />
ganho de causa. Essa é uma prática que consiste<br />
em desconsiderar as importações em que foi verificado<br />
“dumping negativo”, no cálculo da margem de<br />
dumping. Sendo assim, ao se utilizarem dessa prática,<br />
as autoridades nacionais computam como zero o resultado<br />
obtido por meio da comparação de transações,<br />
no qual o preço de exportação acabou sendo<br />
superior ao valor normal. Essa prática pode acarretar<br />
duas consequências, a primeira é que a probabilidade<br />
de ser apurado dumping aumenta, aumentando<br />
a probabilidade de imposição de medidas antidumping;<br />
já a segunda consequência seria que essa prática<br />
acaba sendo responsável por majorar a dimensão<br />
da margem de dumping, fazendo com que não seja<br />
possível minorá-la.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Apesar de os subsídios poderem ser importantes na<br />
transformação econômica de países em desenvolvimento,<br />
a aplicação deve ser cautelosa. Existem regras<br />
muito bem detalhadas quanto ao critério de aplicação<br />
de um subsídio, verificando-se qual é o impacto da importação<br />
de produtos subsidiados na indústria doméstica<br />
de determinado país, assim como o procedimento<br />
de iniciação e condução da investigação e das regras<br />
na implementação e duração das medidas de compensação.<br />
Quando um país restringir importações para salvaguardar<br />
os produtores nacionais, a priori deve oferecer<br />
algo em troca para compensação. O Acordo, nesse<br />
sentido, afirma que os países exportadores podem<br />
fazê-lo desde que seja consultada a OMC.<br />
A área de tecnologia pode ser dividida em dois blocos:<br />
i) aqueles que se encontram num estágio avançado de<br />
desenvolvimento e tendem a buscar regulamentação<br />
do campo; e (ii) aqueles dependentes que buscam<br />
boas oportunidades, pois ainda é um setor cujo custo<br />
de importação é alto, o que estimula políticas protecionistas.<br />
Já no tocante a serviços, as obrigações previstas<br />
no GATS estão divididas em duas partes: i) obrigações<br />
gerais, aplicadas a todos os membros direta e automaticamente<br />
e seus respectivos setores de serviço quanto<br />
ao acesso de mercado e tratamento nacional em designados<br />
setores; e ii) comprometimentos específicos,<br />
aplicados a países individualmente escalados.<br />
Devido à crise financeira mundial de 2008, houve uma<br />
reviravolta nas questões comerciais. Atualmente, deve-<br />
-se analisar caso a caso para entender como determinado<br />
país foi afetado, as consequências e perspectivas<br />
de recuperação.<br />
Portanto, durante as discussões, é essencial que cada<br />
país se comprometa a entender a situação dada pelos<br />
restantes e, por isso, pede-se cautela nos discursos. É<br />
esperado que as negociações sejam favoráveis a todos<br />
os países participantes, independentemente do grau<br />
de desenvolvimento econômico. A transparência é essencial<br />
ao bom andamento e evolução das discussões.<br />
Clareza é necessária para que as soluções apresentadas<br />
sejam plausíveis e para que tenham aplicação prática.<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
O Documento de Posição Oficial é o que indicará a real<br />
política externa de determinado país a respeito da liberalização<br />
e facilitação do comércio e como lidacom<br />
o protecionismo. Portanto, resume a posição que o representante<br />
oficial e responsável pela delegação assumirá<br />
ao expor suas opiniões e defender seus interesses.<br />
Vale ressaltar que a opinião pessoal do representante<br />
não deve ser dada durante discussões oficiais dentro<br />
do Comitê, em especial no Documento de Posição Oficial,<br />
que será entregue no primeiro dia em mãos para<br />
a mesa durante o credenciamento. O DPO deve ter no<br />
máximo uma lauda de extensão.<br />
Sugere-se que sejam abordados os seguintes tópicos<br />
no Documento:<br />
• Qual o nível de protecionismo adotado pelo país.<br />
• Parceiros comerciais: quais e quantos são; comercializam<br />
em quais setores; e qual o grau de significância<br />
de cada um.<br />
• Qual é o regime político vigente no país.<br />
• Caso tenha sido atingido pela crise financeira mundial:<br />
qual foi a intensidade; como mudou suas relações<br />
comerciais; e quanto já foi recuperado / quais as<br />
perspectivas para recuperação;<br />
• Como diminuir as divergências internacionais.<br />
• Se está incluído em algum conflito armado atualmente.<br />
• Qual a tolerância para com seus parceiros comerciais<br />
e/ou de bloco.<br />
• Quais as perspectivas do governo para os próximos<br />
anos no aspecto comercial.<br />
133
Bibliografia<br />
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Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/. Último acesso<br />
em: 20/04/2012 às 22:55.<br />
International Monetary Fund. Disponível em: www.imf.org. Último<br />
acesso em: 20/04/2012 às 22:58.<br />
J STOR – Trusted Archives for Scholarship. Disponível em: http://<br />
www.jstor.org/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:01.<br />
Maghreb Arab Online. Disponível em: http://www.maghrebarab.<br />
com/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:02.<br />
Ministério da Fazenda – Banco Central do Brasil. Disponível<br />
em: http://www.bcb.gov.br/?INVEDIR. Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 10:05.<br />
Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: http://www2.<br />
mre.gov.br. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:06.<br />
Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />
Disponível em: http://www.mdic.gov.br/. Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 10:06.<br />
North American Free Trade Agreement. Disponível em: http://<br />
www.nafta-sec-alena.org. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:07.<br />
Office of the United States Trade Representative. Disponível em:<br />
http://www.ustr.gov/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:15.<br />
Organization for Economic Co-Operation and Development.<br />
Disponível em: http://www.oecd.org/. Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 9:50.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Receita Federal. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/.<br />
Último acesso em: 21/04/2012 às 9:50.<br />
Scientific Electronic Library Online – SciELO. Disponível em: http://<br />
www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ri/n20/n20a05.pdf. Último acesso<br />
em: 21/04/2012 às 10:25.<br />
Sociedade Brasileira de História e Educação. Disponível em:<br />
http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/<br />
Individ/Eixo3/193.pdf. Último acesso em: 21/04/2012 às 12:30.<br />
Southern African Development Community. Disponível em: http://<br />
www.sadc.int/. Último acesso em: 21/04/2012 às 12:36.<br />
The Cooperation Council for the Arab States of the Gulf.<br />
Disponível em: http://www.gccsg.org/. Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 13:06.<br />
U.S. Department of State. Disponível em: http://www.state.gov/r/pa/ho/time/wwii/98681.htm.<br />
Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 14:02.<br />
United Nation Conference on Trade and Development. Disponível<br />
em: http://www.unctad.org/. Último acesso em:<br />
21/04/2012 às 14:02.<br />
Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.usp.br. Último<br />
acesso em: 21/04/2012 às 14:04.<br />
World Bank. Disponível em: http://www.worldbank.org/. Último<br />
acesso em: 21/04/2012 às 14:06.<br />
World Trade Organization. Disponível em: www.wto.org. Último<br />
acesso em: 21/04/2012 às 14:08.<br />
Notas explicativas<br />
1. World Trade Report 2007. From GATT to WTO. p. 192,<br />
Disponível em: http://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/<br />
anrep_e/wtr07-2d_e.pdf.<br />
2. About the WTO – a statement by the Director-General. Disponível<br />
em: http://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/<br />
wto_dg_stat_e.htm.<br />
3. The Organization Chart – WTO Structure. Disponível em: http://<br />
www.wto.org/english/thewto_e/tif_e/org2_e.htm.<br />
4. U.S. Department of State. Disponível em: http://www.state.<br />
gov/r/pa/ho/time/wwii/98681.htm.<br />
5. The World Trade Organization. Disponível em: (http://www.wto.<br />
org/english/res_e/booksp_e/anrep_e/wtr07-2d_e.pdf ).<br />
6. CRETELLA, José. Direito Processual na Organização Mundial<br />
do Comércio, OMC: casuística de interesse para o Brasil. Rio de<br />
Janeiro: Forense, 2003, pp. 15-16.<br />
7. O GATT, firmado em 1947, almejava a diminuição de barreiras<br />
ao comércio de bens. À medida que novas necessidades regulatórias<br />
foram aparecendo, o GATT foi sendo aprimorado por uma<br />
série de entendimentos e novos acordos. Não obstante as Partes-<br />
Contratantes atuarem, por vezes, como organização internacional<br />
“de fato”, a natureza jurídica do GATT era contratual. A Organização<br />
Mundial do Comércio (OMC), por sua vez, é, como o próprio<br />
nome faz certo, uma organização internacional, representando,<br />
portanto, um aprimoramento com relação ao sistema do GATT.<br />
Fazer parte da OMC implica aderir, obrigatoriamente, aos acordos<br />
multilaterais sobre o comércio de bens, sendo o principal deles<br />
o GATT, ao GATS – Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços,<br />
e ao TRIPS – Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade<br />
Intelectual Relacionados ao Comércio, bem como ao ESC – Entendimento<br />
Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução<br />
de Controvérsias.<br />
8. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.<br />
Disponível em: (http://www2.desenvolvimento.gov.br/sitio/secex/<br />
negInternacionais/omc/gattRodNegociacao.).<br />
9. PEDROSA, Larisse Dias ; SANFELICE, José Luis. Educação como<br />
Estratégia Política do banco Mundial: o Programa de Capacitação<br />
de Professores (PROCAP) em Minas Gerais. Disponível em: (http://<br />
www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Individ/<br />
Eixo3/193.pdf ).<br />
10. WTO – Sisty Years of the Multilateral Trading System: Archivements<br />
and Challenges. Disponível em: (http://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/anrep_e/wtr07-2d_e.pdf<br />
(p. 180).<br />
11. “Para a consecução desses objetivos (de liberalização<br />
econômica) foram realizadas negociações comerciais multilaterais,<br />
também conhecidas pela denominação de ‘rodadas’”. FONSECA,<br />
João Bosco Leopoldino da. Direito Econômico, p. 181.<br />
135
12. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />
Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />
Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p.29.<br />
13. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />
Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />
Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p. 183<br />
14. Artigo VI do GATT 1994.<br />
15. United Nation Conference on Trade and Development.<br />
Diponível em: http://www.unctad.org/Templates/Page.<br />
asp?intItemID=1418&lang=1<br />
16. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />
Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />
Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p. 185.<br />
17. World Trade Organization. Disponível em: (http://www.wto.<br />
org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/fact5_e.htm).<br />
18. World Trade Organization – Safeguard Measures. Disponível<br />
em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/safeg_e/safeg_e.htm).<br />
19. North American Free Trade Agreement. Disponível em: (http://<br />
www.nafta-sec-alena.org/en/view.aspx).<br />
20. World Trade Organization - Doha Development Agenda.<br />
Disponível em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/<br />
dda_e.htm).<br />
21. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />
Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001 p. 221.<br />
22. World Trade Organization – Aid For a Trade. Disponível<br />
em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/devel_e/a4t_e/<br />
aid4trade_e.htm).<br />
23. RICARDO, David. On the Principles of Political Economy and<br />
Taxation. Cap. VII.<br />
24. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />
Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001. p. 150.<br />
25. World Trade Organization – Legal Text: the WTO Agreements.<br />
Disponível em: (http://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/<br />
ursum_e.htm#lAgreement).<br />
136<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
26. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />
Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001 (p. 117).<br />
27. World Trade Organization – Anti-dumping, subsides, safeguards:<br />
contingents, etc. Disponível em: (http://www.wto.org/<br />
english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm).<br />
28. Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />
Disponível em: (http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.<br />
php?area=5&menu=267).<br />
29. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />
Disponível em: (http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/<br />
interna/interna.php?area=5&menu=267).<br />
30. Receita Federal – O Investimento Estrangeiro. Disponível<br />
em: (http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/I<strong>DE</strong>/I<strong>DE</strong>Brasil-<br />
Irlanda/ide.htm).<br />
31. Ministério da Fazenda – Banco Central do Brasil. Disponível<br />
em: (http://www.bcb.gov.br/?INVEDIR).<br />
32. Do Gatt à OMC: O que mudou, como funciona e para onde<br />
caminha o Sistema Multilateral de Comércio. Disponível em:<br />
(http://www.bndespar.gov.br/SiteBN<strong>DE</strong>S/export/sites/default/<br />
bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/gatt.pdf ).
