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GUIA DE ESTUDOS / STUDY GUIDE / GUIA DE ESTUDIOS - Faap

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<strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDOS</strong> / <strong>STUDY</strong> GUI<strong>DE</strong> / <strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDIOS</strong>


<strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDOS</strong> / <strong>STUDY</strong> GUI<strong>DE</strong> / <strong>GUIA</strong> <strong>DE</strong> <strong>ESTUDIOS</strong><br />

6 a 9 de junho de 2012<br />

São Paulo<br />

www.faap.br/forum_2012<br />

forumfaap_com@faap.br<br />

(11) 3662-7358


CONSELHO <strong>DE</strong> CURADORES<br />

Presidente<br />

Sra. Celita Procopio de Carvalho<br />

Integrantes<br />

Dr. Benjamin Augusto Baracchini Bueno<br />

Dr. Octávio Plínio Botelho do Amaral<br />

Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto<br />

Sra. Maria Christina Farah Nassif Fioravanti<br />

Embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Diretor-Presidente<br />

Dr. Antonio Bias Bueno Guillon<br />

Diretor-Tesoureiro<br />

Dr. Américo Fialdini Jr.<br />

Diretor Cultural<br />

Prof. Victor Mirshawka<br />

ASSESSORES DA DIRETORIA<br />

Área Administrativa e Financeira<br />

Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese<br />

Assessoria de Assuntos Acadêmicos<br />

Prof. Rogério Massaro Suriani


ORGANIZADORES<br />

Secretariado<br />

Guilherme Conceição Vieira – Secretário-Geral Acadêmico<br />

Kaike Boni de Mathis Silveira – Secretário-Geral Administrativo<br />

STAFF ACADÊMICO<br />

Banco Mundial<br />

Amanda Pina Ferreira<br />

Caroline Franquini Bizerra<br />

Conselho Europeu (CE)<br />

Karina Calandrin<br />

Lavinia Delfanti<br />

Peter Sturken<br />

Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)<br />

André Darre Cornetta<br />

Flávio Alexandre Nóbrega<br />

Guilherme Ferraz Callegaretti<br />

International Court of Justice (ICJ)<br />

Amanda Butros<br />

Gisela Costa Neves<br />

Liga dos Estados Árabes (LEA)<br />

Beatriz Ahualle<br />

Nelson Nunes Filho<br />

Vanessa Bougiotakis<br />

Organização Mundial do Comércio (OMC)<br />

Eduardo Tiburski<br />

Guilherme Camargo<br />

Rio+20<br />

João Luiz Vannuzini Ferrer<br />

Rainer Rodrigues de Assis<br />

Renan Fava Serafim<br />

United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)<br />

Artur Assumpção<br />

Isabela Vendramini<br />

Maria Fernanda Costa<br />

STAFF ADMINISTRATIVO<br />

Diretoria de Comunicação<br />

Fernanda Sarmazo Alves Silva<br />

Diretoria de Estrutura<br />

Danilo Martins<br />

Diretoria Financeira<br />

Marília Carretero Acedo


O Guia de Estudos do VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil foi avaliado pelos seguintes professores da Fundação<br />

Armando Alvares Penteado:<br />

PROf. ANTONIO SERGIO BICHIR<br />

Antonio Sergio Bichir graduou-se em Ciências Sociais e Direito pela USP. Cursou o programa de mestrado em Filosofia<br />

na UNICAMP e na PUC-SP; é mestre em Integração da América Latina pelo PROLAM-USP. É professor nas Faculdades<br />

de Artes Plásticas e Economia da FAAP.<br />

PROf. GUNTHER RUDzIT<br />

Gunther Rudzit tem o título de doutor em Ciência Política pela USP. Obteve o título de mestre em Geografia Humana<br />

na área de Geopolítica pela USP. Também é mestre em National Security pela Georgetown University. Bacharel<br />

em Geografia e licenciado pela Faculdade de Educação da USP. Trabalhou como pesquisador no Núcleo de Análise<br />

Interdisciplinar de Políticas Públicas e Estratégia (NAIPPE/USP) por mais de dez anos. Foi estagiário da embaixada do<br />

Brasil em Washington e da Missão do Brasil junto à OEA. Foi assessor do ministro da Defesa nos anos de 2001 e 2002.<br />

É coordenador dos cursos de graduação e pós-graduação em Relações Internacionais da FAAP.<br />

PROf. LUIz ALBERTO MACHADO<br />

Luiz Alberto Machado é atualmente vice-diretor da Faculdade de Economia da FAAP. Formado em Ciências Econômicas<br />

(1977), especializou-se em Desenvolvimento Latino-Americano pela Boston University, em Solução Criativa de<br />

Problemas pela Creative Education Foundation e em Ensino e Aprendizagem Acelerada pela International Alliance<br />

for Learning. Foi professor visitante na Universidade de Surrey, Guildford, Reino Unido (1985), e é conferencista emérito<br />

do Instituto Militar de Engenharia (IME-RJ). Diretor da SAM – Souza Aranha Machado Representações Ltda., empresa<br />

que atua nas áreas de representação comercial, assessoria e treinamento, é vice-presidente do Instituto Liberal<br />

e conselheiro do Conselho Federal de Economia, do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, da Fundação<br />

Brasil Criativo e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Cidadania. Proferiu centenas de palestras e conferências<br />

no Brasil e no exterior nas áreas de economia, política, criatividade e aprendizagem acelerada. É coautor do livro<br />

Plano Real: Acabou? (1999) e do capítulo sobre o Brasil do livro Latin American Business Cultures (2010).<br />

PROfA. RAqUEL MARIA <strong>DE</strong> ALMEIDA ROCHA<br />

Raquel Maria de Almeida Rocha é graduada em Relações Internacionais pela FAAP. Possui mestrado em International<br />

Studies (International Peacekeeping) pela Universidade de Birmingham, no Reino Unido, é também professora dos<br />

cursos de Relações Internacionais, Economia e Relações Públicas da FAAP e coordenadora de Projetos e Iniciação<br />

Científica da Faculdade de Economia e Relações Internacionais da FAAP.


PROf. MARCUS VINICIUS fREITAS<br />

Marcus Vinicius Freitas é bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo, havendo realizado mestrados em Direito<br />

(Cornell University) e Economia e Relações Internacionais (The Johns Hopkins School of Advanced Internacional<br />

Studies – SAIS). Foi bolsista da Organização dos Estados Americanos (OEA).<br />

PROfA. JOSILENE TICIANELLI VANNUzINI fERRER<br />

Josilene Ticianelli Vannuzini Ferrer é mestre em Ciência do Ambiente pelo PROCAM-USP, especialista em Gestão<br />

Ambiental pela UNICAMP e em Teoria e Prática do Meio Ambiente pelo ISER/CETESB e graduada em Ciências Sociais<br />

pela Universidade de São Paulo. Professora do curso de graduação em Relações Internacionais e da pós-graduação<br />

da FAAP, é uma das coordenadoras do curso de pós-graduação em Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e<br />

Questões Globais da FAAP, desde 2008. Atua também como secretária executiva do Programa Estadual de Mudanças<br />

Climáticas do Estado de São Paulo – PROCLIMA, e é coordenadora do Programa Estadual de Prevenção à Destruição<br />

da Camada de Ozônio do Estado de São Paulo – PROZONESP. Representante da CETESB na delegação brasileira<br />

junto à Conferência das Partes da Convenção do Clima – UNFCCC e do Protocolo de Kyoto (COPs), de 2005 a 2011.<br />

É delegada do Brasil na Parceria Global Methane Initiative – GMI, sob a coordenação da US-EPA e gerente de Clima<br />

e Energia da CETESB desde 2009.<br />

PROf. fERNANDO BONfá <strong>DE</strong> JESUS<br />

Fernando Bonfá de Jesus é advogado pela PUC/SP, economista pela FAAP/SP e doutor e mestre em Direito Tributário<br />

pela PUC/SP. É professor de Direito Internacional na graduação da FAAP e no curso de pós-graduação em Direito<br />

Empresarial na FAAP, além de professor concursado da PUC/SP. Especialista em Business Strategy pela University<br />

of California of San Diego. Autor do livro ICMS – Aspectos Pontuais e coautor dos livros Planejamento Tributário e a<br />

Norma Geral Antielisão e Imunidades Tributárias. Membro-fundador da Associação Brasileira de Estudos Tributários<br />

das Empresas de Comunicações, palestrante na Escola Superior do Ministério Público, do International Institute Research<br />

e do International Business Communications. Advogado em São Paulo.<br />

PROf. JOSé MARIA RODRIGUEz RAMOS<br />

José Maria Rodriguez Ramos é doutor em Economia pela Universidade de São Paulo (1990). Foi coordenador do<br />

curso de Ciências Econômicas da Faculdade de Economia da FAAP (2000 a 2009), onde atualmente é professor de<br />

Metodologia Científica. Foi diretor cultural da Associação Latino-Americana de Ética, Negócios e Economia (ALENE)<br />

e membro da International Society of Business, Economics and Ethics (ISBEE). É autor do livro Lionel Robbins: Contribuição<br />

para a Metodologia da Economia e coautor do livro Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica.


CARTA <strong>DE</strong> BOAS-VINDAS<br />

É com imenso prazer que recebemos todos os senhores delegados para o VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil.<br />

Após meses de trabalho árduo e de muita persistência, proporcionaremos aos senhores quatros dias de intensas<br />

atividades. A oitava edição do evento promete equiparar o sucesso das edições anteriores com tons de inovação.<br />

Neste Fórum, pretendemos construir soluções e ultrapassar fronteiras.<br />

Palco de intensas discussões, o Fórum FAAP proporcionará aos senhores delegados o enriquecimento de suas habilidades<br />

comunicativas e de negociação, simulando temas e fatos reais que fazem parte da agenda internacional.<br />

Assim, o evento proporciona aprimoramento acadêmico, profissional e social.<br />

Este evento tornou-se possível devido ao empenho de pessoas que desejam fazer com que o Fórum seja melhor a<br />

cada ano. Assim, devemos agradecer à Fundação Armando Alvares Penteado, em nome do dr. Antonio Bias Bueno<br />

Guillon, diretor-presidente da Instituição, o qual torna o evento possível, e também à diretoria da Faculdade de<br />

Economia, representada pelo embaixador Rubens Ricupero e pelo professor Luiz Alberto Machado, por imensurável<br />

ajuda e fé na realização deste evento.<br />

Por fim, um especial agradecimento à professora Raquel Rocha, a qual coordena e acompanha o evento com a maior<br />

disposição, e, também, ao staff administrativo e acadêmico do Fórum FAAP: sessenta e cinco jovens que transformam<br />

um dos maiores modelos de simulação do país em realidade, fazendo do evento seu primeiro passo para um<br />

mundo melhor.<br />

Esperamos que aproveitem ao máximo esses quatro dias de evento.<br />

Atenciosamente,<br />

GUILHERME VIEIRA E KAIKE BONI<br />

Secretários-Gerais


Caros (as) alunos (as),<br />

CARTA DA DIRETORIA MANTENEDORA DA fAAP<br />

A Fundação Armando Alvares Penteado tem uma conduta caracterizada pela criatividade, pela agilidade na atuação,<br />

pela proximidade com seus alunos e disposição com que encara os desafios, incentivando sempre o desenvolvimento<br />

de cada um.<br />

A partir de 2005, nós, da FAAP, visando celebrar dois grandes marcos importantes para o desenvolvimento mundial –<br />

os 60 anos da ONU e os 10 da criação da OMC – propusemos aos graduandos de Relações Internacionais e de outras<br />

Faculdades a criação de um modelo de simulação da ONU para alunos do ensino médio, com o objetivo de mostrar<br />

aos jovens a importância do engajamento nos assuntos de interesse internacional.<br />

Neste ano de 2012, realizamos o nosso VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil e, ao fazê-lo, tenho plena convicção<br />

de que, a exemplo do que ocorreu nas edições anteriores, serão quatro dias em que a capacidade e a energia de<br />

nossos alunos dos diversos cursos oferecidos pela FAAP serão evidenciados através da organização e conduta das<br />

sessões de trabalho dos organismos internacionais simulados na edição deste Fórum.<br />

O nosso objetivo é proporcionar aos alunos do ensino médio de todo o Brasil que se preparam para a vida acadêmica<br />

e profissional a oportunidade de vivenciarem um ambiente diplomático e de desenvolverem inúmeras habilidades<br />

individuais, por meio de um aprendizado ativo e do trabalho em grupo.<br />

A todos vocês que nos prestigiam com a sua presença, deixo os meus agradecimentos pela confiança depositada na<br />

FAAP e desejo que possam aproveitar ao máximo essa rica experiência que vivenciarão nesses próximos dias.<br />

Cordialmente,<br />

ANTONIO BIAS BUENO GUILLON<br />

Diretor-Presidente


VIII fóRUM fAAP <strong>DE</strong> DISCUSSãO ESTUDANTIL<br />

Caros participantes do VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil,<br />

O Fórum FAAP de Discussão Estudantil deste ano se realizará praticamente na véspera da Conferência das Nações Unidas<br />

sobre Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como Rio +20. Será essa possivelmente a mais importante reunião<br />

da ONU em 2012. Ela evoca em seu título a Rio 92, a conferência inaugurada com a assinatura das convenções ambientais<br />

que até hoje balizam o tratamento internacional da questão do meio ambiente: a Convenção sobre Mudança Climática<br />

e a Convenção sobre Diversidade Biológica. O desafio atual será avançar agora rumo a uma economia verde, de baixa<br />

intensidade de carbono, mediante o estabelecimento de metas com prazos e quantidades para que os países efetuem<br />

essa transição. Desse modo, as Metas da Economia Verde complementarão as Metas do Milênio das Nações Unidas.<br />

Ao mesmo tempo, a ONU continuará empenhada em ajudar o encaminhamento pacífico e democrático dos movimentos<br />

da Primavera Árabe, a superação da crise financeira na Europa, no Japão e nos Estados Unidos, os esforços a fim<br />

de evitar o alastramento do protecionismo comercial, a luta contra os perigos da proliferação de armas nucleares etc.<br />

Todos esses problemas e assuntos indicam como o mundo se transforma debaixo de nossos olhos. Obviamente,<br />

essas questões vão influir de modo cada vez mais decisivo nos debates internacionais dos futuros meses e anos.<br />

Nossos destinos já não podem ser vistos, conforme a ilusão do passado, como se no Brasil estivéssemos protegidos<br />

e indiferentes ao que sucede no resto do universo.<br />

Todos esses acontecimentos encontram inevitavelmente um grande fórum em que serão analisados, discutidos e, sempre<br />

que possível, encaminhados para uma solução justa e satisfatória: a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.<br />

Vocês, participantes do VIII Fórum FAAP, terão o privilégio de poder tomar parte pessoalmente nesse debate por<br />

meio do esforço que faremos para reproduzir da maneira mais fiel possível as discussões que se processarão neste<br />

ano em Nova York e em outras sedes das organizações internacionais pertencentes à família das Nações Unidas.<br />

No contexto do Fórum FAAP, teremos os seguintes órgãos e os temas que serão tratados por cada um:<br />

• Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU)<br />

A iminente expansão de armas nucleares: a adesão de novos países ao Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação<br />

(TNP).<br />

• United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC)<br />

O tráfico de pessoas: a ameaça do crime organizado aos direitos básicos do ser humano no continente europeu<br />

• Conselho Europeu (CE)<br />

A União Europeia no pós-crise<br />

• International Court of Justice (ICJ)<br />

Case concerning French nuclear tests and the Rainbow Warrior case (New Zealand X France)<br />

• Rio +20<br />

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável


• Liga dos Estados Árabes (LEA)<br />

Buscando soluções para a crise na Líbia<br />

• Banco Mundial<br />

O papel do Banco Mundial na assistência pós-desastres naturais<br />

• Organização Mundial do Comércio (OMC)<br />

Combatendo o protecionismo e as barreiras alfandegárias em tempos de crise mundial<br />

Por fim, o Comitê de Comunicação proporcionará aos seus jornalistas a cobertura exclusiva dos comitês para o<br />

jornal Fórum em Foco.<br />

Estou seguro de que será uma experiência de vida inesquecível procurar encarnar nas discussões as perspectivas, reações,<br />

emoções e interesses dos diversos países do mundo. Exigirá da parte de vocês um esforço para saírem, ainda que por<br />

breve período, da cultura em que foram educados e tentar se colocar na alma e na mente de outros povos, para olhar os<br />

eventos não apenas de uma ótica brasileira, mas do ponto de vista de cada país que vocês escolherem para representar.<br />

Dessa maneira, vocês ganharão aquele conhecimento profundo que somente se adquire quando deixamos de olhar<br />

os outros a partir de perspectiva de fora e nos empenhamos em pensar, sentir e reagir como se fôssemos o “outro”.<br />

Isso implica combater os estereótipos e preconceitos e aprender pela reflexão de que, apesar da diversidade de<br />

sensibilidades que enriquece o mundo por meio da variedade de povos e culturas, encontra-se sempre a essencial<br />

unidade dos seres humanos, a aspiração de todos os seres humanos por uma vida melhor, pela liberdade, pela realização<br />

pessoal por meio de um trabalho produtivo, pela plena consecução dos direitos humanos. É apenas dessa<br />

forma que poderemos contribuir para a paz, a justiça e a prosperidade internacionais e para a realização do nosso<br />

próprio potencial de ajudar a construir um mundo melhor e mais justo.<br />

Com os melhores votos de uma experiência de crescimento e enriquecimento pessoal.<br />

Cordialmente,<br />

EMBAIXADOR RUBENS RICUPERO<br />

Diretor da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado


SUMÁRIO<br />

Banco Mundial 13<br />

O papel do Banco Mundial na assistência pós-desastres naturais<br />

Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) 33<br />

A iminente expansão de armas nucleares: a adesão de novos países ao Protocolo Adicional do<br />

Tratado de Não Proliferação (TNP)<br />

Conselho Europeu (CE) 49<br />

A União Europeia no pós-crise<br />

International Court of Justice (ICJ) 77<br />

Case concerning French nuclear tests and the Rainbow Warrior case (New Zealand X France)<br />

Liga dos Estados Árabes (LEA) 101<br />

Buscando soluções para a crise na Líbia<br />

Organização Mundial do Comércio (OMC) 121<br />

Combatendo o protecionismo e as barreiras alfandegárias em tempos de crise mundial<br />

Rio +20 137<br />

Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável<br />

United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC) 147<br />

O tráfico de pessoas: a ameaça do crime organizado aos direitos básicos do ser humano no<br />

continente europeu<br />

Agradecimentos 157


Banco Mundial<br />

O papel do Banco Mundial na<br />

assistência pós-desastres naturais


Caros delegados,<br />

14<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

É com muito prazer que damos boas-vindas aos senhores. Nós, diretoras do Banco Mundial, estamos ansiosas para<br />

orientá-los nos debates e ver como os senhores desenvolverão uma cooperação em um tema tão complexo. Este<br />

ano, as áreas contempladas no Banco Mundial são políticas econômicas e socais relacionadas à assistência e ao papel<br />

do Banco nos desastres naturais que ocorrem ao redor do globo.<br />

Cabe aos senhores delegados discutir qual será a maneira mais eficaz de o Banco Mundial auxiliar na recuperação e prevenção<br />

dos desastres no âmbito global, dando uma atenção especial às consequências nos países em desenvolvimento.<br />

Nós estamos trabalhando ao longo do ano para dar-lhes as informações necessárias para que os senhores delegados<br />

tenham uma proveitosa discussão.<br />

A Amanda Pina Ferreira está no 8º semestre de Relações Internacionais e cursando o sexto semestre de Economia.<br />

Ela participou do Fórum FAAP no ano de 2011 como diretora do Conselho de Direitos Humanos e participou de diversas<br />

simulações como delegada.<br />

Meu nome é Caroline Franquini Bizerra, tenho 19 anos e estou cursando o 5º semestre de Relações Internacionais.<br />

Iniciei minha participação no Fórum FAAP, na sua VII edição, como voluntaria acadêmica do Conselho de Direitos<br />

Humanos, onde a Amanda era diretora, e desde então me envolvi em outras simulações como delegada.<br />

Esperamos que esses dias de discussão sejam preenchidos com muito conhecimento e que esta seja uma experiência<br />

inesquecível para todos.<br />

AMANDA PINA fERREIRA<br />

CAROLINE fRANqUINI<br />

Diretoras Acadêmicas


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Histórico do Comitê<br />

O Banco Mundial foi criado durante a Conferência de<br />

Bretton Woods, em 1944, com o objetivo de reconstruir<br />

os países europeus após a II Guerra Mundial e também<br />

de recuperar e expandir o comércio internacional. Do<br />

Tratado de Bretton Woods se formaram duas organizações<br />

internacionais com um papel extremamente significativos<br />

no cenário financeiro internacional: o Fundo<br />

Monetário Internacional e o Banco Mundial. 1<br />

O Banco Mundial posteriormente tornou-se algo muito<br />

maior, mais complexo: o Grupo Banco Mundial. O<br />

Grupo é composto por cinco outros componentes ligados<br />

ao desenvolvimento. 2<br />

Um desses componentes é o Banco Internacional para<br />

Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que tem o<br />

papel de conceder empréstimos, tanto a longo quanto<br />

em curto prazo aos países em desenvolvimento, com o<br />

principal objetivo de combater a pobreza, funcionando<br />

como uma cooperativa. 3<br />

Um segundo componente é a Associação Internacional<br />

de Desenvolvimento (AID), a qual faz empréstimo<br />

sem juros nenhum e também fornece subsídios aos<br />

projetos de desenvolvimento dos países considerados<br />

os mais pobres do mundo. 4<br />

A Corporação Financeira Internacional (CFI) pode ser resumida<br />

como sendo o ramo privado do Banco Mundial.<br />

Essa corporação oferece financiamentos e consultoria<br />

para as empresas privadas com o objetivo de aumentar<br />

o empreendedorismo nos países e, por consequência,<br />

aumentar seu desenvolvimento econômico. 5<br />

A Agência Multilateral de Garantia de Investimentos<br />

(AMGI), que também faz parte do grupo, é uma agência<br />

que promove o investimento estrangeiro direto e<br />

ao mesmo tempo fornece aos países investidores um<br />

seguro de risco político. 6<br />

Por fim, deve-se citar o último componente do grupo,<br />

o Centro Internacional para Arbitragem de Disputas<br />

sobre Investimentos (CIADI), o qual tem como função<br />

principal auxiliar na conciliação de disputas sobre investimentos<br />

internacionais. 7<br />

O Banco Mundial tem sua sede em Washington, Estados<br />

Unidos, e atualmente possui 187 países-membros,<br />

ou países acionistas. As decisões tomadas pelo Banco<br />

Mundial são dividas em dois órgãos: o Conselho de<br />

Governadores, composto por todos os membros (estes<br />

tomam a decisão final),e o Conselho de Diretores Executivos,<br />

o qual possui suas funções delimitadas pelo<br />

Conselho de Governadores. 8<br />

Há 24 representantes no Conselho de Diretores Executivos.<br />

Cada um dos maiores acionistas, como França,<br />

Alemanha, Japão, Grã-Bretanha e Estados Unidos,<br />

nomeia um diretor executivo, enquanto os outros 19<br />

diretores executivos representam o grupo do restante<br />

dos membros. O Conselho é responsável por criar as<br />

políticas gerais do banco, incluindo empréstimos, assistência<br />

a países e decisões financeiras. 9 Seu objetivo<br />

é promover o desenvolvimento econômico nos países<br />

em desenvolvimento (PEDs) e principalmente erradicar<br />

a pobreza no mundo.<br />

Atualmente o Banco Mundial trabalha com seis temas<br />

estratégicos que são considerados como desafios<br />

mundiais. Esses temas são: 10<br />

• Estados mais pobres: podemos classificar como Estado<br />

mais pobre aquele em que a renda de um indivíduo<br />

é menor do que US$ 1,25 por dia e países<br />

onde as mudanças climáticas e os desastres naturais<br />

afetam diretamente a única fonte de renda de muitas<br />

famílias, a agricultura; e também países onde há altos<br />

índices de malária e de AIDS.<br />

• Nações frágeis e em situações posteriores a conflitos:<br />

em geral, são países que estiveram relacionados a<br />

alguma guerra nos últimos 15 anos e essa guerra acaba<br />

possibilitando que ocorra o ciclo vicioso de nação pobre.<br />

Assim, a ocorrência de conflitos impede que ocorra o desenvolvimento<br />

social e econômico nesse território. 11<br />

• Países de renda média: os países que integram essa<br />

classificação são aqueles onde há a maior concentração<br />

de indivíduos pobres. Esses países ao mesmo<br />

tempo têm acesso ao mercado financeiro, possuem<br />

uma capacidade de conceder crédito, porém continuam<br />

encontrando dificuldade para atrair recursos<br />

financeiros para o seu desenvolvimento. 12<br />

15


• Bens públicos globais: meio ambiente, saúde publica,<br />

comércio internacional e infraestrutura financeira.<br />

• O mundo árabe: os países árabes, com exceção do<br />

setor do petróleo, não estão integrados à economia<br />

mundial. Esses países possuem potencial de desenvolvimento,<br />

mas ainda há altos níveis de desemprego<br />

e baixa participação da mulher no mercado.<br />

• Conhecimento e aprendizagem: as nações pobres<br />

e em desenvolvimento buscam no Banco Mundial<br />

soluções para seus problemas, auxílio financeiro e<br />

aprendizado para poderem mais tarde competir no<br />

mercado internacional. 13<br />

Depois da reconstrução pós-Segunda Guerra, em que<br />

o principal objetivo do banco foi de reconstrução e<br />

desenvolvimento, o Banco continuou a ter esses objetivos<br />

como parte do seu trabalho, porém focalizou especialmente<br />

suas atuações na redução da pobreza, no<br />

crescimento sustentável e no desenvolvimento. Outro<br />

grande objetivo do Banco está relacionado ao cumprimento<br />

das metas do milênio.<br />

Nos próximos vinte e cinco anos, a população global<br />

vai aumentar para 8 bilhões de pessoas. Os 98% de<br />

população que irá surgir virá de países em desenvolvimento.<br />

Em 2008, mais de 47% da população global vivia<br />

em áreas urbanas. Em 2020, 4,1 bilhões, ou 55% estarão<br />

vivendo em áreas urbanas. Dessa forma, o Banco<br />

Mundial objetiva a manutenção da paridade da educação<br />

no mundo e busca diminuir a vulnerabilidades das<br />

pessoas que convivem diariamente com riscos, para<br />

que, através de seus projetos, possa contribuir para o<br />

desenvolvimento de muitos países. 14<br />

Histórico do Problema<br />

O Banco Mundial tem financiado a reconstrução pós-<br />

-desastres naturais desde a sua criação. Mesmo assim,<br />

o engajamento do banco tem sido cada vez maior em<br />

ajudar países na sua recuperação após a ocorrência de<br />

desastres, reduzindo assim sua vulnerabilidade perante<br />

as catástrofes naturais. 15<br />

De acordo com Estudos da IEG (Independent Evaluation<br />

Group), agência do Banco Mundial especializada em pes-<br />

16<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

quisas, desde o ano de 1984, o grupo contabilizou que<br />

110 países receberam financiamentos direcionados para a<br />

emergência na assistência relacionada a desastres. 16<br />

Desde a década de 1970, os pedidos de financiamento<br />

para o Banco Mundial na reconstrução de países pós-<br />

-desastres naturais, pós-conflitos e crises humanitárias,<br />

tem crescido consideravelmente. Uma série de declarações<br />

políticas do Banco Mundial foi desenvolvida<br />

para orientar diversos tipos de trabalhos. 17<br />

O Empréstimo de Recuperação para Emergências (chamado<br />

de Emergency Recovery Loan – ERL) tem sido o principal<br />

instrumento de escolha na concessão de empréstimos<br />

para emergências de desastres naturais. Embora a política<br />

tenha evoluído, as mudanças foram feitas sem avaliação<br />

ou conhecimento da experiência do Banco. 18<br />

O Banco Mundial é a principal instituição à qual um<br />

grande número de países recorre após desastres naturais.<br />

Dessa forma, o número de instituições que respondem<br />

a desastres tem crescido bastante nos últimos<br />

anos, fazendo com que a coordenação sobre os doadores<br />

seja um desafio cada vez maior.<br />

O gráfico seguinte, presente no relatório da AIG sobre<br />

desastres naturais de 2005, mostra por que o número<br />

de desastres naturais pode estar crescendo. O mesmo<br />

qualifica o número de desastres naturais reportados<br />

por ano, de 1975 até 2004. Ele explica que o aumento<br />

de alívio e assistência à reconstrução têm incentivado<br />

relatórios internacionais sobre mais desastres. Esse<br />

é, particularmente, o caso de pequenos eventos que<br />

antes eram tratados como uma preocupação local. As<br />

agências mais especializadas estão monitorando eventos<br />

naturais e seus impactos desastrosos. A ocorrência<br />

maior de observação e relatos sobre as condições do<br />

tempo contribuem para o aumento de relatos sobre<br />

eventos climáticos extremos – houve um aumento de<br />

50% em cada década entre 1950 e 1990. 19 A temperatura<br />

dos mares tem aumentado. Um aumento na temperatura<br />

do mar tropical de até dois graus Fahrenheit<br />

durante o século passado contribuiu para o crescimento<br />

no número de desastres relacionados ao clima, alguns<br />

dos quais podem ser de natureza cíclica. 20<br />

Os papéis adotados pelas diferentes instituições não<br />

são fixos e tem sido menos focados, porém elas tendem<br />

a seguir uma força tradicional. A Cruz Vermelha/


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Data Base Banco Mundial – IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the World<br />

Bank Assistance on Natural Disasters. 2005. p. 14.<br />

Sociedade da Cruz Vermelha, por exemplo, e outras<br />

organizações não governamentais, junto com os militares,<br />

tipicamente participam da resposta imediata a<br />

esses desastres. O Programa das Nações Unidas para<br />

o Desenvolvimento (UNDP– United Nations Development<br />

Program) foca mais nos aspectos sociais da recuperação.<br />

Já o Banco Mundial se concentra em projetos<br />

de infraestrutura e moradia durante a reconstrução. 21<br />

O banco possui uma coordenação que faz com que as<br />

necessidades dos países seja satisfeita e não se confunda<br />

com outros conflitos e prioridades.<br />

Um parceiro-chave para o Banco Mundial quando se<br />

trata de desastres naturais é o ProVention Consortium,<br />

um consórcio lançado em fevereiro de 2000 com o<br />

objetivo de reduzir o risco de desastres em países em<br />

desenvolvimento, contribuindo também para a prevenção<br />

de desastres e mitigação do esforço integral<br />

para desenvolvimento. Esse consórcio é uma linha<br />

de relacionamento (network) internacional focada em<br />

compartilhar o conhecimento para que haja a diminui-<br />

ção do risco de desastres. Mesmo sendo lançado por<br />

uma área do banco, o consórcio é hoje administrado<br />

pela Federação Internacional da Cruz Vermelha e pela<br />

Sociedade da Cruz Vermelha em Genebra. 22<br />

Para analisarmos o papel do Banco na assistência pós-<br />

-desastres naturais, temos que considerar o aumento<br />

da consciência sobre o problema por todo o planeta.<br />

A ajuda das instituições privadas e públicas tem sido<br />

crescente e o investimento do banco na assistência e<br />

recuperação pós-desastres naturais também. A prevenção<br />

a desastres naturais, a gestão de riscos e a<br />

maior capacidade de antecipar alguns acontecimentos<br />

fazem deste um momento adequado para discutirmos<br />

as políticas e práticas do Banco com o que se refere às<br />

catástrofes naturais. 23<br />

Toda a carteira de projetos aprovada pelo Conselho Executivo<br />

do Banco Mundial, Banco Internacional para Reconstrução<br />

e Desenvolvimento (BIRD) e Associação Internacional<br />

para o Desenvolvimento (AID) tem atividades desde<br />

17


1984. O Banco possui 528 projetos que se denominam<br />

“projetos de desastre“. Um total de US$ 26,281 milhões em<br />

atividades têm sido focados em desastres naturais. Esses<br />

528 projetos representam, hoje, 9,4% de todos os empréstimos<br />

feitos pelo Banco desde 1984. 24<br />

Alguns projetos são totalmente concentrados em desastres<br />

naturais. Isso inclui empréstimos para recuperações<br />

emergenciais (89 projetos incluindo créditos e<br />

subsídios da Associação Internacional de Desenvolvimento<br />

– AID), como projetos que usam outros instrumentos.<br />

Esses projetos representam menos que um<br />

terço dos 528 identificados. O valor desses empréstimos<br />

é estimado em US$ 12,200 milhões. 25<br />

Se analisados os 528 projetos, o envolvimento do Banco<br />

vem crescendo bastante. Desses 528, o volume de<br />

dinheiro é aplicado em projetos de detecção de queimadas,<br />

até US$ 500 milhões de dólares em empréstimos<br />

pós-terremotos. No terremoto de 1999 que houve<br />

na Turquia, por exemplo, o governo arrecadou cerca de<br />

18<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Data Base Banco Mundial – IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of<br />

the World Bank Assistance on Natural Disasters. 2006. p. 14.<br />

US$ 1,1 bilhões, já o Banco coordenou um programa<br />

de reconstrução que totalizou em US$ 1,7 bilhões. 26<br />

O Banco Mundial financia vários tipos de projetos, porém,<br />

o tipo de desastre para o qual os países mais pedem<br />

assistência são os desastres provocados por enchentes.<br />

Do total de 528 projetos no portfólio, 243 deles possuem<br />

relação com desastres provocados por enchentes.<br />

A seca é o segundo desastre mais comum, com 107 projetos.<br />

Com 95 projetos, as queimadas ficaram em terceiro<br />

lugar. Dos 140 projetos completos e em andamento<br />

que foram totalmente relacionados a desastres, 21 projetos<br />

em 17 países têm focado em ações preventivas. 27<br />

O Banco tem aprovado 89 projetos de recuperação de<br />

emergência de desastres naturais desde 1984. As enchentes<br />

dominaram também esse grupo, com terremotos<br />

em segundo e tempestades tropicais em terceiro. 28<br />

Se analisados os dados de tipo de desastres naturais<br />

por região, verifica-se que a região da África Subsaa-<br />

Data do Banco Mundial- IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />

World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 65.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Data Banco Mundial- IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />

World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 65.<br />

riana possui 134 projetos. A América Latina e o Caribe<br />

ficaram em segundo lugar com 128 projetos. O Oriente<br />

Médio e o Norte da África ficaram em terceiro, tendo a<br />

menor quantidade de projetos. 29<br />

Levando em conta os projetos por setor, o setor rural<br />

implementou 40% do portfólio de desastres naturais.<br />

O Banco tem ajudado a região da África no confronto<br />

a desastres naturais já faz muitos anos. Essta é a única<br />

região no mundo onde as secas são o tipo de desastre<br />

mais comum e também a região que recebe mais tipo<br />

de projetos. 30<br />

Uma atenção recente vem sendo dada a países do Oeste<br />

Asiático, Europa e Ásia Central, os quais possuem a<br />

maioria dos projetos em andamento.<br />

Desde o ano de 1999, o Banco Mundial tem preparado<br />

65 publicações, artigos e reportagens sobre sua participação<br />

pós-desastres naturais. As pesquisas mais<br />

frequentes têm sido sobre a administração de risco e<br />

sobre mecanismos de financiamento.<br />

A capacidade em dar assistência na resposta a desastres<br />

naturais é aparente nos resultados dos projetos.<br />

Em 115 projetos completos, os danos relacionados à<br />

infraestrutura foram restaurados com sucesso. Em 28<br />

projetos, a reconstrução da infraestrutura não foi com-<br />

pletamente restaurada. Complementando os dados,<br />

86 projetos tiveram sucesso na mitigação de suas atividades,<br />

enquanto 32 projetos não. 31<br />

Baseado em uma experiência limitada de atividades,<br />

o banco ainda não se consolidou o bastante sobre a<br />

eficácia das atividades. Dos 21 projetos baseados em<br />

prevenção, oito foram completados e reavaliados, com<br />

63% de satisfação. 32<br />

Alguns dos resultados negativos indicam uma certa dificuldade<br />

em assistir problemas sociais. Trinta e quatro<br />

projetos resultaram com sucesso em ativos econômicos<br />

e 9 em ativos sociais. Mesmo assim, em 6 projetos,<br />

acionistas e grupos vulneráveis foram negligentes.<br />

Dessa forma, a administração do banco recentemente<br />

adotou um desempenho mais distribuído e descentralizado<br />

para administrar os riscos.<br />

Definição do Problema<br />

Nesta parte será definido, em primeiro lugar, o problema<br />

a ser tratado, no caso, os desastres naturais, e o papel<br />

do Banco Mundial na assistência a esses desastres.<br />

Depois será analisada a relevância do tema e como ele<br />

se apresenta hoje no cenário internacional.<br />

19


Por mais que um esforço significativo tenha sido feito<br />

para conceituar o termo “desastre“, muitas definições<br />

divergentes aparecem na literatura. O desastre<br />

é percebido diferentemente por cientistas sociais,<br />

ambientalistas e jornalistas. Primeiramente, desastres<br />

naturais são o resultado da interação entre eventos<br />

naturais e ações humanas, em outras palavras, nem<br />

todos os desastres são resultado exclusivamente da<br />

ação da natureza. Mesmo assim, a classificação convencional<br />

de desastre natural (como ações de Deus)<br />

e provocados pelo homem (ações humanas) é agora<br />

descartada. Em segundo lugar, o entendimento tem<br />

se expandido com a mudança de ideias sobre causas<br />

e efeitos, diretos e indiretos. Em terceiro lugar, os desastres<br />

são eventos complexos com resultados multidimensionais:<br />

socioeconômico, cultural, político, humanitário<br />

e físico. 33<br />

Um desastre natural pode ser definido como a interação<br />

entre um perigo natural, gerado na maioria dos casos<br />

por um evento repentino e inesperado, e de condições<br />

vulneráveis que causam perdas severas para os homens<br />

e para seu ambiente (natural e construído). Essas perdas<br />

criam um sofrimento e um caos nos padrões normais da<br />

vida que conduzem à ruptura socioeconômica, cultural e<br />

política. Uma situação assim requer uma intervenção estrangeira<br />

nos níveis nacionais e internacionais para uma<br />

resposta individual e coletiva. 34<br />

De 1970 a 1980, desastres naturais mataram três<br />

milhões de pessoas e afetaram outros 800 milhões<br />

mais. Em 1990, os desastres naturais causaram perdas<br />

de US$ 47 bilhões. Falando de uma maneira mais<br />

ampla, ambos os danos (físicos e mortes) têm tido<br />

uma tendência crescente em países em desenvolvimento.<br />

Nos países desenvolvidos, perdas econômicas<br />

crescentes foram acompanhados por uma baixa<br />

em fatalidades. 35 Mesmo assim, o impacto sobre as<br />

perdas econômicas é desproporcional, sendo maior<br />

nos países em desenvolvimento, devido a sua escassez<br />

de recursos e a sua baixa produtividade. Entre<br />

as possíveis razões para a tendência ascendente em<br />

níveis de perda para países em desenvolvimento, encontra-se<br />

o crescimento das vulnerabilidades sociais,<br />

econômicas e físicas. 36<br />

Geralmente, eventos naturais, como processos geofísicos,<br />

não estão crescendo, mas desastres naturais<br />

estão, especialmente em países em desenvolvimen-<br />

20<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

to. A frequência e a magnitude de desastres naturais<br />

têm crescido dramaticamente no mundo todo. O número<br />

de desastres naturais e suas perdas econômicas<br />

escalaram de dezesseis eventos e perdas de US$ 10<br />

bilhões em 1960, para vinte e nove eventos e perdas<br />

de US$ 30 bilhões nos anos 1970, para 68 eventos e<br />

perdas de 93 US$ bilhões nos anos 1980. 37<br />

Globalmente, o número de desastres hidrológicos<br />

(como enchentes e ciclones) é maior que o número<br />

de desastres geológicos (terremotos, erupções vulcânicas<br />

e desabamentos de terra). Entre 1947 e 1981,<br />

foram 554 desastres hidrológicos, comparado-se com<br />

208 geológicos. Dentre essas duas categorias, as enchentes<br />

foram as mais frequentes (45%), seguida de<br />

ciclones (26%) e terremotos (21%). Por mais que as<br />

enchentes sejam o tipo de desastre mais frequente,<br />

terremotos e ciclones tropicais causam a maior parte<br />

das fatalidades. 38<br />

A figura seguinte explica como os desastres naturais<br />

chegam a afetar tanto as pessoas quanto o ambiente<br />

no qual elas vivem. As pessoas podem sofrer graves<br />

injúrias, amputações, estresse traumático e mortes,<br />

já a estrutura física é abalada e também impossibilita<br />

o acesso a recursos naturais como a água. Tudo isso<br />

resulta na interrupção da vida cotidiana do ser humano,<br />

gerando problemas socioseconômicos, culturais<br />

e políticos. Esses problemas devem ser resolvidos no<br />

âmbito nacional, com a ajuda do governo, de organizações<br />

não governamentais e da mídia nacional, no<br />

âmbito internacional, com a ajuda de outros governos<br />

e também da mídia internacional. A comunidade<br />

e o indivíduo devem se ajudar com um mecanismo de<br />

cooperação mutua. 39<br />

Antes de especificarmos o papel do Banco Mundial na<br />

prevenção de desastres naturais, devemos destacar<br />

como foram reportados os principais desastres naturais<br />

nos últimos anos. Evidenciando os problemas, em<br />

2010, os desastres naturais mataram mais de 297.000<br />

pessoas no mundo, afetaram mais de 217 milhões de<br />

outras e causaram danos de US$ 123,9 bilhões. Um<br />

total de 131 países foram afetados por esses desastres<br />

naturais, porém, apenas dez países foram afetados<br />

por 120 dos 385 desastres naturais (31,2% do total).<br />

Similar a anos antes, China, Índia, Filipinas, Estados<br />

Unidos e Indonésia foram os países mais afetados por<br />

desastres naturais. 40


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Natural Hazards<br />

Interaction between natural<br />

events system (geophysical<br />

processes) & human use<br />

systemn (socio-economic,<br />

cultural & physical<br />

conditions)<br />

Eects<br />

Relief and Aid Social Coping Mechanisms<br />

Figura: EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries. p. 5.<br />

Representando 98,6%; 95% e 89% do total de mortes em<br />

desastres reportados, as vítimas e os danos, respectivamente,<br />

fizeram o ranking dos dez países mais afetados.<br />

Seis dos dezenove países estão localizados na Ásia, representando<br />

87,7% das vítimas reportadas. Seis outros países<br />

estão localizados nas Américas. 41<br />

Esses países contam com 75,4% das mortes causadas por<br />

desastres naturais pelo mundo. A maioria deles foi afetada<br />

• Population growth<br />

• Poverty & rapid urbanisation<br />

• Environmental degradation<br />

• Poor housing conditions<br />

• Inadequate resources<br />

• Political instability<br />

International National Community Individual<br />

• Relief<br />

organisations<br />

• Foreign countries<br />

• International<br />

media<br />

• Relief<br />

organisations<br />

• Government<br />

• National media<br />

Natural Disasters<br />

• Local government<br />

• Community`s<br />

leaders &<br />

organisations<br />

• Community`s<br />

resources<br />

• Local media<br />

Vulnerable Conditions<br />

Environment People<br />

Damage to buildings,<br />

infrastructure and natural<br />

resources<br />

Outcomes<br />

Interruption of normal ways of life<br />

(Socio-economic, cultural &<br />

sometimes political disruption)<br />

Responses<br />

• Injuries & disablements<br />

• Deaths<br />

• Traumatic stresses<br />

• Social problems (widows,<br />

orphans, etc.<br />

• Savings &<br />

resources<br />

• Family & friends<br />

• Kinship networks<br />

• Previous<br />

experiences with<br />

disaster<br />

no mês de janeiro de diferentes anos. O terremoto no Haiti,<br />

por exemplo, que aconteceu dia 12 de janeiro de 2010,<br />

provocou 222.570 mortes. 42<br />

O Haiti teve mais de 39% de sua população atingida pelo terremoto.<br />

Além desse país, muitas mortes foram reportadas<br />

na Rússia, que foi prejudicada por temperaturas extremas,<br />

enchentes e queimadas, causando 55.880 mortes. O último<br />

exemplo representa 2,4% das mortes reportadas em 2010. 43<br />

21


O Paquistão também sofreu o impacto dos desastres<br />

naturais com as enchentes de julho e agosto de 2010,<br />

que causaram 20,4 milhões de vítimas. A Tailândia foi<br />

afetada pelas enchentes, tendo 9 milhões de vítimas. O<br />

terremoto no Chile em fevereiro de 2010 afetou 2,7 milhões<br />

de pessoas, as quais representam 15,7% da população<br />

do país. O terremoto teve os principais danos<br />

econômicos em 2010, com um total de 30 bilhões de<br />

dólares em danos. 44<br />

Diferenciando o ano de 2010 dos anos passados, esse<br />

ano mostrou o impacto devastador que os desastres<br />

naturais podem causar a vidas humanas. Depois de um<br />

ano relativo em 2009, o impacto dos desastres naturais<br />

teve uma mudança para pior em 2010, causando mais<br />

de 297.000 fatalidades. Esse foi o caso, por exemplo,<br />

do ciclone Nargis, no sudeste asiático em 2008, ou do<br />

terremoto Tohoku, que aconteceu recentemente, em<br />

2011, no Japão. Nas últimas quatro décadas, as mortes<br />

em 2010 foram superadas apenas pelo ano de 1970,<br />

quando um ciclone tropical matou mais de 300.000<br />

pessoas em Bangladesh, e em 1983/1984, quando a<br />

seca e a fome associadas causaram mais de 450.000<br />

mortes no continente africano. 45<br />

É dentro desse contexto que entra o papel do Banco<br />

Mundial na assistência a desastres naturais. Perdas<br />

humanas e econômicas causadas por desastres naturais<br />

são bastante expressivas. O impacto dos desastres<br />

22<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Fonte: Banco Mundial. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation of the<br />

World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 93.<br />

naturais no bem- estar econômico e no sofrimento<br />

humano tem crescido alarmantemente. Nos anos passados,<br />

o terremoto e o tsunami no Oceano Índico mataram<br />

mais de 220.000 pessoas, deixaram 1,5 milhões<br />

de outras sem abrigo, além de enchentes catastróficas,<br />

desabamentos de terra na Guatemala, que mataram<br />

centenas de pessoas e o terremoto na Kashemira, que<br />

matou milhares de outras no Paquistão e na Índia. 46<br />

O Banco Mundial é o maior financiador para a reconstrução<br />

pós-desastres naturais de todo o mundo. O que<br />

isso significa para tomadores de empréstimos que estão<br />

com uma crise severa é que o Banco não financia<br />

soluções para os maiores problemas de reconstrução e<br />

sim para aqueles problemas fragmentados. 47<br />

Quando o Banco responde aos desastres, geralmente<br />

utiliza muitos dos seus mecanismos de financiamento.<br />

Por exemplo, em Honduras, seguido do furacão Mitch<br />

(outubro de 1998), a primeira resposta do Banco foi<br />

um suporte de pagamento através de um crédito de<br />

emergência para reconstrução. Isso foi implementado<br />

para a realocação de sete projetos já existentes e no<br />

redirecionamento de um fundo social para ajudar na<br />

reconstrução. Um outro tipo de empréstimo está sendo<br />

implementado para reduzir a vulnerabilidade através<br />

do fortalecimento das instituições municipais para<br />

administrar os efeitos dos desastres. 48


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

O Banco tem respondido a outros desastres, como o<br />

terremoto que ocorreu na Turquia, na enchente em<br />

Bangladesh (2011), com um tipo similar de financiamento.<br />

A flexibilidade e inovação são essenciais para<br />

que haja sucesso na resposta a um desastre natural.<br />

Dentre as respostas de financiamento do Banco que<br />

mostraram essa flexibilidade e inovação, está o Maharashtra<br />

Earthquake Project (1997), que tentou atender<br />

às necessidades dos mais pobres nômades; a reconstrução<br />

pós o terremoto do Norte da China (1993), que<br />

integrou uma herança cultural em resposta; a reconstrução<br />

após as enchentes no Iêmen (1989), que teve<br />

um efeito particular com a coordenação dos doadores;<br />

a prevenção da seca na Nigéria (1988), que foi bastante<br />

eficiente pelo uso de recursos limitados; e o Fundo de<br />

Investimento Social de Honduras (1999). 49<br />

A relevância das ações tomadas depois de um desastre<br />

natural depende da média do tempo de assistência<br />

para suprir as necessidades do país e reduzir sua vulnerabilidade.<br />

Mesmo assim, as necessidades do país e daqueles<br />

afetados pelo desastre mudam drasticamente<br />

todos os dias depois do desastre. Nos últimos 20 anos,<br />

o financiamento do Banco Mundial tem dado suporte<br />

a sessenta tipos distintos de atividades em resposta<br />

aos desastres, tendo, dessa forma, um alto nível de inovação<br />

e flexibilidade. 50<br />

Os projetos possuem de 1 a 22 tipos de atividades, mas<br />

geralmente tem sido desenhado para prover soluções específicas<br />

para a situação única presente por cada evento,<br />

levando em conta fatores culturais, geográficos e sociais. 51<br />

A durabilidade também é extremamente importante.<br />

No caso de um terremoto, a comida é necessária imediatamente<br />

após o desastre e não depois. Se ela chegar<br />

mais tarde, pode realmente prejudicar a venda de alimentos<br />

colhidos. 52<br />

A atividade mais frequentemente perseguida, o fornecimento<br />

de equipamentos, pode ter uma relevância duvidosa.<br />

Equipamentos especiais conseguidos através de<br />

um empréstimo devem ser usados com eficiência. 53<br />

Para que abrigos de emergência sejam realmente eficientes,<br />

eles devem ser construídos apenas depois de<br />

dada a assistência necessária às vítimas, e é necessário<br />

que esses abrigos sejam estáveis, caso contrário, seria<br />

desperdiçar os recursos fornecidos. 54<br />

Dos projetos completos, em que o tempo entre a<br />

aprovação efetiva foi menor que a média (metade do<br />

portfólio), 86% obtiveram índices satisfatórios. Para<br />

aqueles maiores que a média, apenas 67% obtiveram<br />

índices satisfatórios. Portanto, para projetos que experimentaram<br />

dificuldade em cumprir com eficácia as<br />

exigências, o desempenho foi pequeno se comparado<br />

com aqueles capazes de fazer rápidos desembolsos. 55<br />

Países afetados por desastres naturais geralmente requerem<br />

uma assistência rápida para substituir o capital<br />

perdido e para prevenir que efeitos econômicos negativos<br />

se multipliquem. Para ajudar nessa questão, o<br />

Banco Interamericano de Desenvolvimento estabeleceu<br />

o Emergency Reconstruction Facility, que se compromete<br />

com a soma de US$ 20 milhões nas primeiras<br />

horas depois do desastre. O Banco Mundial não possui<br />

nada similar a isso. Ao contrário, o Banco confia nas realocações<br />

para completar as necessidades expressas.<br />

Infelizmente, a documentação para a realocação é tão<br />

incompleta que não possibilita determinar a atividade<br />

e a utilidade dos financiamentos realocados.<br />

Com base na experiência, no entanto, o Banco tem<br />

sido pressionado em relação à má atuação durante<br />

a primeira parte da resposta aos desastres naturais.<br />

Por exemplo, financiamentos que originalmente pretendiam<br />

melhorar escolas têm sido realocados para<br />

a reconstrução de escolas depois de um furacão ou<br />

erupção vulcânica (o Projeto Básico de Educação em<br />

Honduras, em 1995, e o projeto de Educação e Desenvolvimento<br />

em Papua-Nova Guiné). 56<br />

Quando se trata de ajuda em curto e médio prazo para<br />

os países que foram afetados por um desastre natural,<br />

o Banco Mundial oferece o Empréstimo de Recuperação<br />

de Emergência (ERL – Emergency Recovery Loan),<br />

que consiste em um auxílio no orçamento, assistência<br />

técnica para o planejamento da reconstrução, fornecimento<br />

de suprimentos e reconstrução rápida da infra-<br />

estrutura da região afetada. 57<br />

O Banco se esforça para separar as atividades que se beneficiam<br />

de uma ajuda imediata daquelas que precisam de<br />

um maior planejamento, a médio prazo de recuperação. 58<br />

A redução da vulnerabilidade a longo prazo está fundamentada<br />

em projetos que geralmente se baseiam<br />

em uma reestruturação de infraestrutura ou até mes-<br />

23


mo em uma nova estrutura, que envolve tanto abrigos<br />

para os cidadãos afetados, sistemas de alerta antecipados<br />

e obras para controle de enchentes. Certas atividades<br />

duram um pouco mais de três anos.<br />

Dos 59 projetos concluídos pelo Empréstimo de Recuperação<br />

de Emergência, apenas dez deles tiveram um<br />

acompanhamento após o encerramento de três anos<br />

do projeto.<br />

Com respeito à rapidez da resposta do Banco Mundial,<br />

os projetos para auxílio nos desastres naturais são preparados<br />

e implementados em condições difíceis de<br />

trabalho. Devido a essas dificuldades, as respostas são<br />

mais lentas. Ao se analisarem 528 projetos do Banco,<br />

mesmo aqueles que estão ligados aos empréstimos<br />

de recuperação de emergência, a maioria não obteve<br />

uma resposta rápida. 59<br />

A quantidade média de tempo decorrido entre um<br />

evento de emergência e a concessão de um empréstimo<br />

ou crédito ao Conselho de Administração do<br />

Banco de Administração Executivo foi de 6,7 meses. A<br />

diferença de rapidez entre ERLs (Empréstimos de Recuperação<br />

de Emergência) e projetos de desastres que<br />

recorreram a outros instrumentos era muito pequena.<br />

Os projetos que não pertenciam ao empréstimo de recuperação<br />

de emergência de desastres obtiveram uma<br />

média de sete meses antes de receberem a aprovação<br />

da Diretoria. Para os ERLs, o tempo de preparação durou<br />

em média 6,6 meses, com uma diferença mínima<br />

de 11 dias dos projetos que utilizaram outros meios. 60<br />

Os projetos do Banco possuem um prazo de sete meses<br />

para que se comprove sua eficácia, porém, apenas<br />

27% dos projetos conseguiram atingir a eficácia dentro<br />

do prazo de avaliação da diretoria, que é de quatro<br />

meses. Os projetos em andamento têm levado mais<br />

tempo para atingirem a eficácia apenas em alguns casos,<br />

como o do tsunami no Oceano Índico, Mármara e<br />

Hebei, os terremotos e furacões Mitch, atingiram sua<br />

eficácia rapidamente. Mas, no geral, os projetos mais<br />

recentes são, em média, mais lentos do que aqueles de<br />

alguns anos atrás. 61<br />

Os projetos de desastres, em geral, levam mais tempo<br />

para serem concluídos do que os empréstimos de investimento<br />

regular. Da aprovação do Conselho para<br />

a data final de encerramento do projeto, o tempo de<br />

24<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

execução média do projeto de desastre foi de 6,6 anos,<br />

com média de 7 anos. Em contraste, a carteira total do<br />

Banco demorou menos tempo, com todos os projetos,<br />

tendo um tempo de execução média de 6,1 anos. Mesmo<br />

para projetos de Empréstimo de Recuperação de<br />

Emergência (ERL), que são projetados para atender a<br />

necessidades mais urgentes de um país após um desastre,<br />

o tempo de execução média foi de 3,9 anos. 62<br />

O tempo necessário para concluir um projeto de desastre<br />

tem variado significativamente de acordo com<br />

a diversidade do tipo de desastre e as atividades exercidas<br />

para a sua recuperação. O tempo de implementação<br />

dessas atividades variou de quase 2,5 anos para<br />

7,5 anos. Apesar das várias permutações, cada área de<br />

atividade correspondeu aos tempos médios de conclusão<br />

do projeto, que mostrou variação significativa<br />

entre os tipos de atividade ao longo de um intervalo<br />

de cinco anos. 63<br />

Usando uma visão de longo prazo para selecionar as<br />

ações de curto e médio prazo ao nível do projeto, tem<br />

havido um certo grau de sucesso na redução de vulnerabilidades,<br />

através da construção de moradias seguras<br />

para as vítimas, apoiando a manutenção adequada das<br />

bacias hidrográficas, a alocação de pessoas de zonas<br />

perigosas, monitoramento e sistemas de financiamento,<br />

mas já a situação geral socioeconômica de um país<br />

pode agravar sua vulnerabilidade. Esse tipo de vulnerabilidade<br />

não será reduzido através de um único projeto<br />

de Empréstimo de Recuperação de Emergência. 64<br />

Por experiência do Banco, podemos concluir que uma<br />

resposta rápida ao desastre natural é importante, ao<br />

mesmo tempo, é igualmente importante identificar<br />

as vulnerabilidades locais e determinar como reduzi-<br />

-las, com o objetivo de obter soluções duradouras. Os<br />

desastres poderão sempre causar algum tipo de dano,<br />

mas o desenvolvimento sustentável poderá limitar a<br />

dimensão da gravidade desse desastre.<br />

De acordo com um estudo do Banco Mundial (Facts &<br />

Figures on Natural Disasters), de 2005, os custos dos danos<br />

dos desastres naturais estão crescendo, sendo hoje<br />

15 vezes maiores do que eram em 1950. O número de<br />

desastres cresceu de menos de 100 em 1975 para mais<br />

de 400 em 2005. Aproximadamente 2,6 bilhões de pessoas<br />

foram afetadas por desastres naturais nos últimos<br />

anos, comparado a 1,6 bilhões nas últimas décadas. 65


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

De acordo com o mesmo estudo, o gasto do Banco<br />

Mundial com desastres naturais tem crescido. Citando<br />

alguns desastres recentes, por exemplo, o terremoto no<br />

Paquistão/Norte da Índia/Afeganistão, de outubro de<br />

2005, teve 7,6 em magnitude e matou 87.000 pessoas.<br />

O financiamento do Banco Mundial nessa situação foi de<br />

470 milhões de dólares para a reconstrução de casas, financiamento<br />

de importação e em construção. O furacão<br />

Katrina, que aconteceu em Louisiana em agosto de 2005,<br />

matou 1.422 pessoas, causando US$ 75 bilhões em danos.<br />

Esse foi o furacão mais custoso economicamente na<br />

história dos Estados Unidos. O tsunami asiático em dezembro<br />

de 2004. de magnitude 9,0, causou 224.000 mortes<br />

e deixou 1,8 milhões de pessoas desabrigadas. Esse<br />

acontecimento proporcionou aos países perdas econômicas<br />

que totalizaram US$ 7 bilhões. O Banco Mundial<br />

participou da reconstrução desses países, financiando<br />

para a Índia US$ 528,5 milhões, para a Indonésia, US$ 395<br />

milhões, e para o Sri Lanka, US$ 150 milhões. 66<br />

Segundo o portfólio do Banco, 528 projetos foram<br />

realizados de 1985 a 2005. Para o IEG – Independent<br />

Evaluation Group (o qual avalia as atividades do Banco<br />

Mundial), se tivermos que citar as respostas mais úteis<br />

para os desastres naturais recentes, devemos destacar<br />

os seguintes pontos: 67<br />

1. desenvolver planos de emergência. Ter certeza<br />

de que avisos prévios possam chegar às pessoas<br />

mais vulneráveis. Essas pessoas devem saber o que<br />

fazer, aonde ir e como proteger-se;<br />

2. abastecer as comunidades carentes de materiais<br />

de emergência como água purificada em tablets,<br />

macas, serras elétricas, lanternas, lonas de plástico<br />

e material de primeiros socorros;<br />

3. dedicar as áreas desocupadas para usos específicos<br />

quando são removidas as pessoas das áreas<br />

de inundação;<br />

4. construir casas e infraestrutura para resistir a<br />

futuros desastres. Por exemplo, fornecer telhados<br />

com alças para proteção contra furacões,e reforços<br />

de aço nos cantos dos telhados para torná-los resistentes<br />

a terremotos;<br />

5. construir hospitais resistentes a desastres, incluindo<br />

estradas, água e acesso à eletricidade;<br />

6. preservar as redes sociais quando forem feitas as<br />

realocações em áreas longínquas e perigosas;<br />

7. proporcionar oportunidades dignas e sempre<br />

que possível ajudar as pessoas a cuidarem das próprias<br />

construções;<br />

8. proporcionar às vítimas dos desastres algum dinheiro<br />

para que possam comprar o próprio abastecimento,<br />

abrigo etc., ao invés de proporcionar itens<br />

que podem não ser apropriados;<br />

9. assegurar que as estruturas sejam mantidas adequadamente;<br />

10. considerar as diferenças de gênero ao conceber<br />

a resposta, pois os desastres afetam homens e mulheres<br />

de formas diferentes.<br />

PANORAMA<br />

Países com maiores riscos econômicos a desastres<br />

naturais<br />

Apesar de os Estados Unidos e o Japão terem o maior<br />

risco e exposição a desastres naturais, são as economias<br />

emergentes, como China, Índia, Filipinas e Indonésia<br />

que possuem o maior risco para os investidores<br />

devido à falta de capacidade em combater os impactos<br />

dos desastres naturais. De acordo com um estudo<br />

da Organização Maplecroft e seu Atlas sobre Riscos de<br />

Desastres Naturais, publicado em 2011 (Natural Hazard<br />

Risk Atlas), os países citados não estão apenas<br />

com alto, mas sim extremo risco de exposição econômica<br />

a desastres naturais como terremotos, tsunamis,<br />

ciclones tropicais, enchentes e secas. 68<br />

Dos 196 países, os Estados Unidos (1), Japão (2), China<br />

(3) e Taiwan (4) foram as únicas nações categorizadas<br />

com risco extremo para exposição econômica<br />

absoluta a desastres naturais. Apesar disso, as maiores<br />

economias emergentes, como México (5), Índia<br />

(6), Filipinas (7), Turquia (8) e Indonésia (9) são classificadas<br />

como alto risco e associadas no TOP 10. Itália<br />

(10) e Canadá (11) são os países restantes qualificados<br />

como de alto risco.<br />

25


Desastres naturais têm sido mais caros para a economia<br />

mundial em 2011 até agora do que em qualquer outro<br />

ano registrado. O tsunami no Japão, os tornados noss<br />

EUA, o terremoto Christchurch e as inundações na Austrália<br />

têm contribuído para um total de US$ 265.000 milhões<br />

em massa para os primeiros seis meses do ano.<br />

A exposição econômica, porém, é apenas metade da história.<br />

Países como os EUA e o Japão são classificados como<br />

de “baixo risco“ em riscos naturais da Maplecroft – Socioeconômico,<br />

índice de resiliência, enquanto China, Índia,<br />

Filipinas e Indonésia estão na categoria de “alto risco”.<br />

OEA<br />

A OEA (Organização dos Estados Americanos), fundada<br />

em 1948, é o mais antigo organismo regional no<br />

planeta. Ela foi criada para:<br />

Alcançar nos estados-membros uma ordem de paz e justiça<br />

para promover a solidariedade, intensificar sua colaboração e<br />

defender a soberania, integridade territorial e independência. 69<br />

Atualmente, a OEA possui 35 estados-membros e é o<br />

principal fórum governamental político, jurídico e social<br />

do Hemisfério Sul. Os principais pilares em que a<br />

OEA se baseia são: democracia, direitos humanos, segurança<br />

e desenvolvimento. 70<br />

A Assembleia Geral da OEA reconhece a importância<br />

de reduzir a vulnerabilidade dos países a desastres<br />

naturais, mediante o emprego apropriado de práticas<br />

de desenvolvimento sustentável. Objetiva também o<br />

fortalecimento das atividades de planejamento e gestão<br />

de situações de emergência, os quais são cada vez<br />

mais frequentes em nosso hemisfério. 71<br />

No ano de 1999, a Assembleia Geral da OEA, mediante<br />

a resolução AG/RES (XXXO-99), criou a Comissão Interamericana<br />

de Redução de Desastres Naturais (CIRDN),<br />

que possui mecanismos de redução de desastres, sendo<br />

o principal foro na organização para tratar de assuntos<br />

relacionados.<br />

A CIRDN também coopera para a prevenção e mitigação<br />

do efeito dos desastres em coordenação com os<br />

governos dos estados-membros, organizações nacio-<br />

26<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

nais, regionais e internacionais, bem como com organizações<br />

não governamentais. 72<br />

A CIRDN visa, ainda, o fortalecimento das ações hemisféricas<br />

para a consecução da máxima cooperação<br />

internacional, em apoio aos esforços nacionais e/ou regionais<br />

para a prevenção, preparação, alerta e atendimento<br />

de emergência a vítimas de desastres naturais. 73<br />

OC<strong>DE</strong><br />

A OC<strong>DE</strong> (Organização para Cooperação e de Desenvolvimento<br />

Econômico) é uma organização internacional<br />

que possui 34 países, os quais pregam os princípios da<br />

democracia representativa e da economia de livre mercado.<br />

A maior parte dos membros da organização são<br />

economias de alta renda com um alto índice de desenvolvimento<br />

humano. 74<br />

Foi criada em 1948, junto à Organização para a Cooperação<br />

Econômica (OECE), pelo francês Robert Marjolin,<br />

para ajudar na administração do Plano Marshall e na<br />

reconstrução da Europa após a Segunda Guerra. 75<br />

Para a OC<strong>DE</strong>, a administração de risco eficaz é uma preocupação<br />

premente para as agências de desenvolvimento<br />

e de governos de países em desenvolvimento. De fato, na<br />

medida em que recursos são efetivamente aplicados para<br />

mitigar e lidar com os desastres, há uma imediata consequência<br />

para o crescimento e desenvolvimento.<br />

Em seu atual programa de trabalho, o Centro de Desenvolvimento<br />

da OC<strong>DE</strong> procura explorar formas com<br />

que os países em desenvolvimento possam aumentar<br />

sua capacidade de adaptação. No caso dos desastres<br />

naturais, a capacidade de adaptação pode ser definida<br />

como a vulnerabilidade da sociedade diante de um desastre<br />

e a sua capacidade após o fato.<br />

Agências internacionais e o setor privado podem desempenhar<br />

a sua parte explorando formas de criar instrumentos<br />

financeiros inovadores para administrar o<br />

risco de desastres e fornecer seguro contra eles.<br />

Ações conjuntas podem acelerar o retorno a uma trajetória<br />

de crescimento sustentável. Conjuntos de dados<br />

como a OFDA/CRED (US Office of Foreign Disaster As-


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

sistance/ Centre for Research on the Epidemiology of<br />

Disasters) estão sujeitos a preocupações legítimas sobre<br />

cobertura, consistência e completude, as mesmas<br />

preocupações que atormentam a maioria dos países. 76<br />

A escolha que os doadores possuem se baseia entre financiar<br />

o Banco Mundial com empréstimos e prover habilidade<br />

em lidar com os danos e outras formas de assistência.<br />

Mais importante é prover a segurança para que haja uma<br />

maior propensão ao bem-estar. O objetivo dos seguros<br />

privados é engrossar os mercados domésticos financeiros<br />

em geral, proporcionando uma maior oportunidade às famílias<br />

e empresas para mitigar esses riscos.<br />

ASEAN<br />

A ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático) é<br />

um bloco econômico que foi criado no ano de 1967. É<br />

hoje composto por dez países do sudeste asiático: Tailândia,<br />

Filipinas, Malásia, Cingapura, Indonésia, Brunei,<br />

Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja. 77<br />

A zona de livre comércio da associação começou a ser implantada<br />

no ano de 1992 e de forma gradativa ainda está<br />

em processo de implantação. Além do objetivo de estimular<br />

o comércio de produtos e serviços, o bloco quer criar condições<br />

de estabilidade política e econômica na região para<br />

permitir um ambiente mais propício ao comércio e proporcionar<br />

a integração cultural e o desenvolvimento social. 78<br />

Em se tratando de desastres naturais, a ASEAN realizou<br />

uma cúpula em outubro de 2009, em que comprometeu-se<br />

a integrar esforços para elevar os níveis de<br />

preparo para reduzir os riscos de desastres naturais. A<br />

ASEAN está respondendo a uma série de desastres naturais,<br />

principalmente aqueles que ocorreram nos oceanos<br />

Índico e Pacífico, incluindo o tsunami que matou<br />

220.000 pessoas em dezembro de 2004. 79<br />

Dados recentes da ONU mostram que a Ásia é o local<br />

onde mais acontecem desastres naturais, sofrendo<br />

uma média de 250 catástrofes por ano, contra 75 em<br />

1980. O Sudeste Asiático responde sozinho por cerca<br />

de 60% desses desastres em todo o mundo. 80<br />

Os esforços da ASEAN acertaram uma meta sobre a criação<br />

de um projeto sob um acordo à resposta e administra-<br />

ção de desastres naturais. Os esforços para uma resposta<br />

cooperativa ao ciclone birmanês teve um certo sucesso,<br />

com US$ 103 milhões para ajuda a emergências.<br />

Um nível muito baixo de conscientização dos riscos<br />

potenciais foi citado como a principal razão sobre o<br />

número de mortes. Em contraste, o tsunami nas Ilhas<br />

Salomão teve um impacto relativamente menor, porque<br />

os habitantes das zonas costeiras tinham um<br />

maior conhecimento histórico sobre os tsunamis na<br />

região, evacuando-a sem esperar por um aviso oficial. 81<br />

Em se tratando de coordenação, os governos foram<br />

obrigados a cooperar em níveis locais e regionais para<br />

remover gargalos logísticos e operacionais e para garantir<br />

os recursos adequados. A Austrália, por exemplo,<br />

anunciou, em Hua Hin, que iria estabelecer uma<br />

força de reação rápida permanente de 500 equipes de<br />

emergência civil para responder a acidentes. O encontro<br />

observou a necessidade de um novo centro para<br />

coordenar as atividades em nível regional, possivelmente<br />

inspirado no centro de preparação baseado em<br />

pesquisa em desastres asiáticos sediada em Bangkok.<br />

Há também disposição para uma abordagem unificada<br />

através do Centro de Coordenação e Assistência Humanitária<br />

da ASEAN, mas os países têm sido relutantes<br />

em ceder autoridade operacional. 82<br />

Ponderações – Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

Os impactos dos desastres são, entre muitos, perdas<br />

humanas, físicas e, principalmente, em longo prazo,<br />

perdas econômicas. Um simples impacto, ao afetar um<br />

país em desenvolvimento, deixa sua economia, que estava<br />

se estruturando, completamente abalada.<br />

Após os senhores delegados terem sido apresentados aos<br />

impactos e ao papel do Banco Mundial na reconstrução e<br />

reestruturação dos países, devemos ressaltar certos tópicos,<br />

os quais são indispensáveis para a discussão.<br />

1. Como os desastres naturais são relacionados ao<br />

escopo do Banco Mundial?<br />

2. Quais medidas podem ser realizadas para aumentar<br />

os benefícios dos projetos do Banco? Em<br />

outras palavras, como o Conselho pode ajudar a<br />

27


eduzir os impactos causados pelos desastres naturais?<br />

Como países desenvolvidos e em desenvolvimento<br />

podem trabalhar juntos para resolverem<br />

essas questões?<br />

3. O que os países em desenvolvimento devem fazer,<br />

como principais afetados pelo tema, para que possam<br />

se beneficiar ainda mais dos programas do Banco?<br />

4. Atualmente, o Banco Mundial tem desempenhado<br />

um papel importante na prevenção e na reparação<br />

dos estragos causados pelas catástrofes da natureza,<br />

mas, como já visto anteriormente, seu programa de<br />

empréstimo de recuperação de emergência não está<br />

sendo tão eficaz quanto deveria. Por isso, quais ações<br />

podem ser colocadas em prática para que os programas<br />

do Banco Mundial sejam feitos com mais eficácia e<br />

rapidez? Como os países desenvolvidos podem ajudar<br />

nesse problema?<br />

5. Quais medidas devem ser tomadas por toda a<br />

comunidade internacional para desenvolver e melhorar<br />

os canais de informação e data sobre os desastres<br />

naturais?<br />

6. Como os países, junto às instituições internacionais,<br />

como o Fundo Monetário Internacional, lidam com situações<br />

de emergência no âmbito internacional?<br />

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9. Idem.<br />

10. Os seis temas estratégicos do Banco Mundial. Disponível em:<br />

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11. TEIXEIRA, Caio Mascarello; BROCHIER, Lídia. Migrants and Remittances<br />

