Revista Estratégica vol.10 - Faap

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27.08.2013 Views

Atualmente é possível adquirir, de forma fácil e rápida, diversos cursos via Internet, com os mais variados conteúdos. Muitos desses cursos são gratuitos (por exemplo: www.sebrae.com.br; www.unicamp.br). Outros cobram taxas que diferem de acordo com a especialização e profundidade do assunto. É possível fazer cursos de graduação, mestrado e doutorado totalmente a distância, cursos esses oferecidos por renomadas instituições de ensino tanto no Brasil (conforme site do Ministério da Educação) como no exterior (PETERSON’S EDUCATION CENTER, 2010). Também é possível customizar cursos conforme as necessidades apresentadas nos planejamentos estratégicos das organizações. Nos últimos anos milhares de empresas, principalmente as multinacionais, tomaram para si a responsabilidade de formar seus profissionais, para atuarem em filiais espalhadas em diversos continentes. O questionamento que se pretende fazer nesse artigo diz respeito à qualidade com que os materiais instrucionais chegam até os participantes dos cursos. A literatura nacional e internacional não apresenta muitos estudos sobre o emprego de teorias de ensino e de aprendizagem na produção desses materiais (LANGHI, 2005), ou seja, a área científica não tem fornecido muitos subsídios a respeito de como esses materiais devem ser elaborados para que realmente promovam aprendizagem significativa. Esse fato foi decisivo para que fosse realizado um estudo sobre quais teorias de ensino e de aprendizagem podem ser utilizadas na produção de materiais instrucionais para cursos a distância de forma que realmente se possa garantir que o participante irá aprender. Após estudar mais de 46 teorias diferentes, foi percebido que a teoria da aprendizagem significativa proposta por Ausubel et al. (1980) pode oferecer os subsídios desejados. O texto a seguir é parte dos resultados encontrados tendo por base as pesquisas que a autora vem desenvolvendo nos últimos dez anos. 1 Algumas considerações sobre o ensino a distância As diferentes tecnologias incorporadas ao ensino a distância praticamente determinaram os suportes fundamentais por ela usados ao longo de sua história. Na primeira geração do ensino a distância prevaleceu o correio físico como o principal tipo de recurso disponível. Os contatos dos alunos com os professores eram lentos, tornando inviável qualquer tentativa de propostas dialógicas. Em sua segunda geração o ensino a distância contou com a integração dos meios de comunicação audiovisuais com os materiais impressos. Na década de 1980, mais especificamente, houve intensificação dos recursos multimídia, com várias experiências com tendências homogeneizadoras, ou seja, propostas de cursos baseados no modelo fordista, com pouca valorização de propostas socioculturais baseadas nas demandas dos alunos e dos grupos sociais. 38 Estratégica, vol.10(02), dezembro.2010

Na década de 1990 surge a terceira geração do ensino a distância, principalmente com o uso da Internet. A incorporação de redes de satélites, o correio eletrônico e os recursos associados a mídias diversas possibilitou uma maior interação entre os participantes do processo de ensino e aprendizagem. Nesse momento surge o termo e-learning. Atualmente o e-learning está em sua quarta geração, uma vez que o uso das novas tecnologias de comunicação social (blogs, tablets, aparelhos celulares sofisticados etc.) acoplados à Internet, favorece desde a construção do conhecimento em conjunto até a troca de experiências simultâneas por meio de vivências com softwares de realidade virtual. É possível perceber que com toda evolução das tecnologias de comunicação, que as barreiras relacionadas a softwares, meios de comunicação ou conexões já podem ser resolvidas com certa facilidade. Mas, mesmo assim, há um componente que ainda precisa ser mais explorado, ou seja, a qualidade do material instrucional utilizados nos cursos. 2 Modelos de design instrucionais aplicados nos cursos a distância no Brasil Nas pesquisas realizadas sobre a qualidade de cursos a distância observou-se que para a produção de materiais instrucionais geralmente se leva em consideração: conceitos, tipo de design ou requisitos técnicos. No Quadro 1 observa-se que quanto aos conceitos, os cursos podem receber os nomes de e-learning, web-based learning, web-based courses, online learning e distance learning. Do ponto de vista do design instrucional surgem denominações como: Web/ CBT (computer based training; Web/ EPSS (eletronic performance support systems); Web/ VAC (virtual asynchronous classroom) e Web/VSC (virtual synchronous classroom), conforme pode-se observar no Quadro 2. A classificação dos cursos também poderá ser realizada por características técnicas como: learner-led-learning (autoaprendizagem); facilitated e-learning (ensino a distância facilitado); instructor-led-e-learning (condução do ensino pelo instrutor) e embedded e-learning (ensino a distância integrado). A definição de cada um desses tipos de curso consta no Quadro 3. As classificações propostas nos quadros de um a três apenas exemplificam que muitas vezes o principal foco na produção de um curso está na apresentação e não na qualidade da produção dos materiais instrucionais oferecidos. E-learning e aprendizagem significativa, Celi Langhi, p. 37-49 39

