Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...
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A agricultura mo<strong>de</strong>rna transformou, portanto, não só as técnicas e as<br />
tecnologias, mas também os valores centrais que orientavam as ações dos<br />
agricultores que passaram <strong>de</strong> um mundo holístico para um mundo<br />
individualista.<br />
No Brasil, gran<strong>de</strong> parte da “revolução ver<strong>de</strong>” foi impl<strong>em</strong>entada durante<br />
o regime militar e seus efeitos negativos não foram diferentes dos restantes<br />
países, tendo favorecido, ainda mais, a concentração <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> terra que o<br />
passado hierárquico, quando o po<strong>de</strong>r político e econômico dominavam as<br />
relações sociais, já havia tratado <strong>de</strong> construir.<br />
Segundo MASERA e ALTIERI (1987), <strong>em</strong>bora haja dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />
conceituar a sustentabilida<strong>de</strong> na agricultura, o maior probl<strong>em</strong>a está na sua<br />
impl<strong>em</strong>entação, <strong>de</strong>vido aos preconceitos e interesses já estabelecidos pelos<br />
arranjos institucionais, das forças do mercado, das políticas e das instituições<br />
<strong>de</strong> pesquisa. A sustentabilida<strong>de</strong> exige mudanças e “será necessário <strong>de</strong>finir<br />
novas políticas que reduzam os custos dos recursos para a promoção da<br />
sustentabilida<strong>de</strong> social e ecológica” (i<strong>de</strong>m, 1987:73). Os preconceitos referidos<br />
por Masera po<strong>de</strong>m ser ex<strong>em</strong>plificados pelo discurso do Secretário da<br />
Agricultura dos EUA que reflete a opinião <strong>em</strong> alguns redutos mais<br />
conservadores.<br />
“Se necessário, po<strong>de</strong>mos retroce<strong>de</strong>r para a agricultura orgânica neste país<br />
[EUA], pois sab<strong>em</strong>os como praticá-la. No entanto, antes <strong>de</strong> ir nessa direção,<br />
alguém precisa <strong>de</strong>cidir quais serão os cinqüenta milhões <strong>de</strong> norte-americanos<br />
que morrerão <strong>de</strong> fome” (EHLERS, 1996:107).<br />
A agricultura sustentável não é sinônimo <strong>de</strong> regresso a formas<br />
primitivas <strong>de</strong> cultivo e, por isso mesmo, exige intenso trabalho <strong>de</strong> pesquisas<br />
dos cientistas nos institutos, das <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> tecnologia e dos<br />
agricultores no campo para que, por meio <strong>de</strong> técnicas e tecnologias<br />
apropriadas, possam surgir formas <strong>de</strong> produção agrícola que garantam os<br />
atuais níveis <strong>de</strong> produção e promovam seu crescimento s<strong>em</strong>pre que<br />
necessário, s<strong>em</strong> danificar ou esgotar os recursos naturais existentes e<br />
recuperando aqueles já danificados. Deve, principalmente, abarcar<br />
preocupações com os aspetos sociais, culturais e econômicos envolvidos na<br />
ativida<strong>de</strong> agrícola.<br />
“A agricultura é sustentável quando é ecologicamente equilibrada,<br />
economicamente viável, socialmente justa, culturalmente apropriada e<br />
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