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12. Idem.<br />

13. Idem.<br />

14. World Bank Report. The World Bank Group`s response to the<br />

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15. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 59.<br />

16. Idem.<br />

17. Idem.<br />

18. Idem.<br />

19. Guha-Sapir, Hargitt, and Hoyois. Thirdy years of Ntural Desasters.<br />

1974-2003.The Numbers. Centre of Research on the Epidomiology<br />

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20. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 19/11/11.<br />

21. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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Acesso: 19/11/11.<br />

22. Banco Internacional Para Reconstrução e Desenvolvimento<br />

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23. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 11/11/11.<br />

29


24. Associação Internacional de Desenvolvimento (AID).Disponível<br />

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25. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 19/11/11.<br />

26. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 19/11/11.<br />

27. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 19/11/11.<br />

28. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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acesso: 19/11/11.<br />

29. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p 65. Último<br />

acesso: 19/11/11.<br />

30. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 66.<br />

31. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

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23/11/11.<br />

32. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. P. 70. acesso:<br />

23/11/11.<br />

33. EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and<br />

natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries.<br />

p. 1.<br />

34. UNCHS, 1991b, p 106.<br />

35. Burton et al, 1978. Departament of Humanitarian Affairs, 1993<br />

, p. 27.<br />

36. Loc.cit. p 27.<br />

37. EL-MASRI, Souheil; TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty<br />

and natural disasters. Vulnerability of settlements in developing<br />

countries.p. 4.<br />

30<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

38. EL-MASRI, Souheil, TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty<br />

and natural disasters. Vulnerability of settlements in developing<br />

countries.p. 4.<br />

39. EL-MASRI, Souheil, TIPPLE, Graham. Urbanization, poverty and<br />

natural desasters. Vulnerability of settlements in developing countries.<br />

p. 4.<br />

40. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />

Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p 12.<br />

41. Loc. cit.<br />

42. No dia 12 de janeiro de 2011, o primeiro-ministro do Haiti adicionou<br />

93.430 vítimas, totalizando 316.000 mortes.<br />

43. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />

Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p..10.<br />

44. Loc. cit.<br />

45. Annual Disaster Statitical Review. GURA_SAPIR, Debby; VOS,<br />

Fenke; BELOW, Regina; SYLVAIN, Ponserre. p. 21.<br />

46. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. xix.<br />

47. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 32.<br />

48. Ibidem, p. 17.<br />

49. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 29.<br />

50. IEG, op. cit. p. 29.<br />

51. IEG, op. cit. p. 29.<br />

52. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 30.<br />

53. IEG, op. cit. p. 30.<br />

54. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters, p. 30.<br />

55. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

56. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. P. 29.<br />

57. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31.<br />

58. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 29.<br />

59. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 32.<br />

60. IEG, op. cit. p. 32.<br />

61. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 33.<br />

62. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 31.<br />

63. Loc. cit. p. 32.<br />

64. IEG. Hazards of Nature. Risk to Development: An EIG Evaluation<br />

of the World Bank Assistance on Natural Disasters. p. 33.<br />

65. Facts and Figures on Natural Desasters. From the authors of<br />

Hazards of Nature, Risks Development – EIG. p. 2. Disponível em:<br />

http://www.worldbank.org/ieg/naturaldisasters/docs/natural_disasters_fact_sheet.pdf.<br />

Último acesso: 03/10/2011.<br />

66. Ibidem, p. 3.<br />

67. Ibidem, p.10.<br />

68. Maplecroft: Risk, Responsibility and Reputation. 2011. Disponível<br />

em: http://maplecroft.com/about/news/natural_hazards_2011.html.<br />

Último acesso: 20/11/11.<br />

69. Organização dos Estados Americanos: http://www.oas.org/pt/<br />

sobre/quem_somos.asp. Acesso em: 23/11/11.<br />

70. Organização dos Estados Americanos. Relatório da primeira<br />

reunião da Comissão Interamericana de Redução de Desastres Naturais<br />

(CIRDN) CP/CSH-926/07. Disponível em: http://www.oas.org/<br />

pt/default.asp. Último acesso: 24/11/11.<br />

71. Idem.<br />

72. CP/RES. 792 (1277/01) ESTATUTO DA COMISSÃO INTERAMERI-<br />

CANA <strong>DE</strong> REDUÇÃO <strong>DE</strong> <strong>DE</strong>SASTRES NATURAIS . 16/11/2011.<br />

73. Idem.<br />

74. OC<strong>DE</strong>. Disponível em: http://www.oecd.org/home/0,2987,<br />

en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html. Último Acesso: 24/11/11.<br />

75. Idem.<br />

76. SRINIVASAN, T.N. (1994), Data Base for Development Analysis,<br />

Journal of Development Economics, Vol. 44.<br />

77. JOHNSON, Jeff Dayton. Market Acees, Capacity Building and<br />

Competitiveness. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/<br />

blocoseconomicos/asean.htm. Último acesso: 24/11/11.<br />

78. Idem.<br />

79. Asean Adresses Natural Desaster Risk. Disponível em: http://<br />

www.forbes.com/2009/10/29/south-east-asia-business-oxford-<br />

-asean.html. Último acesso: 23/11/11.<br />

80. Idem.<br />

81. Idem.<br />

82. Asean Adresses Natural Disaster Risk. Disponível: http://www.<br />

forbes.com/2009/10/29/south-east-asia-business-oxford-asean.<br />

html. Acesso em: 23/11/11.<br />

31


CSNU – Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas<br />

A iminente expansão de armas nucleares: a adesão<br />

de novos países ao Protocolo Adicional do Tratado<br />

de Não Proliferação (TNP)


Caros delegados,<br />

34<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

É com muito prazer e alegria que lhes damos as boas-vindas ao Conselho de Segurança das Nações Unidas no VIII<br />

Fórum FAAP. Primeiramente gostaríamos de nos apresentar.<br />

O Conselho de Segurança das Nações Unidas será dirigido por Guilherme Ferraz Callegaretti, 20 anos, aluno do 5º<br />

semestre de Relações Internacionais. Iniciou sua experiência em 2011 no VII Fórum FAAP como diretor acadêmico<br />

do Conselho de Segurança, tratando do tema O Avanço Petrolífero em Tempos de Guerra Civil: a Questão da Nigéria. No<br />

segundo semestre de 2011, foi diretor acadêmico do Grupo de Trabalho 4, Políticas Públicas de Saúde Familiar, do V<br />

Fórum FAAP de Desenvolvimento, em Ribeirão Preto.<br />

Flávio Alexandre Nóbrega, 20 anos, está cursando o 5º semestre de Relações Internacionais e iniciou sua experiência<br />

em 2011 no VII Fórum FAAP como voluntário acadêmico do Conselho de Segurança. Nesse mesmo ano, participou<br />

como diretor acadêmico do Grupo de Trabalho 1, Saneamento Básico e Doenças Infecciosas, do V Fórum FAAP de<br />

Desenvolvimento, em Ribeirão Preto.<br />

André Darre Cornetta, 19 anos, também está cursando o 5º semestre de Relações Internacionais e esta é a primeira<br />

vez que é diretor deste evento, mas, com muito entusiasmo e empolgação, está apto a realizar os trabalhos do Comitê<br />

com total excelência.<br />

O Fórum FAAP é muito mais que um evento de simulação de organizações internacionais, é uma oportunidade<br />

ímpar de crescimento. Todos os envolvidos nessa simulação – delegados, diretores, voluntários e professores – ensinam<br />

e aprendem, deparam-se com seus medos e inseguranças, superando-se a cada momento. Além da simulação<br />

envolvida, acreditamos que o objetivo do Fórum FAAP é mudar vidas, proporcionando a todos que participam desse<br />

evento um novo rumo a seguir, tanto profissional quanto pessoalmente.<br />

O tema A Iminente Expansão de Armas Nucleares: a Adesão de Novos Países ao Protocolo Adicional do Tratado de<br />

Não Proliferação (TNP) foi escolhido devido à atenção que as armas nucleares vêm ganhando nos Estados e na mídia<br />

em geral nos últimos anos. A proliferação desse tipo de armamento e tecnologia está cada vez mais acessível e<br />

há a necessidade de uma maior regulamentação e fiscalização por parte da Organização das Nações Unidas. Tendo<br />

em vista esse problema, que pode resultar em uma guerra com fins altamente devastadores, nós contamos com os<br />

senhores para ajudar a solucionar um problema de extrema importância, e assim contribuir com decisões que vão<br />

colaborar com a segurança e a paz mundiais.<br />

ANDRé DARRE CORNETTA<br />

fLáVIO ALEXANDRE NóBREGA<br />

GUILHERME fERRAz CALLEGARETTI<br />

Diretores Acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Introdução<br />

Após o caos gerado pela Segunda Guerra Mundial, diversos<br />

países acreditavam na importância da criação<br />

de uma organização internacional que buscasse a paz<br />

mundial e que servisse como uma plataforma para o<br />

diálogo entre os países, buscando dessa forma resolver<br />

conflitos globais. Originou-se assim, no dia 25 de abril<br />

de 1945, em São Francisco, Estados Unidos, a Organização<br />

das Nações Unidas (ONU).<br />

Atualmente, a ONU possui 193 estados-membros e<br />

discute sobre diversos e amplos temas, como meio<br />

ambiente, saúde e direitos humanos; para cada tema<br />

existe um comitê específico, que é uma ramificação, ou<br />

seja, uma instância administrativa da própria ONU.<br />

O Comitê retratado neste documento é o Conselho de<br />

Segurança, responsável por qualquer assunto relacionado<br />

à segurança internacional. Diferentemente dos<br />

outros órgãos da ONU, o Conselho de Segurança tem o<br />

poder de impor decisões obrigatórias aos seus estados-<br />

-membros, além de poder impor sanções como, por<br />

exemplo, intervenções militares a determinado país.<br />

O tema em questão, A Iminente Expansão de Armas<br />

Nucleares: a Adesão de Novos Países ao Protocolo Adicional<br />

do Tratado de Não Proliferação (TNP), é muito<br />

delicado, pois envolve uma série de acusações sérias,<br />

como as de que o Irã está desenvolvendo secretamente<br />

uma bomba nuclear, por exemplo; além disso, incide<br />

diretamente sobre a soberania de cada país, por isso<br />

tamanha dificuldade de alguns países aderirem ao protocolo<br />

adicional. Algumas nações não querem ter seus<br />

segredos atômicos revelados para o resto do mundo,<br />

por isso hesitam em assinar o protocolo adicional pois<br />

o consideram uma medida demasiadamente invasiva.<br />

Tal tema, por estar intensamente relacionado aos assuntos<br />

de paz e de segurança internacionais, é pertinente às<br />

discussões do Conselho de Segurança, que possui justamente<br />

esse objetivo, o de buscar resolver tais conflitos<br />

internacionais, visando sempre a paz entre os países.<br />

Histórico do Comitê<br />

O Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) foi<br />

criado após a Segunda Guerra Mundial e, para entender<br />

o seu funcionamento, é necessário entender o que ocorria<br />

no contexto mundial logo após sua criação. Antes do<br />

CSNU, havia um organismo denominado Conselho da<br />

Liga das Nações, que visava a importância de um mecanismo<br />

de segurança para todos os países-membros.<br />

Porém, o órgão em questão continha inúmeras falhas e<br />

assim havia a necessidade de criar um novo organismo<br />

com o mesmo objetivo, porém, sem os mesmos erros. 1<br />

Como a segurança coletiva é algo de extrema importância,<br />

o Conselho de Segurança das Nações Unidas foi<br />

fundado através do artigo de número 7 da Carta das<br />

Nações Unidas 2 em1945. De acordo com o capítulo V<br />

dessa Carta 3 , o Conselho de Segurança é um órgão restrito<br />

da Organização das Nações Unidas e o seu papel<br />

principal é a manutenção da paz e da segurança internacionais,<br />

além de investigar qualquer disputa ou situação<br />

que possa levar a um conflito internacional e recomendar<br />

métodos de ajustamento para tais disputas. 4<br />

Visando a melhor representação das potências mundiais,<br />

o CS foi formado por cinco membros permanentes,<br />

sendo eles: República da China (República Popular<br />

da China), França, Reino Unido, Estados Unidos da<br />

América e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas<br />

(URSS, Federação Russa nos dias atuais). 5 A escolha<br />

desses países foi baseada no cenário pós-Segunda<br />

Guerra Mundial, da qual estes saíram vitoriosos.<br />

Outro ponto a ser levantado é o fato de esses cinco<br />

membros serem os únicos países permitidos a possuir<br />

armas nucleares, segundo o Tratado de Não Proliferação<br />

Nuclear. 6 Além disso, essas nações possuem<br />

o poder de veto, no qual qualquer votação não procedimental<br />

precisa da aprovação unânime dos cinco<br />

membros, ou seja, se algum dos cinco membros permanentes<br />

votar contra uma cláusula ou resolução, esta<br />

automaticamente não será aprovada. 7<br />

Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo vivia sob<br />

duas potências hegemônicas (Estados Unidos e URSS),<br />

período denominado de Guerra Fria. 8 Como consequência,<br />

em 1965 foi deferida a Emenda 1991 à Carta das<br />

Nações Unidas 9 , que determinava um aumento de seis<br />

para dez membros rotativos, respeitando uma distribui-<br />

35


ção geográfica e equitativa. Sendo assim, deveria haver<br />

três países representando a África, dois o continente asiático,<br />

dois a região da América Latina e dois da Europa<br />

Ocidental e Europa Oriental. 10 Portanto, o Conselho de<br />

Segurança é composto por membros permanentes e<br />

não permanentes, que são escolhidos pela Assembleia<br />

Geral e permanecem durante um período de dois anos,<br />

sendo metade das cadeiras alteradas anualmente. As seções<br />

deste ano serão compostas pelos seguintes membros:<br />

África do Sul, Alemanha, Bósnia-Herzegovina, Brasil,<br />

Colômbia, Gabão, Índia, Líbano, Nigéria e Portugal. 11<br />

A presidência do Conselho de Segurança é rotativa, alternando<br />

em turnos com duração de um mês, dentre<br />

seus estados-membros, e que são definidos por ordem<br />

alfabética na língua inglesa. Se algum deles violar os<br />

princípios presentes na Carta das Nações Unidas, o<br />

Conselho de Segurança, através da Assembleia Geral,<br />

tem o poder de recomendar a expulsão ou até mesmo<br />

a suspensão do membro do comitê. 12<br />

Em 1971, houve a troca da cadeira entre a República da<br />

China, com sua capital Taipei, e passou a ser membro<br />

permanente a República Popular da China, com capital<br />

em Pequim. Em 1991, ocorreu a dissolução da União das<br />

Repúblicas Socialistas Soviéticas, o que fez com que a<br />

Federação Russa assumisse o antigo lugar desta no CS. 13<br />

O Conselho de Segurança é o principal órgão da ONU,<br />

possuindo caráter mandatório, o que significa que tem a<br />

capacidade de ordenação perante os estados-membros<br />

e as instituições. 14 Sua principal função é a de manter a<br />

paz e a segurança internacionais, recomendando, investigando<br />

ou mediando, a fim de interferir nos conflitos<br />

entre países, objetivando encontrar um acordo de paz<br />

entre os envolvidos, tendo em vista o bem-estar de suas<br />

respectivas populações. É também responsável por autorizar<br />

o uso da força, através do envio de operações<br />

militares para manter a paz, por exemplo, impondo sanções<br />

econômicas ou embargos militares ou então mandando<br />

cessar fogo no caso de uma guerra. 15<br />

Uma resolução do Conselho de Segurança é aprovada<br />

se tiver maioria de nove dos quinze membros, inclusive<br />

os cinco membros permanentes. Um voto negativo<br />

de um membro permanente configura um veto à resolução.<br />

A abstenção de um membro permanente não<br />

configura veto. 16<br />

36<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Além dos quinze membros oficiais, o Conselho de Segurança<br />

contará com quatro membros observadores, os<br />

quais não possuem voto nas resoluções do comitê, mas<br />

cuja presença é de extrema importância para o desenvolvimento<br />

das discussões acerca do conflito abordado. 17<br />

Histórico do Problema<br />

O grande perigo relacionado à proliferação das armas<br />

nucleares no mundo está presente desde as explosões<br />

de Hiroshima e Nagasaki no Japão, pelos Estados Unidos<br />

da América, em 1945.<br />

Os EUA desenvolviam secretamente a bomba atômica<br />

sob o comando do físico J. Robert Oppenheimer,<br />

que tinha como missão criá-la, estruturá-la e construí-<br />

-la, dividindo assim o seu laboratório em quatro áreas<br />

especificas: Física Teórica, sob o comando de Hans<br />

Bethe; Física Experimental, sob o comando de Robert<br />

Bacher; Química Metalúrgica, sob comando de Joseph<br />

Kennedy; e Engenharia de Artilharia, sob comando<br />

do capitão da marinha William Parsons. 18 Em julho de<br />

1945 houve o primeiro teste bem-sucedido da bomba<br />

atômica, sob o codinome de Fat Man, ocorrendo logo<br />

depois os bombardeios em Hiroshima (6 de agosto de<br />

1945) e em Nagasaki (9 de agosto de 1945).<br />

Desde então, a ameaça constante gerada pela bomba<br />

atômica, e mais tarde pela bomba termonuclear, ainda<br />

mais potente, trouxe instabilidade para o cenário<br />

internacional, caracterizando ainda mais a falta de um<br />

organismo regulador para a questão nuclear.<br />

Devido a essa incerteza, no dia 8 de dezembro de 1953,<br />

Dwight D. Eisenhower, o então presidente dos Estados<br />

Unidos da América, propôs na Assembleia Geral da<br />

ONU a criação de um organismo internacional que<br />

promovesse e fiscalizasse a utilização de energia atômica<br />

para fins pacíficos, visando evitar desastres como<br />

Hiroshima e Nagasaki. 19<br />

No inicio da década de 1960, os segredos da produção<br />

da bomba atômica haviam sido revelados, e não mais<br />

apenas os EUA o conheciam, mas também o Reino Unido<br />

e a URSS – os quais já possuíam bombas fabricadas;<br />

além da França e da República Popular da China, que<br />

já possuíam as técnicas de produção. Devido a isso, o


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

presidente Eisenhower sugeriu a criação de um organismo<br />

regulador para as questões nucleares. 20<br />

A solução proposta por Eisenhower – a criação de um<br />

órgão para regular as tecnologias desenvolvidas em diversos<br />

países sobre a energia nuclear, juntamente com<br />

sua ideia central de átomos para fins pacíficos (Atoms<br />

for peace), em conjunto com o medo generalizado de<br />

uma possível guerra nuclear – fez com que 81 países<br />

o apoiassem anonimamente, possibilitando assim que<br />

fosse criado o Estatuto da Agência Internacional de<br />

Energia Atômica (AIEA) em outubro de 1956. 21<br />

Em 29 de julho de 1957, com o término da criação do seu<br />

estatuto, a AIEA foi oficialmente fundada e se tornou uma<br />

organização autônoma das Nações Unidas com sede em<br />

Viena, na Áustria, devido à neutralidade de tal país. 22<br />

O objetivo da AIEA na época, segundo o artigo 3.5 de<br />

seu estatuto, era o seguinte:<br />

Instituir e aplicar disposições com vista a garantir que<br />

os produtos cindíveis especiais e outros produtos, os<br />

serviços, equipamento, instalações e informações fornecidos<br />

pela Agência ou a seu pedido ou sob a sua direção<br />

ou sob fiscalização sua não sejam utilizados de<br />

maneira a servir para fins militares, e tornar extensiva<br />

a aplicação dessas garantias, a pedido das Partes, a<br />

todo o acordo bilateral ou multilateral ou, a pedido de<br />

um Estado, a determinadas atividades desse Estado<br />

no domínio da energia atômica. 23<br />

Além disso, a AIEA tinha como grande objetivo a cooperação<br />

internacional, buscando o compartilhamento<br />

das técnicas e estudos da tecnologia nuclear para<br />

todo o sistema internacional, objetivando assim o fim<br />

da exclusividade para as grandes potências detentoras<br />

da tecnologia. Entretanto, em todas as suas medidas,<br />

a AIEA buscou sempre respeitar o ideal de energia nuclear<br />

para fins pacíficos, ponto explicitado no artigo 3.1<br />

do Estatuto da AIEA:<br />

Fomentar e facilitar em todo o Mundo o desenvolvimento<br />

e utilização prática da energia atômica para fins<br />

pacíficos, assim como a investigação neste domínio;<br />

se for para isso convidada, Atuar como intermediária<br />

para conseguir que um dos seus membros forneça a<br />

outros serviços, produtos, equipamento ou instalações,<br />

e efetuar todas as operações ou prestar todos os servi-<br />

ços capazes de contribuir para o desenvolvimento ou<br />

utilização prática da energia atômica para fins pacíficos<br />

ou para investigação neste domínio. 24<br />

Dessa forma, Eisenhower teve uma grande participação e<br />

importância na conquista da transparência sob políticas<br />

nucleares, fazendo com que os países deixassem de lado<br />

a política clássica de negações e segredos, cedendo lugar<br />

a uma política de maior abertura e transparência, facilitando<br />

assim a cooperação internacional no desenvolvimento<br />

e na aplicação de tecnologia nuclear para fins pacíficos –<br />

principal objetivo da AIEA, remetendo mais uma vez ao<br />

slogan criado por Eisenhower, Atoms for peace. 25<br />

A criação da AIEA foi também muito interessante para o<br />

Conselho de Segurança das Nações Unidas, pois a proliferação<br />

de energia nuclear é um assunto que preocupava<br />

e ainda preocupa todos os países-membros. Assim, através<br />

da AIEA, o Conselho de Segurança passou a receber<br />

relatórios sobre todos os países que desenvolvem a tecnologia<br />

nuclear para fins pacíficos ou militares, cabendo ao<br />

próprio Conselho a aplicação de sanções quando necessárias,<br />

já que a AIEA não possui autoridade para tal aplicação.<br />

Apesar de toda a importância que a criação da AIEA<br />

gerou no cenário internacional, a Agência não foi eficaz<br />

na contenção da energia nuclear destinada para<br />

fins militares – devido, principalmente, ao fato de que<br />

não era possível a utilização de sanções e salvaguardas<br />

diretas. Assim, a AEIA não pôde impedir que dois novos<br />

países desenvolvessem a tecnologia da bomba nuclear<br />

(a França em 1960 e a República Popular da China em<br />

1964). 26 Devido a isso, tornou-se necessária a criação<br />

de um acordo mais incisivo, que desse maior poder à<br />

AIEA, proporcionando à Agência uma legitimidade legal,<br />

ou seja, ações que teriam o mesmo poder de leis.<br />

Ilustrando esse novo patamar da AIEA, criou-se assim o<br />

Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). 27<br />

Devido às grandes tensões existentes no mundo após a<br />

Segunda Guerra Mundial e no auge da Guerra Fria (principalmente<br />

no que diz respeito à questão da segurança<br />

mundial), os países se uniram em 1968 e assinaram o Tratado<br />

de Não Proliferação Nuclear.<br />

A grande razão da existência do TNP era garantir que os<br />

países que não possuíssem armas nucleares antes de 1968<br />

não desenvolvessem esse tipo de armamento, proporcionando<br />

assim segurança ao sistema internacional.<br />

37


O Tratado de Não Proliferação foi um ponto muito importante<br />

na busca da paz mundial, e atualmente 189<br />

países são signatários do mesmo. Para o TNP, um país<br />

nuclearmente armado é “aquele que tiver fabricado ou<br />

explodido uma arma nuclear ou outro artefato explosivo<br />

nuclear antes de 1º de janeiro de 1967”. 28<br />

O Tratado possui vários aspectos os quais visam a garantia<br />

de segurança em relação ao desenvolvimento de armas<br />

nucleares para fins militares. Ele veta qualquer país<br />

de desenvolver armas nucleares (com exceção de cinco<br />

países: França, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia e<br />

China). Entretanto, o Tratado apoia o desenvolvimento<br />

nuclear pacifico; incentivando, por exemplo, a utilização<br />

da tecnologia como uma fonte de energia, e tendo em<br />

vista que a mesma tecnologia é utilizada tanto para fins<br />

militares quanto pacíficos, ela é chamada de tecnologia<br />

dual. Essas medidas visam, principalmente, proporcionar<br />

maior cooperação entre os países no que diz respeito<br />

ao uso pacífico da tecnologia nuclear. 29<br />

O TNP pode também ser analisado como a manutenção<br />

do status quo, afinal, o Tratado garantia aos Estados<br />

Unidos, França, União Soviética (atual Rússia), República<br />

Popular da China e Reino Unido o direito de manter<br />

seus artefatos nucleares. Note-se que esses países são<br />

os mesmos membros do Conselho de Segurança da<br />

ONU, portanto, o TNP é mais um instrumento que garante<br />

a esses países uma “hegemonia” perante o sistema<br />

internacional. Assim, percebe-se que o tratado sugere<br />

um eminente desequilíbrio de poder entre os membros<br />

do Conselho de Segurança e os demais atores do sistema<br />

internacional, portanto, o TNP é realmente de amplo<br />

interesse dentro da comunidade internacional. 30<br />

O trâmite para fiscalizar o desenvolvimento de energia<br />

nuclear caracteriza-se em duas fases: a primeira<br />

baseia-se na Agência Internacional de Energia Atômica<br />

(AIEA), a qual tem por função regular o desenvolvimento<br />

pacífico da energia nuclear; a segunda fase contempla<br />

a ação do Conselho de Segurança das Nações<br />

Unidas (CSNU), o qual tem por função aplicar sanções<br />

quando necessárias.<br />

Deve-se ressaltar que existem outros países os quais não<br />

são membros permanentes do CSNU que possuem armas<br />

nucleares, sendo: Índia, Paquistão, Coreia do Norte<br />

e Israel (que não nega nem afirma que as tem). Entretanto,<br />

tais países não são signatários do TNP (a Coreia era,<br />

38<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

mas decidiu não participar mais do Tratado em 2003,<br />

por entender que o TNP é um instrumento que poderia<br />

causar a Terceira Guerra Mundial).Deve-se fazer menção<br />

aos casos de Irã e Síria, os quais são suspeitos de tentar<br />

desenvolver armamentos nucleares. Tal fato gerou<br />

instabilidade no Sistema Internacional; afinal, ambos os<br />

países infringiram o TNP, causando um enorme clima de<br />

tensão e desconfiança na comunidade internacional.<br />

Analisando os anos de Guerra Fria, esse Tratado ajudou<br />

a frear a perigosa expansão de aliados da União<br />

Soviética e de aliados dos Estados Unidos. Durante<br />

essa época, observava-se uma intensa disputa entre<br />

as duas superpotências. Essa disputa era travada nas<br />

questões de inteligência, de alta tecnologia, espacial<br />

e principalmente bélica. Tudo isso em nome da hegemonia<br />

internacional. Ambos os países possuíam um arsenal<br />

nuclear assustadoramente alto, assim possuindo<br />

poder militar comparativamente maior que os outros<br />

Estados, desse modo, ambos viam o TNP como uma<br />

forma de se manterem superiores aos demais países e<br />

verem menos chances da ordem mundial da época ser<br />

rompida. E assim acabou sendo durante a Guerra Fria,<br />

um período de grande instrumento da manutenção de<br />

uma ordem mundial.<br />

O TNP também pode ser considerado um avanço muito<br />

benéfico no campo das Relações Internacionais, afinal,<br />

é um tratado muito bem elaborado, o qual versa sobre<br />

a adesão dos países-membros visando a paz internacional.<br />

O TNP apareceu em um momento extremamente<br />

oportuno e possivelmente evitou uma guerra nuclear.<br />

Assim, esse tratado acabou por ser um dos principais<br />

acordos estabelecidos no século passado.<br />

Após a Guerra Fria, o mundo deixa de ser bipolar e agora<br />

cada vez mais países começam a obter a tecnologia de<br />

energia atômica. É justamente nesse momento, quando<br />

se imaginava que o mundo entraria em uma era de paz,<br />

é que os governos passaram a ficar mais apreensivos<br />

com o que poderia acontecer caso essa tecnologia chegasse<br />

a países mais radicais.<br />

Mesmo com a validade alcançada pelo TNP, surgiu uma<br />

necessidade ainda maior de conter a ameaça atômica;<br />

então, em 1993, começa um programa para o fortalecimento<br />

dessa ideia, culminando no Protocolo Adicional,<br />

em 1997, sendo ele o maior instrumento internacional<br />

de controle nuclear.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

O Protocolo Adicional é um documento que tem validade<br />

legal, o qual permite e garante que a AIEA tenha<br />

em suas inspeções uma maior autoridade. O principal<br />

objetivo é que a AIEA possa obter todas as informações<br />

declaradas e não declaradas e fazer um relatório preciso<br />

do Estado em questão. 31 Para isso, os países que aderirem<br />

ao Protocolo Adicional autorizam a AIEA a inspecionar,<br />

com um tempo de aviso prévio curto, as instalações<br />

que estão declaradas no TNP e as que são passíveis de<br />

ter atividade nuclear.<br />

O Protocolo Adicional também permite aos inspetores<br />

realizarem amostras de água, terra e ar para detectar<br />

eventuais traços de atividades clandestinas, prevê o<br />

acesso a toda e qualquer tecnologia nuclear utilizada<br />

no país, inclusive a tecnologia utilizada no enriquecimento<br />

de urânio, e também dá acesso aos relatórios<br />

contábeis dos países.<br />

Os Estados signatários do Protocolo Adicional não podem<br />

em nenhum momento intervir na atividade dos<br />

inspetores e têm a obrigação de providenciar, em um<br />

prazo de 30 dias, vistos válidos por um ano com entradas<br />

e saídas múltiplas. 32<br />

A adesão ao Protocolo Adicional é totalmente voluntária,<br />

porém, as grandes potências atômicas pressionam<br />

os países que não possuem fins militares a aderir ao Protocolo.<br />

Essas potências dizem que os programas nucleares,<br />

principalmente em Estados instáveis e pobres, são<br />

uma ameaça a todos, pois é muito fácil essa tecnologia<br />

cair em mãos de grupos terroristas. 33<br />

Para conter o avanço da ameaça nuclear, é necessário<br />

que todos os países-membros da ONU assinem esse documento<br />

para eliminar todo e qualquer tipo de ataques,<br />

sendo eles terroristas ou não. 34 Porém, o documento<br />

não é unânime entre os países que estão no TNP, apenas<br />

139 Estados assinaram o Protocolo Adicional e, dentre<br />

eles, somente 104 colocaram-na em vigor.<br />

Aqueles que não aderiram ao Protocolo Adicional argumentam<br />

que as inspeções violam a soberania nacional<br />

e que a própria tecnologia desenvolvida no seu<br />

próprio país seria violada através dos relatórios, caindo<br />

assim nas mãos de outras potências. 35 Porém, isso só<br />

aumenta a desconfiança em relação a esses países no<br />

cenário internacional. 36<br />

A década de 1990 prometia ser um período calmo nas<br />

relações nucleares, entretanto, em 1998 – um ano após<br />

a assinatura do Protocolo Adicional –, Paquistão e Índia<br />

promoveram perigosos testes nucleares, mostrando<br />

que eram potências na área. Além disso, no mesmo período,<br />

Estados Unidos e Rússia continuaram com testes<br />

nucleares causando mais tensão no mundo. 37<br />

O século XXI foi marcado por inúmeros incentivos do<br />

Conselho de Segurança para que todos os países aderissem<br />

ao TNP e ao Protocolo Adicional. 38 O Conselho<br />

de Segurança, através da Agência Internacional de<br />

Energia Atômica, aconselha todos os países a utilizarem<br />

somente a energia nuclear para fins pacíficos, limitando<br />

também a exportação desse tipo de material.<br />

Além dessas recomendações, o Conselho de Segurança<br />

apela para que todos os Estados se abstenham de<br />

testes nucleares e cada vez mais diminuiam a atividade<br />

nuclear para fins militares. 39<br />

Este século ainda não foi marcado por nenhuma guerra<br />

com ataques nucleares, porém, comportamentos de alguns<br />

países assustam toda a comunidade internacional.<br />

Um dos que mais preocupam é o denominado Eixo do<br />

Mal, segundo o ex-presidente dos Estados Unidos, George<br />

W. Bush. O Eixo do Mal é composto por Irã, Iraque<br />

e Coreia do Norte. 40<br />

A Coreia do Norte, em 2003, retioru-se do TNP, causando<br />

um grande abalo na comunidade internacional. Nos<br />

anos subsequentes à sua saída, o país intensificou seu<br />

poder militar e realizou testes nucleares, causando tensão<br />

no relacionamento com a Coreia do Sul. Por ter um<br />

poder político totalmente centralizador e ditatorial, o<br />

país acaba sendo imprevisível em suas futuras ações,<br />

além da sua misteriosa atitude com relação aos seus armamentos<br />

nucleares. 41<br />

O Irã é outro país do Eixo do Mal. Em 2003, a AIEA informou<br />

que o Estado iraniano escondia um programa<br />

de enriquecimento de urânio por 18 anos. A partir desse<br />

fato, os países mais poderosos do ocidente pediram ao<br />

Irã para encerrar essas atividades. Além disso, o Conselho<br />

de Segurança impôs sanções ao país por não estar<br />

cumprindo as determinações do TNP. Devido ao fato de<br />

possuir parcerias com grandes potências, como a Rússia,<br />

e a presença de um governo totalmente imprevisível,<br />

o Irã é um caso delicado nessa questão do desenvolvimento<br />

de artefatos nucleares, pois não se sabe a real<br />

39


intenção do governo iraniano e se esses artefatos vão<br />

cair nas mãos de terroristas. 42<br />

O último país do Eixo do Mal é o Iraque. Esse Estado foi<br />

colocado nesse grupo por acusações de parte dos Estados<br />

Unidos que levavam a crer que Saddam Hussein, ditador<br />

do Iraque no período, possuía armas nucleares em<br />

seu território e tinha uma ligação próxima com o grupo<br />

terrorista Al-Qaeda. Após muita pressão, em 2002, o<br />

Iraque aceitou que a ONU vistoriasse seu território. Durante<br />

as inspeções não foi encontrada nenhuma arma<br />

de destruição em massa, mesmo assim, os Estados Unidos<br />

continuavam afirmando que o Iraque possuía tais<br />

armas, ,e temendo que o Iraque pudesse abalar a paz<br />

mundial, os EUA comandaram uma invasão ao país, em<br />

2003, para deter essa possível ameaça. A guerra resultou<br />

na captura e queda do ditador Saddam Hussein, e a conclusão<br />

final por parte dos EUA era de que o Iraque não<br />

possuía armas nucleares de destruição em massa, nem<br />

mesmo o então ditador possuía algum relacionamento<br />

com a Al-Qaeda. Atualmente, o Iraque não representa<br />

uma ameaça nuclear como no período anterior à guerra<br />

no seu território, isso se deve ao fato de o atual governo<br />

ser apoiado pelos Estados Unidos, que teve influência<br />

direta no processo de democratização.<br />

Israel é um caso bem interessante. O país não declara<br />

nem nega ter armas nucleares, o que dificulta prever<br />

seu arsenal. Israel possui um poder bélico grande, visto<br />

que derrotou os países vizinhos em três guerras, sendo<br />

a maior potência militar do Oriente Médio. O que realmente<br />

preocupa os países do sistema internacional é o<br />

eterno conflito entre Israel e Palestina, pois um ataque<br />

nuclear nessa região, por parte de Israel, poderia causar<br />

uma crise mundial. 43<br />

Índia e Paquistão possuem arsenais nucleares declarados<br />

e não fazem parte do TNP. Ambos não possuem<br />

mais de 100 ogivas, e ocorre uma certa pressão para assinarem<br />

o TNP e o Protocolo Adicional. Apesar da ameaça,<br />

esses países preocupam menos que o Eixo do Mal. 44<br />

O Eixo do Mal, mais Israel, Índia e Paquistão, são os Estados<br />

que apresentam uma severa ameaça para a paz<br />

mundial, pois a maioria deles tem problemas políticos<br />

gravíssimos e aparentemente desenvolvem a tecnologia<br />

nuclear para fins militares e, a qualquer momento,<br />

podem realizar algum ataque desse tipo, acarretando<br />

em uma enorme crise mundial.<br />

40<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

A República Popular da China, os Estados Unidos, a Federação<br />

Russa, a França e o Reino Unido fazem parte do<br />

seleto e declarado grupo detentor de tecnologia e artefato<br />

nucleares; entretanto, por apresentarem status de<br />

grandes potências e possuírem certa estabilidade econômica<br />

e política, os mesmos preferem não utilizar esse<br />

tipo de armamento para não abalar o mundo, causando<br />

uma crise, e assim ficam observando os países que crescem<br />

muito no poderio de fins militares e aplicam sanções<br />

diretas e indiretas para que eles não cresçam muito<br />

e o grupo permaneça hegemônico. 45<br />

Devido a essas ameaças, o panorama atual é bem cauteloso<br />

com certos Estados, principalmente os citados<br />

acima. Por alguns países terem um panorama político<br />

totalmente imprevisível, existe hoje a ameaça de uma<br />

guerra com artefatos nucleares e, para evitar isso, alguns<br />

Estados estão se mobilizando. Os Estados Unidos,<br />

através do presidente Barack Obama, em 2010, delimitou<br />

objetivos essenciais para um mundo sem ameaça<br />

nuclear, dentre eles, os mais importantes são: prevenir a<br />

proliferação nuclear e o terrorismo e reduzir o papel das<br />

armas nucleares. 46 Com a situação atual, cabe à comunidade<br />

internacional analisar o que está ocorrendo com<br />

o avanço nuclear para fins militares nos Estados, assim<br />

como o perigo iminente de um ataque nuclear, tomando<br />

assim alguma atitude e intervindo se necessário.<br />

Definição do Problema<br />

Os armamentos nucleares estão na pauta das discussões<br />

internacionais atualmente. A sua capacidade de<br />

destruição é tão grande que todos os Estados se preocupam<br />

com a evolução e o desenvolvimento dessa tecnologia.<br />

Na abertura da Assembleia Geral das Nações<br />

Unidas, em 2011, o presidente dos Estados Unidos, Barack<br />

Obama, enfatizou em seu discurso que as armas<br />

nucleares, juntamente com a pobreza, a ignorância e<br />

as doenças são as forças que corroem a possibilidade<br />

de uma paz duradoura. Ele afirmou também que, para<br />

acabar com a assombração das armas de destruição<br />

em massa, é necessário que os membros da ONU se<br />

unam para trilhar um caminho sem armas nucleares. 47<br />

Na década de 1980, a maior parte dos artefatos nucleares<br />

estava com os Estados Unidos e a URSS. 48 Atualmente,<br />

as ogivas nucleares declaradas e não declaradas, as


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

quais não ultrapassam 15 mil artefatos no mundo, 49<br />

estão distribuídas por vários países. Mesmo com essa<br />

redução de ogivas, o tema ainda é muito preocupante<br />

e exige maior atenção por parte dos Estados; afinal,<br />

um ataque com armas nucleares seria devastador em<br />

vários aspectos.<br />

Segundo o professor José Goldemberg 50 , especialista<br />

no assunto, se ocorresse uma guerra com artefatos nucleares,<br />

em poucos minutos, cerca de 300 milhões de<br />

pessoas morreriam. 51 O poderio das armas nucleares se<br />

deve a quatro fatores: o primeiro é uma onde de choque<br />

que, por causa da sua pressão atmosférica, devasta<br />

quase todas as construções; o segundo e o terceiro<br />

fator são interligados, pois eles são consequências de<br />

uma radiação térmica intensa – queimando as construções<br />

restantes, provocando uma série de incêndios e<br />

todos os seres humanos presentes no raio da radiação.<br />

O último fator é a radiação nuclear residual, a qual se<br />

permeia na região afetada, emitindo radioatividade. 52<br />

Para exemplificar o poderio de uma bomba nuclear,<br />

Goldemberg utiliza os exemplos dos ataques em<br />

Hiroshima e Nagasaki, em que foram utilizadas duas<br />

bombas de pequeno porte em cada cidade. No caso de<br />

Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945, a cidade possuía<br />

uma população de 350 mil habitantes. Até o dia<br />

31 de dezembro de 1945, 140 mil pessoas haviam falecido<br />

por causa da bomba atômica e cerca de treze quilômetros<br />

quadrados foram destruídos. Em Nagasaki,<br />

a destruição foi um pouco menor devido à geografia<br />

montanhosa do local. De 9 de agosto de 1945 até 31<br />

de dezembro de 1945, 74 mil pessoas morreram, 76%<br />

da população, e sete quilômetros quadrados foram totalmente<br />

destruídos. 53<br />

Para as pessoas que sobrevivem a algum ataque nuclear,<br />

ainda resta a enorme possibilidade de desenvolver<br />

qualquer tipo de câncer devido à grande radiação à qual<br />

foram expostos. 54 Além dos problemas de saúde, existem<br />

os problemas ambientais, os quais são inevitáveis<br />

em um ataque desse tipo. Segundo pesquisas, por causa<br />

de uma nuvem de poeira radioativa proporcionada pela<br />

bomba, as temperaturas globais entrariam em colapso<br />

em enormes áreas da América, Europa e Ásia e nenhuma<br />

plantação sobreviveria nos cincos anos seguintes ao<br />

conflito e, como resultado disso, 10 milhões de pessoas<br />

faleceriam pela falta de comida e pelo congelamento.<br />

Outra vítima também seria a camada de ozônio, que<br />

nos protege dos raios ultravioletas – ela seria destruída<br />

aproximadamente em 70% nos polos do planeta e 40%<br />

nas áreas habitadas. 55<br />

Ao longo dos anos, a AIEA e o Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas vêm aplicando sanções para, dessa<br />

forma, prevenir uma possível instabilidade no cenário<br />

mundial no que se refere à energia nuclear. Os países<br />

mais afetados por esses mecanismos de controle são o<br />

Irã e a Coreia do Norte, devido à posição, de certa forma<br />

agressiva, de ambos os países, os quais dificultam a<br />

inspeção da AIEA em suas instalações nucleares, além<br />

do desenvolvimento cada vez maior de sua tecnologia<br />

nuclear não só para fins pacíficos, como suspeitam os<br />

EUA e a AIEA. 56<br />

O Irã por cinco vezes violou resoluções do Conselho de<br />

Segurança das Nações Unidas – mais especificamente as<br />

resoluções 1835, 1803, 1747, 1737 e 1696, e continuou<br />

com seu programa de enriquecimento de urânio acima<br />

do nível de 20%, contrariando assim o que foi acordado<br />

pela AIEA no TNP, do qual o Irã é signatário. 57,58<br />

Tais atitudes iranianas são mal vistas pela comunidade<br />

internacional, por isso diversas sanções foram e ainda<br />

são discutidas para serem aplicadas ao país. Porém, todas<br />

as medidas previstas convergem no âmbito econômico,<br />

principalmente na questão do petróleo iraniano,<br />

base do regime econômico do país. 59 Uma das sanções<br />

aplicadas em 2010 contra o Irã, devido ao seu programa<br />

de desenvolvimento nuclear, por exemplo, foi a<br />

resolução número 1929 – na qual o Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas criou uma lista de 40 firmas<br />

iranianas e três transportadoras que entraram numa<br />

chamada “lista negra”, em que os países membros da<br />

ONU eram proibidos de fazer negócios com tais empresas,<br />

devido a suspeitas de que algumas delas eram<br />

controladas pela Guarda Revolucionaria Islâmica. 60<br />

O desenvolvimento de energia nuclear no Irã está sobre<br />

forte suspeita. Em 18 de fevereiro de 2010, a AIEA<br />

afirmou em um relatório que o programa nuclear iraniano<br />

pode ter “possíveis dimensões militares”. Além<br />

disso, é evidente que o Irã tem reduzido sua vontade<br />

de cooperar com a AIEA. 61 Segundo a própria AIEA, o<br />

Irã está construindo mísseis balísticos sofisticados, os<br />

quais podem atingir alguns países europeus, além de<br />

bases americanas no Oriente Médio. 62<br />

41


Pode-se perceber que o comportamento do Irã levou<br />

a comunidade internacional a impor sanções cada vez<br />

mais pesadas para seguir o TNP; alguns líderes mundiais<br />

já se mostraram engajados em implantar maiores sanções<br />

ao país 63 , como, por exemplo, o governo francês,<br />

que, em 25 de fevereiro de 2010, declarou que almeja<br />

maiores sanções ao Irã, o mais rápido possível, como forma<br />

de responder às violações de Teerã e sua recusa em<br />

cooperar com o TNP, tratado de que são signatários. 64<br />

Outro país que constantemente é acusado de desenvolver<br />

seu plano nuclear para fins armamentistas e não pacíficos<br />

é a Coreia do Norte. O país afirmou, em setembro<br />

de 2009, que atingiu a etapa final de enriquecimento de<br />

urânio, admitindo que tal tecnologia possua fins militares.<br />

Com isso, o governo norte-coreano se diz preparado<br />

para dialogar e até mesmo sofrer sanções do Conselho de<br />

Segurança – fato que já havia ocorrido em abril do mesmo<br />

ano após um teste de míssil de longo alcance, e também<br />

após outros testes com mísseis e um teste nuclear<br />

subterrâneo (ambos realizados após o alerta da ONU). 65<br />

A Coreia do Norte é acusada de manter um programa<br />

nuclear secreto desde 1989, e desde então vem sofrendo<br />

repreensões e sanções do Conselho de Segurança,<br />

assim como da comunidade internacional, tanto que,<br />

em 2003, o país deixou de ser signatário do TNP. 66<br />

Em abril de 2009, a Coreia do Norte realizou um teste<br />

nuclear subterrâneo, e tal fato causou uma enorme revolta<br />

na comunidade internacional, já que o teste contrariava<br />

não só a resolução número 1718 do Conselho<br />

de Segurança – a qual proíbe a Coreia do Norte de ”conduzir<br />

qualquer teste nuclear ou de míssil balístico”, como<br />

também o Tratado de Não Proliferação Nuclear e o Tratado<br />

de Proibição Total de Testes Nucleares. 67<br />

Devido ao temor internacional em torno de uma possível<br />

expansão nuclear irregular, o que poderia ameaçar<br />

a segurança internacional, foi estabelecido em 1997 o<br />

chamado Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação<br />

Nuclear (TNP). O Protocolo Adicional é o grande<br />

instrumento internacional na questão de segurança<br />

e controle nuclear. Nele, os países se comprometem a<br />

passar informações ainda mais detalhadas à Agência Internacional<br />

de Energia Atômica (AIEA). 68<br />

Esse Protocolo proporciona maior poder à AIEA, possibilitando<br />

a ela a prática de outras funções, como, por<br />

42<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

exemplo, o envio de técnicos especializados aos países<br />

(portanto, os países, ao assinarem o protocolo, são<br />

obrigados a dar livre circulação aos técnicos no prazo<br />

de um mês), inspecionar aleatoriamente as instalações<br />

nucleares de um país, controlar até mesmo lugares que<br />

não eram assuntos do TNP em si, como usinas nucleares<br />

desativadas e lixos radioativos (porque podem eventualmente<br />

serem usados como arma nuclear). Portanto, a<br />

AIEA passa a ter grande peso na questão da segurança<br />

internacional, pois ela fornecerá garantias a toda a comunidade<br />

internacional.<br />

Um dos problemas atuais é o fato de que diversos países<br />

ainda não aderiram ao protocolo adicional, sendo<br />

assim, a sensação de insegurança é muito presente na<br />

questão nuclear, pois a não ratificação do protocolo<br />

proporciona um clima de instabilidade e mistério por<br />

parte desses países.<br />

Atualmente, um dos objetivos da comunidade internacional<br />

– daqueles que já são signatários do Protocolo,<br />

é fazer com que a totalidade dos países assine o documento.<br />

Sendo assim, o objetivo é que países suspeitos<br />

de expansão nuclear irregular assinem o acordo, para<br />

assim serem transparentes e diminuírem o risco de um<br />

conflito militar. Deve-se ressaltar que esse empenho<br />

também proporciona um enfoque nos países que já são<br />

signatários do TNP, mas que não fornecem toda a ajuda<br />

e abertura possível ao Tratado. Devido a isso, a comunidade<br />

internacional deseja criar mecanismos e acordos<br />

para que esses países, já signatários, possam cumprir as<br />

exigências mencionadas pelo TNP. Os países-membros<br />

do Conselho de Segurança da ONU enfatizam que é<br />

extremamente importante que os países que não possuem<br />

ou dominam as técnicas nucleares sejam signatários<br />

do Protocolo, pois isso diminuiria o risco de terrorismo<br />

atômico (principalmente nos países pobres). 69<br />

Atualmente, o número de signatários do Protocolo Adicional<br />

do TNP está em 102 membros, mas alguns países<br />

de extrema relevância ainda não o assinaram. Dentre<br />

eles, a República Federativa do Brasil, a qual alega que o<br />

TNP é uma invasão à soberania e que a constituição do<br />

País tem uma cláusula pétrea que não permite a utilização<br />

da tecnologia nuclear para fins militares. Cabe aos<br />

países insatisfeitos negociarem com as potências nucleares<br />

(Estados Unidos, República Popular da China, Reino<br />

Unido, França e Rússia) e garantirem a não violação do<br />

direito básico da soberania. Portanto, esse é de fato um


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

grande debate, assinar ou não o Protocolo Adicional?<br />

Ele é de fato bem mais rigoroso que o TNP em si, mas<br />

o ponto positivo baseia-se no fato de que a segurança<br />

será mais “reforçada”.<br />

Cabe assim ao CSNU definir sanções a países com atividades<br />

irregulares, proporcionar uma alternativa de<br />

assinar o Protocolo Adicional – fornecendo maior transparência<br />

internacional e desenvolvendo práticas de<br />

controle aos países signatários do TNP. Todas as medidas<br />

e decisões fornecidas pelos países-membros da Organização<br />

das Nações Unidas devem estar pautadas na<br />

segurança internacional e na proteção do bem comum.<br />

PANORAMAS<br />

Ásia – República Popular da China, República<br />

da Índia, República Islâmica do Irã, República<br />

Islâmica do Paquistão, República Democrática<br />

Popular da Coreia e Estado de Israel<br />

Como membro permanente do Conselho de Segurança<br />

das Nações Unidas, a República Popular da China<br />

ratificou o Protocolo Adicional e considera extremamente<br />

importante que todos os países façam o mesmo,<br />

pois isso traria muito mais segurança, estabilidade<br />

e clareza para a comunidade internacional.<br />

País observador, o Irã faz parte do TNP, porém há fortes<br />

indícios de que ele esteja desrespeitando o acordo, já<br />

que seu programa de energia nuclear é muito polêmico<br />

e gera dúvidas se o país está ou não fabricando armas<br />

nucleares.<br />

Índia, Paquistão e Israel possuem um caso um pouco<br />

diferente. É de conhecimento de todos que tais países<br />

não fazem parte do Tratado de Não Proliferação Nuclear<br />

(TNP) e existe uma pressão internacional para que<br />

eles se tornem signatários do mesmo. É importante<br />

também destacar que esses países fazem parte do restrito<br />

grupo que possuem artefatos nucleares para fins<br />

militares. No caso de Israel (país observador), suspeita-se<br />

que possua armas nucleares não declaradas, ao<br />

contrário do Paquistão e da Índia, que possuem armamentos<br />

nucleares assumidamente.<br />

O caso da Coreia do Norte (também um país observador)<br />

é bem peculiar, pois o país aderiu ao TNP em 1985,<br />

mas em 1993 decidiu se retirar do Tratado devido aos<br />

novos poderes concedidos para a AIEA no mesmo ano.<br />

Desde então o país não faz mais parte do TNP, mas, assim<br />

como Paquistão e Índia, é conhecido que a Coreia<br />

do Norte possui armamento nuclear declaradamente.<br />

América – República da Colômbia, Brasil, Guatemala<br />

e Estados Unidos.<br />

Os Estados Unidos são os que mais pressionam os países<br />

suspeitos de possuírem artefatos nucleares a assinarem<br />

o TNP e até mesmo o Protocolo Adicional. O governo<br />

norte-americano considera o Protocolo Adicional um<br />

avanço na questão de segurança internacional. Os Estados<br />

Unidos possuem o maior arsenal nuclear do planeta<br />

e se consideram um membro importante para o tema da<br />

segurança internacional, visto que, por possuir o maior<br />

poderio militar, tornam-se ao mesmo tempo o maior<br />

alvo e o país mais temido no sistema internacional.<br />

Já em 2012, os países que representam a América Latina<br />

e o Caribe no Conselho de Segurança das Nações<br />

Unidas são a Colômbia e a Guatemala, ambos são a favor<br />

do TNP e já ratificaram o Protocolo Adicional. Pode-<br />

-se assim considerar que os países citados entendem<br />

que as questões envolvidas pelo Protocolo Adicional<br />

são plausíveis e importantes para as Relações Internacionais<br />

(ao contrário do antigo membro e atual observador,<br />

o Brasil, o qual alega que o Protocolo Adicional<br />

violava a sua soberania).<br />

Europa – República Federal da Alemanha, Portugal,<br />

Federação Russa, França, Reino Unido,<br />

Azerbaijão<br />

Nesse bloco europeu, todos os países que fazem parte<br />

do Conselho de Segurança das Nações Unidas assinaram<br />

e ratificaram o Protocolo Adicional.<br />

A França, a Rússia e o Reino Unido são países considerados<br />

idealizadores do Protocolo Adicional (visto que<br />

possuem cadeiras permanentes dentro do Conselho<br />

de Segurança da ONU).<br />

43


Já os membros não permanentes (Alemanha, Portugal<br />

e Azerbaijão) também apoiam e já ratificaram há<br />

alguns anos o Protocolo Adicional.<br />

África – Marrocos, Togo e África do Sul<br />

Dentro desse bloco africano, os três países também assinaram<br />

e ratificaram o Protocolo Adicional do TNP.<br />

É importante destacar que, em um passado recente, a<br />

África do Sul possuía artefatos nucleares, mas acabou<br />

abandonando essas armas e, assim, assinou o TNP em<br />

1991 e o Protocolo Adicional em 2002.<br />

Ponderações<br />

O intuito da reunião deste Comitê é discutir a questão<br />

das armas nucleares no mundo, tendo como foco a<br />

adesão dos países ao Protocolo Adicional.<br />

Gostaríamos que, através de um debate sadio e diplomático,<br />

fossem encontradas soluções pacificas, principalmente<br />

as de curto e médio prazo, sobre o assunto,<br />

mesmo para que, com isso, alguns países cedam parte<br />

de sua soberania ao assinar algum tratado que deixe a<br />

AIEA, ou outro órgão da ONU, como responsáveis por<br />

fiscalizar e regulamentar as armas e a energia atômica<br />

visando o bem maior, ou seja, a paz mundial.<br />

O Conselho de Segurança não é contra o uso da energia<br />

nuclear, nós acreditamos que esse tipo de energia<br />

traz excelentes resultados, principalmente no âmbito<br />

econômico, porém, somos contra a utilização para fins<br />

militares – já que esse tipo de tecnologia é altamente<br />

perigosa e destrutiva.<br />

Um grande passo para a extinção desse tipo de armamento<br />

é facilitar as inspeções da AIEA, sendo de extrema<br />

importância a cooperação entre os países e com<br />

os órgãos internacionais. Casos como Irã, Síria e Coreia<br />

do Norte devem ser desencorajados e sancionados, tomando<br />

medidas que sempre visem a segurança internacional<br />

e a paz.<br />

44<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

Cada delegação deve expor de maneira fiel a sua política<br />

externa em relação ao tema, focando nos seguintes<br />

tópicos:<br />

• se possui a tecnologia nuclear e de qual forma a emprega,<br />

para fins pacíficos e/ou militar;<br />

• se aderiu ao TNP e ao Protocolo Adicional;<br />

• se está cumprindo tais acordos;<br />

• qual a posição do seu país em relação aos países que<br />

estão sendo acusados de utilizar sua tecnologia nuclear<br />

para fins militares;<br />

• o quanto o país é dependente da energia atômica.<br />

Bibliografia<br />

FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />

Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1-49.<br />

GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />

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Acesso em: 09 de out. 2011.<br />

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ter]. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2011.<br />

Notas explicativas<br />

1. UN SECURITY COUNCIL. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />

2. CHARTER OF THE UNITED NATIONS.[Charter III: Organs]. Disponível<br />

em: .<br />

Acesso em: 20 set. 2010.<br />

3. CHARTER OF THE UNITED NATIONS . [Charter V: The Security<br />

Council]. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />

4. UN SECURITY COUNCIL.[Functions and Powers].Disponível em:<br />

. Acesso em: 21 set.<br />

2010.<br />

5. UN SECURITY COUNCIL. [Members]. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />

6. <strong>DE</strong>PARTMENT FOR DISARMAMENT AFFAIRS.[Background].<br />

Disponível em: .<br />

Acessoem: 1 out. 2010<br />

45


7. PROVISIONAL RULES OF PROCEDURE OF THE SECURITY COUN-<br />

CIL.Disponível em: .<br />

Acesso em: 15 out. 2010.<br />

8. GLOBAL SECURITY. [Cold War]. Disponível em: . Acesso em: 16<br />

out. 2010.<br />

9. UNIC. [Carta das Nações Unidas e Estatuto da Corte Internacional<br />

de Justiça]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 12 set. 2010.<br />

10. VESENTINI, José Willian. Geografia Série Brasil. 1. ed. - São Paulo:<br />

Ática, 2004. Cap. 14.<br />

11. UN SECURITY COUNCIL.[Members].Disponívelem: . Acesso em: 20 set. 2010.<br />

12. Idem.<br />

13. Idem.<br />

14. PROVISIONAL RULES OF PROCEDURE OF THE SECURITY<br />

COUNCIL.Disponível em: . Acesso em: 15 out. 2010.<br />

15. UN SECURITY COUNCIL.[Functions and Powers].Disponível<br />

em: . Acesso em:<br />

21 set. 2010.<br />

16. Idem.<br />

17. BUTROS, A.; AHUALLE, B.; CALLEGARETTI, G.; Conselho<br />

de Segurança das Nações Unidas – O Avanço Petrolífero no<br />

Âmbito da Guerra Civil: A Questão da Nigéria. In: STRUFALDI,<br />

B.; ROCHA,R. Guia de Estudos/StudyGuide – VII Fórum FAAP de<br />

Discussão Estudantil.<br />

18. LOS ALAMOS NATIONAL LABORATORY. [Oppenheimer’sPlan].<br />

Disponível em: .<br />

Acessoem: 15 out. 2011.<br />

19. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />

Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 9.<br />

20. Loc. cit.<br />

46<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

21. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />

Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1.<br />

22. Ibidem, p. 49.<br />

23. DIVISÃO <strong>DE</strong> ATOS INTERNACIONAIS. [Estatuto da Agência<br />

Internacional de Energia Atômica]. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2011.<br />

24. Idem.<br />

25. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />

Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 10.<br />

26. FISCHER, David. History Of The International Atomic Energy<br />

Agency: The First Forty Years. Vienna: The Agency, 1997. p. 1.<br />

27. ZAJEC, Olivier. [Energia/Armas Nucleares: Os Países que não<br />

podem ter]. Disponível em: . Acesso em: 14 out. 2011.<br />

28. O ESTADO <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [SAIBA MAIS SOBRE O TNP].<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />

29. GOL<strong>DE</strong>MBERG, JOSÉ. [O Tratado de não proliferação nuclear].<br />

Disponível em: Acesso em: 11 de outubro de 2011.<br />

30. INFO ESCOLA. [TRATADO <strong>DE</strong> NÃO PROLIFERAÇÃO NUCLEAR].<br />

Disponível em: <br />

Acesso em: 11 de<br />

outubro de 2011.<br />

31. INTERNATIONAL ATOMIC ENERGY AGENCY.[IAEA Safeguards<br />

Overview: Comprehensive Safeguards Agreements and Additional<br />

Protocols]. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2011.<br />

32. TERRA. [Protocolo adicional ao TNP foi criado em 1997].<br />

Disponível em: . Acesso em: 11 out. 2011.<br />

33. VEJA. [Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)]. Disponível<br />

em: .<br />

Acesso em: 09 de out. 2011.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

34. SIMON, Roberto. [‘’Brasil deve assinar o protocolo adicional<br />

do TNP’’]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 10 out. 2011.<br />

35. VEJA. [Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP)]. Disponível<br />

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Acesso em: 09 de out. 2011.<br />

36. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. [O Protocolo Adicional]. Disponível em:<br />

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Acesso em 12 out. 2011.<br />

37. SANCHEZ, Giovana. [Ameaça nuclear redefiniu as relações<br />

internacionais após a Segunda Guerra]. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2011.<br />

38. SECURITY COUNCIL. [Resolution 1747 (2007)]. Disponível em:<br />

. Acesso em 13 out. 2011.<br />

39. SECURITY COUNCIL. [HISTORIC SUMMIT OF SECURITY COUN-<br />

CIL PLEDGES SUPPORT FOR PROGRESS ON STALLED EFFORTS<br />

TO END NUCLEAR WEAPONS PROLIFERATION].Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 10 out. 2011.<br />

40. SALATIEL, José Renato. [Coreia do Norte desafia o mundo com<br />

armas atômicas]. Disponível em: . Acesso em 11 out. 2011.<br />

41. Idem.<br />

42. PASSEI WEB. [A questão nuclear iraniana]. Disponível em:<br />

. Acesso em: 10 out. 2011.<br />

43. KRISTENSEN, Hans;NORRIS, Robert. [Nuclear Notebook:<br />

Worldwide Deployments of Nuclear Weapons, 2009]. Disponível<br />

em: . Acesso em:<br />

13 out. 2011.<br />

44. SANCHEZ, Giovana. [Ameaça nuclear redefiniu as relações<br />

internacionais após a Segunda Guerra]. Disponível em: . Acesso em: 09 out. 2011.<br />

45. KRISTENSEN; NORRIS, op. cit.<br />

46. KRISTENSEN, Hans;NORRIS, Robert.[A Presidential Policy<br />

Directive for a new nuclear path]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 13 out. 2011.<br />

47. ESTADO <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Leia a íntegra do discurso de Barack<br />

Obama na ONU]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 05 nov. 2011.<br />

48. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />

uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />

11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />

49. FOLHA <strong>DE</strong> SÃO PAULO. [Veja quem são as potências nucleares<br />

do mundo]. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

50. José Goldemberg é professor, físico, político e membro da<br />

academia Brasileira de Ciências. Em sua vida profissional, Goldemberg<br />

já foi Ministro da Educação (1991-1992), secretário da Ciência<br />

e Tecnologia (1990-1991), secretário do Meio Ambiente (1992),<br />

reitor da Universidade de São Paulo (1986-1990) e presidente da<br />

Sociedade Brasileira de Física (1975-1979). Atualmente trabalha no<br />

Governo do Estado de São Paulo como Secretário do Meio Ambiente.<br />

Devido aos seus trabalhos, já recebeu o Prêmio Ambiental<br />

Volvo (2000) e Prêmio Planeta Azul (2008).<br />

51. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />

uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />

11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />

52. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />

uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />

11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />

53. GOL<strong>DE</strong>MBERG, José. O Inverno Nuclear: as consequências de<br />

uma guerra nuclear. Revista de Ensino de Ciências, São Paulo, n.<br />

11, p. 4-15, dezembro. 1985.<br />

54. BIGELI, Alexandre. [Primeiro ataque atômico da história encerrou<br />

a 2ª Guerra]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

55. AMBIENTE BRASIL. [Guerra nuclear devastaria o ambiente mundial,<br />

segundo estudo]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

47


56. BBC BRASIL. [Conselho de Segurança aprova resolução contra<br />

proliferação nuclear]. Disponível em: .<br />

Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

57. FOXMAN, Abraham H. [SanctionIran’sOil]. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

58. GREGOR, Diana. [Conselho de Segurança da ONU: Sanções<br />

sobre o Irã, Round 4]. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2011.<br />

59. FOXMAN, Abraham H. [SanctionIran’sOil]. Disponível em:<br />

.<br />

Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

60. KIMMERLE, Julia. [Firms Fear New Iran Sanctions Will Curb<br />

Business]. Disponível em: . Acesso em: 05 nov. 2011.<br />

61. BBC NEWS.[Iran ‘To Build Two New Nuclear Sites This Year’].Disponível<br />

em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

62. BELFAST TELEGRAPH. [Iran Tests Missile ‘That Can Reach Israel’].<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 07 nov. 2011.<br />

63. NEW EUROPE. [US and EU join hands to demand together<br />

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Acesso em:<br />

05 nov. 2011.<br />

64. KUWAIT NEWS AGENCY. [France Wants UN Sanctions<br />

Against Iran “As Soon As Possible”]. Disponível em: . Acesso em: 06 nov. 2011.<br />

65. FRANCIOLY, Marcos. [Coréia do Norte diz ter atingido etapa<br />

final de enriquecimento de urânio]. Disponível em: . Acesso em:<br />

06 nov. 2011.<br />

48<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

66. REBOUÇAS, Fernando. [Programa Nuclear da Coréia do Norte].<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 07 nov. 2011.<br />

67. FOLHA ONLINE. [Conselho de Segurança elabora resolução contra<br />

Coréia do Norte]. Disponível em: . Acesso em: 07 nov. 2011.<br />

68. TERRA [O Tratado De Não Proliferação Nuclear Foi Criado<br />

Em 1997]. Disponível em: Acesso em: 7 de novembro de 2011.<br />

69. REVISTA VEJA [O Tratado De Não Proliferação Nuclear]. Disponível<br />

em: http://veja.abril.com.br/perguntas-respostas/tratadonao-proliferacao-nuclear.shtml><br />

Acesso em: 7 de novembro de<br />

2011.