Rio+20<br />
Conferência das Nações Unidas sobre<br />
Desenvolvimento Sustentável
138<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Em busca de desenvolver ideias e propostas sobre um tema extremamente relevante para o futuro da humanidade,<br />
temos a honra de propor uma simulação de cunho educacional para alunos do ensino médio.<br />
Sejam bem-vindos ao VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil, que será desenvolvido a partir das conclusões do<br />
Comitê para os temas de economia verde, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e governança,<br />
Em 2012 realizaremos uma simulação dos debates da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />
Sustentável (UNCSD), com a ilustre presença das delegações dos países parte da conferência a fim de debater<br />
as melhores propostas para o futuro ambiental do nosso planeta, destacando a importância do ser humano e da<br />
erradicação da pobreza com a preservação do meio ambiente.<br />
Valorizando as iniciativas das nações, esperamos debates que culminem em propostas de rumos para a crise ambiental<br />
do planeta, com soluções de curto e longo prazo, sempre com base no respeito à soberania das nações.<br />
Meu nome é João Luiz Vannuzini Ferrer, sou aluno do 4º semestre de Engenharia Mecânica da FEFAAP. Participei do<br />
Fórum FAAP pela primeira vez no ano de 2009, como um dos representantes do Colégio FAAP, e fui como delegado<br />
da Itália no Comitê UNFCCC – COP 15. No ano de 2011, atuei no desenvolvimento de ideias e na organização do VII<br />
Fórum FAAP como voluntário no Comitê UNFCCC, no qual simulamos a COP 16.<br />
Meu nome é Rainer Rodrigues de Assis, sou aluno do 4º semestre de Relações Internacionais da Fundação Armando<br />
Alvares Penteado. Iniciei minha trajetória na VII edição do Fórum FAAP no ano de 2011, como voluntário do Comitê<br />
da UNFCCC.<br />
Meu nome é Renan Fava Serafim, também sou aluno do 4º semestre de Relações Internacionais da FAAP. Iniciei minha<br />
trajetória no Fórum FAAP em 2011 como voluntário de estrutura, atuando externamente no apoio aos Comitês.<br />
JOãO LUIz VANNUzINI fERRER<br />
RAINER RODRIGUES <strong>DE</strong> ASSIS<br />
RENAN fAVA SERAfIM<br />
Diretores Acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Introdução<br />
A intensificação dos problemas ambientais deriva das Revoluções<br />
Industriais, que foram períodos de intensa mudança<br />
tecnológica, com expressiva otimização do processo<br />
de produção, iniciado na Inglaterra no século XVIII. Mais<br />
tarde, nos Estados Unidos, no século XIX, foi desenvolvido<br />
o fordismo, um modelo de produção em massa totalmente<br />
automatizado da indústria automobilística. A criação<br />
dessa linha de montagem e a consequente redução dos<br />
custos da produção induziram à percepção de que todos<br />
podiam ter direito de ter o seu veículo. Assim como<br />
mostra Charles Chaplin no filme Tempos Modernos. Assim,<br />
estabelecem-se as bases da indústria moderna.<br />
A partir desse momento, com a indústria em expansão,<br />
houve necessidade da intensificação da produção de eletricidade,<br />
pecuária, agricultura, desmatamento, uso dos<br />
recursos naturais e da consequente produção de lixo.<br />
Atualmente, já existem estudos comprovando as alterações<br />
causadas pela crescente presença humana no planeta, e a<br />
atividade industrial em expansão. Entre os muitos exemplos<br />
dessas alterações podemos citar: contaminação das<br />
águas e dos solos, mudanças nos regimes de chuvas e ventos,<br />
queda de produtividade agrícola, aumento do número<br />
de refugiados ambientais em virtude de secas e enchentes,<br />
escassez de água potável, aumento do calor nas cidades,<br />
elevação do nível dos mares, perda de espécies e devastação<br />
dos ecossistemas e o aumento da incidência de doenças<br />
infecciosas e transmissíveis por insetos, entre outras.<br />
Felizmente, com o passar do tempo, a sociedade começou<br />
a criar consciência desses problemas e passou a<br />
se organizar. Em 1948 houve a criação do International<br />
Union for Conservation of Nature and Natural Resources<br />
(IUCN), que foi a primeira organização fundamentada<br />
na preservação e conservação da natureza. Após<br />
ela, foram criados diversos outros grupos de pesquisa,<br />
órgãos não governamentais (ONGs) e órgãos governamentais<br />
e institutos de desenvolvimento em prol do<br />
meio ambiente e da erradicação da pobreza.<br />
Os Estados passaram também a dar mais relevâncias<br />
a esses temas e a tomar medidas em conjunto. A ONU<br />
proporcionou grandes discussões e avanços em favor<br />
do homem e do meio ambiente nas Conferências de<br />
Estocolmo, em 1972, do Rio de Janeiro, em 1992, e agora,<br />
em 2012, com a Rio+20.<br />
Histórico do Problema<br />
Foi lançado em 1972 pelo Clube de Roma 1 o livro Os Limites<br />
do Crescimento, no mesmo ano da Convenção de Estocolmo.<br />
Escrito com o objetivo de demonstrar a limitação dos<br />
recursos naturais pelo seu uso demasiado, foi o primeiro<br />
grande alerta científico, demonstrando com diagramas e<br />
ciência aplicada os impactos e a capacidade do planeta em<br />
assimilar a poluição e resíduos do crescimento econômico.<br />
A primeira Conferência Internacional de Meio Ambiente<br />
e Desenvolvimento aconteceu vinte e sete anos após<br />
a Segunda Guerra Mundial, em 1972, na capital da Suécia,<br />
Estocolmo. Os países europeus estavam em um<br />
processo de desenvolvimento industrial intenso, pois a<br />
Europa passava por um grande esforço de reconstrução<br />
no pós-guerra, vivenciandoa uma fase de grande prosperidade<br />
econômica. Porém, já com o aparecimento de<br />
muitos problemas ambientais, relacionados com resíduos<br />
industriais e sobras de lixo químico da guerra que se<br />
acumularam nos países mais afetados por ela.<br />
O processo de reconstrução, industrialização e a prosperidade<br />
econômica da Europa ocasionaram muitos episódios<br />
de poluição transfronteiriça – poluição na qual um<br />
país agride o outro involuntariamente, ou seja, a poluição<br />
cruza a fronteira de um país e afeta o outro. Episódios<br />
como chuva ácida vinda da Alemanha, caindo em florestas<br />
da Noruega; lagos da Dinamarca mortos por chuvas<br />
ácidas da Alemanha; além dos problemas entre a Itália e<br />
a Espanha, e diversos outros casos de impactos ambiental.<br />
A ONU atuou firmemente no bloqueio da expansão de<br />
conflitos entre os países na Europa, que seriam possíveis<br />
devido a tensão ambiental crescente. Muitos desses problemas<br />
ambientais não eram muito conhecidos e foram<br />
compreendidos na medida em que foram acontecendo.<br />
Nesse ambiente em que estava principalmente a Europa,<br />
a Conferência de Estocolmo estimulou a melhoria<br />
da tecnologia e a construção de legislações pertinentes.<br />
A Conferência tornou-se um marco, iniciando um<br />
processo de criação dos órgãos de meio ambiente em<br />
todos os países. Por exemplo, no Brasil, os impactos da<br />
realização dessa Conferência foram muito importantes,<br />
no ano seguinte, em 1973, foi criada a Secretaria<br />
Especial de Meio Ambiente (SEMA), origem do Ministério<br />
do Meio Ambiente e início do processo de estruturação<br />
da maior parte dos órgãos ambientais do Brasil.<br />
139
Entre os anos de 1972 e 1992, foi um período no qual os<br />
países começam a estruturar-se nas questões ambientais.<br />
A Conferência Rio 92 foi marcada por uma avaliação<br />
do período anterior e de instrumento para o século<br />
XXI. Um dos principais produtos dessa Conferência foi<br />
a Agenda 21, uma orientação para os países, estados e<br />
empresas lidarem com essas problemáticas no século<br />
XXI. Em 2002 aconteceu a Rio+10, com o objetivo de<br />
avaliar os avanços de implantação da agenda ambiental.<br />
Esse foi um período de estruturação da governabilidade<br />
em prol do meio ambiente, por meio do governo,<br />
das ações espontâneas e da criação de legislações.<br />
Contudo, o período entre os anos de 1992 e 2012 representam<br />
outro momento, no qual é visível o aprofundamento<br />
da gestão ambiental no universo corporativo e<br />
na percepção da sociedade. Com a questão sendo discutida<br />
no âmbito público, o movimento ambientalista<br />
cresce e ganha espaço na mídia, e o tema chegou ao<br />
cotidiano das pessoas: nas novelas, no jornal, na televisão,<br />
no noticiário, nas escolas; nesses 20 anos recentes,<br />
é muito visível o aprofundamento e a ampliação da<br />
percepção pública sobre a questão ambiental.<br />
O mundo está muito diferente em termos do relacionamento<br />
com o meio ambiente. As empresas mais estruturadas<br />
já apresentam relatórios de sustentabilidade,<br />
começaram a implementar instrumentos para suprir<br />
os impactos causados ao meio ambiente, como, por<br />
exemplo, os projetos de créditos de carbono – parte da<br />
experiência do Protocolo de Kyoto com a comercialização<br />
do mercado de carbono no mundo, entre outros.<br />
Histórico do Comitê<br />
Em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, ocorreu a<br />
Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano<br />
- United Nations Conference on the Human Environment.<br />
Foi oficialmente considerada a Primeira Conferência<br />
Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente da ONU e<br />
contou com a presença da maioria dos países.<br />
Uma comissão foi criada nos anos 1980, composta por<br />
pessoas notáveis na área ambiental, oriundas de vários<br />
países, para produzir um documento cujas conclusões<br />
norteariam a Conferência de 1992. Representando o<br />
Brasil, participou o dr. Paulo Nogueira Neto, que havia<br />
140<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
sido o primeiro secretário especial de meio ambiente<br />
do governo federal. Essa comissão ficou conhecida<br />
como “Brundtland”, devido à sua coordenadora, Gro<br />
Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega.<br />
Em 1987, o resultado dessa comissão foi publicado originalmente<br />
como Our Common Future (Nosso Futuro<br />
Comum). Ela apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento,<br />
definindo-o como o processo que satisfaz as<br />
necessidades presentes, sem comprometer a capacidade<br />
das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.<br />
Iniciou-se então a disseminação do conceito de<br />
desenvolvimento sustentável, que passou a ser conhecido,<br />
e muitos autores e instituições se dedicaram a propor<br />
formas de aplicação prática desse importante conceito.<br />
Vinte anos depois, em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada<br />
a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente<br />
e Desenvolvimento (UNCED), também chamada<br />
de Rio 92, com o objetivo principal de discutir propostas<br />
para reduzir a degradação do meio ambiente e desenvolver<br />
a ideia de desenvolvimento sustentável. A Conferência<br />
funcionou em forma de cúpula, ou seja, contou com<br />
a participação da grande maioria de chefes de Estado ou<br />
de seus devidos representantes diretos, dos principais países<br />
do mundo. Um dos resultados da Rio 92 foi a Declaração<br />
do Rio, que tem como finalidade definir os princípios<br />
éticos fundamentais para o desenvolvimento de uma<br />
sociedade sustentável, com base no desenvolvimento<br />
econômico vinculado à proteção do meio ambiente e da<br />
erradicação da pobreza, entre outros princípios. Também<br />
