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Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

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“caixas” homogêneas e específicas, enquanto no holismo existe inter-relação<br />

entre todo o conhecimento.<br />

DUMONT (1994) consi<strong>de</strong>ra que o individualismo po<strong>de</strong> ser percebido<br />

<strong>de</strong> forma pura <strong>em</strong> alguns aspectos da vida social nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas,<br />

especificamente no campo político , através <strong>de</strong> leis igualitárias mas, <strong>em</strong> outros<br />

aspetos, o mais comum é que o individualismo se combine a aspetos<br />

tradicionais. A não realização do individualismo puro não significa o<br />

enfraquecimento da i<strong>de</strong>ologia individualista e um ex<strong>em</strong>plo disso é a expansão<br />

contínua e crescente busca da “igualda<strong>de</strong>”.<br />

Ao estudar a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> no Brasil, FIGUEIREDO (1995:29), colocou<br />

<strong>em</strong> questão o individualismo como forma exclusiva <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong> e afirma<br />

que o individualismo puro é “mais uma i<strong>de</strong>ologia do que uma realida<strong>de</strong>”.<br />

Também DUMONT (1994), consi<strong>de</strong>ra que o individualismo puro é utópico, não<br />

existe, sua aplicação pura torna-se difícil e conclui que sob o impacto da<br />

civilização dominante, a maioria das socieda<strong>de</strong>s acaba aculturando-se e<br />

criando representações ad hoc. Estas representações são uma síntese <strong>em</strong><br />

maior ou menor intensida<strong>de</strong> da integração e mistura <strong>de</strong> idéias e valores dos<br />

dois tipos <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s. A dupla via <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> valores faz com que alguns<br />

valores das socieda<strong>de</strong>s tradicionais acab<strong>em</strong> sendo englobadas pela civilização<br />

dominante e passam, com o t<strong>em</strong>po, a pertencer à cultura dominante.<br />

“A configuração individualista que nós isolamos como característica da<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> foi, na verda<strong>de</strong>, através da história, combinada com noções,<br />

valores e instituições consi<strong>de</strong>radas como contrárias <strong>em</strong> maior ou menor grau”<br />

(i<strong>de</strong>m, 1994:15).<br />

Segundo DUMONT (1994), a socieda<strong>de</strong> al<strong>em</strong>ã cultivou o<br />

individualismo antes que qualquer outra socieda<strong>de</strong> através da religião. A<br />

Reforma Luterana, ocorrida na Al<strong>em</strong>anha, promoveu crescente culto ao<br />

individualismo, ao <strong>de</strong>senvolvimento da personalida<strong>de</strong>, que se dava através da<br />

relação direta e individual com Deus mas, nos aspetos sociais e políticos,<br />

continuava a cultivar a vida <strong>em</strong> comunida<strong>de</strong>, negando o individualismo. Deste<br />

modo, a Al<strong>em</strong>anha mantinha características holísticas na comunida<strong>de</strong>, através<br />

da subordinação às autorida<strong>de</strong>s políticas e sociais, ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que<br />

<strong>de</strong>senvolviam o individualismo religioso. A forma como foram combinados<br />

aspetos do holismo e do individualismo configurou a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> cultural dos<br />

al<strong>em</strong>ães e <strong>de</strong> cada uma das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas.<br />

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