CE – Conselho Europeu<br />

A União Europeia no pós-crise


50<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

Sejam bem-vindos ao Conselho Europeu do Fórum FAAP 2012.<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Esperamos que apreciem este Guia de Estudos que foi feito exclusivamente visando o aprendizado e o entendimento<br />

dos senhores. Assim como toda a organização do Fórum FAAP, o Conselho Europeu visa o máximo de aproveitamento<br />

de seus delegados, a fim de adquirir, ao longo dos dias de simulação, uma experiência única, marcante, enriquecedora<br />

e agradável. Além de desenvolver atividades acadêmicas, os senhores estarão estreitando laços de amizade<br />

e fazendo nascer o espírito da diplomacia entre as duplas.<br />

O assunto que o Comitê aborda é um tanto complicado, portanto, nós esperamos que os senhores leiam o Guia de<br />

Estudos e se dediquem a entender a política de seus países. O Guia é bastante didático e contém um minidicionário<br />

de termos econômicos.<br />

Desejamos ótimos estudos e uma ótima simulação!<br />

Até junho de 2012!<br />

KARINA CALANDRIN<br />

LAVINIA <strong>DE</strong>LfANTI<br />

PETER STURKEN<br />

Diretores Acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Histórico do Comitê<br />

CRIAçãO DA UNIãO EUROPEIA<br />

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, a criação<br />

de uma unidade europeia começou a ser cogitada.<br />

Uma única gestão para o comércio de carvão e aço, em<br />

1951, foi proposta por Alemanha e França. Mais tarde<br />

foi assinado um tratado por outros dois países: Itália<br />

e Países Baixos. Fundou-se assim a Comunidade Europeia<br />

do Carvão e do Aço (CECA).<br />

Em 1957, foi assinado o Tratado de Roma, que, por sua<br />

vez, criava a Comunidade Econômica Europeia.<br />

A criação de um mercado único europeu se consolidou<br />

em 1986 com o Ato Único Europeu, que tinha como propósito<br />

rever o Tratado de Roma. A partir de então ficava<br />

permitida a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços<br />

e capitais (Duarte, 2010). Por fim, em 1992 foi assinado<br />

o Tratado de Maastricht, o qual criou a União Europeia.<br />

No dia primeiro de janeiro de 1999, o euro foi lançado<br />

como moeda única e oficial dos seguintes países que<br />

compunham a União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica,<br />

Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo,<br />

Países Baixos e Portugal. A Grécia aderiu em 2001. Em<br />

2002, o euro substituiu completamente as antigas moedas<br />

dos países-membros, contudo, nem todos os países<br />

aderiram ao euro, como o Reino Unido, por exemplo.<br />

Outros tratados foram sendo assinados ao longo dos<br />

anos, como o Tratado de Amsterdã (1999) e o Tratado<br />

de Nice (2003). A discussão sobre a criação de uma<br />

Constituição para a União Europeia vem ganhando força<br />

ao longo do tempo, criando uma unidade no continente,<br />

porém os países ainda não chegaram a uma<br />

resolução sobre essa questão até agora.<br />

A UE começou com seis membros e, desde janeiro de<br />

2007, possui 27 estados participantes.<br />

A União Europeia progrediu com a Estratégia de Lisboa,<br />

que propunha a releitura do Tratado de Nice, sempre<br />

com o propósito de unir ainda mais a Europa. A<br />

Estratégia de Lisboa ficou conhecida como Tratado de<br />

Lisboa e está em vigor desde dezembro de 2009.<br />

O início dos esforços para que esse tratado (Lisboa) fosse<br />

implementado e respeitado como tal data de 2001,<br />

que também é o início da elaboração da Constituição<br />

Europeia. Contudo, como as decisões são tomadas por<br />

unanimidade, a proposta de Constituição não passou<br />

(devido aos votos francês e holandês).<br />

É certo afirmar que não é o intuito deste guia explicar<br />

as minúcias desse tratado, mas sim mostrar como ele<br />

influenciou a União Europeia e suas aplicações no Comitê<br />

aqui em questão, o Conselho Europeu.<br />

O Tratado de Lisboa tem caráter reconstrutor e altera<br />

os Tratados de Nice, de Maastricht e de Roma. Pode ser<br />

considerado um tratado que atualizou a União Europeia.<br />

As principais modificações que introduziu são:<br />

• criação do cargo de alto representante para os Negócios<br />

Estrangeiros e Política de Segurança e a modificação do<br />

período de mandato do presidente da União Europeia,<br />

que antes era semestral e agora é de dois anos e meio;<br />

• para reforçar o desempenho em negociações internacionais,<br />

a UE adquire personalidade jurídica;<br />

• o Conselho Europeu e o Conselho da União Europeia<br />

se separam. Com o Tratado de Lisboa, o primeiro passa<br />

a ser uma instituição da UE; 1<br />

• os estados-membros têm a liberdade de se desvincular<br />

da União Europeia quando bem entenderem.<br />

Outras alterações menos relevantes para o Comitê não<br />

foram inclusas.<br />

O CONSELHO EUROPEU<br />

O Conselho Europeu tem como função definir as orientações<br />

e prioridades gerais da UE. Seu atual presidente<br />

é Herman Van Rompuy. O Conselho Europeu não tem<br />

função legislativa, portanto, tem caráter sugestivo.<br />

A ideia de reunir os chefes de Estado e o governo da<br />

União Europeia veio do então presidente de França,<br />

Giscard d’Estaing. Só em 1986 as reuniões perderam o<br />

caráter de extraordinárias. Em 1992 o Conselho passou<br />

a ter um estatuto formal.<br />

51


Como visto anteriormente com o Tratado de Lisboa, o<br />

Conselho Europeu deixou de ser uma reunião extraoficial<br />

e passou a ser uma instituição da União Europeia,<br />

podendo até ser controlado pela Corte de Justiça.<br />

Antigamente, as reuniões eram assessoradas por ministros,<br />

hoje é apenas formada pelos chefes de Estado<br />

e governo, o presidente do Conselho Europeu e da<br />

Comissão Europeia, e o alto representante da União<br />

para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.<br />

Se os chefes de Estado e governo desejarem,<br />

os mesmos podem ser auxiliados por um ministro de<br />

seus governos.<br />

As reuniões se dão duas vezes por semestre, mas<br />

podem ocorrer reuniões extraordinárias. É bom lembrar<br />

que as decisões são tomadas por consenso, ou<br />

seja, unanimidade.<br />

Histórico do Tema<br />

ORIGENS DO CAPITALISMO<br />

O capitalismo pode ser definido como a formação histórica<br />

e única com instituições de núcleo e movimentos<br />

distintos. Envolve o crescimento de uma classe<br />

mercantilista, a separação da produção e do Estado,<br />

e a mentalidade do cálculo racional. Sua lógica gira<br />

em torno do acúmulo de capital, refletindo na onipresença<br />

da competição. Apresenta amplas tendências<br />

na criação de riqueza sem precedentes, grande distribuição<br />

de empresas, vasto setor público e ciclos de<br />

atividades. Enquanto pesquisadores do capitalismo<br />

tradicionalmente encaram o seu fim em algum período<br />

histórico, economistas modernos mostram pouco<br />

interesse em projeções históricas. 2<br />

O capitalismo teve sua origem no declínio da sociedade<br />

feudal. A troca do trabalho por itens ou<br />

dinheiro, o desenvolvimento do trabalho livre e de<br />

pequenas propriedades de posse camponesa, a retomada<br />

do comércio, a reaparição da vida urbana, a<br />

formação de uma burguesia comerciante e etc. são<br />

características marcantes do antecessor do capitalismo,<br />

o mercantilismo.<br />

52<br />

CRISE <strong>DE</strong> 1929<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Até o momento presente, classifica-se a “crise de<br />

1929” como a maior recessão econômica pela qual o<br />

mundo já passou. Assim como a crise financeira atual,<br />

teve caráter ambicioso. Fazia mais de um século que<br />

a Revolução Industrial tinha ocorrido, o modo de produção<br />

vigente no século XX era o de grande escala,<br />

os empresários substituíram a mão de obra por máquinas<br />

modernas que realizavam o trabalho de forma<br />

mais rápida e barata.<br />

Os Estados Unidos já eram a maior economia e Nova<br />

York sediava o centro financeiro do mundo, os americanos<br />

estavam empolgados com seu crescimento,<br />

que parecia desenfreado. Entretanto, a realidade era<br />

outra, os empresários produziam cada vez mais bens,<br />

sem se dar conta de que os estoques aumentavam.<br />

Tal situação foi ocasionada principalmente por dois fatores:<br />

o desemprego da massa norte-americana, que<br />

havia sido substituída pelas máquinas e não tinha mais<br />

dinheiro para comprar produtos básicos, muito menos<br />

supérfluos, e a queda das exportações. Esse segundo<br />

fator se deve à dificuldade pela qual o a Europa, maior<br />

mercado consumidor, estava passando. A maioria dos<br />

países teve seus cofres esvaziados para pagar dívidas<br />

contraídas na Primeira Guerra Mundial (1914-1918),<br />

além de sua economia ter sido arrasada, o capital se<br />

restringiu e a produção também por consequência;<br />

para se reestruturarem precisavam diminuir as importações<br />

a partir de metas protecionistas.<br />

Industriais estadunidenses não perceberam os sinais<br />

de alerta da conjuntura e, visando o constante aumento<br />

de lucros, produziam mais, acreditando que<br />

os preços baixos dos itens bastava para serem demandados.<br />

Na bolsa de valores, o mesmo acontecia, a<br />

especulação era altíssima e os proprietários de ações<br />

tinham rendas mensais altas.<br />

O cenário de prosperidade se inverteu no dia 24 de<br />

outubro de 1929, quando uma drástica queda nas<br />

ações da bolsa nova-iorquina começou. Rapidamente,<br />

todos os possuidores de créditos queriam vendê-<br />

-los, sem sucesso. Seis mil bancos quebraram e milhares<br />

de fábricas fecharam; em poucas semanas, 30<br />

bilhões de dólares “desapareceram”.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Todavia, as consequências para os anos seguintes foram<br />

muito maiores: o Produto Interno Bruto do país<br />

recuou pela metade, de 104 bilhões para 56 bilhões<br />

de dólares em quatro anos; um a cada quatro norte-<br />

-americanos ficou desempregado e o consumo caiu<br />

de 79 bilhões para 49 bilhões de dólares. O mundo<br />

todo foi impactado pelo crash da bolsa, e a Europa<br />

que estava se reerguendo se viu em uma péssima<br />

condição novamente.<br />

Os países agroexportadores, como Brasil e Argentina,<br />

também foram prejudicados, o preço das matérias-<br />

-primas declinou muito. Os mercados do mundo todos<br />

já estavam englobados, portanto, a Grande Depressão<br />

afetou quase todos, com algumas exceções<br />

como a União Soviética, que usufruía de uma economia<br />

fechada. Já na Inglaterra, o primeiro-ministro<br />

MacDonald foi obrigado a deixar a libra flutuar livremente<br />

no mercado, já que a balança comercial estava<br />

desfavorável. A especulação financeira e a inflação<br />

aumentaram, prejudicando mais os consumidores.<br />

A circunstância desastrosa foi gerada pela cobiça dos<br />

empresários, que não souberam enxergar até que<br />

ponto a economia suportaria suas pretensões, o que<br />

na prática foi ocasionado pelo excesso de oferta, que<br />

cessou imediatamente os preços, e pelo excesso de<br />

especulação, que estimou quantias que na realidade<br />

não existiam. Muitos especialistas da época questionaram<br />

o capitalismo liberal, outros consideravam<br />

que um sistema alternativo era impossível, mas os<br />

conceitos de não intervenção estatal e total liberdade<br />

econômica tiveram que ser repensados. Em 1932,<br />

Roosevelt criou os programas relacionados ao New<br />

Deal e sistemas políticos radicais nacionalistas, como<br />

o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália, instalaram-se,<br />

tendo por objetivo agregar riquezas aos seus<br />

países em crise.<br />

CRISE DO SUBPRIME (2008)<br />

A crise econômica atual é o resultado da “bolha” imobiliária<br />

norte-americana, que foi revelada em 2008 quando<br />

uma série de problemas financeiros originados<br />

principalmente nos EUA veio à tona. Após a crise das<br />

empresas “pontocom” em 2001, a economia do país<br />

se encontrava desestimulada, logo o Federal Reserve<br />

(Banco Central americano) decidiu reduzir a taxa de juros<br />

com o objetivo de fomentar os consumidores e as<br />

empresas a gastar e assim reaquecer o sistema.<br />

Inicialmente essa atitude foi bem-sucedida, a taxa<br />

de juros chegou a 1% ao ano (2003). O setor imobiliário<br />

ganhou muitos investimentos, assim os preços<br />

dos imóveis elevaram-se consideravelmente. A demanda<br />

pelas hipotecas cresceu, estas, em busca de<br />

lucros mais altos, concederam créditos facilmente,<br />

inclusive a indivíduos de alto risco, cujo histórico de<br />

pagamento não era bom e nem sempre tinham renda<br />

suficiente para repagar os credores posteriormente.<br />

Esses indivíduos, atraídos pelo momento favorável,<br />

compraram mais casas, esperando no futuro lucrar<br />

com sua venda, requisitando mais empréstimos, dando<br />

muitas vezes como garantia suas próprias casas.<br />

As companhias hipotecárias vendiam créditos aos<br />

bancos, pois assim recebiam capital adiantado e poderiam<br />

fazer mais empréstimos para seus clientes.<br />

Nota-se que a partir desse momento há uma fusão de<br />

setores da economia, o imobiliário e o financeiro. Em<br />

2006, o mercado já apresentava sinais de saturação, o<br />

Federal Reserve aumentou os juros, o que freou a economia<br />

e fez com que os preços dos imóveis caíssem.<br />

Devido a essa redução de crescimento, o desempregou<br />

aumentou, o custo de vida subiu e muitas pessoas<br />

tornaram-se inadimplentes, já que não tinham<br />

mais condições de arcar com seus débitos.<br />

Com a piora da situação, o pânico geral se instaurou e<br />

a dificuldade de se calcular o tamanho real do problema<br />

foi grande, pois a especulação embaçava a realidade<br />

e o rombo era maior do que o imaginado. Grandes<br />

empresas, como a American Home Mortgage (AHM),<br />

que atua no setor imobiliário, tiveram que pedir concordata.<br />

A maior das empresas do setor, a Fannie Mae<br />

(Federal National Mortgage Association), que faturou<br />

cerca de 43,71 bilhões de dólares em 2007, teve uma<br />

queda de 88% das ações no ano da crise. O governo<br />

teve que socorrê-la com um pacote de mais de 100<br />

bilhões de dólares e atualmente possui mais de 80%<br />

de suas ações disponíveis. 3<br />

O efeito “dominó” foi inevitável, um ciclo vicioso havia<br />

se fixado. A falência do tradicional banco norte-americano,<br />

o Lehman Brothers, fez com que várias instituições<br />

tivessem o mesmo fim, e aqueles que consegui-<br />

53


am se manter apresentaram problemas de insolvência<br />

na sua maioria. O CitiGroup, por exemplo, obteve um<br />

prejuízo de cerca de 8,29 bilhões de dólares. 4<br />

Ao se deparar com os ocorridos, o governo teve que<br />

injetar cerca de 850 bilhões de dólares para assistir<br />

bancos, seguradoras e fundos de investimento. JP<br />

Morgan, Bank of America, Goldman Sachs, entre outros,<br />

foram amparados por capital público A fusão e a<br />

compra de pequenas instituições por outras maiores<br />

também foi comum.<br />

O excessivo gasto do governo para socorrer a economia<br />

aumentou a dívida pública e continua gerando<br />

desgastes nas questões políticas, econômicas e sociais<br />

no país. No segundo semestre de 2008, o emprego<br />

nos EUA teve o maior índice registrado desde<br />

o final da Segunda Guerra Mundial. A deterioração<br />

da qualidade de vida da população e o aumento da<br />

desigualdade social entre pobres e ricos são apenas<br />

alguns dos infinitos problemas resultantes da crise.<br />

Esse feito levou os EUA a aumentarem muitíssimo sua<br />

divida pública, pois, alem dos problemas já existentes,<br />

Obama precisou ajudar os bancos com o tesouro norte-americano,<br />

pois sabia que a falência dos mesmos<br />

levaria a prejuízos econômicos e sociais ainda maiores.<br />

Alastramento da Crise<br />

Como os sistemas financeiros mundiais já estavam<br />

interligados, a piora da economia americana e a demora<br />

de um pacote de ajuda usado por esse país afetaram<br />

outras regiões do globo onde logo começaram<br />

a aparecer os problemas.<br />

Uma das primeiras instituições a sofrer foi o banco suíço<br />

UBS, que somente até setembro de 2008 já tinha<br />

um prejuízo em suas contas de mais de US$ 328,45<br />

milhões. Com a avaria em seu orçamento, o corte de<br />

funcionários revelou outro número alarmante, até o<br />

mesmo período, 2.387 postos de emprego já haviam<br />

sido cortados na mesma instituição. 5<br />

As contas, porém, não pararam de aumentar. A crise<br />

se espalhou para outros bancos e contaminou outros<br />

países. O banco britânico Bradford & Bingley (B&B)<br />

54<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

teve estimada sua carteira de hipotecas em um valor<br />

de US$ 100 bilhões. Na Alemanha, no Hypo Real<br />

Estate, grande tomador de empréstimos do mercado<br />

financeiro, o valor era de US$ 51 bilhões. 6<br />

As reações dos governos eram imprescindíveis, os<br />

governos de Holanda, Bélgica e Luxemburgo foram<br />

obrigados a injetar mais de US$ 18 bilhões em apenas<br />

uma instituição financeira dos países.<br />

A economia da Islândia, cuja maior parte se concentrava<br />

no mercado financeiro, viu-se em colapso, e<br />

quase a totalidade de seus habitantes se viu em situação<br />

de falência.<br />

As economias começavam a estagnar. A vinda da recessão<br />

era inevitável.<br />

“O governo alemão espera que esse pacote de salvamento<br />

seja aprovado ainda esta semana” (Angela<br />

Merkel), essa era uma frase que começava a ser ouvida<br />

com frequência vinda dos líderes de vários países.<br />

A Atual Crise Europeia<br />

Tentando diminuir os impactos da crise, os governos<br />

investiram nos setores críticos de suas economias<br />

pacotes bilionários. Porém, com sua estagnação, os<br />

investimentos, que antes serviram para minimizar a<br />

turbulência do setor financeiro e diminuir o número<br />

crescente de perdas de emprego, tornaram-se um<br />

novo vilão.<br />

Esses valores bilionários eram, muitas vezes, mais altos<br />

do que os governos poderiam arcar futuramente,<br />

mas a incerteza de não investi-los era pior.<br />

GRÉCIA<br />

O caso mais difícil, até o momento, é sem dúvida o do<br />

país helênico.<br />

Nos anos anteriores à crise, foi necessário e até interessante<br />

à nação investir um alto valor na defasada infraestrutura<br />

e programas básicos gerais do país. O custo das


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Olimpíadas de Atenas em 2004 também foi excessivo,<br />

além do alto índice de corrupção no governo grego.<br />

Mesmo com as regras da utilização do euro, nas quais o<br />

déficit fiscal (a diferença entre o valor que o governo arrecada<br />

e suas despesas) previsto não poderia ultrapassar<br />

3% do PIB do país, as contas não paravam de aumentar.<br />

A Grécia não possui uma economia forte e bem diversificada,<br />

contando com o turismo como uma de suas<br />

principais fontes.<br />

Com a chegada de anos mais turbulentos, a situação<br />

não melhorou. A quantia da dívida deixava os investidores<br />

cada vez mais preocupados, assim, novos<br />

empréstimos ao país começaram a ser dificultados e<br />

eram exigidos juros bem mais elevados.<br />

Ajudas internacionais agora são consideradas os únicos<br />

meios de salvar a Grécia. Em maio de 2010, os ministros<br />

das finanças da zona do euro e o Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI) aprovaram um plano de<br />

ajuda ao país. O valor do pacote seria de 110 bilhões<br />

de euros, divididos entre as duas organizações, de<br />

modo que os países da zona do euro cederiam 80 bilhões<br />

de euros (30 bilhões já pagos em 2010) e o FMI<br />

concederia o restante. 7<br />

A ideia era arranjar tempo para a Grécia poder estabilizar<br />

sua economia, o que não ocorreu realmente. A<br />

nação, porém, viu sua nota de risco cair várias vezes<br />

em diferentes agências de classificação de risco.<br />

Vários cortes de gastos tiveram de ser aprovados pelo<br />

governo para tentar estabilizar o orçamento e obter<br />

empréstimos da UE (que condicionara sua ajuda ao<br />

cumprimento de ajustes). Tais ações, em sua maior<br />

parte, atingem o setor público, com cortes salariais,<br />

aumento de impostos, privatizações e mudança no<br />

sistema de pensões, medidas não muito populares<br />

para a população local, o que tem provocado greves,<br />

passeatas e tumultos em diversas partes do território.<br />

IRLANDA<br />

A Irlanda era conhecida, anteriormente à crise, como<br />

o “tigre celta”, pois vinha crescendo em um ritmo assustadoramente<br />

rápido. Essa expansão era dada basi-<br />

camente pelo forte mercado imobiliário que ali estava<br />

nascendo.<br />

Contudo, com a chegada da crise em 2008, o mercado<br />

imobiliário desaqueceu fortemente. A queda no<br />

preço dos imóveis chegou a um patamar de 60%. O<br />

sistema financeiro local estava amplamente conectado<br />

com esse segmento, por meio de créditos para as<br />

construtoras.<br />

O governo irlandês teve de investir 45 bilhões de euros<br />

para tentar salvar as empresas dos dois setores, deixando<br />

assim um déficit público de 32% do PIB. O desemprego<br />

também vem atingindo números alarmantes. 8<br />

Um dos principais temores para o colapso da economia<br />

irlandesa é que suas empresas são uma das principais<br />

compradoras das empresas britânicas, comprando<br />

mais mercadorias que Brasil, Rússia, Índia e<br />

China juntos.<br />

Em dezembro de 2010, os ministros das Finanças da<br />

União Europeia aprovaram um pacote de ajuda ao<br />

governo de Dublin. Tal acordo consiste em um valor<br />

de 85 bilhões de euros para salvar sua economia.<br />

Logo após sua aprovação, planos de corte de gastos<br />

foram aceitos, entre os quais, o país deverá reformar<br />

o sistema bancário e o déficit do governo deverá ser<br />

reduzido a 3% do PIB até 2015.<br />

PORTUGAL<br />

Ao contrário dos outros governos citados anteriormente,<br />

a causa da crise portuguesa pode ser identificada<br />

como falta de competitividade. Com o gradual<br />

aumento dos salários e redução das tarifas de exportação<br />

de baixo valor da Ásia, adicionados ao grande<br />

número de investimentos (especialmente no setor de<br />

transportes) houve uma tentativa de melhorar o valor<br />

de seus produtos. Assim, uma grande dívida pública<br />

foi arrecadada pelo governo.<br />

O aumento da desconfiança sobre a possibilidade de<br />

pagamento ou não e sua maior dificuldade em administrar<br />

as dívidas fizeram com que os investidores dificultassem<br />

e aumentassem as taxas de juros.<br />

55


Como medida para reduzir os problemas, o então primeiro-ministro,<br />

José Sócrates, tentou botar em prática<br />

um plano de austeridade que reduziria assim as<br />

vantagens no pagamento de pensões, aumentaria os<br />

impostos e as tarifas nos transportes públicos. A oposição,<br />

porém, não concordou em realizar esse plano,<br />

derrubando-o em março de 2011.<br />

Foi gerada uma crise política que derrubou o primeiro-ministro<br />

e as bolsas de valores em todas as áreas<br />

do globo, pois gerou certa dúvida em relação à possibilidade<br />

de melhora e salvação do país luso.<br />

Depois de muito relutar a uma potencial ajuda, Portugal<br />

não conseguiu seguir sem o suporte do restante<br />

da Europa, porém, alguns países, em especial a Finlândia,<br />

relutaram em aceitar em seus parlamentos<br />

que um o pacote fosse feito. Chegou-se ao ponto de<br />

se fazerem vídeos e lançá-los na internet para tentar<br />

convencer a população desses países a fazer um trato.<br />

Enfim, o novo pacote foi aprovado com um valor de<br />

78 bilhões de euros, que serão divididos igualmente<br />

(26 bilhões de euros cada) entre o Fundo Europeu de<br />

Estabilização Financeira (FEEF), o Mecanismo Europeu<br />

de Estabilização Financeira (MEEF) e o FMI. 9<br />

Foi necessário o comprometimento do país em alguns<br />

aspectos para que esse pacote pudesse ser recebido.<br />

A nação deverá, em três anos, fazer reformas estruturais<br />

para assegurar o aumento da economia, a criação<br />

de empregos e a melhoria da competitividade.<br />

É preciso também estabilizar suas contas públicas até<br />

2013 em até 3% do PIB e investir no sistema bancário do<br />

país com um programa de apoio de 12 bilhões de euros.<br />

ESPANHA<br />

A Espanha é uma peça muito mais preocupante no<br />

tabuleiro europeu, pois sua economia é maior que a<br />

dos outros citados anteriormente. O endividamento<br />

público, em 2009, estava ainda abaixo da média europeia,<br />

mas seu crescimento vinha aumentando, o<br />

real problema era assim a somatória total das dívidas<br />

espanholas (incluindo bancos, empresas e famílias).<br />

Esse chegou a um valor que atinge quatro vezes o PIB,<br />

56<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

metade desse valor está relacionado a dívidas externas<br />

cujos 60% correspondem a dívidas com bancos<br />

alemães e franceses.<br />

No fim do ano de 2009, a economia da nação encolheu<br />

3,6% e o déficit público atingiu 11,4% do PIB. A dívida<br />

pública, que estava em 39,7% do PIB em 2008, subiu<br />

para 55,2% no fim de 2009 e alguns economistas previram<br />

que deverá alcançar o patamar de 74,3% em 2012. 10<br />

A taxa de desemprego, em 2009, era de 18,8% da população<br />

economicamente ativa (sendo 40% dos jovens<br />

e 60% da mão de obra imigrante), já em 2010,<br />

girava em torno de 20%.<br />

A economia espanhola está apoiada em três grandes<br />

setores, sendo os três amplamente afetados pela crise:<br />

a construção, o turismo e o setor automobilístico.<br />

A construção absorvia 11% da economia e 13% do<br />

emprego do país, mas, após os últimos anos, ocorreu<br />

uma intensa desvalorização do valor e estagnação na<br />

venda dos imóveis. O turismo está amplamente prejudicado,<br />

pois, com economias em crise, a população<br />

deixa de procurar ou realizar atos mais supérfluos. O<br />

setor automobilístico, que é totalmente controlado<br />

por multinacionais estrangeiras, é o eixo da indústria<br />

local e se sustentou durante o ano de 2009 graças a<br />

uma ampla ajuda governamental.<br />

Os bancos espanhóis estão completamente atados ao<br />

setor imobiliário.<br />

O governo espanhol se manifestou dizendo que fará<br />

cortes, como cortar as despesas públicas em mais de<br />

50%, reformar o sistema de pensões públicas, fazer<br />

uma reforma trabalhista e impulsionar as privatizações,<br />

mas deixa claro que isso será somente o princípio.<br />

O país vem enfrentando grave desaprovação popular e<br />

corre um grave risco de uma crise política tomar lugar, o<br />

que prejudicaria ainda mais sua recuperação econômica.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

ITÁLIA<br />

A Itália representa a quarta maior economia da atual<br />

União Europeia. A crise na nação não se restringe somente<br />

à economia; a crise política vem assolando o país<br />

antes do começo das reais preocupações com o mercado.<br />

O ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi<br />

está envolvido em acusações e processos na justiça italiana<br />

há algum tempo. Os principais motivos são as festas<br />

organizadas e os casos de prostituição de menores.<br />

Seu governo já não é aprovado por muitos italianos e<br />

já esteve a ponto de cair diversas vezes. Sob o enfoque<br />

econômico, a Itália possuía, em 2009, um déficit público<br />

de 5,3% do PIB nacional, o que não era muito preocupante.<br />

Porém, a dívida pública tem encontrado uma<br />

situação cada vez mais caótica, chegando ao nível de<br />

115,8% do PIB. 11 O governo se comprometeu a “apertar<br />

os cintos” e diminuir os gastos, congelando assim os<br />

salários públicos, reduzindo os orçamentos para os ministérios<br />

e reforçando a luta contra a evasão fiscal. Segundo<br />

alguns economistas, o medo e a pressão sobre<br />

Portugal e Espanha foram cruciais para que houvesse<br />

essa preocupação com relação à Itália. O país teve sua<br />

nota de risco rebaixada por agências conceituadas no<br />

setor, em muitas delas descendo do A+ para o A.<br />

REINO UNIDO<br />

Apesar de não pertencer à zona do euro, sua relação<br />

com os outros países da União Europeia é tão forte<br />

que não sairia a salvo da crise.<br />

Diferentemente dos outros países da Europa, o agravamento<br />

da crise no país não se deu por questão<br />

monetária, e sim por causa da depressão inglesa. A<br />

nação não consegue restabelecer o crescimento e<br />

vem somando números negativos ou muito próximos<br />

a zero há alguns trimestres. A crise bancária de 2008<br />

assolou-o gravemente e não foi retomada sua forma<br />

original até o momento. Teve início, assim, como nos<br />

demais países, um complicado e extenso processo<br />

de corte de gastos governamentais. Várias cidades<br />

foram palco de diversos protestos estudantis contra<br />

tais reformas, e o apoio da população mais jovem não<br />

é muito explícito. Bancos também tiveram suas notas<br />

rebaixadas por dúvidas em relação à possibilidade de<br />

poderem cumprir com seus deveres.<br />

FRANçA<br />

Segunda maior economia da atual União Europeia, o<br />

país tem papel crucial nas negociações e nos preparativos<br />

para o futuro da região. A França, porém, tem recebido<br />

notícias não muito animadoras com relação a<br />

sua economia e seu crescimento. A nação está à beira<br />

de entrar em recessão. O presidente francês, Nicolas<br />

Sarkozy, tem tido vários encontros com a chanceler<br />

alemã, Angela Merkel, e os dois países são a esperança<br />

para o futuro do euro.<br />

ALEMANHA<br />

Maior e mais sólida economia europeia. É o país no<br />

qual mais se teme uma infecção da economia. É, em<br />

conjunto com a França, quem tem liderado a cobrança<br />

aos países mais afetados para cumprir sua parte<br />

nos acordos, e é influente no preparo de tais pacotes.<br />

Um grave medo de um cansaço do país em ajudar o<br />

restante da Europa é preocupante, já que vêm sendo<br />

levantadas propostas de deixar a zona do euro pelos<br />

mais radicais do país.<br />

A criação de um Fundo Monetário Europeu (FME) 12<br />

pode ser um remédio para que o problema que vem<br />

ocorrendo de erros de informações dos países mediterrâneos<br />

e erros de divulgação de cálculos não<br />

aconteçam novamente. Para que tal fundo possa vir<br />

a existir, os países deveriam abdicar de suas políticas<br />

econômicas diversas, construindo assim uma maior<br />

união entre os Estados.<br />

57


Panoramas<br />

58<br />

Alemanha<br />

Áustria<br />

Bélgica<br />

Dinamarca<br />

Espanha<br />

Estônia<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Desemprego 2007 7,1% 4,4% 7,5% 2,8% 8,3% 4,7% 6,9% 7,9% 8,3% 7,3% 4,6%<br />

Desemprego 2010 7,4% 4,5% 8,5% 4,2% 20% 17,5% 8,4% 9,5% 12% 10,7% 13,7%<br />

Dívida Pública 2007<br />

Dívida Pública 2010<br />

Dívida Externa 2007<br />

Dívida Externa 2009<br />

Dívida Externa 2011<br />

PIB 2007<br />

PIB 2010<br />

PIB - Taxa de Crescimento<br />

Real 2007<br />

PIB - Taxa de Crescimento<br />

Real 2009<br />

PIB - Taxa de Crescimento<br />

Real 2010<br />

PIB per capita 2007<br />

PIB per capita 2010<br />

64,9%<br />

do PIB<br />

78,8%<br />

do PIB<br />

3.904<br />

(bilhões US$)<br />

4.713<br />

(bilhões US$)<br />

2.807<br />

(bilhões US$)<br />

2.940<br />

(bilhões US$)<br />

59,1%<br />

do PIB<br />

70,4%<br />

do PIB<br />

594,3<br />

(bilhões US$)<br />

755<br />

(bilhões US$)<br />

322<br />

(bilhões US$)<br />

332<br />

(bilhões US$)<br />

84,6%<br />

do PIB<br />

98,6%<br />

do PIB<br />

1.053<br />

(bilhões US$)<br />

1.241<br />

(bilhões US$)<br />

376,5<br />

(bilhões US$)<br />

394,3<br />

(bilhões US$)<br />

26%<br />

do PIB<br />

46,6%<br />

do PIB<br />

405<br />

(bilhões US$)<br />

559,5<br />

(bilhões US$)<br />

203,3<br />

(bilhões US$)<br />

201,7<br />

(bilhões US$)<br />

36,2%<br />

do PIB<br />

63,4%<br />

do PIB<br />

1.591<br />

(bilhões US$)<br />

2.166<br />

(bilhões US$)<br />

1.361<br />

(bilhões US$)<br />

1.369<br />

(bilhões US$)<br />

3,4%<br />

do PIB<br />

7,7%<br />

do PIB<br />

13,94<br />

(bilhões US$)<br />

25,13<br />

(bilhões US$)<br />

28,69<br />

(bilhões US$)<br />

24,69<br />

(bilhões US$)<br />

Finlândia<br />

35,9%<br />

do PIB<br />

45,4%<br />

do PIB<br />

251,9<br />

(bilhões US$)<br />

370,8<br />

(bilhões US$)<br />

188,4<br />

(bilhões US$)<br />

186<br />

(bilhões US$)<br />

França<br />

63,9%<br />

do PIB<br />

83,5%<br />

do PIB<br />

3.461<br />

(bilhões US$)<br />

4.698<br />

(bilhões US$)<br />

2.075<br />

(bilhões US$)<br />

2.145<br />

(bilhões US$)<br />

Grécia<br />

89,5%<br />

do PIB<br />

144%<br />

do PIB<br />

301,9<br />

(bilhões US$)<br />

532,9<br />

(bilhões US$)<br />

327,6<br />

(bilhões US$)<br />

318,1<br />

(bilhões US$)<br />

Hungria<br />

67%<br />

do PIB<br />

79,6%<br />

do PIB<br />

107,3<br />

(bilhões US$)<br />

148,4<br />

(bilhões US$)<br />

191,7<br />

(bilhões US$)<br />

187,6<br />

(bilhões US$)<br />

Irlanda<br />

24,9%<br />

do PIB<br />

94,2%<br />

do PIB<br />

1.392<br />

(bilhões US$)<br />

2.253<br />

(bilhões US$)<br />

191,6<br />

(bilhões US$)<br />

172,3<br />

(bilhões US$)<br />

2,5% 3,1% 2,8% 1,7% 3,8% 7,1% 4,5% 2,1% 4% 1,3% 6%<br />

-4,7% -3,8% -2,7% -4,7% -3,7% -13,9% -8,1% -2,5% -2% -6,3% -7,6%<br />

3,5% 2% 2% 2,1% -0,1% 3,1% 3,1% 1,5% -4,5% 1,2% -1%<br />

US$<br />

34.100<br />

US$<br />

35.700<br />

US$<br />

39.300<br />

US$<br />

40.400<br />

US$<br />

36.200<br />

US$<br />

37.800<br />

US$<br />

37.200<br />

US$<br />

36.600<br />

US$<br />

33.600<br />

US$<br />

29.400<br />

Inflação 2007 2,3% 2,2% 1,8% 1,7% 2,8% 6,6% 2,5% 1,5% 2,9% 8% 4,9%<br />

Inflação 2010 1,1% 1,9% 2,3% 2,6% 1,3% 2,4% 1,2% 1,5% 4,5% 4,9% -1,6%<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2006<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2007<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2009<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2010<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2011<br />

136,2<br />

(trilhões US$)<br />

180,8<br />

(trilhões US$)<br />

18,2<br />

(trilhões US$)<br />

21,8<br />

(trilhões US$)<br />

16,5<br />

(trilhões US$)<br />

23,9<br />

(trilhões US$)<br />

42,3<br />

(trilhões US$)<br />

76,6<br />

(trilhões US$)<br />

19<br />

(trilhões US$)<br />

28,2<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

21.800<br />

US$<br />

19.100<br />

3,2<br />

(trilhões US$)<br />

3,6<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

36.000<br />

US$<br />

35.400<br />

8,3<br />

(trilhões US$)<br />

9,1<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

32.600<br />

US$<br />

33.100<br />

115,7<br />

(trilhões US$)<br />

133,1<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

30.600<br />

US$<br />

29.600<br />

3,6<br />

(trilhões US$)<br />

5,5<br />

(trilhões US$)<br />

Fonte: Indexmundi.<br />

US$<br />

19.300<br />

US$<br />

18.800<br />

24<br />

(trilhões US$)<br />

44,9<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

46.600<br />

US$<br />

37.300<br />

926,2<br />

(trilhões US$)<br />

2,1<br />

(trilhões US$)


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Itália<br />

Letônia<br />

Lituânia<br />

Luxemburgo<br />

Países<br />

Baixos<br />

Desemprego 2007 6,2% 5,7% 3,7% 4,4% 4,6% 12,8% 8% 5,3% 6,6% 4,1% 6,1%<br />

Desemprego 2010 8,4% 14,3% 17,9% 5,5% 5,5% 11,8% 10,7% 7,9% 7,1% 8,2% 8,3%<br />

Dívida Pública 2007<br />

Dívida Pública 2010<br />

Dívida Externa 2007<br />

Dívida Externa 2009<br />

Dívida Externa 2011<br />

PIB 2007<br />

PIB 2010<br />

PIB - Taxa de<br />

Crescimento Real 2007<br />

PIB - Taxa de<br />

Crescimento Real 2009<br />

PIB - Taxa de<br />

Crescimento Real 2010<br />

PIB per capita 2007<br />

PIB per capita 2010<br />

104% do<br />

PIB<br />

118,1%<br />

do PIB<br />

1.957<br />

(bilhões US$)<br />

2.223<br />

(bilhões US$)<br />

1.800<br />

(bilhões US$)<br />

1.774<br />

(bilhões US$)<br />

7,4% do<br />

PIB<br />

46,2% do<br />

PIB<br />

18,9<br />

(bilhões US$)<br />

37,28<br />

(bilhões US$)<br />

40,05<br />

(bilhões US$)<br />

32,51<br />

(bilhões US$)<br />

17,3% do<br />

PIB<br />

36,7% do<br />

PIB<br />

15,12<br />

(bilhões US$)<br />

27,6<br />

(bilhões US$)<br />

59,98<br />

(bilhões US$)<br />

56,59<br />

(bilhões US$)<br />

6,4% do<br />

PIB<br />

16,2% do<br />

PIB<br />

1.933<br />

(bilhões US$)<br />

1.892<br />

(bilhões US$)<br />

38,14<br />

(bilhões US$)<br />

41,09<br />

(bilhões US$)<br />

45,5% do<br />

PIB<br />

64,6% do<br />

PIB<br />

1.899<br />

(bilhões US$)<br />

3.733<br />

(bilhões US$)<br />

645,5<br />

(bilhões US$)<br />

676,9<br />

(bilhões US$)<br />

Polônia<br />

43,1% do<br />

PIB<br />

52,6% do<br />

PIB<br />

147,3<br />

(bilhões US$)<br />

252,9<br />

(bilhões US$)<br />

623,1<br />

(bilhões US$)<br />

721,3<br />

(bilhões US$)<br />

Portugal<br />

63,6% do<br />

PIB<br />

83,2% do<br />

PIB<br />

272,2<br />

(bilhões US$)<br />

497,8<br />

(bilhões US$)<br />

232,3<br />

(bilhões US$)<br />

247<br />

(bilhões US$)<br />

Reino<br />

Unido<br />

43,6% do<br />

PIB<br />

76,5% do<br />

PIB<br />

8.280<br />

(bilhões US$)<br />

8.981<br />

(bilhões US$)<br />

2.130<br />

(bilhões US$)<br />

2.173<br />

(bilhões US$)<br />

República<br />

Tcheca<br />

26% do<br />

PIB<br />

40% do<br />

PIB<br />

50,2<br />

(bilhões US$)<br />

86,79<br />

(bilhões US$)<br />

251<br />

(bilhões US$)<br />

261,3<br />

(bilhões US$)<br />

Romênia<br />

13% do<br />

PIB<br />

34,8% do<br />

PIB<br />

42,76<br />

(bilhões US$)<br />

108,9<br />

(bilhões US$)<br />

247,1<br />

(bilhões US$)<br />

254,2<br />

(bilhões US$)<br />

Suécia<br />

41,7% do<br />

PIB<br />

40,8% do<br />

PIB<br />

598,2<br />

(bilhões US$)<br />

853,3<br />

(bilhões US$)<br />

338,5<br />

(bilhões US$)<br />

354,7<br />

(bilhões US$)<br />

1,4% 10,3% 8,8% 4,5% 3,5% 6,6% 1,8% 3,1% 6,6% 6% 2,7%<br />

-5,1% -18% -14,8% -3,4% -3,9% 1,7% -2,6% -5% -4,1% -7,1% -5,1%<br />

1,3% -0,3% 1,3% 3,4% 1,7% 3,8% 1,4% 1,3% 2,3% -1,3% 5,5%<br />

US$<br />

30.900<br />

US$<br />

30.500<br />

US$<br />

17.700<br />

US$<br />

14.700<br />

US$<br />

16.800<br />

US$<br />

16.000<br />

US$<br />

79.400<br />

US$<br />

82.600<br />

US$<br />

39.000<br />

US$<br />

40.300<br />

US$<br />

16.200<br />

US$<br />

18.800<br />

US$<br />

21.800<br />

US$<br />

23.000<br />

US$<br />

35.000<br />

US$<br />

34.800<br />

US$<br />

24.500<br />

US$<br />

25.600<br />

US$<br />

11.100<br />

US$<br />

11.600<br />

Inflação 2007 1,8% 10,1% 5,7% 2,3% 1,6% 2,5% 2,4% 2,3% 2,9% 4,8% 2,2%<br />

Inflação 2010 1,4% -1,2% 0,9% 2,1% 1,1% 2,6% 1,1% 3,3% 1,5% 6% 1,4%<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2006<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2007<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2009<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2010<br />

Reservas em Moeda<br />

Estrangeira e Ouro 2011<br />

94,3<br />

(trilhões US$)<br />

132,8<br />

(trilhões US$)<br />

5,7<br />

(trilhões US$)<br />

7,1<br />

(trilhões US$)<br />

7,7<br />

(trilhões US$)<br />

6,4<br />

(trilhões US$)<br />

205,5<br />

(bilhões US$)<br />

810<br />

(bilhões US$)<br />

26, 9<br />

(trilhões US$)<br />

39,6<br />

(trilhões US$)<br />

65,7<br />

(trilhões US$)<br />

99,7<br />

(trilhões US$)<br />

11,5<br />

(trilhões US$)<br />

16<br />

(trilhões US$)<br />

57,3<br />

(trilhões US$)<br />

66,7<br />

(trilhões US$)<br />

34,5<br />

(trilhões US$)<br />

42,3<br />

(trilhões US$)<br />

39,9<br />

(trilhões US$)<br />

50,5<br />

(trilhões US$)<br />

US$<br />

35.500<br />

US$<br />

39.100<br />

31<br />

(trilhões US$)<br />

47,2<br />

(trilhões US$)<br />

59


Ponderações<br />

Atualmente, o escopo dos países integrados à União Europeia<br />

é encontrar uma solução para o grave problema deficitário<br />

da maioria das nações associadas ao bloco. Quando<br />

a “bolha” imobiliária veio à tona em 2008 nos Estados<br />

Unidos, a maioria dos economistas provavelmente previu<br />

que a crise se espalharia rapidamente pelo mundo devido<br />

à interdependência, que tende a cada vez ser mais forte,<br />

entre os países em aspectos macroeconômicos. Logo as<br />

prospectivas não muito otimistas, a estagnação e até o<br />

retrocesso econômico da superpotência norte-americana<br />

atingiram diretamente aqueles que são um dos seus principais<br />

parceiros comercias, a zona do euro por inteiro.<br />

Esse momento de incerteza e de medo quanto ao crescimento<br />

econômico mundial (sobretudo das grandes<br />

potências) referente à próxima década vem se arrastando<br />

há mais de três anos com ápices de maior ou<br />

menor estabilidade. Em especial no segundo semestre<br />

de 2011, a situação na Europa se tornou mais inquieta,<br />

período em que praticamente semanalmente as autoridades<br />

governamentais se reuniam na busca de um<br />

acordo unânime.<br />

O impasse dos governantes em chegar a um acordo definitivo<br />

vai além das diferenças culturais e econômicas<br />

de cada país, apesar de medidas efetivas demandarem<br />

urgência, corte de gastos, empréstimos ou anistia das<br />

dívidas nem sempre são sinônimos de solução, ainda<br />

mais quando se pensa em longo prazo. Outro aspecto<br />

substancial a ser pensando pelos senhores delegados<br />

é a harmonia que deve existir entre medidas econômicas<br />

e o contexto social, ou seja, como harmonizar, ter<br />

a qualidade de vida sacrificada em função dos ajustes<br />

econômicos necessários.<br />

Os delegados do Conselho Europeu devem se lembrar<br />

que a unanimidade é um aspecto fundamental a ser<br />

levado em conta, pois, como representantes de apenas<br />

um país, deverão elaborar propostas eficientes que beneficiem<br />

todos e assim possam ser aprovadas em um<br />

futuro próximo.<br />

O desafio será justamente conciliar as políticas específicas<br />

de cada governo e chegar a um consenso favorável<br />

para os vinte e cinco membros presentes na reunião. É<br />

vantajoso que haja reflexões mais profundas nos dias<br />

de reunião do Conselho Europeu para a sugestão e<br />

60<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

elaboração de tratados originais, que não tenham sido<br />

sugeridos anteriormente.<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

O Documento de Posição Oficial, como o próprio nome<br />

diz, apresenta a política externa do país representado<br />

de acordo com o tema debatido no Comitê.<br />

No Conselho Europeu, o DPO deve conter: situação do<br />

país em relação à crise econômica, medidas tomadas<br />

(medidas de austeridade, empréstimos etc.), situação<br />

política do país (eleições, satisfação da população),<br />

prazo para atingir as metas propostas pela União Europeia<br />

(3% de déficit orçamentário, por exemplo), propostas<br />

para a solução da crise como um bloco.<br />

Palgrave mini (Dicionário de termos econômicos) 13<br />

AJUSTE ESTRUTURAL<br />

Conjunto de medidas econômicas, financeiras e políticas<br />

necessárias para a superação de crise de causas estruturais.<br />

Na maioria das vezes, essas crises têm origem<br />

em longos períodos em que o país, ou o governo, vive<br />

além de seus meios, e são caracterizadas pelo alto endividamento,<br />

problemas no balanço de pagamentos e<br />

possibilidade de insolvência.<br />

As medidas de ajuste estrutural passaram a ser requeridas<br />

pelas agências financeiras multilaterais, principalmente<br />

FMI e Banco Mundial, principalmente a partir dos<br />

anos 1980, com o estouro das crises de dívida nos países<br />

em desenvolvimento. Para conseguir os empréstimos<br />

necessários, aqueles países tiveram que adotar uma série<br />

de reformas em sua estrutura econômica, a fim de capacitá-la<br />

a retornar à normalidade no médio prazo. Geralmente,<br />

essas reformas incluíam o corte de despesas<br />

governamentais, para reduzir desequilíbrios nas contas<br />

públicas, expansão do setor exportador, para recuperar<br />

o superávit na balança comercial, e a privatização de<br />

empresas antes nas mãos do setor público, com o fim<br />

aumentar a eficiência produtiva e cortar custos.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

AJUSTE FISCAL<br />

O ajuste fiscal é o conjunto de medidas para recuperar<br />

o equilíbrio das contas públicas, geralmente necessário<br />

após um longo período de déficits fiscais crônicos,<br />

como medida de combate à inflação ou quando a dívida<br />

pública atinge patamares insustentáveis. Envolve<br />

o aumento dos recursos líquidos em mãos do governo,<br />

por meio da redução em suas despesas, ou de um aumento<br />

dos impostos sobre os rendimentos nacionais,<br />

ou ambos. O ajuste fiscal é frequentemente considerado<br />

uma medida de austeridade, pois pode provocar ou<br />

agravar uma recessão.<br />

AUSTERIDA<strong>DE</strong><br />

Em economia, austeridade significa a redução dos gastos<br />

do governo e/ou o aumento dos impostos a fim<br />

de saldar dívidas para com credores internos ou externos.<br />

Medidas de austeridade são requeridas, em geral,<br />

quando o déficit fiscal de um governo é tido como<br />

insustentável. No entanto, pode se referir a medidas<br />

necessárias para lidar com uma crise estrutural no balanço<br />

de pagamentos também.<br />

As medidas de austeridade exigidas nas condições dos<br />

acordos com o FMI e o Banco Mundial são a principal<br />

razão pela qual as instituições são frequentemente alvo<br />

de fortes críticas. Afinal, as consequências negativas das<br />

medidas de austeridade impactam a sociedade como<br />

um todo: trazem aumento do desemprego, redução de<br />

salários e benefícios, corte de gastos em determinados<br />

serviços governamentais, entre outras. Portanto, são<br />

medidas impopulares que enfrentam grande resistência<br />

política, pois geralmente acabam provocando a inquietação<br />

social, como greves, protestos, bloqueios etc.<br />

BAILOUT<br />

Bailout é uma palavra inglesa (de bail: fiança, garantia)<br />

que, em economia e finanças, significa uma injeção de<br />

capital feita em uma empresa, banco ou mesmo um<br />

governo falido ou próximo da falência, a fim de que<br />

este possa honrar seus compromissos de curto prazo.<br />

Em geral, os bailouts são dados por governos centrais,<br />

instituições financeiras ou por consórcios de investidores<br />

que, em troca da injeção de fundos, assumem o<br />

controle da entidade.<br />

Os bailouts dados pelo governo são geralmente reservados<br />

para os casos em que a empresa é considerada<br />

“grande demais para quebrar” — política justificada<br />

pelo argumento de que a falência de determinadas<br />

empresas prejudicaria outros setores da economia por<br />

meio do contágio. Por outro lado, o termo pode significar<br />

a injeção de fundos do FMI ou outros emprestadores<br />

internacionais a governos endividados para salvá-los da<br />

insolvência. Porém, nesse caso, não existe a possibilidade<br />

de o Fundo assumir o controle de um governo soberano,<br />

embora possa pressioná-lo a adotar as medidas<br />

necessárias de ajuste por meio de condicionalidades.<br />

BALANçO <strong>DE</strong> PAGAMENTOS<br />

Registro contábil de todas as transações econômicas – comerciais<br />

ou financeiras – entre um país e o resto do mundo<br />

durante um determinado intervalo de tempo, geralmente<br />

de um ano, transações essas valoradas em termos<br />

de moeda de curso internacional, usualmente dólares<br />

norte-americanos. Ele é dividido em duas contas principais:<br />

transações correntes e conta capital e financeira.<br />

Em geral, é desejável que uma economia cresça com<br />

equilíbrio de longo prazo no balanço de pagamentos.<br />

No caso de superávit, o país está armazenando reservas<br />

internacionais, as quais podem ser consideradas<br />

ineficientes quando acumuladas em excesso (pois o<br />

país poderia encontrar melhor uso para os recursos).<br />

No caso de déficit, o país deve consumir reservas internacionais,<br />

conseguir financiamento no exterior ou desvalorizar<br />

sua moeda. Portanto, déficits prolongados no<br />

balanço de pagamentos são insustentáveis.<br />

BANCO CENTRAL<br />

Instituição financeira de caráter público com funções<br />

e prerrogativas específicas, sendo responsável por supervisionar<br />

e controlar as atividades do sistema bancário<br />

nacional, regular o crédito e a quantidade de<br />

moeda, tendo o monopólio de sua emissão e de exe-<br />

61


cutar a política financeira de um governo, funcionando<br />

como a autoridade monetária de um país. Além disso,<br />

é chamado de “banco dos bancos” ou “emprestador de<br />

última instância”, pois fornece o dinheiro necessário<br />

para os bancos comerciais e para o próprio governo,<br />

evitando crises de liquidez e crises no sistema financeiro<br />

como um todo.<br />

Quando o banco central é independente, como é o<br />

caso da maioria das economias hoje em dia, ele é responsável<br />

pela condução da política monetária com o<br />

objetivo principal de manter a estabilidade da moeda<br />

(controlar a inflação). Além disso, os bancos centrais<br />

são, em geral, responsáveis pelas operações cambiais<br />

(compra e venda de moeda estrangeira para o público)<br />

e pela manutenção das reservas internacionais.<br />

CHOQUES EXTERNOS<br />

Alterações bruscas nas condições econômicas internacionais,<br />

as quais têm impacto sobre os mercados internos<br />

por diversos canais. Entre eles, podemos citar a interrupção<br />

dos fluxos financeiros externos, a queda da demanda<br />

por produtos de exportação ou o aumento dos custos<br />

de produtos importados que ficaram mais caros.<br />

Os choques podem ser causados, principalmente, por<br />

fenômenos da natureza, descobertas tecnológicas ou<br />

mudanças políticas. Cada país individualmente enxerga<br />

um acontecimento com consequências econômicas negativas<br />

como um choque externo; porém, de um ponto<br />

de vista sistêmico, os choques podem se propagar direta<br />

e indiretamente por várias nações por meio do contágio.<br />

CICLOS ECONôMICOS<br />

É o nome dado pelos economistas às oscilações de curto<br />

prazo no produto interno bruto (PIB) e no emprego.<br />

Basicamente, um país possui uma taxa de crescimento<br />

do PIB e uma taxa de desemprego anual. Quando<br />

observadas ao longo de muitos anos, é possível verificar<br />

uma tendência para a evolução de tais variáveis,<br />

uma média que elas assumem ao longo da história. Por<br />

exemplo, a tendência da taxa de crescimento do PIB da<br />

economia norte-americana é de 2% ao ano.<br />

62<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

A oscilação que é verificada ano a ano, como, por<br />

exemplo, quanto o país cresceu em 1999 e depois em<br />

2000, faz parte do ciclo, pois está no curto prazo. Também<br />

podem existir oscilações bruscas, como aquelas<br />

causadas por crises que geram grandes recessões ou<br />

“milagres de crescimento” gerados por motivos diversos,<br />

como esforços de guerra, por exemplo.<br />

CONDICIONALIDA<strong>DE</strong>S<br />

“O financiamento obtido junto às instituições financeiras<br />

internacionais tem um caráter diferente daquele<br />

feito em instituições privadas, (...) uma vez que aquelas<br />

têm por objetivo assegurar o bom funcionamento<br />

do sistema financeiro internacional (no caso do Fundo<br />

Monetário) e a luta contra a pobreza e promoção do desenvolvimento<br />

(no caso do Banco Mundial). Com o fim<br />

de alcançar tais objetivos, essas instituições exigem dos<br />

países membros a adoção de medidas específicas. As<br />

cláusulas dos acordos do FMI e do Banco Mundial que<br />

impõem esse tipo de contrapartida são comumente conhecidas<br />

por condicionalidades. Contudo, não se pode<br />

descartar o caráter veementemente político dessas organizações<br />

e os meios de que elas se utilizam para alcançar<br />

seus objetivos.” (Andrade et al, 2010)<br />

É a vinculação explícita do desembolso de fundos para<br />

empréstimo à adoção de medidas específicas pelo recipiente<br />

ou o alcance de metas preestabelecidas. Não<br />

se restringe às instituições financeiras internacionais.<br />

CONSUMO<br />

Despesa das famílias e empresas, durante determinado<br />

período de tempo, em bens (duráveis ou não duravéis)<br />

e serviços (itens intangíveis), excluindo-se a compra<br />

de imóveis residenciais novos, os quais se enquadram<br />

na categoria investimento. É importante diferenciar o<br />

consumo da poupança, a qual é justamente a parcela<br />

dos rendimentos que não é consumida no presente, de<br />

modo a permitir um consumo maior no futuro.<br />

Embora a poupança seja importante, o consumo é a<br />

principal força que puxa a atividade econômica. Quando<br />

ocorre uma desaceleração no consumo, devido a,


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

por exemplo, incerteza dos consumidores quanto ao<br />

futuro, a economia inteira pode entrar em recessão,<br />

pois as empresas não conseguem vender seus produtos.<br />

Por outro lado, quando o consumo está muito<br />

aquecido, pode haver o aumento das pressões inflacionárias.<br />

Portanto, o consumo é uma das principais variáveis<br />

por trás do ciclo econômico.<br />

CONTÁGIO<br />

O contágio, usualmente observado no contexto financeiro<br />

da economia, é como o próprio nome coloca, a<br />

transmissão dos sintomas observados de um indivíduo<br />

para outro; no caso, de um agente econômico, mercado,<br />

sistema ou país para outro. Em economia internacional,<br />

o termo refere-se à disseminação de problemas existentes<br />

em determinado sistema econômico para outras<br />

regiões e países. Formalmente, é a rápida transmissão<br />

de preços declinantes, da diminuição de liquidez ou do<br />

aumento de volatilidade de um mercado a outro.<br />

Uma espécie de contágio muito recorrente é o dos<br />

mercados interbancários. Bancos relacionam-se entre<br />

si por meio dos mercados específicos, garantindo um<br />

sistema financeiro saudável por meio da provisão de<br />

liquidez, crédito e da criação de moeda.<br />

No entanto, o contágio pode ocorrer quando problemas<br />

afetando um banco ou um grupo de bancos se espalham<br />

para outros bancos e até para outros sistemas<br />

bancário ao redor do globo. Muito disso foi evidenciado<br />

na recente crise do subprime, após a falência de bancos<br />

de investimento americanos como o Lehman Brothers.<br />

Outro exemplo relevante é o contágio da recessão em<br />

uma economia para as demais (especialmente se aquela<br />

for grande e importante, como a americana). Quando<br />

a atividade econômica entra em declínio em um país,<br />

seus parceiros comerciais imediatamente são afetados<br />

pela redução da demanda por produtos importados.<br />

Além disso, outros canais de contágio podem incluir a<br />

diminuição dos fluxos de capital, dos quais certos países<br />

dependem para dar continuidade ao desenvolvimento.<br />

CRESCIMENTO ECONôMICO<br />

Aumento da capacidade produtiva da economia e, portanto,<br />

da produção de bens e serviços. É medido principalmente<br />

pelo índice de crescimento anual do Produto<br />

Interno Bruto per capita. Ainda, pode ser indicado pelo<br />

índice de crescimento da força de trabalho, pela proporção<br />

da renda nacional poupada e investida e pelo<br />

grau de aperfeiçoamento tecnológico. O crescimento<br />

econômico está intimamente ligado à produtividade<br />

da economia de um país (relação entre a quantidade de<br />

bens e serviços produzidos e o esforço necessário para<br />

produzi-los, como o número de horas trabalhadas).<br />

O crescimento econômico é considerado a principal<br />

variável responsável pelo aumento do padrão de vida<br />

da população no longo prazo. Afinal, por maiores que<br />

sejam os esforços redistributivos e de combate à pobreza,<br />

a superação definitiva das necessidades humanas<br />

só será possível com o aumento da capacidade<br />

de produzir bens e serviços de uma economia. Não<br />

obstante, é importante notar que o conceito de crescimento<br />

é diferente do de desenvolvimento econômico.<br />

CRISE DO PETRóLEO<br />

A crise do petróleo teve início quando, em 1973, os países<br />

membros da Organização dos Países Exportadores<br />

de Petróleo (OPEP) decidiram impor um “embargo do<br />

petróleo” em resposta à decisão dos EUA de abastecer<br />

o exército israelense. O embargo consistiu na redução<br />

da produção e retenção dos estoques de petróleo,<br />

as quais levaram ao aumento dramático do preço da<br />

commodity. Como consequência, os países que dependiam<br />

da importação de petróleo para abastecimento<br />

energético e outros fins passaram a apresentar enormes<br />

déficits comerciais, sendo que alguns até precisaram<br />

contrair empréstimos internacionais para fechar o<br />

balanço de pagamentos.<br />

Além disso, o choque do petróleo desencadeou um<br />

processo inflacionário na maioria das economias, uma<br />

vez que os maiores custos do óleo se disseminavam<br />

por todas as cadeias produtivas.<br />

Embora o cartel internacional do petróleo tenha tentado<br />

um novo embargo em 1979, este já não surtiu o mes-<br />

63


mo efeito, já que a situação começou a se normalizar em<br />

meados daquela década. O motivo disso é que os maiores<br />

preços de petróleo viabilizaram a exploração do produto<br />

em maior escala e em poços mais profundos.<br />

Além disso, a ascensão do preço do barril forneceu incentivos<br />

para que países que não faziam parte da OPEP,<br />

mas que possuíam reservas petrolíferas, aumentassem<br />

sua produção.<br />

Por fim, a crise do petróleo está associada às origens da<br />

crise da dívida dos anos 1980, uma vez que o processo<br />

de reciclagem das receitas de exportação dos países<br />

da OPEP resultou em grandes empréstimos comerciais<br />

concedidos aos países em desenvolvimento a taxas de<br />

juros flutuantes.<br />

DÉFICIT PÚBLICO (OU FISCAL)<br />

Em uma situação de déficit, as despesas são maiores do<br />

que as receitas. Ou seja, sai mais dinheiro que entra. Quando<br />

esse desequilíbrio ocorre nas contas públicas, o governo<br />

gasta mais do que arrecada em impostos, dizemos que<br />

há um déficit fiscal (ou orçamentário). Ele pode ser déficit<br />

público primário (inclui todas as receitas e todas as despesas<br />

do governo, mas não os juros) e o nominal (inclui as<br />

despesas com juros das dívidas interna e externa do setor<br />

público). O déficit (ou superávit) fiscal é um fluxo, ou seja,<br />

refere-se a um período de tempo (como um ano).<br />

O problema do déficit fiscal é que ele não é sustentável<br />

por um longo período de tempo. Afinal, o governo<br />

precisa pegar emprestado de algum lugar para cobrir<br />

o excesso de despesas. Isto é, a dívida pública aumenta<br />

no montante do déficit a cada período, fora os juros.<br />

Além disso, o excesso de gastos impulsiona a demanda,<br />

podendo acelerar a inflação. Apesar de os déficits<br />

serem úteis em algumas circunstâncias (como no combate<br />

à recessão), o ideal para um crescimento econômico<br />

sustentado é o equilíbrio fiscal.<br />

<strong>DE</strong>SENVOLVIMENTO ECONôMICO<br />

Conceito mais amplo do que o de crescimento econômico,<br />

pois leva em conta a elevação da qualidade<br />

64<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

de vida da população, a redução das desigualdades<br />

econômicas e sociais e alterações fundamentais na estrutura<br />

econômica do país considerado. Sua medida<br />

engloba variáveis como: índice de mortalidade infantil,<br />

expectativa de vida média, nível de industrialização,<br />

potencial científico e tecnológico, grau de alfabetização<br />

e condições sanitárias.<br />

Termo de difícil definição. Existe grande debate entre os<br />

economistas acerca de seu real significado, muito em<br />

parte provocado pela confusão feita entre desenvolvimento<br />

e crescimento econômico. Sem muita controvérsia,<br />

aceita-se que o aumento da renda, do bem-estar e das<br />

capacidades econômicas das pessoas constitui uma boa<br />

definição de desenvolvimento. Enquanto o crescimento<br />

envolve basicamente o aumento da renda, ou melhor, o<br />

aumento do PIB per capita de um país, desenvolvimento<br />

é algo mais amplo, englobando diversos aspectos que<br />

não só o enriquecimento por assim dizer, mas também<br />

qualidade de vida, equidade e plena capacidade.<br />

Além disso, é importante notar que os dois conceitos<br />

estão intrinsecamente relacionados: é necessário haver<br />

crescimento para garantir-se um pleno desenvolvimento.<br />

Porém, em particular, o desenvolvimento também está<br />

associado com a erradicação da pobreza e da subnutrição.<br />

Verificamos o desenvolvimento com um aumento na<br />

expectativa de vida, acesso a saneamento básico, água<br />

potável e saúde, redução da mortalidade infantil, aumento<br />

da escolaridade e erradicação do analfabetismo. Tais<br />

características também já nos fornecem imediatamente<br />

pistas de como medir um grau de desenvolvimento de<br />

um país de forma simples, como faz o IDH, por exemplo.<br />

DÍVIDA PÚBLICA<br />

Ao incorrer em déficit orçamentário, o governo acaba<br />

contraindo uma dívida com entidades e indivíduos da<br />

sociedade a fim de financiar a parte de seus gastos que<br />

não é coberta com a arrecadação de impostos. A dívida<br />

pública se subdivide em interna e externa, conforme<br />

esteja denominada em moeda nacional ou estrangeira<br />

(outras definições levam em conta a nacionalidade<br />

dos credores). O governo tem três formas de financiar<br />

seus gastos: arrecadando impostos, emitindo moeda<br />

ou vendendo títulos da dívida pública com promessa<br />

de resgate futuro acrescido de juros.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