foram propostos nessa Conferência os documentos:<br />
a. Convenção Sobre Diversidade Biológica (CBD)<br />
– foi aprovada por 154 países, estabelecendo dois<br />
objetivos: a conservação da biodiversidade e a repartição<br />
justa e equitativa dos benefícios derivados<br />
da utilização desses recursos. A Convenção exigiu<br />
longas discussões pelo fato de dois terços dos recursos<br />
genéticos mundiais encontrarem-se em países<br />
em desenvolvimento, mas a grande maioria dos<br />
recursos tecnológicos e financeiros para explorá-los<br />
pertencerem aos países desenvolvidos. 2<br />
b. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a<br />
Mudança Climática (UNFCCC – United Nations Framework<br />
Convention on Climate Change) –reconhece<br />
que o ser humano precisa agir para estabilizar as alterações<br />
no clima global. Em 1997, na sua terceira Confe-
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
rência das Partes (COP), em Kyoto, foi criado o Protocolo<br />
de Kyoto, que estabelece metas para a redução de<br />
emissões de gases de efeito estufa (GEE), de 5% abaixo<br />
do ano base de 1990, no período de 2008 a 2012. O<br />
Protocolo entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.<br />
c. Convenção das Nações Unidas de Combate à<br />
Desertificação (UNCCD) – estabeleceu termos de referência<br />
para o Plano de Ação Regional, no âmbito do<br />
combate à desertificação, propondo soluções adequadas,<br />
indicando as linhas de trabalho comuns a toda as<br />
regiões que englobam os seguintes tópicos relevantes:<br />
conservação do solo e da água; participação das populações<br />
das áreas afetadas; políticas de suporte em decisão<br />
e planejamento dos territórios; estabelecimento<br />
de informações, dados e indicadores.<br />
d. Agenda 21 –documento longo, dividido em 40<br />
capítulos que buscaram sintetizar as iniciativas, programas<br />
e projetos que têm que deveriam ser feitos a<br />
partir de 1992 para a entrada no século XXI na direção<br />
da sustentabilidade. Esta Agenda é uma referência<br />
para países, estados subnacionais e municípios<br />
implantarem programas eficazes de meio ambiente.<br />
Dez anos mais tarde, ocorreu o Rio +10 ou Cúpula sobre<br />
Desenvolvimento Sustentável (Earth Summit 2002<br />
– The world Summit on Sustainable Development) em Joanesburgo,<br />
na África do Sul. Participaram chefes de Estado,<br />
delegações nacionais, além de líderes de ONGs e<br />
membros de empresas privadas nos eventos paralelos.<br />
O foco das discussões desse evento foi bastante amplo,<br />
abordando temas como: o aumento da expectativa de<br />
vida, a conservação das reservas naturais, o exacerbado<br />
aumento do consumo de água, comida, energia; a<br />
necessidade de saneamento básico, saúde e estabilidade<br />
econômica. Todos esses temas estavam contidos<br />
na Agenda 21. A Rio+10 ocorreu em um momento no<br />
qual os líderes e interessados na área já estavam aptos<br />
a melhor avaliar como estava o cenário internacional<br />
e identificar alvos quantificáveis para poderem tomar<br />
medidas mais estruturadas e consistentes.<br />
Foi elaborada a Declaração de Joanesburgo durante esse<br />
encontro. Em termos de compromisso político, foi mais<br />
generalizado e focado em temas que versavam sobre: “a<br />
fome crônica, desnutrição, ocupação estrangeira; desastres<br />
naturais; conflito armado, problemas de drogas ilícitas;<br />
o crime organizado e a corrupção; tráfico de armas<br />
ilícitas, tráfico de seres humanos, o terrorismo, a intolerância<br />
e incitamento ao ódio racial, étnico, religioso e<br />
outros; xenofobia; e doenças endêmicas, transmissíveis<br />
e crônicas, em particular HIV/AIDS, malária e tuberculose”<br />
(Declaração de Joanesburgo, 2002).<br />
Definição do Problema<br />
Vinte anos após a Rio 92, os países se encontrarão para<br />
avaliar os avanços desse período e planejar as ações<br />
em prol da qualidade de vida da população. Os quatro<br />
principais temas que nortearão os debates são: a<br />
economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável,<br />
a erradicação da pobreza e a governança internacional<br />
do tema.<br />
Panorama<br />
AGENDA DA CONFERêNCIA<br />
O tema meio ambiente é amplo e recente. Ele é composto<br />
por inúmeros campos do conhecimento e de<br />
ação prática. Alguns desses campos podem ser citados<br />
e são estratégicos para o entendimento desse assunto.<br />
Biodiversidade<br />
A cada dia que passa esse tema ganha maior importância,<br />
pois a biodiversidade do planeta influi diretamente<br />
na qualidade da nossa vida e na disponibilidade do principal<br />
recurso natural, a água; além disso, é alarmante a sua<br />
redução em praticamente quase todos os países. A ONU<br />
já expressou esse reconhecimento pela importância de<br />
ações e políticas públicas para garantir a permanência da<br />
biodiversidade do planeta e evitar a extinção de espécies.<br />
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deu uma manifestação<br />
dessa prioridade no lançamento da Década da<br />
Biodiversidade, 3 manifestando que “garantir um verdadeiro<br />
desenvolvimento sustentável para o crescimento<br />
da família humana depende da diversidade biológica,<br />
dos bens vitais e dos serviços que ela nos oferece”.<br />
141
Segundo estudo publicado pela revista Science em<br />
2010, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios ficam<br />
mais próximas da extinção a cada ano. 4 Para a IUCN<br />
(International Union for Conservation of Nature), os índices<br />
de extinção de espécies estão de mil a 10 mil vezes<br />
superiores ao que deveriam ser naturalmente, sem a<br />
intervenção do homem. Estão ameaçados de extinção:<br />
21% dos mamíferos, 30% dos anfíbios, 12% dos pássaros,<br />
28% dos répteis, 37% dos peixes de rios, 70% das<br />
plantas e 35% dos invertebrados. 5<br />
Economia Verde<br />
Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para<br />
o Desenvolvimento), a economia verde é aquela que<br />
resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade<br />
social, ao mesmo tempo que reduz significativamente<br />
os riscos ambientais.<br />
O crescimento da renda e do nível de emprego devem<br />
ser alavancados por investimentos públicos e privados,<br />
desde que reduzam a emissão de gases de efeito estufa e<br />
dos poluentes urbanos, melhorem a eficiência energética<br />
dos produtos e processos disponíveis e de acesso aos<br />
serviços e recursos, evitando a consequente perda da<br />
biodiversidade, além de valorizar os serviços ambientais.<br />
O PNUMA afirma também que o investimento de 2%<br />
do PIB global por ano – o que representa 1,3 trilhão de<br />
dólares – nos principais setores atuantes globais, entre<br />
eles agricultura, edificações, energia, pesca, silvicultura,<br />
indústria, turismo, transporte, água e gestão de<br />
resíduos, pode dar início à transição rumo a uma economia<br />
de baixo carbono e alta eficiência de recursos. 6<br />
Desenvolvimento Sustentável<br />
O desenvolvimento sustentável também busca o equilíbrio<br />
entre proteção ambiental e desenvolvimento socioeconômico<br />
e serviu como base principal para a formulação<br />
do documento Agenda 21. Existem diversas semelhanças<br />
entre os conceitos de ecodesenvolvimento e desenvolvimento<br />
sustentável, que permitem interpretações de que<br />
ambos são harmônicos, como considera o próprio Ignacy<br />
Sachs, autor do conceito de ecodesenvolvimento. Os dois<br />
conceitos tratam de conjuntos de metas para a criação de<br />
um mundo equilibrado e com uma sociedade sustentável.<br />
142<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
O conceito de ecodesenvolvimento nasceu durante os<br />
anos 1970, nos desdobramentos da Conferência de Estocolmo<br />
(1972), opondo-se à corrente que defendia o<br />
desenvolvimento a qualquer custo, mesmo que colocando<br />
em risco a própria natureza. O termo foi proposto por<br />
Maurice Strong e, em seguida, ampliado pelo economista<br />
Ignacy Sachs, que, além da preocupação com o meio ambiente,<br />
incorporou as devidas atenções às questões sociais,<br />
econômicas, culturais, de gestão participativa e ética.<br />
No entendimento mais contemporâneo, após o documento<br />
produzido por uma comissão da ONU, denominado<br />
Nosso Futuro Comum (1987), mais conhecido<br />
como Relatório Brundtland, e a Agenda 21, a expressão<br />
“desenvolvimento sustentável” representa o entendimento<br />
do uso dos recursos naturais, desde que não<br />
esgote a possibilidade de as próximas gerações terem<br />
acesso aos mesmos recursos.<br />
Governança<br />
Após a efervescência política das décadas de 1960 a<br />
1980, as democracias ocidentais absorveram um importante<br />
aprendizado sobre a importância da participação<br />
da população na tomada de decisões.<br />
Atualmente, dentro do entendimento da relevância da<br />
governança ambiental, situa-se outro fenômeno moderno,<br />
o papel da “opinião pública”. Seja como cidadã<br />
ou como consumidora, a população tem condições<br />
de interferir na gestão ambiental, e essa é uma possibilidade<br />
aberta para o século XXI. Do ponto de vista<br />
da ação governamental, a moderna noção de direito<br />
ambiental pressupõe o direito das novas gerações ao<br />
meio ambiente ecologicamente equilibrado e às práticas<br />
governamentais de governança nesse tema precisam<br />
urgentemente refletir esse entendimento.<br />
Erradicação da Pobreza<br />
Os continentes que concentram a maior parte das pessoas<br />
à margem da sociedade de consumo, em condições<br />
extremas de pobreza, são a África e a Ásia. Nessas<br />
áreas estão os maiores desafios do século XXI para a<br />
erradicação da pobreza.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Depois de grandes expectativas, especialmente pelo avanço<br />
tecnológico do século XX, a entrada no século XXI trouxe<br />
um misto de esperança, mas também de frustrações,<br />
pela desigualdade social, pelos problemas ambientais e<br />
pela presença de guerras em muitas partes do mundo.<br />
A partir das conclusões das grandes conferências internacionais<br />
do século XX, sobre população, meio ambiente,<br />
direitos humanos, entre outras, a ONU reuniu um conjunto<br />
de propostas, somando os esforços de todas as nações<br />
para resolver problemas fundamentais para a qualidade<br />
da vida humana. Assim, foram divulgados os 8 Objetivos<br />
do Milênio no ano de 2000 pelo PNUD, que norteiam as<br />
ações visando grandes avanços até 2015. O primeiro objetivo<br />
é “Erradicar a extrema pobreza e a fome”. Em relação<br />
à erradicação da pobreza, tem-se como meta reduzir<br />
pela metade a proporção de pessoas que vivem com renda<br />
inferior a um dólar 7 por dia até 2015. Se isso ocorrer,<br />
em 2015 o mundo terá ainda 890 milhões de pessoas vivendo<br />
em condições de extrema pobreza. 8<br />
Figura 1 – Os Oito Objetivos do Milênio (ONU).<br />
CONTINENTES: MEIO AMBIENTE E SOCIEDA<strong>DE</strong><br />
América Latina e Caribe<br />
A América Latina e o Caribe têm fundamental importância<br />
para o planeta, visto que boa parte de seu território ainda<br />
é composto por florestas nativas. Porém, muitas vezes, o<br />
desmatamento ocorre de forma desenfreada, sem políticas<br />
efetivas para sua prevenção. Ano após ano, a extração de<br />
forma predatória agrava o cenário já delicado nessas áreas.<br />
