27.08.2013 Views

Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

Cordélia Inês Kiener - Programa de Pós-Graduação em Extensão ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Esta corrente intelectual que contrapõe a tradição à mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong><br />

apontava o <strong>de</strong>clínio da criativida<strong>de</strong> individual e da fraternida<strong>de</strong> humana como<br />

fruto da industrialização e das modificações nos modos <strong>de</strong> produção. De<br />

Bonald, citado <strong>em</strong> BENDIX (1996) contrapõe o trabalho agrícola e artesanal,<br />

que representa a tradição, ao trabalho industrial, que representa a<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, afirmando que a indústria aumentou a riqueza material mas<br />

produziu, também, mal estar cívico e <strong>de</strong>cadência moral pois “a indústria não<br />

alimenta todas as ida<strong>de</strong>s n<strong>em</strong> todos os sexos” (i<strong>de</strong>m, 1996:337) e o trabalhador<br />

da indústria trabalha <strong>em</strong> situação <strong>de</strong> se<strong>de</strong>ntarismo e “movimenta os <strong>de</strong>dos mas<br />

nunca a mente”. Em contrapartida, a agricultura promove o trabalho unido da<br />

família, há tarefas a<strong>de</strong>quadas a todas as faixas etárias e sexos, e o resultado<br />

final do trabalho é conhecido e valorizado por todos que o executaram. A<br />

mudança na forma <strong>de</strong> produção trouxe, conseqüent<strong>em</strong>ente, mudanças nas<br />

relações <strong>de</strong> trabalho e De Bonald analisa que nas socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tradição as<br />

relações entre “amo” e “servo” freqüent<strong>em</strong>ente se <strong>de</strong>senvolviam “<strong>em</strong><br />

agradáveis relações e ligações pessoais; há comunicação pessoal, cortesia<br />

afabilida<strong>de</strong>, proteção <strong>de</strong> um lado, respeito e gratidão do outro...” enquanto que<br />

na relação <strong>de</strong> trabalho das socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas “o capitalista e o trabalhador<br />

pertenc<strong>em</strong> a espécies diferentes, e têm pouca comunicação individual (...)O<br />

agente ou hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> negócios paga ao trabalhador seus salários, e aí termina<br />

a responsabilida<strong>de</strong> do <strong>em</strong>pregador” (BENDIX, 1996:340).<br />

Para Smelser, citado <strong>em</strong> BENDIX (1996), este tipo <strong>de</strong> contraste entre<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e tradição serviu aos insatisfeitos do industrialismo que viam a<br />

socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tradição <strong>de</strong> forma romântica, e chama a atenção para o fato <strong>de</strong><br />

que quando a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> afeta as socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tradição não transforma,<br />

somente, os aspetos benignos da inter<strong>de</strong>pendência pessoal na família e ou na<br />

comunida<strong>de</strong>, mas também “a falta <strong>de</strong> privacida<strong>de</strong>, suas cruelda<strong>de</strong>s e<br />

opressões personalizadas, das quais nenhum m<strong>em</strong>bro da casa podia escapar<br />

previamente” (BENDIX, 1996:361). Assim, Smelser consi<strong>de</strong>ra que somente<br />

tendo atenção constante aos “ativos e passivos <strong>de</strong> cada estrutura po<strong>de</strong>-se<br />

evitar as implicações i<strong>de</strong>ológicas do contraste i<strong>de</strong>al típico entre tradição e<br />

mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>” (i<strong>de</strong>m, 1996:361).<br />

A observação <strong>de</strong>stas mudanças, ocorridas basicamente na Europa a<br />

partir do final do século XVIII, levou os cientistas a formular<strong>em</strong> postulados que<br />

48

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!