A dívida pública é uma variável de estoque, ou seja, sua<br />

medida refere-se a um ponto específico no tempo.<br />

EMPREGO<br />

Em sentido amplo, é o uso dos fatores de produção<br />

(terra, capital e trabalho) por uma empresa ou economia.<br />

Estritamente, é a função, o cargo ou a ocupação<br />

remunerada exercida por uma pessoa.<br />

Para fins estatísticos, a taxa de desemprego é medida<br />

como a razão entre todos os indivíduos que tentaram<br />

conseguir emprego (geralmente no último mês), mas<br />

não conseguiram, e o total da força de trabalho (pessoas<br />

em condições de trabalhar, empregadas ou procurando<br />

emprego). Em outras palavras, as pessoas que não querem<br />

conseguir emprego não são consideradas desempregadas,<br />

mas sim pessoas fora da força de trabalho.<br />

ESTAGFLAçãO<br />

Situação econômica caracterizada pela existência simultânea<br />

de estagnação ou recessão e inflação persistente;<br />

período em que a produção nacional diminui e os preços<br />

aumentam. Esse fenômeno contraria a teoria clássica, segundo<br />

a qual a inflação tenderia a declinar com o aumento<br />

do desemprego e vice-versa. Ou seja, a tendência é a<br />

de que ocorra inflação em uma economia mais aquecida.<br />

Como a teoria convencional dos ciclos falha em explicar<br />

a estagflação, os economistas geralmente associam o fenômeno<br />

a causas estruturais, como baixa eficiência produtiva,<br />

mercados excessivamente burocratizados e pouca<br />

liberdade econômica.<br />

Nessa circunstância, o aumento dos gastos públicos tende<br />

a piorar a situação, conforme a inflação aumenta ainda<br />

mais e a economia não deslancha.<br />

ESTAGNAçãO<br />

Situação em que o produto nacional (ou produto per<br />

capita) não apresenta uma taxa de crescimento à al-<br />

tura do potencial econômico do país. Pode ser gerada<br />

por uma demanda global deficiente ou por problemas<br />

estruturais. Normalmente, uma economia estagnada<br />

apresenta índices de crescimento do PIB iguais à taxa<br />

de crescimento da população ou mesmo inferiores.<br />

EXTERNALIDA<strong>DE</strong>S<br />

Também chamadas de economias (ou deseconomias)<br />

externas, as externalidades ocorrem em uma situação<br />

em que as ações de uma ou mais pessoas envolvidas<br />

em uma transação têm impacto sobre pessoas que<br />

não participam da transação. As externalidades podem<br />

ser negativas, quando os custos sociais (custos<br />

de terceiros) incorridos são maiores do que os custos<br />

privados (das pessoas envolvidas na transação). Já as<br />

externalidades positivas significam que os benefícios<br />

sociais são maiores do que os benefícios privados. Um<br />

exemplo de externalidade negativa é a poluição de um<br />

rio por uma empresa, pois essa empresa tem um custo<br />

privado muito menor do que aquele incorrido pelo<br />

resto da comunidade, a qual é prejudicada pelas consequências<br />

da poluição.<br />

FLUXOS E ESTOQUES<br />

São dois tipos diferentes de variáveis em economia. O<br />

exemplo clássico para estabelecer a distinção entre os<br />

conceitos de fluxo e estoque é o de uma banheira. Imagine<br />

a figura de uma banheira com torneira ligada, mas<br />

que já possui certa quantidade de água em seu interior.<br />

A água saindo da torneira e se juntando àquela já presente<br />

na banheira é um fluxo. Já aquela água contida<br />

no recipiente, cuja quantidade é constantemente alterada<br />

pelo fluxo, é um estoque. Fisicamente, verificamos<br />

que um estoque é uma quantidade mensurada em um<br />

ponto do tempo, enquanto um fluxo é uma quantidade<br />

mensurada por unidade de tempo.<br />

Por exemplo, sabemos que o patrimônio de uma empresa<br />

representa um estoque; já seus rendimentos e<br />

despesas, fluxos. O número de pessoas desempregadas<br />

em determinada data é um estoque; já o número de<br />

pessoas que estão sendo contratadas ou demitidas em<br />

um período é um fluxo. O PIB é a variável de fluxo mais<br />

65


importante da economia. Sua variável relacionada é o<br />

estoque de riqueza de uma nação. A quantidade de capital<br />

físico (máquinas, equipamentos) de uma economia<br />

é um estoque, mas o investimento (gastos com novos<br />

bens de capital) é um fluxo e assim por diante.<br />

FUNDOS <strong>DE</strong> HEDGE<br />

Tipo de instituição de investimento aberta a um número<br />

limitado de investidores, que realiza uma ampla gama<br />

de operações financeiras de curto e longo prazo, especialmente<br />

nos mercados internacionais. Cada fundo de<br />

hedge tem sua própria estratégia de investimento; porém,<br />

esses fundos em geral investem em ações, commodities<br />

e títulos de dívida de governos estrangeiros.<br />

O termo está relacionado ao conceito de hedging, em<br />

finanças, o qual significa minimizar a exposição de um<br />

portfólio ao risco, como o de flutuações abruptas nos<br />

preços ou nas taxas de câmbio.<br />

Historicamente, os fundos de hedge foram em parte<br />

responsabilizados por diversas crises cambiais e financeiras<br />

em países em desenvolvimento, especialmente<br />

aquelas caracterizadas pela fuga de capitais (como a<br />

crise asiática). A principal razão para tal é a complexidade<br />

dos instrumentos e operações financeiras desses<br />

fundos, as quais são pouco compreendidas e mal reguladas<br />

em países de liberalização financeira recente.<br />

FUGA <strong>DE</strong> CAPITAIS<br />

Grande e repentina redução na demanda por ativos<br />

denominados em moeda local, a qual faz com que<br />

os preços despenquem e, em consequência, os investimentos<br />

naqueles ativos percam valor. A fuga de<br />

capitais pode ser causada pela expectativa de desvalorização<br />

futura da moeda local, ainda que seja uma<br />

crença infundada.<br />

Geralmente, é uma decorrência do aumento da percepção<br />

de risco dos investidores estrangeiros, a qual pode<br />

ser desencadeada por mudanças súbitas em políticas<br />

governamentais ou pela falta de transparência, por<br />

exemplo. A fuga de capitais é caracterizada pela compra<br />

66<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

em massa de moeda estrangeira por investidores ávidos<br />

por retirar seus recursos do país. Tal comportamento<br />

provoca ou antecipa a desvalorização cambial temida,<br />

podendo constituir uma profecia autorrealizável.<br />

INFLAçãO<br />

Aumento contínuo e generalizado no nível de preços,<br />

o qual acaba por ocasionar perdas de poder aquisitivo<br />

por parte da população do país onde ocorre. Suas<br />

causas são diversas, podendo estar associadas a fatores<br />

estruturais (inflação de custos), monetários (inflação<br />

de demanda) ou a uma combinação de fatores.<br />

Esse processo de elevação de preços pode adquirir<br />

autonomia, como num ciclo vicioso, levando a uma<br />

espiral inflacionária (inflação inercial). A inflação afeta<br />

os agentes econômicos na medida em que atrapalha<br />

seus julgamentos quanto às informações e à previsibilidade<br />

do mercado. Além disso, modifica a estrutura<br />

distributiva dentro de uma sociedade, pois aqueles<br />

mais dependentes de rendas fixas (geralmente os de<br />

classes mais baixas) são mais afetados do que aqueles<br />

que têm outras fontes de renda e podem se adaptar<br />

mais facilmente ao novo nível de preços.<br />

INSTITUIçõES FINANCEIRAS INTERNACIONAIS<br />

São instituições estabelecidas por mais de um país e<br />

que, portanto, são submetidas ao direito internacional.<br />

Seus proprietários ou acionistas são, em geral, os governos<br />

nacionais dos países-membros.<br />

As instituições financeiras internacionais mais conhecidas<br />

foram estabelecidas após a Segunda Guerra<br />

Mundial para assistir na reconstrução europeia, prover<br />

mecanismos de cooperação econômica e gerenciar o<br />

sistema financeiro internacional. São as instituições de<br />

Bretton Woods: o FMI, o BIRD, a CFI e outros membros<br />

do Grupo Banco Mundial. Outro exemplo são os bancos<br />

regionais de desenvolvimento. Entre eeles, podemos<br />

citar o Banco Interamericano de Desenvolvimento<br />

(BID), o Banco de Desenvolvimento Asiático e o BN<strong>DE</strong>S,<br />

o qual, embora seja de propriedade do governo brasileiro,<br />

também realiza empréstimos e subvenções para<br />

outras nações.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

INVESTIMENTO<br />

“Aplicação de recursos (dinheiro ou títulos) em empreendimentos<br />

que renderão juros ou lucros, geralmente<br />

no longo prazo. Num sentido amplo, o termo aplica-<br />

-se tanto à compra de máquinas, equipamentos e imóveis<br />

para a instalação de unidades produtivas como à<br />

compra de títulos financeiros (letras de câmbio, ações<br />

etc.). Nesses termos, investimento é toda aplicação de<br />

dinheiro com expectativa de lucro. Em sentido estrito,<br />

em economia, investimento significa a aplicação<br />

de capital em meios que levam ao crescimento da<br />

capacidade produtiva (instalações, máquinas, meios<br />

de transporte), ou seja, em bens de capital. Por isso,<br />

considera-se também investimento a aplicação de recursos<br />

do Estado em obras muitas vezes não lucrativas,<br />

mas essenciais por integrarem a infraestrutura da economia<br />

(saneamento básico, rodovias, comunicações).<br />

(...) Geralmente cada país define o que considera investimento<br />

de uma forma específica e que corresponda<br />

melhor às suas necessidades econômicas.” 14<br />

INVESTIMENTO EXTERNO DIRETO<br />

O investimento externo direto (IED) é aquele investimento<br />

feito por parte de uma empresa matriz, que envia<br />

o dinheiro a sua filial no exterior (ambas formam, juntas,<br />

uma empresa multinacional). Para que seja considerado<br />

IED, esse investimento deve vir de uma empresa matriz<br />

que possua pelo menos 10% do capital da empresa filial.<br />

Caso a propriedade seja de menos de 10%, trata-se de<br />

uma situação de investimento em portfólio.<br />

Os investimentos externos diretos são benéficos na<br />

medida em que aumentam o estoque de capital e elevam<br />

a capacidade produtiva da economia. Além disso,<br />

fluxos de IED (normalmente provocados pela entrada<br />

de empresas estrangeiras no país) geram externalidades<br />

positivas na economia, incentivando, por exemplo,<br />

empresas nacionais a atuar de forma complementar às<br />

multinacionais (fornecendo bens intermediários, matérias-primas<br />

e logística, por exemplo). A questão política<br />

aqui parece ser a resistência de diferentes segmentos da<br />

classe política ao aumento da internacionalização ou do<br />

grau de interdependência da economia nacional. Outro<br />

ponto politicamente sensível dessa questão é que<br />

as empresas estrangeiras aumentarão a concorrência<br />

no mercado doméstico e também competirão com as<br />

empresas já estabelecidas (a) pela compra de ativos de<br />

empresas estatais, (b) pela oferta de crédito local subsidiado<br />

(por bancos de desenvolvimento, por exemplo) e<br />

(c) por trabalhadores qualificados, dentre outros.<br />

LIQUI<strong>DE</strong>Z<br />

“Disponibilidade em moeda corrente, meios de pagamento,<br />

ou posse de títulos, ou valores conversíveis rapidamente<br />

em dinheiro. Dependendo do tipo de aplicação<br />

financeira, a liquidez pode ser maior ou menor,<br />

sendo inversamente proporcional aos prazos em que<br />

as aplicações financeiras forem feitas: por exemplo,<br />

aplicações de longo prazo têm menor liquidez do que<br />

aplicações de curto prazo. A liquidez absoluta, no entanto,<br />

só é possuída pelo papel-moeda e pela moeda<br />

metálica numa economia. Entre títulos ou aplicações<br />

com o mesmo prazo de vencimento, terão maior liquidez<br />

aqueles títulos que possam ser vendidos mais facilmente<br />

no mercado. (...) Para uma empresa, a liquidez<br />

é representada pelo disponível (dinheiro em caixa mais<br />

títulos de mercado) e pelo realizável em curto prazo<br />

(mercadorias vendidas a prazos inferiores a seis meses,<br />

duplicatas e promissórias).” (SANDRONI, 1999)<br />

MERCADO FINANCEIRO<br />

Trata-se de um mecanismo por meio do qual as pessoas<br />

compram e vendem ativos financeiros, como ações,<br />

títulos de dívida, commodities e moeda estrangeira. Em<br />

geral, a existência de mercados financeiros organizados<br />

– por meio de bolsas de valores, instituições financeiras,<br />

agências reguladoras etc. – serve para reduzir os custos<br />

de transação e aumentar a liquidez das transações.<br />

O mercado financeiro pode ser subdividido em: mercado<br />

de capitais, com o objetivo de levantar capital<br />

para financiar novos investimentos (por meio da emissão<br />

de ações, por exemplo); mercado monetário, no<br />

qual os agentes econômicos obtêm liquidez para saldar<br />

suas transações no curto prazo; mercado de derivativos,<br />

onde os agentes transferem e diversificam<br />

risco; e o mercado de câmbio, no qual divisas estrangeiras<br />

são comercializadas.<br />

67


MONOPóLIO<br />

“Forma de organização de mercado, nas economias<br />

capitalistas, em que uma empresa domina a oferta de<br />

determinado produto ou serviço que não tem substituto.<br />

O monopólio puro é raro, sendo mais comum o<br />

oligopólio, no qual um pequeno grupo de empresas<br />

detém a oferta de produtos e serviços, ou a concorrência<br />

imperfeita, na qual uma ou mais características<br />

de monopólio estão sempre presentes. (...) Quando<br />

o mercado é dominado de forma monopolista, a entrada<br />

de outras empresas no setor é barrada pela impossibilidade<br />

de estas últimas conseguirem custos de<br />

produção competitivos (ou a colocação dos produtos<br />

junto ao público consumidor) com as empresas monopolizadoras.<br />

Estas, ao mesmo tempo, por sua condição,<br />

podem adotar práticas restritivas à concorrência,<br />

ficando livres para fixar preços que lhes propiciem<br />

maiores lucros (preços de monopólio). A legislação da<br />

maioria dos países proíbe o monopólio, com exceção<br />

daqueles exercidos pelo Estado — produtos estratégicos<br />

(como petróleo e energia elétrica) e serviços públicos<br />

(correios, telecomunicações) — e dos monopólios<br />

temporários garantidos pela posse de patentes e<br />

direitos autorais.<br />

Contudo, a tendência comum das empresas é exercer<br />

práticas monopolistas por meio de expedientes, como os<br />

“acordos de cavalheiros”, pools, cartéis, consórcios, trustes<br />

e outras formas de disfarçar o domínio do mercado.” 15<br />

OwNERSHIP<br />

O conceito de ownership diz respeito à identificação<br />

do governo nacional com as diretrizes de um programa<br />

de ajuste. Ou seja, ainda que o país jamais tivesse<br />

recorrido a um empréstimo internacional, as mesmas<br />

medidas teriam sido adotadas de forma soberana para<br />

solucionar os problemas econômicos. Em outras palavras,<br />

o país toma como suas as políticas e reformas<br />

inclusas nas condições do empréstimo, tornando estas<br />

últimas, na prática, redundantes. Porém, a ênfase<br />

do ownership não está em tornar as condicionalidades<br />

desnecessárias, e sim em aumentar as chances de sucesso<br />

do programa, por meio do alinhamento de seus<br />

objetivos às capacidades e interesses do país. Assim,<br />

iniciativas que internalizam o conteúdo das condicio-<br />

68<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

nalidades em critérios de pré-seleção dos países para o<br />

financiamento, por exemplo, não apenas aumentam o<br />

ownership, como também fornecem incentivos à adequação<br />

prévia da política macroeconômica, tão necessária<br />

para a estabilidade sistêmica.<br />

PERIGO MORAL<br />

Também conhecido pelo termo original em inglês, moral<br />

hazard, o conceito se refere a uma reação do agente<br />

em um tipo específico de problema do agente principal.<br />

O exemplo mais clarificante pode ser encontrado<br />

no mercado de seguros.<br />

Para começar, temos que uma informação crucial para<br />

o desenho do contrato não é observada pelo principal.<br />

No caso do seguro, não é possível saber se o contratante<br />

do serviço é uma pessoa cuidadosa com seus bens,<br />

digamos, com seu carro. Logo, a seguradora (o principal<br />

do problema) precisa montar um esquema que englobe<br />

todas as possibilidades de ação que o agente irá<br />

tomar, levando em conta sua informação imperfeita.<br />

O perigo moral é uma dessas possibilidades. Quando<br />

o agente, ou o dono do carro, paga pelo seguro contra<br />

roubo, ele pode deixar de trancar o seu veículo agora<br />

que sabe que, quando for roubado, terá o ressarcimento<br />

previsto pelo contrato de seguro. Logo, essa atitude<br />

possível é o que é chamado de perigo moral. Dependendo<br />

dos incentivos, o agente pode agir de forma<br />

“moralmente incorreta” do ponto de vista social e a seguradora<br />

tem que se precaver contra isso.<br />

Podemos generalizar esse conceito observado no<br />

exemplo do contrato de seguros para diversas situações<br />

que envolvem incentivos entre agentes econômicos.<br />

O caso da bancarrota (falência bancária) é também<br />

patológico. Caso o Estado sempre cubra a liquidez de<br />

bancos quando estes abrem falência devido a decisões<br />

irresponsáveis tomadas por seus administradores, os<br />

bancos terão incentivos para não se precaverem contra<br />

falências sabendo que sempre serão ajudados quando<br />

elas ocorrerem. Esse foi um dos principais argumentos<br />

contra o pacote de resgate aprovado pelo congresso<br />

americano na recente crise do subprime. Tente imaginar<br />

como o conceito de perigo moral pode ser aplicado<br />

à relação do FMI com os governos nacionais.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

PETRODóLARES<br />

O termo petrodólar popularizou-se na literatura econômica<br />

para representar as receitas comerciais de exportação<br />

de petróleo na década de 1970, quando o mundo<br />

observou uma disparada no preço da commodity. O termo<br />

pode também ser definido como os capitais obtidos<br />

pelos países exportadores de petróleo, qualquer que<br />

seja a sua fonte. Nos dias de hoje, os países exportadores<br />

também aceitam outras moedas consolidadas, como o<br />

euro, de modo que o termo caiu em desuso. É comum<br />

encontrá-lo em referências históricas, entretanto.<br />

PLANO <strong>DE</strong> ESTABILIZAçãO<br />

Para entender o que é um plano de estabilização, é necessário<br />

ter compreensão do que é uma economia estável.<br />

De forma resumida, entende-se por estabilidade<br />

econômica a pouca variação do PIB em sua tendência<br />

de curto prazo, ou seja, ciclos econômicos brandos e<br />

inflação controlada, ou ainda, a baixa volatilidade das<br />

variáveis macroeconômicas. Quando o observado é o<br />

exato oposto, temos apenas os sintomas de uma economia<br />

instável; todavia, as causas podem ser das mais<br />

diversas: crises cambiais, financeiras, descontrole de<br />

política monetária, crises de dívida pública etc.<br />

Um plano de estabilização, então, é executado quando<br />

as economias encontram-se instáveis. Ele deve procurar<br />

garantir o retorno da economia aos padrões históricos<br />

observados ou atenuar a instabilidade de forma a<br />

permitir que os mercados voltem a funcionar eficientemente<br />

e que a população não tenha seu bem-estar<br />

prejudicado. Tais planos usualmente atacam todas as<br />

frentes da economia de um país: sua base monetária,<br />

as políticas fiscais, regime cambial, sistema financeiro;<br />

afinal, todos eles se interconectam e se afetam mutuamente,<br />

principalmente em períodos de alta volatilidade<br />

e distorção de incentivos. Os economistas debatem<br />

também se existe, na realidade, tal instabilidade na<br />

economia de forma natural ou se ela é sempre causada<br />

por fatores exógenos, usualmente atribuídos a decisões<br />

errôneas tomadas pelo governo, ou se as instabilidades<br />

são parte natural da história das economias<br />

capitalistas. Além disso, é presente no debate se, dada<br />

a existência de instabilidade, deve haver ou não uma<br />

política deliberadamente desenhada para controlá-la e<br />

até que ponto ela possuirá sucesso real. A velha discussão<br />

da política passiva ou ativa.<br />

O Brasil possui uma longa história de planos de estabilização,<br />

pois enfrentou as mais diversas crises e surtos<br />

inflacionários ao longo do século XX. O Banco Central<br />

enumera-os: Plano Cruzado, Plano Bresser, Plano Verão,<br />

Plano Collor I, Plano Collor II, PAI, Plano Real e o<br />

Programa de Estabilidade Macroeconômica. Cada um<br />

desses planos naturalmente possui inúmeras características<br />

e motivações, no entanto, a existência dessa<br />

enorme quantidade nos mostra quão complicada é a<br />

tarefa de estabilização de uma economia.<br />

Além de tudo, a instabilidade macroeconômica é extremamente<br />

onerosa para a população e causa as mais<br />

diversas mazelas, como recessões e hiperinflação. Na<br />

tentativa de evitar catástrofes é que os economistas<br />

dedicam tanta atenção a como obter e manter a estabilidade<br />

e que medidas devem ser tomadas para prever<br />

e evitar grandes desvios.<br />

POLÍTICA FISCAL<br />

“Corresponde à ação do Estado quanto aos gastos<br />

públicos e à obtenção da receita pública. Sua área de<br />

ampliação acompanhou o crescimento do papel do Estado<br />

e do setor público na demanda efetiva de bens e<br />

serviços, uma vez que a atividade fiscal afeta o poder<br />

aquisitivo dos diferentes segmentos da economia e da<br />

sociedade, bem como os tipos de bens e serviços que<br />

serão produzidos e consumidos. As fontes principais<br />

de receita do Estado são: 1) impostos; 2) empréstimos;<br />

3) venda de bens, serviços e concessões; 4) emissão de<br />

dinheiro. Os efeitos decorrentes da utilização de cada<br />

um desses métodos são distintos. Afetam de maneira<br />

diversa os preços relativos, o consumo, o emprego e<br />

a distribuição de renda. Dentre os objetivos buscados<br />

pela política fiscal podem incluir-se: 1) sistema de preços<br />

adequados, tendo em vista que as atividades que<br />

se deseja estimular, bem como seu volume, são determinadas<br />

em grande parte pelos preços; 2) nível de<br />

consumo conveniente; 3) nível de emprego desejável;<br />

4) distribuição da renda, objetivo fundamental que<br />

relaciona de imediato a política fiscal e a questão do<br />

poder político na sociedade – seja porque a eficiência<br />

de uma economia está em grande parte determinada<br />

69


pela forma como é dividida a riqueza criada, seja porque<br />

afeta diretamente os preços, a quantidade de consumo<br />

e o volume e a estabilidade do emprego”. 16<br />

POLÍTICA MONETÁRIA<br />

“Conjunto de medidas adotadas pelo governo visando a<br />

adequar os meios de pagamento disponíveis às necessidades<br />

da economia do país. Essa adequação geralmente<br />

ocorre por meio de uma ação reguladora, exercida pelas<br />

autoridades sobre os recursos monetários existentes, de<br />

tal maneira que estes sejam plenamente utilizados e tenham<br />

um emprego tão eficiente quanto possível. Na<br />

maior parte dos países, o principal órgão executor da política<br />

monetária é o banco central, entidade do Estado ou<br />

dele dependente, encarregada da emissão de moeda, da<br />

regulação do crédito, da manutenção do padrão monetário<br />

e do controle de câmbio. De maneira geral, esse órgão<br />

põe ao alcance dos bancos os mesmos serviços que eles<br />

prestam a seus clientes. A política monetária pode recorrer<br />

a diversas técnicas de intervenção, controlando a taxa<br />

de juros, por meio da fixação das taxas de redesconto cobradas<br />

dos títulos apresentados pelos bancos, regulando<br />

as operações de open market ou impondo aos bancos o<br />

sistema de reservas obrigatórias (depósitos compulsórios)<br />

para garantir a liquidez do sistema bancário. Em relação ao<br />

crédito, podem ser adotadas medidas restritivas ou práticas<br />

seletivas. As primeiras geralmente ocorrem em períodos<br />

de elevada inflação ou crise no balanço de pagamentos<br />

e consistem na fixação dos limites de crédito bancário<br />

e na redução dos prazos de pagamento dos empréstimos.<br />

As práticas seletivas, por sua vez, visam sobretudo a direcionar<br />

o crédito para as atividades mais rentáveis e produtivas<br />

da economia. No Brasil e em outros países, a política<br />

monetária constitui atualmente um instrumento de combate<br />

aos surtos inflacionários. Sua maior eficácia em relação<br />

às outras políticas econômicas se deve à flexibilidade<br />

com que pode ser aplicada e ao conjunto de medidas práticas<br />

que põe ao alcance das autoridades, desobrigando-<br />

-as de submeter suas decisões ao legislativo.” 17<br />

70<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

PROBLEMA <strong>DE</strong> AçãO COLETIVA<br />

O problema de ação coletiva descreve uma situação<br />

em que todos os membros de um grupo têm a opção<br />

de escolher entre determinadas alternativas e, se os<br />

envolvidos escolhem agir pensando apenas em seus<br />

próprios interesses, o resultado é pior para todos os envolvidos.<br />

Essa situação decorre do fato de que os membros<br />

de um grupo não querem arcar com os custos de<br />

um benefício do qual não podem ser excluídos. A tendência<br />

à “deserção” (não participação na provisão do<br />

benefício) é tanto maior quanto maiores forem os custos<br />

envolvidos. Situações como essa frequentemente<br />

surgem na provisão de bens públicos, que, em função<br />

da sua natureza, atraem a figura dos caronas, os quais<br />

usufruem o bem sem contribuir para sua produção<br />

ou conservação. O problema da ação coletiva emerge<br />

porque, se todos possuem incentivos para atuar como<br />

caronas e efetivamente resolvem agir como tal, não<br />

haverá provisão do bem em questão, mesmo que ela<br />

beneficie os membros do grupo como um todo.<br />

PROBLEMA DO AGENTE-PRINCIPAL<br />

Forma de modelar matematicamente uma situação<br />

que envolve um desalinhamento de incentivos. Conta<br />

com dois agentes econômicos: o primeiro é chamado<br />

principal e quer induzir o outro, o agente, a realizar determinada<br />

ação em seu lugar. Tal ação é custosa para<br />

o agente, no sentido de possuir um custo de oportunidade.<br />

O problema do principal é construir sistema<br />

de incentivos ou pagamentos que induza o agente a<br />

tomar a melhor ação possível, do seu ponto de vista.<br />

O exemplo mais simples é o famoso exemplo do gerente<br />

e seu empregado, no qual o gerente quer que<br />

seu trabalhador seja o mais produtivo possível, e o<br />

empregado, racionalmente, faz uma escolha que traz<br />

maior benefício para si de acordo com o que ele recebe<br />

como pagamento. Se o empregado for minimizador<br />

de esforços, o gerente terá de formular um sistema em<br />

que o trabalhador seja pago de acordo com sua produtividade,<br />

para que este seja incentivado a dar o máximo<br />

de si. O problema se complica ainda mais quando<br />

inserimos a possibilidade de informação assimétrica.<br />

Por exemplo, quando o nível de produtividade não é<br />

observável pelo gerente, mas o é pelo empregado.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB)<br />

“Em sentido amplo, produto é o conjunto de todos os bens<br />

e serviços resultantes da atividade produtiva de um indivíduo,<br />

empresa ou nação.” 18 “Produto interno bruto (PIB)<br />

é o valor de mercado de todos os bens e serviços finais<br />

produzidos em um país em um dado período de tempo.”<br />

RECESSãO<br />

“Conjuntura de declínio da atividade econômica, caracterizada<br />

por queda da produção, aumento do desemprego,<br />

diminuição das taxas de lucro e crescimento dos<br />

índices de falências e concordatas. Essa situação pode<br />

ser superada num período breve ou pode estender-se de<br />

forma prolongada, configurando então uma depressão<br />

ou crise econômica. O fenômeno da recessão está ligado<br />

ao processo de desenvolvimento dos ciclos econômicos,<br />

próprios da economia de mercado ou capitalista.” 19<br />

RECICLAGEM<br />

Termo cujo uso popularizou-se na década de 1980 para<br />

explicar os mecanismos que levaram à crise da dívida<br />

externa. Refere-se ao processo de alocação de recursos<br />

poupados por meio do sistema financeiro. Comumente,<br />

a reciclagem está relacionada ao mecanismo por<br />

meio do qual os petrodólares (volumosas receitas de<br />

exportação de petróleo durante a crise dos anos 1970)<br />

transformaram-se em recursos disponíveis para empréstimo<br />

nos grandes bancos comerciais americanos<br />

e europeus. Em geral, os bancos aceitavam depósitos<br />

de países exportadores, os quais aumentavam a abundância<br />

de capital disponível devido ao seu volume, e<br />

reduziam as taxas de juros.<br />

Em seguida, emprestavam principalmente a governos<br />

de países importadores, para equilibrarem o balanço<br />

de pagamentos, ou para países em desenvolvimento,<br />

para financiarem ambiciosos projetos de infraestrutura.<br />

Como a maioria dos contratos tinha taxas de juros<br />

flutuantes, a dívida de vários países para com bancos<br />

estrangeiros explodiu no início dos anos 1980, devido<br />

à alta dos juros puxada pelas políticas anti-inflacionárias<br />

dos países industrializados.<br />

REESTRUTURAçãO DA DÍVIDA<br />

Trata-se de um processo que permite a uma empresa<br />

(ou governo) em dificuldades financeiras reduzir e/ou<br />

renegociar suas dívidas remanescentes, com o fim de<br />

restaurar sua liquidez e continuar suas operações. A<br />

mera substituição de dívidas antigas por novas dívidas,<br />

quando a entidade não está sob pressão financeira,<br />

chama-se refinanciamento.<br />

Uma reestruturação da dívida é, em geral, menos onerosa<br />

e uma alternativa preferível à falência ou à moratória.<br />

Os principais custos associados à reestruturação<br />

são o tempo e os esforços para negociar com bancos,<br />

credores e autoridades tributárias. A reestruturação de<br />

dívida tipicamente envolve a redução do total da dívida<br />

e a extensão dos prazos de pagamento.<br />

REGIMES CAMBIAIS<br />

Referem-se à modalidade de determinação da taxa de<br />

câmbio de uma economia. Há três principais tipos: regime<br />

de câmbio fixo, em que a taxa de câmbio é fixada<br />

em determinado patamar pela autoridade monetária;<br />

regime de câmbio flutuante, em que a autoridade monetária<br />

não exerce controle sobre o valor do câmbio,<br />

ficando este determinado pelas forças de oferta e demanda<br />

de moeda no mercado de câmbio; e o regime<br />

de câmbio misto (ou de bandas cambiais) com margens<br />

para flutuação do câmbio estabelecidas pela autoridade<br />

monetária (acima ou abaixo dos valores estabelecidos,<br />

a autoridade monetária intervém tal como<br />

no regime de câmbio fixo).<br />

RESERVAS INTERNACIONAIS<br />

“Na contabilidade de um país, as reservas (...) originam-<br />

-se de superávits no balanço de pagamentos e destinam-se<br />

a cobrir eventuais déficits das contas internacionais<br />

e/ou lastrear a estabilidade cambial, evitando<br />

ataques especulativos contra a moeda nacional.” (Sandroni,<br />

1999)<br />

71


SERVIçO DA DÍVIDA<br />

Refere-se ao pagamento de juros e outras taxas feito pelo<br />

devedor, não relacionado com a amortização do montante<br />

principal de uma dívida. Em geral, o serviço da dívida é<br />

pago durante toda a extensão do prazo de devolução dos<br />

recursos, a não ser no caso em que os juros são acumulados<br />

e pagos junto com o principal (juros compostos).<br />

SISTEMA FINANCEIRO<br />

“Conjunto de instituições financeiras voltadas para a<br />

gestão da(s) política(s) monetária(s) do(s) governo(s).” 20<br />

Refere-se, portanto, ao “conjunto de órgãos de regulação,<br />

instrumentos, instituições financeiras e instituições<br />

auxiliares, públicos ou privados que atuam na intermediação<br />

de recursos entre os agentes econômicos (pessoas,<br />

empresas, governo) superavitários e deficitários.”<br />

O sistema financeiro é uma das pedras fundamentais<br />

sobre a qual está assentada uma economia. Por meio do<br />

sistema financeiro, os recursos poupados em um período<br />

tornam-se disponíveis para serem utilizados para<br />

aumentar a capacidade produtiva do país, por meio do<br />

investimento. O correto funcionamento do sistema é<br />

fundamental para o crescimento econômico e a superação<br />

da pobreza. Além de canalizar fundos para o investimento,<br />

o sistema financeiro promove a eficiência alocativa<br />

(os recursos são alocados aos projetos e iniciativas<br />

de maior retorno) e a diversificação do risco.<br />

SISTEMA MONETÁRIO<br />

“Regras comerciais e cambiais estabelecidas de comum<br />

acordo pelos países integrantes do Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI), criado em 1944 na Conferência de<br />

Bretton Woods. O sistema monetário internacional foi<br />

instituído a partir das experiências negativas acumuladas<br />

desde o final da Primeira Guerra Mundial. Embora<br />

o ouro fosse o padrão internacionalmente adotado,<br />

cada país decidia por si qual a relação de valor<br />

entre sua moeda e o padrão. Com a crise de 1930, o<br />

comércio internacional começou a desintegrar-se em<br />

função das medidas protecionistas empregadas pelos<br />

72<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

países em más condições financeiras. Ao mesmo tempo,<br />

para tentar melhorar a exportação, os países iam<br />

desvalorizando suas moedas, em medidas que se anulavam<br />

mutuamente. Uma das principais funções do<br />

sistema criado e gerido pelo FMI era a manutenção da<br />

paridade entre as moedas (inicialmente em função do<br />

padrão-ouro e, depois de 1971, em função dos produtos<br />

internos dos países e da capacidade de compra da<br />

moeda), evitando-se as desvalorizações competitivas.<br />

Simultaneamente, o FMI criava um sistema de auxílio<br />

aos países com problemas financeiros, de forma a evitar<br />

problemas de liquidez no comércio internacional.” 21<br />

SUBVENçãO<br />

Subvenções (ou grants) são fundos desembolsados<br />

por uma agência financiadora, geralmente um departamento<br />

do governo, corporação ou fundação, para<br />

um recipiente, quase sempre uma entidade sem fins<br />

lucrativos, instituição educacional, empresa ou indivíduo.<br />

Para receber uma subvenção, é preciso qualificar-<br />

-se com base em certos critérios, seja por meio de um<br />

edital, carta de intenções ou submissão de proposta<br />

formal. A maioria das subvenções serve para financiar<br />

projetos específicos e exigem algum grau de adequação<br />

às regras e reportagem de resultados. Por fim, as<br />

subvenções podem apresentar termos concessionais,<br />

taxas de juro zero (apenas o montante principal deve<br />

ser devolvido), ou mesmo a não necessidade de devolução<br />

(quando a subvenção funciona como uma “doação<br />

propositada”, especialmente para fins educacionais<br />

e quando o recipiente é de baixa renda).<br />

SUPERÁVIT PRIMÁRIO<br />

O superávit primário ocorre quando as contas públicas<br />

registram resultado positivo em determinado período,<br />

excluído o pagamento de juros sobre o estoque de dívida<br />

pública. Os recursos excedentes são, então, utilizados<br />

para o pagamento de juros da dívida e, quando<br />

superiores a estes, para amortização de parcelas da dívida.<br />

Em algumas circunstâncias, o superávit pode ser<br />

acumulado sob a forma de reservas do tesouro, para<br />

financiar gastos do governo em períodos futuros.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

TAXA <strong>DE</strong> CâMBIO<br />

“Até o século XIX, a maioria das moedas tinha seu valor<br />

determinado por certa quantia de ouro e prata que representavam.<br />

Atualmente, não há mais o lastro metálico<br />

para servir de relação no câmbio entre as moedas,<br />

e as taxas cambiais são determinadas por uma conjunção<br />

de fatores intrínsecos ao país, principalmente a<br />

política econômica vigente. O câmbio não possui apenas<br />

o valor teórico de determinar preços comparativos<br />

entre moedas, mas a função básica de exprimir a relação<br />

efetiva de troca entre diferentes países — a troca<br />

de moedas é consequência das transações comerciais<br />

entre países. No Brasil, a rede bancária, liderada pelo<br />

Banco Central, é a intermediária nas transações cambiais.<br />

Os exportadores, ao receberem moeda estrangeira,<br />

vendem-na aos bancos; e os bancos revendem<br />

essa moeda aos importadores para que paguem as<br />

mercadorias compradas. Essas transações são sempre<br />

reguladas pelo governo, que fixa os preços de compra<br />

e venda das moedas estrangeiras.” 22<br />

TAXA <strong>DE</strong> JUROS<br />

“Remuneração que o tomador de um empréstimo<br />

deve pagar ao proprietário do capital emprestado.<br />

Quando o juro é calculado sobre o montante do capital,<br />

é chamado de juros simples. Para o cálculo do juro<br />

composto, o juro vencido e não pago é somado ao<br />

capital emprestado, formando um montante sobre o<br />

qual é calculado o juro seguinte.<br />

Do ponto de vista teórico, os economistas clássicos,<br />

como Adam Smith, Ricardo e Marx, associam de alguma<br />

forma a taxa de juro à taxa de lucro. (...) Deve-se dizer,<br />

porém, que a determinação da taxa de juros como<br />

instrumento de política econômica tem sido considerada<br />

pouco eficaz, uma vez que o peso do juro no custo<br />

da produção não é significativo. Antes da expansão<br />

comercial e do desenvolvimento do capitalismo, a cobrança<br />

de juros constituía um problema ético. Chamada<br />

de usura, era terminantemente proibida pela Igreja<br />

na Idade Média. Mas, com a expansão do comércio, as<br />

novas exigências de capitais mais vultosos estimularam<br />

a cobrança de juros. A reboque dos fatos, a Igreja<br />

teve de fazer concessões e passou a proibir somente<br />

a cobrança de juros em empréstimos destinados ao<br />

consumo pessoal. No século XVI, a reforma calvinista<br />

aceitou e justificou “teologicamente” a cobrança de juros,<br />

mas foi somente no século XVIII que os estudiosos<br />

começaram a buscar uma justificativa econômica para<br />

a cobrança de juros sobre os empréstimos monetários.<br />

Embora ainda existam limites para a cobrança de juros,<br />

esses limites, atualmente, possuem finalidade econômica<br />

e são estabelecidos pelas autoridades monetárias<br />

de cada país. No Brasil, a Constituição de 1988 estabeleceu<br />

que o juro real máximo a ser cobrado pelo sistema<br />

financeiro é de 12% ao ano.” 23<br />

TAXAS CONCESSIONAIS<br />

São taxas de juros abaixo do nível de mercado, praticadas<br />

em certos tipos de contratos de empréstimo. A<br />

taxa concessional é geralmente subsidiada, como se<br />

fosse por uma concessão do emprestador. Tal subsídio<br />

não ocorre por humanismo ou caridade; há uma racionalidade<br />

econômica por trás da prática. Por exemplo,<br />

pode ser que o tomador do empréstimo em termos<br />

concessionais não tenha condições de arcar com taxas<br />

de juros maiores que a taxa subsidiada. Caso a alternativa<br />

ao empréstimo seja a falência, o subsídio se justifica<br />

para evitar o contágio de outros agentes e a ameaça<br />

à estabilidade sistêmica, constituindo uma espécie de<br />

bem público. Ou ainda, pode ser que os retornos intangíveis<br />

de projetos em áreas como educação e saúde,<br />

quando corretamente estimados, compensem a perda<br />

incorrida com os juros concessionais.<br />

VOLATILIDA<strong>DE</strong><br />

“Medida da intensidade e frequência das flutuações<br />

dos preços de um ativo financeiro ou dos índices numa<br />

bolsa de valores.” 24<br />

Volatilidade é um termo utilizado para se referir à variabilidade,<br />

ou instabilidade, de uma variável econômica.<br />

Pode estar ligado à própria economia inteira de<br />

um país; nesse caso dizemos a “volatilidade do PIB”. No<br />

entanto, o termo é usado, em geral, para variáveis que<br />

mudam muito no curto prazo, como preços (ou retornos)<br />

de ações e taxas de câmbio.<br />

73


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Notas explicativas<br />

1. O Conselho da União Europeia tem menor importância que<br />

o Conselho Europeu; seu caráter é apenas consultivo e a votação<br />

se dá por maioria qualificada. O Conselho da União Europeia<br />

reúne-se para a discussão de diversos assuntos como:<br />

política externa, economia e finanças, agricultura, educação,<br />

telecomunicações etc.<br />

2.HEILBRONER, Robert L. The New Palgrave Dictionary of<br />

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3. LE MON<strong>DE</strong> DIPLOMATIQUE BRASIL. Disponível em:: . Acesso em:: 20 de<br />

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75


7. BAND NEWS. Disponível em:: ‹http://www.band.com.br/<br />

primeirojornal/conteudo.asp?ID=296768› Acessado em:<br />

02.11.2011.<br />

8. RFI. Disponível em:: ‹http://www.portugues.rfi.fr/<br />

europa/20101207-ministros-europeus-oficializam-pacote-deajuda-irlanda›<br />

Acessado em: 03.11.2011.<br />

9. SAPO. Disponível em:: ‹http://economico.sapo.pt/noticias/pacote-de-ajuda-a-portugal-foi-aprovado-em-bruxelas_118171.html›<br />

Acessado em: 03.11.2011.<br />

10. LITCI. Disponível em:: ‹http://www.litci.org/pt/index.<br />

php?option=com_content&view=article&id=1714:espanhacrise-economica-e-crise-politica&catid=22:espanha›<br />

Acessado<br />

em: 04.11.2011.<br />

11. Radio Italiana. Disponível em:: ‹http://www.radioitaliana.<br />

com.br/content/view/4138/35/› Acessado em: 04.11.2011.<br />

12. Europarl. Disponível em:: ‹http://www.europarl.europa.eu/<br />

sides/getDoc.do?pubRef=-//EP//TEXT+IM-PRESS+20100319ST<br />

O70945+0+DOC+XML+V0//PT› Acessado em: 04.11.2011.<br />

13. Os verbetes econômicos presentes neste guia foram extraídos<br />

do dicionário econômico intitulado Palgrave Macmillan.<br />

14. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

15. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

16. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

17. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

18. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

19. Idem.<br />

20. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

21. Idem.<br />

76<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

22. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

23. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.<br />

24. SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de Economia. São<br />

Paulo: Círculo do Livro, 1999.


ICJ – International Court of Justice<br />

Case concerning French nuclear tests and the<br />

Rainbow Warrior case (New Zealand X France)


78<br />

PRESENTATION LETTER<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

It is with great honor that we, Amanda and Gisela, present our Study Guide Project. We both study law here at <strong>Faap</strong>,<br />

and because of that, we thought it would be extremely interesting to have, for the very first time, the International<br />

Court of Justice being simulated in the Fórum <strong>Faap</strong>.<br />

I, Amanda Butros, have already participated in many Model United Nations: in Fórum FAAP as a delegate in 2009, in<br />

IMF, in 2010 as a volunteer, in CDH, and in 2011 as director of the Security Council; in Fórum FAAP Júris as delegate,<br />

in OMC, in UFRGSMUN also as delegate in the Security Council and in HNMUN as a delegate in the Specpol committee.<br />

The Model United Nations, nowadays, have a nice importance in my life because every time I participate of a<br />

simulation I understand more about the world and the feeling of compassion grows on me. Hence, the Model United<br />

Nations are becoming more important each year, it is becoming normal to find a report, a newspaper or a magazine<br />

talking about them.<br />

I, Gisela Costa Neves, have already participated in the Fórum <strong>Faap</strong> several times; when I was in high school, I participated<br />

twice as a delegate, firstly in the PNUMA committee, in the third edition, and in the fourth edition, I participated<br />

in the OMC committee. Already in college, I have participated three times, once as a volunteer and twice as<br />

a director. In 2009, in the fifth edition of Fórum <strong>Faap</strong>, I was a volunteer in the Cop-15 and the following year, in the<br />

sixth edition, I was the Deputy-Director in the Security Council. Last year, in the seventh edition of Fórum <strong>Faap</strong>, I was<br />

the Director of the Counter-Terrorism Committee. I personally adore this simulation, because every time I participate<br />

I feel like I become wiser, more responsible and more aware of my potential.<br />

The International Court of Justice (ICJ) will be very interesting to simulate, since it has never been in the Fórum <strong>Faap</strong>.<br />

We are sure that the students will improve their knowledge through this committee. They will represent judges that<br />

are independent from their countries. The members of the Court are judges, more specifically 15, that are elected<br />

with an absolute majority from both the General Assembly and Security Council.<br />

The Court, according to article 1 of the Statute of the International Court of Justice, is the principal judicial organ of the<br />

United Nations 1 , and was created to peacefully decide disputes between Nations in consonance with the international law.<br />

The theme we will present is very important because it is going to make the delegates reflect and know about how<br />

hard is the feeling of judge. It involves a death of a member of the Rainbow Warrior and many nuclear tests made<br />

by France.<br />

The delegates will have to decide if France has to be punished and in case the answer is positive, which sanction shall<br />

be applicable to this case.<br />

We hope you enjoy the sections, learn a lot and take the best from this experience as we have done so far.<br />