A UNCSD (United Nation Conference on Sustainable Development)<br />
tenta incentivar políticas mais rígidas para<br />
essa região, conscientizando os governos locais da<br />
importância do crescimento sustentável. Esses países<br />
têm pretensões sobre as futuras discussões ambientais,<br />
principalmente na temática da economia verde.<br />
Com o rápido crescimento econômico latino-americano,<br />
será fundamental desenvolver uma política de<br />
crescimento sustentável, além de políticas para a erradicação<br />
da pobreza, para que o desenvolvimento do continente<br />
não ocorra através de um regresso no que diz<br />
respeito ao meio ambiente, muito menos que a riqueza<br />
conquistada se concentre nas mãos de poucos, deixando<br />
a maioria da população ainda em situação precária.<br />
Boa parte dos países do continente tem um processo<br />
histórico no qual a desigualdade foi o principal efeito<br />
colateral perverso do modelo econômico predatório<br />
adotado no continente.<br />
África<br />
A África é um continente cujo desenho atual dos países<br />
deriva de um doloroso e violento processo de colonização<br />
ocorrido no passado, também marcado por<br />
guerras e longos conflitos civis; pela pobreza; altíssimo<br />
índice de mortalidade; a forte presença da AIDS na sociedade;<br />
pelo subdesenvolvimento; e pelos piores Índices<br />
de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta.<br />
Os problemas sociais, econômicos e ambientais são<br />
profundos, tornando a África um desafio para a governança<br />
mundial. O continente foi alvo de exploração<br />
excessiva de minérios e recursos naturais e práticas<br />
143
agrícolas muito rudimentares, práticas que provocam<br />
a perda de solos, biodiversidade e escassez de água.<br />
A África do Sul é uma das exceções nesse continente<br />
tão empobrecido, um país com uma economia mais<br />
vibrante e com uma estrutura econômica e financeira<br />
distinta dos seus vizinhos.<br />
Ásia e Pacífico<br />
A Ásia e o Pacífico estão no foco dos debates ambientais<br />
pelo fato de serem as regiões mais poluidoras do mundo,<br />
tendo a Rússia, a China e a Índia como principais atores. O<br />
principal ponto é o rápido avanço industrial no continente,<br />
desacompanhado de políticas de regulação de emissão de<br />
poluentes. Outro aspecto é o fato de as matrizes energéticas<br />
adotadas por esses países asiáticos, em grande parcela,<br />
serem baseados nos combustíveis fósseis (carvão, óleo diesel)<br />
e abundantes nessa área do planeta, em especial o carvão.<br />
As cidades com as maiores densidades demográficas<br />
são as que mais sofrem com a poluição do ar, estando entre<br />
as mais poluídas do mundo, com presença de constantes<br />
chuvas ácidas, além de doenças respiratórias.<br />
Boa parte da população ainda sofre com níveis de pobreza<br />
preocupantes, principalmente nos países do sul e<br />
oeste asiático, onde todos os países, sem exceção, apresentam<br />
condições precárias de vida.<br />
Europa<br />
Pode-se caracterizar a Europa como o continente que toma<br />
posições voltadas para a proteção do meio ambiente e a<br />
erradicação da pobreza. A matriz energética adotada por<br />
esses países é ainda dependente de combustíveis fóssei, e<br />
é uma das áreas onde a energia nuclear é muito utilizada,<br />
como, por exemplo, na Inglaterra e na França. As indústrias<br />
pesadas estão entre os grandes agentes poluidores. Nas<br />
grandes cidades, o setor de transportes é muito impactante.<br />
Já no contexto social, os países europeus estão entre os<br />
que apresentam melhores Índices de Desenvolvimento<br />
Humano (IDH), com renda per capita elevada. A Europa está<br />
entre os principais agentes de investimentos e ajuda humanitária<br />
em outras regiões carentes do mundo.<br />
144<br />
América do Norte<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
Como os Estados Unidos não aderiram ao Protocolo de<br />
Kyoto, as críticas internacionais ao país são grandes, pois<br />
é o maior emissor de gases de efeito estufa. O país alega<br />
ser impossível fazer as mudanças necessárias apontadas<br />
pelo Protocolo, o que impactaria a matriz energética do<br />
país, gerando o temor de que esse processo poderia gerar<br />
gastos abusivos e afetar sua economia.<br />
Ainda assim, apesar de os EUA se comprometerem a criar<br />
planos de controle de emissão para tentar minimizar os<br />
danos causados ao meio ambiente, muitas das suas leis<br />
ambientais de controle dos demais poluentes e seus padrões<br />
de eficiência veicular são, infelizmente, exemplos<br />
seguidos por muitos países. Já o Canadá aderiu ao protocolo<br />
de forma hesitante e atualmente alega que os termos<br />
do acordo sobre redução de emissões são inviáveis para<br />
o país. Por outro lado, o país continua com o projeto de<br />
proteção de suas florestas como forma de compensar<br />
suas emissões. A região está entre as mais desenvolvidas<br />
do mundo em índices de desenvolvimento humano, graças<br />
aos Estados Unidos e ao Canadá. Contudo, o México<br />
apresenta uma situação preocupante, pois o país ainda<br />
tem mais da metade de sua população vivendo na pobreza,<br />
sendo quase 20% da população abaixo desse nível de<br />
pobreza, evidenciando um quadro alarmante no país.<br />
Ponderações<br />
A Rio+20 será a grande Conferência do início do novo<br />
século para avaliar como está a implantação da Agenda<br />
21 no mundo e analisar todos os processos de desenvolvimento<br />
na área de meio ambiente, proporcionando<br />
um debate sobre a economia verde e sustentável.<br />
Essa Conferência fará um balanço do que se passou nesses<br />
anos recentes e será um farol para mostrar os rumos<br />
dos próximos anos e como será o norte de ações e negociações.<br />
A intenção deste Comitê é fomentar debates<br />
que venham a culminar em possíveis soluções para os<br />
problemas ambientais atuais. É sabido que boa parte<br />
das previsões sobre a extinção da biodiversidade e das<br />
alterações humanas no clima do planeta já estão ocorrendo,<br />
por isso é mais do que necessário que tenhamos<br />
soluções para minimizar esses impactos o quanto antes.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Assim, enfatiza-se que as premissas básicas para garantir<br />
o acesso aos recursos naturais das próximas gerações são<br />
o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza,<br />
com a diminuição da desigualdade. Atualmente, cerca<br />
de 1/6 da população mundial vive com menos de um<br />
dólar por dia, e outros 2/6 com cerca de dois dólares por<br />
dia, totalizando aproximadamente metade da população<br />
mundial em situação alarmante. A UNCSD vem enfatizando<br />
a necessidade de diálogo e cooperação, além de destacar<br />
a importância de buscarmos soluções para nossos<br />
diversos problemas, uma vez que ainda é notório o descaso<br />
de algumas nações em relação aos temas do novo<br />
século, fazendo com que nos preocupemos ainda mais.<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
Cada delegado deve criar o documento de posicionamento<br />
oficial do país que representa, detalhando suas<br />
posições sobre os temas: economia verde, desenvolvimento<br />
sustentável, governança e erradicação da pobreza.<br />
Assim, deve ser feita uma análise dos seguintes pontos<br />
específicos com relação às medidas externas que<br />
o país adota:<br />
1. Como o seu país se relaciona e é afetado pelo<br />
tema em questão.<br />
2. Breve histórico do país em relação às atitudes ambientais,<br />
podendo incluir se ratificou ou não o Protocolo<br />
de Kyoto.<br />
3. Estatísticas que justifiquem a posição adotada, levando<br />
em consideração os desafios que o país encontra<br />
para colocar em prática as ações de prevenção e<br />
incentivo aos temas. Pode também ser adotada como<br />
fator a principal matriz energética adotada e se o país<br />
faz uso de tecnologias de energia limpa.<br />
4. A responsabilidade do governo quanto à erradicação<br />
da pobreza.<br />
5. Quais objetivos seu país espera alcançar na resolução<br />
que resultará das discussões do comitê.<br />
Dessa forma, o documento deve ser redigido em até<br />
uma página, em espaço simples, utilizando fonte Ti-<br />
mes New Roman 12,. contendo na parte superior<br />
esquerda o emblema da convenção simulada e, na<br />
parte superior direita, o brasão (a bandeira) do país<br />
representado. Como título deve ser escrito “Documento<br />
de Posição Oficial” seguido do nome do país<br />
representado e, na parte inferior direita, uma marca<br />
de assinatura seguida, na parte inferior, do nome do<br />
chefe de Estado, ou seu devido representante, e, na<br />
parte inferior, o cargo do mesmo.<br />
Esse documento deve ser entregue aos seus devidos<br />
diretores no primeiro dia do Fórum, no início<br />
das sessões.<br />
Bibliografia<br />
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FAAP. Guia de Estudos VII Fórum FAAP de Discussão Estudantil. São<br />
Paulo, FAAP. 2011.<br />
FELDMANN, F. Sustentabilidade Planetária, onde eu entro nisso.<br />
São Paulo, Terra Virgem Editora. 2011.<br />
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pedras. São Paulo, FGV. 2011.<br />
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São Paulo, Edusp, 2008.<br />
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LAGO, A. C. Estocolmo, Rio, Joanesburgo – O Brasil e as Três Conferências<br />
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SENAC. Terra Frágil. São Paulo, SENAC, 2009.<br />
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145
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Disponível em: http://www.pnud.org.br/estudos/livro1_web.pdf.<br />
Acessado em: dezembro, 2011.<br />
RIO+20 - United Nations Conference on Sustainable Development.<br />
Disponível em: http://www.uncsd2012.org/rio20/. Acessado em:<br />
dezembro, 2011.<br />
146<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
RIO+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />
Sustentável. Disponível em: http://www.rio20.info/2012/. Acessado<br />
em: dezembro, 2011.<br />
VITAE CIVILLIS. Disponível em: http://vitaecivilis.org/economiaverde.<br />
Acessado em: dezembro, 2011.<br />
Notas explicativas<br />
1. O Clube de Roma foi fundado em 1968 pelo industrial italiano<br />
Aurelio Peccei e pelo cientista escocês Alexander King com a intenção<br />
de debater e estudar os assuntos de economia, meio ambiente<br />
e desenvolvimento sustentável.<br />
2. LAGO, A. C. Estocolmo, Rio, Joanesburgo – O Brasil e as Três Conferências<br />
Ambientais das Nações Unidas. Brasília, Instituto Rio Branco,<br />
Fundação Alexandre Gusmão, 2007.<br />
3. Disponível em: http://exame.abril.com.br/economia/meio-<br />
-ambiente-e-energia/noticias/onu-anuncia-inicio-da-decada-da-<br />
-biodiversidade. Acessado em: 21/12/2011 às 21h49.<br />
4. Um quinto dos vertebrados está sob ameaça. O Estado de São<br />
Paulo, 27/10/10.<br />
5. Citado por Feldmann, F. Sustentabilidade planetária, onde eu entro<br />
nisso. São Paulo, Terra Virgem, 2011.<br />
6. PNUMA. Rumo a uma economia verde: caminho para o desenvolvimento<br />
sustentável e erradicação da pobreza, síntese para os<br />
tomadores de decisão. PNUMA, 2011.<br />
7. Site do PNUD com uma seleção de país por proporção da população<br />
que ganha menos de um dólar por dia. http://www.pnud.<br />
org.br/odm/meta.php?indicador=1.<br />
8. Livro Objetivo 1 – Fome: Desafio número 1 – Acabar com a fome<br />
e a miséria.