Atualmente é possível adquirir, de forma fácil e rápida, diversos cursos via Internet,<br />

com os mais variados conteúdos. Muitos desses cursos são gratuitos (por<br />

exemplo: www.sebrae.com.br; www.unicamp.br). Outros cobram taxas que diferem<br />

de acordo com a especialização e profundidade do assunto. É possível fazer<br />

cursos de graduação, mestrado e doutorado totalmente a distância, cursos esses<br />

oferecidos por renomadas instituições de ensino tanto no Brasil (conforme site do<br />

Ministério da Educação) como no exterior (PETERSON’S EDUCATION CENTER, 2010).<br />

Também é possível customizar cursos conforme as necessidades apresentadas<br />

nos planejamentos estratégicos das organizações. Nos últimos anos milhares de empresas,<br />

principalmente as multinacionais, tomaram para si a responsabilidade de formar<br />

seus profissionais, para atuarem em filiais espalhadas em diversos continentes.<br />

O questionamento que se pretende fazer nesse artigo diz respeito à qualidade com<br />

que os materiais instrucionais chegam até os participantes dos cursos. A literatura nacional<br />

e internacional não apresenta muitos estudos sobre o emprego de teorias de<br />

ensino e de aprendizagem na produção desses materiais (LANGHI, 2005), ou seja, a área<br />

científica não tem fornecido muitos subsídios a respeito de como esses materiais devem<br />

ser elaborados para que realmente promovam aprendizagem significativa.<br />

Esse fato foi decisivo para que fosse realizado um estudo sobre quais teorias<br />

de ensino e de aprendizagem podem ser utilizadas na produção de materiais instrucionais<br />

para cursos a distância de forma que realmente se possa garantir que o<br />

participante irá aprender. Após estudar mais de 46 teorias diferentes, foi percebido<br />

que a teoria da aprendizagem significativa proposta por Ausubel et al. (1980) pode<br />

oferecer os subsídios desejados. O texto a seguir é parte dos resultados encontrados<br />

tendo por base as pesquisas que a autora vem desenvolvendo nos últimos dez anos.<br />

1 Algumas considerações sobre o ensino a distância<br />

As diferentes tecnologias incorporadas ao ensino a distância praticamente determinaram<br />

os suportes fundamentais por ela usados ao longo de sua história.<br />

Na primeira geração do ensino a distância prevaleceu o correio físico como o<br />

principal tipo de recurso disponível. Os contatos dos alunos com os professores<br />

eram lentos, tornando inviável qualquer tentativa de propostas dialógicas.<br />

Em sua segunda geração o ensino a distância contou com a integração dos<br />

meios de comunicação audiovisuais com os materiais impressos. Na década de<br />

1980, mais especificamente, houve intensificação dos recursos multimídia, com<br />

várias experiências com tendências homogeneizadoras, ou seja, propostas de cursos<br />

baseados no modelo fordista, com pouca valorização de propostas socioculturais<br />

baseadas nas demandas dos alunos e dos grupos sociais.<br />

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<strong>Estratégica</strong>, <strong>vol.10</strong>(02), dezembro.2010

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