Yours sincerely,<br />

AMANDA AND GISELA


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

History of the Court<br />

The International Court of Justice (ICJ) is the most important<br />

judicial organ of the United Nations (UN) and<br />

it was established in 1945, the same year as the UN,<br />

through the United Nations Charter 2 . The Court began<br />

its activities the following year as a replacement of the<br />

Permanent Court of International Justice (PCIJ). The<br />

International Court of Justice is the successor of the<br />

Permanent Court of International Justice (PCIJ) which<br />

was created in 1922 and formally dissolved in 1946.<br />

The PCIJ was the “first permanent international tribunal<br />

with general jurisdiction” 3 and contributed towards<br />

the development of the international law.<br />

Attached to the United Nations Charter, is the Statute<br />

of the International Court of Justice. The Statute verses<br />

over the organization of the Court, its competence and<br />

procedures. The Court’s composition is of 15 judges who<br />

are elected by two of the United Nations organs: the Security<br />

Council (SC) and the General Assembly (GA). To be<br />

elected, the candidate must receive an absolute majority<br />

(2/3 of 15) of the votes in the general Assembly and<br />

Security Council, according to article 10 of the Statute. 4<br />

The Court is composed by independent judges,“(…)<br />

elected regardless of their nationality from among persons<br />

of high moral character, who possess the qualifications<br />

required in their respective countries for appointment<br />

to the highest judicial offices, or are jurisconsults<br />

of recognized competence in international law.” 5<br />

In a time where the United Nations was searching for<br />

methods to solve disputes between countries in a<br />

peaceful manner, ICJ was created as the as an attempt<br />

to decide disputes using international law as instrument<br />

and the creation of the Court represented the<br />

culmination of a long development of methods for the<br />

pacific settlement of international disputes, the origins<br />

of which can be traced back to classical times. 6<br />

In 1943, after a conference held amongst the United<br />

States, the United Kingdom, China and the Soviet Union<br />

(USSR), the need for an International Organization<br />

was acknowledged. As a consequence of the conference,<br />

these States emitted a declaration that concerned<br />

the exigency<br />

(…) of establishing at the earliest practicable date<br />

a general international organization, based on the<br />

principle of the sovereign equality of all peace-loving<br />

States, and open to membership by all such States,<br />

large and small, for the maintenance of international<br />

peace and security. 7<br />

As an aftermath of the declaration, in October/1944,<br />

proposals for the foundation of an International Organization<br />

were published, and also among them, was<br />

the establishment of an international court of justice.<br />

The next year, in 1945, a meeting was arranged to prepare<br />

a draft of the Statute of the Court of Justice, the<br />

future ICJ. Such meeting was conducted by a North<br />

American jurist, G. H. Hackworth, and had the presence<br />

of 44 jurists, each representing their own State.<br />

As a base for the ICJ’s Statute, the PCIJ’s Statute was<br />

used, and because of that inspiration, the text was not<br />

completely original.<br />

The final form of the Statute was discussed by 50 States<br />

at the San Francisco Conference, the same which discussed<br />

the United Nations Charter.<br />

The Conference decided against compulsory jurisdiction<br />

and in favor of the creation of an entirely new court,<br />

which would be a principal organ of the United Nations,<br />

on the same footing as the General Assembly, the Security<br />

Council, the Economic and Social Council, the Trusteeship<br />

Council and the Secretariat, and with the Statute<br />

annexed to and forming part of the Charter. 8<br />

On the 31 st of January of 1946 the resignation of all PCIJ<br />

judges occurred, and, on February 6th 1946, the first<br />

members of the ICJ were elected. The formal dissolution<br />

of the PCIJ happened in April and also, the first meeting<br />

of the ICJ took place. The Court’s first President was<br />

Judge José Gustavo Guerrero (El Salvador), who happened<br />

to be PCIJ’s last. In 1946, an inaugural public sitting,<br />

which was the first official sitting, was held and so,<br />

in the following year, the first case was presented and<br />

the International Court of Justice started its activities.<br />

The Court may be solicited to judge legal disputes between<br />

States, which are known as “contentious cases”<br />

and also, the court may be claimed to give its advisory<br />

opinion, according to article 65 of the Statute 9 and if<br />

requested by United Nations organs may also serve on<br />

internal issues. An ‘advisory opinion’ is an advice that<br />

the Court gives to those organs or States that request<br />

one. For example, if the Security Council is not reach-<br />

79


ing a decision on a particular dispute, it may send a<br />

request to the International Court, which will respond<br />

with an advisory opinion; in other words, the Court will<br />

give influential advice on how to decide on the issue,<br />

always in consonance with international law.<br />

Statement of the Issue<br />

FACTS<br />

1966 to 1975: France conducted 41 atmospheric tests<br />

on the Muruoa atoll, located on the French Polynesia.<br />

1973: Australia and New Zealand, the closest neighbors<br />

of the French Polynesia, instituted legal proceedings<br />

against France to the ICJ. The consequence was<br />

that France could continue with the nuclear tests in<br />

French Polynesia, but they must be no longer atmospheric.<br />

France switched the tests to underground tests.<br />

1976 to 1991: France conducted 134 underground<br />

tests in boreholes. The last test was in 1996.<br />

1996: France agreed to pay a 10-year compensation<br />

package to French Polynesia.<br />

Greenpeace created a worldwide non-nuclear tests<br />

movement against France and its nuclear tests in<br />

French Polynesia, having The Rainbow Warrior as the<br />

main ship of its navy. 10 On 10 th July of 1985, two days<br />

before The Rainbow Warrior anchored to the Muruoa<br />

atoll, an explosion occurred and the ship sunk, killing<br />

one member of the crew.<br />

The explosion was caused by two bombs planted by<br />

two agents of France’s secret service, Mr. Dominique<br />

Prieur and Mr. Alain Mafart. They were sent to a military<br />

base in French Polynesia and released in less than<br />

two years.<br />

France’s Prime Minister, Mr. Laurent Fabius, assumed the<br />

responsibility of the crime and said that the agents of<br />

the DGSE (Direction Generale de la Securite Exterieure/<br />

General Directorate for External Security) sank The Rainbow<br />

Warrior as they were instructed to do so.<br />

80<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

There was also a spy infiltrated in the Greenpeace, Mrs.<br />

Christine Cabon, also from the DGSE, who evaded arrest<br />

in Israel and has been missing until present days. 11<br />

JURISDICTION<br />

The ICJ is an international court, hence the name, that<br />

discusses disputes between countries around the<br />

world; therefore, it acts as a world court. The Court has<br />

a dual jurisdiction; it may decide contentious cases or<br />

give advisory opinions.<br />

The Court’s role is to settle, in accordance with international<br />

law, legal disputes submitted to it by States and<br />

to give advisory opinions on legal questions referred<br />

to it by authorized United Nations organs and specialized<br />

agencies.” 12 (…)“It decides, in accordance with<br />

international law, disputes of a legal nature that are<br />

submitted to it by States (jurisdiction in contentious<br />

cases); and it gives advisory opinions on legal questions<br />

at the request of the organs of the United Nations<br />

or specialized agencies authorized to make such<br />

a request (advisory jurisdiction). 13<br />

In the contentious cases, the court has to rule a decision<br />

based on international law; it has do decide a legal<br />

dispute submitted to it by a State. The definition of<br />

an “international legal dispute” is: “A disagreement on a<br />

question of law or fact, a conflict, a clash of legal views or<br />

of interests.” 14<br />

Nevertheless, it is important to stress that International<br />

Organizations cannot appear before the Court;<br />

when it comes to contentious cases, only States have<br />

such authorization. However, International Organizations<br />

do have a specific procedure to obtain aid from<br />

the Court, the so called “advisory opinion”. An advisory<br />

opinion is a function that the Court has, in which only<br />

International Organizations may request one. Once an<br />

organization requests an advisory opinion 15 , the Court<br />

advises which State or other Organization may be likely<br />

to have important information to provide and the<br />

chosen one will proceed with an oral or written statement,<br />

containing the useful information. 16


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

New Zealand’s Allegations<br />

AS TO THE NUCLEAR TESTS<br />

New Zealand’s department of Health, together with<br />

the Meteorological Service of the Australian Radiation<br />

Laboratory, have the most intense monitoring program<br />

for nuclear testing of the Pacific region. Many measurements<br />

were taken and they show that radioactive material<br />

has swept west to the central South Pacific.<br />

First of all it is prompt to notice that by doing atmospheric<br />

tests, France violated the Nuclear Test Ban Treaty<br />

of 1963 (Signed on August 5, (182 signatories and 155<br />

ratifies) 17 was the result of a hard negotiation between<br />

the United States, the United Kingdom, Canada, France,<br />

and the Soviet Union to began on the ending of nuclear<br />

weapons testing, mediated by the United Nations Disarmament<br />

Commission. This treaty pursued all diplomatic<br />

efforts for a test ban treaty before resuming underground<br />

testing. The test ban was a first step to nuclear<br />

disarmament 18 and even countries such as New Zealand<br />

and U.S.A. refusing to help France with that type of tests<br />

France has managed, using different national airlines, to<br />

staff the test sites to its own satisfaction.<br />

Because of the submission made by New Zealand and<br />

Australia, the atmospheric tests made by France, were<br />

prohibited by the ICJ. Some of the environmental effects<br />

that those tests caused were the remains in the<br />

atmosphere, on the ground, and in water bodies of<br />

about one half of the cesium and strontium.<br />

Some of the environmental effects of the underground<br />

tests made by France at Moruroa atoll were divided in<br />

short term: fracturing of the atoll surface triggers landslides,<br />

tsunamis (tidal waves), earthquakes and radio<br />

nuclides vented to the environment and long term effects:<br />

leakage of fission products to the biosphere, fish<br />

poisoning and transfer of dissolved plutonium from<br />

the lagoon to the ocean and the food chain. 19<br />

The winds which circulate in the high-pressured region<br />

of the Tuamotu island group were the reason why the<br />

contaminated water was carried by ocean currents towards<br />

to New Zealand and Australia on a south-southwest<br />

swing, making these effects to affect New Zealand.<br />

Diplomatic protests concerning the French tests were<br />

made by Australia and, New Zealand, in order to prevent<br />

other countries from these dangers.<br />

France has breached the Moscow Test Ban Treaty of<br />

1963 which stated that all atmospheric tests of nuclear<br />

weapons are illegal. This treaty had nearly universal acceptance,<br />

which shows an international consensus in<br />

favor of the principles contained therein. One of the<br />

main importance of the Test-Ban Treaty was the overwhelm<br />

expectation of the world it created about the<br />

unlawfulness of atmospheric nuclear testing.<br />

Therefore, France breached this important treaty when<br />

pursuing atmospheric nuclear tests. From 1966 to<br />

1975, France conducted 41 atmospheric tests in the<br />

Muruoa atoll, located on the French Polynesia. 20<br />

AS TO THE 1986 AGREEMENT<br />

France started to threaten New Zealand’s access to the<br />

European Economic Community market, having New<br />

Zealand’s exports boycotted. As a reaction, New Zealand<br />

started to act in a similar way. Because both countries<br />

were having economical damages, they allowed<br />

the United Nations Secretary General at the time, Mr.<br />

General Javier Pérez de Cuéllar, to mediate a settlement.<br />

Therefore, the 1986 agreement was made in 8 July<br />

1986. It was a binding decision, that France had to pay<br />

NZ$13 million (USD$6.5 million) to New Zealand as a<br />

recognizance of apology. Additionally, France was ordered<br />

not to interfere anymore on New Zealand’s trade<br />

negotiations.<br />

Alain Mafart and Dominique Prieur, both French agents<br />

disguised that acted in the Rainbow Warrior case, were<br />

to serve their sentences, and therefore arrested at the<br />

French military base on Hao atoll, in French Polynesia,<br />

for three years.<br />

However, instead of doing what was agreed, the two<br />

agents returned to France, after less than two years on<br />

the atoll. Alain Marfart returned on 1987 because of “illness”<br />

and Dominique Prieur returned on May 1988 because<br />

she was pregnant. Both of the agents, when arrived<br />

home, were honored, decorated and promoted.<br />

81


The removal of the agents from Hao atoll and their return<br />

to France was clearly, a violation of the 1986 agreement.<br />

New Zealand’s “silent war of independence”, a more independent<br />

foreign policy line, was emerged because of<br />

this incident, since it had to “go it alone” because of the<br />

failure of traditional allies such as the USA and Britain to<br />

condemn this act. 21 New Zealand hoped that its allies<br />

would help her with the boycott of New Zealand’s exports,<br />

however, they “sat on their hands” and did nothing.<br />

After this incident, New Zealand’s nationalism grew a<br />

lot. Hence, New Zealand started to support a more independent<br />

foreign policy line.<br />

AS TO THE RAINBOW WARRIOR CASE<br />

Firstly, many French agents were in disguise. Making<br />

the crew of the Rainbow Warrior trust them. This disguising<br />

made an issue come up: if France can infiltrate<br />

their agents in other countries as spies. Until nowadays,<br />

this has been subject of an unfinished debate:<br />

some people think is unreasonable to infiltrate people<br />

of the secret service of a country on a foreign country,<br />

and some think it is not.<br />

Secondly, the sinking of the Rainbow Warrior was<br />

caused by an explosion and this explosion occurred<br />

because of two bombs planted by two agents of the<br />

secret service of France, Mr. Dominique Prieur and Mr.<br />

Alain Mafart.<br />

Thirdly, France assumed its fault when The Prime Minister,<br />

Mr. Laurent Fabius, assumed the responsibility of<br />

the crime and said that the agents of the DGSE (Secret<br />

Service) sank the Rainbow Warrior because they were<br />

ordered to do so. 22<br />

France should be punished for all damages caused by<br />

the sinking of the Rainbow Warrior because this explosion<br />

only happened as the ship was the main one and<br />

leader of the navy for large non-nuclear tests movement<br />

against France and its nuclear tests in French<br />

Polynesia made by Greenpeace.<br />

Finally, France has never been punished for the incident<br />

and none of the agents involved in the sinking<br />

82<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

were ever taken into custody. Most of them are protected<br />

until present days by France.<br />

The Allegations of France<br />

AS TO THE NUCLEAR TESTS<br />

There are three things that France alleged about the<br />

nuclear tests. The first one is that France does not considers<br />

the Test Ban Treaty as a nearly universal treaty<br />

because the majority of nations that signed or ratified<br />

(182 signatories and 155 ratifies) 23 this treaty have<br />

signed it because of political issues, thus, they have not<br />

properly evaluated their own security requirements.<br />

The second one is that France did those nuclear tests<br />

because it could have been involved as a North Atlantic<br />

Treaty Organization (NATO) ally in the war between<br />

the United States and the Soviet Union (such as the Cuban<br />

missile crisis, in 1962).<br />

Therefore France felt obligated to withdraw from the<br />

NATO nuclear defense system and establish a nuclear<br />

deterrent of her own. An independent nuclear deterrent<br />

was necessary for the restoration of French prestige<br />

by the time these tests occurred. (D’AMATO, 1967)<br />

The third and last one is that France’s department of defense<br />

has proposed to the French parliament a project<br />

in which all victims of the nuclear tests would be indemnified.<br />

The government previews an amount of about 10<br />

million Euros to do that. The minister of defense, Hervé<br />

Morin, has gone further and said that more money<br />

could be used to this indemnity, if needed. Hence, an<br />

independent commission, formed by doctors and one<br />

judge will analyze applications for this indemnity. This<br />

commission will have as its base the list of illnesses established<br />

by a scientific committee of the UN about the<br />

effects of the radiation. 24 This project was approved by<br />

French parliament on December, 22 nd of 2009. 25


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

AS TO THE 1986 AGREEMENT<br />

France did not breach the 1986 agreement due to the<br />

fact that these two agents were brought back to France<br />

only due to their health. Mr. Mafart returned to Paris on<br />

December 14, 1987 for medical treatment, and was apparently<br />

freed after treatment and Mrs. Prieur returned<br />

to France on May 6, 1988 because she was pregnant.<br />

AS TO THE RAINBOW WARRIOR CASE<br />

The issue of the sinking of the vessel Rainbow Warrior<br />

raises a question in international law over State responsibility.<br />

In such cases where a State sends its agents<br />

abroad to commit acts which are illegal under national<br />

law of the target country, it is customary for the State to<br />

take responsibility for the act and issue compensation. 26<br />

Because of this fact France argues that the Rainbow<br />

Warrior case bolsters the principle of non-intervention<br />

in international law and the punishment of States for<br />

contravening it. 27<br />

In terms of reparations, France initially paid to New<br />

Zealand 7 million USD, and paid a large compensation<br />

to the family of the only victim of the mission and to<br />

Greenpeace which was settled privately. 28<br />

APPLICABLE LAW<br />

The Court has the duty to decide, according to international<br />

law, problems and disputes between States<br />

and also, to give advisory opinions, based on the international<br />

law. When deliberating, the ICJ will make that<br />

international law is used to reach a decision. It is very<br />

important to state that the ICJ will not make its decisions<br />

based on internal laws, meaning that the Court<br />

will not decide a matter based on the national law of a<br />

specific country.<br />

According to article 38 of the Statute of the International<br />

Court of Justice, 29 The Court, whose function is<br />

to decide in accordance with international law such disputes<br />

as are submitted to it, shall apply:<br />

a. international conventions, whether general or particular,<br />

establishing rules expressly recognized by the<br />

contesting states;<br />

b. international custom, as evidence of a general practice<br />

accepted as law;<br />

c. the general principles of law recognized by civilized<br />

nations;<br />

d. subject to the provisions of Article 59, judicial decisions<br />

and the teachings of the most highly qualified<br />

publicists of the various nations, as subsidiary means<br />

for the determination of rules of law.<br />

This article is an exemplificative list of sources of law<br />

that may be used by the Court, when deliberating on<br />

an issue. There are a few enumerated in the article, but<br />

there are other sources to international law that can<br />

be also used to decide a case. The ones that the article<br />

listed are the most common ones used, though.<br />

The first source that the Statute brings is international<br />

conventions, which are agreements made between<br />

States on a specific theme. Conventions are also<br />

known as treaties, which are elaborated by the signatory<br />

States that want to create such treaty. Treaties may<br />

be used by the Court as a source of law because they<br />

symbolize a State’s position on that specific matter.<br />

International custom, the second source listed by the<br />

Statute, is a “general practice accepted as law”, 30 meaning<br />

that to be considered a custom, there has to be an<br />

act that is practiced generally by the population of a<br />

specific State, and the people who practice it, have to<br />

understand its importance and see it as being a law. A<br />

type of law, however, that if not observed will not have<br />

any legal consequences or sanctions.<br />

General principles of law may be also applied by the<br />

ICJ in the cases presented to it. The principles are aspects<br />

of law that are not written in any text of law; they<br />

are used as law but are not formally written anywhere.<br />

The last examples given by the Statute are the more<br />

general ones. The Statute says “subject to the provisions<br />

of Article 59, judicial decisions and the teachings of the<br />

most highly qualified publicists of the various nations, as<br />

subsidiary means for the determination of rules of law.” 31<br />

83


Previous judicial decisions are a good type of source as<br />

they show in which way a Tribunal tends do decide. Judicial<br />

decisions, also known as jurisprudence, contain<br />

the relation between the cases and decisions made<br />

by Tribunals. Teachings of qualified specialists are also<br />

called doctrine, and are the positions of people that<br />

understand the subject they are referring, in this case,<br />

international public law.<br />

The Statute named a few sources that can be applied<br />

to the cases submitted to the Court, but as mentioned<br />

before, the article is merely exemplificative, and therefore,<br />

other sources may be used to decide disputes between<br />

States, such as decisions of International Organizations.<br />

The Statue was written many years ago (1946),<br />

at a time when International Organizations were not<br />

as important as they are today. This is the main reason<br />

why this source of International Law is mot listed in the<br />

Statute. Nowadays, the decisions of International Organizations<br />

are extremely important. 32<br />

There is a divergence on whether the decisions of International<br />

Organizations are truly valid to be adopted<br />

as an International Law source. 33 No rules or principles<br />

have been written to solve the matter, so it is up to<br />

each person, judge, Tribunal, International Courts to<br />

decide whether to use these decisions or not.<br />

Legal Precedents of the ICJ<br />

The International Court of Justice is the most important<br />

judicial organ of the United Nations and it has already<br />

ruled over important and controversial matters.<br />

States submit their cases and the Court has to reach<br />

a decision on such case. The ICJ may decide legal disputes<br />

between States (contentious cases) or give an<br />

opinion on a matter (advisory opinion). 34 Either so, the<br />

Court’s work is of great importance and always has the<br />

best intentions of the international community and international<br />

law when attempting to solve issues in a<br />

peaceful manner.<br />

One very interesting case in which an advisory opinion<br />

was requested was the “Legality of the Threat or Use<br />

of Nuclear Weapons”, 35 submitted to the Court by the<br />

United Nations General Assembly (GA). In 1996 the<br />

Court reached an opinion based on the question sub-<br />

84<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

mitted and so, it handed down its advisory opinion towards<br />

that matter. The Court replied that:<br />

a. Unanimously, There is in neither customary nor<br />

conventional international law any specific authorization<br />

of the threat or use of nuclear weapons;<br />

b. By eleven votes to three, There is in neither<br />

customary nor conventional international law any<br />

comprehensive and universal prohibition of the<br />

threat or use of nuclear weapons as such;<br />

c. Unanimously, A threat or use of force by means<br />

of nuclear weapons that is contrary to Article 2,<br />

paragraph 4, of the United Nations Charter and<br />

that fails to meet al1 the requirements of Article 51,<br />

is unlawful;<br />

d. Unanimously, A threat or use of nuclear weapons<br />

should also be compatible with the requirements of<br />

the international law applicable in armed conflict,<br />

particularly those of the principles and rules of international<br />

humanitarian law, as well as with specific<br />

obligations under treaties and other undertakings<br />

which expressly deal with nuclear weapons;<br />

e. By seven votes to seven, by the President’s casting<br />

vote, It follows from the above-mentioned requirements<br />

that the threat or use of nuclear weapons<br />

would generally be contrary to the rules of<br />

international law applicable in armed conflict, and<br />

in particular the principles and rules of humanitarian<br />

law; However, in view of the current state of international<br />

law, and of the elements of fact at its<br />

disposal, the Court cannot conclude definitively<br />

whether the threat or use of nuclear weapons<br />

would be lawful or unlawful in an extreme circumstance<br />

of self-defence, in which the very survival of<br />

a State would be at stake;<br />

f. Unanimously, There exists an obligation to pursue<br />

in good faith and bring to a conclusion negotiations<br />

leading to nuclear disarmament in al1 its aspects<br />

under strict and effective international control.” 36<br />

A contentious case that has become quite known<br />

around the world is the “Avena and Other Mexican Nationals”,<br />

37 a conflict matter between Mexico and the<br />

United States of America. The Mexican State instituted


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

proceedings against the North American State, claiming<br />

that the USA had violated articles of the Vienna<br />

Convention on Consular Relations (1963) 38 and had<br />

sentenced to death a number of Mexican nationals.<br />

Mexico also asked the Court to order the USA to take<br />

measures to make sure that no other Mexican national<br />

would be sentenced to death without the Court’s<br />

agreement. 39 The ICJ acknowledged Mexico’s request<br />

and ordered the North Americans to follow such protective<br />

measures. In 2004 the Court reached a decision<br />

and gave the judgment.<br />

Requests:<br />

The Republic of New Zealand asks this Court to adjudge<br />

and declare that:<br />

a. By doing nuclear tests in islands which are neighbors<br />

of New Zealand and affecting New Zealand’s environment,<br />

France should be punished in U$ 3 billion<br />

b. By violating the 1986 agreement and having two<br />

agents returned to France, France should be condemned<br />

c. By ordering the sinking and bombing of the Rainbow<br />

Warrior, France should be punished.<br />

The Republic of France asks this Court to adjudge and<br />

declare that:<br />

a. By trying hard to mitigate the losses of New<br />

Zealand and investing on repairing the damages<br />

caused by the nuclear tests, France should not be<br />

punished in U$ 3 billion.<br />

b. By having the two agents returned to France<br />

on grounds of health issues, the 1986 agreement<br />

should not be considered violated.<br />

c. By the principle of State responsibility France<br />

should be pronounced not guilty for the sinking of<br />

the vessel Rainbow Warrior.<br />

ICJ judges 40<br />

PRESI<strong>DE</strong>NT PETER TOMKA<br />

The president has been a member of the Court since 6<br />

February 2003, has occupied this position since 6 February<br />

2009 and is from Slovakia.<br />

“LL.M. (summa cum laude), Faculty of Law, Charles University,<br />

Prague (1979). Doctor iuris (international law),<br />

Charles University, Prague (1981). Ph.D. in International<br />

Law, Charles University (1985). Faculty of International<br />

Law and International Relations, Kiev, Ukraine (1982).<br />

Institut du droit de la paix et du développement, Nice,<br />

France (1984-1985). Institute of International Public Law<br />

and International Relations, Thessaloniki, Greece (1985).<br />

Hague Academy of International Law (1988). Assistant<br />

Legal Adviser (1986-1990); Head of the Public International<br />

Law Division (1990-1991), Ministry of Foreign Affairs,<br />

Prague. Counsellor and Legal Adviser (1991-1992),<br />

Permanent Mission of Czechoslovakia to the United<br />

Nations. Ambassador, Deputy Permanent Representative<br />

(1993-1994) and Ambassador, Acting Permanent<br />

Representative of Slovakia to the United Nations (1994-<br />

1997). Legal Adviser and Director of the International<br />

Law Department (1997-1998); Director General for International<br />

Legal and Consular Affairs and Legal Adviser<br />

(1998-1999), Ministry of Foreign Affairs, Bratislava, Slovakia.<br />

Ambassador, Permanent Representative of Slovakia<br />

to the United Nations (1999-2003). Chairman of<br />

the United Nations Committee on the Applications for<br />

Review of the Judgments of the Administrative Tribunal<br />

(1991). Vice-Chairman of the Sixth (Legal) Committee of<br />

the United Nations General Assembly (1992). Chairman<br />

of the Working Group on the United Nations Decade of<br />

International Law (1995). Chairman of the Meeting of<br />

the States Parties to the International Covenant on Civil<br />

and Political Rights (1996). Vice-President of the Sixth<br />

Meeting of the States Parties to the United Nations<br />

Convention on the Law of the Sea (1996). Chairman of<br />

the Sixth (Legal) Committee of the Fifty-second Session<br />

of the United Nations General Assembly (1997). Vice-<br />

Chairman of the Preparatory Committee for the International<br />

Criminal Court (1998). President of the Ninth<br />

Meeting of the States Parties to the United Nations<br />

Convention on the Law of the Sea (1999). Chairman of<br />

the Ad Hoc Committee on the International Convention<br />

85


against the Reproductive Cloning of Human Beings<br />

(2002). Member of the Ambassadorial Panel of Experts<br />

to advise the Division for Ocean Affairs and the Law of<br />

the Sea of the United Nations Secretariat (2002). Member<br />

(1999-2003); Second Vice-Chairman (2000); Chairman<br />

of the Drafting Committee (2001), United Nations<br />

International Law Commission.“ 41<br />

VICE-PRESI<strong>DE</strong>NT JUDGE BERNARDO SEPÚLVEDA-<br />

AMOR<br />

This judge has Mexican nationality and has been a<br />

member of the Court since 6 February 6 th 2006.<br />

“Law degree, National University of Mexico (1964)<br />

(magna cum laude); LL.M. (Cantab.) (1966); Diploma<br />

in International Law (Cantab.) (1965); Honorary Fellow<br />

of Queens’ College, University of Cambridge (1990);<br />

Honorary Doctorate from the University of San Diego<br />

(1982) and from the University of Leningrad (now St.<br />

Petersburg) (1987); Rockefeller Foundation Fellowship<br />

(1964-1966). Professor of International Law and International<br />

Organizations at El Colegio de Mexico since<br />

1967, where he was also Associate Research Fellow<br />

(1993-2006). Lecturer in a number of academic institutions:<br />

Faculty of Political and Social Sciences (National<br />

University of Mexico); Institute of Legal Research (National<br />

University of Mexico); Centro de Investigaciónes<br />

y Docencia Economíca (CI<strong>DE</strong>); Instituto Tecnológico<br />

Autónomo de Mexico (ITAM); Instituto Matías Romero<br />

de Estudos Diplomáticos (Mexican Foreign Office);<br />

Hague Academy of International Law (Regional Programme,<br />

Mexico City, 2002); Institute of European Integration<br />

Studies (El Colegio de Mexico, 1994-1996).<br />

Deputy Director for Legal Affairs, Secretary of the<br />

Presidency (1968-1970); Director of the Foreign Investment<br />

Program (1971-1975) and then Director General<br />

for International Affairs (1976-1980) at the Secretary<br />

of the Treasury. Principal Adviser on International Affairs<br />

to the Secretary of the Budget (1981). Ambassador<br />

of Mexico to the United States of America (1982).<br />

Secretary of Foreign Relations of Mexico (1982-1988).<br />

Ambassador of Mexico to the United Kingdom and,<br />

concurrently, to Ireland (1989-1993). President of the<br />

Mexican delegations to the General Assembly of the<br />

United Nations and to the General Assembly of the<br />

Organization of American States, as well as of other<br />

86<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

international regional and global organizations (1982-<br />

1988). Co-Chairman of the Mexico-United States Binational<br />

Commission, together with the United States<br />

Secretary of State (1982-1988).” 42<br />

He was ad hoc judge of the ICJ in the case concerning<br />

Avena and Other Mexican Nationals (Mexico v. United<br />

States of America).<br />

JUDGE ABDUL G. KOROMA<br />

This judge is Member of the Court since 6 February 1994<br />

and was re-elected as from 6 February 2003. He is from<br />

Sierra Leone and was Ministry of Foreign Affairs in 1969.<br />

“As a Barrister and Legal Practitioner of the High Court<br />

of Sierra Leone, was appointed State Counsel and<br />

Special Adviser to the Attorney-General and Minister<br />

of Justice. Served as Legal Adviser to the Permanent<br />

Mission of Sierra Leone to the United Nations. Served<br />

as Ambassador Extraordinary and Plenipotentiary of<br />

Sierra Leone to the United Nations, New York, while<br />

concurrently accredited as High Commissioner of Sierra<br />

Leone to Jamaica and Trinidad and Tobago, and<br />

Ambassador to the Republic of Korea (Seoul) and Cuba<br />

(1981-1985). Served as Ambassador Extraordinary and<br />

Plenipotentiary to Belgium, France, Luxembourg and<br />

the Netherlands while concurrently accredited to the<br />

European Communities and to the United Nations Educational,<br />

Scientific and Cultural Organization (Unesco)<br />

(1985-1988). Served as Ambassador Extraordinary and<br />

Plenipotentiary of Sierra Leone to the Organization of<br />

African Unity (OAU) with concurrent accreditation to<br />

Ethiopia, Kenya, the United Republic of Tanzania and<br />

Zambia (1988-1992); also accredited to Republic of<br />

Korea (Seoul) and High Commissioner to Barbados, Jamaica,<br />

Trinidad and Tobago (1988).”<br />

His main contributions to the major areas of international<br />

law were: law of self-determination, human<br />

rights law, international humanitarian law, and the<br />

peaceful settlement of disputes, and has written and<br />

lectured on these subjects. Served as expert consultant<br />

with the International Committee of the Red Cross<br />

(ICRC) at Geneva on the implementation of and respect<br />

for international humanitarian law. Has delivered lectures<br />

on all of these topics in many countries, including


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Cameroon, Canada, China, Ethiopia, Germany, Greece,<br />

India, Italy, Japan, Republic of Korea, Malta, Norway,<br />

Peru, Sweden, the United Republic of Tanzania and the<br />

United States of America.<br />

JUDGE GIORGIO GAJA<br />

This judge was born in Lucerne, Switzerland, on 7 December<br />

1939 and therefore, has an Italian nationality.<br />

He is a member of the Court since February 6 th , 2012.<br />

He has a degree in law, from the University of Rome. He<br />

was a professor of International Law at the University<br />

of Florence ( from 1974 to 2011), and also was Dean of<br />

the Law School ( from 1978 to 1981).<br />

“Lecturer, Hague Academy of International Law (1981<br />

and 2011). Part-time Professor, European University Institute<br />

(1980 and 1984-1985). Visiting Professor, Johns<br />

Hopkins University (1977-1978), University of Geneva<br />

(1983 and 1985), University of Paris I (1989 and 2000),<br />

University of Aix-Marseille III (1992), University of Michigan<br />

School of Law (1992), Columbia Law School (1996),<br />

and Graduate Institute of International Studies (2001).<br />

Member of the International Law Commission (1999-<br />

2011). Delegate of the Italian Government to the Vienna<br />

Conference on the Law of Treaties between States<br />

and International Organizations and between International<br />

Organizations (1986).<br />

Counsel to the Italian Government in the ELSI case before<br />

the International Court of Justice. Judge ad hoc<br />

in the cases concerning Legality of Use of Force (Yugoslavia<br />

v. Italy); Territorial and Maritime Dispute between<br />

Nicaragua and Honduras in the Caribbean Sea (Nicaragua<br />

v. Honduras); Territorial and Maritime Dispute (Nicaragua<br />

v. Colombia); Application of the International<br />

Convention on the Elimination of All Forms of Racial<br />

Discrimination (Georgia v. Russian Federation); and Jurisdictional<br />

Immunities of the State (Germany v. Italy:<br />

Greece intervening).” 43<br />

JUDGE JULIA SEBUTIN<strong>DE</strong><br />

This judge was born in Uganda and she is a recente<br />

member of the court, she was added to ICJ on february<br />

of 2012.<br />

Her academic formation consists in: “Doctorate of Laws,<br />

honoris causa, University of Edinburgh, U.K., for distinguished<br />

service in the field of international justice and<br />

human rights (2009); Master of Laws Degree with Distinction<br />

(LL.M.), University of Edinburgh, U.K. (1990);<br />

Bachelor of Laws Degree (LL.B.) Makerere University,<br />

Uganda (1977); Post-Graduate Diploma in Legal Practice,<br />

Law Development Centre, Uganda (1978); Certificate<br />

in Legislative Drafting, University of Colombo, Sri<br />

Lanka in conjunction with the Commonwealth Fund<br />

for Technical Co operation (CFTC) (1983); Certificate in<br />

Advanced Leadership Studies, Haggai Leadership Institute,<br />

Singapore (1998); Certificate in Alternative Dispute<br />

Resolution (ADR) Skills, National Judicial College,<br />

University of Nevada, Reno, USA (1997).”<br />

Her Previous Judicial and Legal Positions were “Judge of<br />

the Special Court for Sierra Leone (SCSL) (2005 2011);<br />

Presiding Judge of Trial Chamber II of the SCSL (2007<br />

2008, 2010-¬2011), handling several high profile war<br />

crime trials including the Prosecutor v. Charles Ghankay<br />

Taylor; Judge of the High Court of Uganda with<br />

original and appellate jurisdiction in civil and criminal<br />

cases (1996-2011); Chairperson, Judicial Commission<br />

of Inquiry into Corruption in the Uganda Police Force<br />

(1999 2000); Chairperson, Judicial Commission of Inquiry<br />

into Mismanagement in the Uganda People’s Defence<br />

Forces (2001); Chairperson, Judicial Commission<br />

of Inquiry into Corruption in the Uganda Revenue Authority<br />

(URA) (2002); Chairperson, Technology Planning<br />

Committee of the Uganda Judiciary (1998-2002); Legislative<br />

Consultant seconded by the Commonwealth<br />

Secretariat to the Republic of Namibia responsible for<br />

amendment and replacement of the country’s apartheid<br />

laws and training of Namibian legislative drafters<br />

(1991 1996); Principal State Attorney and Principal Parliamentary<br />

Counsel, Ministry of Justice, Uganda (1978<br />

1990) and Legislative Consultant on the multilateral<br />

committees responsible for drafting and amendment<br />

of the treaties establishing the Common Market for<br />

Eastern and Southern Africa (COMESA) and the Intergovernmental<br />

Authority on Drought and Development<br />

(IGADD) (1980 1990); Member of the Uganda Bar<br />

87


and Advocate of the Courts of Judicature of Uganda<br />

since 1979.”<br />

Judge Sebutinde has many papers and lectures published.<br />

She tends to be an expertise in international criminal<br />

justice and she is Always fighting for the world Peace. 44<br />

JUDGE RONNY ABRAHAM<br />

This judge has been a member of the Court since February<br />

15 th 2005 and was originally born in Egypt, but<br />

has French nationality.<br />

“Professor of international law, Institut d’études politiques<br />

of Paris (until 1998). Associate Professor, University<br />

of Paris X-Nanterre (1997-2003). Associate Professor,<br />

University of Paris II Panthéon-Assas (public<br />

international law, human rights) (2004-2005). Judge<br />

sitting in administrative courts (1978-1985 and 1987-<br />

1988). Assistant Director of the Office of Legal Affairs of<br />

the Ministry of Foreign Affairs (1986-1987). Maître des<br />

requêtes in the Conseil d’Etat (1988-2000), Conseiller<br />

d’État ( from 2000), Commissaire du gouvernement<br />

(advocate general) before the judicial organs of the<br />

Conseil d’Etat (1989-1998). Director of Legal Affairs<br />

at the French Ministry of Foreign Affairs (1998-2005).<br />

From 1998 to 2005, as head of the Legal Affairs Directorate<br />

at the French Ministry of Foreign Affairs, in charge<br />

of advising the Government on legal matters in the<br />

fields of general international public law, European Union<br />

law, international human rights law, the law of the<br />

sea and the Antarctic.”<br />

His most important cases are: “International Court of<br />

Justice: Legality of Use of Force (Serbia and Montenegro<br />

v. France); (request for indication of provisional<br />

measures, 1999, and on preliminary objections, 2004);<br />

Certain Criminal Proceedings in France (Republic of the<br />

Congo v. France) (request for the indication of provisional<br />

measure, 2003); Legal Consequences of the Construction<br />

of a Wall in the Occupied Palestinian Territory<br />

(request for an Advisory Opinion) (written statement of<br />

the French Republic, 30 January 2004).”. He was also a<br />

member of international arbitral tribunals. 45<br />

88<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

JUDGE KENNETH KEITH<br />

This kiwi judge has been a member of the Court since<br />

February 6 th 2006.<br />

“Studied law (1956-1965) at the University of Auckland,<br />

Victoria University of Wellington and Harvard Law<br />

School, qualifying for LL.B. and LL.M. degrees; Honorary<br />

LL.D. degrees, University of Auckland 2001 and Victoria<br />

University of Wellington 2004. Barrister and Solicitor<br />

of the High Court of New Zealand (1961); Queen’s<br />

Counsel (1994). Faculty member, Victoria University of<br />

Wellington (1962-1964, 1966-1991); Dean (1977-1981);<br />

now Professor Emeritus; also Visiting Professor at Osgoode<br />

Hall Law School, Toronto (1981-1982). Member<br />

of the Legal Division, New Zealand Department of External<br />

Affairs (1960-1962); Member of the Office of Legal<br />

Affairs (Codification Division) of the United Nations<br />

(1968-1970), primarily undertaking research for the<br />

International Law Commission and working with the<br />

Sixth Committee of the General Assembly, including<br />

the Committee on Friendly Relations; student intern in<br />

that Division (1965); Member of the New Zealand Law<br />

Commission (1986-1996, President 1991-1996).”<br />

He was “ Judge of the New Zealand Court of Appeal<br />

(1996-2003), and of the newly established Supreme<br />

Court of New Zealand (2004-2005); at various times<br />

Judge of Appeal in Samoa, the Cook Islands and Niue,<br />

Judge of the Supreme Court of Fiji; Member of the Judicial<br />

Committee of the Privy Council, London and Member<br />

of the New Zealand legal team in the Nuclear Tests<br />

cases before the International Court of Justice 1973, 1974<br />

and 1995; leader of the New Zealand delegation to two<br />

of the sessions of the Diplomatic Conference which prepared<br />

the 1977 additional protocols to the Geneva Conventions;<br />

member of the New Zealand National Group<br />

of the Permanent Court of Arbitration (1985-2007);<br />

member of the panel of arbitrators of the International<br />

Centre for the Settlement of Investment Disputes (1994-<br />

); President (2002-2006) and member (1991-2006) of the<br />

International Humanitarian Fact-Finding Commission<br />

under the first additional Protocol to the Geneva Conventions<br />

for the Protection of War Victims; member of<br />

the international arbitral tribunals in the Rainbow Warrior<br />

(1990) (New Zealand v. France) and Southern Bluefin<br />

Tuna (2000) (Australia and New Zealand v. Japan) cases;<br />

and Chair of NAFTA and ICSID tribunals.” 46


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

JUDGE HISASHI OWADA<br />

This judge is of Japanese nationality, has been a member<br />

of the Court since 6 February 2003 and has been<br />

President of the Court since 6 February 2009.<br />

“B.A., University of Tokyo (1955). LL.B., Cambridge University<br />

(1956). D. Phil. (honoris causa), Keiwa University,<br />

Japan (2000); LL.D. (honoris causa), Banaras Hindu University,<br />

India (2001), Waseda University, Japan (2004),<br />

and Groningen University, the Netherlands (2009).<br />

Honorary Professor, Leiden University. Professorial Academic<br />

Adviser, Hiroshima University. Professor, New<br />

York University Global Law School. Associé, l’Institut<br />

de Droit international (1995). Membre, l’Institut de<br />

Droit international (2001). Member, Permanent Court<br />

of Arbitration. Honorary Member, American Society<br />

of International Law. President, Asian Society of International<br />

Law. Member emeritus, Japanese Society of<br />

International Law. Member, Executive Council of the<br />

Japan Branch, International Law Association. Entered<br />

the Foreign Service of Japan. Private Secretary to the<br />

Minister for Foreign Affairs of Japan (1971-1972). Private<br />

Secretary to the Prime Minister of Japan (1976-<br />

1978). Director General, Treaties Bureau (Principal Legal<br />

Adviser), Ministry of Foreign Affairs (1984-1987).<br />

Ambassador, Permanent Representative of Japan to<br />

the OECD (1988-1989). Deputy Minister, Ministry of<br />

Foreign Affairs (1989-1991). Vice-Minister for Foreign<br />

Affairs (1991-1993). Ambassador, Permanent Representative<br />

of Japan to the United Nations (1994-1998).<br />

Special Adviser to the Minister for Foreign Affairs of<br />

Japan (1999-2003). President of the Japan Institute of<br />

International Affairs (1999-2003). Senior Adviser to the<br />

President of the World Bank (1999-2000). Adjunct Professor<br />

of International Law, University of Tokyo (1963-<br />

1988). Visiting Professor of International Law, Harvard<br />

Law School (1979-1981, 1987, 1989, 2000-2002). Inge<br />

Rennert Distinguished Visiting Professor of Law, New<br />

York University Law School (1994-1998). Adjunct Professor<br />

of International Law, Columbia Law School<br />

(1994-1998). Professor, the Hague Academy of International<br />

Law (1999). Professor of International Law,<br />

Waseda University Graduate School (2000-2003). Visiting<br />

Fellow Commoner of Trinity College, Cambridge<br />

University (2002). Member of the Japanese Delegation<br />

to the Second United Nations Conference on the Law<br />

of the Sea (1960). Alternate Representative of Japan to<br />

the United Nations Conference on the Law of Treaties<br />

(1968-1969). Head of the Japanese Delegation to the<br />

Committee on Peaceful Uses of the Sea Bed and Ocean<br />

Floor (1968-1972). Head of the Japanese Delegation to<br />

the Legal Sub-Committee of the United Nations Committee<br />

on Peaceful Uses of Outer Space (1968-1970).<br />

Head of the Japanese Delegation to the United Nations<br />

Special Committee on Friendly Relations (1968-1970);<br />

Chairman of the Drafting Committee of the Special<br />

Committee (1970). Rapporteur of the Sixth Committee<br />

of the United Nations General Assembly, Twenty-fifth<br />

Session (1970). Member of the Japanese Delegation to<br />

the United Nations General Assembly, Twenty-third to<br />

Twenty-fifth Sessions (Sixth Committee) (1968-1970).<br />

Alternate Representative of Japan to the United Nations<br />

General Assembly, Twenty-seventh to Twenty-eighth<br />

Sessions (1972-1973). Alternate Representative of Japan<br />

to the Third United Nations Conference on the Law<br />

of the Sea (1973-1982). Adviser to the Japanese Delegation<br />

to the United Nations General Assembly, Thirtyninth<br />

to Forty-first (1984-1986) and Forty-fourth to Forty-fifth<br />

Sessions (1989-1990). Representative of Japan<br />

to the United Nations General Assembly, Forty-ninth<br />

to Fifty-third Sessions (1994-1998). Representative of<br />

Japan to the World Summit for Social Development<br />

in Copenhagen (1994). Representative of Japan to the<br />

Fourth World Conference on Women in Beijing (1995).<br />

Representative of Japan to the Assembly of Heads of<br />

State and Government, Organization of African Unity,<br />

31st to 33rd Sessions (1995-1997). Representative of<br />

Japan to the General Assembly of the Organization of<br />

American States (1996). Representative of Japan to the<br />

United Nations Security Council (1997-1998), President<br />

of the Security Council (1997, 1998). Representative of<br />

Japan to the Ministerial Meeting of the Non-Aligned<br />

Movement (1997-1998). Representative of Japan to<br />

the Summit Meeting of the Non-Aligned Movement<br />

(1998). Head of the Japanese Delegation to the United<br />

Nations Diplomatic Conference on the Establishment<br />

of an International Criminal Court (1998).” 47<br />

His main honnour are: Humanitarian Studentship in<br />

International Law from Cambridge University (1958-<br />

1959);. Al-Istiqlal Order, First Class from the Hashemite<br />

Kingdom of Jordan (1990); Officier, Légion d’Honneur<br />

from France (1992) and Grand Cross of the Order of Merit<br />

awarded by the Federal Republic of Germany (1994).<br />

89


JUDGE MOHAMED BENNOUNA<br />

This Moroccan judge has been a member of the Court<br />

since February 6 th 2006.<br />

“Doctor of International Law, Professor of International<br />

Law. Diploma from the Hague Academy of International<br />

Law. Member of the Institute of International Law.<br />

Professional activities: Ambassador, Permanent Representative<br />

of the Kingdom of Morocco to the United<br />

Nations (March 2001-February 2006). Judge of the International<br />

Criminal Tribunal for the former Yugoslavia,<br />

The Hague (1998-2001). Director General of the Arab<br />

World Institute (Institut du monde arabe, Paris) (1991-<br />

1998). Ambassador, Deputy Permanent Representative<br />

to the United Nations (1985-1989). Professor and<br />

later Dean of the Faculty of Law in Rabat (Morocco)<br />

(1972-1984). Founder and first Director of the Revue<br />

juridique, politique et économique de Maroc (1976).<br />

Visiting Professor at various universities: Tunis, Algiers,<br />

Nice, New York, Thessaloniki, Paris. Judge ad hoc of the<br />

International Court of Justice for the dispute between<br />

the Republic of Benin and the Republic of Niger (2002-<br />

2005). Chairman of the Sixth Committee (Legal Matters)<br />

at the Fifty-ninth Session of the General Assembly<br />

of the United Nations. Chairman of G77 and China<br />

at the United Nations (2003). Member of the Unesco<br />

World Commission on the Ethics of Scientific Knowledge<br />

and Technology (COMEST) (2002-2006). Member<br />

of the Unesco International Bioethics Committee<br />

(1992-1998) and of the Unesco International Panel on<br />

Democracy and Development (1997-2002). Chairman<br />

of a panel of the United Nations Compensation Commission,<br />

Geneva (1992-1995). Member of the United<br />

Nations International Law Commission, Geneva (1986-<br />

1998). First Special Rapporteur of the International Law<br />

Commission on the question of diplomatic protection<br />

(1997-1998). Legal Counsel to the Moroccan delegation<br />

at numerous sessions of the United Nations General<br />

Assembly (1974-1985). Member of the Moroccan<br />

delegation at the United Nations Conference on the<br />

Law of the Sea (1974-1982).” 48<br />

His main awards are: National prize for culture (Morocco);<br />

Medal for culture (Yemen); and Knight of the National<br />

Order of the Legion of Honour (France).<br />

90<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

JUDGE LEONID SKOTNIKOV<br />

This judge has been a member of the Court since February<br />

6 th 2006 and he is from the Russian Federation.<br />

“Diploma in International Law; Moscow Institute of International<br />

Relations (1974). Fellow, Center for International<br />

Affairs, Harvard University (1990). Officer (legal<br />

issues), Consular Department, Ministry of Foreign Affairs<br />

of the USSR (1974-1977). Officer (United Nations<br />

General Assembly Third and Sixth Committees matters),<br />

Permanent Mission of the USSR to the United Nations<br />

(1977-1981). Officer (human rights issues) (1981-1986),<br />

then Head of Division (general problems of international<br />

law, co-operation in countering new threats and<br />

challenges) (1987-1991), Legal Department, Ministry of<br />

Foreign Affairs of the USSR. Director (1991-1992), Legal<br />

Department, Ministry of Foreign Affairs of the Russian<br />

Federation (1991-1992). Ambassador Extraordinary and<br />

Plenipotentiary of the Russian Federation to the Kingdom<br />

of the Netherlands (1992-1998). Director, Legal Department,<br />

Member of the Collegium, Ministry of Foreign<br />

Affairs of the Russian Federation (1998-2001). Ambassador,<br />

Permanent Representative of the Russian Federation<br />

to the United Nations Office and other International<br />

Organizations in Geneva, as well as to the Conference<br />

on Disarmament (2001-2005). “<br />

“His most important Participations in major international<br />

forums and negotiations are as: “ Member of the<br />

delegation of the USSR to the negotiations on bilateral<br />

consular conventions between the Government of the<br />

USSR and the Governments of the People’s Democratic<br />

Republic of Algeria, the Republic of Benin, the Republic<br />

of Cape Verde, the Republic of Mali, the Republic<br />

of Tunisia, the Republic of Turkey (1976-1977). Representative<br />

of the USSR to the United Nations General<br />

Assembly intersessional Working Group to elaborate<br />

an international convention on the protection of the<br />

rights of all migrant workers and their families (1979-<br />

1981). Representative of the USSR to the United Nations<br />

General Assembly 37th Session Working Group<br />

on Principles of Medical Ethics relevant to the role of<br />

health personnel, particularly physicians, in the protection<br />

of prisoners and detainees against “torture, and<br />

other cruel, inhuman or degrading treatment or punishment<br />

(1982) and others. 49


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

JUDGE ANTôNIO AUGUSTO CANçADO<br />

TRINDA<strong>DE</strong><br />

This Brazilian judge has been a Member of the Court<br />

since February 6 th 2009.<br />

“PhD in International Law (1977), University of Cambridge,<br />

United Kingdom, with the thesis on “Developments<br />

in the Rule of Exhaustion of Local Remedies in<br />

International Law”. LL.M. in International Law, University<br />

of Cambridge (1973); LL.B. in Law, Federal University<br />

of Minas Gerais, Brazil (First Prize in Civil Law, 1969).<br />

President of the Inter-American Court of Human Rights<br />

(elected 1999, re-elected 2002); Vice-President of the<br />

Inter-American Court of Human Rights (elected 1997);<br />

Judge of the Inter-American Court of Human Rights<br />

(elected 1995, re-elected by acclamation 2000); former<br />

Judge ad hoc of the Inter-American Court of Human<br />

Rights (two cases, 1990-1994). Executive Director of<br />

the Inter-American Institute of Human Rights (elected<br />

unanimously, 1994-1996). Member of the Board<br />

of Directors of the Inter-American Institute of Human<br />

Rights (elected 1988-1991, re-elected unanimously<br />

1991-1994, re-elected unanimously 1996 at the end of<br />

term as Executive Director); External Legal Adviser to<br />

the Inter-American Institute of Human Rights (1991-<br />

1994); delegate of the Inter-American Institute of Human<br />

Rights to the regional meeting of Latin America<br />

and the Caribbean preparatory to the United Nations<br />

World Conference on Human Rights (1993) and to other<br />

“satellite-meetings” for the Second United Nations<br />

World Conference on Human Rights (Vienna, 1993);<br />

Head of the Delegation of the Inter-American Institute<br />

of Human Rights to the Central American Conference<br />

on Peace and Development (Tegucigalpa, 1994). Legal<br />

Adviser to the Ministry of External Relations of Brazil<br />

(1985-1990); Deputy Head of the Delegation of Brazil<br />

to the United Nations Conference on the Law of Treaties<br />

between States and International Organizations<br />

(Vienna, 1986); Delegate of Brazil to the Second World<br />

Conference on Human Rights (Vienna, 1993); Special<br />

Envoy of the Minister of External Relations of Brazil to<br />

Chile for Questions Pertaining to Human Rights (Santiago,<br />

1993-1994); Delegate of Brazil to the twentyfourth<br />

General Assembly of OAS (Belém do Pará, Brazil,<br />

1994); Delegate of Brazil to the fourteenth General<br />

Assembly of OAS (Brasilia, 1984); Delegate of Brazil to<br />

the Conferences on the Latin American Parliament<br />

(Cartagena and Lima, 1987); Delegate of Brazil to the<br />

Joint Meeting of the Contadora Group and the Group<br />

of Support (Cartagena, 1985); Head of the Delegation<br />

of Brazil to the United Nations Conference on the Code<br />

of Conduct for Transfer of Technology (Geneva, 1983);<br />

Legal Adviser to the Delegation of Brazil to the Sixth<br />

Conference of the Brazilian-French Mixed Commission<br />

of Demarcation of Limits (1981). Expert of the United<br />

Nations and Lecturer in the United Nations Global Consultation<br />

on the right to development as a human right<br />

(Geneva, 1990); Member of the Group of Senior Legal<br />

Advisers to UNEP (Nairobi, 1990-1992), participant of<br />

the meetings in Malta (1990), Nairobi (January and September<br />

1991), Geneva (March and July 1991), Beijing<br />

(1991), Rio de Janeiro (1991-1992), Nairobi (September<br />

1992); Member of the Advisory Committee of Experts<br />

in International Environmental Law of the United Nations<br />

University (1984-1987), participant at the meetings<br />

at The Hague (1984), Rio de Janeiro (1985), Strasbourg<br />

(1986), Goa, India (1987). Adviser of UNDP for its<br />

project of advisory services to and modernization of<br />

the Foreign Offices of Latin American countries (1988<br />

— Chile, Brazil, Dominican Republic, Mexico, Guatemala);<br />

Adviser of UNEP for the elaboration of the project<br />

of environmental legislation of Sao Tome and Principe<br />

(1992); Member of the Group of Jurists of the Comisión<br />

Sudamericana de Paz, entrusted with the elaboration<br />

of the first draft of the Treaty of Zone of Peace in South<br />

America (Brasilia, August 1989, and Montevideo, June<br />

1990). Member of the Commission of Jurists of OAS for<br />

Nicaragua (1993-1994). Member of the Commission of<br />

Senior Legal Advisers to the Office of the United Nations<br />

High Commissioner for Refugees (UNHCR) for<br />

the final evaluation of the process of the International<br />

Conference on Central American Refugees (Mexico<br />

City, 1994); Legal Adviser to the Council of Europe in<br />

the case concerning the 1995 Minsk Convention on<br />

Human Rights (1995). Member of the Commission of<br />

Advisers to UNESCO on the Right to Peace as a Human<br />

Right (participant of the meetings of Las Palmas, Spain,<br />

February 1997, and Oslo, June 1997). Research supervisor<br />

for the project on humanitarian law and customary<br />

law, of the International Committee of the Red Cross<br />

(1997). Arbitrator, International Centre for Settlement<br />

of Investment Disputes (2006-2008). Director of the<br />

Brazilian Journal of International Law (published every<br />

semester: Director since 1985); Co-Director of the<br />

Brazilian Journal of Human Rights (since 2001); Brazilian<br />

editor of the International Legal Materials (Washington/American<br />

Society of International Law, since<br />

91


1981); Member of the Editorial Council of the Review<br />

“Arquivos” of the Ministry of Justice of Brazil (1987-<br />

2002); Member of the Editorial Board of the Brazilian<br />

Journal of International Politics (since 1993); Member<br />

of the Editorial Board of “International Newsletter” of<br />

the University of São Paulo, Brazil (since 1997).” 50<br />

He teached at the Hague Academy of International<br />

Law, at the OAS Inter-American Juridical Committee’s<br />

Courses, at the International Institute of Human Rights<br />

(Strasbourg), at the Inter-American Institute of Human<br />

Rights (San José, Costa Rica).<br />

JUDGE ABDULQAWA AHMED YUSUF<br />

This judge has been a member of the Court since February<br />

6 th 2009 and he is from Somalia.<br />

“Docteur ès sciences politiques (International Law),<br />

Graduate Institute of International Studies, University<br />

of Geneva (1980). Laurea di Dottore in Giurisprudenza<br />

(Dr. Juris), Faculty of Law, Somali National University<br />

(1973). Certificate, Centre for Studies and Research in<br />

International Law, Hague Academy of International<br />

Law (1974). Post-Graduate studies in International Law<br />

and Relations, University of Florence, Italy (1976-1977).<br />

Judge ad hoc at the International Court of Justice in<br />

the case concerning Certain Questions of Mutual Assistance<br />

in Criminal Matters (Djibouti v. France). UNESCO: -<br />

Legal Adviser and Director of the Office of International<br />

Standards and Legal Affairs (March 2001-January<br />

2009). UNIDO: - Assistant Director-General and Special<br />

Adviser on African Affairs (March 1998-February 2001).<br />

Acting Managing Director, Country Programmes and<br />

Funds Mobilization Division (August 1997-March<br />

1998). Legal Adviser and Director of the Legal Service<br />

(August 1994-March 1998). UNCTAD: - Representative<br />

and Head, New York Office of UNCTAD (July 1992-<br />

July 1994). Senior Liaison Officer, United Nations Programme<br />

of Action for the Least Developed Countries,<br />

New York (1992-1994). - Head, Legal Policies Section,<br />

Trade & Technology Programme, Geneva (July 1988-<br />

June 1992). Legal Officer, Technology Division, Geneva<br />

(December 1981-June 1988). UNTAG, Namibia: -Liaison<br />

Officer in the Office of the Special Representative of<br />

the Secretary-General and Adviser to the Commander<br />

of the United Nations peacekeeping forces (May-June<br />

92<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

1989); Deputy Regional Director and Electoral Supervisor<br />

(Ovambo, Namibia) (August-December 1989).” 51<br />

JUDGE CHRISTOPHER GREENWOOD<br />

This judge has been a member of the Court since February<br />

6 th 2009 and he is from United Kingdom of Great<br />

Britain and Northern Ireland.<br />

“Knight Bachelor, for services to public international<br />

law, 2009. Companion of the Order of Saint Michael and<br />

Saint George, 2002. Educated at Raeburn Park School,<br />

Singapore, and Wellingborough School, United Kingdom.<br />

Studied law at Magdalene College, Cambridge:<br />

BA (1976), LL.B (1977), MA (1980). Fellow of Magdalene<br />

College, Cambridge (1978-1996), Fellow Commoner<br />

(1996-2009), Honorary Fellow (2009). Assistant Lecturer<br />

in Law (1981-1984) and Lecturer in Law (1984-1996),<br />

University of Cambridge; Professor of International<br />

Law, London School of Economics (1996-2009). Barrister,<br />

Middle Temple (1978); Queen’s Counsel (1999);<br />

Bencher, Middle Temple (2003). Member of the Panels<br />

of Arbitrators for the Law of the Sea Treaty and the<br />

International Centre for the Settlement of Investment<br />

Disputes. Counsel before the International Court of<br />

Justice in Aerial Incident at Lockerbie (Libya v. United<br />

Kingdom); Advisory Opinions on Nuclear Weapons; Legality<br />

of Use of Force (Yugoslavia v. United Kingdom);<br />

Legality of Use of Force (Serbia and Montenegro v.<br />

United Kingdom); Armed Activities on the Territory of<br />

the Congo(Democratic Republic of Congo v. Rwanda);<br />

Territorial and Maritime Dispute between Nicaragua<br />

and Honduras in the Caribbean Sea (Nicaragua v. Honduras).<br />

Counsel before the European Court of Human<br />

Rights, the Court of Justice of the European Communities,<br />

the International Criminal Tribunal for the Former<br />

Yugoslavia, the United Nations Compensation Commission<br />

and various international arbitration tribunals. Appearances<br />

as Counsel before the English courts include:<br />

R. v. Bow Street Magistrate, ex parte Pinochet (No. 1)<br />

[2000] 1 AC 147 and (No. 3) [2000] 1 AC 147 (House of<br />

Lords); Holland v. Lampen-Wolfe [2000] 1 WLR 1573<br />

(House of Lords), Kuwait Airways Corporation v. Iraqi<br />

Airways Co. [2002] 2 AC 883 (House of Lords); R (European<br />

Roma Rights Centre) v. Immigration Officer [2005]<br />

2 AC 1 (House of Lords); Jones v. Saudi Arabia [2007]<br />

1 AC 270 (House of Lords); R (Al-Skeini) v. Secretary of


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

State [2008] 1 AC 153 (House of Lords); R (Al-Jedda) v.<br />

Secretary of State [2008] 1 AC 332. Counsel in cases in<br />

Bermuda and Gibraltar; expert witness in cases in the<br />

United States of America and Canada. President, Arbitration<br />

Tribunal, Corn Products v. United Mexican States<br />

(NAFTA-ICSID, 2004-2009); Member Arbitration Tribunals:<br />

Larsen v. Hawaiian Kingdom (Permanent Court of<br />

Arbitration, 2001), Azpetrol v. Azerbaijan (ICSID, 2006-<br />

2009), European Media Ventures v. Czech Republic<br />

(2007-2009) and various other cases.” 52<br />

JUDGE XUE HANQIN<br />

This Chinese judge has been a Member of the Court<br />

since June 29 th 2010.<br />

“B.A., Beijing Foreign Language Studies University<br />

(1980); Diploma of International law, Beijing University,<br />

Department of Law (1982); LL.M., Columbia University<br />

School of Law (1983); J.S.D., Columbia University<br />

School of Law (1995). Professor at Wuhan University<br />

School of Law. Vice-President and Board member, Chinese<br />

Society of International Law. Vice-President Chinese<br />

Society of Private International Law. Associate,<br />

Institut de droit international (2005). Member, Institut<br />

de droit international (since 2009). President, Asian Society<br />

of International Law. Member of the Curatorium<br />

of the Hague Academy of International Law (since<br />

2010). Entered the Foreign Ministry of China (1980).<br />

Deputy Director-General, Department of Treaty and<br />

Law, Ministry of Foreign Affairs (1994-1999). Director-<br />

General, Department of Treaty and Law, Ministry of<br />

Foreign Affairs (1999-2003). Ambassador of China to<br />

the Kingdom of the Netherlands, and Permanent Representative<br />

of China to the Organization for the Prohibition<br />

of Chemical Weapons (2003-2008). Ambassador<br />

to ASEAN, Legal Counsel of the Ministry, Ministry of<br />

Foreign Affairs of China (2008-2010). Member of the<br />

International Law Commission (elected in 2001 and reelected<br />

in 2006 by the United Nations General Assembly<br />

for the term 2007-2011). Chairman of the International<br />

Law Commission (2010). Member of the Chinese<br />

delegation, United Nations Special Committee on the<br />

Charter and the Strengthening of the Role of the Organization<br />

(1982, 1990, 1993). Member of the Chinese<br />

delegation, United Nations Committee on the Peaceful<br />

Uses of Outer Space and its Legal Sub-Committee<br />

(1980-1984). Delegation legal adviser, IAEA Legal Experts<br />

meeting on the drafting of the two conventions<br />

on early notification and emergency assistance (1986).<br />

Member of the Chinese delegation, Sixth Committee,<br />

United Nations General Assembly (1986-1987). Member<br />

of the Chinese delegation, ICAO Legal Committee<br />

meeting on the drafting of the Protocol for the Suppression<br />

of Unlawful Acts of Violence at International<br />

Airports, Supplementary to the Montreal Convention<br />

(1987-1988). Member of the Chinese delegation, Third<br />

Committee, United Nations General Assembly (1993).<br />

Legal expert, Meeting of Legal Experts on the establishment<br />

of the International Tribunal for the Former<br />

Yugoslavia (1993). Head of the Chinese delegation,<br />

experts meeting on the United Nations Convention on<br />

Jurisdictional Immunities of States and Their Property<br />

(1994). Head of the Chinese delegation, The Hague<br />

Conference on Private International Law, meeting on<br />

the question of the application of the Convention on<br />

Protection of Children and Cooperation in Respect of<br />

Intercountry Adoption (1994). Head of the Chinese delegation,<br />

United Nations meeting on the protection of<br />

the safety of United Nations Personnel and Associated<br />

Personnel (1994). Head of the Chinese delegation, INCD<br />

meetings on United Nations Convention to Combat<br />

Desertification (1995). Head of the Chinese delegation,<br />

Framework Convention on Climate Change meeting,<br />

Berlin Mandate (1996). Deputy-Head of the Chinese<br />

delegation presenting national report on implementation<br />

of the International Convention on the Elimination<br />

of All Forms of Racial Discrimination (1996). Member<br />

of the Chinese delegation, The Hague Conference on<br />

Private International Law, meeting on the recognition<br />

and enforcement of foreign judgments (1998). Head<br />

of the Chinese delegation, legal experts meeting on<br />

the drafting of the United Nations Convention against<br />

Transnational Organized Crime (1998-1999). Deputy-<br />

Head of the Chinese delegation, presenting national<br />

report on implementation of the Convention on the<br />

Elimination of All Forms of Discrimination against<br />

Women (1999). Chairperson, Informal Advisory Group<br />

on the admission of the European Community to The<br />

Hague Conference (2004). Vice-chairperson, twentieth<br />

session of The Hague Conference of Private International<br />

Law (2005).” 53<br />

93


JUDGE JOAN E. DONOGHUE<br />

This judge has been a member of the Court since September<br />

9 th 2010 and she is from the United States of America.<br />

“United States Department of State 2007-2010: Principal<br />

Deputy Legal Adviser: Senior career attorney of the<br />

Department of State; Acting Legal Adviser, January to<br />

June 2009 (advice to Secretary Clinton and President<br />

Obama on all aspects of international law); Advice on<br />

development, interpretation and application of international<br />

humanitarian law and human rights law;<br />

United States submissions in advisory proceedings in<br />

Accordance with International Law of the Unilateral<br />

Declaration of Independence by the Provisional Institutions<br />

of Self-Government of Kosovo (International<br />

Court of Justice); Advice on drafting, negotiation and<br />

implementation of resolutions of the Security Council,<br />

General Assembly and other United Nations bodies;<br />

Oversight of legal work related to the law of the sea,<br />

Antarctica, the Arctic, fisheries and the environment;<br />

Supervision of United States advocacy in Iran-United<br />

States Claims Tribunal and North American Free-Trade<br />

Agreement (NAFTA) investor-state arbitration; Head<br />

of delegation, bilateral claims negotiations with Iraq;<br />

Legal advice and congressional testimony regarding<br />

2008 United States-Iraq Security Agreement and Strategic<br />

Framework Agreement; Implementation of President<br />

Obama’s Executive Orders on Guantanamo, detention<br />

and interrogation; Oversight of treaty approval<br />

process, including testimony for advice and consent of<br />

United States Senate; Representative to United States-<br />

European Union Legal Dialogue; Representative to<br />

Council of Europe Committee of Legal Advisers.” 54<br />

Her main awards are: Distinguished Honor Award<br />

(highest award given by the Secretary of State) (2009);<br />

Presidential Rank Award (Meritorious Executive) (2009);<br />

Younger Federal Lawyer (awarded by the Federal Bar<br />

Association) (1988).<br />

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53. INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE. Judge Xue<br />

Hanqin. Available at: http://www.icj-cij.org/court/index.<br />

php?p1=1&p2=2&p3=1&judge=170. Last visit: 20/03/2012.<br />

54. INTERNATIONAL COURT OF JUSTICE. Judge Joan E.<br />

Donoghue. Available at: http://www.icj-cij.org/court/index.<br />

php?p1=1&p2=2&p3=1&judge=171. Last visit: 20/03/2012.<br />

99


LEA – Liga dos Estados Árabes<br />

Buscando soluções para a crise na Líbia


102<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Visando a inovação e a abordagem de um tema atual de grande interesse, a Liga dos Estados Árabes (LEA) é um<br />

organismo regional internacional desconhecido para muitos, mas que possui grande importância para discutir os<br />

assuntos da região árabe. Dentre os tantos movimentos antiditatoriais que vêm ocorrendo nos últimos anos, a Líbia<br />

foi escolhida para ser abordada neste Comitê por se tratar de um conflito que acompanhamos quase que ao vivo<br />

desde o ano passado, acreditando que ele seja de extrema importância no cenário internacional.<br />

A Liga dos Estados Árabes (LEA) será dirigida por Beatriz Ahualle, Nelson Nunes Filho e Vanessa Bougiotakis. Beatriz<br />

Ahualle é aluna do 6º semestre de Relações Internacionais na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). Seu<br />

histórico dentro do Fórum FAAP se resume a: delegada em 2007 da Organização Mundial de Comércio (OMC) e, em<br />

2008, do Comitê de Desarmamento e Segurança Internacional (DSI); voluntária de Comunicação em 2009; diretora<br />

adjunta, em 2010, do Conselho de Direitos Humanos (CDH); e diretora, em 2011, do Conselho de Segurança das<br />

Nações Unidas (CSNU).<br />

Nelson Nunes Filho é aluno do 3º semestre de Relações Internacionais também da FAAP. Seu histórico dentro do<br />

Fórum FAAP e do mundo das simulações se resume a: voluntário em 2011 da Comissão Econômica para a América<br />

Latina e o Caribe (CEPAL); participante, juntamente com Beatriz Ahualle, na Simulação Interna das Nações Unidas do<br />

Colégio São Luiz, de São Paulo. Vanessa Bougiotakis é aluna do 3º semestre de Relações Internacionais da mesma<br />

instituição. Seu histórico dentro do Fórum FAAP e do mundo das simulações se resume a: delegada em 2010 do<br />

United Nations Development Programme (UNDP) e do UFRGSMUN Programme (UNDP); voluntária, juntamente com<br />

Nelson Nunes, em 2011, da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL).<br />

O tema Buscando soluções para a crise na Líbia foi escolhido por nós em decorrência da atenção exigida a um país<br />

que sofre com um futuro incerto, buscando regionalmente solucionar os tantos problemas deixados pela saída e<br />

morte do governo vigente de Muammar Abu Minyar al-Gaddafi e pela insatisfação dos grupos étnicos líbios com o<br />

Conselho Nacional de Transição. No cenário da Liga Árabe, os 22 membros deverão averiguar todos os danos causados<br />

pelo confronto, como, por exemplo, a questão dos direitos humanos, dos refugiados, a destruição das cidades<br />

afetadas, a repercussão econômica, entre outros, sem esquecer a questão central: a política.<br />

BEATRIz AHUALLE<br />

NELSON NUNES fILHO<br />

VANESSA BOUGIOTAKIS<br />

Diretores Acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Introdução<br />