UNODC – United Nations Office<br />
on Drugs and Crime<br />
O tráfico de pessoas: a ameaça do<br />
crime organizado aos direitos básicos do<br />
ser humano no continente europeu
Senhores delegados,<br />
148<br />
CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
É com enorme satisfação que a diretoria do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime dá as boas-vindas à<br />
VIII Edição do Fórum FAAP de Discussão Estudantil. Primeiramente, gostaríamos de nos apresentar. A diretoria deste<br />
Comitê conta com três membros: Artur Duarte Bueno Assumpção, 18 anos, cursa o 3º semestre de Relações Internacionais.<br />
Participou como voluntário acadêmico do Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados (ACNUR)<br />
na última edição do Fórum FAAP.<br />
Maria Fernanda Costa de Oliveira, 19 anos, cursa o 3º semestre de Relações Internacionais. Participou como voluntária<br />
acadêmica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na VII edição do Fórum FAAP.<br />
Isabela Vendramini Castrignano de Oliveira, 22 anos, coprodutora do Guia de Estudos, Participou como diretora adjunta<br />
do Banco Mundial na VI edição do Fórum FAAP e foi diretora do ACNUR na VII edição do Fórum FAAP.<br />
Debater o tema do tráfico de pessoas é de extrema importância, devido às proporções e influências que esse tipo de<br />
crime vem alcançando. A discussão do tema deverá ser baseada em nosso Guia de Estudos, buscando soluções para<br />
o extermínio do tráfico, mas suas pesquisas devem ir além deste Guia.<br />
Gostaríamos de agradecer e parabenizar o trabalho desenvolvido pela equipe administrativa e acadêmica do VIII<br />
Fórum FAAP. Em especial aos secretários-gerais Guilherme Vieira e Kaike Boni de Mathis, que fizeram com que o<br />
evento acontecesse.<br />
Desejamos a todos os senhores delegados debates frutíferos, e que os senhores consigam alcançar os objetivos deste<br />
Comitê, respeitando suas competências e realçando os valores e princípios da Carta das Nações Unidas. Boa sorte!<br />
ARTUR ASSUMPÇãO<br />
ISABELA <strong>DE</strong> OLIVEIRA<br />
MARIA fERNANDA COSTA<br />
Diretores acadêmicos
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Introdução<br />
Em 1919, instaurou-se o primeiro organismo intergovernamental,<br />
a Liga das Nações, 1 que surgiu com o intuito<br />
de impedir que a Primeira Guerra e seus horrores<br />
se repetissem, visando primordialmente a manutenção<br />
da paz mundial.<br />
Contudo, surge na Itália, em 1922, um regime político totalitário<br />
e militarista, baseado em uma ideologia nacionalista<br />
denominada fascismo. A Europa vivia um momento<br />
de grandes crises econômicas e sociais, facilitando assim<br />
a adoração da população por regimes extremistas. Hitler<br />
na Alemanha, Mussolini na Itália e Franco na Espanha conseguiram<br />
o apoio de milhares de pessoas, fato exclusivo<br />
para o estopim da Segunda Guerra Mundial.<br />
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a desordem<br />
político-econômica que dela resultou, a Liga das Nações<br />
entrou em decadência exatamente por não ter sido capaz<br />
de evitar a Segunda Guerra. Assim, os Estados sentiram a<br />
necessidade da criação de um novo organismo que visasse<br />
à busca de interesses em comum dos países-membros.<br />
Em 1945, através da Carta de São Francisco, formalizou-se<br />
a criação da Organização das Nações Unidas (ONU).<br />
Semelhante com os princípios da Liga das Nações, a<br />
ONU tinha como principais objetivos manter e garantir<br />
a paz e a segurança internacional. Visto que a Liga<br />
das Nações havia falhado em alguns quesitos, a nova<br />
organização preocupou-se em criar uma estrutura diferenciada<br />
ampliando sua área de atuação. Sanar problemas<br />
sociais, econômicos, culturais e humanitários<br />
era o mais novo objetivo da organização. Assim, a área<br />
de atuação do novo organismo não se limitou apenas<br />
a questões de guerra, mas sim defender e eliminar adversidades<br />
que afetassem diretamente a humanidade.<br />
De tal forma, o tráfico de pessoas passa a ser um tema recorrente<br />
na agenda internacional ao passo que a sociedade<br />
internacional tenta não repetir o passado e passa a se<br />
preocupar mais com o indivíduo. O tráfico de pessoas é um<br />
crime que muitas vezes fica impune, pois frequentemente<br />
passa despercebido pelos olhos das próprias vítimas. Por<br />
essa razão, este Comitê visa discutir a questão da criminalização<br />
do tráfico de pessoas e buscar soluções de combate<br />
ao crime, focando no continente europeu. A única maneira<br />
de devolver os direitos humanos às vítimas é educar, ao<br />
mesmo tempo que buscamos soluções para erradicar o<br />
tráfico de seres humanos e maneiras de punir os traficantes<br />
e envolvidos. Os aspectos de prevenção, segurança e<br />
legislação também são fundamentais na discussão.<br />
Histórico do Comitê<br />
Criado pelo então secretário-geral das Nações Unidas<br />
Kofi Annan, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas<br />
e Crime (UNODC) permitiu que a organização se concentrasse<br />
e aumentasse sua capacidade para abordar questões<br />
inter-relacionadas ao controle de drogas, prevenção<br />
da criminalidade e terrorismo internacional de todas as<br />
formas. O UNODC é o principal órgão global na luta contra<br />
as drogas ilícitas e o crime internacional. O escritório<br />
surge de fato em 1997 através da fusão do Programa de<br />
Controle de Drogas das Nações Unidas 2 e do Centro Internacional<br />
para Prevenção da Criminalidade. 3 O objetivo<br />
do Comitê é auxiliar os países-membros a combaterem<br />
questões relacionadas ao crime internacional. 4<br />
Os escritórios do UNODC atuam em todas as regiões<br />
do globo. A maior parte de seu orçamento provém de<br />
contribuições voluntárias, e a outra parte, sendo seu orçamento<br />
regular, é cedida pela Organização das Nações<br />
Unidas (ONU). As contribuições voluntárias para as atividades<br />
do UNODC são fornecidas pelos governos das<br />
grandes potências e dos países emergentes, agências<br />
das Nações Unidas, organizações intergovernamentais,<br />
instituições financeiras internacionais e doações privadas,<br />
incluindo entidades e fundações do setor privado.<br />
O orçamento do Comitê no biênio de 2010-2011 girou<br />
em torno de US$ 468,3 milhões, sendo US$ 425,7 milhões<br />
provenientes de doações voluntárias. A porcentagem<br />
dessas contribuições destinadas ao programa<br />
antidrogas é de 64,2%, sendo 35,58% voltadas para o<br />
combate ao crime internacional. 5<br />
As três principais áreas de atuação do UNODC são saúde,<br />
justiça e segurança pública. A partir desses temas desdobram-se<br />
abordagens contra drogas, crime organizado,<br />
tráfico de seres humanos, corrupção, terrorismo, além de<br />
campanhas de conscientização e de prevenção ao HIV entre<br />
usuários de drogas e pessoas em privação de liberdade.<br />
Em março de 1999, o Programa contra o Tráfico de Seres<br />
Humanos foi instaurado pelo UNODC. O programa au-<br />
149
xilia os estados-membros no combate contra o tráfico<br />
de seres humanos relacionados ou não ao crime organizado.<br />
O órgão promove medidas efetivas para a repreensão<br />
de ações criminosas relacionadas a esse tipo de<br />
tráfico, devido ao fato de ser o mais importante componente<br />
da ONU na luta contra esse tipo de ameaça.<br />
A adoção do Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão<br />
e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres<br />
e Crianças e do Protocolo contra o Crime Organizado<br />
Transnacional, Relativo ao Combate ao Contrabando<br />
de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea, que<br />
complementam a Convenção das Nações Unidas contra<br />
o Crime Organizado Transnacional, foram importantes<br />
marcos contra o combate ao tráfico de indivíduos, 6 pois<br />
juntos formam um sólido “bloco” internacional capaz de<br />
enfrentar essa forma moderna de escravidão. Portanto,<br />
a partir do Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e<br />
Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e<br />
Crianças, definiu-se o tráfico de pessoas como:<br />
Tráfico de pessoas significa o recrutamento, o transporte,<br />
a transferência, o alojamento ou o acolhimento<br />
de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou<br />
outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano,<br />
ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade<br />
ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou<br />
benefícios para obter o consentimento de uma pessoa<br />
que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.<br />
A exploração incluirá, no mínimo, a exploração<br />
da prostituição de outrem ou outras formas de exploração<br />
sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura<br />
ou práticas similares à escravatura, a servidão ou<br />
a remoção de órgãos. [artigo 3(a)] 7<br />
Tendo como definido o que é o grande problema, o<br />
UNODC pôde organizar-se melhor na luta contra o tráfico<br />
de seres humanos, criando assim uma estrutura que<br />
abrangesse diversas características no combate ao crime.<br />
São três as frentes de ação do UNODC: prevenção, proteção<br />
e criminalização. Campanhas transmitidas por rádio<br />
ou televisores, panfletos informativos e parcerias são fontes<br />
de alerta realizadas pelo Escritório com o auxílio dos<br />
governos para prevenirem a população de acreditarem<br />
em promessas advindas do estrangeiro. 8<br />
Na área de proteção, o UNODC auxilia os países promovendo<br />
treinamentos de policiais, promotores, procurado-<br />
150<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
res e juízes. Assim, polícia e judiciário utilizam normas e<br />
procedimentos para garantir a segurança física e a privacidade<br />
das vítimas do tráfico de pessoas.<br />
Por fim, o UNODC ajuda os países-membros fortalecendo<br />
o sistema de justiça dos mesmos. Para isso, o tráfico de<br />
pessoas precisa ser considerado crime nas legislações nacionais,<br />
fazendo com que as autoridades consigam inibir a<br />
ação dos agentes de tráfico.<br />
A Iniciativa Global de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas<br />
