Revista Estratégica vol.10 - Faap
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66 Conhecimento é o conjunto total incluindo cognição e habilidades que os indivíduos utilizam para resolver problemas. Ele inclui tanto a teoria quanto a prática, as regras do dia a dia e as instruções sobre como agir. O conhecimento baseia-se em dados e informações, mas, ao contrário deles, está sempre ligado a pessoas. Ele é construído por indivíduos e representa suas crenças sobre relacionamentos causais (PROBST, RAUB E ROMHARDT, 2002, p. 29). Pode-se evoluir para a definição proposta por Sveiby (apud BARROSO e GOMES, 2004): Gestão do conhecimento é a arte de criar valor alavancando os ativos intangíveis. Para conseguir isto, é preciso ser capaz de visualizar a empresa apenas em termos de conhecimento e fluxos de conhecimento. Esta definição evidencia que “o conhecimento cresce ao ser compartilhado e ao ser utilizado” (Barroso e Gomes, 2004), bem como, a importância das pessoas para seu uso. Outra importante definição neste assunto é que A base de conhecimento organizacional consiste em ativos de conhecimentos individuais e coletivos que a organização pode utilizar para realizar suas tarefas. A base de conhecimento também inclui os dados e as informações sobre os quais se constroem o conhecimento individual e organizacional (PROBST, RAUB E ROMHARDT, 2002, p. 29). Os dados e as informações originam-se de diferentes fontes e podem provocar mudanças individuais e ou coletivas. Quando agem sobre o coletivo, interfere nas competências organizacionais e constitui a aprendizagem organizacional que [...] consiste em mudanças na base de conhecimento da organização, na criação de estruturas coletivas de referência e no crescimento da competência da organização para agir e resolver problemas (PROBST, RAUB E ROMHARDT, 2002, p. 30). Naturalmente nem sempre o conhecimento que a organização gera é de valor estratégico. “Para que o conhecimento exclusivo seja fonte de vantagem competitiva, é preciso que satisfaça a três outros critérios: ser valioso, de difícil imitação pelos concorrentes e de difícil substituição por sucedâneos” (BARNEY, 1991 apud KROGH, ICHIJO e NONAKA, 2001, p. 96). Ainda, segundo estes mesmos autores, “o conhecimento tácito, social ou individual é sempre mais difícil de imitar do que o conhecimento explícito, constante de documentos e manuais” (p. 97). Conhecimento explícito “ou codificado, refere-se ao conhecimento transmissível em linguagem formal, sistemática” (FLEURY et al., 2002, p. 139), já o conhecimento tácito “consiste em parte de habilidades técnicas, o tipo de destreza informal e de difícil especificação incorporado ao termo know-how” (NONAKA, 2001 apud FLEURY et al., 2002, p. 139). Nonaka e Takeuchi (apud CHOO, 2003, p. 37), afirmam que “a construção do conhecimento é conseguida quando se reconhece o relacionamento sinérgico entre o co- Estratégica, vol.10(02), dezembro.2010
nhecimento tácito e o conhecimento explícito dentro de uma organização, e quando são elaborados processos sociais capazes de criar novos conhecimentos por meio da conversão do conhecimento tácito em conhecimento explícito”. Pode-se relacionar os grupos ou comitês de melhoria contínua que surgiram durante os movimentos de qualidade, ou ainda, aqueles destinados a inovação, como um excelente exemplo de processo organizacional que facilita e promove a socialização. “Socialização é o processo pelo qual se adquire conhecimento tácito partilhando experiências” (NONAKA; TAKEUCHI apud CHOO, 2003, p. 37). Ainda, segundo os mesmos autores, “há quatro maneiras de converter o conhecimento por meio de um processo de socialização, que converte conhecimento tácito em conhecimento tácito; por meio da exteriorização, que converte conhecimento tácito em conhecimento explícito; por meio da combinação, que converte conhecimento explícito em conhecimento explícito; e por meio da internalização, que converte conhecimento explícito em conhecimento tácito”. A utilização dinâmica destas quatro formas conduz a prática da espiral de conhecimento, uma vez que ao atingir o resultado desejado, o ciclo reinicia em um novo nível. Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p. 14), discorrem sobre algumas “ideias básicas que são parte integrante da capacitação para o conhecimento”. São elas: “Primeiro, o conhecimento é crença verdadeira e justificada. Segundo, o conhecimento é explícito e tácito. Terceiro, a eficácia da criação de conhecimento depende de um contexto capacitante”. Finalmente, a criação de conhecimento organizacional envolve cinco fases principais... (1) compartilhamento do conhecimento tácito, (2) criação de conceitos, (3) justificação de conceitos, (4) construção de propósitos, e (5) nivelação do conhecimento. Diante do exposto, pode-se afirmar a relevância do papel da universidade corporativa na conversão e socialização do conhecimento. Ao discutir a realidade a luz do conhecimento explícito, criando provocações para que o sujeito utilize seu conhecimento tácito para promover combinações, a educação corporativa participa ativamente da sedimentação da vantagem competitiva a partir da socialização, justamente a mais difícil de ser imitada. Desta forma, age objetivamente na espiral de conhecimento, contribuindo para o reinício do ciclo em um novo nível. Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p. 16), explicam a expressão contexto capacitante como “um espaço compartilhado que fomente novos relacionamentos [...] . Pode ser físico, virtual, mental, ou – mais provavelmente – todos os três”. Sem dúvida alguma, trata-se de uma expressão análoga à educação corporativa. 3.1 Trilhas do conhecimento e certificações Em um mundo globalizado e em constante mudança, o conhecimento tácito e explicito dentro das organizações requer, cada vez mais, uma forma estruturada para sua interpretação, utilização e formação das pessoas naquilo que faça diferença para agregar valor ao negócio. Aliado a isto, a evolução da gestão por competências trouxe para a educação corporativa a necessidade de dialogar com o sistema de forma estruturada Universidade corporativa: uma metáfora contemporânea, Cristina Vallukenas e Elisabete Adami Pereira dos Santos, p. 51-73 67
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qualidade, ou ainda, aqueles destinados a inovação, como um excelente exemplo de<br />
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“Socialização é o processo pelo qual se adquire conhecimento tácito partilhando experiências”<br />
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meio da internalização, que converte conhecimento explícito em conhecimento tácito”.<br />
A utilização dinâmica destas quatro formas conduz a prática da espiral de conhecimento,<br />
uma vez que ao atingir o resultado desejado, o ciclo reinicia em um novo nível.<br />
Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p. 14), discorrem sobre algumas “ideias básicas que são<br />
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Terceiro, a eficácia da criação de conhecimento depende de um contexto capacitante”.<br />
Finalmente, a criação de conhecimento organizacional envolve cinco fases principais...<br />
(1) compartilhamento do conhecimento tácito, (2) criação de conceitos, (3) justificação<br />
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Diante do exposto, pode-se afirmar a relevância do papel da universidade corporativa<br />
na conversão e socialização do conhecimento. Ao discutir a realidade a luz do<br />
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tácito para promover combinações, a educação corporativa participa ativamente<br />
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mais difícil de ser imitada. Desta forma, age objetivamente na espiral de conhecimento,<br />
contribuindo para o reinício do ciclo em um novo nível. Krogh, Ichijo e Nonaka (2001, p.<br />
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– todos os três”. Sem dúvida alguma, trata-se de uma expressão análoga à<br />
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3.1 Trilhas do conhecimento e certificações<br />
Em um mundo globalizado e em constante mudança, o conhecimento tácito e explicito<br />
dentro das organizações requer, cada vez mais, uma forma estruturada para sua<br />
interpretação, utilização e formação das pessoas naquilo que faça diferença para agregar<br />
valor ao negócio. Aliado a isto, a evolução da gestão por competências trouxe para<br />
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