Movimentos revoltosos como os que vêm ocorrendo<br />

na Líbia são resultados de problemas internos que o<br />

país enfrenta, os quais, por não serem resolvidos, fazem<br />

com que a população não se satisfaça com a realidade<br />

local, fazendo surgir uma frente opositora que se<br />

revolta contra o governo, que não age em relação ao<br />

descontentamento de seu povo.<br />

Em fevereiro de 2011, após a eclosão dos movimentos<br />

decorridos na Tunísia e no Egito, o governo líbio sofreu<br />

brutal repressão e protestos populares em Trípoli, capital<br />

líbia, e Benghazi, segunda maior cidade do país. 1 Os<br />

protestos eram contra o líder Gaddafi e exigiam sua saída.<br />

Forças da oposição, que haviam formado um Conselho<br />

Nacional de Transição (CNT), tomaram o controle<br />

de Benghazi. As intenções do Conselho perpetuavam-<br />

-se na eliminação de Gaddafi do poder e a implantação<br />

de um sistema democrático, livre e que respeitasse dos<br />

direitos humanos universais no país. 2<br />

A obrigação de formação de uma unidade árabe, 3 já extinta<br />

havia alguns séculos, foi tomando forma a partir<br />

do fim da Segunda Guerra Mundial, período que abriu<br />

caminho para o crescimento dos movimentos nacionalistas<br />

e de resistência à presença colonial. Como reflexo,<br />

ocorreu um movimento denominado Primavera Árabe 4 ,<br />

o qual diz respeito a uma sequência de processos de independência<br />

entre os países árabes. A partir de tal movimento,<br />

ficou ainda mais necessário o estabelecimento<br />

de um equilíbrio das forças internas da região.<br />

No caso líbio, a Liga dos Estados Árabes deve dar a devida<br />

importância às consequências do confronto entre<br />

forças pró e anti- Gaddafi e estabelecer as possíveis soluções<br />

para os mesmos. A queda iminente de Gaddafi<br />

aparentava ser a solução para o fim da ditadura do<br />

país e da insatisfação de sua população; entretanto, tal<br />

fato encerra somente um ciclo na história da liderança<br />

do país, mas deixa para trás um país em transição, que<br />

deve se organizar e se reconstruir internamente para<br />

que possa então atingir estabilidade.<br />

A situação atual da Líbia envolve inúmeras questões<br />

de gestão interna e inserção internacional, devendo<br />

todas elas serem abordadas no comitê. Com o reconhecimento<br />

da Liga no envolvimento de questões<br />

políticas, econômicas e sociais e violação dos direitos<br />

humanos, o foco, com a morte de Gaddafi, passa a ser a<br />

reconstrução da sociedade líbia. O país deve olhar para<br />

o futuro e buscar a instauração da paz e de um governo<br />

plenipotenciário a fim de acabar com mais um dos<br />

tantos fatores que desestabilizam a região.<br />

Histórico do Comitê<br />

A Liga surge da vontade de independência, uma vez que<br />

os países da região ainda viviam sob o poder do colonialismo<br />

e da busca pela prevenção da criação de um Estado<br />

judaico independente a partir da Segunda Guerra<br />

Mundial. A partir do momento em que as ideias nacionalistas<br />

foram intensificadas, unir tais forças em busca<br />

de identidade comum e independência foi a resposta,<br />

destacando-se o papel do Egito, atrelado à ameaça de<br />

movimentos sionistas. Havia, ainda, um desentendimento<br />

cada vez maior com o Ocidente em contraposição<br />

ao intercâmbio comercial e à circulação de pessoas,<br />

principalmente entre países árabes do leste. 5<br />

Com os Estados Unidos focando suas relações nas áreas<br />

fronteiriças à União Soviética, na China e na Europa<br />

Oriental, a região árabe passou a ser interessante à Grã-<br />

-Bretanha, a qual deu total apoio à criação da Liga Árabe,<br />

acreditando que seria na existência de tal instituição<br />

que encontraria um meio de esses países servirem<br />

a seus interesses. Não obstante, a região se mostrava<br />

rica em reservas petrolíferas, com mais de 60% das reservas<br />

conhecidas na época, além de ser o curso de importantes<br />

rotas internacionais, como o Canal de Suez,<br />

que era a passagem entre Oriente e Ocidente. 6<br />

Frente ao intenso interesse externo e havendo a necessidade<br />

de proteger a região, o momento histórico<br />

pedia a cooperação dos Estados árabes, assim, o<br />

primeiro-ministro egípcio, Mustafa Nahas, convocou o<br />

primeiro-ministro da Síria, Jamil Mardam ,e o presidente<br />

do Bloco Nacional Libanês, Bishara Khoury, para que<br />

fosse discutida a ideia de criação de uma unidade árabe<br />

objetivando estreitar os laços entre os países que dele<br />

fariam parte. Durante as discussões, foram elencados<br />

princípios como a igualdade de condição entre os Estados,<br />

o respeito à independência e à soberania, com<br />

as relações entre os membros sendo para o benefício<br />

dos mesmos, além das obrigações de cada membro,<br />

como o respeito ao regime de cada país e à unidade<br />

103


territorial – princípio da não intervenção em assuntos<br />

internos, a resolução dos conflitos por meios pacíficos,<br />

a coordenação das políticas externas, sem causar prejuízos<br />

a nenhuma membro, a cooperação em represália a<br />

qualquer membro e a cooperação em outros assuntos,<br />

tais como no âmbito social, econômico e cultural. 7<br />

Em 22 de março de 1945, foi assinada a Carta da Liga<br />

dos Estados Árabes por Egito, Iraque, Jordânia, 8 Líbano e<br />

Síria, e posteriormente por Arábia Saudita e Iêmen, contando<br />

ainda com a participação de um representante<br />

do povo palestino. 9 Associadas, as linhas divisórias antes<br />

pró e contra soviéticos na Guerra Fria e as divisões internas<br />

com as disputas entre os Estados árabes 10 tinham<br />

como meta a coordenação das políticas desses países<br />

e a mediação dos conflitos regionais, além do fim definitivo<br />

da dominação colonial na região, da prevenção<br />

de formação no território palestino de um estado sionista<br />

judeu e de promover a cultura árabe. Na época, a<br />

Liga dos Estados Árabes tinha pouca influência nas Nações<br />

Unidas, isso mudou quando passou a possuir mais<br />

membros e os Estados conseguiram sua independência.<br />

Assim ela se tornou o símbolo da unidade.<br />

A Carta foi uma reconciliação entre os países árabes,<br />

tendo como base a igualdade e o respeito mútuo pela<br />

independência dos Estados, uma vez que a iniciativa<br />

de criar o organismo não foi uma imposição pelo país<br />

de maior poder regional, mas sim o resultado de um<br />

equilíbrio entre as partes assinantes, atrelado a um<br />

consenso político e à satisfação pública. 11 O reconhecimento<br />

da soberania de cada membro foi fundamental<br />

para a realização de votação por unanimidade, visionando<br />

que questões futuras fossem solucionados de<br />

forma conjunta e por meios pacíficos. 12<br />

Esse é o organismo mais funcional e completo quando<br />

se trata de integração regional no Oriente Médio, pois a<br />

Liga dos Estados Árabes busca melhorar o nível econômico<br />

e a harmonia política através da unificação de interesses<br />

dos Estados membros, moldando uma política<br />

comum do mundo árabe em relação a questões internacionais.<br />

A Liga foi estabelecida em 22 de março de 1945,<br />

durante um período de nacionalismo árabe e resistência<br />

contra Israel, e seus membros são países que falam<br />

árabe, adotam árabe como sua própria língua e neles a<br />

cultura árabe é dominante. Existem hoje 22 membros<br />

na Liga e quatro observadores. A governança da Liga é<br />

uma versão simplificada e há divisão de poder.<br />

104<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

O Conselho é formado pelos ministros das Relações<br />

Exteriores e Missões Permanentes e se encontra em<br />

reuniões semianuais e o secretário-geral é comparável<br />

ao mesmo das Nações Unidas em termos de autoridade<br />

e obrigações. Existe também o Conselho de Defesa<br />

Conjunta e o Econômico e Social, além de comitês<br />

que tratam de questões específicas. 13 Mesmo que os<br />

membros gozem de cultura e opiniões semelhantes<br />

em algumas questões, rivalidades entre alguns e disparidades<br />

em desenvolvimento econômico movem os<br />

debates entre os membros da Liga, dificultando o consenso<br />

entre eles. O objetivo principal da Liga é aproximar<br />

as relações entre os membros e coordenar a cooperação<br />

entre eles para salvaguardar independência e<br />

soberania da região e para considerar de maneira geral<br />

as questões e interesses dos países árabes. 14<br />

Ao longo de sua existência, podem ser destacadas quatro<br />

atuações principais da Liga dos Estados Árabes, sendo<br />

a primeira a contribuição que teve no processo de<br />

independência dos Estados Árabes, apoiando os empenhos<br />

de liberdade, fato que teve consequência direta na<br />

inclusão de vários outros países. A segunda trata-se da<br />

participação efetiva na solução de problemas regionais,<br />

em decorrência de ser aceita por ambas as partes envolvidas<br />

nos conflitos, criando, ainda, forças temporárias de<br />

segurança. O incentivo à cooperação árabe apresenta-<br />

-se como a terceira importante atuação da Liga, com a<br />

ampliação dos temas de discussão, entre eles, desenvolvimento<br />

econômico, cultura, emprego, assuntos sociais,<br />

comunicação e mídia. A última, e talvez principal, realização<br />

da Liga foi a representação árabe nos organismos<br />

internacionais, como a Organização das Nações Unidas<br />

(ONU) e a União Africana. 15 A união entre os países árabes<br />

e africanos significou uma maior participação destes<br />

nas discussões internacionais, obtendo maior atenção<br />

por parte dos países europeus e dos Estados Unidos<br />

quanto a seus problemas e suas causas. O objetivo principal<br />

sempre foi a cooperação para formar instituições<br />

comuns envolvendo países dos dois grupos. 16<br />

Histórico do Tema<br />

Ao longo de sua história, a Líbia esteve sob controle<br />

de diferentes grupos, como os fenícios, os gregos e os<br />

bizantinos, mas foi no século VII a.C. que os árabes conquistaram<br />

a região, sendo o islamismo e o idioma ára-


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

be adotados na cultura local. No século XVI, o Império<br />

Otomano tomou posse do território e a Líbia passou a<br />

fazer parte do mesmo, tendo certa autonomia. Entretanto,<br />

em 1991, após invasão italiana, a Líbia perdeu<br />

sua autonomia, tornando-se colônia. 17<br />

O nome Líbia, que era utilizado ao Norte da África como<br />

um todo pelos gregos, tornou-se o nome oficial da colônia<br />

italiana, da qual faziam parte as províncias de Cirenaica,<br />

Tripolitânia e Fezã. O emir 18 Sayyid Idris al-Sanusi,<br />

de Cirenaica, liderou a resistência entre as duas guerras<br />

mundiais, sendo retirados os poderes do Eixo em<br />

fevereiro de 1943. Tripolitânia e Cirenaica ficaram sob<br />

responsabilidade do Reino Unido e Fezã, da França, as<br />

quais permaneceram até 1º de janeiro de 1952, quando<br />

a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) aprovou<br />

a resolução sobre a independência da Líbia, abrangendo<br />

as três províncias em um estado único, cujo nome<br />

oficial passou a ser Reino Unido da Líbia. Idris foi coroado<br />

rei e seu mandato se caracterizou pelo autoritarismo<br />

e pela falta de representatividade popular. 19<br />

Nos anos 1950, foram descobertas reservas de petróleo,<br />

as quais proporcionaram a um dos países mais<br />

pobres do mundo o status de riqueza com a venda do<br />

produto. Tal riqueza, entretanto, causou ressentimento<br />

na população, visto que o capital estava monopolizado<br />

nas mãos de uma pequena elite do país. 20<br />

Em 1969, liderado pelo oficial do exército Muammar<br />

Abu Minyar al-Gaddafi, um pequeno grupo militar deu<br />

um golpe de estado contra o rei Idris, o qual foi exilado<br />

no Egito. O novo regime tinha como base o Conselho<br />

de Comando da Revolução (CCR), o qual aboliu a monarquia<br />

e estabeleceu a República Árabe da Líbia, tendo<br />

como líder Gaddafi. Legitimamente, Gaddafi não<br />

ocupava uma posição oficial no país, apesar de ser visto<br />

como “Irmão Líder e Guia da Revolução”. O CCR possuía<br />

o lema de “liberdade, socialismo e unidade” e se<br />

comprometeu a atuar ativamente na causa palestina,<br />

a promover a unidade árabe e a estabelecer políticas<br />

internas baseadas na justiça social, na não exploração<br />

e na distribuição justa da riqueza. 21<br />

Assim, o governo Gaddafi visava retirar todas as tropas estrangeiras<br />

do país, fechou as bases militares norte-americanas<br />

e britânicas, dentre elas, em Tobruk e El Adem, e em<br />

Wheelus, próximo a Trípoli, respectivamente. O governo<br />

passou a controlar de maneira agressiva a atividade das<br />

empresas transnacionais de petróleo que haviam se instalado<br />

na década de 1960 na Líbia. Ordenou, ainda, que<br />

milhares de italianos e judeus residentes no país fossem<br />

expulsos e que bibliotecas e espaços culturais vinculados<br />

a governos estrangeiros fossem desativados. 22<br />

Desde o golpe de estado em 1969, Wheelus controlava<br />

a política interna líbia com base na força de sua<br />

personalidade e no seu poder de liderança, buscando<br />

nas oportunidades meios de promover sua ideologia<br />

revolucionária. Destinou boa parte da riqueza advinda<br />

do setor petrolífero para a construção de escolas, hospitais<br />

e estradas no país, além de levar eletricidade às<br />

aldeias e irrigação ao deserto. Assim como os demais<br />

líderes árabes, mostrou pouca preocupação em que as<br />

mulheres tivessem sua independência e que a população<br />

de fato participasse das decisões no governo. 23<br />

Em 11 de dezembro, a proclamação da Constituição de<br />

1969 reconheceu o CCR como autoridade legislativa e<br />

executiva suprema do país, este se tratando de um órgão<br />

responsável por debater questões políticas e as necessidades<br />

nacionais. Gaddafi, presidindo a CCR, mostrou-se<br />

ator principal no governo revolucionário, apesar de não<br />

ter autoridade legítima para impor sua vontade sobre os<br />

cidadãos, sendo visto como o líder mais importante e o<br />

porta-voz do movimento. 24 Essa imagem proporcionou<br />

ao líder o controle tanto das funções legislativas quanto<br />

das executivas do país, tendo postura direcionada, em<br />

partes, às políticas socialistas empregadas pelo presidente<br />

egípcio, Gamal Abdel Nasser, o qual esteve no poder<br />

do país desde 1954 até a sua morte. 25<br />

O Conselho de Ministros, órgão da CCR, teve seus<br />

membros nomeados com o objetivo de se responsabilizarem<br />

de modo coletivo pelo mesmo, podendo depor<br />

o primeiro-ministro ou aceitar a demissão de qualquer<br />

ministro que dele fizesse parte. A renúncia do primeiro-ministro<br />

culminaria na renúncia automática de todo<br />

o Conselho de Ministros, sendo este ainda acusado de<br />

praticar políticas sem que novas leis fossem estabelecidas<br />

em consonância com o novo regime. 26<br />

Alguns meses depois de sua criação, o Conselho de<br />

Ministros apresentou divergências internas entre seus<br />

membros civis e militares e ameaças contra o CCR<br />

eram constantes, na tentativa de que mudanças ocorressem<br />

e e que o equilíbrio fosse enfim instaurado no<br />

gabinete. Como primeiro-ministro de 1970 a 1972, Ga-<br />

105


ddafi deixou a parte administrativa ao major Abdel Salam<br />

Jalloud, passando a focar-se apenas na promoção<br />

de sua teoria revolucionária. Apesar dessa troca, houve<br />

forte especulação na imprensa estrangeira acerca<br />

dos problemas internos decorrentes da composição<br />

do gabinete e da possível diminuição da autoridade<br />

de Gaddafi no mesmo. Verificou-se, porém, que o líder<br />

permaneceu na presidência da CCR, além de continuar<br />

com seu cargo de comandante-chefe das Forças Armadas<br />

líbias e na presidência da Organização Política de<br />

Massas, da União Socialista Árabe (ASU). 27<br />

Com seu crescente controle do governo da Líbia, Gaddafi<br />

ainda foi além e lançou uma “revolução cultural” nas escolas,<br />

nas indústrias, nas empresas e nas instituições públicas<br />

para perceber como seriam administradas as organizações<br />

de interesses da população, com intuito de obter<br />

maior participação popular no governo. Seu foco na promoção<br />

de sua teoria impulsionou, em abril de 1974, o<br />

estabelecimento de um decreto, no qual seus deveres<br />

políticos, administrativos e protocolares foram diminuídos<br />

para que pudesse se dedicar ao máximo à mesma. O<br />

primeiro-ministro Jalloud passou, então, a ter maior poderio<br />

sobre tais áreas, com Gaddafi mantendo seu posto<br />

nas Forças Armadas, propiciando, assim, a volta das especulações<br />

estrangeiras acerca da diminuição do seu poderio<br />

no país. Novamente errônea, a imprensa verificou que<br />

o decreto de fato foi apenas uma formalização da divisão,<br />

há tempos existente, entre interesses práticos e teóricos<br />

de Gaddafi e políticos e administrativos de Jallod. 28<br />

O Sistema Executivo da CCR e do Conselho de Ministros<br />

se manteve até 1977, em meio a grandes conflitos e desacordos<br />

internos durante sua existência, fato que ameaçou<br />

seriamente o governo de Gaddafi, o qual, apesar de<br />

não ter sido destruído, enfrentou uma tentativa de golpe<br />

de Estado em 1975. No final do ano seguinte, o líder<br />

deixou de lado seu caráter totalmente isolacionista para<br />

começar a retomar o poder e o controle direto da CCR,<br />

apresentando, no sétimo aniversário da Revolução de 1o<br />

de Setembro, um projeto para que a Líbia se reorganizasse.<br />

Tal projeto tinha como órgão principal o Congresso<br />

Geral do Povo (GPC), de caráter representativo, que substituiria<br />

a CCR como poder supremo do governo líbio. 29<br />

O projeto incluía a Declaração da Criação da Autoridade<br />

Popular, aprovada pelo Congresso Geral do Povo, em<br />

1977, em uma sessão extraordinária, que consistia nas<br />

condições da visão política de algumas premissas bási-<br />

106<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

cas, a exemplo do estabelecimento de uma autoridade<br />

popular direta, com a criação do GPC; da responsabilidade<br />

de cada homem de defender seu país e seus compatriotas,<br />

com o treinamento militar; e a alteração do<br />

nome do país para Jamahiriya Socialista Popular Árabe<br />

da Líbia. “Jamahiriya”, em árabe, quer dizer “república”,<br />

sendo esta posta por Gaddafi extraoficialmente para<br />

representar um “Estado das massas” ou “autoridade do<br />

povo”, ou ainda “poder do povo”. Segundo o líder, o objetivo<br />

era enfatizar o estado do povo, sem um governo,<br />

marcando uma nova fase na evolução política do país. 30<br />

Mudanças também ocorreram no Congresso Geral do<br />

Povo, como a aprovação de Gaddafi para o posto de<br />

secretário-geral, criando a secretaria geral do órgão, da<br />

qual faziam parte os membros remanescentes da antiga<br />

CCR. Além disso, substituiu-se o Conselho de Ministros<br />

pelo Comitê Popular Geral, com seus membros<br />

nomeados secretários, sendo a defesa de responsabilidade<br />

de todos os cidadãos líbios. 31<br />

Então, na década de 1970, a Líbia alegou ser líder de forças<br />

e movimentos revolucionários entre os árabes e os<br />

africanos e se inseriu com maior participação e atuação<br />

no cenário das organizações internacionais, defendendo<br />

que sua política externa expressava a vontade popular.<br />

32 As embaixadas líbias passaram a ser conhecidas<br />

como “escritórios das pessoas”, denominadas assim por<br />

Gaddafi com o objetivo de reforçar a ideia de política externa<br />

como reflexo dos interesses dos cidadãos locais. 33<br />

A falta de coerência quanto à política externa, atrelada<br />

ao uso do terrorismo e à aproximação cada vez<br />

maior com a União Soviética, fez crescer as tensões do<br />

país para com o Ocidente na década de 1980. Embora<br />

sem um cargo formal, Gaddafi exercia seu poder com<br />

a ajuda de um pequeno grupo de confiança, em meio<br />

à competição entre o governo oficial da Líbia, as hierarquias<br />

militares e os comitês revolucionários. 34<br />

No ano de 1984, houve uma tentativa frustrada de golpe<br />

montada por exilados da Líbia com apoio interno, levando<br />

o país a um reinado de curta duração de terror em que<br />

milhares foram presos, interrogados e executados, aumentando<br />

a hierarquia no poder líbio. Dois anos depois,<br />

em resposta a um atentado terrorista ao oeste de Berlim,<br />

em um local frequentado por militares norte-americanos,<br />

os Estados Unidos retaliaram alvos na Líbia e impuseram<br />

sanções econômicas ao país unilateralmente. 35


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Da mesma forma, pós-bombardeios ao voo Pan Am 103<br />

sobre a Escócia, julgados de autoria líbia, a Organização<br />

das Nações Unidas (ONU), em 1992, impôs sanções ao<br />

país, as quais Gaddafi, a princípio, recusou-se a cumprir.<br />

36 Mediante tal atitude, foi realizado um isolamento<br />

político e econômico da Líbia, além do rompimento de<br />

laços diplomáticos com os países do Terceiro Mundo e<br />

a diminuição significativa de seus laços comerciais com<br />

a Europa e a Ásia Oriental. A crescente insatisfação do<br />

povo líbio com a escassez de recursos e retrocessos na<br />

guerra da Líbia com o Chade marcou a limitação do poder<br />

dos revolucionários por parte do líder líbio, o qual<br />

começou a programar reformas internas no país. 37<br />

De tal forma, ao final dos anos 1980, Gaddafi havia começado<br />

uma perseguição, a nível nacional, a uma política<br />

antifundamentalista islâmica realizando ataques,<br />

segundo ele, preventivos, prisões em massa e modificações<br />

no modelo de governo, as quais foram seguidas<br />

por acusações de tortura e execuções dos opositores<br />

ao regime frente à postura do líder. Em contrapartida,<br />

os militares que apoiavam o líder líbio passaram a ser<br />

vistos como ameaça por ele, uma vez que foram eles<br />

que realizaram uma tentativa de golpe em 1993. Por<br />

mais que não tivesse obtido sucesso, o golpe mobilizou<br />

Gaddafi a buscar a eliminação de potenciais rivais,<br />

através da chamada por ele “purificação dos militares”,<br />

colocando no lugar destes seguidores fiéis a ele. 38<br />

Tornou-se cada vez mais difícil, em meio a tantas reformas,<br />

compreender a política que Gaddafi exercia no<br />

comando da Líbia, tendo seus filhos papéis importantes<br />

em cargos relacionados ao governo. A exemplo do<br />

segundo filho, Saif al-Islam al-Gaddafi, o qual, apesar de<br />

no início ser relacionado à ideia de reformador, acabou<br />

mostrando-se, após o surto de violência local, como forte<br />

defensor tanto dos ideais de seu pai quanto do regime. 39<br />

Em uma resolução do Conselho de Segurança das Nações<br />

Unidas de 1999, foi requisitado que o governo<br />

líbio entregasse os dois suspeitos de estarem envolvidos<br />

no atentado contra o voo Pan Am 103. Apesar<br />

de cumprir tal requisito, somente em agosto de 2003<br />

é que o país concluiu todas as exigências da resolução,<br />

das quais fazia parte a aceitação da responsabilidade<br />

do país pelas ações de seus funcionários e o pagamento<br />

adequado de compensação às famílias das vítimas<br />

do atentado. Em setembro do mesmo ano, a ONU suspendeu<br />

todas as sanções que havia realizado ao país. 40<br />

Em dezembro do mesmo ano, a Líbia anunciou que<br />

teria intenção de acabar com armas de destruição em<br />

massa que havia adquirido e com o Regime de Controle<br />

de Tecnologia de Mísseis, o programa de mísseis do<br />

país. Colaborou com a Agência Internacional de Energia<br />

Atômica (AIEA) e a Organização para a Proibição de Armas<br />

Químicas, assinou o Protocolo Adicional da AIEA e<br />

passou a ser país-membro da Convenção sobre Armas<br />

Químicas. 41 Tais medidas foram de extrema importância<br />

para as relações diplomáticas entre o país e os Estados<br />

Unidos, as quais melhoraram ainda mais com a renúncia<br />

do país ao terrorismo, passando a cooperar não só com<br />

os Estados Unidos, como também com grandes potências,<br />

a exemplo da Inglaterra. A postura do governo líbio<br />

frente a esses temas estreitou as relações bilatérias com<br />

todo o Ocidente, com o país buscando um papel de liderança<br />

regional nas organizações internacionais. 42<br />

Como reconhecimento das ações líbias, o presidente<br />

George W. Bush assinou, em 20 de setembro de 2004,<br />

uma ordem executiva dando fim definitivo às sanções<br />

econômicas por parte dos Estados Unidos, encerrando<br />

assim a autoridade do Ato Internacional das Potências<br />

Econômicas Emergentes (IEEPA) que tinha por base<br />

tais sanções. 43 Os norte-americanos deixaram de ser<br />

proibidos de trabalhar na Líbia e muitas empresas de<br />

diversos setores começaram a buscar no país novas<br />

oportunidades de investimento. Em 2008, o governo<br />

dos Estados Unidos anunciou um projeto de investimento<br />

estrangeiro nos setores petrolífero e de gás, visando<br />

a aumentar a capacidade de produção líbia de<br />

1,2 milhões de barris/dia para 3 milhões até 2012. 44<br />

A relação entre a Líbia tanto com a União Europeia quanto<br />

com a comunidade internacional, que por muito tempo<br />

teve questões não resolvidas, estabilizou-se em julho<br />

de 2007 por meio da libertação líbia de um médico palestino<br />

e de cinco enfermeiras búlgaras. Todos os condenados<br />

à pena de morte, em 1999, pela infecção pelo vírus<br />

HIV de mais de 400 crianças que estavam internadas em<br />

um hospital em Benghazi, tiveram suas penas alteradas à<br />

prisão perpétua pelo Conselho Superior Judicial. 45<br />

Em meio a essa nova etapa de relacionamento com<br />

a comunidade internacional, a Líbia teve posse, entre<br />

2008 e 2009, de um dos assentos não permanentes no<br />

Conselho de Segurança da ONU, sendo o representante<br />

dos países africanos naquele mandato. Nesse último<br />

ano, o país presidiu a União Africana e. em 2010, a Liga<br />

107


Árabe, sendo cada vez mais um símbolo no cenário das<br />

organizações internacionais regionais.<br />

Ainda como marco do processo de desenvolvimento<br />

das relações exteriores líbias, Gaddafi, após 40 anos no<br />

poder, viajou para os Estados Unidos em setembro de<br />

2009 para participar da convenção da Assembleia Geral<br />

das Nações Unidas (AGNU), onde discursou em nome<br />

de seu país e de seus cidadãos. Seu principal objetivo no<br />

evento era buscar a assimilação da Líbia como país ativo<br />

no cenário internacional, destacando sua importância<br />

regional, tanto no cenário árabe quanto no africano. 46<br />

Assim, em fevereiro de 2011, seguindo os movimentos<br />

decorridos na Tunísia e no Egito, o governo líbio sofreu<br />

brutal repressão e protestos populares em Trípoli, capital<br />

líbia, e Benghazi, segunda maior cidade do país, contra<br />

o líder Gaddafi, exigindo sua saída. Forças da oposição,<br />

que haviam formado um Conselho Nacional de Transição<br />

(CNT), tomaram controle de Benghazi, dizendo que<br />

o Conselho desejava a eliminação de Gaddafi do poder<br />

e a implantação de um sistema democrático, livre e que<br />

respeitasse os direitos humanos universais no país. 47<br />

O Conselho de Segurança da ONU aprovou, em 17 de<br />

março, a Resolução 1973, 48 a qual autorizou o uso da<br />

força no país. A Resolução consistia na proteção aos<br />

civis, numa zona aérea de exclusão, no reforço ao embargo<br />

de armas, na proibição de voos no país e no congelamento<br />

dos bens. 49<br />

Definição do Problema<br />

Sabe-se que Muammar Abu Minyar al-Gaddafi jamais<br />

evitou mostrar seus ideais ditatoriais militares, políticos<br />

e ideológicos, mas em um resumo que abordará,<br />

principalmente, os principais feitos do ditador mais<br />

sanguinário que a Líbia já teve, desde seu apogeu até o<br />

momento de sua morte, deve-se abrir um foco de abordagem<br />

que se inicia, impreterivelmente, a partir de sua<br />

aproximação do Ocidente, após os acontecimentos de<br />

11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, momento<br />

em que o mundo árabe e sua doutrina começaram<br />

a ser postos em xeque pelos ocidentais. Em dez anos,<br />

muita coisa mudou e, se 2011 foi o ano em que a década<br />

da queda das Torres Gêmeas ficou completa, foi<br />

também o ano do advento de exigências populares<br />

108<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

democráticas em países islâmicos – a Primavera Árabe,<br />

que parece ter deitado abaixo a demonização do Islã,<br />

cuja imagem ficou “degradada por tanta violência desde<br />

o 11 de setembro”. Contudo, uma breve introdução<br />

sobre o personagem foco é de fundamental pertinência<br />

para melhor entendimento do assunto em questão.<br />

No comando do governo líbio desde 1969, Gaddafi foi<br />

o líder que mais tempo sustentou-se no poder no mundo<br />

árabe e na África. No continente africano, Gaddafi<br />

cooperou para a formação da União Africana, após ter<br />

tido maior repercussão na região. Mas, no Ocidente, a<br />

imagem do líder da Líbia é de um “terrorista”, acusado<br />

de apoiar grupos armados, incluindo as FARCs, 50 na Colômbia,<br />

e o IRA, 51 na Irlanda do Norte.<br />

Recentemente, o jornal The wall Street revelou, após descobrir<br />

documentos confidenciais em um prédio líbio,<br />

que os serviços de inteligência de Qadhafi mantinham<br />

relações estreitas com a Agência de Inteligência Civil<br />

(CIA) do governo dos Estados Unidos, responsável por<br />

fornecer informações de segurança nacional. 52 O ponto<br />

de reflexão posto em evidência é o fato dessa conexão<br />

CIA-Gaddafi ocorreu durante o governo de George W.<br />

Bush (2001-2009), fortalecendo ainda mais a afirmação<br />

de aproximação iminente de Gaddafi ao Ocidente.<br />

Esse ponto marcante culminaria em uma sucessão de<br />

fatos que teriam influência em 15 de fevereiro de 2011<br />

e nas datas seguintes, quando a insurreição contra o<br />

regime de Gaddafi se iniciaria com maior força. Essa<br />

revolta iniciou-se após as revoltas populares de outros<br />

Estados árabes, que partiram, fundamentalmente, da<br />

Tunísia e rapidamente se espalharam por Egito, Síria e<br />

outros países árabes. A Tunísia desencadeou uma onda<br />

de protestos que espalharam por todo o norte de África<br />

e no Oriente Médio desde o início de 2011. Ele estabeleceu<br />

o movimento da Primavera Árabe e demonstrou<br />

com sucesso que a transformação social e política<br />

é possível sem recorrer à violência. Através de eleições<br />

justas e transparentes, que se realizaram em 23 de outubro<br />

de 2011, tunisianos elegeram uma Assembleia<br />

Constituinte que está encarregada de elaborar a nova<br />

Constituição da Tunísia. 53<br />

Nesse dia, em Benghazi, manifestantes se confrontaram<br />

em manifestações sangrentas com partidários e unidades<br />

da polícia do ditador. 54 Dez dias depois, nenhum sinal<br />

das tropas do governo foi encontrado na cidade.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Lembrando que é de primordial relevância considerar<br />

como fato que levou o encorajamento dos insurgentes<br />

líbios a se levantarem contra seu ditador, os fatores da<br />

queda do regime ditatorial tunisiano. Ao perceberem<br />

que uma realidade melhor e mais democrática poderia<br />

ser a saída para a prosperidade de toda a população, a<br />

revolta teve início.<br />

Essa percepção se deu pela proximidade dos países e<br />

pela influência que seus atos exerciam entre si e suas<br />

populações. Depois que as tropas de Gaddafi executaram<br />

bombardeios aéreos contra a própria população<br />

em março de 2011, o Conselho Nacional (formado pela<br />

oposição líbia) apelou ao Conselho de Segurança das<br />

Nações Unidas para que fosse imposta uma zona de<br />

exclusão aérea, ou seja, uma zona de voo proibida, a<br />

fim de restringir qualquer tipo de aeronave nacional<br />

no espaço aéreo sobre o país. 55<br />

Em 12 de março, a Liga dos Estados Árabes (LEA) anunciou<br />

seu apoio ao apelo dos oposicionistas. 56 Diante<br />

da ameaça de ocupação de Benghazi pelas tropas de<br />

Gaddafi, em 17 de março, a ONU finalmente aprovou<br />

o bloqueio aéreo. A Alemanha se absteve na votação,<br />

sob fortes críticas dos partidos de oposição. 57 No dia<br />

seguinte, uma coalizão internacional formada por<br />

França, Reino Unido e Estados Unidos iniciou fortes<br />

ataques aéreos sobre as forças do governo líbio. 58<br />

No início do mês de abril, a situação líbia começou a se<br />

tornar cada vez mais indefinida a partir das constantes<br />

notícias de choques militares em Misrata, Sirte e Ras<br />

Lanuf. Tudo levou a crer que o controle sobre essas cidades<br />

mudou de mãos da noite para o dia, contudo,<br />

graças aos maciços bombardeios aéreos pela coalizão<br />

internacional, a situação piorou progressivamente<br />

para o ditador Gaddafi. 59<br />

Até que, em 1° de maio de 2011, chegou a notícia arrebatadora<br />

de que o filho mais novo de Gaddafi, Saif<br />

AL-Arab, fora morto durante um ataque aéreo; assim<br />

como três dos netos do ditador. Esse foi o ponto que<br />

culminou nas juras de vingança do ditador aos causadores<br />

das mortes de seus parentes. 60<br />

Após dois meses de sítio, 61 a cidade portuária de Misrata<br />

caiu em poder dos insurgentes, e a Rússia se uniu<br />

às exigências do “Grupo de Contato” 62 pela renúncia<br />

de Gaddafi, 63 país que no passado chegara a excluir a<br />

possibilidade de uma intervenção militar estrangeira<br />

na região líbia. 64 A partir do momento em que a Organização<br />

do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intensificou<br />

os bombardeios diários sobre a capital Trípoli,<br />

o governo alemão passou a reconhecer o Conselho<br />

Nacional de Transição como único representante legítimo<br />

do povo líbio. 65 Westerwelle, chefe da diplomacia<br />

alemã, admitiu que, apesar de a Alemanha não<br />

participar nas operações, seu país não se posicionaria<br />

de uma forma neutra. “O trabalho a sério vai começar<br />

após a era de Gaddafi”, declarou. “É crucial reconstruir<br />

e ajudar o país, o que significa criar um futuro melhor<br />

para o povo da Líbia”, concluiu. 66<br />

O Conselho Nacional de Transição (CNT) representa a<br />

legitimidade das decisões dos conselhos locais criados<br />

pela população revolucionária da Líbia no dia 17 de fevereiro.<br />

O Conselho é composto por trinta e um membros<br />

que representam as várias cidades da Líbia, de<br />

leste a oeste e de norte a sul. O objetivo do Conselho<br />

Nacional de Transição é conduzir o estado líbio durante<br />

o período transitório após a sua libertação completa<br />

e destruição total do regime opressivo de Gaddafi. Será<br />

o conselho que orientará o país para eleições livres e<br />

ao estabelecimento de uma Constituição para a Líbia. 67<br />

Os meses de julho e agosto seguiram com intensos<br />

combates em uma série de cidades. Ao mesmo tempo,<br />

a OTAN agia sem descanso contra alvos das tropas<br />

de Gaddafi. Em meados de agosto, o governo líbio de<br />

transição apresentou um cronograma, segundo o qual,<br />

após a queda do ditador, o poder seria entregue a um<br />

governo democraticamente legitimado.<br />

Após lutas acirradas, os rebeldes anunciaram a tomada<br />

do importante porto petroleiro de Brega, no leste. Ao<br />

mesmo tempo, iniciou-se a luta pelo controle da capital<br />

líbia. No dia seguinte, numerosos mortos foram<br />

anunciados após intensos combates.<br />

Por fim, em 22 de agosto de 2011, tiros comemorativos<br />

introduziram a vitória sobre Gaddafi, que foi anunciada<br />

com entusiasmo pelos rebeldes líbios na principal praça<br />

da capital de Trípoli, a Praça Verde. Informações corriam<br />

entre líbios de que dois dos filhos de Gaddafi teriam<br />

sido capturados, e um terceiro teria retornado a sua<br />

casa. Vestígios sobre o ditador seguiam, até então, inexistentes.<br />

Misturados às expressões de exaltação, contudo,<br />

notícias ainda ilustravam os combates em Trípoli.<br />

109


Depois de semanas de combates na cidade natal de<br />

Gaddafi, Sirte, os rebeldes da Líbia, finalmente, conseguiram<br />

o que queriam. Após a queda de sua cidade<br />

natal, Gaddafi caiu nas mãos dos rebeldes. Durante o<br />

início da revolução em fevereiro, ele chamou os rebeldes<br />

de “um bando de ratos que só querem agarrar<br />

o poder”. Mas, depois de meses de luta, os lados pareciam<br />

ter mudado. Ele pediu que os rebeldes não o<br />

matassem, mas a raiva dos revoltosos sobre o ditador<br />

prevaleceu. Então, no dia 27 de outubro de 2011, Muammar<br />

Abu Minyar al-Gaddafi foi morto sem piedade.<br />

Seu corpo ensanguentado foi arrastado em torno da<br />

cidade em comemoração à vitória.<br />

A queda desse ditador criou um vácuo de poder na Líbia.<br />

Sem um líder forte para unificá-los, as diferenças tribais<br />

e regionais dificultaram a instalação da democracia no<br />

país, o qual beira uma intensificação dos conflitos devido<br />

à dificuldade da realização de eleições presidenciais.<br />

Observadores ocidentais esperam que os líderes do<br />

Conselho Nacional de Transição (CNT) sejam capazes<br />

de resolver suas diferenças e que se unam logo para<br />

escrever o futuro da Líbia. O país ainda enfrentará muitos<br />

obstáculos, tanto interna quanto externamente,<br />

até que um governo seja oficializado e uma democracia<br />

seja instaurada. Se a situação caminhará a um final,<br />

isso não se sabe, mas que o mundo mantém olhares<br />

atentos a esse desfecho, isso pode-se ter certeza.<br />

Panorama das Políticas Globais<br />

ANISTIA INTERNACIONAL<br />

Em meio ao conflito evidenciado na Líbia, a Anistia<br />

Internacional exigiu justiça para todos os que tiveram<br />

participação ou envolvimento com violações aos direitos<br />

humanos tão evidenciados, não só nos últimos<br />

meses, como ao longo de todo o regime de Gaddafi. A<br />

organização lembrou o episódio em que foram encontradas<br />

valas comuns com centenas de corpos supostamente<br />

de opositores ao líder, os quais teriam sido executados<br />

pelos fiéis ao governo. Além disso, reforçou o<br />

apelo de que a morte do líder não deveria impedir que<br />

os culpados fossem punidos e que as vítimas tivessem<br />

110<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

justiça, afirmando, ainda, que muitas autoridades do<br />

país são suspeitas de terem violado os direitos humanos<br />

de uma maneira absurda, a exemplo do massacre<br />

ocorrido na prisão de Abu Salim, em 1996, devendo estes<br />

responderem pelos crimes cometidos. 68<br />

ARÁBIA SAUDITA<br />

Assim como os demais países do Golfo, a Arábia Saudita<br />

retirou qualquer apoio que havia dado ao líder líbio<br />

afirmando este não ser o regime legítimo do país por<br />

causa do excessivo uso da violência para conter o movimento<br />

nacional. As constantes violações dos direitos<br />

humanos no território da Líbia alertaram os sauditas<br />

sobre os inúmeros crimes cometidos pelas forças do<br />

ditador, fazendo-os solicitar à Liga Árabe que interviesse<br />

para amenizar a situação. A posição da Liga, juntamente<br />

de acordo com o Conselho de Segurança, foi<br />

de impor uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia em<br />

nome da proteção dos civis. O país visiona auxiliar a<br />

população para que seus interesses sejam enfim ouvidos<br />

e que a paz seja estabelecida na região. 69<br />

ARGÉLIA<br />

Após a morte de Gaddafi, representantes da Argélia<br />

afirmaram dar apoio à população líbia, acreditando<br />

que a queda do líder marca uma nova era para que o<br />

país consiga retomar a conciliação de seu povo, estabelecendo<br />

a paz e a unidade nacional. 70<br />

BAHREIN<br />

As constantes acusações sobre os crimes cometidos<br />

por Gaddafi e a violação dos direitos humanos no país<br />

fizeram com que o Bahrein retirasse o apoio dado ao<br />

líder, acreditando que muitas vítimas inocentes pagaram<br />

pela ganância de um governante que só se importava<br />

com os interesses próprios. O país afirmou que o<br />

regime do líder era ilegítimo, apelando para que a Liga<br />

Árabe tomasse medidas para acalmar a situação no<br />

país, visando proteger a população local. A Liga Árabe<br />

se absteve do debate sobre a crise de Bahrein, em reu-


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

nião da cúpula realizada em Bagdá. “A liga não está à<br />

altura quando se trata de resolver as reivindicações dos<br />

povos”, disse Jalil Marzook, um líder do principal partido<br />

da oposição bareinita, Al Wefaq, ao libanês As-Safir. 71<br />

DJIBUTI<br />

Assim como na Líbia, a onda de protestos do norte da<br />

África que derrubou líderes tiranos chegou ao Djibuti,<br />

onde manifestantes protestaram nas ruas contra o regime<br />

do presidente Ismail Omar Guelleh, cuja família<br />

comanda o país por mais de três décadas. De acordo<br />

com instituições de direitos humanos, forças de segurança<br />

do país têm reprimido os manifestantes com<br />

cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo. A pequena<br />

nação abriga escritórios de poucas organizações internacionais<br />

e não conta com a presença de jornalistas<br />

estrangeiros. 72 A política externa do Djibuti é de adotar<br />

uma posição de equidistância e neutralidade quando<br />

o assunto remete-se aos seus vizinhos. 73<br />

EGITO<br />

Tendo reconhecido o Conselho Nacional de Transição<br />

da Líbia como legítimo governo do país, o Egito<br />

demonstrou estar disposto a apoiar os esforços para<br />

reconstrução do país, acreditando que a morte do<br />

ex-líder abre uma nova fase para o povo líbio. O país<br />

ofereceu auxílio ao CNT para o estabelecimento de um<br />

sistema de governo mais democrático, que atenda às<br />

necessidades e anseios da população líbia, possibilitando<br />

assim concluir o processo de revolução. 74<br />

EMIRADOS ÁRABES UNIDOS<br />

Como membro do Conselho de Cooperação do Golfo<br />

(CCG), os Emirados Árabes Unidos não apoiavam o<br />

ex-ditador líbio. Depois da morte de Gaddafi, os EAU<br />

reconheceram o Conselho Nacional de Transição e dialogaram<br />

para que o futuro do país seja mais próspero e<br />

mais justo para toda a população local.<br />

IêMEN<br />

A morte do ditador Líbio incentivou manifestantes a<br />

tomarem as ruas do Iêmen. O país vive uma onda de<br />

protestos contra o governo de Ali Abdullah Saleh, que<br />

está no poder desde 1990. Os dias de agitação do Iêmen<br />

começaram no início de 2011, quando os protestos no<br />

Egito deram início à Primavera Árabe; entretanto, a morte<br />

de Gaddafi insuflou as forças antigovernistas. 75<br />

IRAQUE<br />

Através de um comunicado, o Iraque reconheceu o Conselho<br />

Nacional de Transição da Líbia como o único representante<br />

legítimo do povo líbio. O primeiro-ministro<br />

iraquiano, Nouri al-Maliki, garante que seu país estará ao<br />

lado de todos aqueles que lutam pela sua liberdade. 76<br />

JORDâNIA<br />

O governo da Jordânia reconheceu o mais alto órgão<br />

político dos rebeldes da Líbia como representantes legítimos<br />

do povo líbio, essa decisão foi anunciada pelo<br />

ministro dos Negócios Estrangeiros jordaniano, Nasser<br />

Judeh, o qual diz que o país acredita que a CNT reflete<br />

os interesses do povo. Para assegurar a coordenação<br />

com o povo rebelde, o ministro irá nomear um representante<br />

permanente em Benghazi (sede da CNT); essa<br />

coordenação será necessária para o fluxo seguro de ajuda<br />

humanitária prestada pela Jordânia ao povo líbio. 77<br />

KUWAIT<br />

Ao receber a notícia da morte de Gaddafi, o governo<br />

do Kuwait parabenizou o povo líbio pelo feito na revolução,<br />

a morte do líder e a vitória no confronto. O país<br />

demonstrou o desejo de união do povo líbio em apoio<br />

ao CNT na busca pelo estabelecimento de um sistema<br />

mais democrático para o país. Acreditam que somente<br />

assim será possível formar um governo ancorado na<br />

igualdade, na justiça e no respeito aos direitos legítimos<br />

da população líbia. 78<br />

111


LÍBANO<br />

Após ter apoiado a Grã-Bretanha e a França na resolução<br />

acerca da zona de exclusão aérea sobre a Líbia, o Líbano<br />

enfatizou que medidas urgentes deveriam ser tomadas<br />

para pôr fim à violência e proteger os civis em meio ao<br />

caos. As decisões da Liga Árabe sobre tal medida tiveram<br />

como ator principal o Líbano, único país árabe a participar<br />

do Conselho de Segurança e, portanto, ser o porta-<br />

-voz da vontade regional quanto ao problema líbio. 79<br />

No decorrer das manifestações e confrontos entre os<br />

rebeldes e as forças pró-Gaddafi, o país sempre se mostrou<br />

contra a atuação do governo líbio, em decorrência<br />

do forte ressentimento pelos mais de 30 anos de instabilidade<br />

entre eles. Os problemas de relacionamento<br />

com Gaddafi já causaram episódios como o boicote do<br />

presidente libanês à cúpula na Líbia sobre a questão<br />

Sadr, o fechamento da embaixada líbia em Beirute, a<br />

possível expulsão de um grande contingente de líbios<br />

que habitavam o Libano, entre outros. 80<br />

LÍBIA<br />

O CNT anunciou a morte de Gaddafi com muita satisfação.<br />

O vice-presidente do Conselho Nacional de Transição<br />

disse que o ditador foi morto pelas mãos da revolução,<br />

um momento histórico para a Líbia que marcou<br />

o fim da tirania e da ditadura. 81 Agora, os novos líderes<br />

da Líbia têm o grande desafio de formar instituições e<br />

reestruturar as que foram enfraquecidas durante a gestão<br />

do ditador. Também é preciso solidificar o controle<br />

sobre a nação dividida após a guerra civil. 82<br />

MARROCOS<br />

Por sempre ter visto o líder líbio como “mentor” da<br />

Frente Polisário, 83 a opositora à permanência marroquina<br />

no Saara Ocidental, o Marrocos declarou muita<br />

satisfação pela eliminação de Gaddafi. Desde o começo<br />

da revolução na Líbia, o país demonstrou apoio às<br />

forças rebeldes e suas aspirações, tanto pelo estabelecimento<br />

de um governo democrático, quanto pela<br />

realização de reformas no país. O país acredita ser<br />

este o início da retomada das relações tensas entre<br />

112<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

os dois países, bem como da Líbia com os países vizinhos<br />

e com o Ocidente. 84<br />

OMã<br />

A notícia da morte do líder líbio foi recebida em Omã<br />

com uma ambiguidade de sentimentos. Por um lado<br />

felicitaram os rebeldes pela vitória sobre aquele que,<br />

por muito tempo, governou o país apenas sob seus exclusivos<br />

interesses, e por outro alertaram o país de que<br />

nesta nova fase seria essencial ter o controle dos dirigentes<br />

para que não caíssem novamente na opressão<br />

como na era Gaddafi. Para o país, a morte do líder serve<br />

de lição para os governantes árabes que permanecem<br />

reprimindo sua população. As interferências externas<br />

no conflito líbio, como a entrada das tropas da OTAN,<br />

são vistas pelos omanis como últimas alternativas para<br />

a resolução dos problemas, acreditando que o governo<br />

deve ter autonomia para buscar soluções internas. 85<br />

PALESTINA<br />

Após a deposição dos líderes egípcios e tunisianos, a<br />

Palestina demonstrou contentamento com a queda<br />

de Gaddafi, tratando de logo reconhecer o Conselho<br />

Nacional de Transição como representante legítimo da<br />

Líbia. Sendo as atitudes de Gaddafi com relação aos<br />

palestinos marcadas pela instabilidade e pelo extremismo,<br />

a opinião do povo palestino se divide, mas os<br />

representantes afirmam que o melhor para o país foi<br />

feito e que o futuro líbio será muito próspero. 86<br />

QATAR<br />

Também como membro do Conselho de Cooperação do<br />

Golfo (CCG), o Qatar acredita que o líder líbio passou dos<br />

limites de sanidade, passando a ferir sua própria população,<br />

que apenas estava reivindicando que seus desejos<br />

fossem ouvidos pelo governo. O país reitera que a Liga<br />

Árabe deve tomar alguma atitude para que a situação<br />

do país seja estabilizada e que sua população consiga,<br />

finalmente, entender-se e conviver de um jeito mais pacífico<br />

do que o que vem ocorrendo nos últimos meses. 87


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

SÍRIA<br />

As incertezas quanto ao posicionamento sírio tem se<br />

aprofundado nos últimos tempos com o crescente<br />

desgosto da população com o líder do país e as manifestaçõs<br />

violentas que vêm ocorrendo em Homs principalmente.<br />

Quanto à Gaddafi, Bashar al-Assad pouco<br />

se pronunciou, mas a população síria foi às ruas para<br />

celebrar a queda e o fim da repressão de Gaddafi sobre<br />

a população líbia. Na votação da Liga Árabe acerca da<br />

zona de exclusão aérea na Líbia, a Síria foi contrária à<br />

resolução, mostrando não achar pertinente pedir ao<br />

Conselho de Segurança que tal medida fosse tomada;<br />

acreditando que o país teria como resolver a situação<br />

de forma autônoma. 88<br />

SOMÁLIA<br />

A Somália possui uma política externa focada na obtenção<br />

de ajuda financeira e militar, visto sua instabilidade<br />

interna. Seu ministro dos Negócios Estrangeiros e<br />

vice-primeiro-ministro é Abdullahi Sheikh Ismail, a Liga<br />

Árabe tem procurado estimular a reconciliação interna<br />

na Somália. A Somália tem uma boa relação com os países<br />

árabes, ela entrou para a Liga dos Estados Árabes<br />

em 1974, houve um rompimento de relações diplomáticas<br />

com a Líbia, que depois foram restauradas.<br />

SUDãO<br />

O Sudão é uma república constitucional desde 1996.<br />

Ele mantém boas relações com a Líbia devido a investimentos<br />

na área petrolífera. 89 Recentemente, o presidente<br />

sudanês Omar Hassan el-Béchir anunciou para<br />

o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustapha<br />

Abdeljelil, a criação de comissões para promoverem<br />

relações bilaterais em diversas áreas entre os<br />

países e indicou que as duas partes vão trabalhar com<br />

vistas a uma integração na área econômica e aproveitar<br />

as potencialidades dos dois países a favor dos dois<br />

povos. Já Mustapha Abdeljeilil saudou o apoio militar,<br />

político e humanitário do Sudão. 90<br />

TUNÍSIA<br />

A notícia da morte de Gaddafi agradou a Tunísia pelo<br />

fato de significar a libertação, após 42 anos de repressão,<br />

do povo líbio. O país expressou ter esperanças<br />

para o futuro, com a formação de uma nova Líbia capaz<br />

de garantir a segurança e a estabilidade territorial,<br />

bem como atender às demandas de sua população por<br />

liberdade, desenvolvimento e prosperidade, por meio<br />

de uma coesão social e de uma união nacional. A Tunísia<br />

se ofereceu a ajudar o país nesta nova fase com seus<br />

melhores recursos, para que seus irmãos alcançassem<br />

os anseios nacionais. Como já realizado pelos tunisianos,<br />

acreditam que a Líbia deve manter o foco nas eleições,<br />

que serão realizadas em junho, para que assim<br />

consigam concluir o processo de revolução e implantar<br />

a democracia tão almejada por sua população. 91<br />

UNIãO AFRICANA<br />

Após a morte de Gaddafi, a União Africana reconheceu<br />

o Conselho Nacional de Transição, representante dos<br />

rebeldes líbios, como autoridade legítima do país. Já<br />

tendo afirmado que a intervenção da OTAN no conflito<br />

líbio prejudicara os esforços da União Africana de mediação<br />

para a paz no país, através de um comunicado,<br />

a organização se diz pronta para apoiar o CNT e seu<br />

esforço para a construção de um governo inclusivo e<br />

apela para que o órgão rebelde proteja os trabalhadores<br />

migrantes de outras regiões da África, devido aos<br />

relatos de que estejam sendo alvos de milícias pelos<br />

contratados do regime Gaddafi. 92<br />

Ponderações<br />

Depois de ser apresentada a definição do problema,<br />

alguns pontos podem ser classificados como indispensáveis<br />

para a discussão da questão da Líbia, como a cooperação<br />

entre os membros em busca de estabilidade<br />

e unidade regional, conforme estabelecido na Carta da<br />

Liga dos Estados Árabes.<br />

Após anos sob regime ditatorial, o povo líbio se uniu<br />

para derrubar o líder Muammar Abu Minyar al-Gaddafi<br />

e buscar uma representação mais justa, igualitária e de-<br />

113


mocrática. Os confrontos entrem forças pró e anti Gaddafi<br />

se prolongaram por meses, até que finalmente o<br />

governo foi tomado pelos rebeldes e o Conselho Nacional<br />

de Transição passou a ser a representação oficial do<br />

país. Mesmo após a tomada do poder, a perseguição a<br />

Gaddafi continuou, até que, em 20 de fevereiro de 2011,<br />

o líder foi encontrado e anunciado morto pelos rebeldes.<br />

Parecia o fim de anos submetidos à repressão, mas um<br />

desafio ainda maior esperava pelo povo líbio. Como<br />

prosseguir com as listas dos partidos políticos que foram<br />

divulgadas para a mídia se pouco se sabe como<br />

eles são organizados e se há pouco reconhecimento<br />

deles entre o povo líbio? Quem seriam os candidatos<br />

indicados? E o mais preocupante: seria esse um líder<br />

mais justo e democrático, representando a vontade do<br />

povo? Seria a democracia de fato a solução para o país?<br />

Como o novo governo deve ser composto? As diferentes<br />

etnias devem ser igualmente representadas? Qual<br />

a influência religiosa que esse governo deve ter? Como<br />

deve ser feita a transição? Como lidar com as violações<br />

aos direitos humanos? Os culpados devem ser<br />

julgados? Deveria ser criada uma comissão da verdade<br />

como é de costume após regimes ditatoriais?<br />

O rastro de destruição deixado no país pelos confrontos<br />

não apagaram as lembranças de um longo e difícil<br />

período enfrentado pelo povo líbio, muito menos<br />

acabaram com os tantos problemas que o país possuía.<br />

Iniciou-se, a partir da morte de Gaddafi, uma nova etapa<br />

na história da Líbia, em que as 140 etnias existentes<br />

no país necessitam buscar uma conciliação e lutar juntas<br />

por um país melhor.<br />

Muitos afirmam que o Conselho Nacional de Transição<br />

tem se guiado pelos interesses de determinados<br />

grupos, sem promover o tão prometido “governo mais<br />

justo”. Portanto, resta a dúvida: conseguirão grupos tão<br />

diferentes, e muitas vezes divergentes, construir um futuro<br />

mais próspero para a Líbia?<br />

A Líbia necessita que um equilíbrio seja estabelecido,<br />

com o fim definitivo dos confrontos entre os rebeldes<br />

e as remanescentes forças pró Gaddafi, para que seja<br />

possível construir um país que englobe e respeite todas<br />

as diversidades de sua população. Cabe aos membros<br />

da Liga dos Estados Árabes averiguar a situação atual<br />

do país, bem como os danos causados pelo confronto,<br />

como, por exemplo, a questão dos direitos humanos,<br />

114<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

dos refugiados, a destruição e reconstrução das cidades<br />

afetadas, a repercussão econômica, entre outros, sem<br />

esquecer a questão central, a sucessão política. O país<br />

urge pelo auxílio da LEA para que seja possível alcançar<br />

a democracia e chegar a uma resolução que seja benéfica<br />

a toda a população líbia e a todos os envolvidos.<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

• A Liga dos Estados Árabes tem como principal função<br />

atuar ativamente nos problemas da região. Como seu<br />

país pode ajudar para cooperar com a LEA?<br />

• Seu país tem qual grau de relação com a Líbia? Descreva<br />

os benefícios dessa relação para ambos os lados.<br />

• A Líbia enfrentou um grande problema interno de<br />

imposição a um governo ditatorial. Seu país já enfrentou<br />

algum problema similar? Se sim, como ele foi<br />

solucionado?<br />

• Seu país tem apoiado as decisões do Conselho Nacional<br />

de Transição líbio? Se sim, explique os motivos<br />

desse apoio. Se não, o que acredita ser melhor para o<br />

país e por quê.<br />

• Como seu país acredita que a Líbia deve prosseguir<br />

politicamente e em relação a sua reconstrução? O<br />

que seu país está fazendo para ajudar a Líbia a reconstruir<br />

seu Estado?<br />

• Sua nação está disposta a cooperar com outras nações<br />

visando manter a paz e segurança internacional<br />

na região?<br />

• Quais medidas sua nação acha cabível para solucionar<br />

o problema da reconstrução na Líbia?<br />

Bibliografia<br />

ABOUDI, Sami. Árabes enxergam morte de Gaddafi como lição<br />

para outros tiranos. In: Estadão Internacional, 21/10/2011.<br />

Disponível em: .


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povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

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representante legítimo]. 24/05/2011. Disponível em:.<br />

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Relations], 7/7/2011.<br />

BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD: LIBYA. [Government<br />

and Political Conditions], 7/7/2011.<br />

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7/7/2011.<br />

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culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation Paper<br />

No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War College. Maxwell<br />

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Líbia]. Disponível em: .<br />

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diz TV]. Disponível em: .<br />

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matam 243 em Misrata]. Disponível em: .<br />

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em ofensiva da Otan]. Disponível em: . Acesso em: 13 out. 2011.<br />

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Disponível em: .<br />

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em: .<br />

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de Kadafi e fala de chance de futuro democrático para Líbia].<br />

21/10/2011. Disponível em: .<br />

OPINIÃO E NOTÍCIA. [Protestos populares atingem Djibuti e Líbia].<br />

19/02/2011. Disponível em: .<br />

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Legítima da Líbia]. 12/11/11. Disponível em: .<br />

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Líbia]. Disponível em: .<br />

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100 mortos em reduto rebelde]. Disponível em: .<br />

SIMON, Roberto. Morte de líder amplia festa na Faixa de Gaza. In: O<br />

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TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do Egito e<br />

da Tunísia]. Disponível em: .<br />

TERRA MAGAZINE. [Morte De Kadafi: festa, protestos e violência no<br />

Oriente Médio]. 22/10/2011. Disponível em: .<br />

116<br />

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THE LIBYAN INTERIM NATIONAL COUNCIL [Introducing the<br />

Council]. 12/11/11. Disponível em: .<br />

UOL NOTÍCIAS. [Documentos revelam ligação entre CIA e Gaddafi<br />

durante o governo Bush]. Disponível em: .<br />

Notas explicativas<br />

1. TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do<br />

Egito e da Tunísia]. Disponível em: .<br />

2. ESTADAO. [Líbia anuncia gabinete de transição e marca<br />

eleições para junho de 2012]. 12/11/11. Disponível em:<br />

.<br />

3. União de todos os povos de origem árabe com idioma<br />

comum e culturas similares a fim de obter maior importância<br />

no cenário internacional frente aos demais países do globo.<br />

4. Termo usado a princípio pela mídia para tratar da invasão<br />

do Iraque pelos EUA em 2005 e a geração do florescimento de<br />

novas democracias no Oriente Médio. Atualmente, “Primavera<br />

Árabe” é utilizado para tratar das insurgências pró-democracia<br />

em todo o mundo árabe.<br />

5. LEAGUE OF ARAB STATES. Disponível em: < http://www.<br />

arableagueonline.org/ >. Acesso em: 13 out. 2011.<br />

6. In loc. cit.<br />

7. In loc. cit.<br />

8. Na época ainda chamada de Transjordânia.<br />

9. In loc. cit.<br />

10. In loc. cit.<br />

11. LEAGUE OF ARAB STATES. Disponível em: < http://www.<br />

arableagueonline.org/ >. Acesso em: 13 out. 2011.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

12. In loc. cit.<br />

13. CHARTER OF ARAB LEAGUE. Disponível em: http://www.<br />

unhcr.org/refworld/publisher,LAS,,,3ae6b3ab18,0.html/ Último<br />

acesso em: 20 de abril de 2012.<br />

14. In loc. cit.<br />

15. In loc. cit.<br />

16. In loc. cit.<br />

17. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />

18. Título de nobreza usado historicamente pelas nações<br />

islâmicas tanto do Médio Oriente quanto do Norte de África<br />

inicialmente destinado aos descendentes de Maomé, mas que<br />

posteriormente se popularizou para se referir aos chefes e nobres.<br />

19. In loc. cit.<br />

20. In loc. cit.<br />

21. In loc. cit<br />

22. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />

23. BLACK, Craig R. (Commander, U.S. Navy). Deterring Libya<br />

– the strategic culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation<br />

Paper No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War<br />

College. Maxwell Air Force Base, Alabama. October 2000: 9.<br />

24. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />

25. BLACK, Craig R. (Commander, U.S. Navy). Deterring Libya<br />

– the strategic culture of Muammar Qaddafi. In: Counterproliferation<br />

Paper No. 8. USAF Counterproliferation Center, Air War<br />

College. Maxwell Air Force Base, Alabama. October 2000: 9.<br />

26. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />

27. In loc. cit.<br />

28. In loc. cit.<br />

29. In loc. cit.<br />

30. In loc. cit.<br />

31. In loc. cit.<br />

32. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />

33. LIBYA COUNTRY REVIEW. [Political Conditions]. 2011.<br />

34. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />

35. In loc. cit.<br />

36. In loc. cit.<br />

37. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />

38. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [Government and Political Conditions], 7/7/2011.<br />

39. In loc. cit.<br />

40. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [History], 7/7/2011.<br />

41. In loc. cit.<br />

42. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />

43. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [U.S.-Libyan Relations], 7/7/2011.<br />

44. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [Economy], 7/7/2011.<br />

45. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [Foreign Relations], 7/7/2011.<br />

46. In loc. cit.<br />

47. BACKGROUND NOTES ON COUNTRIES OF THE WORLD:<br />

LIBYA. [History], 7/7/2011<br />

48. UNSC – United Nations Security Counsil. [Resolution<br />

1973 (2011)]. Disponível em: < http://daccess-dds-ny.<br />

un.org/doc/UNDOC/GEN/N11/268/39/PDF/N1126839.<br />

pdf?OpenElement>.<br />

117


49. In loc. cit.<br />

50. As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia são um<br />

grupo de rebeldes de ideologia comunista cujo objetivo declarado<br />

é tomar o poder no país pela força. Gostam de se autodenominar<br />

“guerrilheiros marxistas”, dada a inspiração esquerdista<br />

que tiveram quando da sua criação, em meio a uma guerra civil<br />

ocorrida na Colômbia nos anos 1960. Há muito tempo, entretanto,<br />

degeneraram em uma espécie de seita de fanáticos que vive<br />

à custa do tráfico de cocaína e de toda sorte de barbaridades.<br />

Contam atualmente com 16.000 homens. < http://veja.abril.com.<br />

br/idade/exclusivo/perguntas_respostas/farc/index.shtml ><br />

51. O Exército Republicano Irlandês, popularmente conhecido<br />

como IRA (do inglês Irish Republican Army), é um grupo paramilitar<br />

católico e reintegralista, que pretende a separação da<br />

Irlanda do Norte do Reino Unido e reanexação à República da<br />

Irlanda. Outrora recorreu a métodos terroristas, principalmente<br />

ataques a bomba e emboscadas com armas de fogo contra<br />

seu maior alvo: a Inglaterra. Durante mais de duas décadas de<br />

luta armada, o grupo foi responsável por mais de 3500 mortes.<br />

< http://educacao.uol.com.br/historia/ira-exercito-republicano-irlandes-atuou-contra-protestantes-na-irlanda.jhtm<br />

><br />

52. UOL NOTÍCIAS. [Documentos revelam ligação entre CIA e<br />

Gaddafi durante o governo Bush]. Disponível em: .<br />

53. ESQUERDA.NET. [Tunísia dá início à Primavera Árabe].<br />

Disponível em <br />

54. TALBI, Karim. [Revolta líbia contrasta com movimento do<br />

Egito e da Tunísia]. Disponível em: .<br />

55. SANT’ANNA, Lourival. [Maior ofensiva de Kaddafi deixa<br />

pelo menos 100 mortos em reduto rebelde]. Disponível em:<br />

.<br />

56. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Liga Árabe apoia zona de<br />

exclusão aérea sobre a Líbia]. Disponível em: .<br />

118<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

57. CHACRA, Gustavo. RAATZ, Luiz. [ONU autoriza intervenção<br />

na Líbia]. Disponível em: .<br />

58. ESTADAO. [Ataque aéreo à Líbia começará nas próximas horas,<br />

diz governo francês]. Disponível em: .<br />

59. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Ataques de forças leais a<br />

Kadafi matam 243 em Misrata]. Disponível em: .<br />

60. ESTADAO – AGÊNCIA ESTADO. [Filho de Kadafi e 3 netos<br />

morrem em ofensiva da Otan]. Disponível em: .<br />

61. Medida provisória caracterizada pela suspensão temporária<br />

dos direitos garantidos a cada cidadão pela Constituição,<br />

além da submissão dos Poderes Judiciário e Legislativo<br />

ao Executivo, visando promover a ordem pública por meio do<br />

total controle do poder por parte do Poder Executivo.<br />

62. O Grupo de Contato sobre a Líbia idealizado no final de março<br />

pela França e Grã-Bretanha e formado por 28 países e sete organizações<br />

internacionais é encarregado da coordenação política da<br />

operação internacional. < http://noticias.terra.com.br/mundo/<br />

africa/intervencaonalibia/noticias/0,,OI5322740-EI17839,00-Grupo<br />

+de+Contato+sobre+a+Libia+fara+coordenacao+politica.html ><br />

63. <strong>DE</strong>SMOND, Guy. [Rebeldes líbios tomam aeroporto de<br />

Misrata, diz TV]. Disponível em: .<br />

64. RADIO MOÇAMBIQUE. [Filho de Gaddafi diz que país<br />

entrará em Guerra civil se líder líbio não abandonar o poder].<br />

Disponível em: < http://www.radiomocambique.com/rm/noticias/anmviewer.asp?a=7388&z=108<br />

><br />

65. PUBLICO. [Alemanha reconhece rebeldes como líderes<br />

legítimos da Líbia]. Disponível em: .<br />

66. EURONEWS. [Alemanha reconhece Conselho Nacional<br />

de Transição libio]. Disponível em:


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

com/2011/06/14/alemanha-reconhece-conselho-nacionalde-transicao-libio/<br />

><br />

67. NTCLiBYA. [The Libyan Inteirim Transitional National Council].<br />

Disponível em: <br />

68. O GLOBO MUNDO. [Comunidade internacional comenta<br />

morte de Kadafi e fala de chance de futuro democrático para<br />

Líbia]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

69. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />

UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />

com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />

70. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />

união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

71. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />

UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />

com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />

72. OPINIÃO E NOTÍCIA. [Protestos populares atingem Djibuti<br />

e Líbia]. 19/02/2011. Disponível em: .<br />

73. <strong>DE</strong>PARTAMENTO DA ÁFRICA. [Djibuti – Política Externa ] Disponível<br />

em: <br />

74. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />

união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

75. TERRA MAGAZINE. [Morte De Kadafi: festa, protestos e<br />

violência no Oriente Médio]. 22/10/2011. Disponível em:<br />

.<br />

76. EXPRESSO DAS ILHAS. [Líbia: mais de 60 países já reconheceram<br />

o CNT]. 1/9/2011. Disponível em: .<br />

77. AGÊNCIA EFE. [Jordania reconoce a Consejo rebelde<br />

líbio como representante legítimo]. 24/05/2011. Disponível<br />

em:<br />

78. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />

união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

79. <strong>DE</strong>NSELOW, James. Libya and Lebanon: a troubled relationship.<br />

In: The Guardian – UK. 16/03/2011. Disponível em:<br />

.<br />

80. In loc. cit.<br />

81. EXAME.COM. [Porta voz do CNT anuncia a morte de<br />

Kadafi]. 12/11/11. Disponível em: .<br />

82. ESTADAO. [Líbia anuncia gabinete de transição e marca<br />

eleições para junho de 2012]. 12/11/11. Disponível em:<br />

.<br />

83. Um movimento político-revolucionário que luta pela<br />

separação do Saara Ocidental.<br />

84. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />

união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

85. ABOUDI, Sami. Árabes enxergam morte de Gaddafi como<br />

lição para outros tiranos. In: Estadão Internacional, 21/10/2011.<br />

Disponível em: < http://www.estadao.com.br/noticias/<br />

internacional,arabes-enxergam-morte-de-gaddafi-comolicao-para-outros-tiranos,788513,0.htm<br />

>.<br />

86. SIMON, Roberto. Morte de líder amplia festa na Faixa de<br />

Gaza. In: O Estado de S. Paulo, 21/10/2011.<br />

87. FONTEVECCHIA, Agustino. Crisis in Libya: Saudi Arabia,<br />

UAE call Gadhafi’s regime ‘illegitimate’. In: Forbes.<br />

com, 03/11/2011. Disponível em: .<br />

119


88. <strong>DE</strong>NSELOW, James. Libya and Lebanon: a troubled relationship.<br />

In: The Guardian – UK. 16/03/2011. Disponível em:<br />

.<br />

89. MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES BRASILEIRO.<br />

[Sudão]. Disponível em: .<br />

90. PANAPRESS. [Presidente sudanês realça relações entre<br />

Sudão e Líbia]. 26/11/2011. Disponível em: .<br />

91. AGÊNCIA <strong>DE</strong> NOTÍCIAS BRASIL-ÁRABE. [Árabes pedem<br />

união ao povo líbio]. 21/10/2011. Disponível em: .<br />

92. OPINIÃO E NOTÍCIA [União Africana Reconhece CNT<br />

Como Autoridade Legítima da Líbia]. 12/11/11. Disponível em:<br />

.<br />

120<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012


OMC – Organização<br />

Mundial do Comércio<br />

Combatendo o protecionismo e as barreiras<br />

alfandegárias em tempos de crise mundial


Caros (as) alunos (as) e professores (as),<br />

Vimos por esta apresentar-lhes a nós e ao nosso Comitê.<br />

122<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Nosso Comitê é uma simulação da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou World Trade Organization (WTO),<br />

com foco principalmente em barreiras alfandegárias e no protecionismo, tema muito discutido atualmente principalmente<br />

por conta da atual crise financeira mundial. Nosso Comitê é composto por dois diretores experientes:<br />

Eduardo Luis Vargas Tiburski, que tem 27 anos e está cursando atualmente o 7° semestre de Economia, tendo participado<br />

do VII Fórum FAAP como diretor do Comitê UNFCCC e como diretor adjunto do VI fórum FAAP, no Comitê<br />

OMC. O outro diretor é Guilherme de Agostini Camargo, 21 anos, formado em Relações Internacionais, e cursando<br />

o 5° semestre de Economia, tendo participado juntamente com Eduardo Tiburski do VII Fórum FAAP, também como<br />

diretor do Comitê UNFCCC.<br />

Os diretores assegurarão a todos a possibilidade de se expressarem e discutirem, intervindo somente quando necessário.<br />

O tema tem muito a ser abordado e muitas vertentes a serem discutidas, mesmo com o tempo limitado.<br />

Acreditamos, no entanto, que teremos excelentes resultados na discussão.<br />

O Comitê foi escolhido pelos dois diretores, que concordaram em fazer novamente OMC, baseados na experiência<br />

do Eduardo Tiburski e por tratar-se de comércio. Para um internacionalista ou um economista, trata-se de uma das<br />

áreas mais promissoras de carreira. O tema em si foi escolhido devido à grande variedade de discussões e vertentes<br />

de análise. É um tema que está sempre em pauta, particularmente pelo fato de o Brasil estar cada vez mais atuante<br />

nesse tema e com voz ativa. Os diretores resolveram escolher o tema barreiras alfandegárias e protecionismo, pois o<br />

debate levará os alunos a ganharem experiência e acumularem conhecimentos úteis profissionalmente. Além disso<br />

– creem os diretores –, o tema será de extrema utilidade e importância, à medida que o Brasil ocupa uma posição<br />

cada vez mais relevante no cenário internacional, com um impacto positivo para todos os participantes. Esperamos<br />

que os senhores apreciem o nosso trabalho,<br />

Atenciosamente,<br />

EDUARDO LUIS VARGAS TIBURSKI<br />

GUILHERME <strong>DE</strong> AGOSTINI CAMARGO<br />

Diretores Acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Introdução<br />