9 (UN.GIFT, sigla em inglês) é um meio de propagação<br />
para conscientizar governos, empresas e a sociedade<br />
sobre o tráfico humano. Essa iniciativa conta<br />
com o apoio de outros órgãos da ONU e não apenas do<br />
UNODC. órgãos como OIT, UNICEF, UNIFEM e UNFPA. 10<br />
A Iniciativa Global da ONU prevê atividades regionais<br />
em diversas partes do globo, Bolívia, Argentina, Burundi,<br />
Ruanda, Sérvia. Com os resultados, é possível traçar<br />
um plano de ação mundial.<br />
Histórico do Problema<br />
Segundo o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas<br />
do UNODC, a maior diversidade de nacionalidades de<br />
vítimas do tráfico de pessoas têm sido encontradas na<br />
Europa central e oeste, mais do que em qualquer outra<br />
parte do mundo. Depois de um grande aumento no<br />
número de vítimas no final da Guerra Fria, o tráfico de<br />
seres humanos para a Europa parece ter se instalado<br />
no mundo, com uma variedade de nacionalidades que<br />
aumenta a cada dia. 11 A primeira principal rota é aquela<br />
que se perfaz no interior da Europa, subdividindo-se em<br />
rota dos Bálcãs e rota mediterrânea. Nessa perspectiva,<br />
o segundo caminho do tráfico é o que se origina na Ásia<br />
rumo à Europa, e a terceira rota utilizada pelos traficantes<br />
internacionais de pessoas é da África para Europa. 12<br />
Nota-se que a origem do tráfico de pessoas se dá na Antiguidade,<br />
com o costume dos povos de, ao ganhar uma<br />
batalha, agregar os derrotados ao seu próprio povo,<br />
tornando-os seus escravos, da mesma maneira que se<br />
apropriavam dos territórios. Essa prática se torna cada<br />
vez mais comum e os europeus, com a descoberta de<br />
novas terras e consequente expansão, passaram a fazer<br />
uso do chamado “tráfico negreiro”, fazendo vendas de<br />
pessoas como faziam vendas de mercadorias. 13
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
A Europa já era marcada desde então como o local onde<br />
a maioria dos crimes acontecia, pois seu potencial social e<br />
econômico já era um grande atrativo desde a Antiguidade.<br />
O tráfico de seres humanos propriamente dito foi dar-se<br />
após o momento em que a escravidão foi proibida, pois<br />
foi quando os traficantes tiveram a necessidade de atrair<br />
novas vítimas. De forma que o tráfico não aparentasse<br />
ser continuidade da escravidão, os criminosos desenvolveram<br />
estratégias para que as vítimas não soubessem ou<br />
percebessem que o ocorrido infringia a lei e seus direitos.<br />
O tráfico de seres humanos é um fenômeno global, dado<br />
que, em uma publicação recente do UNODC, reportou-se<br />
que as vítimas são provenientes de pelo menos 127 países,<br />
e 137 já haviam denunciado a detecção de vítimas.<br />
Também reportou-se que dois terços do total de vítimas<br />
eram do sexo feminino, e 79% delas eram submetidas à<br />
exploração sexual. Apesar dessa presença global do tráfico<br />
de pessoas, a região da União Europeia é a que possui<br />
o maior arquivo de vítimas do crime, demonstrando uma<br />
variedade de nacionalidades que nenhuma outra região<br />
possui. Esse mercado criminoso que ocorre na Europa é<br />
assunto de diversos debates e estudos. 14<br />
Com o final da Guerra Fria, um vasto número de trabalhadores<br />
migrou do Leste para o Oeste Europeu, sendo que a<br />
maioria desses trabalhadores foi forçada a prestar serviços<br />
de exploração sexual e, nos últimos anos, a maior parte<br />
das vítimas do tráfico de serem humanos é proveniente<br />
do Leste Europeu e de países que compunham a antiga<br />
União Soviética. Os traficantes são frequentemente da<br />
mesma nacionalidade das vítimas, pois dessa forma têm<br />
mais facilidade de atraí-las. As técnicas utilizadas para o<br />
recrutamento das vítimas variam de acordo com o continente:<br />
na Europa é muito comum as vítimas serem atraídas<br />
através de falsas agências de emprego, enquanto na<br />
África as iscas são familiares e conhecidos.<br />
O número de traficados provenientes da América do Sul<br />
é menor, porém também significante. Os traficados sul-<br />
-americanos costumam ser destinados à Espanha, Itália,<br />
Portugal, França, Holanda, Alemanha, Áustria e Suíça,<br />
sendo que, entre os traficados, o número de vítimas<br />
provenientes do Brasil tem aumentado severamente,<br />
também causando preocupação grande com a região. 16<br />
Dessa forma, nota-se que o perfil do traficante tem se<br />
transformado ao longo dos anos. Suas estratégias e táticas<br />
tiveram que se diferenciar das antigas em resposta<br />
às situações sociais, econômicas e políticas em constante<br />
mutação. No entanto, o tráfico continua a ser uma questão<br />
muito ampla e violenta, que precisa ser seriamente<br />
tratada pelas autoridades da região. Esforços aplicados<br />
pelo governo são muitas vezes restritos, devido ao acesso<br />
limitado à informação sobre o crime organizado e às<br />
redes de tráfico de seres humanos. No entanto, apesar de<br />
restritos, esses esforços têm aumentado, pois estão se tornando<br />
mais coordenados e estão incorporando melhores<br />
estratégias para o combate do crime. É importante ressaltar<br />
que, para se diferenciar de um passado com atraso no<br />
combate ao crime, as aplicações de leis têm que evoluir<br />
ainda mais para que haja uma redução eficaz do tráfico de<br />
pessoas na região da União Europeia. 17<br />
Definição do Problema<br />
Estima-se que bilhões de dólares são obtidos através do<br />
tráfico de milhões de pessoas, sendo a maioria composta<br />
por crianças e mulheres para os fins de exploração sexual,<br />
trabalho escravo e trabalho infantil. O tráfico de pessoas é<br />
um crime que assola todos os continentes do globo, são vários<br />
os locais de procedência, porém, pode-se dizer que o<br />
destino, na maioria dos casos, é único, o território europeu. 18<br />
Os traficantes oferecem uma vida melhor para as pessoas,<br />
porém, quando chegam ao destino, elas são aliciadas<br />
pelos criminosos, sendo surpreendidas pelas condições<br />
desumanas às quais são submetidas. A Europa é vista pelos<br />
estrangeiros como um lugar ótimo para se viver e trabalhar<br />
por ser o continente com maior número de países<br />
desenvolvidos, sendo assim um atrativo para as vítimas,<br />
que acabam aceitando as propostas dos traficantes.<br />
Essa espécie de crime está em absoluta ascensão; afinal,<br />
é uma “indústria” muito atrativa e lucrativa para os que<br />
operam o crime organizado. O fator que torna favorável<br />
essa crescente do tráfico de pessoas é a fraca legislação<br />
específica nos países e projetos de cooperação entre os<br />
países em termos de informações e segurança, além de<br />
ser um mercado com altíssima demanda. 19<br />
Algumas medidas já foram tomadas na busca de frear a expansão<br />
do tráfico. Devido a isso, em dezembro de 2007, o<br />
Protocolo das Nações Unidas contra o Tráfico de Pessoas foi<br />
ratificado 20 por 116 Estados. Após a firmação do Protocolo,<br />
a maioria dos países signatários adotou novas leis e mo-<br />
151
dificou legislações existentes para colocá-lo em ação, fato<br />
crucial, pois por muitas vezes países assinam e ratificam<br />
documentos internacionais, mas não cumprem as medidas<br />
nacionais para colocar tais documentos em ação em<br />
seu país. Assim, pode-se enfatizar a definição do tráfico de<br />
pessoas como crime, o aumento da pena dos traficantes<br />
e a criação de instituições fiscalizadoras como pontos cruciais<br />
em prol da erradicação do tráfico de seres humanos.<br />
Pode-se destacar também que muitas leis e programas de<br />
prevenção são criados constantemente; porém, são leis<br />
difíceis de serem colocadas em prática, visto que a ação<br />
dos criminosos é bem planejada e executada. O tráfico de<br />
pessoas, por sua vez, é um tipo de crime complexo, o qual<br />
requer um policiamento muito sofisticado, principalmente<br />
por ser transfronteiriço, fora do alcance de muitos governos.<br />
Os traficantes de seres humanos procuram vítimas com<br />
características predefinidas: indivíduos pobres, isolados<br />
e fracos são os principais alvos desses negociantes. Essas<br />
características são causadas pelos Estados, cuja política e<br />
práticas governamentais são deficientes, gerando exclusão<br />
da sua população, falta de poder social e vulnerabilidade<br />
econômica. Assim, grupos de pessoas vulneráveis ao<br />
tráfico são formados. Ditaduras, países em guerra, governos<br />
em crise e em desenvolvimento fazem parte do grupo<br />
de Estados com maior ocorrência de tráfico. 22<br />
O descontentamento da população no seu país de origem<br />
é outro fator que faz com que se formem grupos<br />
vulneráveis. Desastres naturais, conflitos e instabilidade<br />
política facilitam a ação dos traficantes. Devido a esse<br />
sentimento, os criminosos utilizam-se da persuasão e<br />
da supervalorização do país de destino. A busca de uma<br />
vida melhor, oportunidades de emprego e serviços também<br />
são atrativos para futuras vítimas. 23<br />
O desafio institucional do combate ao crime organizado e<br />
ao terrorismo em todas as regiões do globo é relacionado<br />
com as capacidades humanas, organizacionais e financeiras<br />
dos Estados. Embora a ratificação dos países do Protocolo<br />
das Nações Unidas contra o Tráfico de Pessoas tenha<br />
acontecido, a adesão a instrumentos jurídicos exige uma<br />
compreensão aprofundada sobre a área, vontade política<br />
e capacidade de programar essas ideias de forma coerente,<br />
principalmente em níveis nacionais. 24<br />
O tráfico de pessoas é um crime brutal para suas vítimas.<br />
O trauma físico e psicológico gerado é imenso, ocasio-<br />
152<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
nando sobre esses indivíduos memórias destrutivas e<br />
inaceitáveis. As vítimas do tráfico humano podem passar<br />
por abusos físicos, sexuais e psicológicos; além de<br />
tortura, privação dos direitos humanos básicos, uso forçado<br />
de substâncias, exploração econômica, trabalho e<br />
condições de vida abusivas.<br />
Outro fator que dificulta o extermínio do tráfico de pessoas<br />
é o fato de que o crime ultrapassa fronteiras nacionais. É<br />
um problema de grande discussão e preocupação internacional.<br />
Pode-se dizer que a fiscalização das fronteiras<br />
entre países seja uma solução para o tráfico, porém, a identificação<br />
e o reconhecimento do indivíduo como vítima<br />
são difíceis de serem realizados. Uma área do crime está<br />
relacionada com a política de migração, enquanto outra<br />
parte diz respeito à violação dos direitos humanos. 25 São<br />
essas condições que tornam o tráfico de pessoas tão difícil<br />
de ser eliminado. A ilusão às quais são submetidas as vítimas<br />
impede qualquer orientação ou até mesmo ação dos<br />
governos. A busca de soluções para o crime é de extrema<br />
urgência e deve ser considerada por todos os Estados.<br />
Panorama de Políticas Globais<br />
ÁSIA<br />
O tráfico de seres humanos é um dos maiores problemas<br />
encarados atualmente pela região central da Ásia, apesar<br />
do fato de todos os países da área terem assinado a<br />
Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado<br />
Transnacional e seu Protocolo para Prevenir, Suprimir<br />
e Punir o Tráfico de Pessoas, especialmente Mulheres e<br />
Crianças. O maior fator que contribui para a situação é a<br />
deficiência do sistema de controle de fronteiras. 26<br />
Os processos penais registrados durante pesquisas feitas<br />
na Ásia foram diversos. Na Índia foi registrado um<br />
grande número de investigações, assim como no Nepal<br />
e no Paquistão houve registros de inúmeras acusações<br />
e condenações.<br />
Devido à precariedade das condições econômicas, que<br />
muitas vezes contribuem para aumentar a vulnerabilidade<br />
da população, mais de 150.000 pessoas no Sul<br />
da Ásia são traficadas todos os anos para o mercado<br />
do sexo, o trabalho forçado, o casamento servil ou o<br />
comércio de órgãos.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
Number of countries where at least one victim of internal trafficking was detected, by region (2005-2007)<br />
At least one<br />
victim of domestic<br />
trafficking<br />
International<br />
trafficking only<br />
Little, missing or<br />
unclear data<br />
At least one<br />
victim of domestic<br />
trafficking<br />
International<br />
trafficking only<br />
Little, missing or<br />
unclear data<br />
SU<strong>DE</strong>STE DA EUROPA<br />
North America<br />
(total: 3)<br />
Central America<br />
and the Caribbean<br />
(total: 12)<br />
O Sudeste da Europa foi, e continua sendo, uma via de<br />
trânsito para o tráfico, apesar da sua diminuição desde<br />
1990, após atingir seu maior nível. Um novo problema decorrente<br />
do tráfico surgiu na região nos últimos anos, no<br />
qual os traficantes passaram a utilizar documentação falsa<br />
para atravessar as fronteiras, dando espaço a um lucrativo<br />
novo mercado e, consequentemente, a uma nova fonte<br />
de renda para o crime organizado. 27<br />
O tráfico internacional de pessoas é um problema de<br />
grande dimensão na Europa, visto que o continente recebe<br />
e também envia vítimas. De acordo com o relatório<br />
anual do UNODC, no mínimo 140.000 pessoas são traficadas<br />
para a Europa anualmente.<br />
São as características supracitadas na Definição do Problema<br />
do Guia de Estudos que tornam a Europa inteira o principal<br />
destino dos traficados, enquanto os países asiáticos,<br />
africanos, as regiões dos Bálcãs, países do sul da América e<br />
também do leste europeu são as principais origens das vítimas.<br />
Podemos analisar através dos dados a seguir como<br />
é o comportamento do tráfico de pessoas na Europa: 28<br />
South America<br />
(total: 9)<br />
LESTE DA ÁFRICA<br />
South and<br />
South-West Asia<br />
(total: 8)<br />
East Asia and<br />
the Pacific<br />
(total: 27)<br />
1 country 1 country 3 countries 2 countries 5 countries<br />
2 countries 2 countries<br />
2 countries 11 countries 4 countries 6 countries 20 countries<br />
Western and Central Europe<br />
(total: 38)<br />
Eastern Europe and Central Asia<br />
(total: 12)<br />
11 countries 4 countries<br />
8 countries 3 countries<br />
19 countries 5 countries<br />
Local onde o tráfico é um fenômeno em ascensão, apesar<br />
da pouca consciência a respeito do problema e das poucas<br />
políticas e estratégias para seu combate e prevenção<br />
tomadas pelos governos da região, ficando clara a necessidade<br />
de educação da população sobre essa ameaça de<br />
crime organizado. 29<br />
Pesquisas realizadas na Tanzânia, Quênia, Uganda e Burundi<br />
indicam que existe uma correlação entre a pobreza<br />
dos indivíduos e sua probabilidade de acreditar nas promessas<br />
feitas por um traficante e isso explica a ascensão<br />
do crime nessa região onde a pobreza permanece há<br />
anos, conforme enfatizado anteriormente.<br />
O UNODC, juntamente com a INTERPOL, desenvolveu<br />
um projeto para o leste africano a fim de fortalecer a cooperação<br />
regional, estabelecendo controles fronteiriços<br />
no que diz respeito justamente ao tráfico internacional<br />
de pessoas. 30<br />
153
ORIENTE MÉDIO E NORTE DA ÁFRICA<br />
Área que possui conflitos e estados frágeis que levam a<br />
um ambiente instável de violência e inquietação e, consequentemente,<br />
criam maiores oportunidades para o crime<br />
organizado. O tráfico nessa região torna-se cada vez mais<br />
difícil de ser controlado. 31<br />
Nessa região, a atuação contra o tráfico parte da Iniciativa<br />
Árabe, programa que responde ao problema na forma de<br />
projetos nacionais e de assistência técnica, ajudando as<br />
autoridades nacionais na prática de políticas antitráfico<br />
e no apoio ao sistema de justiça na prevenção, investigação<br />
e sanções das leis para os envolvidos. Há também um<br />
objetivo de estabelecer uma base legal comum entre os<br />
países, para facilitar a cooperação internacional e tornar<br />
o problema ainda mais legítimo. 32 Deve-se ressaltar, nessa<br />
região, o tráfico de pessoas como forma de escravidão.<br />
Especialmente no Norte da África, a prática da escravidão<br />
possui raízes históricas, pois durante anos os países eram<br />
conhecidos pelo extenso comércio de escravos.<br />
Ponderações<br />
O tráfico de pessoas não é um crime recente, suas primeiras<br />
ocorrências surgiram junto com a formação da sociedade<br />
humana, como citado no Histórico do Problema. Porém,<br />
nos dias atuais, esse tipo de delito tomou proporções<br />
gigantescas ao redor de todo o mundo. A grande questão<br />
do tráfico de pessoas é que este facilita a ação de outros<br />
tipos de crime, como o consumo de drogas, exploração<br />
sexual, trabalho infantil e trabalho escravo.<br />
A Europa Ocidental é hoje o maior destino das vítimas<br />
do tráfico. O continente europeu é o cenário ideal para a<br />
propagação do crime, visto que os criminosos oferecem<br />
às suas vítimas estilos de vida melhores, os quais nunca serão<br />
encontrados. É sob essas condições que as políticas de<br />
prevenção e eliminação do tráfico de pessoas vêm sendo<br />
adotadas por diversos países do globo, sendo o UNODC o<br />
maior líder na luta global contra o crime.<br />
Apesar dos diferentes tipos de regime e das políticas<br />
adotadas pelos Estados, a maior criminalização do<br />
tráfico de pessoas deve estar na agenda de todos os<br />
154<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
países. Medidas para a adoção de legislações, políticas<br />
mais rigorosas e educação em relação ao crime devem<br />
ser adotadas para se dar o fim ao tráfico.<br />
A divulgação do crime e suas proporções é outro item que<br />
deve ser levado em consideração pelos países. Campanhas<br />
de prevenção, segurança e transmissão sobre o tráfico de<br />
pessoas são criadas pelos agentes do UNODC, cabendo assim<br />
aos Estados membros a divulgação dessas campanhas<br />
principalmente para educar a população carente para que<br />
eles não sejam enganados pelos traficantes.<br />
O tráfico de pessoas é um problema que envolve a maioria<br />
dos países do mundo, o auxílio e a parceria entre os Estados<br />
pode e deve ser realizada, pois todos têm os mesmos<br />
objetivos em comum, visando colocar um fim ao tráfico.<br />
Documento de Posição Oficial (DPO)<br />
Cada delegação deve expor de maneira fiel a política do<br />
país em relação ao tema, focando nos seguintes tópicos:<br />
• Melhores tipos de resoluções para o problema no<br />
contexto atual, no que diz respeito à prevenção e criminalização<br />
do tráfico de seres humanos.<br />
• Tratando-se da política externa, quais atitudes foram<br />
tomadas pelo país a fim de combater o problema.<br />
• Na política interna, como o seu governo lida com o<br />
problema entre a sua população e dentro do seu país.<br />
• Se o governo divulga o problema e/ou educa a sua<br />
população.<br />
• Qual a relevância do problema no país e se a afeta<br />
diretamente a economia interna.<br />
Bibliografia<br />
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Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas Públicas<br />
e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial. Disponível<br />
em: http://tinyurl.com/7t9dx7h.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
MARZAGÃO, Laerte L. Tráfico de pessoas. São Paulo: Quartier<br />
Latin, 2009.<br />
SURTEES, Rebecca. Traffickers and trafficking in southern and<br />
eastern Europe. European Journal of Criminology. Volume 5.<br />
Jan. de 2008.<br />
SILVA, Cíntia Yara. Tráfico Internacional de pessoas. São Paulo:<br />
Nuria Fabris, 2010.<br />
Sites consultados<br />
HOFFMANN, Geraldo. Organizações não governamentais<br />
do Brasil e da Europa unem-se para combater exploração de<br />
crianças e mulheres pela industria da prostituição e do turismo<br />
sexual. Disponível em: http://www.dw-world.de/dw/article/0,1564,1416377,00.html.<br />
Último acesso em: 8 dez. 2011.<br />
NAÇÕES UNIDAS. An Introduction to Human Trafficking: Vulnerability,<br />
Impact and Action. Disponível em: http://www.unodc.<br />
org/documents/human-trafficking/An_Introduction_to_Human_Trafficking_-_Background_Paper.pdf.<br />
Último acesso em:<br />
11 dez. 2011.<br />
NAÇÕES UNIDAS. Escritório contra Drogas e Crime. Trecho do<br />
Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas,<br />