Vivemos numa era em que as decisões de cada país,<br />

voltadas ao comércio, não alteram mais a sua própria<br />

economia ou até mesmo a sua política doméstica, mas<br />

influenciam, em um primeiro momento, todos os países<br />

vizinhos e, por último, podem alterar todo o comércio<br />

mundial. Essa situação ocorre devido à globalização,<br />

em que cada país tem cada vez mais a necessidade<br />

de expandir seu mercado de consumo, escoando sua<br />

produção e importando insumos para produzir mais,<br />

a fim de atender o mercado interno e, posteriormente,<br />

crescer mais e começar a exportar.<br />

Em termos comerciais, é muito difícil um país isolar-<br />

-se do mercado mundial. Muitas vezes, pode não ser<br />

tão influente do ponto de vista macroeconômico, mas<br />

ainda assim pode ser influente entre seus vizinhos, atuando<br />

em parceiras bilaterais, visando um crescimento<br />

mútuo, auxiliando ou determinando como será seu<br />

crescimento, que pode ser representado por um só país<br />

para ganhar mais força tanto econômica quanto politicamente.<br />

Esse país pode não ter tanta participação no<br />

comércio mundial, porém não pode ser descartado a<br />

um médio ou longo prazo, pois poderá tornar-se mais<br />

forte economicamente, em virtude da ambição de aumentar<br />

sua participação no comércio mundial.<br />

Tal necessidade de crescimento não é tão simples<br />

quanto parece. Quando um país resolve aumentar as<br />

opções de escoamento de produção, ele precisa levar<br />

em conta algumas questões que vão muito além de<br />

questões técnicas, como, por exemplo, determinar a<br />

região de atuação, quais produtos exportará ou como<br />

é a economia doméstica do país importador. Tais questões<br />

são fundamentais para tomar uma decisão; entretanto,<br />

existem questões relacionadas à política externa<br />

e como tal decisão poderá afetar a sua economia<br />

interna e como afetará a economia do importador. As<br />

questões políticas não envolvem só a diplomacia entre<br />

os dois países, mas também o que cada país ganhará<br />

com o comércio e do que deverá abrir mão.<br />

Ocasionalmente são realizados acordos comerciais não<br />

só para aumentar a participação no mercado mundial,<br />

mas também o peso político, crescendo, assim, a influência<br />

em determinadas regiões. Esses acordos podem<br />

ser feitos visando à realização de mais acordos, comerciais<br />

ou não. Um país pode concordar em exportar ar-<br />

roz, se tiver ampla produção, a um que tenha escassez<br />

desse produto, que, em retorno, pode oferecer produtos<br />

manufaturados. Nesse caso, ocorre uma simples<br />

troca de produtos com o objetivo de atender às necessidades<br />

internas dos envolvidos. Há, no entanto, acordos<br />

que podem originar-se de uma necessidade interna,<br />

como, por exemplo, adquirir insumos para produzir<br />

mais. A outra parte, entretanto, pode estar interessada<br />

não em ter mais uma troca de comércio, mas em aumentar<br />

seu peso político mundial, buscando uma posição<br />

mais privilegiada para decidir questões globais.<br />

Seria, a título exemplificativo, o caso de buscar-se uma<br />

cadeira no Conselho de Segurança da Organização das<br />

Nações Unidas (ONU), não se atendo somente a questões<br />

de natureza comercial.<br />

Atualmente, é comum pensar em comércio não somente<br />

para atender à demanda de um país específico, mas<br />

de toda uma região que, muitas vezes, por serem países<br />

vizinhos com praticamente a mesma historia, acabam<br />

por ter necessidades e tendências similares. Unem-se,<br />

então, para ganhar maior apelo internacional, fechando<br />

acordos que atendam a toda a região para atingir um<br />

crescimento econômico mútuo e integrado. É o caso da<br />

Europa, com a União Europeia, ao criar um único mercado,<br />

integralizando todo o comércio, moeda e escoamento<br />

de produção, insumos e até de capital humano,<br />

atuando como um único bloco econômico.<br />

Até agora foram levantadas questões macroeconômicas<br />

e políticas. Não podemos, no entanto, deixar de<br />

analisar as questões microeconômicas, dos países ou<br />

dos blocos econômicos. Quando um país ou bloco resolve<br />

importar produtos, ele tem que tomar cuidado<br />

com a economia doméstica. A entrada de produtos estrangeiros<br />

pode restringir ou quebrar a indústria interna.<br />

Isso acontece porque, normalmente, os produtos<br />

estrangeiros chegam ao mercado com maior qualidade<br />

e a um preço muito mais acessível, de tal maneira<br />

que a indústria interna perde espaço de mercado, já<br />

que, no curto prazo, não tem capital e, muito menos,<br />

tecnologia para competir de forma igualitária.<br />

Os acordos comerciais são feitos para atender a uma<br />

necessidade, mas devem sempre levar em conta a indústria<br />

local. Para ajudá-las, os governos acabam por<br />

restringir importações, promovem subsídios fiscais<br />

para incrementar a competitividade, aumentam os<br />

impostos dos produtos importados, deixando-os mais<br />

123


caros e menos acessíveis à população. Por último, podem<br />

até fechar o mercado interno. Todas essas ações,<br />

em conjunto ou não, de uma maneira teórica, forçam a<br />

indústria doméstica a buscar aprimorar seus produtos<br />

a um preço mais baixo para atender à demanda interna.<br />

Na prática, porém, é mais complicado ter os resultados<br />

esperados, pois, com o fechamento de mercado, a<br />

indústria local pode acomodar-se, já que não enfrenta<br />

competição, elevando assim os seus preços para aumentar<br />

a margem de lucro e oferecendo produtos de<br />

baixo valor agregado.<br />

A maioria dos países é a favor a liberalização do comércio<br />

mundial, quebrando as barreiras alfandegárias para<br />

alcançar um desenvolvimento econômico mais intenso.<br />

Essa tendência, no entanto, não pode ser levada ao pé da<br />

letra, já que o país que se abrir economicamente poderá,<br />

eventualmente, desestimular a indústria local. Para haver<br />

crescimento é necessária uma forte industrialização.<br />

Histórico do Comitê<br />

Antes de descrevermos como surgiu a OMC, é necessário<br />

recordar que houve outros acordos de menor influência<br />

anteriormente, que não regulamentavam de<br />

maneira tão precisa e abrangente o comércio mundial,<br />

porém tiveram grande importância para estabelecer a<br />

OMC que conhecemos atualmente.<br />

O principal órgão anterior à OMC teria sido a Organização<br />

Internacional do Comércio (OIC), se tivesse, de<br />

fato, sido implementada.<br />

As negociações iniciadas em Bretton Woods, que culminaram<br />

na criação das organizações financeiras internacionais<br />

– o Banco Internacional para Reconstrução e<br />

Desenvolvimento (Banco Mundial) e o Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI) –, também previam a necessidade de<br />

um órgão regulamentador do comércio internacional.<br />

A Carta de Havana previa a criação da OIC, porém o projeto<br />

não foi levado adiante, já que os Estados Unidos, a<br />

maior potência da época, que também detinham um PIB<br />

maior do que o de todas as potências somadas, não aderiram<br />

à Carta por alegarem que isso interferiria em sua<br />

soberania. Sem o apoio da maior potência econômica da<br />

época, a OIC se tornou inviável. Porém, o acordo nego-<br />

124<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

ciado apresentava muitos fatores positivos. Conhecido<br />

como Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT, do inglês<br />

General Agreement on Tariffs and Trade), ele resultou de<br />

um acerto temporário sugerido pelos EUA. Nesse acordo,<br />

uma vez que os EUA se engajaram ativamente, os outros<br />

países passaram a interagir de maneira mais dinâmica. Tal<br />

interação incrementou a competitividade entre os países<br />

desenvolvidos. Eventualmente, a entrada dos países em<br />

desenvolvimento ampliou o escopo do Acordo.<br />

Após sete anos de intensas reuniões e negociações –<br />

que basearam suas ações e discussões na melhoria do<br />

comércio mundial visando ao desenvolvimento e ao<br />

aprimoramento das técnicas multilaterais –, foi na Rodada<br />

do Uruguai que os países integrantes conseguiram<br />

reformular o GATT 1 e criar um novo organismo internacional,<br />

a OMC. Essa organização serviria de palco para<br />

que todos os integrantes pudessem expor seus problemas<br />

e, através de um procedimento de normas e condutas,<br />

chegar a um bom termo quanto às controvérsias<br />

surgidas, além de regulamentar todo o comércio mundial,<br />

administrando os acordos comerciais multilaterais,<br />

organizando regras e fiscalizando os tratados, para alcançar<br />

uma transparência comercial mundial. 2<br />

A estrutura da OMC apresenta um órgão máximo – a<br />

Conferência Ministerial – que se reúne bianualmente<br />

para discussões. Nelas, todos os representantes se reúnem<br />

e debatem, a fim de firmar acordos que ratifiquem<br />

as negociações comerciais e acordos multilaterais.<br />

Dessa forma, os principais órgãos da OMC são: 3<br />

• Conselho Geral: órgão permanente que revê as políticas<br />

comerciais e propicia a solução de controvérsias.<br />

Sua principal diferença quanto à Conferência Ministerial<br />

é que este Conselho pode reunir-se a qualquer<br />

momento;<br />

• Conselho de Comércio e Bens e Conselho de Comércio<br />

e Serviços: responsáveis pela administração<br />

de implementação e funcionamento dos acordos estabelecidos<br />

pelo Conselho Geral, de modo a garantir<br />

seu cumprimento e funcionalidade;<br />

• Comitês subordinados a ambos os Conselhos:<br />

através de peritos, debatem de maneira específica<br />

cada um dos temas controversos em pauta, otimizando<br />

as negociações;


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

• Secretariado, presidido por um diretor-geral: visa<br />

à transnacionalidade dos acordos, o respeito às regras<br />

da OMC, sem que haja o predomínio de interesses<br />

de algum país ou bloco, se prejudiciais.<br />

Histórico do Problema<br />

A ideia de protecionismo é muito antiga,originando-<br />

-se desde a época das grandes navegações, quando os<br />

países tinham a necessidade de cuidar de suas colônias<br />

e metrópoles. A forma de comprar e vender produtos<br />

era bem diferente, no entanto, apesar de parecidas,<br />

ainda se distanciam muito da maneira como o mundo<br />

realiza o comércio internacional atualmente. É a partir<br />

da Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra e seguida<br />

pelas grandes nações da época, que se começa a<br />

observar a necessidade de expandir o mercado consumidor,<br />

criando, além de produtos novos, modernos e<br />

de maior valor agregado, uma vontade na população<br />

de ter tais produtos, o que levou as fábricas a aumentarem<br />

a produção, criando novos estabelecimentos de<br />

produção, contratando-se pessoas para trabalhar, as<br />

quais, com o rendimento percebido, teriam a oportunidade<br />

de comprar os produtos. Para esses países que<br />

estavam se industrializando, a ideia de colônias e escravidão<br />

era prejudicial ao processo de industrialização,<br />

pois restringia, significativamente, a quantidade<br />

de pessoas que poderiam comprar os produtos. Outro<br />

fato que ajudou bastante na propagação da necessidade<br />

do consumo foram as ideias liberais iniciadas com<br />

o Iluminismo, com a difusão dos conceitos de liberalismo,<br />

individualismo e racionalismo. Esse processo<br />

de libertar colônias e escravos, no entanto, foi gradual.<br />

Países como Inglaterra, Alemanha e França ainda<br />

necessitavam da matéria-prima oriunda das colônias,<br />

como o algodão, por exemplo, para se industrializarem<br />

e espalharem os produtos e tecnologia pelo resto da<br />

Europa. Posteriormente, esses países perceberam ser<br />

mais vantajoso aumentar o mercado consumidor do<br />

que garantir a matéria-prima.<br />

Essa tendência à liberalização seguiu até a Primeira<br />

Grande Guerra, quando diversos países alcançaram a<br />

sua independência e mostraram sinais de crescimento e<br />

industrialização. Com o final da guerra, foi natural o aumento<br />

de medidas protecionistas, uma vez que grande<br />

parte da Europa sofrera enormes perdas, com a popu-<br />

lação dizimada, fábricas destruídas ou abandonadas e<br />

uma boa quantidade de terras agrícolas danificadas.<br />

A pobreza se alastrou pelo mundo, dando espaço à ascensão<br />

de regimes ditatoriais e autoritários, completamente<br />

avessos ao capitalismo e às ideias liberais, o que<br />

acirrou o processo de fechamento do mercado mundial.<br />

Cada país buscou exercer o direito de se autoproteger<br />

fechando seu mercado para se reconstruir e fortalecer.<br />

Posto que as experiências de um mundo aberto e<br />

liberal não haviam funcionado tão eficazmente como<br />

se esperava, houve um aumento de barreiras alfandegárias<br />

para impedir a entrada de produtos importados<br />

que pudessem danificar a economia local, favorecendo,<br />

assim, a industrialização interna. Como a maioria das<br />

empresas teve que fechar as portas durante a guerra, o<br />

Estado era a única instituição ainda forte, sendo-lhe praticamente<br />

imposto dar subsídios e incentivos à indústria<br />

e ao comércio local para reavivar a economia interna. Os<br />

Estados Unidos eram o único país que ainda estavam<br />

em forte expansão econômica. Tal crescimento perdurou<br />

até a crise da bolsa de 1929, o que levou o país à<br />

recessão e à adoção de medidas protecionistas visando<br />

o fortalecimento do mercado doméstico.<br />

Essa onda de fechamento de mercados durou até o<br />

final da Segunda Guerra Mundial. Paralelamente, diversos<br />

países já se reuniam para encontrar soluções<br />

conjuntas para combater a pobreza e as péssimas condições<br />

de vida existentes, buscando uma saída para<br />

lidar com os problemas domésticos. Essas reuniões<br />

visavam atender às questões econômicas, políticas e<br />

sociais, fortalecendo, assim, o comércio internacional.<br />

A Conferência de Bretton Woods, de 1944, 4 no estado<br />

norte-americano de New Hampshire, exerceu um papel<br />

de enorme relevância na estruturação da arquitetura<br />

financeira mundial. Para melhor evidenciar a<br />

evolução do comércio mundial, adotamos a mesma<br />

ordem cronológica sugerida em 2007 pelo Relatório<br />

Anual da Organização Mundial do Comércio, 5 dividindo<br />

o os anos de 1944 a 2008 em quatro períodos.<br />

O primeiro, de 1944 a 1963, teve na Conferência de<br />

Bretton Woods a tentativa mais aprofundada de criar<br />

instituições internacionais, alcançando, com êxito, o<br />

estabelecimento do Fundo Monetário Internacional<br />

(FMI) e do Banco Mundial. A essas duas instituições<br />

couberam respectivamente o estabelecimento de<br />

certas disciplinas nas políticas monetárias dos países-<br />

125


-membros e a aceleração do processo de reconstrução<br />

das economias europeias. 6 A tentativa frustrada<br />

da criação da Organização Internacional do Comércio<br />

(OIC) encontrou no GATT o instrumento para a regulamentação<br />

do comércio internacional. Visando, particularmente,<br />

a facilitação do comércio entre as partes<br />

contratantes, com a intenção de reerguer todos os países<br />

destruídos pela guerra. 7<br />

“Segundo o Art. XXVIII do GATT, os Membros podem<br />

decidir se engajar em rodadas de negociação visando<br />

a diminuição das tarifas de importação e a abertura<br />

dos mercados. No âmbito do GATT, foram realizadas 8<br />

Rodadas de Negociação e, sob a OMC, foi lançada a Rodada<br />

Doha, com o objetivo de ser a Rodada do Desenvolvimento,<br />

beneficiando principalmente os interesses<br />

dos países em desenvolvimento.” 8<br />

O mentor principal de todos os participantes foi, sem<br />

dúvida, os EUA, já que eram a principal potência, ocupando<br />

a posição de influenciador político econômico<br />

sobre os demais países, recaindo-lhes, no entanto, a responsabilidade<br />

de combater o protecionismo mundial.<br />

Da primeira rodada de negociações, ocorrida em Genebra,<br />

saíram 23 acordos aumentando em 40% o comércio<br />

mundial e, pela primeira vez no comércio mundial,<br />

foi aplicado o princípio da não discriminação e a cláusula<br />

de nação mais favorecida. Esses dois termos almejavam,<br />

sobretudo, impor a igualdade de tratamento<br />

nas relações comerciais, já que era impossível fazer<br />

tratados entre países de diferentes forças políticas e<br />

econômicas sem que o mais forte saísse ganhando na<br />

negociação. Como os países europeus necessitavam<br />

de estímulo e auxílio para crescer, foram, portanto, os<br />

maiores beneficiários de tais cláusulas.<br />

Também nesse primeiro período, mais precisamente<br />

em 1948, surgiu a OE<strong>DE</strong> (antiga sigla para a atual Organização<br />

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos<br />

– OC<strong>DE</strong>). 9 Os países-membros dessa organização<br />

eram os mais desenvolvidos da época, uma elite<br />

econômica mundial, que firmaram diversos acordos<br />

para eliminar as barreiras alfandegárias, aumentando<br />

a integração comercial, o que constituiu um passo<br />

importante na criação de um único mercado comum<br />

a todos. Nas Rodadas que se sucederam, particularmente<br />

as de Annecy 10 e a de Torquay, 11 houve fortes<br />

reduções de tarifas alfandegárias e prolongamento<br />

126<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

nos prazos de vencimento, além da entrada de novos<br />

membros, como a República Federal da Alemanha e<br />

outros dezessete países em ascensão. Ainda na Rodada<br />

Torquay, as partes contratantes passaram a discutir<br />

a manutenção do acordo ou da criação de um novo,<br />

mais amplo e regulamentado.<br />

Na Rodada Dillon, 12 o objetivo era a discussão quanto<br />

às tarifas relacionadas à questão agrícola, amplamente<br />

discutidas no seio da Comunidade Econômica Europeia<br />

(CEE). A princípio, os EUA foram fortes opositores,<br />

mas mudaram de opinião, posto que a agricultura facilitaria<br />

o desenvolvimento do continente e os EUA dela<br />

poderiam beneficiar-se.<br />

O segundo período, de 1963 a 1986, pode ser considerado<br />

como a época da consolidação do GATT. Na Rodada<br />

Kennedy, 13 os EUA e a CEE trabalharam juntos, difundindo<br />

ideias liberais e agindo contra o comunismo.<br />

Alemanha, França e EUA foram os principais líderes e<br />

já falavam na integração da Europa Ocidental. Durante<br />

as negociações, os países entraram em comunhão, alegando<br />

que qualquer país comunista ou que estivesse<br />

sob influência daquele regime deveria ser excluído das<br />

concessões tarifárias. Foram também colocados novos<br />

tópicos em discussão como a liberalização de commodities<br />

agrícolas, além de melhor abordagem das medidas<br />

não tarifárias e um tratamento especial a países em<br />

desenvolvimento. A CEE passou a atuar mais efetivamente<br />

como um bloco econômico.<br />

A importância dessa rodada foi muito além dos acordos<br />

e concessões tarifárias. Nela surgiu uma das principais<br />

medidas compensatórias, chamadas de antidumping, 14<br />

que visam proteger o comércio doméstico, adicionando<br />

impostos a produtos importados. Para que um país<br />

use a medida de antidumping, primeiro deve provar<br />

que tem sofrido o dumping, uma prática desleal do comércio.<br />

Em suma, um país, para ganhar mais mercado<br />

noutro, abaixa o preço de seu produto exportado abaixo<br />

do seu custo doméstico de produção, tornando-o<br />

muito mais competitivo do que o similar produzido no<br />

país alvo. Com o passar do tempo, as indústrias no país<br />

alvo tendem a parar de produzir o referido produto, a<br />

menos que o governo interfira iniciando uma investigação,<br />

que, se comprovado o dumping, eventualmente<br />

levará ao aumento do imposto de importação incidente<br />

sobre o produto, com o propósito de incrementar a<br />

competitividade da indústria afetada.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Durante a Rodada Kennedy ocorreu a criação do Sistema<br />

de Preferências (SGP). 15 Como já na época existia uma forte<br />

distinção entre países desenvolvidos e em desenvolvimento,<br />

a qualidade e o preço da produção em diferentes<br />

mercados eram díspares, pois, nos mercados desenvolvidos,<br />

em razão da abundância de capital, tecnologia e<br />

mão de obra especializada, o valor agregado ao produto<br />

tende a deixá-lo melhor e mais competitivo em relação<br />

àquele fabricado num país em desenvolvimento.<br />

Essa tendência ao protecionismo se deveu muito à<br />

desvalorização do dólar e à primeira crise do petróleo,<br />

ocorrida em 1973, acompanhada por uma forte onda<br />

de inflação e desemprego mundial. A Rodada de Tóquio<br />

16 veio em seguida. A cidade foi estrategicamente<br />

escolhida por ser o Japão o maior exportador mundial<br />

na ocasião e para dar maior credibilidade aos países<br />

asiáticos, que vinham em constante expansão no comércio<br />

mundial. Mesmo com o pensamento muito<br />

mais voltado a um comércio mundial mais justo do que<br />

livre, houve um aumento de mais de cem países participantes<br />

na Rodada, tendo em vista que os ganhos de<br />

caráter mundial estimulavam novas oportunidades de<br />

acordos comerciais e geravam um compromisso maior<br />

no comércio mundial.<br />

O mais importante dessa rodada foi o amadurecimento<br />

das ferramentas usadas para proteger o mercado<br />

doméstico, resultando em diretrizes ou códigos que,<br />

mais tarde, foram modificados e transformados em<br />

compromissos plurilaterais durante a Rodada Uruguai.<br />

A situação política e econômica mundial não era favorável<br />

à liberalização econômica. No continente sul-<br />

-americano, emergia um Estado forte e ditatorial, que,<br />

na sua essência, era contra qualquer tipo de ideias liberais,<br />

de cunho político, econômico ou social. Não se<br />

poderia esperar outra postura desses países, exceto o<br />

fechamento e a valorização do mercado nacional, aumentando<br />

as barreiras alfandegárias e restringindo o<br />

mercado e a economia mundial. Em outras áreas do<br />

globo, a situação não era muito diferente, pois o desemprego<br />

e a inflação elevada afetavam a todos. Os<br />

EUA, para se autoprotegerem, durante a administração<br />

do presidente Richard Nixon, aplicaram uma sobretaxa<br />

de 10% para moderar as negociações comerciais,<br />

ferindo gravemente o liberalismo econômico. Houve<br />

também instabilidade política, enfrentada pelos países<br />

asiáticos, principalmente afetados pelo petróleo e pela<br />

volatilidade dos preços.<br />

No terceiro período, que começou em 1985 e terminou<br />

em 1995, observamos grandes e decisivos fatos para o<br />

comércio mundial. Somente na Rodada do Uruguai 17<br />

(1986- 94), foi firmada a carta de criação da OMC, reconhecendo-a<br />

como um órgão internacional, definindo<br />

como seria a sua regulamentação e estrutura. Nesse<br />

período também ocorreu a criação das medidas de<br />

salvaguardas, 18 que, durante um determinado período<br />

de tempo, ofereceram total proteção às indústrias<br />

domésticas, visando dar-lhes um prazo para se preparar<br />

ou para reparar um prejuízo vindouro ocorrido<br />

pela importação de produtos. Essa medida foi muito<br />

importante para o mercado mundial devido às praticas<br />

voluntárias que cada governo exercia, colocando<br />

restrições a produtos exportados. Essa regulamentação<br />

ampliou uma maior confiança e credibilidade no<br />

cenário mundial.<br />

No começo da Rodada do Uruguai, surgiram inúmeras<br />

divergências, por parte dos países em desenvolvimento,<br />

quanto à inclusão de serviços, propriedade intelectual<br />

e investimentos na pauta de discussão, alegando-<br />

-se que, se introduzidos nas discussões e deliberados<br />

positivamente, tais aspectos sairiam do controle, além<br />

da intensa discussão entre os EUA e a CEE no tocante à<br />

agricultura. Tal situação poderia reduzir o impacto do<br />

esforço de fazer uma rodada com planos e metas ambiciosas,<br />

os quais poderiam não sair do papel.<br />

Os EUA pretendiam um organismo multilateral de comércio<br />

para desempenhar o papel do GATT somente<br />

no continente americano. Um desses organismos desenvolvidos<br />

seria a Área Livre de Comércio das Américas<br />

– ALCA, 19 idealizada em 1992, alterando negativamente<br />

as negociações na OMC. Tal impasse impulsionou uma<br />

apelação escrita de trinta e sete membros – entre desenvolvidos<br />

e em desenvolvimento –, encaminhada aos<br />

EUA, CEE e Japão, para darem prioridade às negociações<br />

já iniciadas na OMC. Somente em 1993 houve um progresso<br />

em todas as divergências citadas, enquanto os<br />

EUA e a CEE negociavam paralelamente.<br />

Na prática, esse período foi muito mais interessante do<br />

ponto de vista do protecionismo do que do liberalismo.<br />

A criação da carta da OMC e o reconhecimento de todas<br />

as suas funções e regulamentações, no entanto, mostraram<br />

um sinal de que o protecionismo poderia ser considerado<br />

uma etapa necessária para que os países integrantes<br />

pudessem fortalecer-se para, posteriormente,<br />

127


abrirem seus mercados, de maneira gradual, sem saírem<br />

prejudicados nas negociações multilaterais, sem contar<br />

que foi quando começaram as atuações em grupos, seguindo<br />

o pioneirismo da Comunidade Europeia.<br />

Ao entrarmos no quarto período, ocorre o Acordo Sobre<br />

Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados<br />

ao Comércio (TRIPS), 20 que visa estabelecer<br />

regras e disciplinas relacionadas à propriedade intelectual,<br />

para que esta não se tornasse uma barreira comercial.<br />

Outro aspecto relevante foi o desenvolvimento<br />

dos acordos e negociações ocorridos anteriormente,<br />

marcados com o início da Rodada de Doha 21 e as atuais<br />

negociações, especialmente voltadas aos países em desenvolvimento,<br />

tal como a construção de capacidade<br />

de comercialização. 22 As ideias liberais e de um único<br />

mercado integrando todos os demais blocos econômicos<br />

começou a ganhar força no cenário mundial.<br />

Diversos países atingem um excelente crescimento<br />

econômico, como no caso do Brasil, Rússia, Índia e China<br />

(o chamado BRIC), por exemplo, criando-se novos<br />

mercados, com maiores oportunidades para investimentos<br />

externos. Grande parte do crescimento atual<br />

das economias pode ser explicada pelo aumento dos<br />

acordos multilaterais e bilaterais, fechados e regulamentados<br />

pela própria OMC, em que, em diversos deles,<br />

observa-se o envolvimento da China, seja exportando<br />

produtos manufaturados para o resto do mundo<br />

ou importando commodities, como é o caso, por exemplo,<br />

do Brasil.<br />

Essa tendência ao liberalismo prosseguiu até o começo<br />

da crise de 2008, quando os países anteviram a necessidade<br />

de fechar suas economias para evitar maiores<br />

perdas e danos, em vista da globalização do comércio<br />

mundial, que, em princípio, deixou o mundo mais suscetível<br />

às crises e problemas que podem originar-se<br />

num país e alastrar-se internacionalmente. Atualmente,<br />

ainda observamos os EUA com taxas históricas elevadas<br />

de desemprego e os países europeus enfrentando<br />

uma forte depressão, o que gerou crise até quanto<br />

à permanência de alguns países na zona do euro. Embora<br />

não pareça, os problemas oriundos da crise podem<br />

ser observados em países em desenvolvimento.<br />

Nos países do BRIC observamos uma preocupação relevante<br />

quanto aos rumos do comércio internacional,<br />

particularmente em vista do fechamento protecionista<br />

de algumas economias.<br />

128<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Definição do Problema<br />

O paradoxo da liberalização do comércio internacional<br />

e do protecionismo tem sido um dos temas mais discutidos<br />

na agenda internacional. A competição entre<br />

mercados estimula fortemente os avanços tecnológicos<br />

e a redução de preços, beneficiando prioritariamente<br />

o consumidor. Do lado da produção, economistas<br />

renomados, como Adam Smith e David Ricardo,<br />

argumentavam que a livre circulação de bens permitiria<br />

que sua utilização fosse otimizada, podendo os países<br />

aperfeiçoar a tecnologia para evitar desperdícios e<br />

maior capacidade exportadora. 23 Em tempos de crise,<br />

no entanto, é comum ver os países adotando posturas<br />

mais protecionistas para favorecer o mercado e a indústria<br />

nacional.<br />

Em tese, o protecionismo é vantajoso para os países<br />

em desenvolvimento, para proteger e estimular a indústria<br />

nacional, considerando que, ao criarem limitações<br />

à entrada de produtos externos e subsidiarem<br />

a indústria nacional, estimulam o desenvolvimento<br />

doméstico. No cenário mundial, posturas protecionistas<br />

são aceitáveis, desde que utilizadas por um prazo<br />

predeterminado pela própria OMC, responsável pela<br />

regulamentação e investigação caso a caso.<br />

Todo país integrante da OMC tem o direito de fazer reclamações<br />

referentes a perdas e prejuízos causados por<br />

outro país-membro. Cabe à própria OMC montar uma<br />

comissão para investigar os pormenores do caso e chegar<br />

a uma conclusão. Assim, além de alegar ter sofrido<br />

algum dano, o país terá de prová-lo. Caso reconhecido,<br />

será utilizada uma das diversas medidas de caráter protecionista<br />

para ser restituído o dano ou risco. As principais<br />

medidas protecionistas são basicamente dividas<br />

entre salvaguardas, antidumping e compensatórias.<br />

Salvaguardas são as medidas que um governo adota<br />

para aliviar imediatamente a sua economia e têm um<br />

prazo estipulado para acabar. 24 O Acordo de Salvaguardas<br />

da OMC 25 e o Artigo XIX do GATT garantem que,<br />

caso algum produto estrangeiro ameace a competitividade<br />

de seu mercado interno, será permitida a elevação<br />

de tarifas ou imposições comerciais que lhe protejam e<br />

permitam fortificação. Não são, portanto, uma retaliação<br />

a medidas desleais adotadas por outros países, mas<br />

o preenchimento provisório de lacunas que, incidentalmente,<br />

causem danos a uma das partes. Nos casos em


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

que há incidência de práticas ilegais de comércio, as<br />

medidas cabíveis são antidumping e as compensatórias.<br />

Os casos chamados de dumping abrangem aqueles<br />

nos quais um determinado produto é vendido no exterior<br />

por um preço abaixo do custo de produção no<br />

mercado doméstico interno. Para que seja verificado,<br />

o produto é comparado aos seus equivalentes ou similares<br />

no mercado importador. 26 Se for verificado e<br />

comprovado que a prática está prejudicando a indústria<br />

local, é conferido o direito de adoção de taxas antidumping<br />

a determinado produto e fabricante, havendo<br />

a verificação de sua regularidade e efetividade pela<br />

OMC. 27 Esse processo difere das medidas compensatórias<br />

aplicadas quando uma indústria estrangeira recebe<br />

subsídios governamentais que causem danos à<br />

indústria doméstica.<br />

Por subsídio se entende o ato de o governo, através de<br />

qualquer de suas agências ou autoridades, financiar<br />

determinado setor ou companhia, de modo a conceder<br />

benefícios. Sendo comprovados casos de empresas<br />

subsidiadas prejudicando a indústria local, o governo<br />

pode impor sobretaxas especiais que compensem<br />

seus danos. 28 Os subsídios são classificados em: 29<br />

i) Proibidos (ou Vermelho): quando o subsídio for<br />

concedido, ainda que não vinculado diretamente<br />

ao exportador em questão e sim ao ganho com exportações,<br />

reais ou previstas.<br />

ii) Acionáveis (ou Amarelo): são específicos e não<br />

proibidos, a serem calculados por unidade do produto<br />

subsidiado.<br />

iii) Não acionáveis (ou Verde): por não serem considerados<br />

específicos, não correm o risco de sofrer<br />

medidas compensatórias.<br />

A interferência da OMC na legitimidade das ações retaliatórias<br />

se deve ao impacto que estas ocasionam no<br />

âmbito internacional, como, por exemplo, dificultar o recebimento<br />

ou envio de Investimentos Estrangeiros Diretos<br />

(IED). 30 Como os julgamentos se baseiam em análises<br />

individuais, há duas sugestões amplamente citadas para<br />

evitar controvérsias e impasses no cenário comercial. 31<br />

Com relação às tarifas alfandegárias, a rodada mais importante<br />

para esse tópico foi, sem dúvida, a Rodada<br />

Uruguai. Mesmo que tenha ficado aquém do esperado,<br />

principalmente pelos países em desenvolvimento, foi<br />

importante para criar uma ampla definição de como<br />

funcionaria o sistema de impostos sobre produtos importados.<br />

Nessa Rodada houve um corte médio de 37%<br />

das tarifas de importação internacionais. Os países desenvolvidos<br />

assumiram a meta de reduzir as tarifas em<br />

49%. 32 Desde 1974, com o Acordo Multifibras, impunha-<br />

-se que os países-membros do GATT e, posteriormente,<br />

da OMC fixassem cotas para importação. Desse modo,<br />

cada cota abrangia um determinado produto, podendo<br />

ser negociada em acordos de comércio bilaterais.<br />

Essa consolidação nas tarifas ofereceu maior segurança<br />

ao cenário mundial, pois, depois de registrada, uma<br />

tarifa não pode ser aumentada ou neutralizada por<br />

outras medidas não tarifárias sem uma negociação de<br />

compensações com os principais exportadores do produto.<br />

Atualmente, é comum notarmos países aumentando<br />

as tarifas alfandegárias sem o devido registro.<br />

Para citarmos alguns exemplos recentes, o Brasil, no<br />

começo do segundo semestre de 2011, aumentou impostos<br />

em relação à importação de veículos automotores,<br />

visando incentivar a abertura de novas fábricas<br />

no país. O mesmo pôde ser observado na França com o<br />

aumento de impostos na importação de commodities,<br />

o que por sinal não agradou aos países que têm a sua<br />

base econômica voltada à produção e exportação de<br />

commodities, como é o caso do próprio Brasil.<br />

Essa é uma discussão que requer a análise de séculos<br />

de comércio oscilante e cuja conclusão será delicada<br />

e extensa, mas que facilitará o comércio sistêmica e<br />

definitivamente. Em tese, todos os países ou blocos<br />

econômicos são a favor do liberalismo econômico,<br />

abaixando, assim, suas tarifas alfandegárias, pois, além<br />

de aumentar seus mercados, gera-se o aumento da<br />

competitividade, o que aumenta a necessidade de ser<br />

melhor e de se buscarem novas ferramentas e tecnologias,<br />

desenvolvendo-se de modo mais rápido e gerando<br />

produtos cada vez melhores, com preços mais<br />

baixos, agradando, assim, a população em geral, que<br />

percebe a melhoria na qualidade e no custo-benefício.<br />

Essa abertura econômica, no entanto, deve sempre ser<br />

feita progressiva e controladamente, fortalecendo a<br />

economia nacional, dando-lhe mais força para competir<br />

na economia mundial.<br />

129


Panaroma dos Países<br />

MERCOSUL<br />

O Mercosul, que tem como principais países Brasil e Argentina,<br />

está em busca de acordos na OMC.<br />

Quanto ao protecionismo, o Mercosul ainda é um bloco<br />

econômico muito fechado. O Brasil é considerado hoje<br />

o mais protecionista do G-20, sendo a Alemanha o país<br />

mais liberal. A Argentina também é considerada protecionista.<br />

Esse protecionismo acaba prejudicando a relação<br />

entre Mercosul e OMC, pois a OMC busca a liberalização<br />

do comércio. Os países em desenvolvimento,<br />

no entanto, temem que, se a liberalização não ocorrer<br />

de maneira igualitária, os países desenvolvidos terão<br />

certa vantagem e prejudicarão os países em desenvolvimento.<br />

O Brasil, principal representante do Mercosul,<br />

tem ganhado notoriedade, tendo vencido algumas<br />

disputas internacionais contra os países desenvolvidos<br />

na questão comercial na OMC. Temos, como exemplo,<br />

o caso do Brasil versus Canadá (Embraer), Brasil versus<br />

EUA (algodão) e Brasil versus UE (açúcar).<br />

Alguns países do Mercosul também são parte do G-20,<br />

ganhando atenção e voz no mundo, com o consequente<br />

aumento de sua importância mundial. Ambos<br />

– OMC e Mercosul – têm buscado uma parceria, apesar<br />

dos interesses divergentes, mas as negociações estão<br />

bem encaminhadas.<br />

UNIãO EUROPEIA<br />

Por tratar-se de uma união aduaneira, o bloco tem sido<br />

favorável ao liberalismo econômico, com restrições<br />

ao protecionismo. A Alemanha, que está entre os três<br />

maiores exportadores do mundo, tem um grande peso<br />

nas opiniões do bloco, bem como a França, que é um<br />

pouco mais protecionista isoladamente. A França, no<br />

entanto, apoia a Alemanha e apenas faz um contrapeso<br />

no tocante a algumas medidas para equilibrar e<br />

apoiar a economia alemã.<br />

A Alemanha em muito critica o protecionismo, particularmente<br />

nos EUA, por este país adotar medidas prote-<br />

130<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

cionistas quando há crise. A Europa atualmente se encontra<br />

em crise pelo fato de alguns países apresentarem<br />

grandes déficits e estarem enfrentando um momento<br />

difícil, mas ainda assim continua a favor do liberalismo,<br />

sendo contrária ao protecionismo como forma de resolver<br />

os problemas. A Alemanha, a França e a Itália fazem<br />

parte do G-8, um grupo político e econômico muito forte.<br />

A relação entre a UE e a OMC é muito boa.<br />

O único segmento em que a União Europeia tem adotado<br />

medidas protecionistas é no agrícola, dificultando<br />

cada vez mais a entrada dos países em desenvolvimentos<br />

no mercado europeu, com barreiras de natureza<br />

não tarifária, particularmente exigências quanto a regras<br />

de qualidade e legislações ambientais.<br />

REINO UNIDO<br />

O Reino Unido nem sempre adotou uma postura liberalista<br />

em sua história, porém, na OMC, atualmente,<br />

sua postura é contra o protecionismo e a favor do liberalismo.<br />

O Reino Unido acredita que atitudes liberais e<br />

de expansão e liberalização do comércio são as maneiras<br />

viáveis de combater a desigualdade no, comércio e<br />

combater a pobreza. Um aliado valioso atual é o próprio<br />

Brasil, pois, na candidatura de Luis Inácio Lula da<br />

Silva, ambos os países concordavam em não fazer uma<br />

economia protecionista em época de recessão econômica,<br />

pois sabiam que, se os países adotassem medidas<br />

protecionistas, isso só ia agravar a situação global.<br />

Sendo assim, o Reino Unido inicia acordos bilaterais<br />

em prol do liberalismo. Normalmente tenta seguir os<br />

EUA, e o próprio país tem um grande peso quando decide<br />

algo, já que, por ser um dos principais países com<br />

relação ao comércio, o Reino Unido sempre teve foco<br />

em fazer acordos e chegar a algumas resoluções dentro<br />

da OMC. Priorizando sempre o tempo de debate e<br />

os acordos postos à mesa durante a Rodada de Doha, o<br />

Reino Unido sempre teve o foco em fechar pelo menos<br />

algum acordo, para dar o primeiro passo em direção à<br />

igualdade e ao desenvolvimento do mundo em si. Portanto,<br />

o Reino Unido tem um panorama totalmente a<br />

favor da OMC e da liberalização, como um dos meios<br />

de se alcançar a evolução.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

RÚSSIA<br />

A Rússia, sempre preocupada com seus produtos agrícolas<br />

e sua propriedade intelectual, em face dos acordos<br />

bilaterais anteriormente firmados, mantinha-se<br />

distante da OMC até sua entrada em 2011. A Rússia<br />

tem muito a crescer com a liberalização do comércio e<br />

a abertura de seus mercados.<br />

CEI (COMUNIDA<strong>DE</strong> DOS ESTADOS IN<strong>DE</strong>PEN<strong>DE</strong>NTES)<br />

Os países asiáticos têm sempre tido uma postura mais<br />

protecionista. A China, que é atualmente a principal<br />

potência asiática, na época mais protecionista tinha<br />

pouco poder de opinião. Ao ingressar na OMC em<br />

2001, tornou-se, posteriormente, o maior exportador<br />

do mundo, tendo crescido muito economicamente.<br />

Além disso, a China faz parte do G-20, do Conselho de<br />

Segurança das Nações Unidas e de outras organizações<br />

muito influentes. O Japão, que faz parte do G-8,<br />

tem uma economia aberta e também é a favor da liberalização<br />

no comércio mundial.<br />

ÁFRICA<br />

A África ainda apresenta níveis elevados de pobreza,<br />

com a utilização de medidas protecionistas no sentido<br />

de darem maior vida às empresas domésticas. A África<br />

do Sul, diferentemente, integrou-se à OMC e provou<br />

ser possível desenvolver-se mais com a liberalização<br />

do que com o protecionismo.<br />

CARICOM<br />

O Mercado Comum do Caribe (Caricom) foi criado em<br />

1973 com o objetivo de ser um bloco de cooperação<br />

econômica e política regional. Trata-se de ex-colônias<br />

europeias buscando o desenvolvimento conjunto.<br />

Atualmente, as tarifas entre os países são consideradas<br />

elevadas pela OMC. Há um acordo de livre comércio,<br />

com o intento da redução das tarifas. No entanto,<br />

por se tratarem de países em desenvolvimento, ainda<br />

apresentam níveis elevados de protecionismo, basea-<br />

dos na crença de que, por serem pequenos, poderiam<br />

ser “engolidos” pelos maiores.<br />

A Secretaria Geral da Caricom está localizada em Georgetown<br />

(Guiana) e centraliza as regras para a comercialização<br />

com o mercado. O objetivo é atender às necessidades<br />

dos seus membros, reduzir o protecionismo e a burocracia<br />

nas negociações. O objetivo principal é a eliminação<br />

de barreiras para incrementar as relações comerciais.<br />

NAFTA<br />

O Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio)<br />

é um importante bloco econômico entre o México, EUA<br />

e Canadá. Os EUA, antes e posteriormente à crise de<br />

1929, têm alternado medidas de livre-cambismo e de<br />

protecionismo. Até 1929, os EUA adotaram o protecionismo,<br />

porém, após a crise, precavendo-se contra possíveis<br />

crises de desemprego em massa, os EUA adotaram<br />

uma política de livre comércio. A partir da criação<br />

do Nafta, integrando os três países norte-americanos,<br />

o México conseguiu alcançar um nível de desenvolvimento<br />

econômico muito maior. Já a relação entre os<br />

EUA e o Canadá, que têm a maior fronteira comercial<br />

do mundo, também foi positivamente influenciada<br />

pela assinatura do Tratado.<br />

Atualmente, devido à concorrência desleal por parte dos<br />

outros países, os EUA têm adotado políticas mais protecionistas,<br />

a fim de se proteger da crise. O mesmo tem<br />

ocorrido no Canadá e no México, parceiros do Nafta.<br />

OC<strong>DE</strong><br />

A OC<strong>DE</strong> (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento<br />

Econômico) é uma organização internacional<br />

que congrega os países com maior nível de desenvolvimento<br />

econômico. Estabelecida em 1961, atualmente<br />

conta com 34 países-membros. É importante ressaltar<br />

a distinção entre o protecionismo praticado pelos países<br />

desenvolvidos e aqueles em desenvolvimento. Os<br />

países em desenvolvimento utilizam o protecionismo<br />

para defender-se dos desenvolvidos, além de buscar<br />

proteger seus mercados e produtos locais. Já os desenvolvidos<br />

utilizam do protecionismo para proteger<br />

131


o emprego e a indústria local, particularmente nos segmentos<br />

de menor competitividade. Com a crise financeira<br />

de 2008, a tendência dos países têm sido buscar<br />

proteger-se, aplicando barreiras não tarifárias e outras<br />

medidas protecionistas.<br />

Observamos, no mundo atual, o seguinte panorama:<br />

EUA, Japão e Reino Unido, que antes eram a favor do<br />

protecionismo, hoje se encontram a favor da liberalização.<br />

Já os países da União Europeia, sempre mais liberais<br />

quanto ao comércio internacional, permanecem a favor<br />

da liberalização. O Mercosul sempre foi mais fechado e<br />

vem-se liberalizando paulatinamente. No entanto, a crise<br />

de 2008 reduziu a velocidade do processo, também<br />

ocorrendo a prática de novas medidas protecionistas.<br />

A China, que promove a liberalização desde 2001, com<br />

sua entrada na OMC, já sinalizou que será mais protecionista<br />

em face da crise, com o intuito de proteger seus<br />

mercados. A África do Sul tem adotado uma postura similar<br />

à do Brasil e China, procurando manter-se próxima<br />

a esses dois para incrementar sua economia.<br />

Dessa forma, observamos que o paradoxo protecionismo<br />

versus liberalismo alternam conforme o nível de<br />

desenvolvimento e a situação econômica dos países.<br />

Ponderações<br />

Um dos acordos principais da OMC, o Acordo sobre<br />

Compras Governamentais, visa à não discriminação e<br />

transparência dos países, tendo em vista a diminuição<br />

do campo de barreiras formais. Essa diminuição também<br />

é possível graças à facilitação do comércio internacional,<br />

fazendo com que tudo seja mais dinâmico, simples<br />

e eficaz no combate às barreiras e desigualdades.<br />

Cabe discutir a doação de fluxos adicionais de auxílio<br />

ao comércio bilateral, regional e multilateral para o<br />

aumento da capacidade relativa de comercialização<br />

entre países-membros, além do apoio ao desenvolvimento<br />

dos meios de monitoramento e avaliação de<br />

iniciativas, e encorajar a integração do comércio com<br />

o desenvolvimento interno através de parcerias entre<br />

os países. Tais negociações almejam o aumento na<br />

assistência técnica e capacitação, especialmente para<br />

países em desenvolvimento, o que consequentemente<br />

melhorará a cooperação entre membros.<br />

132<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Na questão do protecionismo, podemos tratar com<br />

políticas aplicadas resumidamente ao dumping, salvaguardas<br />

e subsídios. A prática de dumping é considerada<br />

um passo para trás no desenvolvimento<br />

das relações de comércio. Para que um país exerça o<br />

que lhe é permitido em termos de reclamações, este<br />

deve calcular a extensão do dumping e mostrar os<br />

danos causados. Nesse sentido, há efetivamente três<br />

métodos para calculá-los, a fim de se estabelecer a<br />

forma de nivelação. São elas a Média Ponderada (M-<br />

M), na qual se calcula a margem de dumping através<br />

da comparação da média ponderada do preço de exportação<br />

com a média ponderada do valor normal.<br />

O segundo método utilizado é o método de Comparação<br />

Transação (T-T). Esse método é utilizado em<br />

circunstâncias específicas por não gerar os mesmos<br />

resultados que o primeiro método, já que ele é utilizado<br />

com a proximidade de tempo entre as vendas<br />

no mercado interno e as vendas decorrentes de exportação.<br />

Esse método é feito calculando uma margem<br />

específica para cada transação, para então ser<br />

calculada a margem de dumping. O último método<br />

de comparação é o Método de Comparação Média<br />

Ponderada – Transação (M-T). Essa terceira metodologia<br />

tem um caráter excepcional, pois só poderá ser<br />

utilizada se os requesitos estabelecidos na segunda<br />

parte do Artigo 2.4.2 do Acordo Antidumping forem<br />

atendidos. Esse método consiste em uma comparação<br />

na qual tem-se, de um lado, as transações de exportações<br />

e, do outro, a média ponderada do valor<br />

normal, assim o preço de exportação é subtraído de<br />

cada transação de exportação da média ponderada<br />

do valor normal. O Zeroing é uma prática adotada<br />

pelos EUA contra a qual o Brasil entrou na OMC e obteve<br />

ganho de causa. Essa é uma prática que consiste<br />

em desconsiderar as importações em que foi verificado<br />

“dumping negativo”, no cálculo da margem de<br />

dumping. Sendo assim, ao se utilizarem dessa prática,<br />

as autoridades nacionais computam como zero o resultado<br />

obtido por meio da comparação de transações,<br />

no qual o preço de exportação acabou sendo<br />

superior ao valor normal. Essa prática pode acarretar<br />

duas consequências, a primeira é que a probabilidade<br />

de ser apurado dumping aumenta, aumentando<br />

a probabilidade de imposição de medidas antidumping;<br />

já a segunda consequência seria que essa prática<br />

acaba sendo responsável por majorar a dimensão<br />

da margem de dumping, fazendo com que não seja<br />

possível minorá-la.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Apesar de os subsídios poderem ser importantes na<br />

transformação econômica de países em desenvolvimento,<br />

a aplicação deve ser cautelosa. Existem regras<br />

muito bem detalhadas quanto ao critério de aplicação<br />

de um subsídio, verificando-se qual é o impacto da importação<br />

de produtos subsidiados na indústria doméstica<br />

de determinado país, assim como o procedimento<br />

de iniciação e condução da investigação e das regras<br />

na implementação e duração das medidas de compensação.<br />

Quando um país restringir importações para salvaguardar<br />

os produtores nacionais, a priori deve oferecer<br />

algo em troca para compensação. O Acordo, nesse<br />

sentido, afirma que os países exportadores podem<br />

fazê-lo desde que seja consultada a OMC.<br />

A área de tecnologia pode ser dividida em dois blocos:<br />

i) aqueles que se encontram num estágio avançado de<br />

desenvolvimento e tendem a buscar regulamentação<br />

do campo; e (ii) aqueles dependentes que buscam<br />

boas oportunidades, pois ainda é um setor cujo custo<br />

de importação é alto, o que estimula políticas protecionistas.<br />

Já no tocante a serviços, as obrigações previstas<br />

no GATS estão divididas em duas partes: i) obrigações<br />

gerais, aplicadas a todos os membros direta e automaticamente<br />

e seus respectivos setores de serviço quanto<br />

ao acesso de mercado e tratamento nacional em designados<br />

setores; e ii) comprometimentos específicos,<br />

aplicados a países individualmente escalados.<br />

Devido à crise financeira mundial de 2008, houve uma<br />

reviravolta nas questões comerciais. Atualmente, deve-<br />

-se analisar caso a caso para entender como determinado<br />

país foi afetado, as consequências e perspectivas<br />

de recuperação.<br />

Portanto, durante as discussões, é essencial que cada<br />

país se comprometa a entender a situação dada pelos<br />

restantes e, por isso, pede-se cautela nos discursos. É<br />

esperado que as negociações sejam favoráveis a todos<br />

os países participantes, independentemente do grau<br />

de desenvolvimento econômico. A transparência é essencial<br />

ao bom andamento e evolução das discussões.<br />

Clareza é necessária para que as soluções apresentadas<br />

sejam plausíveis e para que tenham aplicação prática.<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

O Documento de Posição Oficial é o que indicará a real<br />

política externa de determinado país a respeito da liberalização<br />

e facilitação do comércio e como lidacom<br />

o protecionismo. Portanto, resume a posição que o representante<br />

oficial e responsável pela delegação assumirá<br />

ao expor suas opiniões e defender seus interesses.<br />

Vale ressaltar que a opinião pessoal do representante<br />

não deve ser dada durante discussões oficiais dentro<br />

do Comitê, em especial no Documento de Posição Oficial,<br />

que será entregue no primeiro dia em mãos para<br />

a mesa durante o credenciamento. O DPO deve ter no<br />

máximo uma lauda de extensão.<br />

Sugere-se que sejam abordados os seguintes tópicos<br />

no Documento:<br />

• Qual o nível de protecionismo adotado pelo país.<br />

• Parceiros comerciais: quais e quantos são; comercializam<br />

em quais setores; e qual o grau de significância<br />

de cada um.<br />

• Qual é o regime político vigente no país.<br />

• Caso tenha sido atingido pela crise financeira mundial:<br />

qual foi a intensidade; como mudou suas relações<br />

comerciais; e quanto já foi recuperado / quais as<br />

perspectivas para recuperação;<br />

• Como diminuir as divergências internacionais.<br />

• Se está incluído em algum conflito armado atualmente.<br />

• Qual a tolerância para com seus parceiros comerciais<br />

e/ou de bloco.<br />

• Quais as perspectivas do governo para os próximos<br />

anos no aspecto comercial.<br />

133


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International Monetary Fund. Disponível em: www.imf.org. Último<br />

acesso em: 20/04/2012 às 22:58.<br />

J STOR – Trusted Archives for Scholarship. Disponível em: http://<br />

www.jstor.org/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:01.<br />

Maghreb Arab Online. Disponível em: http://www.maghrebarab.<br />

com/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:02.<br />

Ministério da Fazenda – Banco Central do Brasil. Disponível<br />

em: http://www.bcb.gov.br/?INVEDIR. Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 10:05.<br />

Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: http://www2.<br />

mre.gov.br. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:06.<br />

Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />

Disponível em: http://www.mdic.gov.br/. Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 10:06.<br />

North American Free Trade Agreement. Disponível em: http://<br />

www.nafta-sec-alena.org. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:07.<br />

Office of the United States Trade Representative. Disponível em:<br />

http://www.ustr.gov/. Último acesso em: 21/04/2012 às 10:15.<br />

Organization for Economic Co-Operation and Development.<br />

Disponível em: http://www.oecd.org/. Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 9:50.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Receita Federal. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/.<br />

Último acesso em: 21/04/2012 às 9:50.<br />

Scientific Electronic Library Online – SciELO. Disponível em: http://<br />

www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/ri/n20/n20a05.pdf. Último acesso<br />

em: 21/04/2012 às 10:25.<br />

Sociedade Brasileira de História e Educação. Disponível em:<br />

http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/<br />

Individ/Eixo3/193.pdf. Último acesso em: 21/04/2012 às 12:30.<br />

Southern African Development Community. Disponível em: http://<br />

www.sadc.int/. Último acesso em: 21/04/2012 às 12:36.<br />

The Cooperation Council for the Arab States of the Gulf.<br />

Disponível em: http://www.gccsg.org/. Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 13:06.<br />

U.S. Department of State. Disponível em: http://www.state.gov/r/pa/ho/time/wwii/98681.htm.<br />

Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 14:02.<br />

United Nation Conference on Trade and Development. Disponível<br />

em: http://www.unctad.org/. Último acesso em:<br />

21/04/2012 às 14:02.<br />

Universidade de São Paulo. Disponível em: http://www.usp.br. Último<br />

acesso em: 21/04/2012 às 14:04.<br />

World Bank. Disponível em: http://www.worldbank.org/. Último<br />

acesso em: 21/04/2012 às 14:06.<br />

World Trade Organization. Disponível em: www.wto.org. Último<br />

acesso em: 21/04/2012 às 14:08.<br />

Notas explicativas<br />

1. World Trade Report 2007. From GATT to WTO. p. 192,<br />

Disponível em: http://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/<br />

anrep_e/wtr07-2d_e.pdf.<br />

2. About the WTO – a statement by the Director-General. Disponível<br />

em: http://www.wto.org/english/thewto_e/whatis_e/<br />

wto_dg_stat_e.htm.<br />

3. The Organization Chart – WTO Structure. Disponível em: http://<br />

www.wto.org/english/thewto_e/tif_e/org2_e.htm.<br />

4. U.S. Department of State. Disponível em: http://www.state.<br />

gov/r/pa/ho/time/wwii/98681.htm.<br />

5. The World Trade Organization. Disponível em: (http://www.wto.<br />

org/english/res_e/booksp_e/anrep_e/wtr07-2d_e.pdf ).<br />

6. CRETELLA, José. Direito Processual na Organização Mundial<br />

do Comércio, OMC: casuística de interesse para o Brasil. Rio de<br />

Janeiro: Forense, 2003, pp. 15-16.<br />

7. O GATT, firmado em 1947, almejava a diminuição de barreiras<br />

ao comércio de bens. À medida que novas necessidades regulatórias<br />

foram aparecendo, o GATT foi sendo aprimorado por uma<br />

série de entendimentos e novos acordos. Não obstante as Partes-<br />

Contratantes atuarem, por vezes, como organização internacional<br />

“de fato”, a natureza jurídica do GATT era contratual. A Organização<br />

Mundial do Comércio (OMC), por sua vez, é, como o próprio<br />

nome faz certo, uma organização internacional, representando,<br />

portanto, um aprimoramento com relação ao sistema do GATT.<br />

Fazer parte da OMC implica aderir, obrigatoriamente, aos acordos<br />

multilaterais sobre o comércio de bens, sendo o principal deles<br />

o GATT, ao GATS – Acordo Geral sobre o Comércio de Serviços,<br />

e ao TRIPS – Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade<br />

Intelectual Relacionados ao Comércio, bem como ao ESC – Entendimento<br />

Relativo às Normas e Procedimentos sobre Solução<br />

de Controvérsias.<br />

8. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.<br />

Disponível em: (http://www2.desenvolvimento.gov.br/sitio/secex/<br />

negInternacionais/omc/gattRodNegociacao.).<br />

9. PEDROSA, Larisse Dias ; SANFELICE, José Luis. Educação como<br />

Estratégia Política do banco Mundial: o Programa de Capacitação<br />

de Professores (PROCAP) em Minas Gerais. Disponível em: (http://<br />

www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3/Documentos/Individ/<br />

Eixo3/193.pdf ).<br />

10. WTO – Sisty Years of the Multilateral Trading System: Archivements<br />

and Challenges. Disponível em: (http://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/anrep_e/wtr07-2d_e.pdf<br />

(p. 180).<br />

11. “Para a consecução desses objetivos (de liberalização<br />

econômica) foram realizadas negociações comerciais multilaterais,<br />

também conhecidas pela denominação de ‘rodadas’”. FONSECA,<br />

João Bosco Leopoldino da. Direito Econômico, p. 181.<br />

135


12. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />

Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />

Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p.29.<br />

13. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />

Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />

Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p. 183<br />

14. Artigo VI do GATT 1994.<br />

15. United Nation Conference on Trade and Development.<br />

Diponível em: http://www.unctad.org/Templates/Page.<br />

asp?intItemID=1418&lang=1<br />

16. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio – As<br />

Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações<br />

Multilaterais. São Paulo: Ed. Aduaneiras. 2001. p. 185.<br />

17. World Trade Organization. Disponível em: (http://www.wto.<br />

org/english/thewto_e/whatis_e/tif_e/fact5_e.htm).<br />

18. World Trade Organization – Safeguard Measures. Disponível<br />

em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/safeg_e/safeg_e.htm).<br />

19. North American Free Trade Agreement. Disponível em: (http://<br />

www.nafta-sec-alena.org/en/view.aspx).<br />

20. World Trade Organization - Doha Development Agenda.<br />

Disponível em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/dda_e/<br />

dda_e.htm).<br />

21. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />

Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001 p. 221.<br />

22. World Trade Organization – Aid For a Trade. Disponível<br />

em: (http://www.wto.org/english/tratop_e/devel_e/a4t_e/<br />

aid4trade_e.htm).<br />

23. RICARDO, David. On the Principles of Political Economy and<br />

Taxation. Cap. VII.<br />

24. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />

Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001. p. 150.<br />

25. World Trade Organization – Legal Text: the WTO Agreements.<br />

Disponível em: (http://www.wto.org/english/docs_e/legal_e/<br />

ursum_e.htm#lAgreement).<br />

136<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

26. THORSTENSEN, Vera. Organização Mundial do Comércio. São<br />

Paulo: Ed. Aduaneiras. 2ª Edição, 2001 (p. 117).<br />

27. World Trade Organization – Anti-dumping, subsides, safeguards:<br />

contingents, etc. Disponível em: (http://www.wto.org/<br />

english/thewto_e/whatis_e/tif_e/agrm8_e.htm).<br />

28. Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />

Disponível em: (http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.<br />

php?area=5&menu=267).<br />

29. Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior.<br />

Disponível em: (http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/<br />

interna/interna.php?area=5&menu=267).<br />

30. Receita Federal – O Investimento Estrangeiro. Disponível<br />

em: (http://www.receita.fazenda.gov.br/aduana/I<strong>DE</strong>/I<strong>DE</strong>Brasil-<br />

Irlanda/ide.htm).<br />

31. Ministério da Fazenda – Banco Central do Brasil. Disponível<br />

em: (http://www.bcb.gov.br/?INVEDIR).<br />

32. Do Gatt à OMC: O que mudou, como funciona e para onde<br />

caminha o Sistema Multilateral de Comércio. Disponível em:<br />

(http://www.bndespar.gov.br/SiteBN<strong>DE</strong>S/export/sites/default/<br />

bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/gatt.pdf ).