especialmente de mulheres e crianças, suplementar à Convenção<br />
contra o Crime Organizado Transnacional. Disponível em:<br />
http://www.unodc.org/pdf/brazil/Folder_UNODC_web.pdf.<br />
Último acesso em: 2 nov. 2011.<br />
Stolen Lives: trafficking of women (Vidas roubadas: tráfico de<br />
mulheres). Universidade de Harvard, Estados Unidos. Disponível<br />
em: http://www.hks.harvard.edu/news-events/news/articles/stolen-lives-trafficking-of-women.<br />
Último acesso em: 20<br />
nov. 2011.<br />
UNODC. A short history of the collection of UN crime and justice<br />
statistics at the international level. Disponível em: http://<br />
www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/A-short-history-<br />
-of-the-collection-of-UN-crime-and-justice-statistics-at-the-<br />
-international-level.html. Último acesso em: 25 nov. 2011.<br />
UNODC. South Eastern Europe on Organized Crime. Disponível<br />
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Último acesso em: 11 dez. 2011.<br />
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Crime Threat Assessment report. Disponível em: http://<br />
www.unodc.org/documents/data-and-analysis/tocta/TOC-<br />
TA_Report_2010_low_res.pdf. Último acesso em: 11 dez. 2011.<br />
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report. Disponível em: http://www.unodc.org/documents/<br />
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RES.pdf. Último acesso em: 12 dez. 2011.<br />
UNODC. UNODC on human trafficking and migrant smuggling.<br />
Disponível em: http://www.unodc.org/unodc/en/human-trafficking/.<br />
Último acesso em: 25 nov. 2011.<br />
Notas explicativas<br />
1. Primeira tentativa de criação de um organismo multilateral que<br />
buscasse a paz e a segurança internacional de forma conjunta.<br />
2. Criado oficialmente com o intuito de aumentar a eficácia e a eficiência<br />
da estrutura das Nações Unidas sob o controle de drogas.<br />
3. Fórum Internacional fundado em 1994 com o intuito de promover<br />
troca de experiências e conhecimentos sobre crimes e a<br />
segurança dos mesmos. Tal Fórum auxiliava Estados na prevenção<br />
da criminalidade, delinquência e insegurança da comunidade.<br />
4. United Nations. Office on Drugs and Crime. Disponível<br />
em: . Acesso em: 24 out. 2011.<br />
5. United Nations. Office on Drugs and Crime. Disponível<br />
em: . Acesso em: 24 out. 2011.<br />
6. Nações Unidas do Brasil. Escritório contra Drogas e Crime.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 28 out. 2011.<br />
7. Nações Unidas. Escritório contra Drogas e Crime. Trecho do<br />
Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas,<br />
especialmente de mulheres e crianças, suplementar à Convenção<br />
contra o Crime Organizado Transnacional. Disponível<br />
em: . Acesso em: 02 dez. 2011.<br />
155
8. Nações Unidas do Brasil. Escritório contra Drogas e Crime.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 28 out. 2011.<br />
9. UNGIFT do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 19 mar. 2012.<br />
10. Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fundo das<br />
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa de Desenvolvimento<br />
das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e Fundo<br />
de População das Nações Unidas (UNFPA).<br />
11. Trafficking in persons to Europe for sexual exploitation Report.<br />
Disponível em: http://www.unodc.org/documents /southerncone//Topics_TIP/Publicacoes/TiP_Europe_EN_LORES.pdf.<br />
12. BARBOSA, Cíntia. Significado e Abrangência do Novo Crime<br />
de Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas<br />
Públicas e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial.Disponível<br />
em:http://tinyurl.com/7t9dx7h.<br />
13. Idem.<br />
14. BARBOSA, Cíntia. Significado e Abrangência do Novo Crime<br />
de Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas<br />
Públicas e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial. Disponível<br />
em:http://tinyurl.com/7t9dx7h.<br />
15. Idem.<br />
16. Idem.<br />
17. Data and research on human trafficking: a global survey. Disponível<br />
em: http://www.humantrafficking.neu.edu/news_reports/government_reports/documents/IOMGLOBALTRAFFICK.pdf?bcsi_<br />
scan_C44C18F6F3236D87=K2ZT/JzqIXoTOOru3JDY6xcY7ug0AAA<br />
AHkPQfQ==&bcsi_scan_filename=IOMGLOBALTRAFFICK.pdf.<br />
18. United Nations.Trafficking in Persons to Europe for sexual<br />
exploitation. Disponível em: . Acesso em: 7 nov. 2011.<br />
19. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />
to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 9 nov. 2011.<br />
156<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
20. Dizer que um protocolo foi ratificado é o mesmo que dizer<br />
validado, conforme o planejado, confirmado.<br />
21. Idem.<br />
22. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />
to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 9 nov. 2011.<br />
23. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />
to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 9 nov. 2011.<br />
24. United Nations Office on Drugs and Crime. Middle East and<br />
North Africa Overview. Disponível em: .Acesso em:<br />
29 out. 2011.<br />
25. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />
to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />
Disponível em: .<br />
Acesso em: 9 nov. 2011.<br />
26. Disponível em: http://www.unodc.org/centralasia/en/human-trafficking.html.<br />
27. Disponível em: http://www.unodc.org/southeasterneurope.<br />
28. Todos os dados estão no Relatório Global do Tráfico de Pessoas<br />
de 2009. Disponível em: .<br />
Acesso<br />
em: 19 mar. 2012.<br />
29. Disponível em: http://www.unodc.org/southeasterneurope.<br />
30. Idem.<br />
31. http://www.unodc.org/middleeastandnorthafrica/en/overview.html.<br />
32. Disponível em: http://www.unodc.org/unodc/en/human-<br />
-trafficking/2010/arab-initiative.html.
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
Aos voluntários deixamos aqui o nosso mais sincero agradecimento, a ajuda de vocês nos últimos meses foi<br />
imprescindível para que o evento acontecesse. Esperamos que deem continuidade ao projeto com o mesmo ânimo e<br />
dedicação que os motivou nas últimas edições.<br />
Aline Souza<br />
Amanda Kabbach<br />
Amanda Scarlet<br />
Audrey<br />
Betsie<br />
Bonnie Jeon<br />
Breno<br />
Bruna Silveira<br />
Carolina Siqueira<br />
Elisa Hansen<br />
Francisco Porto<br />
Germano<br />
Guilherme Silva<br />
Isabela Vendramini<br />
Isabella Jardonovski<br />
Jaque Rampim<br />
Jiskia<br />
José Vitor<br />
Julia Vilardi<br />
Kamilla<br />
Karina Beatriz<br />
Letícia Astolfi<br />
Luciana Cardoso<br />
Mara Liria<br />
Marcela Massari<br />
Maria Eduarda<br />
Mariana Peres<br />
Marina Fiuka<br />
Matheus Neves Pinheiro<br />
Nayara<br />
Nicole Frederic<br />
Nicoly de Paula<br />
Raquel Pereira<br />
Renan Nakano<br />
Renata Rocha<br />
Ricardo Lundgren<br />
Thais Lima<br />
Vitor Grinberg<br />
157
158<br />
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />
O VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil deixa registrado seu sincero reconhecimento a todos que auxiliaram na<br />
realização de todas as nossas atividades durante os meses de preparação e os dias do evento. Sem a colaboração<br />
de cada uma dessas pessoas, nosso projeto não seria concretizado.<br />
DIRETORIA MANTENEDORA<br />
Sra. Celita Procopio de Carvalho<br />
Dr. Antonio Bias Bueno Guillon<br />
Dr. Américo Fialdini Jr.<br />
Prof. Victor Mirshawka<br />
ASSESSORES DA DIRETORIA<br />
Área Administrativa e Financeira<br />
Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos de Marchese<br />
Área Acadêmica<br />
Prof. Rogério Massaro Suriani<br />
ADMINISTRAÇãO ACADÊMICA<br />
Paulo Roberto La Selva<br />
AGÊNCIA fAAP<br />
Cláudia Levental<br />
Ingmary Miche<br />
Ricardo Salamon<br />
Gabriel Sanches<br />
Andrea Sendulsky<br />
Lilian Camacho<br />
Fabio Vallim<br />
Polini Prizmic Alves<br />
CENTRAL <strong>DE</strong> ESTáGIOS<br />
Simone Tavit<br />
COMPRAS<br />
André Luiz da Silva<br />
André Sampaio<br />
Basílio José Rodrigues<br />
Fábio Gomes Camanho
Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />
CONTROLADORIA<br />
Jean dos Santos<br />
Luiz Antonio Nunes da Silva<br />
Racheid Said Assef<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ADMINISTRAÇãO<br />
Prof. Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ARTES PLáSTICAS<br />
Prof. Silvio Passarelli<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> COMPUTAÇãO E<br />
INfORMáTICA E <strong>DE</strong> ENGENHARIA<br />
Prof. Francisco Carlos Paletta<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> COMUNICAÇãO<br />
Prof. Luiz Felipe Pondé<br />
Prof. Rubens Fernandes Junior<br />
Prof. Vagner Anselmo Matrone<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> DIREITO<br />
Prof. Álvaro Villaça Azevedo<br />
Prof. José Roberto Neves Amorim<br />
fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ECONOMIA<br />
Diretoria e Coordenação<br />
Embaixador Rubens Ricupero<br />
Prof. Luiz Alberto de Souza Aranha Machado<br />
Prof. Gunther Rudzit<br />
Prof. Manuel José Nunes Pinto<br />
Profa. Renata Correia Nieto<br />
Profa. Raquel Maria de Almeida Rocha<br />
Prof. Áquilas Nogueira Mendes<br />
Profa. Anapaula Iacovino Davila<br />
Assistentes e Funcionários da Faculdade de Economia<br />
Danieli Domingues de Andrade<br />
Elisabete de Souza<br />
Felipe Lo Visco<br />
Juliana Boldieri<br />
Luis Carlos G. de Mendonça<br />
Mara Regina Ismael Arruda<br />
159
160<br />
Maria do Rosário F. F. Atouguia<br />
Renata Cordovil Gelli Silva<br />
Valquíria Quevedo Beltramini<br />
GESTãO DA INfORMAÇãO<br />
Mercedes dos Santos Monteiro<br />
Rafael Possik<br />
GRáfICA fAAP<br />
Emílio Carlos Pizzo<br />
INfORMáTICA<br />
Arlene Michels<br />
Paulo César Klein<br />
MUSEU <strong>DE</strong> ARTE BRASILEIRA<br />
Equipe do MAB<br />
Profa. Maria Izabel Branco Ribeiro<br />
MANUTENÇãO GERAL<br />
Sebastião Gomes de Paula<br />
PóS-GRADUAÇãO<br />
Prof. Victor Mirshawka Jr.<br />
COLABORADORES<br />
Ana Basile<br />
Agnaldo Moreno Junior<br />
Manuela Franco Fernandes<br />
Eduardo Barion<br />
Luiz Maurício<br />
Lucas Valladares Filho<br />
Luis Henrique Beust<br />
VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012
Parceiros<br />
Realização