Rio+20<br />

Conferência das Nações Unidas sobre<br />

Desenvolvimento Sustentável


138<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Em busca de desenvolver ideias e propostas sobre um tema extremamente relevante para o futuro da humanidade,<br />

temos a honra de propor uma simulação de cunho educacional para alunos do ensino médio.<br />

Sejam bem-vindos ao VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil, que será desenvolvido a partir das conclusões do<br />

Comitê para os temas de economia verde, desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e governança,<br />

Em 2012 realizaremos uma simulação dos debates da Rio+20 – Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />

Sustentável (UNCSD), com a ilustre presença das delegações dos países parte da conferência a fim de debater<br />

as melhores propostas para o futuro ambiental do nosso planeta, destacando a importância do ser humano e da<br />

erradicação da pobreza com a preservação do meio ambiente.<br />

Valorizando as iniciativas das nações, esperamos debates que culminem em propostas de rumos para a crise ambiental<br />

do planeta, com soluções de curto e longo prazo, sempre com base no respeito à soberania das nações.<br />

Meu nome é João Luiz Vannuzini Ferrer, sou aluno do 4º semestre de Engenharia Mecânica da FEFAAP. Participei do<br />

Fórum FAAP pela primeira vez no ano de 2009, como um dos representantes do Colégio FAAP, e fui como delegado<br />

da Itália no Comitê UNFCCC – COP 15. No ano de 2011, atuei no desenvolvimento de ideias e na organização do VII<br />

Fórum FAAP como voluntário no Comitê UNFCCC, no qual simulamos a COP 16.<br />

Meu nome é Rainer Rodrigues de Assis, sou aluno do 4º semestre de Relações Internacionais da Fundação Armando<br />

Alvares Penteado. Iniciei minha trajetória na VII edição do Fórum FAAP no ano de 2011, como voluntário do Comitê<br />

da UNFCCC.<br />

Meu nome é Renan Fava Serafim, também sou aluno do 4º semestre de Relações Internacionais da FAAP. Iniciei minha<br />

trajetória no Fórum FAAP em 2011 como voluntário de estrutura, atuando externamente no apoio aos Comitês.<br />

JOãO LUIz VANNUzINI fERRER<br />

RAINER RODRIGUES <strong>DE</strong> ASSIS<br />

RENAN fAVA SERAfIM<br />

Diretores Acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Introdução<br />

A intensificação dos problemas ambientais deriva das Revoluções<br />

Industriais, que foram períodos de intensa mudança<br />

tecnológica, com expressiva otimização do processo<br />

de produção, iniciado na Inglaterra no século XVIII. Mais<br />

tarde, nos Estados Unidos, no século XIX, foi desenvolvido<br />

o fordismo, um modelo de produção em massa totalmente<br />

automatizado da indústria automobilística. A criação<br />

dessa linha de montagem e a consequente redução dos<br />

custos da produção induziram à percepção de que todos<br />

podiam ter direito de ter o seu veículo. Assim como<br />

mostra Charles Chaplin no filme Tempos Modernos. Assim,<br />

estabelecem-se as bases da indústria moderna.<br />

A partir desse momento, com a indústria em expansão,<br />

houve necessidade da intensificação da produção de eletricidade,<br />

pecuária, agricultura, desmatamento, uso dos<br />

recursos naturais e da consequente produção de lixo.<br />

Atualmente, já existem estudos comprovando as alterações<br />

causadas pela crescente presença humana no planeta, e a<br />

atividade industrial em expansão. Entre os muitos exemplos<br />

dessas alterações podemos citar: contaminação das<br />

águas e dos solos, mudanças nos regimes de chuvas e ventos,<br />

queda de produtividade agrícola, aumento do número<br />

de refugiados ambientais em virtude de secas e enchentes,<br />

escassez de água potável, aumento do calor nas cidades,<br />

elevação do nível dos mares, perda de espécies e devastação<br />

dos ecossistemas e o aumento da incidência de doenças<br />

infecciosas e transmissíveis por insetos, entre outras.<br />

Felizmente, com o passar do tempo, a sociedade começou<br />

a criar consciência desses problemas e passou a<br />

se organizar. Em 1948 houve a criação do International<br />

Union for Conservation of Nature and Natural Resources<br />

(IUCN), que foi a primeira organização fundamentada<br />

na preservação e conservação da natureza. Após<br />

ela, foram criados diversos outros grupos de pesquisa,<br />

órgãos não governamentais (ONGs) e órgãos governamentais<br />

e institutos de desenvolvimento em prol do<br />

meio ambiente e da erradicação da pobreza.<br />

Os Estados passaram também a dar mais relevâncias<br />

a esses temas e a tomar medidas em conjunto. A ONU<br />

proporcionou grandes discussões e avanços em favor<br />

do homem e do meio ambiente nas Conferências de<br />

Estocolmo, em 1972, do Rio de Janeiro, em 1992, e agora,<br />

em 2012, com a Rio+20.<br />

Histórico do Problema<br />

Foi lançado em 1972 pelo Clube de Roma 1 o livro Os Limites<br />

do Crescimento, no mesmo ano da Convenção de Estocolmo.<br />

Escrito com o objetivo de demonstrar a limitação dos<br />

recursos naturais pelo seu uso demasiado, foi o primeiro<br />

grande alerta científico, demonstrando com diagramas e<br />

ciência aplicada os impactos e a capacidade do planeta em<br />

assimilar a poluição e resíduos do crescimento econômico.<br />

A primeira Conferência Internacional de Meio Ambiente<br />

e Desenvolvimento aconteceu vinte e sete anos após<br />

a Segunda Guerra Mundial, em 1972, na capital da Suécia,<br />

Estocolmo. Os países europeus estavam em um<br />

processo de desenvolvimento industrial intenso, pois a<br />

Europa passava por um grande esforço de reconstrução<br />

no pós-guerra, vivenciandoa uma fase de grande prosperidade<br />

econômica. Porém, já com o aparecimento de<br />

muitos problemas ambientais, relacionados com resíduos<br />

industriais e sobras de lixo químico da guerra que se<br />

acumularam nos países mais afetados por ela.<br />

O processo de reconstrução, industrialização e a prosperidade<br />

econômica da Europa ocasionaram muitos episódios<br />

de poluição transfronteiriça – poluição na qual um<br />

país agride o outro involuntariamente, ou seja, a poluição<br />

cruza a fronteira de um país e afeta o outro. Episódios<br />

como chuva ácida vinda da Alemanha, caindo em florestas<br />

da Noruega; lagos da Dinamarca mortos por chuvas<br />

ácidas da Alemanha; além dos problemas entre a Itália e<br />

a Espanha, e diversos outros casos de impactos ambiental.<br />

A ONU atuou firmemente no bloqueio da expansão de<br />

conflitos entre os países na Europa, que seriam possíveis<br />

devido a tensão ambiental crescente. Muitos desses problemas<br />

ambientais não eram muito conhecidos e foram<br />

compreendidos na medida em que foram acontecendo.<br />

Nesse ambiente em que estava principalmente a Europa,<br />

a Conferência de Estocolmo estimulou a melhoria<br />

da tecnologia e a construção de legislações pertinentes.<br />

A Conferência tornou-se um marco, iniciando um<br />

processo de criação dos órgãos de meio ambiente em<br />

todos os países. Por exemplo, no Brasil, os impactos da<br />

realização dessa Conferência foram muito importantes,<br />

no ano seguinte, em 1973, foi criada a Secretaria<br />

Especial de Meio Ambiente (SEMA), origem do Ministério<br />

do Meio Ambiente e início do processo de estruturação<br />

da maior parte dos órgãos ambientais do Brasil.<br />

139


Entre os anos de 1972 e 1992, foi um período no qual os<br />

países começam a estruturar-se nas questões ambientais.<br />

A Conferência Rio 92 foi marcada por uma avaliação<br />

do período anterior e de instrumento para o século<br />

XXI. Um dos principais produtos dessa Conferência foi<br />

a Agenda 21, uma orientação para os países, estados e<br />

empresas lidarem com essas problemáticas no século<br />

XXI. Em 2002 aconteceu a Rio+10, com o objetivo de<br />

avaliar os avanços de implantação da agenda ambiental.<br />

Esse foi um período de estruturação da governabilidade<br />

em prol do meio ambiente, por meio do governo,<br />

das ações espontâneas e da criação de legislações.<br />

Contudo, o período entre os anos de 1992 e 2012 representam<br />

outro momento, no qual é visível o aprofundamento<br />

da gestão ambiental no universo corporativo e<br />

na percepção da sociedade. Com a questão sendo discutida<br />

no âmbito público, o movimento ambientalista<br />

cresce e ganha espaço na mídia, e o tema chegou ao<br />

cotidiano das pessoas: nas novelas, no jornal, na televisão,<br />

no noticiário, nas escolas; nesses 20 anos recentes,<br />

é muito visível o aprofundamento e a ampliação da<br />

percepção pública sobre a questão ambiental.<br />

O mundo está muito diferente em termos do relacionamento<br />

com o meio ambiente. As empresas mais estruturadas<br />

já apresentam relatórios de sustentabilidade,<br />

começaram a implementar instrumentos para suprir<br />

os impactos causados ao meio ambiente, como, por<br />

exemplo, os projetos de créditos de carbono – parte da<br />

experiência do Protocolo de Kyoto com a comercialização<br />

do mercado de carbono no mundo, entre outros.<br />

Histórico do Comitê<br />

Em 1972, na cidade de Estocolmo, na Suécia, ocorreu a<br />

Conferência Mundial sobre o Meio Ambiente Humano<br />

- United Nations Conference on the Human Environment.<br />

Foi oficialmente considerada a Primeira Conferência<br />

Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente da ONU e<br />

contou com a presença da maioria dos países.<br />

Uma comissão foi criada nos anos 1980, composta por<br />

pessoas notáveis na área ambiental, oriundas de vários<br />

países, para produzir um documento cujas conclusões<br />

norteariam a Conferência de 1992. Representando o<br />

Brasil, participou o dr. Paulo Nogueira Neto, que havia<br />

140<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

sido o primeiro secretário especial de meio ambiente<br />

do governo federal. Essa comissão ficou conhecida<br />

como “Brundtland”, devido à sua coordenadora, Gro<br />

Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega.<br />

Em 1987, o resultado dessa comissão foi publicado originalmente<br />

como Our Common Future (Nosso Futuro<br />

Comum). Ela apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento,<br />

definindo-o como o processo que satisfaz as<br />

necessidades presentes, sem comprometer a capacidade<br />

das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.<br />

Iniciou-se então a disseminação do conceito de<br />

desenvolvimento sustentável, que passou a ser conhecido,<br />

e muitos autores e instituições se dedicaram a propor<br />

formas de aplicação prática desse importante conceito.<br />

Vinte anos depois, em 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada<br />

a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente<br />

e Desenvolvimento (UNCED), também chamada<br />

de Rio 92, com o objetivo principal de discutir propostas<br />

para reduzir a degradação do meio ambiente e desenvolver<br />

a ideia de desenvolvimento sustentável. A Conferência<br />

funcionou em forma de cúpula, ou seja, contou com<br />

a participação da grande maioria de chefes de Estado ou<br />

de seus devidos representantes diretos, dos principais países<br />

do mundo. Um dos resultados da Rio 92 foi a Declaração<br />

do Rio, que tem como finalidade definir os princípios<br />

éticos fundamentais para o desenvolvimento de uma<br />

sociedade sustentável, com base no desenvolvimento<br />

econômico vinculado à proteção do meio ambiente e da<br />

erradicação da pobreza, entre outros princípios. Também<br />

foram propostos nessa Conferência os documentos:<br />

a. Convenção Sobre Diversidade Biológica (CBD)<br />

– foi aprovada por 154 países, estabelecendo dois<br />

objetivos: a conservação da biodiversidade e a repartição<br />

justa e equitativa dos benefícios derivados<br />

da utilização desses recursos. A Convenção exigiu<br />

longas discussões pelo fato de dois terços dos recursos<br />

genéticos mundiais encontrarem-se em países<br />

em desenvolvimento, mas a grande maioria dos<br />

recursos tecnológicos e financeiros para explorá-los<br />

pertencerem aos países desenvolvidos. 2<br />

b. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a<br />

Mudança Climática (UNFCCC – United Nations Framework<br />

Convention on Climate Change) –reconhece<br />

que o ser humano precisa agir para estabilizar as alterações<br />

no clima global. Em 1997, na sua terceira Confe-


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

rência das Partes (COP), em Kyoto, foi criado o Protocolo<br />

de Kyoto, que estabelece metas para a redução de<br />

emissões de gases de efeito estufa (GEE), de 5% abaixo<br />

do ano base de 1990, no período de 2008 a 2012. O<br />

Protocolo entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005.<br />

c. Convenção das Nações Unidas de Combate à<br />

Desertificação (UNCCD) – estabeleceu termos de referência<br />

para o Plano de Ação Regional, no âmbito do<br />

combate à desertificação, propondo soluções adequadas,<br />

indicando as linhas de trabalho comuns a toda as<br />

regiões que englobam os seguintes tópicos relevantes:<br />

conservação do solo e da água; participação das populações<br />

das áreas afetadas; políticas de suporte em decisão<br />

e planejamento dos territórios; estabelecimento<br />

de informações, dados e indicadores.<br />

d. Agenda 21 –documento longo, dividido em 40<br />

capítulos que buscaram sintetizar as iniciativas, programas<br />

e projetos que têm que deveriam ser feitos a<br />

partir de 1992 para a entrada no século XXI na direção<br />

da sustentabilidade. Esta Agenda é uma referência<br />

para países, estados subnacionais e municípios<br />

implantarem programas eficazes de meio ambiente.<br />

Dez anos mais tarde, ocorreu o Rio +10 ou Cúpula sobre<br />

Desenvolvimento Sustentável (Earth Summit 2002<br />

– The world Summit on Sustainable Development) em Joanesburgo,<br />

na África do Sul. Participaram chefes de Estado,<br />

delegações nacionais, além de líderes de ONGs e<br />

membros de empresas privadas nos eventos paralelos.<br />

O foco das discussões desse evento foi bastante amplo,<br />

abordando temas como: o aumento da expectativa de<br />

vida, a conservação das reservas naturais, o exacerbado<br />

aumento do consumo de água, comida, energia; a<br />

necessidade de saneamento básico, saúde e estabilidade<br />

econômica. Todos esses temas estavam contidos<br />

na Agenda 21. A Rio+10 ocorreu em um momento no<br />

qual os líderes e interessados na área já estavam aptos<br />

a melhor avaliar como estava o cenário internacional<br />

e identificar alvos quantificáveis para poderem tomar<br />

medidas mais estruturadas e consistentes.<br />

Foi elaborada a Declaração de Joanesburgo durante esse<br />

encontro. Em termos de compromisso político, foi mais<br />

generalizado e focado em temas que versavam sobre: “a<br />

fome crônica, desnutrição, ocupação estrangeira; desastres<br />

naturais; conflito armado, problemas de drogas ilícitas;<br />

o crime organizado e a corrupção; tráfico de armas<br />

ilícitas, tráfico de seres humanos, o terrorismo, a intolerância<br />

e incitamento ao ódio racial, étnico, religioso e<br />

outros; xenofobia; e doenças endêmicas, transmissíveis<br />

e crônicas, em particular HIV/AIDS, malária e tuberculose”<br />

(Declaração de Joanesburgo, 2002).<br />

Definição do Problema<br />

Vinte anos após a Rio 92, os países se encontrarão para<br />

avaliar os avanços desse período e planejar as ações<br />

em prol da qualidade de vida da população. Os quatro<br />

principais temas que nortearão os debates são: a<br />

economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável,<br />

a erradicação da pobreza e a governança internacional<br />

do tema.<br />

Panorama<br />

AGENDA DA CONFERêNCIA<br />

O tema meio ambiente é amplo e recente. Ele é composto<br />

por inúmeros campos do conhecimento e de<br />

ação prática. Alguns desses campos podem ser citados<br />

e são estratégicos para o entendimento desse assunto.<br />

Biodiversidade<br />

A cada dia que passa esse tema ganha maior importância,<br />

pois a biodiversidade do planeta influi diretamente<br />

na qualidade da nossa vida e na disponibilidade do principal<br />

recurso natural, a água; além disso, é alarmante a sua<br />

redução em praticamente quase todos os países. A ONU<br />

já expressou esse reconhecimento pela importância de<br />

ações e políticas públicas para garantir a permanência da<br />

biodiversidade do planeta e evitar a extinção de espécies.<br />

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, deu uma manifestação<br />

dessa prioridade no lançamento da Década da<br />

Biodiversidade, 3 manifestando que “garantir um verdadeiro<br />

desenvolvimento sustentável para o crescimento<br />

da família humana depende da diversidade biológica,<br />

dos bens vitais e dos serviços que ela nos oferece”.<br />

141


Segundo estudo publicado pela revista Science em<br />

2010, 52 espécies de mamíferos, aves e anfíbios ficam<br />

mais próximas da extinção a cada ano. 4 Para a IUCN<br />

(International Union for Conservation of Nature), os índices<br />

de extinção de espécies estão de mil a 10 mil vezes<br />

superiores ao que deveriam ser naturalmente, sem a<br />

intervenção do homem. Estão ameaçados de extinção:<br />

21% dos mamíferos, 30% dos anfíbios, 12% dos pássaros,<br />

28% dos répteis, 37% dos peixes de rios, 70% das<br />

plantas e 35% dos invertebrados. 5<br />

Economia Verde<br />

Segundo o PNUMA (Programa das Nações Unidas para<br />

o Desenvolvimento), a economia verde é aquela que<br />

resulta na melhoria do bem-estar humano e da igualdade<br />

social, ao mesmo tempo que reduz significativamente<br />

os riscos ambientais.<br />

O crescimento da renda e do nível de emprego devem<br />

ser alavancados por investimentos públicos e privados,<br />

desde que reduzam a emissão de gases de efeito estufa e<br />

dos poluentes urbanos, melhorem a eficiência energética<br />

dos produtos e processos disponíveis e de acesso aos<br />

serviços e recursos, evitando a consequente perda da<br />

biodiversidade, além de valorizar os serviços ambientais.<br />

O PNUMA afirma também que o investimento de 2%<br />

do PIB global por ano – o que representa 1,3 trilhão de<br />

dólares – nos principais setores atuantes globais, entre<br />

eles agricultura, edificações, energia, pesca, silvicultura,<br />

indústria, turismo, transporte, água e gestão de<br />

resíduos, pode dar início à transição rumo a uma economia<br />

de baixo carbono e alta eficiência de recursos. 6<br />

Desenvolvimento Sustentável<br />

O desenvolvimento sustentável também busca o equilíbrio<br />

entre proteção ambiental e desenvolvimento socioeconômico<br />

e serviu como base principal para a formulação<br />

do documento Agenda 21. Existem diversas semelhanças<br />

entre os conceitos de ecodesenvolvimento e desenvolvimento<br />

sustentável, que permitem interpretações de que<br />

ambos são harmônicos, como considera o próprio Ignacy<br />

Sachs, autor do conceito de ecodesenvolvimento. Os dois<br />

conceitos tratam de conjuntos de metas para a criação de<br />

um mundo equilibrado e com uma sociedade sustentável.<br />

142<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

O conceito de ecodesenvolvimento nasceu durante os<br />

anos 1970, nos desdobramentos da Conferência de Estocolmo<br />

(1972), opondo-se à corrente que defendia o<br />

desenvolvimento a qualquer custo, mesmo que colocando<br />

em risco a própria natureza. O termo foi proposto por<br />

Maurice Strong e, em seguida, ampliado pelo economista<br />

Ignacy Sachs, que, além da preocupação com o meio ambiente,<br />

incorporou as devidas atenções às questões sociais,<br />

econômicas, culturais, de gestão participativa e ética.<br />

No entendimento mais contemporâneo, após o documento<br />

produzido por uma comissão da ONU, denominado<br />

Nosso Futuro Comum (1987), mais conhecido<br />

como Relatório Brundtland, e a Agenda 21, a expressão<br />

“desenvolvimento sustentável” representa o entendimento<br />

do uso dos recursos naturais, desde que não<br />

esgote a possibilidade de as próximas gerações terem<br />

acesso aos mesmos recursos.<br />

Governança<br />

Após a efervescência política das décadas de 1960 a<br />

1980, as democracias ocidentais absorveram um importante<br />

aprendizado sobre a importância da participação<br />

da população na tomada de decisões.<br />

Atualmente, dentro do entendimento da relevância da<br />

governança ambiental, situa-se outro fenômeno moderno,<br />

o papel da “opinião pública”. Seja como cidadã<br />

ou como consumidora, a população tem condições<br />

de interferir na gestão ambiental, e essa é uma possibilidade<br />

aberta para o século XXI. Do ponto de vista<br />

da ação governamental, a moderna noção de direito<br />

ambiental pressupõe o direito das novas gerações ao<br />

meio ambiente ecologicamente equilibrado e às práticas<br />

governamentais de governança nesse tema precisam<br />

urgentemente refletir esse entendimento.<br />

Erradicação da Pobreza<br />

Os continentes que concentram a maior parte das pessoas<br />

à margem da sociedade de consumo, em condições<br />

extremas de pobreza, são a África e a Ásia. Nessas<br />

áreas estão os maiores desafios do século XXI para a<br />

erradicação da pobreza.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Depois de grandes expectativas, especialmente pelo avanço<br />

tecnológico do século XX, a entrada no século XXI trouxe<br />

um misto de esperança, mas também de frustrações,<br />

pela desigualdade social, pelos problemas ambientais e<br />

pela presença de guerras em muitas partes do mundo.<br />

A partir das conclusões das grandes conferências internacionais<br />

do século XX, sobre população, meio ambiente,<br />

direitos humanos, entre outras, a ONU reuniu um conjunto<br />

de propostas, somando os esforços de todas as nações<br />

para resolver problemas fundamentais para a qualidade<br />

da vida humana. Assim, foram divulgados os 8 Objetivos<br />

do Milênio no ano de 2000 pelo PNUD, que norteiam as<br />

ações visando grandes avanços até 2015. O primeiro objetivo<br />

é “Erradicar a extrema pobreza e a fome”. Em relação<br />

à erradicação da pobreza, tem-se como meta reduzir<br />

pela metade a proporção de pessoas que vivem com renda<br />

inferior a um dólar 7 por dia até 2015. Se isso ocorrer,<br />

em 2015 o mundo terá ainda 890 milhões de pessoas vivendo<br />

em condições de extrema pobreza. 8<br />

Figura 1 – Os Oito Objetivos do Milênio (ONU).<br />

CONTINENTES: MEIO AMBIENTE E SOCIEDA<strong>DE</strong><br />

América Latina e Caribe<br />

A América Latina e o Caribe têm fundamental importância<br />

para o planeta, visto que boa parte de seu território ainda<br />

é composto por florestas nativas. Porém, muitas vezes, o<br />

desmatamento ocorre de forma desenfreada, sem políticas<br />

efetivas para sua prevenção. Ano após ano, a extração de<br />

forma predatória agrava o cenário já delicado nessas áreas.<br />

A UNCSD (United Nation Conference on Sustainable Development)<br />

tenta incentivar políticas mais rígidas para<br />

essa região, conscientizando os governos locais da<br />

importância do crescimento sustentável. Esses países<br />

têm pretensões sobre as futuras discussões ambientais,<br />

principalmente na temática da economia verde.<br />

Com o rápido crescimento econômico latino-americano,<br />

será fundamental desenvolver uma política de<br />

crescimento sustentável, além de políticas para a erradicação<br />

da pobreza, para que o desenvolvimento do continente<br />

não ocorra através de um regresso no que diz<br />

respeito ao meio ambiente, muito menos que a riqueza<br />

conquistada se concentre nas mãos de poucos, deixando<br />

a maioria da população ainda em situação precária.<br />

Boa parte dos países do continente tem um processo<br />

histórico no qual a desigualdade foi o principal efeito<br />

colateral perverso do modelo econômico predatório<br />

adotado no continente.<br />

África<br />

A África é um continente cujo desenho atual dos países<br />

deriva de um doloroso e violento processo de colonização<br />

ocorrido no passado, também marcado por<br />

guerras e longos conflitos civis; pela pobreza; altíssimo<br />

índice de mortalidade; a forte presença da AIDS na sociedade;<br />

pelo subdesenvolvimento; e pelos piores Índices<br />

de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta.<br />

Os problemas sociais, econômicos e ambientais são<br />

profundos, tornando a África um desafio para a governança<br />

mundial. O continente foi alvo de exploração<br />

excessiva de minérios e recursos naturais e práticas<br />

143


agrícolas muito rudimentares, práticas que provocam<br />

a perda de solos, biodiversidade e escassez de água.<br />

A África do Sul é uma das exceções nesse continente<br />

tão empobrecido, um país com uma economia mais<br />

vibrante e com uma estrutura econômica e financeira<br />

distinta dos seus vizinhos.<br />

Ásia e Pacífico<br />

A Ásia e o Pacífico estão no foco dos debates ambientais<br />

pelo fato de serem as regiões mais poluidoras do mundo,<br />

tendo a Rússia, a China e a Índia como principais atores. O<br />

principal ponto é o rápido avanço industrial no continente,<br />

desacompanhado de políticas de regulação de emissão de<br />

poluentes. Outro aspecto é o fato de as matrizes energéticas<br />

adotadas por esses países asiáticos, em grande parcela,<br />

serem baseados nos combustíveis fósseis (carvão, óleo diesel)<br />

e abundantes nessa área do planeta, em especial o carvão.<br />

As cidades com as maiores densidades demográficas<br />

são as que mais sofrem com a poluição do ar, estando entre<br />

as mais poluídas do mundo, com presença de constantes<br />

chuvas ácidas, além de doenças respiratórias.<br />

Boa parte da população ainda sofre com níveis de pobreza<br />

preocupantes, principalmente nos países do sul e<br />

oeste asiático, onde todos os países, sem exceção, apresentam<br />

condições precárias de vida.<br />

Europa<br />

Pode-se caracterizar a Europa como o continente que toma<br />

posições voltadas para a proteção do meio ambiente e a<br />

erradicação da pobreza. A matriz energética adotada por<br />

esses países é ainda dependente de combustíveis fóssei, e<br />

é uma das áreas onde a energia nuclear é muito utilizada,<br />

como, por exemplo, na Inglaterra e na França. As indústrias<br />

pesadas estão entre os grandes agentes poluidores. Nas<br />

grandes cidades, o setor de transportes é muito impactante.<br />

Já no contexto social, os países europeus estão entre os<br />

que apresentam melhores Índices de Desenvolvimento<br />

Humano (IDH), com renda per capita elevada. A Europa está<br />

entre os principais agentes de investimentos e ajuda humanitária<br />

em outras regiões carentes do mundo.<br />

144<br />

América do Norte<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

Como os Estados Unidos não aderiram ao Protocolo de<br />

Kyoto, as críticas internacionais ao país são grandes, pois<br />

é o maior emissor de gases de efeito estufa. O país alega<br />

ser impossível fazer as mudanças necessárias apontadas<br />

pelo Protocolo, o que impactaria a matriz energética do<br />

país, gerando o temor de que esse processo poderia gerar<br />

gastos abusivos e afetar sua economia.<br />

Ainda assim, apesar de os EUA se comprometerem a criar<br />

planos de controle de emissão para tentar minimizar os<br />

danos causados ao meio ambiente, muitas das suas leis<br />

ambientais de controle dos demais poluentes e seus padrões<br />

de eficiência veicular são, infelizmente, exemplos<br />

seguidos por muitos países. Já o Canadá aderiu ao protocolo<br />

de forma hesitante e atualmente alega que os termos<br />

do acordo sobre redução de emissões são inviáveis para<br />

o país. Por outro lado, o país continua com o projeto de<br />

proteção de suas florestas como forma de compensar<br />

suas emissões. A região está entre as mais desenvolvidas<br />

do mundo em índices de desenvolvimento humano, graças<br />

aos Estados Unidos e ao Canadá. Contudo, o México<br />

apresenta uma situação preocupante, pois o país ainda<br />

tem mais da metade de sua população vivendo na pobreza,<br />

sendo quase 20% da população abaixo desse nível de<br />

pobreza, evidenciando um quadro alarmante no país.<br />

Ponderações<br />

A Rio+20 será a grande Conferência do início do novo<br />

século para avaliar como está a implantação da Agenda<br />

21 no mundo e analisar todos os processos de desenvolvimento<br />

na área de meio ambiente, proporcionando<br />

um debate sobre a economia verde e sustentável.<br />

Essa Conferência fará um balanço do que se passou nesses<br />

anos recentes e será um farol para mostrar os rumos<br />

dos próximos anos e como será o norte de ações e negociações.<br />

A intenção deste Comitê é fomentar debates<br />

que venham a culminar em possíveis soluções para os<br />

problemas ambientais atuais. É sabido que boa parte<br />

das previsões sobre a extinção da biodiversidade e das<br />

alterações humanas no clima do planeta já estão ocorrendo,<br />

por isso é mais do que necessário que tenhamos<br />

soluções para minimizar esses impactos o quanto antes.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Assim, enfatiza-se que as premissas básicas para garantir<br />

o acesso aos recursos naturais das próximas gerações são<br />

o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza,<br />

com a diminuição da desigualdade. Atualmente, cerca<br />

de 1/6 da população mundial vive com menos de um<br />

dólar por dia, e outros 2/6 com cerca de dois dólares por<br />

dia, totalizando aproximadamente metade da população<br />

mundial em situação alarmante. A UNCSD vem enfatizando<br />

a necessidade de diálogo e cooperação, além de destacar<br />

a importância de buscarmos soluções para nossos<br />

diversos problemas, uma vez que ainda é notório o descaso<br />

de algumas nações em relação aos temas do novo<br />

século, fazendo com que nos preocupemos ainda mais.<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

Cada delegado deve criar o documento de posicionamento<br />

oficial do país que representa, detalhando suas<br />

posições sobre os temas: economia verde, desenvolvimento<br />

sustentável, governança e erradicação da pobreza.<br />

Assim, deve ser feita uma análise dos seguintes pontos<br />

específicos com relação às medidas externas que<br />

o país adota:<br />

1. Como o seu país se relaciona e é afetado pelo<br />

tema em questão.<br />

2. Breve histórico do país em relação às atitudes ambientais,<br />

podendo incluir se ratificou ou não o Protocolo<br />

de Kyoto.<br />

3. Estatísticas que justifiquem a posição adotada, levando<br />

em consideração os desafios que o país encontra<br />

para colocar em prática as ações de prevenção e<br />

incentivo aos temas. Pode também ser adotada como<br />

fator a principal matriz energética adotada e se o país<br />

faz uso de tecnologias de energia limpa.<br />

4. A responsabilidade do governo quanto à erradicação<br />

da pobreza.<br />

5. Quais objetivos seu país espera alcançar na resolução<br />

que resultará das discussões do comitê.<br />

Dessa forma, o documento deve ser redigido em até<br />

uma página, em espaço simples, utilizando fonte Ti-<br />

mes New Roman 12,. contendo na parte superior<br />

esquerda o emblema da convenção simulada e, na<br />

parte superior direita, o brasão (a bandeira) do país<br />

representado. Como título deve ser escrito “Documento<br />

de Posição Oficial” seguido do nome do país<br />

representado e, na parte inferior direita, uma marca<br />

de assinatura seguida, na parte inferior, do nome do<br />

chefe de Estado, ou seu devido representante, e, na<br />

parte inferior, o cargo do mesmo.<br />

Esse documento deve ser entregue aos seus devidos<br />

diretores no primeiro dia do Fórum, no início<br />

das sessões.<br />

Bibliografia<br />

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E <strong>DE</strong>-<br />

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FELDMANN, F. Sustentabilidade Planetária, onde eu entro nisso.<br />

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. PÁGINA 22. Rio+20: o caminho das<br />

pedras. São Paulo, FGV. 2011.<br />

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LAGO, A. C. Estocolmo, Rio, Joanesburgo – O Brasil e as Três Conferências<br />

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sustentável e erradicação da pobreza, síntese para tomadores<br />

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145


VIOLA, E. A política climática global e o Brasil. In: SECRETARIA <strong>DE</strong><br />

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em: dezembro, 2011.<br />

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Disponível em: http://www.pnud.org.br/estudos/livro1_web.pdf.<br />

Acessado em: dezembro, 2011.<br />

RIO+20 - United Nations Conference on Sustainable Development.<br />

Disponível em: http://www.uncsd2012.org/rio20/. Acessado em:<br />

dezembro, 2011.<br />

146<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

RIO+20 - Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento<br />

Sustentável. Disponível em: http://www.rio20.info/2012/. Acessado<br />

em: dezembro, 2011.<br />

VITAE CIVILLIS. Disponível em: http://vitaecivilis.org/economiaverde.<br />

Acessado em: dezembro, 2011.<br />

Notas explicativas<br />

1. O Clube de Roma foi fundado em 1968 pelo industrial italiano<br />

Aurelio Peccei e pelo cientista escocês Alexander King com a intenção<br />

de debater e estudar os assuntos de economia, meio ambiente<br />

e desenvolvimento sustentável.<br />

2. LAGO, A. C. Estocolmo, Rio, Joanesburgo – O Brasil e as Três Conferências<br />

Ambientais das Nações Unidas. Brasília, Instituto Rio Branco,<br />

Fundação Alexandre Gusmão, 2007.<br />

3. Disponível em: http://exame.abril.com.br/economia/meio-<br />

-ambiente-e-energia/noticias/onu-anuncia-inicio-da-decada-da-<br />

-biodiversidade. Acessado em: 21/12/2011 às 21h49.<br />

4. Um quinto dos vertebrados está sob ameaça. O Estado de São<br />

Paulo, 27/10/10.<br />

5. Citado por Feldmann, F. Sustentabilidade planetária, onde eu entro<br />

nisso. São Paulo, Terra Virgem, 2011.<br />

6. PNUMA. Rumo a uma economia verde: caminho para o desenvolvimento<br />

sustentável e erradicação da pobreza, síntese para os<br />

tomadores de decisão. PNUMA, 2011.<br />

7. Site do PNUD com uma seleção de país por proporção da população<br />

que ganha menos de um dólar por dia. http://www.pnud.<br />

org.br/odm/meta.php?indicador=1.<br />

8. Livro Objetivo 1 – Fome: Desafio número 1 – Acabar com a fome<br />

e a miséria.


UNODC – United Nations Office<br />

on Drugs and Crime<br />

O tráfico de pessoas: a ameaça do<br />

crime organizado aos direitos básicos do<br />

ser humano no continente europeu


Senhores delegados,<br />

148<br />

CARTA <strong>DE</strong> APRESENTAÇãO<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

É com enorme satisfação que a diretoria do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime dá as boas-vindas à<br />

VIII Edição do Fórum FAAP de Discussão Estudantil. Primeiramente, gostaríamos de nos apresentar. A diretoria deste<br />

Comitê conta com três membros: Artur Duarte Bueno Assumpção, 18 anos, cursa o 3º semestre de Relações Internacionais.<br />

Participou como voluntário acadêmico do Alto Comissariado das Nações Unidas para refugiados (ACNUR)<br />

na última edição do Fórum FAAP.<br />

Maria Fernanda Costa de Oliveira, 19 anos, cursa o 3º semestre de Relações Internacionais. Participou como voluntária<br />

acadêmica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na VII edição do Fórum FAAP.<br />

Isabela Vendramini Castrignano de Oliveira, 22 anos, coprodutora do Guia de Estudos, Participou como diretora adjunta<br />

do Banco Mundial na VI edição do Fórum FAAP e foi diretora do ACNUR na VII edição do Fórum FAAP.<br />

Debater o tema do tráfico de pessoas é de extrema importância, devido às proporções e influências que esse tipo de<br />

crime vem alcançando. A discussão do tema deverá ser baseada em nosso Guia de Estudos, buscando soluções para<br />

o extermínio do tráfico, mas suas pesquisas devem ir além deste Guia.<br />

Gostaríamos de agradecer e parabenizar o trabalho desenvolvido pela equipe administrativa e acadêmica do VIII<br />

Fórum FAAP. Em especial aos secretários-gerais Guilherme Vieira e Kaike Boni de Mathis, que fizeram com que o<br />

evento acontecesse.<br />

Desejamos a todos os senhores delegados debates frutíferos, e que os senhores consigam alcançar os objetivos deste<br />

Comitê, respeitando suas competências e realçando os valores e princípios da Carta das Nações Unidas. Boa sorte!<br />

ARTUR ASSUMPÇãO<br />

ISABELA <strong>DE</strong> OLIVEIRA<br />

MARIA fERNANDA COSTA<br />

Diretores acadêmicos


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Introdução<br />

Em 1919, instaurou-se o primeiro organismo intergovernamental,<br />

a Liga das Nações, 1 que surgiu com o intuito<br />

de impedir que a Primeira Guerra e seus horrores<br />

se repetissem, visando primordialmente a manutenção<br />

da paz mundial.<br />

Contudo, surge na Itália, em 1922, um regime político totalitário<br />

e militarista, baseado em uma ideologia nacionalista<br />

denominada fascismo. A Europa vivia um momento<br />

de grandes crises econômicas e sociais, facilitando assim<br />

a adoração da população por regimes extremistas. Hitler<br />

na Alemanha, Mussolini na Itália e Franco na Espanha conseguiram<br />

o apoio de milhares de pessoas, fato exclusivo<br />

para o estopim da Segunda Guerra Mundial.<br />

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e a desordem<br />

político-econômica que dela resultou, a Liga das Nações<br />

entrou em decadência exatamente por não ter sido capaz<br />

de evitar a Segunda Guerra. Assim, os Estados sentiram a<br />

necessidade da criação de um novo organismo que visasse<br />

à busca de interesses em comum dos países-membros.<br />

Em 1945, através da Carta de São Francisco, formalizou-se<br />

a criação da Organização das Nações Unidas (ONU).<br />

Semelhante com os princípios da Liga das Nações, a<br />

ONU tinha como principais objetivos manter e garantir<br />

a paz e a segurança internacional. Visto que a Liga<br />

das Nações havia falhado em alguns quesitos, a nova<br />

organização preocupou-se em criar uma estrutura diferenciada<br />

ampliando sua área de atuação. Sanar problemas<br />

sociais, econômicos, culturais e humanitários<br />

era o mais novo objetivo da organização. Assim, a área<br />

de atuação do novo organismo não se limitou apenas<br />

a questões de guerra, mas sim defender e eliminar adversidades<br />

que afetassem diretamente a humanidade.<br />

De tal forma, o tráfico de pessoas passa a ser um tema recorrente<br />

na agenda internacional ao passo que a sociedade<br />

internacional tenta não repetir o passado e passa a se<br />

preocupar mais com o indivíduo. O tráfico de pessoas é um<br />

crime que muitas vezes fica impune, pois frequentemente<br />

passa despercebido pelos olhos das próprias vítimas. Por<br />

essa razão, este Comitê visa discutir a questão da criminalização<br />

do tráfico de pessoas e buscar soluções de combate<br />

ao crime, focando no continente europeu. A única maneira<br />

de devolver os direitos humanos às vítimas é educar, ao<br />

mesmo tempo que buscamos soluções para erradicar o<br />

tráfico de seres humanos e maneiras de punir os traficantes<br />

e envolvidos. Os aspectos de prevenção, segurança e<br />

legislação também são fundamentais na discussão.<br />

Histórico do Comitê<br />

Criado pelo então secretário-geral das Nações Unidas<br />

Kofi Annan, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas<br />

e Crime (UNODC) permitiu que a organização se concentrasse<br />

e aumentasse sua capacidade para abordar questões<br />

inter-relacionadas ao controle de drogas, prevenção<br />

da criminalidade e terrorismo internacional de todas as<br />

formas. O UNODC é o principal órgão global na luta contra<br />

as drogas ilícitas e o crime internacional. O escritório<br />

surge de fato em 1997 através da fusão do Programa de<br />

Controle de Drogas das Nações Unidas 2 e do Centro Internacional<br />

para Prevenção da Criminalidade. 3 O objetivo<br />

do Comitê é auxiliar os países-membros a combaterem<br />

questões relacionadas ao crime internacional. 4<br />

Os escritórios do UNODC atuam em todas as regiões<br />

do globo. A maior parte de seu orçamento provém de<br />

contribuições voluntárias, e a outra parte, sendo seu orçamento<br />

regular, é cedida pela Organização das Nações<br />

Unidas (ONU). As contribuições voluntárias para as atividades<br />

do UNODC são fornecidas pelos governos das<br />

grandes potências e dos países emergentes, agências<br />

das Nações Unidas, organizações intergovernamentais,<br />

instituições financeiras internacionais e doações privadas,<br />

incluindo entidades e fundações do setor privado.<br />

O orçamento do Comitê no biênio de 2010-2011 girou<br />

em torno de US$ 468,3 milhões, sendo US$ 425,7 milhões<br />

provenientes de doações voluntárias. A porcentagem<br />

dessas contribuições destinadas ao programa<br />

antidrogas é de 64,2%, sendo 35,58% voltadas para o<br />

combate ao crime internacional. 5<br />

As três principais áreas de atuação do UNODC são saúde,<br />

justiça e segurança pública. A partir desses temas desdobram-se<br />

abordagens contra drogas, crime organizado,<br />

tráfico de seres humanos, corrupção, terrorismo, além de<br />

campanhas de conscientização e de prevenção ao HIV entre<br />

usuários de drogas e pessoas em privação de liberdade.<br />

Em março de 1999, o Programa contra o Tráfico de Seres<br />

Humanos foi instaurado pelo UNODC. O programa au-<br />

149


xilia os estados-membros no combate contra o tráfico<br />

de seres humanos relacionados ou não ao crime organizado.<br />

O órgão promove medidas efetivas para a repreensão<br />

de ações criminosas relacionadas a esse tipo de<br />

tráfico, devido ao fato de ser o mais importante componente<br />

da ONU na luta contra esse tipo de ameaça.<br />

A adoção do Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão<br />

e Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres<br />

e Crianças e do Protocolo contra o Crime Organizado<br />

Transnacional, Relativo ao Combate ao Contrabando<br />

de Migrantes por Via Terrestre, Marítima e Aérea, que<br />

complementam a Convenção das Nações Unidas contra<br />

o Crime Organizado Transnacional, foram importantes<br />

marcos contra o combate ao tráfico de indivíduos, 6 pois<br />

juntos formam um sólido “bloco” internacional capaz de<br />

enfrentar essa forma moderna de escravidão. Portanto,<br />

a partir do Protocolo Relativo à Prevenção, Repressão e<br />

Punição do Tráfico de Pessoas, em Especial Mulheres e<br />

Crianças, definiu-se o tráfico de pessoas como:<br />

Tráfico de pessoas significa o recrutamento, o transporte,<br />

a transferência, o alojamento ou o acolhimento<br />

de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou<br />

outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano,<br />

ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade<br />

ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou<br />

benefícios para obter o consentimento de uma pessoa<br />

que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.<br />

A exploração incluirá, no mínimo, a exploração<br />

da prostituição de outrem ou outras formas de exploração<br />

sexual, o trabalho ou serviços forçados, escravatura<br />

ou práticas similares à escravatura, a servidão ou<br />

a remoção de órgãos. [artigo 3(a)] 7<br />

Tendo como definido o que é o grande problema, o<br />

UNODC pôde organizar-se melhor na luta contra o tráfico<br />

de seres humanos, criando assim uma estrutura que<br />

abrangesse diversas características no combate ao crime.<br />

São três as frentes de ação do UNODC: prevenção, proteção<br />

e criminalização. Campanhas transmitidas por rádio<br />

ou televisores, panfletos informativos e parcerias são fontes<br />

de alerta realizadas pelo Escritório com o auxílio dos<br />

governos para prevenirem a população de acreditarem<br />

em promessas advindas do estrangeiro. 8<br />

Na área de proteção, o UNODC auxilia os países promovendo<br />

treinamentos de policiais, promotores, procurado-<br />

150<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

res e juízes. Assim, polícia e judiciário utilizam normas e<br />

procedimentos para garantir a segurança física e a privacidade<br />

das vítimas do tráfico de pessoas.<br />

Por fim, o UNODC ajuda os países-membros fortalecendo<br />

o sistema de justiça dos mesmos. Para isso, o tráfico de<br />

pessoas precisa ser considerado crime nas legislações nacionais,<br />

fazendo com que as autoridades consigam inibir a<br />

ação dos agentes de tráfico.<br />

A Iniciativa Global de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas<br />

9 (UN.GIFT, sigla em inglês) é um meio de propagação<br />

para conscientizar governos, empresas e a sociedade<br />

sobre o tráfico humano. Essa iniciativa conta<br />

com o apoio de outros órgãos da ONU e não apenas do<br />

UNODC. órgãos como OIT, UNICEF, UNIFEM e UNFPA. 10<br />

A Iniciativa Global da ONU prevê atividades regionais<br />

em diversas partes do globo, Bolívia, Argentina, Burundi,<br />

Ruanda, Sérvia. Com os resultados, é possível traçar<br />

um plano de ação mundial.<br />

Histórico do Problema<br />

Segundo o Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas<br />

do UNODC, a maior diversidade de nacionalidades de<br />

vítimas do tráfico de pessoas têm sido encontradas na<br />

Europa central e oeste, mais do que em qualquer outra<br />

parte do mundo. Depois de um grande aumento no<br />

número de vítimas no final da Guerra Fria, o tráfico de<br />

seres humanos para a Europa parece ter se instalado<br />

no mundo, com uma variedade de nacionalidades que<br />

aumenta a cada dia. 11 A primeira principal rota é aquela<br />

que se perfaz no interior da Europa, subdividindo-se em<br />

rota dos Bálcãs e rota mediterrânea. Nessa perspectiva,<br />

o segundo caminho do tráfico é o que se origina na Ásia<br />

rumo à Europa, e a terceira rota utilizada pelos traficantes<br />

internacionais de pessoas é da África para Europa. 12<br />

Nota-se que a origem do tráfico de pessoas se dá na Antiguidade,<br />

com o costume dos povos de, ao ganhar uma<br />

batalha, agregar os derrotados ao seu próprio povo,<br />

tornando-os seus escravos, da mesma maneira que se<br />

apropriavam dos territórios. Essa prática se torna cada<br />

vez mais comum e os europeus, com a descoberta de<br />

novas terras e consequente expansão, passaram a fazer<br />

uso do chamado “tráfico negreiro”, fazendo vendas de<br />

pessoas como faziam vendas de mercadorias. 13


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

A Europa já era marcada desde então como o local onde<br />

a maioria dos crimes acontecia, pois seu potencial social e<br />

econômico já era um grande atrativo desde a Antiguidade.<br />

O tráfico de seres humanos propriamente dito foi dar-se<br />

após o momento em que a escravidão foi proibida, pois<br />

foi quando os traficantes tiveram a necessidade de atrair<br />

novas vítimas. De forma que o tráfico não aparentasse<br />

ser continuidade da escravidão, os criminosos desenvolveram<br />

estratégias para que as vítimas não soubessem ou<br />

percebessem que o ocorrido infringia a lei e seus direitos.<br />

O tráfico de seres humanos é um fenômeno global, dado<br />

que, em uma publicação recente do UNODC, reportou-se<br />

que as vítimas são provenientes de pelo menos 127 países,<br />

e 137 já haviam denunciado a detecção de vítimas.<br />

Também reportou-se que dois terços do total de vítimas<br />

eram do sexo feminino, e 79% delas eram submetidas à<br />

exploração sexual. Apesar dessa presença global do tráfico<br />

de pessoas, a região da União Europeia é a que possui<br />

o maior arquivo de vítimas do crime, demonstrando uma<br />

variedade de nacionalidades que nenhuma outra região<br />

possui. Esse mercado criminoso que ocorre na Europa é<br />

assunto de diversos debates e estudos. 14<br />

Com o final da Guerra Fria, um vasto número de trabalhadores<br />

migrou do Leste para o Oeste Europeu, sendo que a<br />

maioria desses trabalhadores foi forçada a prestar serviços<br />

de exploração sexual e, nos últimos anos, a maior parte<br />

das vítimas do tráfico de serem humanos é proveniente<br />

do Leste Europeu e de países que compunham a antiga<br />

União Soviética. Os traficantes são frequentemente da<br />

mesma nacionalidade das vítimas, pois dessa forma têm<br />

mais facilidade de atraí-las. As técnicas utilizadas para o<br />

recrutamento das vítimas variam de acordo com o continente:<br />

na Europa é muito comum as vítimas serem atraídas<br />

através de falsas agências de emprego, enquanto na<br />

África as iscas são familiares e conhecidos.<br />

O número de traficados provenientes da América do Sul<br />

é menor, porém também significante. Os traficados sul-<br />

-americanos costumam ser destinados à Espanha, Itália,<br />

Portugal, França, Holanda, Alemanha, Áustria e Suíça,<br />

sendo que, entre os traficados, o número de vítimas<br />

provenientes do Brasil tem aumentado severamente,<br />

também causando preocupação grande com a região. 16<br />

Dessa forma, nota-se que o perfil do traficante tem se<br />

transformado ao longo dos anos. Suas estratégias e táticas<br />

tiveram que se diferenciar das antigas em resposta<br />

às situações sociais, econômicas e políticas em constante<br />

mutação. No entanto, o tráfico continua a ser uma questão<br />

muito ampla e violenta, que precisa ser seriamente<br />

tratada pelas autoridades da região. Esforços aplicados<br />

pelo governo são muitas vezes restritos, devido ao acesso<br />

limitado à informação sobre o crime organizado e às<br />

redes de tráfico de seres humanos. No entanto, apesar de<br />

restritos, esses esforços têm aumentado, pois estão se tornando<br />

mais coordenados e estão incorporando melhores<br />

estratégias para o combate do crime. É importante ressaltar<br />

que, para se diferenciar de um passado com atraso no<br />

combate ao crime, as aplicações de leis têm que evoluir<br />

ainda mais para que haja uma redução eficaz do tráfico de<br />

pessoas na região da União Europeia. 17<br />

Definição do Problema<br />

Estima-se que bilhões de dólares são obtidos através do<br />

tráfico de milhões de pessoas, sendo a maioria composta<br />

por crianças e mulheres para os fins de exploração sexual,<br />

trabalho escravo e trabalho infantil. O tráfico de pessoas é<br />

um crime que assola todos os continentes do globo, são vários<br />

os locais de procedência, porém, pode-se dizer que o<br />

destino, na maioria dos casos, é único, o território europeu. 18<br />

Os traficantes oferecem uma vida melhor para as pessoas,<br />

porém, quando chegam ao destino, elas são aliciadas<br />

pelos criminosos, sendo surpreendidas pelas condições<br />

desumanas às quais são submetidas. A Europa é vista pelos<br />

estrangeiros como um lugar ótimo para se viver e trabalhar<br />

por ser o continente com maior número de países<br />

desenvolvidos, sendo assim um atrativo para as vítimas,<br />

que acabam aceitando as propostas dos traficantes.<br />

Essa espécie de crime está em absoluta ascensão; afinal,<br />

é uma “indústria” muito atrativa e lucrativa para os que<br />

operam o crime organizado. O fator que torna favorável<br />

essa crescente do tráfico de pessoas é a fraca legislação<br />

específica nos países e projetos de cooperação entre os<br />

países em termos de informações e segurança, além de<br />

ser um mercado com altíssima demanda. 19<br />

Algumas medidas já foram tomadas na busca de frear a expansão<br />

do tráfico. Devido a isso, em dezembro de 2007, o<br />

Protocolo das Nações Unidas contra o Tráfico de Pessoas foi<br />

ratificado 20 por 116 Estados. Após a firmação do Protocolo,<br />

a maioria dos países signatários adotou novas leis e mo-<br />

151


dificou legislações existentes para colocá-lo em ação, fato<br />

crucial, pois por muitas vezes países assinam e ratificam<br />

documentos internacionais, mas não cumprem as medidas<br />

nacionais para colocar tais documentos em ação em<br />

seu país. Assim, pode-se enfatizar a definição do tráfico de<br />

pessoas como crime, o aumento da pena dos traficantes<br />

e a criação de instituições fiscalizadoras como pontos cruciais<br />

em prol da erradicação do tráfico de seres humanos.<br />

Pode-se destacar também que muitas leis e programas de<br />

prevenção são criados constantemente; porém, são leis<br />

difíceis de serem colocadas em prática, visto que a ação<br />

dos criminosos é bem planejada e executada. O tráfico de<br />

pessoas, por sua vez, é um tipo de crime complexo, o qual<br />

requer um policiamento muito sofisticado, principalmente<br />

por ser transfronteiriço, fora do alcance de muitos governos.<br />

Os traficantes de seres humanos procuram vítimas com<br />

características predefinidas: indivíduos pobres, isolados<br />

e fracos são os principais alvos desses negociantes. Essas<br />

características são causadas pelos Estados, cuja política e<br />

práticas governamentais são deficientes, gerando exclusão<br />

da sua população, falta de poder social e vulnerabilidade<br />

econômica. Assim, grupos de pessoas vulneráveis ao<br />

tráfico são formados. Ditaduras, países em guerra, governos<br />

em crise e em desenvolvimento fazem parte do grupo<br />

de Estados com maior ocorrência de tráfico. 22<br />

O descontentamento da população no seu país de origem<br />

é outro fator que faz com que se formem grupos<br />

vulneráveis. Desastres naturais, conflitos e instabilidade<br />

política facilitam a ação dos traficantes. Devido a esse<br />

sentimento, os criminosos utilizam-se da persuasão e<br />

da supervalorização do país de destino. A busca de uma<br />

vida melhor, oportunidades de emprego e serviços também<br />

são atrativos para futuras vítimas. 23<br />

O desafio institucional do combate ao crime organizado e<br />

ao terrorismo em todas as regiões do globo é relacionado<br />

com as capacidades humanas, organizacionais e financeiras<br />

dos Estados. Embora a ratificação dos países do Protocolo<br />

das Nações Unidas contra o Tráfico de Pessoas tenha<br />

acontecido, a adesão a instrumentos jurídicos exige uma<br />

compreensão aprofundada sobre a área, vontade política<br />

e capacidade de programar essas ideias de forma coerente,<br />

principalmente em níveis nacionais. 24<br />

O tráfico de pessoas é um crime brutal para suas vítimas.<br />

O trauma físico e psicológico gerado é imenso, ocasio-<br />

152<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

nando sobre esses indivíduos memórias destrutivas e<br />

inaceitáveis. As vítimas do tráfico humano podem passar<br />

por abusos físicos, sexuais e psicológicos; além de<br />

tortura, privação dos direitos humanos básicos, uso forçado<br />

de substâncias, exploração econômica, trabalho e<br />

condições de vida abusivas.<br />

Outro fator que dificulta o extermínio do tráfico de pessoas<br />

é o fato de que o crime ultrapassa fronteiras nacionais. É<br />

um problema de grande discussão e preocupação internacional.<br />

Pode-se dizer que a fiscalização das fronteiras<br />

entre países seja uma solução para o tráfico, porém, a identificação<br />

e o reconhecimento do indivíduo como vítima<br />

são difíceis de serem realizados. Uma área do crime está<br />

relacionada com a política de migração, enquanto outra<br />

parte diz respeito à violação dos direitos humanos. 25 São<br />

essas condições que tornam o tráfico de pessoas tão difícil<br />

de ser eliminado. A ilusão às quais são submetidas as vítimas<br />

impede qualquer orientação ou até mesmo ação dos<br />

governos. A busca de soluções para o crime é de extrema<br />

urgência e deve ser considerada por todos os Estados.<br />

Panorama de Políticas Globais<br />

ÁSIA<br />

O tráfico de seres humanos é um dos maiores problemas<br />

encarados atualmente pela região central da Ásia, apesar<br />

do fato de todos os países da área terem assinado a<br />

Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado<br />

Transnacional e seu Protocolo para Prevenir, Suprimir<br />

e Punir o Tráfico de Pessoas, especialmente Mulheres e<br />

Crianças. O maior fator que contribui para a situação é a<br />

deficiência do sistema de controle de fronteiras. 26<br />

Os processos penais registrados durante pesquisas feitas<br />

na Ásia foram diversos. Na Índia foi registrado um<br />

grande número de investigações, assim como no Nepal<br />

e no Paquistão houve registros de inúmeras acusações<br />

e condenações.<br />

Devido à precariedade das condições econômicas, que<br />

muitas vezes contribuem para aumentar a vulnerabilidade<br />

da população, mais de 150.000 pessoas no Sul<br />

da Ásia são traficadas todos os anos para o mercado<br />

do sexo, o trabalho forçado, o casamento servil ou o<br />

comércio de órgãos.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

Number of countries where at least one victim of internal trafficking was detected, by region (2005-2007)<br />

At least one<br />

victim of domestic<br />

trafficking<br />

International<br />

trafficking only<br />

Little, missing or<br />

unclear data<br />

At least one<br />

victim of domestic<br />

trafficking<br />

International<br />

trafficking only<br />

Little, missing or<br />

unclear data<br />

SU<strong>DE</strong>STE DA EUROPA<br />

North America<br />

(total: 3)<br />

Central America<br />

and the Caribbean<br />

(total: 12)<br />

O Sudeste da Europa foi, e continua sendo, uma via de<br />

trânsito para o tráfico, apesar da sua diminuição desde<br />

1990, após atingir seu maior nível. Um novo problema decorrente<br />

do tráfico surgiu na região nos últimos anos, no<br />

qual os traficantes passaram a utilizar documentação falsa<br />

para atravessar as fronteiras, dando espaço a um lucrativo<br />

novo mercado e, consequentemente, a uma nova fonte<br />

de renda para o crime organizado. 27<br />

O tráfico internacional de pessoas é um problema de<br />

grande dimensão na Europa, visto que o continente recebe<br />

e também envia vítimas. De acordo com o relatório<br />

anual do UNODC, no mínimo 140.000 pessoas são traficadas<br />

para a Europa anualmente.<br />

São as características supracitadas na Definição do Problema<br />

do Guia de Estudos que tornam a Europa inteira o principal<br />

destino dos traficados, enquanto os países asiáticos,<br />

africanos, as regiões dos Bálcãs, países do sul da América e<br />

também do leste europeu são as principais origens das vítimas.<br />

Podemos analisar através dos dados a seguir como<br />

é o comportamento do tráfico de pessoas na Europa: 28<br />

South America<br />

(total: 9)<br />

LESTE DA ÁFRICA<br />

South and<br />

South-West Asia<br />

(total: 8)<br />

East Asia and<br />

the Pacific<br />

(total: 27)<br />

1 country 1 country 3 countries 2 countries 5 countries<br />

2 countries 2 countries<br />

2 countries 11 countries 4 countries 6 countries 20 countries<br />

Western and Central Europe<br />

(total: 38)<br />

Eastern Europe and Central Asia<br />

(total: 12)<br />

11 countries 4 countries<br />

8 countries 3 countries<br />

19 countries 5 countries<br />

Local onde o tráfico é um fenômeno em ascensão, apesar<br />

da pouca consciência a respeito do problema e das poucas<br />

políticas e estratégias para seu combate e prevenção<br />

tomadas pelos governos da região, ficando clara a necessidade<br />

de educação da população sobre essa ameaça de<br />

crime organizado. 29<br />

Pesquisas realizadas na Tanzânia, Quênia, Uganda e Burundi<br />

indicam que existe uma correlação entre a pobreza<br />

dos indivíduos e sua probabilidade de acreditar nas promessas<br />

feitas por um traficante e isso explica a ascensão<br />

do crime nessa região onde a pobreza permanece há<br />

anos, conforme enfatizado anteriormente.<br />

O UNODC, juntamente com a INTERPOL, desenvolveu<br />

um projeto para o leste africano a fim de fortalecer a cooperação<br />

regional, estabelecendo controles fronteiriços<br />

no que diz respeito justamente ao tráfico internacional<br />

de pessoas. 30<br />

153


ORIENTE MÉDIO E NORTE DA ÁFRICA<br />

Área que possui conflitos e estados frágeis que levam a<br />

um ambiente instável de violência e inquietação e, consequentemente,<br />

criam maiores oportunidades para o crime<br />

organizado. O tráfico nessa região torna-se cada vez mais<br />

difícil de ser controlado. 31<br />

Nessa região, a atuação contra o tráfico parte da Iniciativa<br />

Árabe, programa que responde ao problema na forma de<br />

projetos nacionais e de assistência técnica, ajudando as<br />

autoridades nacionais na prática de políticas antitráfico<br />

e no apoio ao sistema de justiça na prevenção, investigação<br />

e sanções das leis para os envolvidos. Há também um<br />

objetivo de estabelecer uma base legal comum entre os<br />

países, para facilitar a cooperação internacional e tornar<br />

o problema ainda mais legítimo. 32 Deve-se ressaltar, nessa<br />

região, o tráfico de pessoas como forma de escravidão.<br />

Especialmente no Norte da África, a prática da escravidão<br />

possui raízes históricas, pois durante anos os países eram<br />

conhecidos pelo extenso comércio de escravos.<br />

Ponderações<br />

O tráfico de pessoas não é um crime recente, suas primeiras<br />

ocorrências surgiram junto com a formação da sociedade<br />

humana, como citado no Histórico do Problema. Porém,<br />

nos dias atuais, esse tipo de delito tomou proporções<br />

gigantescas ao redor de todo o mundo. A grande questão<br />

do tráfico de pessoas é que este facilita a ação de outros<br />

tipos de crime, como o consumo de drogas, exploração<br />

sexual, trabalho infantil e trabalho escravo.<br />

A Europa Ocidental é hoje o maior destino das vítimas<br />

do tráfico. O continente europeu é o cenário ideal para a<br />

propagação do crime, visto que os criminosos oferecem<br />

às suas vítimas estilos de vida melhores, os quais nunca serão<br />

encontrados. É sob essas condições que as políticas de<br />

prevenção e eliminação do tráfico de pessoas vêm sendo<br />

adotadas por diversos países do globo, sendo o UNODC o<br />

maior líder na luta global contra o crime.<br />

Apesar dos diferentes tipos de regime e das políticas<br />

adotadas pelos Estados, a maior criminalização do<br />

tráfico de pessoas deve estar na agenda de todos os<br />

154<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

países. Medidas para a adoção de legislações, políticas<br />

mais rigorosas e educação em relação ao crime devem<br />

ser adotadas para se dar o fim ao tráfico.<br />

A divulgação do crime e suas proporções é outro item que<br />

deve ser levado em consideração pelos países. Campanhas<br />

de prevenção, segurança e transmissão sobre o tráfico de<br />

pessoas são criadas pelos agentes do UNODC, cabendo assim<br />

aos Estados membros a divulgação dessas campanhas<br />

principalmente para educar a população carente para que<br />

eles não sejam enganados pelos traficantes.<br />

O tráfico de pessoas é um problema que envolve a maioria<br />

dos países do mundo, o auxílio e a parceria entre os Estados<br />

pode e deve ser realizada, pois todos têm os mesmos<br />

objetivos em comum, visando colocar um fim ao tráfico.<br />

Documento de Posição Oficial (DPO)<br />

Cada delegação deve expor de maneira fiel a política do<br />

país em relação ao tema, focando nos seguintes tópicos:<br />

• Melhores tipos de resoluções para o problema no<br />

contexto atual, no que diz respeito à prevenção e criminalização<br />

do tráfico de seres humanos.<br />

• Tratando-se da política externa, quais atitudes foram<br />

tomadas pelo país a fim de combater o problema.<br />

• Na política interna, como o seu governo lida com o<br />

problema entre a sua população e dentro do seu país.<br />

• Se o governo divulga o problema e/ou educa a sua<br />

população.<br />

• Qual a relevância do problema no país e se a afeta<br />

diretamente a economia interna.<br />

Bibliografia<br />

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Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas Públicas<br />

e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial. Disponível<br />

em: http://tinyurl.com/7t9dx7h.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

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Jan. de 2008.<br />

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do Brasil e da Europa unem-se para combater exploração de<br />

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Último acesso em:<br />

11 dez. 2011.<br />

NAÇÕES UNIDAS. Escritório contra Drogas e Crime. Trecho do<br />

Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas,<br />

especialmente de mulheres e crianças, suplementar à Convenção<br />

contra o Crime Organizado Transnacional. Disponível em:<br />

http://www.unodc.org/pdf/brazil/Folder_UNODC_web.pdf.<br />

Último acesso em: 2 nov. 2011.<br />

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Último acesso em: 20<br />

nov. 2011.<br />

UNODC. A short history of the collection of UN crime and justice<br />

statistics at the international level. Disponível em: http://<br />

www.unodc.org/unodc/en/data-and-analysis/A-short-history-<br />

-of-the-collection-of-UN-crime-and-justice-statistics-at-the-<br />

-international-level.html. Último acesso em: 25 nov. 2011.<br />

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Último acesso em: 11 dez. 2011.<br />

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Crime Threat Assessment report. Disponível em: http://<br />

www.unodc.org/documents/data-and-analysis/tocta/TOC-<br />

TA_Report_2010_low_res.pdf. Último acesso em: 11 dez. 2011.<br />

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report. Disponível em: http://www.unodc.org/documents/<br />

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RES.pdf. Último acesso em: 12 dez. 2011.<br />

UNODC. UNODC on human trafficking and migrant smuggling.<br />

Disponível em: http://www.unodc.org/unodc/en/human-trafficking/.<br />

Último acesso em: 25 nov. 2011.<br />

Notas explicativas<br />

1. Primeira tentativa de criação de um organismo multilateral que<br />

buscasse a paz e a segurança internacional de forma conjunta.<br />

2. Criado oficialmente com o intuito de aumentar a eficácia e a eficiência<br />

da estrutura das Nações Unidas sob o controle de drogas.<br />

3. Fórum Internacional fundado em 1994 com o intuito de promover<br />

troca de experiências e conhecimentos sobre crimes e a<br />

segurança dos mesmos. Tal Fórum auxiliava Estados na prevenção<br />

da criminalidade, delinquência e insegurança da comunidade.<br />

4. United Nations. Office on Drugs and Crime. Disponível<br />

em: . Acesso em: 24 out. 2011.<br />

5. United Nations. Office on Drugs and Crime. Disponível<br />

em: . Acesso em: 24 out. 2011.<br />

6. Nações Unidas do Brasil. Escritório contra Drogas e Crime.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 28 out. 2011.<br />

7. Nações Unidas. Escritório contra Drogas e Crime. Trecho do<br />

Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Tráfico de Pessoas,<br />

especialmente de mulheres e crianças, suplementar à Convenção<br />

contra o Crime Organizado Transnacional. Disponível<br />

em: . Acesso em: 02 dez. 2011.<br />

155


8. Nações Unidas do Brasil. Escritório contra Drogas e Crime.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 28 out. 2011.<br />

9. UNGIFT do Brasil. Disponível em: . Acesso em: 19 mar. 2012.<br />

10. Organização Internacional do Trabalho (OIT), Fundo das<br />

Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Programa de Desenvolvimento<br />

das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e Fundo<br />

de População das Nações Unidas (UNFPA).<br />

11. Trafficking in persons to Europe for sexual exploitation Report.<br />

Disponível em: http://www.unodc.org/documents /southerncone//Topics_TIP/Publicacoes/TiP_Europe_EN_LORES.pdf.<br />

12. BARBOSA, Cíntia. Significado e Abrangência do Novo Crime<br />

de Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas<br />

Públicas e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial.Disponível<br />

em:http://tinyurl.com/7t9dx7h.<br />

13. Idem.<br />

14. BARBOSA, Cíntia. Significado e Abrangência do Novo Crime<br />

de Tráfico de Pessoas: Perspectivado a partir das Políticas<br />

Públicas e da Compreensão Doutrinária e Jurisprudencial. Disponível<br />

em:http://tinyurl.com/7t9dx7h.<br />

15. Idem.<br />

16. Idem.<br />

17. Data and research on human trafficking: a global survey. Disponível<br />

em: http://www.humantrafficking.neu.edu/news_reports/government_reports/documents/IOMGLOBALTRAFFICK.pdf?bcsi_<br />

scan_C44C18F6F3236D87=K2ZT/JzqIXoTOOru3JDY6xcY7ug0AAA<br />

AHkPQfQ==&bcsi_scan_filename=IOMGLOBALTRAFFICK.pdf.<br />

18. United Nations.Trafficking in Persons to Europe for sexual<br />

exploitation. Disponível em: . Acesso em: 7 nov. 2011.<br />

19. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />

to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 9 nov. 2011.<br />

156<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

20. Dizer que um protocolo foi ratificado é o mesmo que dizer<br />

validado, conforme o planejado, confirmado.<br />

21. Idem.<br />

22. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />

to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 9 nov. 2011.<br />

23. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />

to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 9 nov. 2011.<br />

24. United Nations Office on Drugs and Crime. Middle East and<br />

North Africa Overview. Disponível em: .Acesso em:<br />

29 out. 2011.<br />

25. United Nations Office on Drugs and Crime. An introduction<br />

to Human Trafficking: Vulnerability, Impact and Action.<br />

Disponível em: .<br />

Acesso em: 9 nov. 2011.<br />

26. Disponível em: http://www.unodc.org/centralasia/en/human-trafficking.html.<br />

27. Disponível em: http://www.unodc.org/southeasterneurope.<br />

28. Todos os dados estão no Relatório Global do Tráfico de Pessoas<br />

de 2009. Disponível em: .<br />

Acesso<br />

em: 19 mar. 2012.<br />

29. Disponível em: http://www.unodc.org/southeasterneurope.<br />

30. Idem.<br />

31. http://www.unodc.org/middleeastandnorthafrica/en/overview.html.<br />

32. Disponível em: http://www.unodc.org/unodc/en/human-<br />

-trafficking/2010/arab-initiative.html.


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

Aos voluntários deixamos aqui o nosso mais sincero agradecimento, a ajuda de vocês nos últimos meses foi<br />

imprescindível para que o evento acontecesse. Esperamos que deem continuidade ao projeto com o mesmo ânimo e<br />

dedicação que os motivou nas últimas edições.<br />

Aline Souza<br />

Amanda Kabbach<br />

Amanda Scarlet<br />

Audrey<br />

Betsie<br />

Bonnie Jeon<br />

Breno<br />

Bruna Silveira<br />

Carolina Siqueira<br />

Elisa Hansen<br />

Francisco Porto<br />

Germano<br />

Guilherme Silva<br />

Isabela Vendramini<br />

Isabella Jardonovski<br />

Jaque Rampim<br />

Jiskia<br />

José Vitor<br />

Julia Vilardi<br />

Kamilla<br />

Karina Beatriz<br />

Letícia Astolfi<br />

Luciana Cardoso<br />

Mara Liria<br />

Marcela Massari<br />

Maria Eduarda<br />

Mariana Peres<br />

Marina Fiuka<br />

Matheus Neves Pinheiro<br />

Nayara<br />

Nicole Frederic<br />

Nicoly de Paula<br />

Raquel Pereira<br />

Renan Nakano<br />

Renata Rocha<br />

Ricardo Lundgren<br />

Thais Lima<br />

Vitor Grinberg<br />

157


158<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012<br />

O VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil deixa registrado seu sincero reconhecimento a todos que auxiliaram na<br />

realização de todas as nossas atividades durante os meses de preparação e os dias do evento. Sem a colaboração<br />

de cada uma dessas pessoas, nosso projeto não seria concretizado.<br />

DIRETORIA MANTENEDORA<br />

Sra. Celita Procopio de Carvalho<br />

Dr. Antonio Bias Bueno Guillon<br />

Dr. Américo Fialdini Jr.<br />

Prof. Victor Mirshawka<br />

ASSESSORES DA DIRETORIA<br />

Área Administrativa e Financeira<br />

Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos de Marchese<br />

Área Acadêmica<br />

Prof. Rogério Massaro Suriani<br />

ADMINISTRAÇãO ACADÊMICA<br />

Paulo Roberto La Selva<br />

AGÊNCIA fAAP<br />

Cláudia Levental<br />

Ingmary Miche<br />

Ricardo Salamon<br />

Gabriel Sanches<br />

Andrea Sendulsky<br />

Lilian Camacho<br />

Fabio Vallim<br />

Polini Prizmic Alves<br />

CENTRAL <strong>DE</strong> ESTáGIOS<br />

Simone Tavit<br />

COMPRAS<br />

André Luiz da Silva<br />

André Sampaio<br />

Basílio José Rodrigues<br />

Fábio Gomes Camanho


Guia de Estudos / Study Guide / Guia de Estudios<br />

CONTROLADORIA<br />

Jean dos Santos<br />

Luiz Antonio Nunes da Silva<br />

Racheid Said Assef<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ADMINISTRAÇãO<br />

Prof. Tharcisio Bierrenbach de Souza Santos<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ARTES PLáSTICAS<br />

Prof. Silvio Passarelli<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> COMPUTAÇãO E<br />

INfORMáTICA E <strong>DE</strong> ENGENHARIA<br />

Prof. Francisco Carlos Paletta<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> COMUNICAÇãO<br />

Prof. Luiz Felipe Pondé<br />

Prof. Rubens Fernandes Junior<br />

Prof. Vagner Anselmo Matrone<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> DIREITO<br />

Prof. Álvaro Villaça Azevedo<br />

Prof. José Roberto Neves Amorim<br />

fACULDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> ECONOMIA<br />

Diretoria e Coordenação<br />

Embaixador Rubens Ricupero<br />

Prof. Luiz Alberto de Souza Aranha Machado<br />

Prof. Gunther Rudzit<br />

Prof. Manuel José Nunes Pinto<br />

Profa. Renata Correia Nieto<br />

Profa. Raquel Maria de Almeida Rocha<br />

Prof. Áquilas Nogueira Mendes<br />

Profa. Anapaula Iacovino Davila<br />

Assistentes e Funcionários da Faculdade de Economia<br />

Danieli Domingues de Andrade<br />

Elisabete de Souza<br />

Felipe Lo Visco<br />

Juliana Boldieri<br />

Luis Carlos G. de Mendonça<br />

Mara Regina Ismael Arruda<br />

159


160<br />

Maria do Rosário F. F. Atouguia<br />

Renata Cordovil Gelli Silva<br />

Valquíria Quevedo Beltramini<br />

GESTãO DA INfORMAÇãO<br />

Mercedes dos Santos Monteiro<br />

Rafael Possik<br />

GRáfICA fAAP<br />

Emílio Carlos Pizzo<br />

INfORMáTICA<br />

Arlene Michels<br />

Paulo César Klein<br />

MUSEU <strong>DE</strong> ARTE BRASILEIRA<br />

Equipe do MAB<br />

Profa. Maria Izabel Branco Ribeiro<br />

MANUTENÇãO GERAL<br />

Sebastião Gomes de Paula<br />

PóS-GRADUAÇãO<br />

Prof. Victor Mirshawka Jr.<br />

COLABORADORES<br />

Ana Basile<br />

Agnaldo Moreno Junior<br />

Manuela Franco Fernandes<br />

Eduardo Barion<br />

Luiz Maurício<br />

Lucas Valladares Filho<br />

Luis Henrique Beust<br />

VIII Fórum FAAP de Discussão Estudantil – 2012


Parceiros<br />

Realização

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